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Alice no País das Maravilhas

1
Lewis Carrol

2
As aventuras de Alice no País das Maravilhas foi
publicada em 1865, por Charles Lutwidge
Dodgson, sob o pseudônimo Lewis Carroll.

3
Pertencente à literatura infantil, apresenta várias
possibilidades de leitura e interpretação, além de
extensa análise crítica.

4
A obra também é considerada um marco da literatura
nonsense, isto é, um gênero que subverte a lógica
tradicional dos contos de fada.

5
O status atingido pela obra pode ser explicado em
função de sua condição única, ou seja, ao tratar
do absurdo.

6
Ao longo de sua trajetória, a obra foi adaptada
para o cinema, artes plásticas, moda e outros
segmentos.

7
O livro é composto por 12 capítulos, os quais
podem, por si só, sugerir diversas interpretações.

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A análise do enredo

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Capítulo 1: Pela toca do Coelho

10
Deitada na grama do jardim, Alice observa a passagem de
um coelho branco que, estranhamente, utiliza um colete de
festa e um relógio.

11
Apressado, o coelho diz que está
atrasado e entra em uma toca.

12
Completamente influenciada por sua
curiosidade, Alice persegue o coelho.

13
Enquanto cai, Alice vê diversos objetos estranhos e
questiona a sua decisão de entrar naquele lugar,
reprimindo-se pela imprudência de sua ação.

14
Ao tocar o chão, Alice se depara com uma mesa e
uma chave dourada muito pequena sobre ela.

15
No fundo da sala, Alice encontra uma portinha que guarda
um belo jardim, mas não consegue passar para o outro
lado por causa do seu tamanho.

16
Alice novamente olha para cima da mesa e
observa a existência de um vidro com um líquido e
um rótulo com a ordem: “Beba-me”.

17
Ao ingerir o líquido, Alice prontamente começa a
encolher, ficando com vinte e cinco centímetros de
altura.

18
Alice se conscientiza de que esqueceu a chave
em cima da mesa e, agora que é pequena, não
consegue mais alcançá-la.

19
Alice vê, ainda, um bolo com um rótulo com a ordem:
“Coma-me”, ao que a menina prontamente o faz, mas, ao
perceber que não voltava ao tamanho original, chora
copiosamente.

20
Após ingerir por completo o bolo, Alice cresce,
mas não articula as palavras coerentemente.

21
Receosa de estar enlouquecendo, o choro
de Alice aumenta e as lágrimas de seus
olhos formam uma lagoa ao seu redor.

22
Capítulo 2: O lago de lágrimas

23
Fragmento
“Que bizarramentice!”, exclamou
Alice (estava tão pasma que, por um
instante, perdeu o senso das palavras),
“agora estou crescendo, como a maior
luneta do mundo! Adeus, pés!” (ao
olhar para baixo, vira que praticamente
perdera seus pés de vista, tão longe
lhe pareciam.)
24
Ao Ilmo. Sr. Pé Direito de Alice / Tapete da lareira /
Próximo ao guarda-fogo (Com amor, Alice).

25
Com a entrada do Coelho Branco, vestido de gala,
deixando cair as luvas brancas de pelica, a cena
de Alice é interrompida.

26
Alice tenta chamar a atenção do Coelho
Branco, mas ele desaparece, correndo.

27
Enquanto segura uma das luvas, Alice
encolhe novamente e começa a se afogar
nas próprias lágrimas.

28
Vários animais estão na água e Alice segue
um deles até a margem de uma praia.

29
Capítulo 3: O comitê corresecalista e
uma história caudalosa

30
Na praia, os animais ouvem a fala do
rato enquanto se secam.

31
Em linhas gerais, as palavras do roedor se
resumem à insolência dos normandos.

32
Então o Dodô toma a palavra e menciona a
necessidade de formar um Comitê Corresecalista.

33
Alice indaga o que seria o tal
comitê.

34
Após meia hora correndo, quando os animais já
estavam bem secos, o Dodô anunciou o término
da corrida.

35
Os animais se reuniram em volta do Dodô
querendo saber quem teria sido o vencedor.

36
Segundo o Dodô, todos os participantes
venceram e são merecedores de prêmios.

37
Alice foi incumbida de premiar os animais e, sem muitas
opções, sacou uma caixinha de balas que estava em seu
bolso, por sorte, não danificadas pela água salgada.

