Você está na página 1de 15

Quem foi Maimônides?

Rabi Mochê ben-Maimon é tido como o maior codificador da Lei Oral


judaica, além de haver sido, em sua época, um dos maiores médicos
que a humanidade já logrou ter, bem como um dos maiores filósofos.
Sua principal obra em questões de Torá - o grande livro "Michnê
Torá" fora compilado diretamente do texto talmúdico de forma
sistemática, evitando as dificuldades que são comuns ao estudante
da Lei Oral diretamente da fonte, no Talmud. Fora o único a escrever
um livro que abrangesse toda a Torá, incluindo leis concernentes ao
serviço diário no Miqdach (Templo), ou demais leis que não são
vigentes no tempo em que o Miqdach ainda não se encontra
reconstruído.

Nascido em Córdoba, no sul da Espanha, em meados do séc. XI, o


grande Maimônides foi e é até hoje o símbolo do judaísmo sefardita,
considerado como o "pai dos anussim", pois fora o primeiro a
escrever responsas e livros que servisse de ajuda para os que se
encontravam em nosso estado em sua época.

Conspicuamente fiel ao texto talmúdico, como é imprescindível e


consentâneo que seja sábio após o desterro no qual foi nosso povo
esparso pelos quatro cantos do mundo, ele escreve: "…tudo o que
está no [próprio corpo do] Talmud Babilônio, é obrigado todo judeu a
cumprir, e obriga-se a toda cidade e região a fazer de acordo com
todos os "minhagôt"109 (costumes promulgados pelo tribunal de
Torá) decretados pelos Sábios do Talmud, e a agir conforme todas as
"guezerôt"54 (decretos proibitivos) e "taqanôt"173 (decretos
positivos) que por eles foram decretadas."

Sua fidelidade ao texto talmúdico, conforme ordenado pelos sábios


que o selaram (Rabiná e Rav Achê), influenciou grandes figuras do
rabinato sefaradita mesmo após vários séculos. Quando certo sábio
da idade média quis afirmar que "nessas últimas gerações pode-se
aceitar como lei tudo o que for dito por todo rabino de toda época,
pois a "halakhá" deve ser promulgada de acordo com os últimos, diz
Rabi Al-Achqar: "…não sei até que geração de que últimos ele se
refere, pois os "últimos" sobre os quais alude o Talmud, são os
últimos do próprio Talmud, e se de acordo com suas palavras, até
que ponto se estende??…"

Nestas últimas gerações, nas quais o judaísmo empeça a tomar


rumos abstrusos e cada grupo étnico ou ideológico busca apresentar
novas idéias e novas formas de encarar a Torá, Maimônides nos
deixou um livro no qual tudo se encontra conciso e simples, ao
alcance de todos e vigente para todas as épocas, contendo regras de
legislação que fazem com que o mesmo seja atual mesmo nas épocas
ainda futuras em relação não somente à dele, senão mesmo à nossa,
levando-nos de volta às fontes da Torá, cumprindo-a como ela
realmente é sem mudanças e sem deixar-nos levar por nossas
próprias tendências ideológicas.

Sendo discípulo direto dos gueonim da Babilônia, possuía toda a


tradição direta de suas mãos, que a trouxeram diretamente de seus
antecessores, os amoraím (últimos Sábios do Talmud), sendo suas
fontes as mais fidedignas com respeito às dúvidas que possa recair-
se sobre textos talmúdicos ou mesmo significados de termos sobre os
quais discutem longamente demais rabinos europeus de sua época
que, caso tivessem acesso à tradição gaônica, não teriam porque
divergir em suas opiniões diversificadas. O meio em que viviam,
porém, era antagônico aos califados maometanos, e por imposição
dos governos cristãos, perderam o contato com os grandes sábios
babilônicos, sob ameaça de serem tidos como traidores, agindo em
prol da conquista islâmica da Europa.

Maiores detalhes e pormenores em geral podem ser recebidos


através de um contato direto com o Instituto Mamre, em Israel, que
há longos anos propaga os escritos do Grande Maimônides via net,
em hebraico e inglês.

Esperamos ser úteis!

Michnê Torá ou Yad Hazaká (Mão Forte) — composto de 14 livros que contêm 982
capítulos e milhares de leis. Constitui uma organização e depuração do Talmud,
com classificação, fundamentação, categorização e simplificação.
Rabi Iossef Caro |Rabi Iossef de Efraim Caro|

Um dos maiores legisladores de halakhá, escreveu o Chulĥan 'Arukh,


reunindo nele todas as leis que são as correntes em nossos dias, quando
não temos o Templo e as leis concernentes a ele não são praticadas em sua
maioria, especialmente as que tem a ver com pureza e impureza.

