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Manual HTP
P si co t é cn i co s
p a r a q u e m n ã o q u e r se r su r p r e e n d i d o
n e st e v o l u m e :
T e st e d e P e r so n a l i d a d e co m
d e s e n h o s : Ca s a - Á r v o r e - P e s s o a
H - T- P
l i v r e r e p r o d u çã o e d i st r i b u i çã o
PREFÁCI O
Os t est es psicot écnicos geralm ent e são com post os de t est es de personalidade, t est es de raciocínio e
t est es de habilidades específicas. Est ude t odos, pois é necessário um núm ero m ínim o de adequação em
cada t ipo deles e há um a pont uação m ínim a geral a ser at ingida. Os índices de elim inações nas avaliações
psicológicas em geral são de 15 a 40% , dependendo do concurso.
Não acredit e em lendas do t ipo “ os psicólogos t êm com o saber se você est á m ent ido” , “ os psicólogos
ficarão desconfiados com respost as m uit o perfeit as” , “ os psicólogos irão confirm ar ou desm ent ir o result ado
do t est e com ent revist as ou out ros t est es” , et c. Se isso fosse verdade, os psicólogos não fariam esse alert a,
eles ficariam quiet os para ident ificar facilm ent e os candidat os m al- int encionados. Realm ent e exist em alguns
poucos t est es, do t ipo quest ionário, que podem ident ificar algum as m ent iras, m as a arm adilha é facilm ent e
cont ornável. Ela se baseia em pergunt as sobre erros que t odos os seres hum anos com et em e cuj a respost a
não é agradável de dar. Exem plos: “ Você j á m ent iu?” , “ Você j á pegou algo que não lhe pert encia?” , et c.
Fora isso, não exist e m ais nenhum t ipo de pega- m ent iroso. Não fique im aginando que haj a cruzam ent o de
dados, levant am ent os est at íst icos, invest igação pessoal, et c.
Tam bém não acredit e na lenda que: “ não exist em respost as cert as ou erradas; sej a aut ênt ico;
apenas querem os saber com o você é.” Essa hist orinha serve para você não ficar com m edo do bicho papão,
relaxar, abrir seu coração e confessar t odos os t eus problem as ( o único que irá valorizar essa t ua
sinceridade est úpida será Jesus Crist o) . Tenha em m ent e que boas caract eríst icas servem para qualquer
em prego; caract eríst icas ruins não servem para em prego algum . O perfil profissional apenas define qual é o
m ínim o aceit ável de cada caract eríst ica, sem j am ais recusar um a caract eríst ica boa e sem j am ais aceit ar
um a caract eríst ica ruim . Pessoas int eligent es, persist ent es, alt ruíst as, aut oconfiant es, flexív eis e obj et ivas
servem para qualquer vaga. Pessoas burras, sem persist ência, egoíst as, sem aut oconfiança, inflexíveis e
m ent alm ent e com plicadas não servem para vaga algum a.
Para saber com o responder a um exam e psicot écnico é necessário saber o que o t est e quer avaliar e
com o ele av alia. É m uit o difícil saber isso para t odos os t est es. Porém , geralm ent e os t est es aplicados são
variações uns dos out ros. Conhecer bem um dos t est es de cada classe j á fornece um a grande aj uda para os
dem ais.
Calm a é sem pre necessária para um bom t est e. Por isso, est ude os t est es psicot écnicos para t er
m aior confiança. Quando se ent ende a dinâm ica do que est á acont ecendo, se t em m aior t ranquilidade. É
bem diferent e de part icipar de um t est e onde parece que se est á diant e de algo “ sobrenat ural” ou de
psicólogos que avaliam cada m ovim ent o seu na cadeira durant e a prova.
Est ude est e m at erial com a consciência que foi feit o com a m elhor das int enções. Porém , não se
t rat a aqui da últ im a palavra em t erm os de exam es psicot écnicos. Adapt e as dicas a seu est ilo e faça a prov a
com confiança e t ranquilidade, isso será m eio cam inho andado para a aprovação.
Por fim , faça- m e o m aior de t odos os favores: não alt ere est e m at erial e dist ribua- o sem exigir
qualquer coisa em t roca.
I
_I
John N. Buck
Revisão : W. L. Warren (Ph.D.)
•
Tradução: Renato Cury Tardivo
Revisão : lraí Cristina Boccato Alves
~VETOR
~ EDITORA
John N. Buck
Tradução: Renato Cury Tardivo
Revisão: lraí Cristina Boccato Alves
'
Casa• Arvore• Pessoa
TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO
- -
Manual e Guia de Interpretação
• VETOR
EDITORA PSICO-PEDAGÓGICA LTDA.
Rua Cubatão, 48 - CEP 04013-000 - SP
Te/./ Fax: (11) 3283-5922 / 5225 / 4946
www.vetoreditora.com.br vendas@vetoreditora.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Buck, John N.
H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva
de desenho: manual e guia de interpretação/
John N. Buck ; tradução de Renato Cury Tardivo ;
rP.vi"'íio r!P. Tr:ií f'ri"'tin:i Rorr:ito AlvP."-. --
1. ed. -- São Paulo : Vetor, 2003.
03-1561 CDD-155.284
ISBN: 85-7585-024-5
Sumário
vii
Inquérito posterior ao desenho .................................................................................................. 54
Pessoa ............................................................................................................................................ 57
Proporção .................................................................................................................................. 58
Perspectiva ................................................................................................................................ 58
Detalhes .................................................................................................................................... 59
Adequação da cor ..................................................................................................................... 62
Inquérito posterior ao desenho .................................................................................................. 62
Ilustrações de casos ............................................................................................................................ 119
Caso 1: Morris - 14 anos de idade, masculino {Buck) ................................................................. 120
Tempo ...................................................................................................................................... 120
Comentários ............................................................................................................................ 120
Capacidade crítica ..............................................................................................;. .. .. . .. .... .. .. .. .. 120
Proporção ................................................................................................................................ 120
Perspectiva .............................................................................................................................. 121
Detalhes .................................................................................................................................. 121
Cor ........................................................................................................................................... 122
Inquérito posterior ao desenho ................................................................................................ 122
Prognóstico .............................................................................................................................. 123
Caso 2: Paul - 28 anos de idade, sexo masculino {Hammer) ...................................................... 123
Caso 3: Dennis - 12 anos de idade, masculino (Jolles [1969]) .................................................... 124
Capítulo 5 - Fundamentação teórica e pesquisa .... .. .. .... ... ..... ..... .. .. .. .. .... .. ... .... ... ...... .. .... .. ... .. .. .. .. 143
Referências . ... .. .... .. . ... . ... .. .. .. ... .. . ... .. . ... .. ... ... ... ... ... .. .. .. .. ..... .. ... .. ... .. .. ... ... ... .. ... . .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. ... .. . ... ..... . 149
Apêndice .. ... .. . ..... .. .. .. .. .. .. .. ... . ... .. .. . ... .. ... .. .. .. . .... ... . .... ... ... .. .. .. .. .. ... ... ... .. ... .. .. .. ... . ... .. .. ... .. .. .. . ... .. .. ... ... ... . 157
Índice de conceitos interpretativos ................................................................................................. 187
viii
Lista de figuras
Lista de tabelas
ix
1
INTRODUÇÃO
Descrição Geral
O H-T-P foi planejado para incluir, no mínimo, duas fases. A primeira é não-verbal,
criativa e quase completamente não estruturada. Ela consiste em convidar o indiví-
duo a fazer um desenho a mão livre acromático, de uma çasa, de uma árvore e de
uma pessoa. Um desenho adicional de uma pessoa do sexo oposto à que foi primei-
ramente desenhada pode ser solicitado. A segunda fase, um inquérito posterior ao
desenho bem estruturado, envolve fazer uma série de perguntas relativas às associa-
ções do indivíduo sobre aspectos de cada desenho. O examinador deve, então, pros-
seguir com a terceira e quarta fases. Na terceira fase, o indivíduo desenha novamente
uma casa, uma árvore e uma pessoa (ou duas pessoas), dessa vez usando crayons
(giz de cera). Para a quarta fase, o examinªdor faz perguntas adicionais sobre os
desenhos coloridos. Dependendo dó número de fases incluídas, o procedimento pode
levar de 30 minutos a uma hora e meia. Os desenhos, então, são avaliados pelos
sinais de psicopatologia existente ou potencial baseados no conteúdo; características
do desenho, como tamanho, localização; a presença ou ausência de determinadas
partes e as respostas do indivíduo durante o inquérito.
A versão atual do H-T-P Manual e Guia de Interpretação foi substancialmente revisa-
da. Ao mesmo tempo em que houve uma preocupação em preservar a riqueza clínica
dos manuais anteriores de John Buck, o material foi consolidado e reorganizado, para
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Princípios de Uso
População. O uso do H-T-P é mais adequado para indivíduos acima de 8 anos de
idade. É mais comumente aplicado em crianças e as diferenças entre as característi-
cas de desenhos de adultos e crianças têm sido identificadas (veja o capítulo 4). A
natureza atraente da tarefa de desenhar torna o uso do H-T-P especialmente ade-
quado nas situações onde a comunicação verbal direta de materiais conflitivos é im-
provável por causa de obstáculos nas capacidades verbal e motivacional.
Usuários do teste. Os usuários do H-T-P devem ter sido treinados e supervisiona-
dos na aplicação individual de instrumentos clínicos para crianças e adultos. Quem
' Além do novo Manual, estão disponíveis um protocolo revisto (Folha para Desenho) (WPS Product No. W-6A) e um
:1ovo Protocolo de Interpretação (WPS Product No. W-282). O Protocolo de lnterpretaçao também é publicado pela
Vetor Editora.
2
Introdução
não tiver experiência na área de avaliação dos testes projetivos deve trabalhar com
um supervisor clínico até que seja obtido um bom nível de concordância mútua na
habilidade de aplicação e avaliação.
2
ADMINISTRAÇÃO
O H-T-P é aplicado geralmente em uma situação face a face, como parte de uma
avaliação inicial ou de uma intervenção terapêutica em andamento de um determina-
do indivíduo. Na situação de avaliação, o H-T-P pode ser empregado como uma tare-
fa de aquecimento inicial ou como uma ponte entre uma avaliação com lápis e papel
e uma entrevista clínica completa.
Administrando o H-T-P
Materiais do Teste
Será necessário um Protocolo para desenho do H-T-P 1 e um Protocolo de Interpre-
tação para cada conjunto (acromático e cromático) do desenho da casa, da árvore e
da pessoa a serem solicitados. Um Protocolo de Inquérito Posterior ao Desenho e de
interpretação do desenho da pessoa deve ser utilizado para cada pessoa adicional
desenhada (opcional - veja a seção Descrição Geral do capítulo 1).
Vários lápis pretos No. 2 (ou mais macio) com borrachas também serão necessá-
rios juntamente com um conjunto de crayons (pelo menos oito cores - vermelho,
' No Brasil costuma-se usar uma folha de papel sulfite branco, tamanho A4, para cada desenho.
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
~aranja, amarelo, verde, azul, violeta, marrom e preto), caso os desenhos coloridos
sejam pedidos. Um relógio ou cronômetro é necessário para anotar a latência (tempo
gasto até o início do desenho) e o tempo total dos desenhos.
Desenhos Acromáticos
Administração
Casa
Você gostaria que esta casa fosse sua?' Peça para o indivíduo descrever as dife-
renças entre a casa desenhada e a casa em que ele mora realmente e pergunte qual
a probabilidade de ele um dia ter uma casa semelhante à desenhada.
Qual quarto você escolheria para você? Determine como este se compara com a
localização do quarto ocupado por ele em sua casa atual.
Árvore
Onde esta árvore realmente está localizada? Se a resposta for "na selva" ou "na
floresta", pergunte sobre o significado da selva ou da floresta para o indivíduo.
Que tipo de vento é esse? Continue sempre explorando, para determinar como o
indivíduo se sente em relação ao tipo de vento descrito.