38
Reivindicou-se que Alice também fosse
premiada, ao que recebeu seu próprio dedal
que também estava em seu bolso.

39
O rato é estimulado a contar uma história que
Alice, em sua cabeça, constrói em determinada
forma.

40
Alice é vista como distante e revela estar sentido falta de
sua gata Diná, o que gerou comoção no grupo pois o felino
era hábil em pegar ratos e pássaros.

41
Por fim, todos partiram e Alice começou a chorar
arrependida do que havia dito e pela solidão.

42
Capítulo 4: O Coelho tem uma
ideia de jerico

43
Avistado por Alice novamente, o Coelho Branco
está olhando para o chão como se tivesse perdido
algo.

44
Pelas palavras do Coelho, Alice adivinhou
que ele procurava o leque e o par de luvas
de pelica

45
Alice ajudou na procura, mas nada encontrou,
apenas percebeu que o ambiente havia mudado.

46
Ao perceber a presença de Alice, o Coelho gritou irritado
com ela, chamando-a de Mariana e ordenando que ela
voltasse para casa e pegasse um par de luvas e um leque
para ele.

47
Assustada, Alice atendeu à ordem e
começou a explicar ao Coelho o erro que
ele cometeu.

48
Alice constatou que o Coelho a havia confundido com a
empregada enquanto corria até se deparar com uma
casinha que trazia à porta uma placa de bronze com o
nome COELHO B. gravado nela.

49
Alice entrou na casinha sem bater, encontrou um quartinho, avistou
um leque e luvas pequeninas, mas quando estava prestes a sair
visualizou uma garrafinha perto de um espelho, cujo rótulo trazia a
instrução “BEBA-ME”.

50
De repente, Alice começa a crescer com muita
rapidez a ponto de colocar um dos braços para
fora da janela.

51
Alice parou de crescer, mas estava incomodada com a
situação até refletir sobre a possibilidade de escreverem
um livro sobre ela em um conto de fada.

52
Também reflete sobre a possibilidade de nunca
envelhecer (jovem – lições eternamente).

53
Os pensamentos de Alice são cortados pela
presença do Coelho tentando, sem sucesso,
entrar em sua casa.

54
Ouvindo vozes em discussão, Alice dá um
pontapé no empregado do Coelho, Bill, que
tentava entrar pela chaminé.

55
O Coelho bradou que deveriam atear fogo na
casa, mas Alice prontamente faz uma ameaça
dizendo que Diná pegaria a todos.

56
Na sequência, Alice é alvejada por pedrinhas que se
transformaram em bolinhos e, quando comidos,
diminuíram novamente o tamanho da menina.

57
Ao sair da casa, Alice percebeu uma aglomeração de
animais e aves do lado de fora que, ao perceberem a
presença da menina, tentaram cercá-la, mas ela fugiu o
mais rápido que pôde para o meio de uma mata cerrada.

58
Em fuga, Alice reflete que necessita voltar ao
tamanho normal e encontrar o lindo jardim (início).

59
O problema é que Alice não sabia
como executar tal plano.

60
Um latido sequestra a atenção de Alice, mas ela não se
aproxima pelo tamanho do animal e, consequente, medo
de ser devorada.

61
Então, Alice pega um graveto para distrair o
grande filhote e sai correndo em disparada.

62
Em outro lugar, Alice se depara com um cogumelo e
observa que no seu topo há uma imensa lagarta fumando
um comprido narguilé.

63
Capítulo 5: Conselho da
Lagarta

64
A Lagarta pergunta quem é e Alice começa a desabafar sobre
todas as transformações que sofreu durante o dia, afirmando
que não sabe mais quem é.

65
A lagarta recomenda que Alice se acalme e se afaste,
dizendo que um lado do cogumelo a fará crescer, ao passo
que o outro lado, diminuir.

66
Alice começa a comer pedaços do cogumelo,
mudando de tamanho, até ficar com o seu
pescoço preso nos ramos de uma árvore.

