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Fernando A. M. Marinho
Universidade de São Paulo, São Paulo-SP, Brasil, fmarinho@usp.br
1.70 (1)
d (g/cm3)
1.60
Assim, a relação entre estas duas grandezas
1.50
fornece a velocidade de propagação da onda de
Solo A
1.40 Solo B
cisalhamento no interior do solo.
Solo C S = 80%
1.30 3.2. Calibração dos transdutores
0 5 10 15 20 25 30
Teor de umidade (%)
Antes do início dos testes com os corpos de
Figura 1. Curvas de compactação dos solos estudados.
prova compactados é necessária a calibração
dos bender elements.
Os ensaios de caracterização foram
Para isso, foi realizado o contato direto entre
executados no Laboratório de Mecânica dos
os sensores para a medição do tempo de
Solos da Universidade Cidade de São Paulo –
propagação da onda. A recepção do sinal
UNICID.
transmitido deveria ser a mesma, porém isso
A Tabela 3 apresenta os valores de teor de
não é observado, devido a interferências
umidade ótimo e densidade seca máxima
causadas pelos próprios equipamentos do
obtidos nos ensaios.
ensaio. Portanto, este atraso de tempo aferido
Tabela 3 – Parâmetros de compactação obtidos
(time delay) deverá ser considerado, e com isso,
Solo wot (%) d (máx) (g/cm3)
será descontado do tempo total medido nos
Solo A 19,3 1,65 testes com os corpos de prova.
Solo B 6,5 1,87 Para a medição deste time delay, os
Solo C 15,5 1,80 parâmetros da onda transmitida foram iguais
aos utilizados nos ensaios com os corpos de
3. METODOLOGIA DOS ENSAIOS COM prova, cujos valores variaram nas etapas de
BENDER ELEMENTS tomadas de dados, conforme se observa na
Tabela 4 abaixo:
3.1. Bender Elements
Tabela 4. Time Delay dos sensores Bender Elements.
Os bender elements são pequenas placas Dados da Onda Frequências Time Delay
(s)
retangulares piezo-cerâmicas que sofrem flexão
5kHz 96 – 112
quando excitadas por pulsos elétricos ou geram
pulsos elétricos quando fletidas. Os bender 7kHz 84 – 96
Senoidal (onda
elements trabalham em pares, sendo um única) 10kHz 72 – 84
elemento transmissor e outro receptor, e são 20 Vpp
12kHz 66 – 80
posicionados em faces opostas do corpo de 10ms
15kHz 62 – 72
prova (e.g. Viggiani e Atkinson, 1995;
20kHz 60 – 64
Squeglia, 2009).
O cálculo da velocidade da onda de
3.3. Procedimento de Ensaio
cisalhamento (Vs) que atravessa o solo é dado
pela equação (1). Esta determinação considera
A distância percorrida pelo pulso de
que o comprimento percorrido pela onda
cisalhamento (Ltt) foi tomada como a distância
corresponde a distância entre as extremidades
entre as extremidades dos bender elements que
do elemento transmissor e receptor (Ltt) e que o
foram integradas ao corpo de prova, seguindo a
tempo que a onda leva no percurso até o
sugestão de Viggiani e Atkinson (1995). Para
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
isso, o comprimento saliente dos elementos que Tabela 5. Parâmetros dos ensaios com Bender Elements.
penetra no solo, que neste trabalho variou de Solo Tipo de Amplitude Frequências
Onda
4,89mm a 5,25mm, foi descontado da altura do
corpo de prova. 5kHz
O tempo de percurso (tt) foi tomado por 7kHz
meio do método pico a pico, sendo aferido o Solo A
Senoidal 10kHz
Solo B 20Vpp
primeiro pico da onda transmitida até o Solo C
(onda única)
12kHz
primeiro pico após a deflexão do sinal recebido,
15kHz
conforme mostrado na Figura 2.
20kHz
Calibração, E10, Voltage = 20Vpp, Onda Senoidal, 5kHz
Em teoria, o tempo de propagaçao da onda
de cisalhamento não deveria variar ao modificar
Entrada: Onda Senoidal
a frequência, contudo na prática isto não é
observado. Seguindo a sugestão de diversos
tt (pico a pico)
autores, neste estudo foi realizada a medição
utilizando-se diversas frequências. O tempo de
propagação foi subtraído do time delay aferido
na etapa de calibração, correspondente a cada
frequência transmitida. Em seguida, foi feito o
Saída: Onda S
cálculo da média dos tempos aferidos em cada
frequência, para ser considerado como o tempo
de propagação da onda no solo (tt).
Figura 2. Medição do tempo de propagação da onda.
Osciloscópio
3.4. Aparato Experimental
1.80
1.70 seca e Vs com um formato semelhante ao da
1.60 Solo C curva de compactação. É necessário mais
estudos para melhor definir este aspecto de
1.50
modo a possibilitar o seu uso em controle de
1.40
compactação.
(b) Solo A
1.30 O grau de saturação também apresenta uma
1.20 relação não linear com a velocidade de onda.
0 100 200 300 400 500
Velocidade (m/s) Observou-se um valor máximo para a
100 velocidade de onda além do qual a velocidade
90 Solo C não se altera. A eventual redução da velocidade
80
de onda pode estar associada à formação de
Grau de Saturação (%)
70
60
Solo A trincas no corpo de prova em processos de
50 secagem.
40 O método bender elements vem se
30 Solo B mostrando ao longo dos anos mais eficaz,
20
(c) apesar da falta de padronização dos testes.
10 Contudo, é um método com aplicação
0 interessante no processo de controle de
0 100 200 300 400 500
Velocidade (m/s) compactação, pois correlaciona os seus
Figura 5. Teor de Umidade e Densidade Seca versus Vs. principais parâmetros envolvidos no processo.
Na Tabela 7 estão apresentados os valores de AGRADECIMENTOS
teor de umidade ótimo, velocidade de onda e o
Gmáx estimado para uma situação não confinada. Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio e
pela bolsa fornecida e à Universidade Cidade de
Tabela 7. Módulo de Cisalhamento Máximo (Gmáx) dos
Solos em Umidade Ótima (wótima).
São Paulo – UNICID pelo apoio e
Solo wótima Vs Gmáx disponibilização dos laboratórios. Ao Prof.
(%) (m/s) (MPa) Charles Ng da HKUST pelo fornecimento dos
Solo A 19,3 293 223 bender elements utilizados.
Solo B 6,5 238 147
Solo C 15,5 317 266
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REFERÊNCIAS