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
,
Casa - Arvore - Pessoa
TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO
H-T-P
Protocolo de Interpretação
! _!_
Nome: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Data: _ _
Sexo: ( ) Masculino/ ( ) Feminino Idade: Escolaridade: _ _ _ _ _ __
Fonte do Encaminhamento: _____________________
Motivo do Encaminhamento: _____________________
Examinador _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ Lápis D Cor D
-
0BSERVAÇOES GERAIS
o
Casa: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _
Árvore: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _
Pessoa: Tempo para começar o desenho (Latência): _ Tempo para completar o desenho: _
Figura 1
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
8
Administração
CASA
1. • Quantos andares tem esta casa? (Esta casa tem um andar superior?) _ _ _ _ _ _ _ _ __
2. De que esta casa é feita? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
3.* Esta é a sua própria casa? De quem ela é? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
6. • Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse, qual quarto você escolheria para
você? Poi q u e ? - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , - - - - - -
7.* Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
8. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
ÁRVORE
22.* Que tipo de árvore é esta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
23. Onde esta árvore realmente está localizada?
24.* Mais ou menos qual a idade desta árvore? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
25.* Esta árvore está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
26. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
27. O que provocou a sua morte? {se não estiver viva) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
28. Ela voltará a viver? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
29. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou a sua morte? Há
quanto tempo ela está morta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
30.* Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
31. O que nela lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore, para onde ela estaria virada? _ _ _ _ __
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
36. * Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está soprando. Que tipo de vento é esse?
44.* Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado da árvore), quem ele
poderia ser?
PESSOA
45.* Esta pessoa é um homem ou uma mulher? (menino ou menina)? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
46.* Quantos anos ele (a) tem? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
47.* Quem é ele (a)?
48. Ele (a) é um parente, um amigo ou o que?
49. Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
50.* O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isso? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
51. ,O que ele (a) está pensando? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
52.* Como ele (a) se sente? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
53. * Em que a pessoa faz você pensar ou lembrar? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
54. Em que mais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
55. Esta pessoa está bem?
56. O que nele (a) lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
57. Esta pessoa está feliz? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
58. O que nele (a) lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
59. A maioria das pessoas é assim? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
60. Você acha que gostaria desta pessoa? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
61. Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
62. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura) _ _ _ _ _ __
63. De quem esta pessoa o faz lembrar? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
64.* Do que esta pessoa mais precisa? Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
e
68. (Peça para o cliente desenhar um sol e uma linha de solo em cada desenho)
Suponha que o sol fosse uma pessoa que você conhece - quem seria?
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
10
Administração
ÁRVORE PESSOÃ
Características Normais Características Normais Características Normais
(circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa (circule "S" se estiver na faixa
normal) normal) normal)
S/N Tempo 10-12 minutos, S/N Tempo 10-12 minutos, S/N Tempo 10-12 minutos,
latência < 30 segundos latência < 30 segundos latência < 30 segundos
S/N Poucas rasuras S/N Poucas rasuras S/N Poucas rasuras
S/N Simétrico S/N Simétrico SiN Simétrico
S/N Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou S/N Linhas não esboçadas ou re-
reforçadas reforçadas forçadas
S/N Deficiências aceitas com bom S/N Deficiências acettas com bom S/N Deficiências aceitas com bom
humor humor humor
S/N Próprio sexo desenhado primei-
ro e mais elaborado
S/N Características sexuais secun-
dárias incluídas (adulto)
SiN Pupiias desenhadas
S/N Nariz sem narinas
S/N Roupas e cinto indicados
S/N Pés e orelhas
S/N Apenas omissões secundárias
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
11
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
segurança, ansiedade ção para a realidade; Não inco• nicidade, retardamento, psicose
_Transparências: pobre orienta- mum em crianças pequenas _Linha de solo: necessidade de
ção para a realidade; Não inco• _Movimento: pressões ambien- segurança, ansiedade
mum em crianças pequenas tais _Transparências: orientação po-
Movimento _Outros _ _ _ _ _ _ _ __ bre para a realidade; psicose
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __ se representar órgãos internos.
Não incomum em crianças pe-
quenas
_Movimento
_Outros _ _ _ _ _ _ _ __
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
12
Administração
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
13
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
14
Administração
Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores
Preto: contornos, fumaça, cercas; Preta. contornos; azul, azul-verdB'. Preto: contornos, cabelo; azul,
azul, azul-verdB'. fundo, céu, corti- fundo, céu; marrom: tronco; ver- azul-verdB'. fundo, céu, olhos; mar-
nas; marrom: paredes; verde: te- de: folhas, grama; laranja: laran- rom: cabelo, roupas; verdB'. sué-
lhado, grama; laranja: laranjas; jas; vermelho: maçãs, cerejas; teres, grama; laranja: suéteres;
violeta: cortinas; vermelho: cha- amarelo: sol, flores; amarelo-ver- violeta: cachecol, roupas meno-
miné, tijolos, maçãs, cerejas; de: paisagem, grama res; vermelha. lábios, suéters, ves-
amarelo: sol, flores; amarelo-ver- tidos, cabelo; rosa: pele, roupa;
de: paisagem, grama amarela. sol, cabelo; amarelo-ver-
dB'. grama
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
15
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Síntese Interpretativa:
Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
16
Administração
l ,J
_J , 1 , 1 , 1,, 1 , 1 , 1 , 1,, 1 , 1, 1 , 1,, 1, 1, 1 , I •, , 1 , 1 , I •, 1 , 1, 1 , I •, 1 , 1, 1 , 1,, 1 , 1, 1 , I•, 1 ,
Árvore e Pessoa t
(ALTO)
Pessoa
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. Centro Exato Centro Exato
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Figura 1 (continuação)
Exemplo de um Protocolo de Registro do H-T-P
17
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Esta árvore é saudável? Esta árvore é forte? Se o indivíduo não conseguir respon-
der, peça-lhe para desenhar a estrutura da raiz da árvore, caso ele ainda não a tenha
desenhado e faça uma anotação do pedido.
Pessoa
O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isto?" Se a resposta for"
"está apenas ali", pergunte onde é "ali", e o que possivelmente a pessoa estava fa-
zendo ou irá fazer. Caso a resposta for "andando" ou outro movimento, pergunte
aonde a pessoa está indo e o que ela irá fazer ao chegar lá. Se a resposta for "eu não
sei" ou "isto é só um desenho", ajude o indivíduo a se envolver na projeção sugerindo-
lhe que conte uma história sobre a pessoa do desenho ou pergunte o que a pessoa do
desenho parece estar fazendo.
Como ele (a) se sente? Pergunte sempre "Por que?", a menos que haja razões
para crer que essa pergunta comprometerá seriamente o rapport.
O que nesta pessoa lhe dá a impressão de que ela está feliz (triste, brava etc.)? Se
a resposta for uma simples descrição de uma expressão facial ("ele [a] está sorrin-
dd'), pergunte do que a pessoa está rindo e com que freqüência esta pessoa dese-
nhada sente-se dessa maneira.
Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo?" Se a pessoa desenhada estiver
nua, pergunte porque ela está nua e se ela se sente à vontade.
18
Administração
variação da localização vertical normal da casa pode ser medido. Quando as mar-
gens verticais do desenho e do protocolo estiverem alinhadas, a localização horizon-
tal do desenho pode ser medida. Marcações similares são fornecidas para os desenhos
da árvore e da pessoa e para o centro real da página. (Note que no Protocolo de
Interpretação do Desenho da pessoa, a régua e marcações de centralização estão
localizadas na página do Inquérito Posterior ao Desenho).
Algumas hipóteses clínicas comuns relacionadas para cada característica dos de-
senhos são apresentadas na Lista de Conceitos. Interpretativos Esses conceitos e
ilustrações de casos relacionados podem ser encontrados no índice deste Manual,
para facilitar a revisão do texto relacionado. A Lista de Conceitos Interpretativos é
apenas um guia para a estabelecimento de hipóteses clínicas. O grau de certeza com
o qual uma hipótese particular pode ser aplicada em um dado indivíduo irá, sempre,
depender de informação adicional como a história do paciente, problemas apresenta-
dos e resultados de procedimentos de avaliação adicionais. Sua experiência clínica,
ou _a de seu supervisor, o conhecimento do Manual do H-T-P e o conhecimento da
literatura sobre interpretação projetiva de desenhos sempre irão modificar sua inter-
pretação dos desenhos e a apresentação dos resultados no H-T-P.
Desenhos Coloridos
Considera-se que os Desenhos coloridos feitos após os desenhos à.cromáticos e o
Inquérito Posterior ao Desenho evocam um nível mais profundo de experiência do
que os desenhos acromáticos (veja o capítulo 5). Se os desenhos coloridos forem
feitos, peça primeiro ao indivíduo para nomear as cores dos crayons disponíveis.
Anote qualquer indicação de daltonismo no Protocolo de Interpretação e considere o
encaminhamento para um teste mais formal. Depois, marque no local indicativo de
"Cores" na primeira página do protocolo de Interpretação.
Solicite os desenhos da casa, árvore e pessoa da mesma maneira e com as mes-
mas instruções dadas para os desenhos acromáticos. Da mesma forma que durante
os desenhos acromáticos o tempo e as observações de comportamento devem ser
anotadas no Protocolo de Interpretação,
Como- nos desenhos acromáticos, o principal objetivo é obter o maior número pos-
sível de informações esclarecedoras sobre o conteúdo e o contexto de cada desenho.
Entretanto, para diminuir o tempo e o cansaço, você pode fazer apenas as perguntas
do Inquérito Posterior ao Desenho que estão marcadas com um asterisco(*). Além
disso, pergunte para o examinando sobre as diferenças significativas entre os dese-
nhos acromáticos e cromáticos, e sobre o significado no tratamento de detalhes inco-
muns ou bizarros ou de suas omissões.
Use a Lista de Conceitos Interpretativos para os desenhos coloridos da mesma
maneira que para os desenhos acromáticos. Para a avaliação dos desenhos colori-
dos é fornecida uma lista dos usos convencionais das cores. Uma seção adicional da
lista, "Usos Gerais de Cores", deve ser usada para observar as características de
cores específicas do desenho que podem estar associadas com psicopatologia.
19
3
1NTERPRETACÃO
"'
O material obtido durante a sessão dos desenhos do H-T-P não será "avaliado"
pelo senso comum. O Protocolo de Interpretação do H-T-P pretende ser apenas um
instrumento para ajudar o clínico a concentrar-se mais nas características relevantes
dos desenhos do cliente para desenvolver uma interpretação clínica. O material deste
capítulo e do capítulo 4 pretende orientar o desenvolvimento de hipóteses interpreta-
tivas sobre o significado clínico dos desenhos de um cliente; estas hipóteses nunca
devem ser usadas isoladamente no diagnóstico da psicopatologia. Uma vez formula-
das, entretanto, elas podem ser combinadas com a história clínica completa e com
instrumentos padronizados de avaliação adicionais para aprofundar a compreensão
clínica das pressões intrapessoais, interpessoais e ambientais do cliente. Todos os
relatórios e discussões dos resultados do H-T-P devem ser baseados em conheci-
mentos teóricos e de pesquisas introduzidos no capítulo 5, na experiência clínica
prática e em conhecimentos da literatura relevante sobre a interpretação projetiva de
rli:,c:::,::mhnc:::.
Este capítulo está dividido em quatro seções. A primeira seção dá instruções gerais
sobre a avaliação de desenhos. A segunda seção, Aspectos Gerais dos Desenhos,
relaciona os conceitos interpretativos comumente usados para avaliar observações
gerais de comportamento, características de desenhos e material de entrevista perti-
nente a todos os três desenhos do H-T-P. A terceira seção, Características do Dese-
nho Específicas da Figura, descreve as características específicas de cada figura e
discute seu possível significado clínico; o material do Inquérito Posterior ao Desenho
específico de cada figura também está incluído. A quarta seção, Ilustrações de Ca-
sos, apresenta casos como exemplos da análise integrada das características obser-
vadas no desenho, as respostas do Inquérito Posterior ao Desenho, a história clínica
do paciente e os resultados de outros instrumentos de avaliação. Resumos de casos
para indivíduos cujos desenhos estão incluídos neste capítulo, mas cujos casos não fo-
ram discutidos na seção Ilustrações de Casos podem ser encontrados no Apêndice A.
Os clínicos que estiverem sendo treinados no uso da Técnica do H-T-P podem con-
siderar útil preencher as Listas de Conceitos Interpretativos para cada conjunto de
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Avaliação do Desenho
Atitude
A atitude do indivíduo para com o H-T-P fornece uma medida grosseira sobre a
sua disposição global para rejeitar uma tarefa nova e, talvez, difícil. A atitude comum
é de uma aceitação razoável. Os desvios variam entre dois extremos: (a) da aceita-
ção total ao hiperegotismo1 , e (b) da indiferença, derrotismo e abandono à rejeição
aberta. Raramente os sentimentos de impotência do indivíduo com distúrbios orgâni-
cos, quando se deparam com uma tarefa que exige criatividade, levarão o indivíduo a
rejeitar completamente o H-T-P. Da mesma forma, dificilmente um indivíduo hostil irá
1 Egotismo - Tendência em pensar apenas em si mesmo e considerar a si mesmo melhor e mais importante do que
as outras pessoas. Tendência a monopolizar a atenção, mostrando desconsideração pelas opiniões alheias.