Há, porém, quem diga que Rabi Iossef Caro escrevera seu compêndio de
halakhá citado especialmente com a finalidade de ajudar às comunidades
achkenazitas, que já muito antes de sua época distanciaram-se
demasiadamente da halakhá talmúdica, perdendo-se em seu emaranhado
de "minhagim" ("costumes"), chegando ao ponto de em certa comunidade
permitirem os rabinos o comer do sebo que cobre o estômago dos animais,
sobre o qual incorre-se em pena de morte espiritual pela Torá (-veja o livro
intitulado "Iĥussê Tanaím weAmoraím", de Rabi Iehudá ben-Rabi
Qolonimus, pág. 358 acerca deste caso de permissividade por motivo do
costume comunitário, e o livro "Sêfer ha-Minhagim" de Rabi Isaac Tirna,
em seu prefácio" - e, este caso é trazido somente por exemplo), pelo que
escrevera em resposta para uma comunidade que perguntava sobre "que
diria o grande sábio acerca de mudar uma comunidade sefardita de viver
de acordo com o Michnê Torá de Rabi Mochê ben-Maimon" - (até a época
de Rabi Iossef Caro todos os sefaraditas do mundo seguiam o Rambam ao
pé da letra, orgulhando-se disto) que "toda a Espanha e Portugal
(Sefarad), norte da África, Terra de Israel e 'Arabistan' (países árabes) -
que não deixem e nem se deixem forçar a deixar de cumprir a halakhá de
acordo com o Michnê Torá, pois o Rabi Mochê não só é o maior dos
legisladores de halakhá pós-talmúdicos, senão também o maioral entre os
sábios da Terra de Israel, sendo que todo o mundo deve ouvi-lo". -
(resposta trazida no livro de responsas Abqat Rokhel siman 32).

Rabi Iossef Caro nasceu na Espanha no ano 1488, e ao contar com quatro
anos de idade foi expulsa sua família, chegando a Portugal, daí para muitos
outros lugares, até chegarem à Turquia, onde se estabeleceram na cidade
de Constantina.

O princípio de seu ensino recebeu de seu próprio pai, que era grande sábio
e o qual lembra muitas vezes Rabi Iossef Caro em seus escritos no livro
"Bet Iossef". Após o falecimento de seu pai, transferiu-se para a casa de
seu tio, Rabi Isĥaq Caro, que adotou-o por filho.
Ainda muito jovem tornara-se Rabi Iossef Caro famoso por sua sabedoria e
profundo conhecimento em todos os setores da Torá e já dirigiam-se a ele
com perguntas em questões problemáticas de halakhá.

Transferiu-se de Constantina para Andrinópolis, onde tomou por esposa a


filha do ĥakham Ĥaim Abalegh, e nesta cidade ergueu um centro de estudo
de Torá. À idade de 34 anos principiou a compilação de seu grandioso e
famigerado livro "Bet Iossef", no qual reúne todos os grandes sábios pós
talmúdicos em suas diversas opiniões sobre leis e situações diversas e
problemáticas em questões de halakhá, e seu resumo para memorização, o
qual chamou pelo nome de "maginê Ėres" ou "Chulĥan 'Arukh", que como
o tempo, passou a ser o principal para rabinos e pessoas em particular,
tomando o lugar oposto em importância segundo o que ovi a intenção do
próprio autor. O "Bet Iossef" foi compilado para facilitar o acesso de
rabinos às diversificadas opiniões rabínicas, facilitando às pessoas em
geral o acesso à fonte no Talmud, dando ao final o parecer pessoal do
autor.

Seu livro foi recebido com muito antagonismo por muitos sábios da época,
tanto sefarditas e judeus orientais, como achkenazitas, e principalmente
estes últimos, especialmente os alemães e os poloneses, pois segundo seu
parecer Rabi Iossef Caro quase sempre decidiu a halakhá de acordo com o
parecer de um dos grandes sábios sefaraditas, raramente pendendo a
balança para algum grande sábio dos achkenazitas, desfazendo-se da
"tradição de nossos sábios francesa e alemães".

Seus principais críticos foram os rabinos Chelomo Luria (conhecido como


"maharshal"), e Meir de Lublin ("moharam") Mordekhai Iafê ("ba'al ha-
lebuchim"), e de todos destaca-se sobremaneira rabi Mochê Isserles
(conhecido como "ramá"), que escreveu sobre o "Bet Iossef" o livro
"Darkê Mochê" e sobre o "Chulĥan 'Arukh" o "Mapat ha-Chulĥan",
trazendo os costumes segundo os quais procedem os achkenazitas em
seu dia a dia, que são aceitos como sendo halakhá, além das conclusões
dos sábios franceses, que segundo o ponto de vista sefardita, utilizaram-
se do sistema do sofisma1 (substantivo masculino
1 Rubrica: lógica.
Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da
verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na
realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente
enganosa
2 Rubrica: lógica.
argumentação que aparenta verossimilhança ou veridicidade, mas que comete
involuntariamente incorreções lógicas; paralogismo
3 Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
qualquer argumentação capciosa, concebida com a intenção de induzir em erro,
o que supõe má-fé por parte daquele que a apresenta; cavilação
4 Derivação: por extensão de sentido. Uso: informal.
mentira ou ato praticado de má-fé para enganar (outrem); enganação, logro,
embuste ) para o campo de halakhá, quase sempre trazendo o leitor a
entender o texto talmúdico por seu sentido inverso. Conforme já
anteriormente citado, Rabi Iossef Caro exortara a todos os sefarditas
do mundo a seguir como instrutor de halakhá o Michnê Torá,
sendo o livro Bet Iossef e seu resumo compilados especialmente para
servir de auxílio às comunidades achkenazitas que, presas a seu
mundo de costumes e tradições, distanciaram-se demasiadamente da
Lei oral promulgada no Talmud.
JUDAÍSMO(S)

