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Hermenêutica Judaica
Introduçã o
A matéria hermenêutica é muito importante pois determina a forma como
entendemos a Bíblia. Ela poderia ser classificada tanto como uma arte ou como
uma ciência. De qualquer forma, ela se refere aos métodos que usamos para
estudar e compreender um texto. De acordo com o Dicionário Bíblico Âncora, a
hermenêutica é “a arte de compreender (...). Ela pode se referir às condições
que tornam possível a compreensão e até mesmo ao processo de compreensão
de um texto como um todo.”
Este processo se torna muito mais difícil com a Bíblia porque temos que tentar
discernir as intenções de ambos os autores, o divino e o humano, no contexto
moderno também. A maneira como uma pessoa compreende a Bíblia é
geralmente muito influenciada pela sua formação religiosa e cultural. Além
disso, o período de tempo no qual as pessoas vivem tem um impacto sobre a
sua interpretação da Palavra de D’us. Os discípulos de Yeshua são hoje
influenciados por uma visão de mundo muito protestante. Martinho Lutero e a
reforma protestante mudaram a maneira de se entender a comunicação com
D’us. Como os fariseus do primeiro século a.C e d.C, a reforma protestante
realmente se concentrou na comunicação com D’us através da sua Palavra. Isto
geralmente não é uma verdade para as pessoas de crença católica. A principal
comunicação nas igrejas históricas (católica e ortodoxa) entre o povo e D’us é
através do sacerdote (ou padre). Pode ser uma surpresa para muitos estudantes
da Bíblia saber que o primeiro grupo de pessoas que começaram a estudar o
texto das Escrituras para saber a vontade de D’us foram os fariseus em
Jerusalém. Eles causaram uma revolução na compreensão da vontade de D’us
porque disseram que a Bíblia era para todos e não apenas para os profetas e
sacerdotes. O conceito de um indivíduo ser capaz de ler a Bíblia e descobrir a
vontade de D’us analisando o texto com a sua mente, com lógica e com uma
ênfase na gramática e na língua, foi uma grande e fantástica revolução que os
fariseus iniciaram. Hoje, quase todo mundo tem Bíblias, e a maioria das línguas
até tem várias traduções também. Nos tempos bíblicos, no entanto, as pessoas
não tinham os livros da Bíblia, nem mesmo a Torá. Esta ficava dentro do Templo
e somente os sacerdotes a estudavam. O típico agricultor da Galiléia nunca veria
um rolo da Torá. Apenas os sacerdotes e os membros da escola de profeta
podiam estudar a Palavra de D’us, e a maioria deles provavelmente nem mesmo
tinha o texto inteiro da Bíblia à sua disposição. Foi somente após a revolta dos
Macabeus contra os gregos e o primeiro Chanukah no século II a.C. que os
fariseus tiveram a idéia revolucionária de que a Bíblia “é pra todos!!”
Contexto Histórico:
“Na época de Yeshua existiam duas principais opiniões do que era a situação
religiosa. Em 586 A.E.C [antes da era comum, ou seja, antes de Yeshua], a
Babilônia conquistou a Judéia e Jerusalém, derrubou o Primeiro Templo, que o
rei Salomão tinha construído, e deportou as classes governantes para a
Babilônia. Com o Templo, os sacrifícios e os kohanim [sacerdotes] não
funcionando mais, os judeus no exílio, e depois de seu retorno, 70 anos depois,
buscaram outra forma de se organizar e pela qual pudessem centrar sua vida
comunal. Eles a encontraram na Torá, como pode ser visto no relato sobre a
leitura da Torá por Esdras (Neemias 8). Os antigos estudantes,
desenvolvedores e mantenedores da Torá, parecem ter sido da casta sacerdotal
hereditária – o próprio Esdras era um kohen [sacerdote] e um sofer (‘escriba’).
Mas depois, na medida em que os kohanim [sacerdotes] voltaram a se
preocupar com o sistema sacrifical como ele se desenvolveu no período
Segundo Templo, um movimento que apoiava a Torá e favorecia sua adaptação
às necessidades do povo surgiu e tornou-se um desafio para a autoridade dos
kohanim [sacerdotes]. Os sacerdotes do século I E.C eram conhecidos como
tz’dukim [saduceus], em homenagem ao kohen gadol [sumo sacerdote].Nesse
meio tempo, sob a autoridade dos Macabeus no século II A.E.C, aqueles cuja
principal preocupação não eram os sacrifícios, porém a Torá, eram chamados de
Hasidim [ou Chassidim] ... (...)
Os sucessores dos Hasidim [ou Chassidim] eram conhecidos como p’rushim
(fariseus) que significa ‘separados’, porque eles se separavam do modo
mundano para não fazer o mesmo que as pessoas faziam. Esses p’rushim não
apenas assumiram que o Tanakh era a palavra de Deus para o homem, mas
também consideravam que a tradição acumulada ao longo dos séculos pelos
sábios e mestres era também a palavra de Deus – a Torá Oral – de modo que se
desenvolveu um sistema de viver que tocava em cada aspecto da vida.
Nos dias de Yeshua, os tz’dukim [saduceus] tendiam a ser mais ricos, mais
céticos, mais carnais e cooperavam mais com os governantes romanos do que
os p’rushim.” (Comentário Judaicodo Novo Testamento, editora Atos, 2008,
páginas 43 e 44).
O Método PaRDeS