22
1nterpretação
recusar de mé!_neira direta a realização do H-T-P, ainda que possam rejeitar todas as
outras tentativas de um exame psicológico formal.
A atitude em relação a cada desenho será influenciada pelas associações desper-
tadas pelo objeto do desenho. Normalmente o desenho mais rejeitado é o da pessoa.
Há uma série de razões para isso: (a) muitos indivíduos desajustados têm suas maio-
res dificuldades nas relações interpessoais; (b) o desenho da figura humana parece
despertar mais associações no nível consciente ou próximas da consciência do que
os desenhos da casa ou da árvore; e (c) a consciência corporal acentuada torna os
indivíduos desajustados pouco à vontade.
23
H-T-P - Manual e G uia de Interpretação
,/
(_.
Figura 2
Exemplo de Desenho da Casa
24
1nterpretação
Figura3
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
25
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
26
1nterpretação
Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
27
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
28
1nterpretação
Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores Uso Convencional das Cores
Preto: contornos, fumaça, cercas; Preta. contornos; azul, azul-verde: Preto: contornos, cabelo; azul,
azul, azul-verde: fundo, céu, corti- fundo, céu; marrom: tronco; ver- azul-verde fundo, céu, olhos; mar-
nas; marrom: paredes; verde: te- de: folhas, grama; laranja: laran- rom: cabelo, roupas; verde: sué-
lhado, grama; laranja: laranjas; jas; vermelho: maçãs, cerejas; teres, grama; laranja: suéteres;
violeta: cortinas; vermelho: cha- amarelo: sol, flores; amarelo-ver- violeta: cachecol, roupas meno-
miné, tijolos, maçãs, cerejas; de: paisagem, grama res; venne/ha. lábios, suéters, ves-
amare/o: sol, flores; amarelo-ver- tidos, cabelo; rosa: pele, roupa;
de: paisagem. grama amarelo: sol, cabelo; amarelo-ver-
de: grama
Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
29
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Síntese Interpretativa:
Figura 3 ( continuação)
Lista Interpretativa de Conceitos Completada para o Desenho Mostrado na Figura 2
30
Interpretação
ÁRVORE
22.* Que tipo de árvore é esta? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
23. Onde esta árvore realmente está localizada?
24.* Mais ou menos qual a idade desta árvore? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
25.* Esta árvore está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
26. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
27. O que provocou a sua morte? (se não estiver viva) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
28. Ela voltará a viver? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
29. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou a sua morte? Há
quanto tempo ela está morta? - - - - - - - - - - - ~ - - - - - - - - - - -
30.* Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
31. O que nela lhe dá essa impressão? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore, para onde ela estaria virada? _ _ _ _ __
Figura 4
Inquérito Posterior ao Desenho Completado e Régua para o Desenho
Mostrado na Figura 2
31
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
l,j
_J 1 1 1 1 1 1, 1 1 1 1 1 1 1, 1 , 1, 1, 1, 1, 1, 1 , 1 , 1, 1, 1 , 1,
Árvore e Pessoa t
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nhos. Alinhe as margens verticais para
avaliar a localização horizontal, alinhe
as margens horizontais para a · r a
localização vertical. Us uas para
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Figura 4 ( continuação)
Inquérito Posterior ao Desenho Completado e Régua para o Desenho
Mostrado na Figura 2
32
1nterpretação
Comentários
Comentários escritos feitos por um indivíduo, durante a fase de desenho, geral-
mente incluem nomes de pessoas, ruas, árvores, números ou outros elementos; eles
podem também ser figuras geométricas e rabiscos. Estes parecem representar uma
necessidade compulsiva para estruturar a situação o mais completamente possível
(indicativa de insegurança), ou uma necessidade compulsiva para compensar uma
idéia ou sentimento obsessivo ativado por alguma coisa no desenho.
Observações supérfluas, tais como "Eu vou colocar esta gravata nele", parecem
ajudar um indivíduo inseguro a estruturar a situação. Observações irrelevantes, tais
como "Você disse que hoje é o seu primeiro dia aqui?", parecem ter a função de
facilitar a situação de entrevista. Um número excessivo de comentários, comentários
irrelevantes ou bizarros indicam preocupação. Por exemplo, se enquanto desenha
sua casa o indivíduo comenta: "Eu não sei se os alicerces são firmes, para começar e
as janelas ... Agora, onde está a minha porta? Eu coloquei as janelas no lugar errado.
Eu vou pôr a minha porta aqui; como devo fazer isso, doutor? Vamos ver, eu estaria
enganando se eu olhasse de que lado a maçaneta da porta está? Estaria tudo bem se
houvesse alguns degraus subindo? Lá estão os alicerces. A arquitetura ficaria melhor
se a janela menor ficasse no lado? Eu acho que sim. Isto é um bebê chorando? Ele
chora assim o tempo todo? Não é uma construção muito clara. Isso é um teste de seu
nervosismo? Sua clareza? Seria interessante se você não ficasse tão nervoso." A refe-
rência constante desta mulher aos alicerces de sua casa simboliza seu sentimento de
33
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
que os alicerces de sua situação no lar foram destruídos deslealmente por seu mari-
do. Seus sintomas principais eram considerável distratibilidade, incerteza angustiante
e dolorosa, e um sentimento de inadequação.
Verbalizações durante a fase do desenho freqüentemente incluem conteúdos que
foram reprimidos durante uma entrevista anterior, incluindo -idéias de orientação e
perseguição. Parece que a tarefa de desenhar emprega energias, que estiveram en-
volvidas na defesa do ego, reprimindo a verbalização desse material. Observações
espontâneas são normalmente mais significativas, quando avaliadas em relação à
parte do desenho que acabou de ser completada, que estava sendo feito quando a
observação foi feita ou que foi desenhado logo após a observação. Muitos indivíduos
se tornam altamente emotivos enquanto estão desenhando ou sendo questionados,
presumivelmente por causa de sua expressão do material reprimido até então. Qual-
quer indivíduo pode exibir sintomas de ansiedade durante a situação de entrevista do
H-T-P. Entretanto, expressões emocionais persistentes de menor ou maior intensida-
de ou repressão da expressão sempre indicam desequilíbrio da personalidade, desa-
justamento ou problema orgânico.
Proporção
As relações de proporção expressas pelo indivíduo em seus desenhos da casa,
árvore e pessoa freqüentemente revelam os valores atribuídos pelo indivíduo aos
34
Interpretação
Perspectiva
Um planejamento das relações espaciais no desenho da casa, da árvore e da
pessoa indica a capacidade do indivíduo para compreender e reagir com sucesso a
aspectos mais complexos, mais abstratos e mais exigentes da vida. A perspectiva
também pode ser vista como uma medida da compreensão do indivíduo.
Localização horizontal na página. Quanto mais afastado para a esquerda esti-
ver localizado o ponto médio da figura em relação ao ponto médio da folha, maior é a
probabilidade de que o indivíduo tenda a se comportar impulsivamente, buscar satis-
fação emocional, imediata e direta de suas necessidades e impulsos (Figura 5a - c;
veja, também, o capítulo 2 pam uma desciição do ponto médio). De um ponto de vista
temporal, esse indivíduo está muita preocupado com o passado e estará interessado
principal e fortemente em si mesmo. De modo inverso, quanto mais afastado estiver
para direita o ponto médio do desenho do ponto médio da página, maior a probabilidade
de o indivíduo mostrar um comportamento estável, rigidamente controlado, de estar
propenso a adiar a satisfação de suas necessidades e impulsos imediatos; e de pre-
ferir satisfações intelectuais a emocionais (Figura 11 b - c). Esse indivíduo estará
preocupado excessivamente com o futuro, de um ponto de vista temporal, e tende a
se preocupar muito com aqueles que compartilham de seu ambiente e de suas
opiniões.
Localização vertical na página. Quanto mais abaixo do ponto médio da folha
estiver localizado o ponto médio do desenho, maior é a probabilidade de o indivíduo
se sentir inseguro e inadequado, e de esse sentimento produzir uma depressão no
humor (Figura 10d). Indivíduos que desenham dessa maneira tendem a ser concre-
tos e a buscar satisfação mais na realidade do que na fantasia. Se o indivíduo vê o
35
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
desenho como continuando para além da margem inferior da página, ele pode se
sentir esmagadoramente oprimido. Quanto mais acima do ponto médio estiver locali-
zado o desenho, maior é a probabilidade de o indivíduo se sentir lutando por objetivos
inatingíveis (Figura 9). A localização do desenho acima do ponto médio pode indicar
que o indivíduo tende mais a buscar satisfação na intelectualização ou na fantasia, do
que na realidade.
Localização central na página. Quando o desenho se localizar ao redor do ponto
médio geométrico exato da página, o indivíduo geralmente é rígido para compensar a
ansiedade e insegurança (Figura 12 c).
Mudança da posição da página. Indivíduos com tendências agressivas e/ou ne-
gativistas podem mostrar rejeição à sugestão, recusando-se a aceitar a página na
posição apresentada. Por exemplo, esses indivíduos parecem sentir que seria um
sinal de fraqueza aceitar as instruções literalmente. Eles parecem compelidos a virar
a página, ainda que, ao fazê-lo, a relação ideal das dimensões horizontal e vertical
seja alterada, tornando a tarefa mais difícil. Essa rotação da página revela um poten-
cial para psicopatologia.
Quadrantes da página. Do ponto de vista dos quadrantes, duas questões se so-
bressaem. Primeiro, o quadrante superior esquerdo (particularmente seu canto extre-
mo superior esquerdo) é o "quadrante da regressão". Indivíduos com deterioração
psicótica ou orgânica muito freqüentemente localizam seus desenhos nesse qua-
drante, assim como os indivíduos que não atingiram um alto nível de maturidade
conceituai (Figura 5 a - c). No quadrante inferior direito, o "quadrante incomum", um
desenho quase nunca é colocado inteiro dentro dele.
Margens da página. Usos desviantes da margem ou margens da página são sem-
pre significativos. "Desenho cortado pelo papef'2 é a amputação de parte do desenho
por uma ou mais margens (Figura 9b), algumas vezes, devido à relutância em dese-
nhar a parte em questão, por causa de associações desagradáveis. O desenho corta-
do na base da página pode ser detectado apenas através de perguntas ou de um
comentário espontâneo do indivíduo. Quanto mais o desenho se estender para baixo
na página, maior a probabilidade da repressão estar sendo usada como uma estraté-
gia para manter a integridade da personalidade. Indivíduos com um forte potencial
para ações explosivas podem produzir este tipo de desenho. O desenho cortado na
margem esquerda parece indicar uma fixação no passado e medo do futuro. O dese-
nho cortado à direita parece indicar um desejo de escapar para o futuro. O desenho
cortado também pôde ser um indicador de lesões orgânicas. O desenho na borda do
papel ocorre quando parte do desenho toca a margem, mas não parece se estender
para além dela (Figura 18a). O uso da margem superior deste modo sugere uma
fixação no pensamento e na fantasia como fonte de satisfação. O uso das margens
laterais indica insegurança e constrição; o uso da margem inferior da página implica
em depressão e em tendência a comportar-se de uma maneira concreta e desprovida
de imaginação. Este é o menos patológico dos quatro usos desviantes das margens.
36
Interpretação
37
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
oposta, uma melhora na qualidade da casa para a árvore e para a pessoa indica
medo inicial ou dificuldade de adaptação à situação de entrevista.
Um prognóstico positivo é indicado se a árvore desenhada transmitir uma impres-
são mais saudável do que a pessoa, se os desenhos coloridos apresentarem um nível
de ajustamento melhor do que os acromáticos, ou se o H-T-P representar um quadro
da personalidade mais saudável do que o Rorschach. Um prognóstico negativo é
sugerido por mais indicadores de psicopatologia nos desenhos coloridos do que nos
acromáticos (Figura 14a, b, c); se o desenho da árvore transmitir uma impressão
diagnóstica mais pobre do que o da pessoa (Figura 12b, c), ou quando o H-T-P produ-
zir associações mais negativas do que o Rorschach.
Detalhes
O tipo e número de detalhes, o método de apresentação, a ordem de produção
e a ênfase colocada sobre eles podem geralmente ser considerados como um índice
de reconhecimento, de interesse e de reação aos elementos da vida diária.