Na verdade, o que fora recebido no Sinai foi uma única Torá. Em


nossos dias, porém, as divisões e subdivisões no meio religioso
judaico tende a levar a pessoa que vê de fora como algo natural, pois
"todas as religiões tem suas facções! Isto é comum no cristianismo, é
comum no islamismo, e demais religiões e credos. Por que não o
seria no judaísmo?" - contudo, o judeu, por menos praticante que
seja sempre perguntará: "Que aconteceu conosco?" - na verdade,
todos sabem: é fruto da diáspora, longa, dura e sofrida. Ela nos fez
querer ser como as nações, e eles têm suas distintas facções em
todos seus "ismos".

Primeiro, devemos esclarecer que a palavra "religião” é estranha à


língua hebraica, e que a expressão "fé" - do latim "fides" - nada tem
em comum com a palavra hebraica "emuná", comumente traduzida
por fé. "Religião" deriva do verbo latino "religare", (religar) e exprime
certa idéia proveniente do antigo paganismo greco-romano segundo a
qual se cria estar o homem desligado (por seus pecados - outra
palavra estranha às línguas semíticas em geral) de seu deus,
devendo a ele religar-se por algum feitio, conforme determinado
pelos sacerdotes de cada credo. Essa forma de pensar não é
originária da fé cristã, na qual o uso é comum, senão sua origem está
nos credos dos quais recebera influências exteriores à recebida dos
primeiros apóstolos, que eram judeus, as religiões paganizas citadas
acima.

No hebraico atual, tratando-se de um idioma antigo - tido por dois


milênios como língua morta - sendo neste século ressuscitado, há

1
sofisma substantivo masculino
1 Rubrica: lógica.
Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da
verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na
realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente
enganosa
2 Rubrica: lógica.
argumentação que aparenta verossimilhança ou veridicidade, mas que comete
involuntariamente incorreções lógicas; paralogismo
3 Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
qualquer argumentação capciosa, concebida com a intenção de induzir em erro,
o que supõe má-fé por parte daquele que a apresenta; cavilação
4 Derivação: por extensão de sentido. Uso: informal.
mentira ou ato praticado de má-fé para enganar (outrem); enganação, logro,
embuste
uma necessidade de traduzir termos "internacionais" ao idioma
hebraico, e "religião" faz parte da longa lista. A palavra "dat" significa
"lei" em sentido constitucional, e se em sentido teocrático ou não,
isto nada tem a ver com o termo latino citado.

A Torá foi tida pelos hebreus na antiguidade, bem como pela


ortodoxia hoje em dia como constituição divina outorgada por Deus, a
qual dirige toda a nação israelita como um todo, bem como o
indivíduo judeu particular. As demais diferenças entre os diversos
grupos ortodoxos - que deveria ser apenas um (e) indivisível -
merecem uma atenção especial, e carecem de um esclarecimento
individual e esquadrinhador de vários aspectos da história judaica que
originara tal situação. Isso é importante, sobretudo para quem tem
como meta servir a Deus, disposto a desfazer-se de suas próprias
ideologias para tanto. O grande filósofo Albert Camus disse certa vez
que os religiosos de nossa época se servem a si mesmos e não a seu
deus. Com certeza, muitos se fixam em sua pessoa em particular, por
desvios psicológicos, mas indo mais além sempre há os que se
apóiam na "religião" para defender suas teses e ideologias.

Outrossim, todos fugimos à realidade. Todos nos buscamos pertencer


a um grupo, ao qual nos afeiçoamos, sejam por seus elementos
atraentes interiores ou exteriores.

Neste ponto, pensam um que querem ser "ĥassidim" - algo cuja


propaganda está repleta de beleza, de misticismo sonhador, de
milagres e encantos! Isto se adapta muito bem à mentalidade do
brasileiro, comumente sonhador, afetivo e amante da natureza.

Outros modernizadores e impetuosos pelo progresso - preferem uma


linha mais aberta, mais "normal para nossa época", menos ligada aos
velhos que passavam quase todas suas vinte e quatro horas
mergulhadas no Talmud, quase sempre ranzinzas - por ver os netos e
bisnetos "mal-vestidos", ou seja, segundo o ponto de vista
da Torá - indecentemente.

Outros misoneístas declarados são contrários até mesmo ao uso de


artefatos e invenções modernas que em muito poderiam ajudar em
questões importantes, como a difusão de conhecimento em prol dos
seres humanos que lhe são próximos ou distantes, por igual.

