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A ORAÇAO DO SHEMA

A intensa oração de Jacó

“Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor.

Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de
todas as suas forças.

Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração.

Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver
sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e
quando se levantar.

Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa.

Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões”.

Deuteronômio 6:4-9.

Como o povo judeu orou no tempo de Jesus?


O povo judeu era um povo piedoso, que sabia orar e tinha uma longa
tradição de vida de oração. A oração tem um lugar bem definido na vida das
pessoas e na sua religiosidade. Desde a tenra idade, é ensinado na família, e na
instrução religiosa das sinagogas, os preceitos relacionados à oração.

Os judeus, duas vezes por dia, ao amanhecer e ao anoitecer, recitavam a


confissão de fé no Deus que os libertou do Egito. Começando pelas crianças, essa
recitação, conhecida como Shemá, foi transmitida de geração em geração.

Jesus cumpriu todo o Shemá e com isso, ensina que essa não é apenas uma
oração de palavras. Ao ser crucificado, ele entregou toda a sua força física,
emocional, mental e deu tudo o que ele tinha. A cruz é a representação do
Shemá, onde ele oferta a sua própria vida em favor de um pedido: “Quero salvar
a humanidade!" Da mesma forma, tudo isso precisa estar contido em nossa
oração.

Shemá, Israel
Lições espirituais de uma declaração judaica
“Ouça, Israel”, são as duas primeiras palavras da declaração de fé central
do judaísmo, que no original hebraico é “Shemá, Israel”. Essa declaração,
segundo a tradição, deve ser recitada desde a infância, conforme orienta a
Palavra de Deus, dizendo: “as ensinarás a teus filhos” (Deuteronômio 6.7). Ela é
composta por três trechos da Torá (Deuteronômio 6.4 – 9; 11.13 – 21; e
Números 15.37 – 41).

E essa leitura é um mandamento que deve ser cumprido pelos judeus


diariamente duas vezes: na “Shacharit” (oração pela manhã) e na “Arvit” (oração
noturna). Desta maneira, ainda no ventre materno, as crianças judias ouvem os
pais recitando a importante declaração. E, ao crescerem, são incentivados a
decorar os trechos da Torá que compõem o “Shemá”, gravando seus versos na
memória.

Jacó e o Shemá
Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão, é o terceiro e último patriarca do
povo Judeu. É dele que descendem todos os filhos de Israel. Todos os seus doze
filhos têm parte ativa na história judaica. Em suas atitudes podemos encontrar o
cumprimento do Shemá:

Amarás o Senhor teu Deus: Ele sai de casa deixando tudo para trás,
inclusive a sua herança, que com a bênção da primogenitura, seria dobrada em
relação a do seu irmão.

Sem nenhuma condição financeira, Jacó vai em direção ao deserto, pondo


em risco a sua vida, para se encontrar com Deus. Com essa atitude, ele consegue
demonstrar um grande amor e total confiança no Senhor.

De todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças:


Jacó se dedica por mais de vinte anos para cumprir o voto que fez, antes de
deixar sua terra. Nesse voto, ele prometeu dar o dízimo de tudo e voltar para
construir a Casa de Deus, se Ele tão somente o abençoasse, fosse com ele e o
suprisse.

Este homem, muito antes das Leis serem entregues a Moisés, buscou com
todas as suas forças a bênção de Deus, dentro dos princípios da oração do
Shemá: os quatro níveis de vida. Físico, suas forças; emocional, suas lágrimas;
material, suas posses (ofertou naquele lugar); e espiritual, todo o coração.

As suas lágrimas abriram os portais celestes e ele se tornou “príncipe”


diante de Deus, reconhecido como herdeiro das promessas. Dele vieram as doze
tribos de Israel, elas nasceram com o anseio de tornarem-se importantes para o
Reino dos Céus. Jacó amava tanto ao Senhor e reconhecia a Deus como o “único
Senhor” em sua vida, que isso fez toda a diferença. Ao buscar sua aprovação,
empreende uma luta corpo a corpo com o Todo Poderoso (Gênesis 32.24 – 29).
'Peniel' quer dizer que ele viu Deus face a face e sobreviveu. Em Betel Jacó
colocou em prática os princípios e o segredo da oração do Shemá.

