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Analise e resumo da obra “A ordem do discurso” de Michel Foucault,

tradução de Edmundo Cordeiro e Antonio Bento, feito por Harley Pacheco


de Sousa. São Paulo – SP - 2012

Segundo Foucault no discurso se faz presente uma face transitória que serve
pra apagar as inquietações da nossa vida cotidiana banal e que o discurso
possui poderes que ser quer pode pensar.

Segundo o autor o discurso na sociedade é controlado, selecionado,


organizado, redistribuído e disfarçado com uma temível materialidade que usa
procedimentos de exclusão.

Por exemplo, (Ele chama um procedimento de interdito) temos o direito de não


ter direito de falar o que nos apetece, que não podemos falar sobre o que
quisermos em qualquer situação.

O discurso é constituído de três tipos de interdito (tabus, circunstancia e direito


de falar) que se compensam entre si e que são regidos por uma grelha (tipo um
xadrez), em que cada quadrado negro da grelha se multiplica, é como se cada
situação onde o discurso aparece afastado fosse uma das regiões mais
privilegiadas.

O discurso pode nem ser nada, mas os interditos que o atinge, revela de
imediato o seu vinculo com o poder.

O discurso não é simplesmente o que traduz as lutas ou sistema de


dominação, mas aquilo pelo qual e com qual se luta, é o próprio poder de que
procuramos assenhorearmos.

Não há apenas o interdito como procedimento de exclusão, mas também o


“folie” oposição a razão vulgo loucura. (torna o sujeito louco). Se seu discurso
não é como os dos outros, então, você é louco, faz se pensar que seu discurso
não tem verdade e por isso não existe, não tem importância e não pode
testemunhar em matéria justiça, sendo que por suas palavras é que se
reconhece o louco, você é escutado, “partilhado”, mas nunca ouvido.

Essa partilha se exerce por intermédio de novas instituições que refletem


sempre a manutenção da censura que se exerce na escuta, escuta em que a
escuta de um discurso é investido de desejo de julgamento.

E tem também segundo Foucault o verdadeiro e falso como um sistema de


exclusão que são sustentadas por um sistema de instituições que se impõem e
que as conduze exercendo o constrangimento e a violência.
Sem duvidas que essa metodologia nos deu a vontade de saber a sua forma
geral e não deixou de deslocarem-se as questões cientificas que às vezes nos
leva a uma descoberta e de novas verdades.

A vontade de verdade se apóia numa base institucional que ao mesmo tempo é


reforçada por práticas como a pedagogia, mas também reconduzida pelo modo
de como o saber é disposto e valorizado numa sociedade.

Segundo Foucault a vontade de verdade se apóia numa distribuição


institucional que se sobrepuja sobre outros discursos como uma pressão de
poder e constrangimento.

Ele usa como exemplo a literatura. Perceba como a literatura ocidental se


baseia numa ciência, e na sinceridade de um discurso verdadeiro de como as
praticas econômicas são codificadas como preceitos fundamentais duma
racionalização teórica das riquezas e da produção.

Portanto segundo Foucault há três sistemas de exclusão, interdismo, partilha


da loucura e vontade de verdade.

Vontade de verdade é o mais complexo porque se os outros 2 se fragilizam, já


esse fica cada vez mais forte, profundo e incontornável e sem duvida é deste
que menos se fala, onde suas peripécias são mascaradas pela verdade na sua
explicação necessária.

Segundo o autor há outros procedimentos de delimitação do discurso, mas


esses atuam como sistema de exclusão.

Nas sociedades há um desnível entre o discurso dito e o que é feito nas


relações cotidianas em que o discurso se esquece do próprio ato que lhes deu
origem. O desnível não é estável nem constante tampouco absoluto, mas é
verdade que seus pontos de aplicação podem mudar, mas a função
permanecerá. E o principio do desnível é incessantemente acionado. Apagar
esse desnível é utopia. Mas obviamente isso se trata de anular um dos termos
da relação que se modifica pelo tempo, por formas múltiplas e divergentes.

O novo não está no que é dito, mas no que acontece a sua volta. Segundo
Foucault o autor de um texto não é quem escreve ou quem fala, mas o principio
do discurso como unidade e origem das significações e coerência. Segundo
Foucault, existem discursos que não tem origem e que se transmitem no
anonimato. Em um discurso o autor é um poder, porque geralmente indicá-lo é
um indicador de verdade. O autor é o que dá a inquietante linguagem da ficção,
as suas unidades, os seus nós de coerência e sua inserção no real.

Segundo Foucault, não podemos negar a existência do individuo que escreve e


que inventa, mas o individuo que começa a escrever retoma a conta a função
do autor. Segundo o autor, a organização de disciplinas (conhecimento
especifico) é um meio de controle de produção do discurso.

Há um meio de controle que é impor ao sujeito que profere um discurso


condições pra que possa empregar o discurso, insere-se regras que não
permita que a gente tenha acesso a ele (prendo algumas informações e deixo
outra acessíveis), saber monopolizado e secreto da tirania Oriental, a Europa
oporia a comunicação universal do conhecimento, o intercâmbio indeterminado
e livre dos discursos.