Não somos contra um, nem contra o outro. Nada temos contra as
pessoas ou contra as ideologias. Nossa ideologia é apenas uma:
cumprir com o que nos foi ordenado no Sinai, admitindo ser a
Torá transcendental, sem tentar mudar em nada - e não por
misoneísmo, ou por modernismo, senão por que ela não está
submetida ao tempo, nem pode envelhecer ou modificar-se.
Caso um venha a dizer-nos: “- A Torá não foi dada para nossa
época”!”, ou: “ - Os tempos mudaram!”- diremos a esta pessoa que
sua primeira afirmação está errada, e segunda, correta, mas não por
ela vivemos. Pois o ser humano é dinâmico - e seus "tempos"
mudam.

As pessoas têm a tendência de pensar que a roupagem ortodoxa


feminina é algo "da antiga", que devemos vestir-nos
"modernamente", segundo a moda; nada de roupas que lembrem
minha bisavó!

Acaso são mais modernos que os antigos gregos? A indecência,


então, para os que viveram na idade média, era coisa do passado!!
Era coisa da antiga Grécia, anterior ao período cristão! Onde se pode
imaginar (ainda em nossos dias!) - corridas olímpicas de jovens
nus?? - isto - por que não dizem ser coisa do passado??

Vestir-se com prudência é mais do que mandamento religioso: é


virtuosidade. É recato, é auto valorização, especialmente no mundo
atual no qual prolifera a pornografia, e as mulheres e suas fotos são
propagandeadas como objetos de prazer sensual. Mas, quantos vêem
isto assim? Quantos, no ocidente, entendem que as mulheres
hebréias e islâmicas, que se vestem de maneira diferente das do
ocidente, se auto-valorizam, não por imposição masculina ou algo
pelo estilo, senão por pura auto-estima? Quantas mulheres se dão
conta de que a maior beleza feminina acha-se em seu recato, em sua
auto-estima como mulher, como ser humano, não como objeto para
os olhos masculinos?

Não podemos dizer que somos "ortodoxos" como se entende hoje o


termo, pois atualmente, muitos preceitos - caso perguntemos a
algum ortodoxo acerca de seu cumprimento - dirá seguramente que
"em épocas remotas, quando as pessoas eram mais capacitadas..." -
nem reformistas, pois cremos ser a Torá imutável e eterna, e que os
preceitos podem e devem ser cumpridos em todas as gerações,
incluindo a nossa e a vindoura. Tampouco damos importância a
certos indumentos, nem pensamos que o portar-se indumentário, ou
seja, sendo dependente do que veste para sentir-se mais forte em
seu autocontrole, seja algo que nos fortaleça individual ou
grupalmente. Igualmente, não vemos permissão alguma para que se
desfaça o hebreu amante de seu Criador e temente, o vestir-se de
indumentos extravagantes, indecentes ou impróprios. Cor - não é
importante, nem um "terno europeu" e "chapéu dos anos trinta"
constam na Torá, muito menos vestir-se de negro por "luto pelo
Templo", sem que seja a forma de luto judaico, sem que os Sábios no
Talmud - nossos juízes do Sanedrin - hajam decretado tal.
Simplesmente - esta miscelânea de pensamentos influenciados pelo
exílio nos afastou do que realmente somos, e do que Deus realmente
requer de nós como hebreus filhos de Israel: o cumprimento da
Torá tal e qual ela é - e isto é o que oferecemos ao caro leitor, sem
facções ou sectarismo religioso.

O que é a qabalah?

A mística judaica - chamada "Cabalá" - aparecera na Espanha, por


volta do séc. XIII, mais especialmente, na região setentrional. Os
primeiros grandes cabalistas na Espanha não provinham
especialmente de origem sefardita, conforme comumente se pensa
na atualidade. Tampouco era reconhecida como "Sefarad" a região
ibérica setentrional, pois era chamada por este nome somente a
Espanha meridional, ou seja, o califado de Córdoba, a região islâmica
espanhola, que incluía o sul da região, onde hoje situa-se Portugal.

Quase toda a cultura norte - espanhola bem como sua aprendizagem


em tudo o que diz respeito à Torá, e à mística em particular, foi
recebida (não por forma escrita) do meridiano francês, apesar de que
também esta cogitação é quase que impossível de ser no tocante à
mística em particular.