Detalhes essenciais. Mesmo a ausência de apenas um detalhe essencial deve
ser vista como séria; as implicações patológicas são maiores quanto mais detalhes
essenciais estiverem faltando e mais desenhos estiverem envolvidos. O uso mínimo
de detalhes essenciais ou abaixo da média, particularmente nos desenhos da casa e
da árvore sugere retraimento e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo
detalhe ou pelo desenho associado. Indivíduos retardados, com lesão cerebral, retraí-
dos ou deprimidos tendem a desenhar o mínimo de detalhes para cada desenho
(Figuras 5a-c). O uso excessivo de detalhes essenciais (como por perseveração)
implica preocupação exagerada, com o que pode ser representado ou simbolizado
pelo detalhe em questão (Figura 6a).
Detalhes não essenciais. O uso limitado de detalhes não essenciais, tais como
cortinas nas janelas, folhas nas árvores, roupas nas pessoas etc. indicam bom conta-
to com a realidade e uma interação sensível, provavelmente bem equilibrada com o
ambiente. O uso excessivo de detalhes sugere preocupação exagerada com o ambien-
te ou com a área simbolizada ou representada pelos detalhes usados ou por suas
associações. Os obsessivo-compulsivos tendem a desenhar um maior número de
detalhes deste tipo (Figura 6a).
Detalhes irrelevantes. Quando usados de forma limitada, como arbustos dese-
nhados próximo à casa; pássaros em árvores ou no céu; ou um animal de estimação
com a pessoa, indicam uma insegurança básica moderada ou uma necessidade de
estruturação da situação de maneira mais segura. Quando usados excessivamente,
eles sugerem uma ansiedade ''flutuante livre" existente ou potencial na área simboli-
zada pelo detalhe. Nuvens, por exemplo, representam uma ansiedade generalizada
em relação ao objeto desenhado. O uso excessivo de detalhes irrelevantes pode
indicar uma forte necessidade de afastamento, especialmente se eles tendem a su-
plantar o tema principal do desenho (Figura 7a-c).
Indivíduos em estado maníaco geralmente desenham um grande número de deta-
lhes irrelevantes e, freqüentemente, incluem palavras, comentários e títulos. Quanto
melhor esses detalhes estiverem organizados e quanto mais próximos eles estiverem
38
1nterpretação
do objeto do desenho, maior será a probabilidade de que a ansiedade que eles repre-
sentam esteja bem canalizada e bem controlada. Quanto mais os detalhes irrelevan-
tes sobrepujarem o objeto do desenho, maior será a indicação de potencial para
patologia.
Se o sol não tiver sido desenhado, o clínico deve pedir para o indivíduo desenhá-lo
durante o Inquérito Posterior ao Desenho. O sol parece representar a figura de maior
autoridade ou de maior "valênciéi' 4 emocional dentro do ambiente do indivíduo, espe-
cialmente quando o sol for muito grande.
Detalhes bizarros. Detalhes bizarros, como pernas humanas sustentando uma
r~ n11 trnçn~ far.i~i~ rf P~Pnh~rln~ nn ~nl, inrlir.~m q1 JP n inrlivírl11n tPm 11m r.nnt~tn
com a realidade gravemente comprometido e a presença de grave psicopatologia.
Detalhes bizarros são raros, entretanto, o que muitas vezes parece ser um detalhe
bizarro à primeira vista é, posteriormente, considerado como uma relação proporcio-
nal ou espacial, ou um método de apresentação de um detalhe apropriado incomuns.
Dimensão do detalhe. Detalhes uni e bidimensionais (Figura 8a-c) tendem a
indicar baixa capacidade mental ou lesão cerebral. A exceção para este caso é a
"figura palito" da árvore ou da pessoa.
Sombreamento do detalhe. Sombreamentos saudáveis são produzidos de forma
rápida, leve e com poucos rabiscos casuais. São saudáveis porque envolvem abstra-
ção e uma certa quantidade de sensibilidade ao ambiente. O indivíduo não volta a
sombrear ou a reforçar. Sombreamentos que indicam patologia na forma de ansieda-
de e conflito são produzidos lentamente com atenção e força excessivas ou sem
respeitar os contornos.
Seqüência do detalhe. Qualquer desvio em relação à seqüência do desenho,
como uma ordem de apresentação pouco comum, um retorno compulsivo para algo
que foi previamente desenhado, apagar e redesenhar algo previamente desenhado
ou repetição de um detalhe indicam patologia potencial. A dificuldade pode ser de
concentração e de organização, ou do conflito relacionado ao detalhe em questão.
Como regra, não se retorna aos detalhes que já foram completados. Se vários deta-
lhes parecidos forem desenhados - como uma série de janelas - eles serão finaliza-
dos antes que algum outro tipo de detalhe seja introduzido.
Ênfase no detalhe. A ênfase em um detalhe é mostrada por comentários ou ex-
pressões emocionais claras, por seqüências pouco comuns em volta daquele deta-
lhe, pelo excesso de rasuras, pela lentidão ao desenhar o detalhe, por combinações
bizarras e por lesões desenhadas, tais como cicatrizes. A omissão ou não completa-
mente de um detalhe ou a recusa em comentar sobre ele também pode ser interpre-
tada como ênfase naquele detalhe. Essas ênfases implicam ansiedade ou conflito
relacionados ao detalhe em questão.
Qualidade da linha. Uma pessoa média tem pouca de dificuldade para desenhar
linhas relativamente retas. Os ângulos são geralmente bem definidos e as linhas cur-
vas fluem livremente e de modo controlado. Falhas na coordenação motora sugerem
• Valência - "Propriedade de um objeto ou região no espaço vital pela qual o objeto é desejado (valência positiva) ou
rejeitado (valência negativa)". (Nick, E. , Dicionário de Psicologia, São Paulo: Cultrix, s/d, p. 388).
39
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Cor
O principal objetivo de aplicar o H-T-P colorido é fornecer uma estimativa da esta-
bilidade das respostas do indivíduo nas tarefas do H-T-P, através do tempo e das
condições. O uso das cores pelo indivíduo, por si, fornece dados adicionais de diag-
nóstico e prognóstico. Entretanto, as cores devem ser tratadas apenas como um sinal
importante, quando elas não obedecerem à convenção ou realidade, quando elas
dominarem a forma do detalhe no qual foram usadas ou quando forem usadas espa-
lhadas de uma forma não usual.
Se a organização dos desenhos coloridos for melhor do que a dos desenhos acro-
máticos, o prognóstico será provavelmente melhor do que se os desenhos acromáti-
cos estiverem melhor organizados. Em crianças, isto é especialmente verdade, porque
indica uma resposta positiva ao calor humano.
Escolha. Quanto mais lento e mais indeciso o indivíduo for para escolher a cor de
um detalhe ou desenho, maior será a probabilidade de que o item a ser produzido
tenha para ele uma significação maior do que a média.
Aplicação. Quando um indivíduo usar apenas um crayon preto ou marrom e usá-
lo como um lápis isto sugere que ele possui uma tendência para evitar emoções
40
Interpretação
(Figura 13d). Indivíduos fortemente emotivos usam muitas cores; as crianças usam
mais cores do que os adultos. Isso está de acordo com a crença de que as respostas
emocior-iais precedem as respostas intelectuais no processo de desenvolvimento. In-
divíduos regredidos usam cores mais livremente e com menos crítica do que os indi-
víduos não regredidos, o que é acompanhado da perda de interesse na forma por si
(Figura 14d). Se mais de três quartos da área da página do desenho for colorida, esta
é uma indicação de que o indivíduo não tem controle adequado da expressão emocio-
nal. Se as cores ultrapassarem as linhas periféricas é provável que o indivíduo tenha
uma tendência a responder impulsivamente a estímulos adicionais. O sombreamento
é usado mais freqüentemente nos desenhos coloridos do que nos acromáticos e ge-
raimente são usadas mais cores no desenho da pessoa do que nos da casa e da
árvore.
Adequação. Os contornos são geralmente executados em preto ou marrom. A
coloração de certos detalhes irrelevantes é tão estabelecida que qualquer violação na
convenção de sua apresentação pode ser considerada significativa. Por exemplo, o
sol é amarelo; o céu é azul; a grama é verde ou marrom; as sombras são indicadas
por sombreamento preto ou azul. Um indivíduo que se torna tão ligado a cor, que a
casa consiste apenas de uma parede de duas fileiras de retângulos azuis, sobre duas
fileiras de retângulos violetas, mostra sério desajustamento. Do mesmo modo, um
indivíduo que desenha uma árvore com um tronco bidimensional e galhos unidimen-
sionais que se estendem iateraimente da base para a ponta, todos em azui; ou uma
pessoa com corpo e cabeça azuis, braços amarelos e pernas marrons revela um
rompimento significativo com a adequação da cor.
41
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
em uma resposta positiva para a pergunta "O que ele (a) está pensando?" A mais
longa série de comentários produzida espontanE:amente que o autor experienciou foi
feita por um homem psiconeurótico que entrou em um estado semelhante a um tran-
se e associou livremente milhares de palavras referentes a sua árvore e a outras de
um quadro dependurado na parede da sala do examinador.
As respostas devem ser avaliadas por sua relevância. Uma resposta irrelevante
para "Quantos anos ele (a) tem?" foi o comentário de um pré-psicótico "Ele tem 100,
mas eu tenho 27. "Um paciente maníaco respondeu à pergunta sobre o tempo nos
desenhos "Todos os tipos de tempo. Neve, verão, outono, chuva, seco, tudo!" A res-
posta de um paciente psicótico para a pergunta "Alguma parte da árvore está morta?"
foi "Eu não posso ouvi-lo muito bem porque as pessoas estão falando muito." Quando
foi perguntado que pessoas, o paciente respondeu "Ah, Deus e Dr. R." (Dr. R. morrera
várias semanas antes). Uma resposta moderadamente irrelevante pode ser dada à
pergunta: "Em que esta pessoa faz você pensar?" com "Ela me lembra de um aluno
da quarta série tentando desenhar." O grau em que as respostas, durante o inquérito,
incluem material de auto-referência ou confabulações deve ser observado.
tv1uitas vezes, objetos aparentemente irrelevantes desenhados ao redor do tema
do desenho representam membros da família ou pessoas com as quais o indivíduo
está intimamente ligado na vida diária. A sua relação espacial com o objeto desenha-
do pode ser paralela à proximidade ou distância destas relações pessoais. Estes
detalhes devem ser sempre investigados.
CASA
Proporção
Se o telhado for grande em relação ao resto da casa, o indivíduo pode dedicar
muito tempo procurando satisfação na fantasia. Se a dimensão horizontal da parede
for superenfartizada em relação à vertical, o indivíduo pode estar funcionando inefi-
cientemente, porque o passado ou futuro interferem em sua atenção. Este indivíduo
pode ser considerado vulnerável a pressões ambientais, à medida que muito dele,
figurativamente falando, está disponível para os ataques no nível da realidade. Se a
42
Interpretação
Perspectiva
Indivíduos mentalmente deficientes geralmente desenham casas com "perspecti-
va dupla", mostrando uma parede principal com paredes dos dois lados. As paredes
das duas extremidades são normalmente menores do que a parede principal nestes
desenhos (Figura 19a). As crianças pequenas também produzem esse tipo de dese-
nho. Esquizofrênicos, por outro lado, desenham as paredes das duas extremidades
maiores do que a principal (Figura 17a); os esquizofrênicos parecem considerar que
as paredes das extremidades protegem a parede central ou principal.
Indivíduos esquizóides podem perder a perspectiva completamente em seus de-
senhos da casa. Por exemplo, eles podem desenhar uma parede e um telhado corre-
tos em um lado da casa, e uma linha vertical perpendicular ao solo no outro lado tanto
para a parede como para o telhado. O resultado é incongruente. Um lado mostra
profundidade e o outro parece cortado abruptamente. Isso parece indicar uma dificul-
dade organizacional inicial e talvez um bloqueio temporal.
Um indivíduo, experenciando exposição debilitante a pressões ambientais e muito
preocupado com o que os outros pensam, às vezes, irá desenhar uma casa em que
os quatro lados aparecem simultaneamente. Um indivíduo, vivenciando conflitos se-
veros na situação do lar, pode desenhar apenas um esquema ou planta da casa,
refletindo uma tentativa de estruturar toda a situação. É surpreendente a tendência
desses indivíduos para ilustrar seus sentimentos relativos aos problemas apresenta-
dos por vários cômodos ou pelos ocupantes costumeiros desses cômodos, alterando
o tamanho dos cômodos ou sua localização real.
Uma moça jovem, solteira e grávida mostrou grande dificuldade em desenhar uma
varanda. Finalmente ela a desenhou em um ângulo incomum da casa, voltada para a
direita da página. Isso foi interpretado como uma expressão simbólica de sua relutân-
cia em aceitar uma extensão similar dela mesma (bebê) no futuro (direita da página).