Durante a sua caminhada, ele dedicou a Deus todas as suas forças,


emoções, suas posses e seu coração, mas faltava algo importante: o acerto de
contas com seu irmão.

Após todo este esforço, Jacó finalmente ouviu do Anjo do Senhor as


seguintes palavras:

“Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com
Deus e com os homens, e prevaleceste”

Gênesis 32.27,28.

Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração:
Jacó orou com todo o coração, de toda a alma e com todas as forças
(Deuteronômio 6:4,5). O segredo é que nossa vida deve ser uma vida de
oração, e vida de oração não é construída de um dia para o outro, existe um
processo.

Oração é um ato de conversar com Deus, mas também com os homens e


sendo assim, nossa vida deixará uma mensagem na Terra, da mesma forma
como Jacó deixou a sua marca. Quando alguém se refere a Israel, lembra de um
homem que era fraco, condenado a ser ninguém, um improvável. Mas esse, que
talvez tenha sido o mais pecador de toda a família judaica, nos ensina hoje que
ele sabia orar. Muito mais do que falar, ele sonhava.

Jesus também marcou a humanidade através da sua vida de oração nos


quatro níveis e ela está impressa na Terra através do seu sangue derramado.
Com a subida do seu Espírito, os céus jamais apagarão o registro dessa oração
sacrificial. A vida de Jesus é uma verdadeira oração.

Ensine-as com persistência a seus filhos: Agora Jacó precisa ensinar a


seus filhos a fazerem a mesma coisa:

Então Jacó chamou seus filhos e disse: "Ajuntem-se a meu lado para que eu
lhes diga o que lhes acontecerá nos dias que virão”.

Gênesis 49:1

Antes de abençoar seus filhos, Jacó lhes faz uma última pergunta:
“Estariam eles firmes na crença em um Deus Único?”

Ao que todos eles levantam as mãos aos Céus e, juntos, respondem com a
frase que se tornou a própria essência do judaísmo:

"Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso Deus, o Eterno é Um"

Nesse momento Jacó tem a certeza de que, apesar de tudo o que irá
ocorrer no futuro, o legado de Abraão e Isaque será transmitido "le'dor va'dor",
de geração em geração, passando pela geração de Jesus e chegando até os dias
atuais.

“e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando


pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te”.

Deuteronômio 6:7.

A eternidade do povo de Israel estava garantida. Em paz, Jacó responde:

"Bendito seja, para sempre, o Nome de seu Reino Eterno".

Identificando uma geração


Segundo a historiadora Yaffa Eliach, após a Segunda Guerra, um judeu
americano decidiu resgatar o maior número de crianças judias que haviam sido
escondidas em mosteiros e orfanatos por medo da perseguição nazista. Ele teria
ido à Europa, visitando os mosteiros e orfanatos, ao entrar em cada instituição,
recitava o “Shemá”. As crianças judias reconheciam as palavras.

A oração diz: “Ouça, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.


Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu
coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás
por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as
escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”.

Se a primeira parte chama a atenção de Israel: “Ouça, Israel”. A segunda


parte da declaração é a afirmação de que “o Senhor é um”. E esta afirmação é
extremamente importante, pois vai muito além da proclamação de que o
judaísmo é monoteísta, transmite a ideia de que Deus é Pleno e Único em Sua
essência.

Afirmar que Deus é um, significa reconhecer a Sua soberania,


principalmente em referência aos atributos divinos. Ele é um porque ninguém
pode ser comparado ao Senhor, que tem todo o poder, sabe de todas as coisas e
está em todos os lugares.

Quando o Shemá declara que Deus é um, Deus é Onipotente, Onisciente e


Onipresente, revela o caráter imutável do Eterno. Por ser único, poderoso e
incomparável, Ele não muda, mas permanece o mesmo. Como diz as escrituras:

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se
arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”

Números 23:19.

Se amarmos a Deus “de todo o coração”, como revela o “Shemá”


transmitiremos Seus mandamentos às gerações futuras, ensinando aos nossos
filhos a importância de obedecer e reconhecer ao Todo Poderoso. Desta
maneira, as crianças terão uma atitude de amor e de obediência por tudo o que
Deus representa.