Esta tese, porém, é levantada por grandes figuras do hodierno


judaísmo do leste europeu, ao ver que os "geonim" (plural de
"Gaon") da Babilônia não só parecem ignorar plenamente o assunto,
conforme deixam transparecer claramente em seus escritos, como
escreveram contra temas que, mais tarde, tornaram-se os fulcros do
sistema cabalístico, como por exemplo, a metempsicose, na busca de
manter levantada a barreira defensiva da difusão desta crendice
como que tendo esta suas origens remotas no povo judeu, havendo
chegado até nós por meio de uma transmissão oral, que não existira
senão entre certa classe de sábios cujas origens supostamente
remontam aos sábios do período talmúdico da Terra de Israel que,
segundo esta afirmativa, seria os achkenazim e os franco-provençais,
e cuja tradição não fora transmitida entre os sábios da Babilônia,
senão entre eles, unicamente, até os dignos rabinos da Provença e da
Mogúncia, daí chegando à Catalunha e, posteriormente, aos
territórios de Leão e Castela.
Como se sabe, os maiores sábios franceses da época, os
representantes do judaísmo tradicional achkenazim em seu
pluralismo folclórico, criam ser Deus dotado de corpo, embora não
exatamente como o corpo físico do ser humano, como pode ser
constatado nas palavras de Rabi Abraham Ben-David, o maior dos
que se colocaram em adversividade aos escritos de Rabi Mochê ben-
Maimon, deixando maior possibilidade de que esta haja sido
assimilada de algum corpo exterior de cunho egiptólogo, como os
Templários.

Se suas origens são remotas, não se sabe precisar exatamente qual o


período no qual os judeus a assimilaram, mas se admitirmos a
mudança radical na forma de aceitar a manifestação da divindade
entre os seres criados e sua existência, se dispõe de corpo ou não,
entende-se que ela foi "integrada" ao judaísmo espanhol-setentrional
(não reconhecido propriamente como Sefardita, senão como ponto de
encontro de três divisões culturais da época: judeus franco-
provençais, achkenazim e Sefardita, ou seja - oriundos de Andaluz,
Granada, Estremadura e meridiano Português, bem como mais
algumas pequenas regiões centrais espanholas), pois a cabalá não
admite esta forma de pensar, sendo similar neste ponto crucial à
crença judaica geral, ou seja, Deus indispõe de corpo, material,
etéreo ou espiritual, o que não coincide com o que se pensava no
passado entre os rabinos provençais e dos demais grupos similares.

Algo especialmente perceptível e acentuado na "qabalá" é a divisão


bem definida entre o bem e o mal - "Sitrá diqeduchá" e "Sitrá Aĥrá",
bem como os pólos antagônicos no lado do bem, e seu equilíbrio,
algo comum entre as diversas formas de pensar orientais, como o
zoroastrismo, o taoísmo e o hinduísmo, entre outros.

Nos escritos dos geonim - sucessores dos últimos Sábios do Talmude


- encontramos diversos palimpsestos que se antepõem contrários a
toda e qualquer forma de pensar similar, apesar de os partidários da
crença cabalística insistirem nos escritos de Rav Hayiê Gaon - um dos
últimos deles e mestre do grande Rabi Isaac Alfassi, do qual fora
discípulo o grande Rabi José ha-Levi de Megas - instrutor do grande
Maimônides e fundador do grande centro sefardita cordovês de Torá,
o primeiro centro religioso judaico no mundo pós-talmúdico que fora
levantado em oposição às inovações rabínicas em questões
legislativas - segundo o qual não temos o direito de afastar-nos do
cumprimento da halakhá segundo o último Sanedrin, até que este
seja novamente instituído. De acordo com o que se pensa, o fator
que ocasionara o levantamento de tal centro fora o desvio dos
últimos dos Gueonim da forma tradicional de legislação - fiel ao
último Sanedrin e aos Amoraím (plural de Amorá - últimos Sábios do
período talmúdico).
Igualmente, vê-se que seus discípulos não foram partidários de
crenças místicas, bem como não há como provar através da diminuta
quantia de escritos do citado Gaon, nos quais se refere
especificamente a casos de feitiçaria - que cria ou referia-se à ciência
que surgira no meio do povo judeu numa época muito posterior à sua
época.

Há quem diga que grupos esotéricos não-judaicos (platonistas e


pitagóricos) inseriram esta forma de pensar e modo de ver o universo
na cultura judaica norte espanhola durante as guerras da reconquista
ibérica, cujo cunho cristão era dúbio, tratando-se de um prélio
especialmente determinado pelos grupos (ou grupo) citados,
conhecidos na época como "Templários" (precursores da Maçonaria e
do Rosa cruz-cianismo da atualidade, que eram um só corpo naquela
época), contra o belicismo islâmico antagônico ao misticismo egípcio,
que é sua verdadeira origem - fator que punha em perigo a meta de
"aperfeiçoamento da humanidade" através da "igualdade entre os
seres, a liberdade de pensamento e expressão e fraternidade",
famoso lema da revolução francesa - sem distinções de cunho
religioso ou racial, segundo a forma de pensar que o "profano" (isto
é, todo o que não fora iniciado na ciência mística) deve ser dominado
para o bem comum da humanidade e de seu progresso.

Para tanto, enfraquecer e deslindar o poder da religião é


imprescindível, trazendo à humanidade a consciência mística. Sendo
o judaísmo a fonte das religiões monoteístas, tomaram deles alguns
por membros e incumbiram-lhes de inserir ao povo judeu o
misticismo. Talvez seja esta a razão de nomes de deidades egípcias
da antiguidade - como "Toth" ou "Tocz" são encontrados nas mais
sagradas obras cabalísticas, como por exemplo - no livro do Anjo
Raziel.

