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D G

O L
 R
Usado originalmente para
a compilação da ordem dos
Serviços, com seus textos.
Atualmente O primeiro Sidur foi editado
é utilizado por Rav Amram Gaon, por volta
para os do ano 850, na Babilônia. Criou
Serviços um padrão para os Sidurim
Sidur
diários, posteriores.
Ordem
inclusive Contém, por exemplo, entre
com outros, a ordem do Serviço
inserções da manhã, o texto da Amidá.
poéticas.
Da mesma época é o Sidur de
Saadia Gaon , com conteúdo
mais popular, menos acadêmico
em relação ao anterior.

Usado originalmente para a


Atualmente é compilação de inserções poéticas
utilizado para às rezas para todo o ciclo anual.
Machzor os rituais das
Ciclo Festas, como Um dos primeiros Machzorim
se fosse um conhecidos é o de Yanai, século
Sidur especial. VII E.C.

Guenizá do Cairo - Fonte de Manuscritos Litúrgicos Antigos


De modo a atender à antiga proibição contra o simples descarte
de manuscritos que contenham o nome de D’us, eles são armazenados,
quando imprestáveis, em um compartimento conhecido como Guenizá.
No Cairo, no fim do século XIX, foi descoberta uma Guenizá,
contendo centenas de milhares de páginas de manuscritos, dos mais
variados temas e assuntos, com datas de origem bastante variadas,
remontando até o século VIII E.C.
É uma das maiores fontes de conhecimento da liturgia antiga,
aprendendo-se muito sobre o modo de vida das pessoas.

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 25


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Torá Escrita - Torá Oral - Livros Canonizados

Em certa época, por volta do século IV A.E.C., os sábios da


Grande Assembléia estabeleceram os livros aceitos como sagra-
dos pelo judaísmo. A partir de então o conteúdo destes livros
não pode ser alterado em absolutamente nada, nem nas letras,
nem nos eventuais sinais que existam.
Ao que parece, este foi um final de um processo de séculos, ao
longo dos quais já alguns livros eram considerados sagrados.
Na época da destruição do Segundo Templo, vários judeus,
liderados por Yochanán ben Zacai, conseguiram autorização para
estabelecer uma academia na cidade de Yavne. Preocupados com
a dispersão do povo, começaram a compilar as leis e tradições
judaicas, também conhecidas como Torá Oral, em tópicos, cha-
mados mais tarde de Mishná. Esta transmissão foi oral desde o
Monte Sinai, e apenas centenas de anos depois, após a revolta ter-
minada no século III, foram escritos estes tópicos. Com o tem-
po agregaram-se comentários, explicações e discussões a estes
capítulos, dando origem ao Talmud. Desde então, o Talmud, é
considerado a base das leis judaicas. Nele estão regulamentados
e explicitados muitos preceitos que são apenas citados na Torá,
sem maiores detalhes, como, por exemplo, o modo de abate do
gado, restrições sanitárias e que partes podem ser consumidas.
Certos tópicos da Lei Oral, apesar de sua relevância, não foram
incorporados como Mishná. Ficaram conhecidos e catalogados
com o nome geral de Beraita, que se traduz como Fora.

26 Para Que se Diz Amên? • Sérgio Grinberg


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O L C
Tanach = Torá (Profetas) + Neviim (Profetas) + Ketuvim (Escritos)
24 livros canonizados componentes da Bíblia hebraica
Torá - Bereshit - Gênesis
Chumash Shemot - Êxodo
são 5 livros
Vaicrá - Levítico
lidos em
público ao Bamidbar - Números
longo do ano Devarim - Deuteronômio

Yehoshua - Josué A divisão em 2 partes dos


Shoftim - Juízes Livros de Shmuel, Melachim
Shmuel (1 e 2)-Samuel Divrei Haiamim foi feita
Melachim (1 e 2)-Reis pelos primeiros impressores
Yeshaiáhu - Isaías dos livros, devido ao tamanho,
Yermyiáhu - Jeremias que não conseguiam formatar
Yechezkel - Ezequiel em um só livro.
Hoshea - Oséias
Yoel - Joel
H