Shemá Antes de Dormir


De acordo com os rabinos do grupo Chabad em site afirmaram que:
“Psicólogos que estudam os sonhos dizem que os últimos cinco minutos conscientes
do dia determinam o que sonharemos à noite. E sabemos que a maneira de dormir
determina grande parte do que iremos desempenhar no dia seguinte. Este é um
bom motivo para entrar na rotina do ‘Shemá Antes de Dormir’” 1.

A oração e seus segredos


Tudo o que sonhamos e desejamos e está a nossa disposição, porém está
guardado, esperando que usemos uma chave: a oração. Esse é o código de Deus.
Quem ora deve ser o primeiro a crer na oração, pois Deus já acredita. O código
requer crer com a boca e com o coração. Nosso pensamento, mente, alma desejo
e corpo, precisam estar de acordo com seu coração, para que haja uma conexão
perfeita com os céus. Isso é tradução da fé. Por isso, tudo o que sonhamos e
pedimos em oração é impossível não se realizar.

Quanto mais profundos os segredos, mais importantes eles são. A oração


judaica do Shemá Israel é a mais conhecida e amplamente recitada, mas as
pessoas a recitam sem ter qualquer ideia de seus muitos segredos.

O Shemá é uma declaração de fé, uma oração de lealdade ao Deus único.


Diz-se quando se levanta de manhã e vai dormir à noite. Diz-se quando

1
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1124386/jewish/Shem-Antes-de-Dormir.htm
louvamos a Deus e quando imploramos a Ele. É a primeira oração que é
ensinada a uma criança judia para recitar. Estas são as últimas palavras que um
judeu diz antes de morrer.

Os judeus recitam o Shemá quando se preparam para ler a Torá nos


sábados (Shabat) e nas festas. É recitado o Shemá também no final do feriado de
Yom Kipur quando acreditam que é alcançado os níveis dos anjos. A Torá se
lembra de Moisés, incluindo o Shemá em seu discurso de despedida ao povo
judeu.

Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões: O


Shemá está contido na “mezuzá”2 que é preso aos batentes das portas e no
“tefilin”3 que é preso nos braços e cabeça. Toda vez que um judeu coloca a mão
sobre a mezuzá, ele se lembra que as lágrimas de Jacó abriram os portais do céu.
Sabemos também, que as lágrimas de Jesus abriram os portais dos céus para a
entrada de todo aquele que está disposto a colocar toda a sua força naquilo que
ele espera de Deus, através da sua fé e da sua oração.

A oração do Shemá, é para uma vida toda. Você acredita tanto em uma
oração, que está disposto a ora-la por toda a sua vida, até que ela se cumpra? Até
que Deus atenda? Essa é a oração que jamais vai falhar.

Quando você se dedica, sobe o monte, faz vigília, você está colocando
todas as suas forças. Com as suas lágrimas e súplicas, você aplica suas emoções,
que têm um poder extraordinário diante do Trono de Deus. Suas ofertas,
primícias e dízimos representam sua vida material.

2
Mezuzá (do hebraico ‫" מזוזה‬umbral") é o nome de um mandamento da Torá que ordena que seja afixado no
umbral das portas um pequeno rolo de pergaminho (klaf) que contém as duas passagens da Torá que
ordenam este mandamento, "Shemá" e "Vehaiá" (Deuteronômio 6:4-9 e 11:13-21). A mezuzá deve ser
afixado no umbral direito de cada dependência do lar, sinagoga ou estabelecimento judaico como lembrança
do criador. Deve ser posto a sete palmos de altura do chão, apontando para dentro do estabelecimento com
a extremidade de cima. Os judeus costumam beijar a mezuzá toda a vez que se passa pela porta, para
lembrar das orações que estão contidas ali dentro e os princípios do judaísmo que elas carregam.
3
Tefilin (em hebraico ‫תפילין‬, com raiz na palavra tefilá, significando "prece") é o nome dado a duas caixinhas
de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal kasher, dentro das quais está contido um
pergaminho com os quatro trechos da Torá em que se baseia o uso dos filactérios (Shemá Israel, Vehaiá Im
Shamoa, Cadêsh Li e Vehayá Ki Yeviachá). Também é conhecido em português como filactério, vindo do
termo grego phylaktérion, que significa basicamente "posto avançado", "fortificação" ou "proteção", o que
explica a utilização destes objetos como proteção ou amuleto.

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