Sua luta contra os muçulmanos era justificada pelo fato de que o Islã,
sempre se opunha a qualquer fator contrário aos fundamentos
islâmicos, especialmente os que buscam explanar as ações divinas no
plano material, ou crendices como a fé na transmigração das almas,
ou que Deus seja simplesmente o "Cosmos", e a "alma do todo",
crenças que, segundo o islamismo, assim como o judaísmo - tentam
diminuir e buscam limitar a Divindade, e são a essência do que se
chama em termos cabalísticos "árvore da vida", ou seja, a ordem das
"sefirot".

Ao contrário de seus irmãos setentrionais, os sefarditas meridionais,


extremamente zelosos por manter a tradição de um judaísmo
recebido diretamente de seus mestres babilônicos, os geonim, viram
na mística judaica "inovações preclusas à crença judaica, de cunho
platônico", atacando-a, bem como a seus propagadores, diversos
rabinos catalães e castelhanos da época.
O principal introdutor da tradição cabalística fora (segundo o que se
pensa) Rabi Abraham ben-David, comumente chamado "Raavad",
sendo seus discípulos os primeiros propagadores da dita ciência na
Catalunha e demais regiões norte espanholas, tese de difícil
aceitação, pois ao que parece, conforme deixa transparecer em seus
escritos antagônicos ao Michnê Torá, esse grande rabino cria dispor a
Divindade de corpo (conforme já anteriormente explanado), algo que
não é admissível nem no pensamento judaico comum, nem no
cabalismo.

Todavia, ela não fora difundida por acervos homílicos senão a partir
da difusão do Zôhar - tido como a principal obra cabalística que -
segundo a tradição - foi escrito por Rabi Chime'on ben-Yoĥái, um
Taná (Sábios do Talmud anteriores ao período dos Amoraím -
lembrados acima) - que remonta ao período da revolta judaica contra
o Império Romano (a guerra perdurara de 69 da era gregoriana até
129 e.g). O período exato no qual se dera a compilação desta famosa
obra é, contudo, muito discutido, bem como a autoria, pois no dito
livro são lembrados muitas figuras rabínicas do período amoraíta,
cerca de três séculos após o falecimento de Rabi Chime'on ben-Ioĥái,
além de seu estilo idiomático não coincidir com o da época, sendo seu
aramaico uma miscelânea de "linguajar babilônio" e "aramaico da
Terra de Israel", quando na verdade deveria ser sua forma lingüística
simplesmente ligada à Terra de Israel, especialmente ao Tiberiano,
região para a qual se deslocaram os grandes sábios da época. Termos
idiomáticos peculiares aos sefarditas (como "esnoga", por exemplo)
também são encontrados no texto em dialeto judaico-espanhol
(ladino), o que leva a crer que o livro foi escrito no território espanhol
por volta do séc. XIII e.g.

A Cabalá visa esclarecer temas como a criação do mundo, caminhos e


modos da ação divina no mundo material, influências dos mundos
espirituais sobre o mesmo, bem como outras questões espirituais em
geral e temas relacionados à transmigração da alma (reencarnação),
sobre a qual há grande divergência no modo de pensar judaico (entre
aqueles que aderem à ciência cabalística) e demais credos que
admitem esta ilação como fato inconfutável. Sua segunda divisão
(desaprovada pela maioria dos rabinos, mesmo tratando-se de
aderentes aos estudos cabalísticos), chamada "cabalá ma'assit" -
inclui sistemas de ações semelhantes às utilizadas nos antigos povos
do Oriente, como os de Aram Soba, que criam que por meio de ações
humanas conseguiam mover a seu favor a "vontade e a energia
cósmica", ou seja, similar à conhecida magia (branca e negra).

Na atualidade, ela é quase que plenamente aceita entre os judeus de


todos os ramos e origens, apesar de que em seu aparecimento na
península ibérica gerou muita controvérsia, e centenas de rabinos da
época na própria Espanha e Portugal lhe foram conspícua e revelada-
mente infensos, afirmando que "ela era fusão do platonismo com
crendices não judaicas".

Todavia, apesar dos que se levantaram contra (e se levantam ainda


hoje), ela se propagara mais e mais, dominando inconcussa todo o
oriente. Com exceção dos judeus hispano-portugueses da Holanda e
de uma facção dos iemenitas, é perfeita e plenamente aceita.
Outrossim, mesmo os aderentes a seus estudos e profundidades, se
abstêm do que é comumente chamado por todos "cabalá ma'assit",
que inclui ritos de evocação de anjos e demônios, bem como outras
estapafúrdias promiscuidades, afirmando que qualquer ação desse
tipo pode ser tida como "'abodá zará" (idolatria). Entre os grandes
personagens do judaísmo que saíram contra a prática da cabalá
ma'assit temos, por exemplo, Rabi Mochê Haiim Luzzatto, o Gaon de
Vilna, Rabi Jacob Sasportas e muitos outros.