Neviim
Profetas Amós - Amós
A C

são 8 livros Ovadiá - Abdias


Yoná - Jonas
Trei Assar
Michá - Miquéias
Doze Profetas
Nachum - Naum
N

Menores
Chavakuc - Habacuque
T A

Chagai - Chagai
Tsefaniá - Zefanias
Zechariá - Zacarias
Malachi - Malaquias

Tehilim - Salmos
Mishlê - Provérbios
Iyov - Jó
Shir Hashirim - Cântico dos Cânticos
Ketuvim Ruth
Escrituras Echá - Lamentações
Sagradas Cohélet - Eclesiastes
Ester
Daniel
Ezrá/Nechemiá - Esdras/Nehemias
Divrei Haiamim (1 e 2) - Crônicas

Para Que se Diz Amên? • Sérgio Grinberg 27


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Talmud - Composto de Mishná e Guemará

Talmud Jerusalém Séc. IV E.C. Região da Galiléia


Talmud Babilônico
(mais abrangente, por volta Academias judaicas
Séc. V E.C.
do dobro do tamanho do da Babilônia
anterior)

Partes Principais do Talmud


Organizada em tópicos,
Compilada entre os anos
Compilação da Torá Oral

abrangendo leis, tradições,


100 e 300 E.C.
Mishná - Repetição

histórias, interpretações.

Dividida em Ordens e estas em


No princípio era de 36 Massechtot (Tratados).
forma oral e, apenas
séculos depois, foi dada O termo Mishná tanto designa
permissão para que fosse um tópico individual, quanto
escrita, em Hebraico. um capítulo ou uma parte de um
Tratado.
Suplemento

Material, semelhante à Dividida em Ordens e estas em


Tossefta

Mishná, mas que não foi Massechtot (Tratados)., mas sem


incluído no corpo oficial relação obrigatória com aqueles
da Mishná. da Mishná.

Muitas vezes contradiz a Mishná.


Beraita

Material semelhante à
Fora

Mishná, mas que não faz Apenas eventualmente é


parte de seu corpo oficial. considerado como válido
em discussões talmúdicas.
Comentários
Guemará

Comentários e discussões de sábios posteriores, no intuito


de esclarecer a Mishná.

28 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Serviços Religiosos Diários

3 Serviços Religiosos ao dia


Os 3 Serviços diários, na sua forma atual, foram instituídos
na Academia de Yavne, por volta do ano 100 E.C., após
a destruição do Segundo Templo.

Referências sobre se rezar 3 vezes por dia, diariamente

Tem origem com os Patriarcas, tendo cada um deles instituído,


pela primeira vez, uma delas.
Substituição da prática de sacrifícios diários no Templo de Jerusa-
lém, os quais aconteciam pela manhã e à tarde. A expressão Ser-
viço Religioso tem relação com o Serviço do sacrifício no Templo.
O Serviço da noite seria para o cumprimento da obrigação de se
dizer o Shemá, 2 vezes ao dia, quando se levanta (Shacharit) e
antes de dormir (Arvit). Este Serviço foi inicialmente opcional.
Livro de Daniel 6:10 - referência que ele rezava 3 vezes ao dia. ”...e
três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças diante
do seu D’us, como também antes costumava fazer.”
Salmo 55:16-17
”Mas eu invocarei a D’us, e o Senhor me salvará.
De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei; e
ele ouvirá a minha voz”.

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Serviços Religiosos Diários

Em todos os Serviços há uma introdução de Salmos, poesias,


meditações, antes das rezas propriamente ditas, com finalidade de
aguardar a chegada das pessoas e funcionar como uma espécie de
“aquecimento”, de modo que as pessoas possam entrar no ambiente
de concentração para se dirigir a D’us. Assim, após as rezas fundamen-
tais, há uma parte de finalização e preparação para as pessoas voltarem
ao dia a dia.
De acordo com as leis judaicas, cada um deve fazer o possível
para participar dos 3 Serviços em comunidade. Não sendo possível,
deve-se rezar sozinho, nas mesmas horas dos Serviços comunitários,
respeitando-se a proibição de se fazerem certas rezas sem Minián.
(quórum mínimo).

Nomes e Períodos dos Serviços Diários

Inclui a leitura da Torá às 2as, 5as e


ocasiões especiais. Em Shabat (porção
semanal completa, dividida em 7 partes
Manhã Shacharit
e Haftará, que são trechos dos Profetas).
Após
Às segundas e quintas (apenas o primeiro
o nascer
trecho semanal, dividido em 3 partes).
do sol
Adicional em determinadas ocasiões -
Mussaf
Shabat e dias de festas.