43
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
44
1nterpretação
Detalhes
Detalhes essenciais. A casa deve ter, no mínimo, uma porta (a menos que so-
mente a lateral da casa seja desenhada - o que sugere patologia). Ela deve ter uma
porta, uma janela, uma parede e um telhado (a menos que seja identificada como
uma casa tropical ou outra habitação sem telhado) e deve ter uma chaminé ou um
meio de saída para a fumaça.
O telhado e as paredes da casa parecem representar, de uma forma rudimentar, o
ego do indivíduo: Os limites periféricos da personalidade são representados pelos
limites periféricos da parede e do telhado. Muita ênfase nessas linhas periféricas ou
de "contenção" indicam um esforço consciente para manter o controle. Linhas perifé-
ricas fracas e inadequadas sugerem um sentimento de colapso iminente e fraco con-
trole do ego. Quando a casa é considerada um auto-retrato do indivíduo, o telhado
representa as áreas do pensamento e da fantasia. O telhado pode se estender até o
chão e tornar-se, na verdade, tanto uma parede como um telhado. Esse tipo de casa
é produzido por esquizofrênicos que parecem estar simbolicamente enfatizando o
fato de que seu mundo é em grande parte fantasia (Figura 14a). Ênfase no beiral do
telhado por reforçamento ou extensão para além das paredes implica uma atitude de
desconfiança usual excessivamente defensiva (Figura ?a).
A porta e janelas usualmente representam acessibilidade; as portas dos fundos e
laterais parecem enfatizar evasão. A ênfase no revestimento, fechadura e/ou dobra-
diça da porta sugerem uma sensibilidade defensiva. A ênfase na maçaneta sugere
excesso de consciência da função da porta e/ou preocupação fálica. As janelas da
casa constituem formas menos diretas e imediatas de interação com o ambiente do
que a porta. Uma janela sem vidraças, grades ou indicação de materiais de vidro é
geralmente desenhada por indivíduos com tendências negativistas que dizem: "Eu
tornarei impossível você ver dentro" (Figura 8a). Um grande número de grades pode
expressar um sentimento de que o quarto atrás da janela é uma prisão; fechaduras
nas janelas indicam uma atitude manifestamente defensiva. Um grande número de
janelas descobertas implicam que o indivíduo tende a comportar-se de modo áspero
e direto. Indivíduos sexualmente desajustados mostram a tendência para ver portas e
janelas como substitutos oral, vaginal ou retal. As janelas do andar térreo são mais
freqüentemente omitidas ou distorcidas no tamanho ou na localização do que as jane-
las dos andares superiores. Ocasionalmente, as janelas ou portas da casa são dese-
nhadas abertas. Uma casa descrita como ocupada indica um alto grau de acessibilidade
tranqüila. Se for dito que a casa está desocupada pode-se supor que existe uma
extraordinária falta de defesa do ego. Em cada caso, a interpretação estará sujeita a
modificações pela descrição do indivíduo sobre o tempo no desenho.
Quando a chaminé é desenhada com facilidade e sem distorções ou ênfases, im-
plica que o indivíduo tem uma maturidade e equilíbrio sensual satisfatórios. A omis-
são da chaminé não representa um sério desajustamento, bem como a ênfase
excessiva na chaminé. Indivíduos desajustados sexualmente tendem a tratar a cha-
miné como um símbolo fálico. Abundância de fumaça da chaminé indica considerável
tensão interna, presumivelmente ocasionada por relações insatisfatórias com aque-
les com quem o sujeito vive. Crianças pequenas comumente desenham a chaminé
em ângulo reto com um telhado triangular.
45
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
46
1nterpretação
uma grande lata de lixo que são desenhados perto da casa que é, por outro lado, uma
mansão, indicando sentimentos de hostilidade agressiva. Se não houver linha de solo
ou a casa estiver suspensa acima da linha do solo, o contato do indivíduo com a
realidade pode ser tênue.
Nuvens indicam ansiedade generalizada (Figura 11 a). Montanhas são, às vezes,
desenhadas nos fundos e indicam uma atitude defensiva e necessidades de depen-
dência. Chuva e neve, embora raras, implicam uma forte necessidade do indivíduo
em expressar seus sentimentos de estar sendo submetido a pressões ambientais
fortes e opressivas. A neve tem mais implicações patológicas do que a chuva.
Dimensão do detalhe. A casa quase nunca inclui características unidimensionais.
Lesões orgânicas são fortemente indicadas se o indivíduo começa a casa como se
fosse fazer um desenho convencional em três dimensões, mas termina produzindo o
equivalente a um esquema.
Sombreamento do detalhe. O sombreamento normal da casa inclui a representa-
ção do material da parede e linhas cruzando a janela para representar vidro. Sombras
desenhadas espontaneamente e antes que o sol seja desenhado representam uma
situação de conflito na qual a ansiedade é vivida no nível consciente.
Seqüência do detalhe. Muitos indivíduos começam a casa desenhando o telhado,
as paredes, uma porta e uma janela; ou desenhando a linha de solo, paredes e um
telhado. Indivíduos inseguros desenham, às vezes, simetricamente (duas chaminés,
duas janelas, duas portas etc.) (Figura 15a); indivíduos gravemente desajustados às
vezes desenham de forma segmentada (detalhe por detalhe sem considerarem as
relações dos detalhes entre si ou com o todo).
Adequação da cor
A casa pode ser produzida em qualquer cor sem violar a realidade do ponto de
vista cromático. Tipicamente, a chaminé é vermelha, preta ou marrom; a fumaça é
preta ou marrom; o telhado é preto, verde, vermelho ou marrom; as paredes são
pretas, marrons, verdes, vermelhas, amarelas ou azuis; as portas e as molduras das
janelas são pretas, marrons, verdes, vermelhas ou azuis; e as venezianas são pretas,
verdes, marrons, azuis ou vermelhas.
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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
desenha com a exatidão de um arquiteto. Uma razão pode ser porque a casa é um
auto-retrato do indivíduo, quando ele age numa situação que envolve os aspectos
mais íntimos de suas relações interpessoais. Uma outra pode ser porque os indivíduos
tendem a enfatizar os aspectos da casa que tenham significados mais agradáveis ou
desagradáveis para eles. Essa ênfase pode incluir exagero ou diminuição de um de-
talhe e/ou distorção da proporção e da perspectiva. Uma terceira razão pode ser o
fato de que a casa em parte, às vezes, representa várias habitações do passado, do
presente e do futuro. Se a casa pertencer a uma outra pessoa, determinar se é vista
como um lugar positivo ou negativo.
4. Em que casa você estava pensando enquanto estava desenhando? Esta per-
gunta procura obter informações que levem a uma identificação mais precisa. A casa
desenhada, bem como a árvore e a pessoa, podem ter diversas identidades.
5. Você gostaria que esta casa fosse sua? Por que? A resposta do indivíduo a esta
pergunta pode revelar atitudes em relação a seu lar e às pessoas com quem ele
partilha o lar. Pode mostrar que tipo de casa o indivíduo gostaria de ter, a força do
desejo de possuí-la e a probabilidade de que este objetivo produzirá frustração. Se o
indivíduo preferir esta casa à sua, por ser maior, é provável que exista uma superlota-
ção real ou um sentimento de frustração. Se a casa é rejeitada por ser grande de-
mais, o indivíduo pode se sentir inseguro em sua casa atual.
6. Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse, qual quarto
você escolheria para você? Por que? O desejo expiesso de indivíduos iet;afdos de
procurarem refúgio em um quarto dos fundos do andar de cima pode ser surpreen-
dente. Um quarto de um andar superior pode ser escolhido, pois assim o indivíduo
pode olhar para fora mais facilmente. Indivíduos desconfiados tendem a escolher
quartos que lhes permitam a observação total dos arredores das portas. Ocasional-
mente, as razões para a escolha de um quarto no andar de baixo revelarão sentimen-
tos de insegurança e a necessidade de se estar mais próximo da realidade. Qualquer
outra escolha que não seja a de um quarto pode ser vista como significativa e pode
ser interpretada em termos da significação do cômodo particular escolhido. A posição
do cômodo escolhido em relação aos outros quartos pode indicar o grau de proximi-
dade sentido em relação a cada membro da família.
7. Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? Crianças
desajustadas podem revelar forte necessidade de afeto e aprovação paterna dizendo
que querem os pais morando com elas, mas não os seus irmãos. Indivíduos forte-
mente paranóicos geralmente preferem morar sozinhos ou com outra pessoa que
eles possam dominar. Os pacientes rapidamente detectam o significado desta per-
gunta e evitam respostas diretas; a tentativa de evasão pode ser mais reveladora do
que uma resposta franca.
8. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe? Esta é uma
outra pergunta que testa a realidade e respostas diretas, contradizendo a realidade,
são significativas. Normalmente a proximidade parece significar capacidade de reali-
zação ou sentimentos de calor e acolhimento, ou ambos. A distância sugere luta ou
sentimentos de rejeição, ou ambos.
9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão que ela está acima,
abaixo ou no mesmo nível do que você? As respostas a esta pergunta parecem se
referir a relações pessoais, com ênfase no lar e na família.
48
1nterpretação
1O. Em que esta casa faz você pensar ou lembrar? A qualidade da associação é
importante, bem como sua valência para o indivíduo.
11 . Em que mais? É importante dar ao indivíduo a oportunidade de expandir suas
associações em cada desenho. Aqui, mais uma vez, a qualidade das relações entre as
idéias é tão interessante como o seu tom positivo ou negativo para o cliente.
12. É um tipo de casa feliz, amigável? O tom emocional que acompanha uma
resposta negativa pode dizer muito sobre o ponto de vista do indivíduo em relação ao
lar e aos que o habitam. Respostas altamente evasivas podem indicar valências forte-
mente negativas.
13. O que nela lhe dá essa impressão? Ocasionalmente um indivíduo tentará justi-
ficar uma resposta descrevendo detalhes físicos superficiais da casa, descrevendo-a
como uma casa feliz porque ela tem cortinas, fumaça saindo da chaminé, etc. Res-
postas a esta questão serão uma expressão direta dos sentimentos do indivíduo refe-
rentes às pessoas que ocupam a casa desenhada e sua opinião ou seus sentimentos
em relação a eles.
14. A maioria das casa é assim? Por que você acha isso? Esta pergunta tenta
determinar em que extensão têm sido generalizados os sentimentos hostis ou amigá-
veis do indivíduo em relação à casa e a seus ocupantes.
15. Como está o tempo neste desenho? (período do ano e do dia, céu, temperatura).
16. De que tipo de tempo você gosta? Esta pergunta mostra o nível de estresse ou
calor humano no lar.
17. De quem esta casa faz você lembrar? Por que? Muitas vezes a pessoa nomea-
da é um membro íntimo da família do indivíduo.
18. Do que esta casa mais precisa? Por que? Respostas definidas expressam,
normalmente, a necessidade do indivíduo de afeto, abrigo, segurança e boa saúde.
19. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado
da casa), quem seria? Freqüentemente objetos aparentemente irrelevantes desenha-
dos ao redor da casa representam membros da família ou pessoas com as quais o
indivíduo está intimamente associado. A distância deles em relação à casa na folha
do desenho pode caracterizar estas relações pessoais.
20. A que parte da casa esta chaminé está ligada? Se a chaminé desenhada suge-
rir patologia, esta pergunta pode ajudar a identificar relações familiares relevantes ou
aspectos da vida no lar.
21. Inquérito da planta dos andares. (Desenhe uma planta dos andares com os
nomes, ex., Que cômodo é representado por cada janela? Quem geralmente está
Já?) A planta da casa pode expressar através de distorções de proporção, dificuldade
de apresentação ou omissão de um ou mais quartos, a presença de conflitos entre os
ocupantes da casa ou a função costumeira de um ou mais cômodos.
ÂRVORE
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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Proporção
Uma árvore muito pequena sugere fortes sentimentos de inadequação para lidar
com o ambiente. Uma árvore muito grande, particularmente uma que é cortada pelas
margens da folha, implica uma busca de satisfação supercompensatória, fantasia, ou
ambas e conota, na melhor das hipóteses, hipersensibilidade.
Uma árvore com um tronco muito fino ou muito pequeno e com uma grande estru-
tura de galhos (ou copa) indica um equilíbrio precário da personalidade por causa da
excessiva busca de satisfação (Figura 15b). Uma pequena estrutura de galhos com
um tronco muito grande sugerem um equilíbrio precário da personalidade, por causa
da frustração gerada pela incapacidade de satisfazer fortes necessidades básicas
(Figurà 12b).