Aos que desejam iniciar-se nos conhecimentos cabalísticos,


aconselha-se que o façam através dos livros de Rabi Mochê Haiim
Luzzatto, começando com o livro intitulado "Derekh Ha-Shem" (O
caminho de Deus), após o qual segue uma série de escritos do
mesmo autor, como "Adir ba-Marom" ("O Poderoso no Alto"), "Os
Cento e Trinta e Oito Portais da Sabedoria", "O Conhecimento das
Compreensões, "Os Novos Carmas", "Os segredos Ocultos e "Os
Setenta Carmas", "Portais de Rabi M. H. Luzzatto", "Segredos de R.
M. H. Luzzato" e o "Livro das Regras" - e só depois adentrar os
escritos de Rabi Mochê Cordovero e Isaac Luria, bem como o Zôhar e
demais obras desta classe. Obviamente, não sem antes adquirir um
bom conhecimento talmúdico e halákhico.

Grandes sábios, porém, como Rabi Mochê ben Maimon, aconselham a


manter-se afastado de tudo o que seja aleatório e especioso,
apegando-se unicamente aos ditames, conforme o escrito em
Deuteronômio 29:28: "As coisas ocultas pertencem ao Eterno, e as
reveladas a nós e a nossos filhos - eternamente!..."

Entre os assuntos mais promíscuos, nos quais mais houve (e há)


opiniões e divergências, entre filósofos, teólogos, grupos religiosos,
facções dentro dos próprios grupos, ordens esotéricas, e por aí vai - é
esta questão: a natureza espiritual do ser humano. A nós, não nos
interessa todos os detalhes, sendo-nos suficiente o saber que
existem, e quais são, onde divergem, e isto - para nós mesmos,
evitando confundir a mente dos leitores. Portanto, após lembrarmos
por leve alusão que há os que pensam ser a alma "fruto da aquisição
de conhecimento geral", especialmente o filosófico, e há os que dizem
que "a alma é o próprio sangue do ser vivo", e os que dizem ser a
"força vital o espírito", sendo a alma "uma outra natureza", mas
igualmente mortal, e que a alma morre com o corpo e espera pela
ressurreição, que se pensassem com um pouco de lógica -
entenderiam ser simplesmente uma "nova criação do nada", posto
que não há "recriação para algo inexistente", senão "criação" (em
heb.: "bará - criar a partir da não existência - ou seja - a partir do
nada") e ressurreição, não há,, pois como não se pode dizer que
"Deus fizera ressucitar o mundo", pois este simplesmente não existia,
da mesma forma não poderia aplicar o termo "ressurreição" para algo
inexistente.

Há os que se baseiam no hebraico para tais afirmações, e os que se


apóiam no hebraico e no grego antigo, deixando de importar-se com
regras importantíssimas do idioma hebraico que chamo aqui de
"palavras ou termos associados", ou seja, que são usados com
diversos sentidos. Um deles é "alma" ("nêfech"), o outro é "ruaĥ", e
outro - "nechamá". Comumente - traduzem-se "nêfech" e "nechamá"
como "alma", e espírito -"ruaĥ".

O termo "anima" latino - o original significado de "alma" em idioma


português, não tem muito que ver com o sentido simples do termo
grego "psikhé" - que tem a ver com "mente" - mas qualquer pessoa
dotada do mais parco grau de inteligência perceberá que os antigos
romanos herdaram dos gregos sua cultura, principalmente no campo
religioso, pelo que o termo "psikhé" grego tinha também o mesmo
sentido que tinha o termo "anima" para os romanos.

Igualmente, apesar do prorrogar destas palavras, que se dá devido à


necessidade de deixar claro que certas ideologias doutrinárias
falharam ao despir do grego, do latim e também do hebraico suas
regras de palavras com sentido diversificado, e seu engano é tão
grande, que tudo o que lhes importa é citar provas e mais provas de
sua forma de pensar, deixando o intelecto em profundo descanso no
que confere às disquisições gerais que interferem nas culturas dos
povos, em defesa ideológica pessoal, egoisticamente.

Todavia, esta nota encontra-se perante o leitor estudante do


judaísmo, e já que é o que nos interessa - disto vamos tratar -
deixando de lado as observações anteriores transcritas mui
sucintamente, sem abrangência exacerbada que poderia dificultar
para o leitor mais ainda a compreensão deste pormenor tão
importante: a divergência que há entre os israelitas na atualidade
acerca do que é a "alma".