Tarde
Inclui a leitura da Torá em Shabat e
Antes
Minchá dias de jejum (o primeiro trecho sema-
do pôr-
nal, dividido em 3 partes).
do-sol
Noite
Após Arvit (ou No Shabat é precedido pelo
o pôr- Maariv) Cabalat Shabat.
do-sol

30 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Partes Componentes da Liturgia

Na Berachá não se pede nada a D’us.


Berachá
Bênção É uma constante reafirmação de que D’us é a origem
de tudo.
Plural:
É uma declaração de agradecimento por tudo que
Berachot
D’us nos proporciona.

Pedido a D’us sobre nossos desejos, que esperamos


Tefilá ser atendidos no futuro.
Reza
Representado no Serviço pela Amidá.

Criados ao longo do tempo por diversos autores.

Alguns são inseridos entre as rezas e Berachot.

Não são necessariamente compostos por palavras


bíblicas.
Poemas ou Hinos Litúrgicos

Muitos Piutim são compostos na forma


de acrósticos, em que cada verso ou
conjunto de versos começa com uma
Piutim

letra consecutiva do alfabeto.


Ao longo do tempo esta técnica sofreu uma
transformação de modo que as letras
Acrósticos

significativas possam estar em qualquer


parte do verso, formando frases
independentes do significado do Piut.
O uso de acrósticos serve para a
memorização do texto, facilitar a garantia
de que o texto tenha sido corretamente
escrito e inserir no texto o nome do autor
e outras referências.

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 31


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Berachá - Bênção
Expressão de agradecimento a D’us pelos mais variados motivos.

Motivos para se falar uma Berachá


Exemplo:
Antes de ingerir alimentos.
Agradecer a possibilidade
Ao se presenciar um fenômeno da
de desfrutar o que D’us criou
natureza: raio, trovão, arco-íris, etc.
(fazendo-nos mais uma vez
Ao se visitar um lugar onde houve
lembrar de D’us).
um milagre em época passada.
Agradecer a possibilidade de
observar os preceitos ordenados
Antes de se cumprir uma Mitsvá.
por D’us (levando a pessoa a
tomar consciência da prática da
Mitsvá).
Expressar agradecimento,
Após se livrar de um perigo.
pedido ou louvação.

Construções padrão das Berachot

Baruch Atá Ad’nai


Começam com as palavras:
Bendito Sejas Tu, Senhor.

Elo-hênu Melech
Começando no início de
Haolam –
uma reza, acrescentam-se:
D’us Rei do Universo.

Asher Kideshánu BeMitsvotav


Nas Berachot que precedem a
VeTsivanu – Aquele Que Nos
ação do cumprimento de uma
Santificou Com Seus
Mitsvá, acrescentam-se as
Mandamentos e Nos Ordenou...
seguintes palavras:
(a realizar tal Mitsvá).

32 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Berachá - Bênção
Tipos de Mitsvot em que NÃO se deve fazer Berachá
Exemplo:
Mitsvot tipo proibição.
Não requerem uma ação.
Não se deve...
Podem ser recusadas pelo Neste caso a Berachá teria
destinatário. sido falada em vão.
Refere-se a situações tristes ou Devolução de propriedade
transgressões à Lei roubada.
Envolvem sofrimento de outros,
sendo que também não judeus Visita a doentes. Caridade.
devem praticar tal Mitsvá.
Algumas Regras Relativas às Berachot

Shehecheiánu Quando uma Mitsvá cíclica está sendo realizada pela


primeira vez no ano, acrescenta-se a Berachá Shehe-
cheiánu, que é um agradecimento por D’us nos ter
mantido vivos até tal momento (por exemplo, quando
se faz a Mitsvá das 4 espécies pela primeira vez no ano).
Após se falar uma Berachá, uma ação deve acontecer
(comer, beber, cumprir uma Mitsvá).
Explica-se que a Berachá, falada após se acenderem as
Ação após velas de Shabat, como última ação antes do começo
a Berachá do Shabat, seja pronunciada com os olhos fechados.
Assim que se fala esta Berachá, considera-se que o
Exemplo: Shabat tenha começado, quando então não se poderia
mais acender o fogo das velas. Desta maneira, primeiro
acendendo-se as velas e depois falando-se a Berachá de
olhos fechados, a ação que acontece após se reabrirem
os olhos é olhar as velas acesas, e não acendê-las.
Após se ler algum trecho do Tanach em público,
Berachá
como a Haftará, faz-se também uma Berachá
após a ação
posterior pela realização desta Mitsvá.
Não se pode dizer uma Berachá em momentos não
Berachot não
especificados no Talmud, porque seria dizer em vão
prescritas
o nome de D’us.