Um tronco com uma base larga, mas que se torna muito fino a uma pequena
distância acima da base implica um ambiente anterior sem estimulação calorosa e
saudável. Um tronco que é mais estreito na base do que em um ponto mais alto é uma
forte indicação de patologia, que sugere um esforço além das forças do indivíduo,
com uma implicação concomitante de um possível colapso do controle do ego.
Perspectiva
Localização vertical na página. Normalmente, a árvore é desenhada mais para
cima no eixo vertical da folha do que a casa ou a pessoa.
Margens da página. O uso do lado do papel como um lado do tronco sugere ten-
dências agressivas reativas à constrição de espaço, com uma sensibilidade aumentada
resultante. Essas tendências podem ser reprimidas ou não.
Relação com o observador. A árvore desenhada abaixo do observador parece
simbolizar um sentimento do indivíduo de depressão ou derrota. Uma árvore dese-
nhada como se estivesse parcialmente no alto de uma montanha parece simbolizar
um sentimento de esforço ou uma necessidade de proteção e segurança, o que é
parcialmente fornecido pelo lado da montanha. Uma árvore desenhada no topo de
uma montanha nem sempre indica um sentimento de superioridade. Ao contrário pelo
fato de estar exposta e, portanto sujeita ao ataque dos elementos, pode representar
um sentimento de isolamento concomitante a uma luta por autonomia.
Posição. Embora seja impossível desenhar a árvore de perfil, às vezes, um indiví-
duo irá, indicar que a árvore está mostrando seu lado para ele.
Transparências. Raízes que estão obviamente abaixo do solo, mas mesmo assim
são visíveis, sugerem fortemente uma falha patológica no contato com a realidade
(Figura 14b).
50
Interpretação
Detalhes
Detalhes essenciais. A árvore deve ter um tronco e pelo menos um galho. O
tronco parece representar o sentimento básico de poder do indivíduo. Os galhos, por
seu tamanho e posição em relação ao tronco e à página, parecem indicar os recursos
de obtenção de satisfação do indivíduo. Galhos parcialmente bidimensionais e som-
breados e galhos apresentados com sombreamento desenhado fácil e rapidamente
parecem representar o ajustamento mais maduro. Galhos que se dirigem para o cen-
tro da árvore, em vez de convencionalmente se dirigirem para fora, implicam fortes
tendências ruminativas e são vistos em desenhos de obsessivo-compulsivos. Galhos
grossos e curtos, como se fossem cortados perto do tronco podem indicar tendências
suicidas; galhos quebrados ou mortos parecem representar eventos traumáticos vivi-
dos pelo indivíduo. Galhos reforçados sugerem um sentimento de inadequação na
busca de satisfação. Quanto maior a flexibilidade da estrutura e melhor a organização
dos galhos da árvore, maior é a capacidade presumida do indivíduo para obter satis-
fação de seu ambiente, se todas as outras condições se mantém iguais. A árvore,
particularmente seu tronco, é prontamente vista como um substituto fálico para indiví-
duos desajustados sexualmente.
Detalhes não essenciais. A folhagem é freqüentemente desenhada empregando
sombreamento e, às vezes, com detalhe cuidadoso; um sistema de galhos e a casca
da árvore são comuns. Quando a casca é desenhada facilmente uma interação bem
equilibrada está implicada, enquanto que a casca desenhada com linhas muito pesa-
das e consistentes refletem a presença de ansiedade. A casca que é desenhada
meticulosa e cuidadosamente sugere que o indivíduo possa estar compulsivamente
muito preocupado com sua relação com o ambiente presente (Figura 7b). Cicatrizes
desenhadas no tronco devem ser investigadas durante o Inquérito Posterior ao Dese-
nho (Figura 12b).
As folhas podem ser cosméticas ou funcionais. Como enfeites (cosméticas), elas
decoram e cobrem o esqueleto da árvore. Funcionalmente, elas servem para estabe-
lecer o contato mais imediato e direto com o ambiente. Folhas desenhadas meticulo-
sa e cuidadosamente são sinais de características obsessivo-compulsivas.
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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
52
1nterpretação
uma árvore com tronco unidimensional e galhos unidimensionais tortuosos, que não
formam um sistema.
A maior parte dos desenhos da árvore são pelo menos bidimensionais. Galhos
bidimensionais desenhados como dedos ou bastões e com organização limitada im-
plicam forte hostilidade. Galhos bidimensionais fálicos sugerem o temor de castra-
ção. Galhos desenhados em duas dimensões, mas sem fechamento nas extremidades,
indicam falta de controle na expressão dos impulsos (Figura 12b).
Uma árvore com forma de um buraco de fechadura, sem linhas fechando a base
circular, com estrutura circular, sem sombreamento dos galhos e sem linha fechando
a base do tronco reflete fortes tendências oposicionistas. É como se o indivíduo dis-
sesse, "Eu vou desenhar com o mínimo que eu puder para fazer uma árvore reconhe-
cível." A árvore "Nigg's' é como a árvore buraco de fechadura, exceto pelo fato de sua
copa não ser sombreada, possuir bordas como dentes de serra que de certa forma
lembram as bordas serrilhadas de um quebra-nozes. Essa árvore é geralmente pro-
duzida por indivíduos de personalidade rígida e compartimentalizada.
Sombreamento do detalhe. O sombreamento é mais freqüentemente usado na
árvore do que na casa ou na pessoa. A estrutura de galhos da árvore e a folhagem
são geralmente indicadas por sombreamento total; a casca da árvore é normalmente
representada com sombreamento parcial. "Sombras brancas" são uma estratégia rara,
que sugere pensamentos esquizóides, em que os galhos são indicados como tendo
partes dos galhos bidimensionais mostradas através do espaço branco, e sem que a
área das folhas seja realmente desenhada, dando ao próprio espaço uma sugestão
de solidez. Quando os galhos forem indicados sem o uso de sombreamento, tendên-
cias oposicionistas podem estar presentes.
Seqüência do detalhe. A árvore é normalmente desenhada pela produção do
tronco, de um sistema de galhos e, depois da folhagem; ou fazendo a parte superior
da árvore, os galhos (com ou sem indicações de sombras), depois o tronco e a base
do tronco. Uma seqüência do desenho da árvore que indica desajustamento é aquela
em que o indivíduo começa fazendo de uma forma adequada, mas termina dese-
nhando galhos unidimensionais ou bidimensionais de forma vaga, sem apagar a pro-
dução original.
Patologia é indicada se dois galhos bidimensionais forem desenhados, um abaixo
do outro (à esquerda) começando do topo da árvore, seguido de galhos parecidos à
direita, mas que não se unem entre si ou ao tronco. As duas linhas do tronco, não
unidas no topo ou na base, e que não tocam os galhos são, então, desenhadas,
seguidas de uma linha periférica unindo as pontas externas dos galhos.
Ênfase no detalhe. Ênfase exagerada nos galhos do lado esquerdo da árvore
pelo número e/ou tamanho sugerem um desequilíbrio da personalidade ocasionado
por uma forte tendência de busca de satisfação emocional direta e imediata. Ênfase
exagerada no lado direito sugere desequilíbrio produzido também por uma forte ten-
dência a evitar ou adiar satisfação emocional e a procurar satisfação através do esfor-
ço intelectual. Por outro lado, simetria absoluta na estrutura dos galhos implica
sentimentos de ambivalência e incapacidade em aceitar dominância para qualquer
forma de ação.
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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Adequação da Cor
Os troncos das árvores tendem a ser desenhados em marrom ou preto. Os galhos
são geralmente desenhados em marrom e preto; a folhagem em verde, amarelo, ver-
melho, marrom e preto; as frutas em vermelho, amarelo e verde; e as flores em verme-
lho, laranja, azul e violeta.
54
Interpretação
comumente, os gaihos ou as raízes são vistas como mortas ou partes mortas. Gaihos
mortos parecem expressar a crença do indivíduo de que muita frustração foi produzi-
da apenas por fatores extrapessoais do ambiente. Às vezes, um galho morto repre-
senta um trauma físico ou psicológico, e a localização do galho ao longo do tronco
pode indicar a idade relativa em que o trauma ocorreu. Raízes mortas implicam dese-
quilíbrio ou desintegração intrapessoal com o início de uma séria perda de contato
com a realidade. Um indivíduo que desenha a árvore com um tronco morto revela uma
severa perda de controle do ego.
A pergunta sobre há quanto tempo a árvore está morta permite determinar a im-
pressão do indivíduo da duração de seu desajustamento, o que geralmente não coin-
cide com a data fornecida na história do paciente. Quando o indivíduo especifica uma
data deve-se determinar o evento que fixou a data tão firmemente em sua memória.
Como na questão 28, às vezes o indivíduo irá dizer que uma parte da árvore está
morta por ter perdido suas folhas no inverno. Perguntar se a parte que esta morta
voltará a viver um dia pode ajudar a determinar se é este o caso.
30. Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher? Em geral,
pinheiros ou abetos são vistos como masculinas; bordos e árvores frutíferas como
femininas. Para crianças, esta questão traz a identificação da árvore com o pai, a mãe
ou outra pessoa com quem a criança se identifica.
31. O que nela lhe dá esta impressão? O sexo atribuído à árvore parece ser nor-
malmente determinado por características, tais como a forma, a força, a aspereza, a
graciosidade, a fragilidade, etc. Algumas vezes, entretanto, certos aspectos da árvore
são vistos como partes correspondentes específicas da figura humana. Os longos
galhos de uma sempre-viva lembraram a um indivíduo o cabelo de sua mãe. Uma
pequena garota desajustada afirmou explosivamente que ela viu o punho de seu pai
no meio da estrutura dos galhos de uma árvore de bordo, "Exatamente como ele
costumava levantá-lo para bater em minha mãe!"
32. Se ela fosse uma pessoa ao invés de uma árvore para onde ela estaria virada?
Como a árvore não tem frente, lado e nem costas, exceto como vista pelo observador,
a resposta do indivíduo a esta pergunta é uma projeção de sua relação com o ambiente.
A resposta pode também revelar a atitude de pessoa representada pela árvore em
relação ao indivíduo.
33. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? Respostas a essa ques-
tão não são muito significantes, a não ser que tenham forte carga emocional. Sentimen-
tos de isolamento e/ou uma necessidade de associação com outros são freqüentemente
estimulados aqui.
34. Quando você olha para esta árvore, você tem a impressão de que ela está
acima, abaixo ou no mesmo nível do que você? Para alguns indivíduos, uma árvore
desenhada crescendo no topo de uma colina simboliza esforço tenso em relação a
um objetivo distante e talvez inatingível. Para outros, reflete necessidade de autono-
mia e domínio. Para muitos, uma árvore desenhada parcialmente protegida por um
montanha indica uma necessidade de proteção e auxílio. Uma árvore desenhada
claramente abaixo do observador quase invariavelmente conota depressão de hu-
mor, bem como um sentimento de inferioridade.
55
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
35. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura)
Supõe-se que a árvore expressa um sentimento consciente ou subconsciente do
se/f do indivíduo em relação ao ambiente. Uma vez que as forças externas que
afetam uma árvore viva são amplamente metereológicas, não é surpreendente que
muitos indivíduos sejam capazes de expressar simbolicamente seus sentimentos
de que seu ambiente é protetor e amigável ou opressor e hostil. Os indivíduos po-
dem descrever condições de tempo desagradáveis em detalhe, apesar da ausência
de qualquer representação de tais condições no desenho. A significação que o tem-
po descrito tem para o indivíduo deve ser explorada. Obviamente, o significado de
um tempo frio, por ~xemplo, não será o mesmo para alguém que o prefira, em
relação a outro que não o faça. Crianças pequenas geralmente preferem a neve
porque gostam de brincar nela.
36. Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está soprando.
Que tipo de vento é este? O vento simboliza sentimentos de pressão de forças
ambientais, pessoais ou situacionais. Um jovem adulto com uma neurose severa
respondeu: "É a calma antes da tempestade." Para a pergunta do examinador: "A
tempestade irá danificar a árvore?" foi obtida a resposta, "Não, eu acho que não. É
a tranqüilidade antes da guerra atômica. Não irá destruir a árvore; apenas o cachor-
ro." O indivíduo reiterou várias vezes que a sua árvore, obviamente um auto-retrato,
representava a "Beleza" e o cachorro, que estava farejando o tronco da árvore,
significava o "Homem".