67
Uma pomba que chocava os ovos no ninho
começa a discutir com Alice, acusando-a de ser
uma serpente.

68
Alice come mais um pedaço do cogumelo, volta à
sua altura normal e vê uma casa nas redondezas.

69
Capítulo 6: Porco e pimenta

70
Um lacaio despontou correndo da floresta e
pôs-se a esmurrar a porta da casinha.

71
A porta foi aberta por outro lacaio
de uniforme.

72
O Peixe-Lacaio sacou do sovaco uma longa
carta e entregou ao outro.

73
Era um convite da Rainha para
a Duquesa jogar croqué.

74
Após a despedida hilária dos lacaios, Alice tenta bater na
porta, mas é advertida pelo fato de ninguém poder a
escutar devido ao barulho de dentro da casinha.

75
Então, a porta se abriu e alguém
arremessou um grande prato.

76
Após falas desencontradas com o
Lacaio, Alice abriu a porta e entrou na
casinha.

77
Alice vê a Duquesa sentada em um banquinho de três pés,
com um bebê no colo, enquanto a cozinheira, debruçada
sobre o fogão mexia algo parecido com uma sopa no
caldeirão.

78
O ar estava impregnado de pimenta , assim
como a sopa e o bebê espirrava muito.

79
Alice percebe que o gato da
Duquesa é muito sorridente

80
Alice continua a falar com a Duquesa, que,
repentinamente, ao ouvir a palavra “eixo”, confunde-a com
“queixo” e ordena que seja cortada uma cabeça.

81
Alice olha preocupada para a cozinheira
para ver se a ordem seria cumprida.

82
Por sua vez, a Duquesa entoava uma
canção para, sem sucesso, ninar a criança.

83
A Duquesa passa o bebê para os cuidados
de Alice, que tem dificuldades iniciais, mas
repara na peculiar criança.

84
Alice achou a criança muito feia, e, em
seguida, constata que na verdade o bebê
era uma porca.

85
Após a porca desaparecer na floresta, quando
posta ao chão, Alice se assusta com o gato de
Cheshire em um árvore.

86
Embora com medo pelos dente e garras do gato, Alice
conversa com o animal e recebe a informação de que
naquele lugar todo mundo é maluco.

87
Alice segue seu caminho em direção à casa
da Lebre de Março, mas desconfia ter ido
visitar o Chapeleiro.

88
Capítulo 7: Chá com gente
doida

89
Alice se depara com as duas personagens tomando chá e se
junta a elas, chocada com o modo como quebram as regras da
boa educação e irritada com os seus enigmas absurdos.

90
Após dialogarem sobre o sentido das palavras, Alice foge da
grosseria do Chapeleiro por uma porta escondida em um
tronco e vai parar em um jardim.

91
Capítulo 8: O campo de
croqué da Rainha

92
No campo, as rosas brancas estão sendo pintadas de
vermelho por soldados que eram cartas de um
baralho.

93
Os soldados confessam que plantaram as rosas
erradas e que a Rainha mandará cortar suas cabeças
se descobrir.

94
Na continuidade, Alice conhece o Rei e a Rainha de Copas, que
a convidam para um jogo de croqué e a forçam a comparecer.

95
O jogo é muito diferente daquele que a menina conhecia,
usando animais como tacos e bolas e desrespeitando as
regras e a ordem habituais das partidas.

96
A Rainha, furiosa, manda cortar a cabeça de
vários participantes.

97
De repente, surge o Gato de Cheshire só com o
seu sorriso e começa a questionar a menina sobre
o jogo e a Rainha, que a escutava escondida.

98
A audácia de Alice incomoda os reis, que decidem
condenar à morte três jogadores, mas primeiro
mandam chamar a sua dona, a Duquesa.

99
Capítulo 9: A história da
Tartaruga de Mentira

100
Alice reencontra a Duquesa e essa
oferta o braço carinhosamente.

101
Chama a atenção na conversa a ideia de que é o
amor que faz o mundo girar, para a Duquesa, ou
cada um cuidar de si que gira o mundo, para Alice.

102
De repente, a Duquesa para de falar, no meio da
palavra “moral”, e começa a tremer o braço ao se
deparar com a Rainha diante delas.

103
Por toda a duração do jogo, a Rainha não deu trégua e
discutiu com todos os competidores, gritando sem parar
“Cortem a cabeça dele (a), e os soldados partiam para
prender os condenados.

104
A Rainha muda de ideia e resolve
perdoar todos.

105
Alice conhece um Grifo que a leva até a Falsa
Tartaruga, uma estranha criatura que lhe conta
histórias do fundo do mar.