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 33


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Estrutura do Serviço Religioso

De modo geral, a estruturação de cada Serviço obedece à


seguinte seqüência:

Tanto para colocar as pessoas no


Introdução com Berachot /
clima religioso, como para esperar a
Piutim / Salmos
chegada dos retardatários.
Começa com a convocação à
congregação – Barechú.
Partes Essenciais dos Seguem-se as partes essenciais,
Serviços que incluem com certeza a Amidá
e, dependendo do dia e da hora, o
Shemá, Leituras da Torá e outras.
Como que um desaquecimento
Finalização com Hinos /
do clima religioso e preparação para
Piutim / Salmos
a volta ao dia-a-dia.

Dividindo as seções principais dentro de cada Serviço, há a


leitura do Cadish, em alguma de suas variantes, caracterizada
pela inclusão de um ou dois parágrafos à sua estrutura básica.

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Minián - Quórum Mínimo

Algumas partes do Serviço devem ser obrigatoriamente realizadas


em comunidade, com um número mínimo de presentes.
Se uma pessoa estiver rezando sozinha ou não houver Minián tais
partes devem ser omitidas do Serviço, mas isto não impede que a
pessoa recite as outras partes que não exigem Minián.
Cadish
Barechú
As seguintes partes
dos Serviços exigem Repetição da Amidá - para a Kedushá
Minián: Leituras da Torá e da Haftará

Berachá dos Cohanim

Exige-se que haja Minián para a leitura da Torá, porque está


escrito em Levítico 22:32 que se deve santificar o nome de D’us no
meio do povo de Israel.
Interpreta-se então que quando o nome de D’us é invocado em
público, deva haver Minián, representando o povo de Israel.

De acordo com o Talmud


Babilônico, o número 10 vem de
Números 14:27, que fala dos
De acordo com o espiões que foram à terra de Israel.
Shulchan Aruch, o Estes 10 são referidos como Edá
número mínimo de (congregação).
pessoas é de 10 homens Há referência ao quórum de 10 no
judeus com idade Livro de Ruth 4:2.
mínima de 13 anos. “Então Boaz tomou dez homens
dentre os anciãos da cidade e lhes
disse: Sentai-vos aqui. E eles se
sentaram”.

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 35


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Obrigações Diárias
São obrigações a serem cumpridas a cada dia:
2 vezes ao dia (pela manhã e à noite).
Shemá
Determinação explícita na Torá.

3 vezes ao dia (ou 4 se há Mussaf).


Amidá
Determinação rabínica.

Ler alguns trechos da Torá, o que é suprido nos


Serviços religiosos, já que várias partes são
Leitura
constituídas de trechos da Torá.
da Torá
Determinação explícita na Torá.

Obrigação que viria da época do Rei David, quando


se diz que houve uma praga com grande mortandade.
Os sábios da época teriam percebido a essência
espiritual da praga e instituíram a obrigação das 100
Berachot diárias, o que fez com que a praga tenha
cessado.
É mencionado no Talmud (Menachot 43b) que Rabi
Falar 100 Meir interpretou a palavra má em Deuteronômio 10:12
Berachot como indicação das 100 Berachot, porque a tradução
da palavra meá, que tem pronúncia praticamente igual
àquela, é 100.
Outros sugerem que isto viria da declaração do
Rei David em Samuel II 23:1. A palavra al vale 100.
Ainda há a explicação de que 100 são as penas
Divinas mencionadas em Deuteronômio 28:15-61,
por desobediência aos Seus mandamentos e leis.

36 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Comparação de Textos do Sidur e da Torá


Uma vez que muitos textos da liturgia diária são tirados
diretamente dos Livros Sagrados, vamos mostrar um exemplo
comparando o texto da parte conhecida como Ma Tovu no
Sidur com as respectivas fontes na Torá e Salmos, conforme
indicado abaixo.