Rabi Mochê ben-Maimon, que escrevera aqui estas palavras (no


capítulo oito) foi aluno dos que receberam diretamente tudo o que foi
transmitido de geração em geração desde os Sábios do Talmud e dos
profetas, os geonim da Babilônia, pelo que o que traz aqui é similar
às palavras de Rav Sa'ádia Gaon (gaon de Sura desde 928 até 942 da
era comum ocidental), o primeiro a escrever contra a crença na
reencarnação que principiava a tomar espaço entre alguns judeus de
sua época, dizendo: "...alguns, que se fazem chamar "judeus", e
crêem na metempsicose...". - (no livro "Emunôt e de'ôt")

Na idade média, nascera o misticismo "judaico", uma série de


crendices que, após expandir-se entre os filhos de Israel,
especialmente no oriente, que não nos foram transmitida através dos
geonim -sucessores dos amoraím, os últimos Sábios do Talmud.

Com a expansão do esoterismo entre os judeus - veio também a


magia - branca e negra - e não faltaram rabinos (como não faltam
ainda hoje!) a justificar tais práticas como estando o mundo dividido
por "lado de santidade e luz" e "lado das trevas, ou impureza
espiritual", afirmando ser todas estas práticas que Deus nos proibira
no Sinai "santas, e, portanto, permitidas para quem leva a vida em
santidade, em estudos místicos".

Essas classes, que mais tarde tornaram-se três - os séqüitos da


cabalá de Rabi Mochê Cordovero, os seguidores do R. Isaac Luria
orientais (dos países árabes e da Terra de Israel), e os ocidentais
(ĥassídicos) Seus principais pontos de discórdia, foram: 1) se Deus
criou tudo - como podemos afirmar que Deus desse espaço para uma
existência alem da sua própria? Poderia se resumir? - estes afirmam
estar Deus em tudo, e que a existência do mal se dá devido às lutas
espirituais em nosso plano material, influenciado por ambos os lados,
o "lado da luz", e o "lado da escuridão". 2) A questão do uso das
práticas mágicas, recebidas "diretamente do Sinai, de Moisés", ou até
mesmo "de "Adam ha-Richon", o primeiro homem, que recebeu do
anjo "Raziel", o "anjo do mistério".

A cabalá (sem divergência entre as três facções citadas) dividira a


alma em cinco almas, de acordo com os nomes utilizados pelos
Sábios no Talmud, que são:

1. Nêfech;
2. Ruaĥ;
3. Nechamá
4. Ĥiiá (alguns dizem: "ĥaiá")
5. Ieĥidá.

Segundo esta divisão - tem-se como explicar o "fato" de ser a


quantidade de "almas judaicas" um número decisivo: 600.000
almas - raízes. O que há hoje são centelhas.

As reencarnações, segundo esta forma de pensar, são algo


demasiado complexo para o entendimento da pessoa simples,
sendo que às vezes poderia reencarnar-se somente um dos
elementos (com exceção dos dois mais elevados - ĥiiá e Ieĥidá
-cuja elevação não lhes permite contato com o mundo
material). E, apesar de toda esta divisão, e da divisão em
centelhas desde o Sinai - cada cinco almas, e cada centenas de
centelhas é apenas uma alma. (ver Rabi Ĥaiim Vital, Cha'ar ha-
Gilgulim [portal das reencarnações], especialmente no cap. 4
sobre as reencarnações complicadas e no fim do livro acerca
das "almas-raízes e suas ramas").

A forma de crer trazida até Rabi Mochê ben-Maimon (e muitos


outros, mesmo posteriores a ele) diretamente segundo o
recebido dos sucessores dos amoraím - não só não alude à
reencarnação, como nos traz uma imagem bem simples do que
é a alma. Seu antecessor, Rav Sa'ádia Gaon, deixa bem claro,
aludindo ao verso de Zacarias 12:1, que "o número de almas é
decidido por Deus, quando este decidir interromper a formação
de novas almas" (livro citado), e afirma que "cada alma é
formada em conjunto com seu corpo, durante a formação do
feto no ventre da mãe".

Pensamos ser mais importante aderir aos antigos, e aceitar


algo do qual se sabe que a transmissão é fidedigna, sem
interferir no pensamento de muitos, nem em suas ideologias
espiritualísticas.

Em se tratando de assuntos pertinentes à techubá - aludimos a


mais este ponto importante para nosso povo em geral. E,
apesar de representarmos aqui a minoria - lembremo-nos que
a verdade jamais teve por amiga a maioria.

Quem poderia imaginar o que nos ocorreria, caso no êxodo no


deserto, a tribo de Levi pensasse estar à verdade com a maioria
quando da adoração do bezerro de ouro?!

Jacob de Oliveira, ha-Is'hari .

Todo este material foi extraído do Site judaísmo Ibérico, traduzido e compilado
pelo Rib Ia’acob de Oliveira da União Sefardita hispano-portuguesa .
Nosso agradecimento pelo farto, rico e esplendoroso conteúdo vertido para língua
portuguesa, o qual será extraordinariamente proveitoso, para todo o que desejar
trilhar os caminhos da Torá, outorgada no Sinai através de Mochê Rabênu aos
Zeqanim (anciões) e a todo o Povo de Israel. Barukh há-Chem ( Bendito é Ele).
Neĥemiá de Góis Há Sefaradí, Brasília Brasil 5770.

Você também pode gostar