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OS REIS DO EDOM

Na Qabalah, os três mundos primordiais destruídos correspondem às 974 gerações que, de


acordo com a tradição, foram criadas por Deus, mas foram aniquiladas depois que Deus
descobriu que elas eram más.

Outro tema recorrente que é comum na Qabalah é dos reis do Edom que são falados no
Gênesis 36. Eles eram os reis sobre a terra do Edom antes que qualquer rei israelita a tivesse
conquistado, e os qabalistas associaram estes reis com os mundos primordiais malignos e seus
senhores. De acordo com os qabalistas, Edom era um reino, ou um mundo, que consistia
unicamente das forças severas de Geburah.

O Zohar conta-nos que Edom significa 'um reino de uma severidade que não é enfraquecido
por qualquer piedade'. Os antigos senhores do Edom eram onze em número, e este número é
associado com o princípio do mal na Bíblia. Em Gênesis 36: 40-43, nós podemos encontrar
seus nomes: Timna, Alva, Jetet, Oholibama, Ela, Pinon, Kenas, Teman, Mibsar, Magdiel e
Iram. Na Qabalah estes nomes correspondem aos onze demônios dominadores que governam
os anti-mundos do lado mal. Um texto qabalístico sobre o mais importante dos demônios
revela que os senhores e os reis do Edom são associados com certos demônios:

A velha Lilith é a esposa de Samael; ambos nasceram na mesma hora como uma imagem de
Adão e Eva, e eles abarcavam um ao outro. Ashmedai, o grande rei dos demônios, tomou por
sua esposa a jovem Lilith, filha para o rei; seu nome é Qufsafuni, e o nome de sua esposa é
Mehetabel, filha de Matred e sua filha Lilita. A parte em relação à esposa de Mehetabel, filha
de Matreb, é do Gênesis 36-39, onde os reis do Edom e seus familiares são apresentados.
Samael, ou seja, Satã, é mencionado como o governador do Edom.

Esta é uma interpretação que não é mencionada na Bíblia, mas que eram parte de certas
especulações qabalísticas; em volta das conjecturas em relação aos reis do Edom, certas
tradições demonológicas foram ligadas com o pensamento de que eles pertenciam à
emanações do lado esquerdo.

Entre certos judeus, durante o começo da Idade Média, o termo 'Reis do Edom' foi usado para
denotar o Cristianismo, que eles acreditavam ter se desenvolvido do lado sinistro.
Os reis do Edom colocados na estrela de 11 pontas representam
as Qliphoth e seus onze governantes demoníacos.

OS MUNDOS DESTRUÍDOS

De acordo com alguns qabalistas, houve certos mundos que foram criados anteriormente ao
nosso. Rabbi Isaac ha-Cohen, que viveu durante a metade do século 13, foi um dos mais
significantes defensores desta ideia. Os mundos foram criados unicamente dos princípios do
lado esquerdo que tinham sua raíz em Binah, desta forma, permitindo a força separadora de
Geburah operar desimpedida. Já que estes mundos foram criados pelo princípio destrutivo e
desintegrador, eles também eram totalmente destrutivos. Por isso, eles implodiram através de
sua própria natureza destrutiva e maligna.

De acordo com Isaac ha-Cohen, Deus criou estes mundos para capacitar a existência do
homem íntegro. Em um mundo consistindo unicamente de bons instintos (yeser ha-tob),
nenhum homem íntegro seria capaz de existir, já que a retidão é medida em relação à
resistência. Somente num mundo de injustiça pode um homem íntegro surgir, já que ele
escolheria o bem e o justo. Os Anjos que consistem de princípios somente bons não são dessa
forma íntegros do mesmo modo que um homem pode ser. Deus não desejaria condenar
quaisquer mundos à não-existência antes que tivesse sido estabelecido que era impossível
encontrar pessoas mesmo íntegras nestes mundos. Seria injusto para com aqueles que nunca
seriam capazes de existir e provar sua retidão. Aqui nós podemos encontrar o pensamento de
um mal necessário que capacita a existência da bondade verdadeira. O Rabi Eleazar of Worms
introduz o pensamento de que Deus inicialmente criou um mundo que era inteiramente mal
numa tentativa de encontrar no mínimo duas pessoas boas dentro dele. Se isto não pudesse
ocorrer o mundo caíria aos pedaços, já que nenhum mundo pode existir sem no mínimo duas
boas pessoas.

O problema foi que nem uma única pessoa surgiu nestes mundos de pura maldade. De acordo
com Tract Regarding the Left Emanations do Rabi Isaac ha-Cohen, Deus fez três tentativas.

Primeiro um mundo ergueu-se de 'formas estranhas' e 'aparências destrutivas', era um mundo


cruel e mal dominado por Qamtiel. Este mundo era tão mal que retornou à fonte original de
Binah. Uma segunda tentativa foi feita, e um novo mundo emanou-se diante de formas e
aparências até mesmo mais estranhas. Seu governador era Belial e este mundo era até mesmo
pior que seu predescessor. Foi destruído como o primeiro mundo. Um terceiro mundo
emanou-se diante de formas mais destrutivas e formas mesmo mais estranhas do que o
primeiro e o segundo. Seu governador era Ittiel e este mundo foi o pior de todos os três. As
forças deste mundo desejavam colocar-se acima do divino, e desejaram cortar a própria
Árvore da Vida. Este mundo também foi destruído, e foi feita uma decisão para não criar
quaisquer mundos se assemelhando a estes.

Ao invés disso, Deus criou o nosso mundo que tem uma mistura de bem e mal, e como
resultado, o homem consiste de instintos bons (yeser ha-tob) e instintos maus (yeser ha-ra).
Este mundo significa, entretanto, que a retidão diminui entre os íntegros, já que eles são
auxiliados pelo bem e pelo divino, e não escolhem o bem contra todas as disparidades. Mas, ao
mesmo tempo, os três mundos inteiramente maus revelaram que nenhum mundo deve existir
unicamente através dos mundos destrutivos de Geburah. Se um mundo está para ser capaz de
existir, as forças de Geburah devem ser balanceadas por Chesed, e esta é a situação no mundo
do homem, Malkuth.

Os mundos malignos originais desvanescem-se e retornam para sua origem em Binah. O Rabi
Isaac ha-Cohen compara isto como um um pavio em óleo que queima devido ao óleo, mas
como seu fogo, pode ser colocado fora do mesmo óleo. Mas, tudo não retorna. Certos
resíduos dos três mundos malignos originais continuam a existir como remanescentes, ou
como larva endurecida de um vulcão extinto. Estes remanescentes são o mal do mundo e são
chamados Qliphot.

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