Liturgia Utilizada na Entrada da Sinagoga


(dependendo do rito, são incluídos Salmo 26:8 e Salmo 95:6)

Vindo perante D’us.


Ma Tovu Já presente no Sidur de
Números 24:5
Como São Rav Amram Gaon (séc. IX).
Salmo 5:8
Boas Suas Começa falando de tendas,
Salmo 69:14
Tendas o que se interpreta como
sinagoga.
Verso composto por 10
Vaani Berov palavras, correspondendo ao
Salmo 5:8
Chasdechá Minián requerido para algu-
mas partes dos Serviços.

Texto em hebraico do Salmo 5:8, mostrando as 10 palavras.

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
:W¤,¨t§r°h§C W§J§s¨e k©fh¥v k¤t v®u£j©T§J¤t W¤,h¥c tIc¨t W§S§x©j c«r§C h°b£t³u

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 37


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Comparação de Textos do Sidur e da Torá

Nos exemplos abaixo podemos observar a concordância entre


os textos da Torá e do Sidur. Vemos também a variação das tradu-
ções, mesmo nas mais cuidadosas e bem-feitas como estas abaixo,
já que o mesmo texto hebraico aparece com palavras diferentes,
dependendo do autor da tradução.

Primeiro Trecho da Torá, falado em Keriat Shemá, encontrado em


Deuteronômio 6:5-9.

Torá Sidur

A Torá Viva Tehilat Hashem


Por Rabino Aryeh Kaplan Editor: Rabino Avrohom Tsvi
Fonte da
Tradução: Adolpho Beuthner
Tradução
Wasserman Tradução: Michoel Regen
Editora Maayanot 2001 Editora Beith Lubavitch 2002

Ama a D'us, teu Senhor, com E Amarás a Ad’nai, teu D’us,


todo o teu coração, com toda com todo o teu coração e com
a tua alma, e com todas as toda a tua alma e com toda
tuas posses. Estas palavras a tua força. E estas palavras,
que eu te ordeno hoje devem que Eu te ordeno hoje estarão
permanecer em teu coração. sobre o teu coração. As ensi-
Ensina-as a teus filhos e fala narás a fundo aos teus filhos e
delas quando tu estiveres falarás delas ao estares senta-
Texto
no lar, quando estiveres dos em tua casa e ao andares
Traduzido
viajando na estrada, quando pelo [caminho], ao te deitares
te deitares e quando te le- e ao te levantares. [Deverás]
vantares. Amarra como um atá-las como sinal sobre tua
sinal sobre tua mão, e que mão e serão como lembretes
sejam um emblema no cen- [acima da testa] entre teus
tro de tua cabeça. Escreve-as olhos. E as escreverás sobre os
sobre umbrais de tuas casas umbrais de tua casa e em teus
e portões. portões.

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Roupas e Acessórios Litúrgicos

Enfatiza-se no judaísmo que todas as pessoas têm igual im-


portância não existindo uma vestimenta especial e diferente
para o líder das rezas nas sinagogas, nem mesmo para os rabi-
nos. As roupas e acessórios que devem ser usados na liturgia
ou estão especificados na Torá ou vêm de costumes aceitos por
todo o povo.
O eventual uso de acessórios ou roupas especiais por
determinadas pessoas é uma prática originada de costumes
adotados em determinadas comunidades.

Roupas e Acessórios Litúrgicos

Tsitsit Franjas na extremidade de vestes com quatro cantos.

Kipá Cobertura da cabeça.

2 caixas com pergaminhos, com 4 passagens da Torá.


Tefilin
Colocadas no braço, perto do coração e na cabeça.

Invólucro com pergaminho contendo 2


Mezuzá passagens da Torá, que deve ser afixado nos
batentes das portas.

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Roupas e Acessórios Litúrgicos

Mezuzá - Batente
Pergaminho escrito com versos da Torá com propósito de re-
lembrar constantemente a unicidade de D’us e a necessidade de
comportamento moral e ético.
Passagens da Torá escritas no pergaminho:
Deuteronômio 6:4-9 Shemá Israel... Aceitação da
unicidade de D’us.
Deuteronômio Vehaiá... Aceitação das Mitsvot
11:13-21 ordenadas por D’us.

Fixado nos batentes das portas, encapsulado em uma espécie de


caixa para protegê-lo, evitando contato direto com ele.