106
A Tartaruga de Mentira narra a história de sua vida,
quando era de Verdade, ao mencionar o “ex-tudo” na
escola: Escória, Antiga e Moderna, Gelografia, Desdenho,
Endosso e Pintura a Olho.

107
Capítulo 10: A quadrilha das
Lagostas

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A Tartaruga questiona se Alice conhecia lagosta,
ao que foi respondida enganosamente que não.

109
A rigor, a lagosta serve apenas como par
para que se dance como fizeram a
Tartaruga e o Grifo.

110
Após inúmeros versos musicais proferidos, o Grifo
chamou Alice para se dirigirem ao julgamento que
estava prestes a começar.

111
Capítulo 11: Quem roubou as
tortas?

112
Alice é chamada para um julgamento,
sem saber do que se trata.

113
O juiz é o próprio Rei e os membros do júri
parecem confusos, escrevendo o próprio nome em
uma folha repetidamente.

114
Capítulo 12: O depoimento de
Alice

115
O Valete de Copas está sendo acusado de ter roubado as
tortas da Rainha e as testemunhas parecem não saber
nada sobre o caso, falando apenas absurdos.

116
Alice é chamada a depor e fica irritada, sendo
depois expulsa do tribunal, quando o Rei a acusa
de ter mais que três quilômetros de altura.

117
Alice, revoltada, acusa os soldados de serem um
mero baralho de cartas e todos se lançam na sua
direção.

118
De repente, Alice acorda com a cabeça no colo de
sua irmã e percebe que tudo foi apenas um sonho.

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Personagens

120
Alice
Inspirada em Alice Liddel, com sete anos,
filha de um amigo, é inteligente, articulada,
acredita que já sabe quase tudo, age como
os adultos com os quais convive, diante do
novo é tomada pela curiosidade, representa
a imaginação da infância, incomodada com
a falta de ordem e normas sociais,
transforma-se pelo questionamento, luta
para ser ouvida e se revolta com injustiças.
121
Gato de Cheshire
(ou Gato Risonho)
Capaz de aparecer e desaparecer,
assustador, corajoso, ajuda Alice a
encontrar o melhor caminho a
seguir, explica o modo como o País
das Maravilhas é governado, pela
loucura, pode ser a representação
da consciência.
122
Coelho Branco
Antropomórfico, sempre atrasado
para os compromissos com a
Rainha, nervoso, confuso,
metaforiza a busca pelo
conhecimento, obsessivo com o
tempo, pode simbolizar a angústia
humana com a brevidade da vida.
123
Lebre de Março
Fiel companheira da hora do chá, desafia
o conhecimento e a lógica de Alice,
simboliza a língua inglesa, já que na
época em que a obra foi criada, era
frequente o uso da expressão “louco
como uma lebre de março”, fazendo
referência à temporada de acasalamento
da espécie (correndo em círculos).
124
Chapeleiro Louco
Inspirado na expressão “louco como um
chapeleiro” para designar pessoas que
sofriam problemas de saúde mental
(trabalhadores que se envenenavam pelas
altas doses de mercúrio) com as quais
tinham contato, ficou assim após brigar com
o tempo; satiriza as normas de etiqueta
britânicas e suas convenções sociais (chá
das cinco), excêntrico e mau anfitrião.
125
Lagarta
Nascida para a metamorfose,
conduz Alice a questionar a própria
identidade, metaforiza a vivência
da puberdade e suas
transformações sucessivas
(cogumelo), ensina que a mudança
é positiva.
126
Rainha de Copas
Mimada, egocêntrica, infantil, representa
o poder absoluto no País das Maravilhas,
temida, humilha os outros, sempre gritando,
ameaça cortar a cabeça de seus súditos,
deseja dominar a população, governando
através do medo e ilustrando os efeitos
nefastos do poder autoritário e inquestionável,
recupera a Guerra das Rosas, um conjunto de
lutas de sucessão pelo trono inglês.
127
Arganaz
Um pequeno rato do campo, também
conhecido como Arganaz, sonolento,
ninguém presta atenção ao falar, é
interrompido sempre, dominado pelas
outras figuras, simboliza a imobilidade
da classe trabalhadora que não
consegue reagir à opressão que sofre.

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