O modo mais superficial e visível do sistema de restrição é constituído como


um ritual que define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam,
que definem os gestos e os comportamentos, as circunstâncias e todo o
conjunto de sinais que devem acompanhar um discurso.

As sociedades de discurso têm função conservar ou produzir discursos que


circularão e um espaço delimitado e para distribuir regras estritas sem que os
detentores do discurso sejam lesados com essa distribuição. Obviamente não
existe sociedade do discurso assim, mas não nos enganemos, na ordem do
discurso verdadeiro, livre de todo ritual e publico ainda existem formas de
apropriação do segredo e de não edição como um ato constrangedor.

O que constitui uma doutrina é o inverso de uma sociedade de discurso, pois


os falantes são limitados e o discurso era transmitido e circulava entre eles. A
educação que poderia ser a graça do sujeito, numa sociedade como a nossa
que sabemos que a distribuição no que permite é a mesma que impede e que
segue as linhas marcadas pela distancia, oposição e lutas sociais.

Todo o sistema de educação é uma maneira política de manter ou modificar a


apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que estes trazem
consigo. Sei que falo sobre separações abstratos, mas que estão ligados uns
aos outros.

Parece que o pensamento ocidental esteve sempre de guarda para que o


discurso ocupasse espaço menor entre pensamento e a palavra, que atua
como guarda que permite apenas que o espaço entre pensamento e palavra
seja um legado, um pensamento revestido por signos e que se tornam visível
pelas palavras, ou seriam as próprias estruturas da linguagem em ação que
inversamente produz um efeito de sentido.

A mediação universal é um modo de elidir a realidade do discurso, o discurso


nada mais é que reflexo de uma verdade que está sempre a nascer diante dos
seus olhos e que de tudo toma forma, tudo pode dizer e o discurso pode dizer
sobre o propósito de tudo.

Parece que essa veneração do discurso se esconde por meio de um temor que
se aparece como se fosse um interdito, sendo barragens nos limites do
discurso, fazendo assim que a grande proliferação de alguns discursos seja
dominada de modo que a riqueza seja aliada a parte perigosa e a desordem
seja organizada com figuras que esquivam aquilo que é mais controlável, isso
age como se quisesse apagar as marcas da sua irrupção do pensamento e das
línguas.

Se quisermos analisar as condições do temor é preciso que resolvamos tomar


três decisões: interrogar nossa verdade, restituir ao discurso seu caráter de
acontecimento e finalmente abandonar a soberania do significante.

Em primeiro lugar devemos reconhecer o principio de inversão onde


reconheceremos o jogo negativo no recorte e na rarefação do discurso.
Julgamos reconhecer o principio da fusão e da continuidade de uma figura que
parece desempenhar um papel positivo como autor, disciplina, vontade de
verdade.

Haver rarefação no discurso não quer dizer que ele seja além ou ilimitado,
continuo ou silencioso, mas devemos tratar o discurso como pratica
descontinua que se cruzam e que as vezes se justapõem, mas também se
ignoram ou se excluem.

Devemos conceber o discurso como uma violência que fazemos as coisas,


como uma pratica que lhes impomos, mas também como práticas de
acontecimentos dos discursos que encontram seus princípios e sua
regularidade.

Não devemos ir do discurso até seu núcleo anterior e escondido, até ao centro
de um pensamento ou de significação, mas devemos partir do próprio discurso,
do seu aparecimento e de sua regularidade para ir até as suas condições
externas de possibilidade, até ao que dá lugar a serie aleatória desses
acontecimentos e que lhes fica os limites.
Quando analisamos um discurso devemos usar quatro conceitos: de
acontecimento, de serie, regularidade e condição de possibilidade. Esses
conceitos estão em oposição termo a termo a outros conceitos de analise,
acontecimento a criação, serie a unidade, regularidade a originalidade, e a
condição de possibilidade.

Foucault faz uma observação diz que a historia como é pratica não afasta se
dos acontecimentos, mas os alarga incessantemente o campo descobrindo
novas camadas mais superficiais ou profundas sobre os acontecimentos que
são numerosos, densos e insubstituíveis, além de raros e decisivos. Mas o
importante é que a historia não considere um acontecimento sem definir a serie
de que ele faz parte, sem especificar o modo de analise de que essa serie
depende, ou seja, sem se interrogar sobre as variações sem determinar as
condições de que ela faz parte.

Obviamente o acontecimento não é nem substância nem acidente, nem


qualidade nem processo, pois acontecimento não é da ordem dos corpos, mas
mesmo assim o acontecimento não é imaterial porque é sempre no nível ao
nível de materialidade que ele adquire efeito e que ele é feito. Os
acontecimentos discursivos devem ser tratados como séries homogêneas
descontinuas umas em relação às outras. Não se trata de bem entendido, nem
de sucessão de instantes no tempo, mas de censuras que quebram o instante
e o dispersam numa pluralidade de oposições e funções possíveis.

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