É usual ser colocado no batente à direita da entrada, em posição


inclinada. Uma vez que os Sábios não chegaram a uma conclusão
se deveria ser na posição horizontal ou vertical, então optou-se
pelo meio-termo.

As passagens da Torá são escritas em 22 linhas, lembrando as 22


letras do alfabeto hebraico.

As palavras escritas no pergaminho têm 713 letras.

É usual a palavra Sha-dai escrita na parte de trás do pergaminho.


Também do lado de fora de seu invólucro, coloca-se a primeira
a
letra desta palavra, Shin. Isto é recomendado pelo Zôhar porque
Sha-dai, que é um Nome Divino, pode ser formado pelas iniciais de
Shomer Daltot Yisrael - Guardião das portas de Israel.

40 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Roupas e Acessórios Litúrgicos

Tsitsit - Franjas / Talit - Manto de Rezas


Como mencionado na Torá, em Números 15:37-40 (passagem
repetida na 3ª Seção do Shemá), existe a obrigação de se colocarem
franjas brancas e uma azul em cada extremidade da vestimenta.
O objetivo é: manter cada pessoa leal a D’us e Seus Mandamen-
tos. Ajudar cada pessoa a se lembrar de que foi ordenada a ser
sagrada.
Este corante azul é o mesmo que deve ser usado na vestimenta
dos sacerdotes (Êxodo 28:6) e na cortina interna do Santuário
(Êxodo 26:1).
Hoje, a maioria dos judeus não usa a franja azul, por achar que o
corante se perdeu.

O Talit como se usa hoje, é uma tradição da época do Segundo


Templo, já que antes se usavam apenas as franjas.

O Talit normalmente é usado apenas de dia, porque menciona-se


na Torá que o Tsitsit deve estar visível. Não há obrigação de seu uso
à noite. A única exceção é a noite de Yom Kipur.

Não é costume usar-se o Talit na reza de Minchá, apesar de não


ser proibido.

É proibido seu uso dentro de banheiro.

Antes de se colocar o Talit, recita-se uma Berachá, que muitas


vezes está escrita no próprio Talit.
Há certas regras sobre a necessidade de se repetir esta Berachá,
no mesmo Serviço, após se retirar e recolocar o Talit.

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Roupas e Acessórios Litúrgicos


Tefilin
A mitsvá do Tefilin é uma injunção bíblica explícita na Torá
(Deuteronômio 6:8). Os detalhes de forma e conteúdo estão na
Torá oral.
Existem notícias do uso de Tefilin parecidos com os atuais a partir
do século III A.E.C.
Houve época em que eram usados o dia inteiro.

Algumas regras sobre o uso dos Tefilin


Os Tefilin devem ser usados durante o dia.
Atualmente são colocados nas rezas matinais dos dias comuns
(Shacharit), que têm o Shemá. Apesar de não ser proibido, não é
costume usarem-se os Tefilin no Serviço de Minchá.

Sendo o Shabat um pacto entre o povo e D’us (Êxodo 31:17) e


a circuncisão também um pacto (Gênesis 17:11), os Tefilin não
são colocados em Shabat e dias festivos.
De modo semelhante à lei que diz que duas testemunhas são
suficientes para provar alguma coisa, não são necessários mais
de 2 símbolos do pacto entre D’us e o povo de Israel.

A palavra Tefilin, diz-se vem de separar, uma vez que usando-se


os Tefilin o povo se distingue dos outros povos.

A palavra grega correspondente é filactérios, significando amuleto.

42 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Roupas e Acessórios Litúrgicos


4 passagens da Torá escritas nos Tefilin
Cada um dos dois Tefilin (um para o braço e outro para a cabeça)
contém 4 passagens da Torá, onde se menciona a Mitsvá de seu uso.

Êxodo 13:1-10 Dedique- se a Mim ...

Êxodo 13:11-16 E quando D’us nos trouxe...

Deuteronômio 6:4-9 Shemá Israel...

Deuteronômio Se obedecerem a Meus mandamentos que Eu hoje


11:13-21 lhes ordeno...
No Tefilin do braço as 4 passagens estão escritas em um único pergaminho.
O Tefilin da cabeça tem 4 compartimentos internos, sendo colocado um
pergaminho com uma das 4 passagens em cada um deles.
A forma do Tefilin está especificada no Talmud (Menachot 38), sendo
posteriormente regulamentada em vários tratados.
O total de letras dos trechos da Torá é de 1388.
Diz-se que apenas o preto está relacio-
Talmud nado com a lei dada a Moisés no Monte
Explicações
Sinai.
para a cor dos
Tefilin ser preta Idade Associa o preto com a natureza imutável
Média de D’us, já que o preto é a cor mais estável.

Ordem de colocação das 4 Passagens em cada um dos


compartimentos internos dos Tefilin
Existem algumas interpretações que levam a diferentes preenchimentos
de cada um dos 4 compartimentos internos dos Tefilin.

Colocação de acordo com a ordem da Torá.


Rashi
Êxodo 13:1-10 / Êxodo 13:11-16 /
(mais usado)
Deuteronômio 6:4-9 / Deuteronômio 11:13-21
Inverte a ordem entre o 4º. e o 3º.
Rabenu Tam
Êxodo 13:1-10 / Êxodo 13:11-16 /
(neto de Rashi)
Deuteronômio 11:13-21 / Deuteronômio 6:4-9

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 43


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Roupas e Acessórios Litúrgicos


Tefilin
Algumas explicações do porquê de serem 7 as voltas dadas no braço.

Seria um símbolo da ligação eterna entre o povo de Israel e


D’us. As 7 voltas lembrariam as 7 Berachot da cerimônia de
1 casamento, onde o noivo e a noiva selam sua união.
As voltas em torno do dedo médio simbolizariam o anel que
o noivo coloca no dedo da noiva na cerimônia de casamento.
2 Os sete braços da Menorá.
As sete palavras (em hebraico) do Salmo 145:16 –
3
“Você abre Sua mão e satisfaz o desejo de todos os viventes”.
4 Sete anjos.

Costume cabalista de se representar um dos nomes de D’us,


com as letras a Shin / s Dalet / h Iud.
Palavra Sha-dai - Shomer Delatot Israel - Guardião das
Portas de Israel.

Na Cabeça No Braço e Mão

a Esta letra é escrita nos dois lados do Representada pela


Shin Tefilin da cabeça, sendo com 3 braços correia em volta
em um lado e com 4 braços no outro do braço (no
lado, totalizando sete braços. bíceps) ou da mão.
Representa os 3 Patriarcas e as 4
Matriarcas, ou também o número de
voltas da correia em volta do braço.

Representada pela
s Nó na parte de trás da correia da
correia em volta
Dalet cabeça.
dos dedos da mão.

h Parte final da correia da cabeça.


Nó perto do
Iud Tefilin, no braço.

44 A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg


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Respostas Durante Rezas


Amên
Na maioria das vezes é dito Amên, quando outra pessoa recita
uma Berachá (começada por Baruch Atá ...).
A pessoa não diz Amên em resposta à Berachá feita pela própria
pessoa. (Berachot 45b). Isto é permitido apenas em alguns casos, e
varia de rito para rito.
Também se diz Amên após o Chazan dizer V’imru Amên
(e Digamos Amên).
Indica que se está em absoluta conformidade com o que acaba
de se escutar, afirmando a crença na veracidade do que foi dito.
De acordo com Maimônides, o fato de se dizer Amên já pode ser
considerado como se a pessoa tivesse falado a Berachá ou reza, o
que é muito apropriado pelo fato de muitas pessoas não compre-
enderem o conteúdo da Berachá ou reza.
A palavra Amên pode ser associada, de forma mnemônica, pela
abreviação das primeiras letras das palavras da frase: E-l Melech
Ne’eman - D’us, o Rei Fiel.
Quando é dita após uma oração de rogo, tem o significado de
Verdade.
Não deve ser dito Amên após uma Berachá desnecessária, pois aí
se estaria mencionando em vão o nome de D´us.
Aparece em vários lugares do Tanach: Deuteronômio 27:15-26 /
Crônicas I 16:36 / Números 5:22 / Reis I 1:36 / Nehemias 5:13 /
Salmos 41:14 / Jeremias 11:5 / Jeremias 28:6.

“Baruch Ad’nai Hamevorach Leolam Vaed”


Quando alguém fala Barechú et Ad’nai Hamevorach, a
congregação responde com Baruch Ad’nai Hamevorach Leolam
Vaed.
Na chamada à reza (Barechú).
Na Berachá antes da leitura de trecho da Torá.

A Arte de Dizer Amên • Sérgio Grinberg 45

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