Normalmente o vento é descrito como soprando horizontalmente da esquerda para
a direita. Isso revela, na ausência de intensidade incomum, a tendência do campo psi-
cológico de locomoção do passado (esquerda) para o futuro (direita). Ventos que têm
intensidade acima da média e que desviam da direção convencional parecem ser signi-
ficativos; um indivíduo muito perturbado, por exemplo, afirmou que o vento estava so-
prando em todas as direções simultaneamente. Ventos descritos como soprando do
chão para o alto da árvore, cruzando a página ·diagonalmente para cima, simbolizam
um forte desejo de escapar da realidade. O inverso se aplica a ventos ditos como so-
prando diagonalmente de um canto superior para o inferior oposto (e a conotação tem-
poral, esquerda para passado, direita para futuro, parece se manter). O vento descrito
como soprando da direita para esquerda pode indicar uma tendência a regredir sob
pressões ambientais ou intrapessoais. Indivíduos narcisistas podem descrever o vento
como soprando "em minha direção".
A descrição do indivíduo da velocidade, umidade e temperatura do vento pode ser
reveladoras. Um vento descrito como soprando com grande força, muito úmido, muito
seco, muito quente, muito frio ou alguma combinação desse tipo, sugere que o indiví-
duo sofre pressões dolorosas de uma ou mais fontes ambientais. O grau da pressão
sentida presumivelmente corresponde ao grau de variação em relação a um estado
de tempo calmo. Isto pressupõe, é claro, que a resposta não seja apenas uma descri-
ção do tempo na hora do exame.
37. O que esta árvore faz você lembrar?
38. O que mais? Assim como para os outros desenhos, a qualidade destas associa-
ções deve ser observada de acordo com o seu tom positivo ou negativo.
56
1nterpretação
39. Esta árvore é saudável? O que nela lhe dá essa impressão? Os indivíduos têm
expressado imagem corporal, sentimentos de inadequação, isolamento, pressões am-
bientais, etc., mais facilmente nos comentários sobre a árvore do que nos relativos à
pessoa, aparentemente, porque a árvore não desperta fortes sentimentos de identifica-
ção ou nem muitas associações conscientes ou tão próximas do nível da consciência
como a pessoa. Logicamente, uma resposta negativa pode apenas indicar uma preocu-
pação do indivíduo acerca de sua saúde ou da saúde da pessoa que a árvore representa.
40. Esta árvore é forte? O que nela lhe dá essa impressão? Saúde e força são
duas qualidades diferentes para muitas pessoas. A presença de saúde não implica,
necessariamente, presença concomitante de força ou vice-versa. A resposta indica a
estimativa do indivíduo da sua própria força do ego.
Quando a estrutura da raiz da árvore não for desenhada, o examinador deve pedir
ao indivíduo para desenhar, já que ela pode representar sua visão da força e da
qualidade dos aspectos da personalidade teorizados como estando abaixo do nível
consciente.
41. De quem esta árvore faz você lembrar? Muitas vezes, estes são indivíduos
com quem o cliente se identifica fortemente.
42. Do que esta árvore mais precisa? Por que? Respostas claras comumente ex-
pressam simbolicamente as necessidades do indivíduo de afeto, proteção, seguran-
ça e boa saúde. Respostas como "luz do sol" ou "água" são freqüentes e devem ser
consideradas como particularmente significativas.
43. Alguém já machucou esta árvore? Como? Essas respostas costumam indicar
o grau em que o indivíduo sente-se agredido pelo ambiente. A localização do ferimen-
to pode ser informativo. Ferimento na raiz implica uma ameaça à capacidade funda-
mental do indivíduo de se manter em contato com a realidade; ferimentos nos galhos
podem indicar obstáculos à obtenção de satisfação bem sucedida por um indivíduo
cujos processos de pensamento estão basicamente intactos.
44. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer objeto desenhado separado
da árvore), quem ele poderia ser? Da mesma forma que nos outros desenhos, o
examinador deve observar a qualidade destas associações, bem como seus signifi-
cados positivos ou negativos para o cliente.
PESSOA
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H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Proporção
Uma diferença acentuada de proporções entre o lado esquerdo e o direito da pes-
soa sugere confusão no papel sexual, especificamente, e desequilíbrio da personali-
dade, em geral.
Indivíduos desajustados que colocam ênfase indevida na inteligência ou na fanta-
sia como uma fonte de satisfação geralmente desenham uma cabeça muito grande.
Cabeças desproporcionalmente pequenas são desenhadas por indivíduos obsessivo-
compulsivos e podem representar uma negação do lugar de pensamentos dolorosos
e sentimentos de culpa. Olhos pequenos conotam um desejo de ver o mínimo possí-
vel. Uma boca muito grande implica erotismo oral e/ou tendências agressivas orais.
Um pescoço longo e fino sugere características esquizóides.
Um tronco desproporcionalmente grande implica a presença de muitos impulsos
insatisfeitos que o indivíduo pode sentir intensamente (Figura 19c). Um tronco des-
proporcionalmente pequeno sugere uma negação de impulsos do corpo e/ou sen-
timentos de inferioridade. Um tronco comprido e estreito carrega conotações
esquizóides. O tamanho do ombro é um indicador do sentimento de força básica ou
poder, tanto físico como psicológico. Ombros desproporcionalmente grandes revelam
sentimentos de força ou muita preocupação acerca da necessidade de força ou poder
(Figura 18c), enquanto que ombros muito pequenos implicam sentimentos de inferio-
ridade. Desigualdade no tamanho dos ombros sugere desequilíbrio da personalidade.
Braços muito longos implicam esforço para ambição exagerada, enquanto braços
muito curtos conotam a ausência de esforço (Figura 19c). Braços largos sugerem um
sentimento básico de força para luta; braços finos retratam sentimentos de fraqueza.
Mãos grandes implicam impulsividade e falta de capacidade nos aspectos mais refi-
nados do convívio social (Figura 15c). Mãos pequenas sugerem uma relutância para
estabelecer contatos mais íntimos e refinados na convivência psicossocial.
Pernas desproporcionalmente longas conotam um forte esforço para autonomia,
enquanto pernas muito curtas implicam sentimentos de constrição. Disparidade no
tamanho das pernas sugere ambivalência relacionada ao esforço para autonomia ou
independência. Pés muito grandes indicam necessidade de segurança e sugerem
uma necessidade de demostrar virilidade. Pés desproporcionalmente pequenos im-
plicam constrição e dependência (Figura 19c).
Perspectiva
Margens da página. Se as pernas forem cortadas pela margem inferior da página,
o sentimento de falta de autonomia do indivíduo é provavelmente quase esmagadora.
Quando as pernas forem desenhadas cortadas pelo papel, o clínico deve descobrir
qual seria a extensão da perna para baixo da borda inferior da folha.
Relação com o observador. A pessoa é raramente desenhada como acima do
observador. Quando isto ocorrer, a significação parece ser a de que o indivíduo dese-
ja manter-se afastado do convívio social ou sente-se oprimido e dominado pela pes-
soa representada.
Posição. Uma pessoa desenhada totalmente de frente, sem sugestão de profun-
didade e os braços completamente estendidos em ângulo reto com o tronco, implica
58
1nterpretação
Detalhes
Detalhes essenciais. A pessoa deve ter uma cabeça, um tronco, duas pernas e
dois braços, a não ser que apenas um deles possa ser visto ou que a ausência seja
59
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
explicada de algum modo, como por uma amputação, por exemplo. Os traços faciais
devem incluir dois olhos, um nariz, uma boca e duas orelhas, a não ser que a posição
seja tal que as orelhas não possam ser vistas, ou sua ausência seja explicada verbal-
mente como por uma mutilação.
Considera-se que a cabeça representa a área de inteligência, controle e fantasia.
Os olhos, receptores de estímulo visual, são talvez os detalhes mais reveladores da
constelação facial. Eles são normalmente os primeiros detalhes faciais desenhados
pelas crianças pequenas. Olhos desenhados como buracos ocos, sem nenhuma ten-
tativa de indicar a íris ou a pupila, implicam uma forte evitação de estímulos visuais
desagradáveis (Figura 8c). Um indivíduo exprimiu uma tendência de excluir estímulos
visuais e procurar satisfação na fantasia desenhando os olhos de sua pessoa virados
para dentro. No Inquérito Posterior ao Desenho, ele comentou que estava olhando a
si mesmo pensar. Omissão completa de olhos é patológica e deve se suspeitar da
presença de alucinações visuais. Omissão das orelhas pode indicar a presença de
alucinações auditivas, embora as orelhas sejam freqüentemente omitidas por indiví-
duos retardados bem ajustados. A boca, presumivelmente a receptora das sensa-
ções mais precoces de prazer, pode também ser um instrumento de agressão; esta
probalidade é aumentada com a presença de dentes (Figura 8c). Acredita-se que o
queixo seja um símbolo de masculinidade.
O tronco é a sede das necessidades e impulsos físicos básicos; a ausência do
tronco implica a negação de impulsos corporais (figura 5c). Os ombros expressam o
sentimento do indivíduo de força básica ou poder. Ombros bem desenhados, nitida-
mente arredondados, implicam uma expressão de poder bem equilibrada, branda,
flexível e estável. Ombros claramente quadrados conotam atitudes hostis e demasia-
damente defensivas (Figura 11 c). Os braços são vistos como instrumentos de contro-
le ou para fazer mudanças no ambiente. A omissão dos dois braços implica um forte
sentimento de inadequação; tendências suicidas podem estar presentes e deve-se
'
suspeitar de um forte temor de castração. Esquizofrênicos tendem a desenhar braços
que se parecem com asas, com penas curtas e largas em vez de dedos. Desenhar a
parte inferior do tronco - o local dos impulsos sexuais - causa grande dificuldade para
muitos indivíduos desajustados. A incapacidade de fechar a base da pélvis é um forte
indicador de patologia.
As pernas, como os instrumentos do corpo para locomoção, podem ser considera-
das como representando a visão que o indivíduo tem de sua autonomia dentro do
ambiente. A ausência de pernas sugere fortes sentimentos de constrição e provavel-
mente preocupações igualmente fortes de castração.
Detalhes não essenciais. Um pescoço, mãos, pés, cabelo e roupas são normal-
mente incluídos no desenho da pessoa. O pescoço, unindo a cabeça (área do contro-
le) ao corpo (considerada área dos impulsos), é um indicador da coordenação entre a
cabeça e o corpo. Omissão de uma linha do queixo na representação da pessoa toda
de frente ou uma linha na base do pescoço em perfil implicam um preocupante fluxo
livre dos impulsos básicos do corpo com uma provável falta de controle adequado. A
mesma significação é ainda mais forte quando todo o pescoço for omitido. Nesses
60
1nterpretação
61
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
podem estar expressando fortes desejos para ouvir distintamente aquilo que eles
sentem que os outros estão dizendo sobre eles. Pouca ênfase nas orelhas pode indi-
car um desejo de impedir a entrada da crítica. A ênfase exagerada no queixo implica
a necessidade de domínio social; pouca ênfase indica um sentimento de impotência
social.
A linha da cintura pode ser considerada a coordenadora dos impulsos de poder
(parte superior do tronco) e dos impulsos sexuais (parte inferior do tronco). Ênfase
exagerada na cintura, normalmente expressa pela dificuldade em desenhar um cinto
ou por um cinto muito sombreado, implica forte conflito entre a expressão e o controle
dos impulsos sexuais. Ênfase nos joelhos ou nas nádegas de uma pessoa masculina
desenhada por um indivíduo do sexo masculino pode indicar a presença de fortes
impulsos homossexuais. Muito detalhamento dos pés, como atenção minuciosa aos
laços do sapato, aos dedos do pé, etc., sugere características obsessivas com um
forte componente narcisista-exibicionista (Figura 10c).
A ênfase em certos itens da roupa parecem ter implicações específicas. Muita
ênfase no cinto implica preocupação e interesse sexual excessivo. Muita ênfase na
gravata conota preocupação fálica e sentimentos de impotência. Uma multiplicidade
de botões sugere regressão ou, quando desenhada por uma criança, forte dependên-
cia à mãe.
Qualidade da Linha. Ênfase nas linhas periféricas da cabeça sugere fortes esfor-
ços para a manter o controle frente a fantasias perturbadoras e ideação obsessiva ou
alucinatória.
Adequação da Cor
As cores típicas usadas para a pessoa são o preto e o marrom para o contorno;
preto, marrom, amarelo e vermelho para os cabelos; azul, marrom e preto para os
olhos; vermelho e preto para os lábios; preto e marrom para ternos; e preto, marrom,
verde, vermelho e azul para os sapatos.
62
1nterpretação
víduo irá mais tarde identificar a pessoa durante o questionamento direto. Muitas
vezes a pessoa será identificada posteriormente como alguém diferente e o desenho
pode, na verdade, representar uma combinação de pessoas diferentes.
48. Ele (ela) é um parente, um amigo ou o que? Esta pergunta pode ajudar a
estabelecer a valência positiva ou negativa que a pessoa identificada apresenta para
o indivíduo.
49. Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando? Em alguns
casos, o indivíduo nomeado aqui não é aquele que foi dito representar a figura. A
resposta "Ninguém" não é necessariamente evasão ou falsificação, uma vez que o
indivíduo pode não ter pensado conscientemente em alguém dúrante a produção do
desenho.
50. O que ele (a) está fazendo? Onde ele (a) está fazendo isso? Esta pergunta
tenta determinar o quanto a ação aparente da pessoa desenhada se aproxima da
descrição verbal do indivíduo. A questão pode, também, estimular sentimentos de
pressão ou compulsão. As ações descritas pelo indivíduo, bem como a força e o grau
em que elas estão de acordo com a representação gráfica, podem ser altamente
significativas. A ausência de movimento não indica necessariamente patologia; a menos
que ela seja rígida, excessivamente controlada e essencialmente defeituosa.
51. O que ele (a) está pensando? Esta pergunta pode estimular evidências de
pensamentos obsessivos e/ou alucinatórios do indivíduo. Se o indivíduo vê a pessoa
desenhada como um auto-retrato, ele revelará muitas vezes neste ponto sentimentos
bem desenvolvidos de culpa, raiva, confusão ou ressentimento. Se o indivíduo vê a
pessoa desenhada como alguém mais, os pensamentos expressos podem represen-
tar o que esta pessoa pensa dele.
52. Como ele se sente? Por que? A resposta a esta pergunta normalmente parece
expressar os sentimentos do indivíduo em relação à situação que envolve a pessoa
desenhada. A pergunta pode, também, fornecer estímulo suficiente para produzir
comentários diretos referentes aos sentimentos do indivíduo em relação às condições
do presente ou a assuntos que ele ainda n~o foi capaz de discutir. Às vezes, a respos-
ta "feliz" é, simplesmente, uma evasão.
· 53. Em que esta pessoa faz você pensar ou lembrar?
54. Em que mais? Essas perguntas provocam associações sobre a pessoa dese-
nhada e sobre relacionamentos interpessoais em geral.
55. Esta pessoa está bem? Para indivíduos que usam doenças como formas de
fuga, esta pergunta costuma estimular descrições detalhadas de queixas somáticas.
Indivíduos com problemas psicossomáticos dificilmente responderão afirmativamen-
te a esta questão; enquanto que aqueles que fingem ser doentes responderão que
sim. Em alguns casos, a questão libera hostilidade anteriormente reprimida contra a
pessoa representada no desenho.
56. O que nele (a) lhe dá essa impressão? Indivíduos com capacidade intelectual
limitada costumam dizer que a figura parece bem porque ela não parece doente.
57. Esta pessoa está feliz? Esta questão muitas vezes precipita expressões de quei-
xas, medos e ansiedades que tenham sido parcial ou totalmente reprimidos. Às vezes
ela gera comentários hostis sobre a pessoa representada no desenho. Uma resposta
afirmativa pode ser uma evasão.
63
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
58. O que nele (a) lhe dá essa impressão? Muitos indivíduos são compelidos a valer-se
de seus sentimentos sobre si mesmos para responder a essa questão satisfato-
riamente.
59. A maioria das pessoas é assim? Por que? Esta pergunta tenta estabelecer se os
sentimentos do indivíduo em relação à pessoa, particularmente se eles forem
desagradáveis ou hostis, são generalizados nas relações interpessoais. A per-
gunta seguinte "Por que" pode trazer muita informação referente à simpatia e
empatia do indivíduo.
60. Você acha que gostaria desta pessoa?
61. Por que? Um indivíduo que se sente maltratado pode lançar-se veementemente
em defesa dessa pessoa. É improvável que os narcisistas respondam negativa-
mente a esta questão.
62. Como está o tempo neste desenho? (período do dia e ano; céu; temperatura)
Raramente o indivíduo desenhará detalhes que indicam o tempo, tais como pin-
gos de chuva ou flocos de neve no desenho da pessoa. Portanto a representação
gráfica do tempo exige cuidado no inquérito posterior ao desenho, e presume-se
que seja altamente significativa. A projeção do tempo na figura descreve a visão
do indivíduo sobre as relações ambientais e interpessoais.
63. De quem esta pessoa o faz lembrar? Por que? Esta pergunta pode trazer a primei-
ra identificação franca da pessoa. Por outro lado, o indivíduo nomeado aqui pode
ser a quinta pessoa nomeada pelo sujeito como representada pelo desenho. En-
quanto tal multiplicidade de identificação é rara, não é incomum que a figura da
pessoa represente, no mínimo, duas pessoas - o indivíduo e alguém mais de
significado particular para ele. A explicação do porquê a pessoa desenhada o faz
lembrar de alguém além do primeiro nome dito é, geralmente, reveladora.
64. Do que esta pessoa mais precisa? Por que? Freqüentemente, o indivíduo usa o
pronome na primeira pessoa do singular para responder a esta pergunta. As ques-
tões de "necessidades" estão entre as mais produtivas do inquérito posterior ao
desenho. As necessidades podem ser expressas direta, simbolicamente, ou am-
bas e podem abranger desde as totalmente físicas às psicológicas mais abstratas.
65. Alguém já machucou essa pessoa? Como? Experiências traumáticas em relacio-
namentos com os outros geralmente são reveladas na resposta a esta pergunta.
66. Se "isto" fosse uma pessoa ao invés de (qualquer coisa desenhada separada da
pessoa principal), quem seria? Para todos os desenhos, as respostas a estaques-
tão são importantes tanto pelo seu tom negativo ou positivo como pela qualidade
das associações produzidas.
67. Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo? Quanto maior a discrepância entre
aparência objetiva do desenho e a descrição da roupa usada pela pessoa, menor
é a compreensão da realidade pelo indivíduo. O tipo de roupa pode fornecer
insigth sobre as necessidades do indivíduo. Por exemplo, o uniforme de um gene-
ral sugeriria necessidades de status e poder. A completa falta de roupa pode
indicar um sentimento de desamparo e exposição, ou fortes tendências narcisis-
tas e exibicionistas. Isso pode, também, expressar um desejo de degradar algu-
ma outra pessoa ou de colocá-la em uma posição embaraçosa.
64
1nterpretação
68. (Peça para o cliente desenhar um sol e uma linha de solo em cada desenho)
Suponha que o sol seja uma pessoa que você conhece - quem seria? A resposta
a esta pergunta em cada desenho pode identificar as fontes de calor humano
para o indivíduo. Entretanto, se o sol desenhado for muito grande, então as
pessoas aqui identificadas poderão ser aquelas que são percebidas pelo indiví-
duo como dominadoras. Se ninguém for identificado, o indivíduo pode apresentar
extrema dificuldade de identificação com os outros.
65
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
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ü
Figura 5 - Sara
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
66
1nte rpretação
ÁRVORE
Figura 5 (continuação)
Sara
67
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 5 ( continuação)
Sara
68
1nterpretação
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Figura 6 - Marie
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
69
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 6 ( continuação)
Marie
70
1nterpretação
Figura 7 - Katherine
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
71
H-T-P - M anual e G u ia de Interpretação
Figura 7 ( continuação)
Katherine
72
1nterpretação
PESSOA
Figura 7 ( continuação)
Katherine
73
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 8 - Gary
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
74
Interpretação
ÁRVORE
Figura 8 ( continuação)
Gary
75
H -T-P - M anual e Guia de Interpretação
PESSOA
f-
Figura 8 (continuação)
Gary
76
1nte rpretação
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Figura 9 - Marlene
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
77
H -T- P - M anual e G ura
- de Interpretação
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Figura 9 ( continuação)
Marlene
78
1nterpretação
PESSOA
Figura 9 ( continuação)
Marlene
79
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
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Figura 1O - Morris
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
80
1nterpretação
ÁRVORE
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Figura 10 ( co?tinuação)
Morras
81
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
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Figura 1 O ( continuação)
Morris
82
Interpretação
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Figura 10 (continuação)
Morris
H -T-P - Manual e Guia de Interpretaçã o
ÁRVORE
Figura 10 (continuação)
Morris
84
Interpretação
PESSOA
Figura 10 (continuação)
Morris
85
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 1O ( continuação)
Morris
86
1nterpretação
T 1O. Quando você olha para esta Árvore, você tem a impressão de que ela está acima,
abaixu uu uu me~rnu uívd du 4ue vucê? A. Acima de rnim.
T l 1. Como está o tempo neste desenho? A. Tempo bonito.
Tl2. Há algum vento soprando neste desenho? A. Não.
T13. Mostre-me em que direção ele está soprando? A. Do leste.
Figura 1O ( continuação)
Morris
87
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
T 15. Em que esta Árvore faz você pensar ou lembrar? A. Eu não sei o que pensar
dela. Parece uma árvore.
T 16. Em que mais? A. Sim, uma casa; tem a forma de uma.
T 17. Esta árvore é sadia? A Sim, senhora.
T 18. O que nela lhe dá essa impressão? A. Eu não sá
T 19. Esta árvore é forte? A. Queria nunca a ter desenhado; tenho que responder a
muitas perguntas que eu não sei.
T 20. O que nela lhe dá essa impressão? A. Porque ela é reta.
g (continuação)
Figura 1O ( continuação)
Morris
88
Interpretação
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ü
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1 1
1
Figura 11 - Curtis
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
89
H -T -P - Manual e Guia de Interpretação
ÁRVORE
Figura 11 (continuação)
Curtis
90
1nterpretação
PESSOA
Figura 11 ( continuação)
Curtis
91
H-T-P - M anual e Gu ia de Interpretação
-
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(/)
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ü
Figura 12 - Kevin
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
92
Interpretação
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1:
Figura 12 ( continuação)
Kevin
93
H-T- P - M anual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 12 ( continuação)
Kevin
94
1nterpretação
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Figura 13 - Dennis
(A discussão deste caso pode ser encontrada na seção de Ilustrações de
Caso deste capítulo.)
95
H-T-P - Manua l e Guia de Inte rpre tação
ÁRVORE
L------ - -··. -·
Figura 13 ( continuação)
Dennis
96
Inte rpretação
PESSOA
Figura 13 (continuação)
Dennis
97
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
Figura 13 (continuação)
Dennis
98
Interpretação
ÁRVORE
Figura 13 (continuação)
Dennis
99
H -T-P - M anual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 13 (continuação)
Dennis
100
1nterpretação
Caso D
Revisão de Jolles para Crianças do Inquérito Posterior ao Desenho
do H-T-P
Figura 13 ( continuação)
Dennis
101
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
H 5. Quando você olha para esta Casa, ela parece estar perto ou longe?
A. Perto.
H 6. Ela parece estar acima, abaixo ou no mesmo nível do que você?
A. No mesmo nível que eu.
T 10. Como está o tempo neste desenho? A. Comum, como todo dia.
T 11. De que tipo de tempo você gosta mais? A. De tempo quente.
T 12. Há algum vento soprando neste desenho? A. Não.
H7. Em que esta Casa faz você pensar? A. Casas de Nova Iorque.
H8. É um tipo de casa feliz, amigável? A. Não.
H9. Como está o tempo neste desenho? A. Como todo dia.
H 10. Em que pessoa esta casa faz você pensar? A. Em nenhuma.
H 11. Alguma coisa ou alguém já danificou esta Casa alguma vez?
A. Suponho que sim.
(Se já) Como? A. Chutando e batendo nela.
g (continuação)
Figura 13 (continuação)
Dennis
102
1nterpretação
H 12. (Se o sol não tiver sido desenhado, peça ao sujeito que o faça) Suponha que este
sol fosse uma pessoa que você conhece -quem ela seria?
(Sol não desenhado originalmente) A Eu não sei. (Linha de solo induzida)
T 15. (Se o sol não tiver sido desenhado, peça ao sujeito que o faça) Suponha que este
sol fosse uma pessoa que você conhece -quem ela seria?
(Sol não desenhado originalmente) A Eu não sei.
T 16. Em que esta árvore o faz pensar? A Em frutos do carvalho6
T 17. Esta Árvore é saudável? A Sim.
T 18. Esta Árvore é forte? A Não muito forte.
P 13. De que pessoa que você conhece esta Pessoa o faz lembrar? A Ninguém.
P 14. Que tipo de roupa esta Pessoa está vestindo? A. (sem resposta).
P 15. Do que esta Pessoa mais precisa? A De algo para fazer.
P 16. Alguém já machucou esta Pessoa? A. Sim.
(Em caso afirmativo:)
(a) Como? A Algumas brigas
(b) Quantos anos a pessoa tinha quando isso aconteceu? A.(sem respostà).
T 19. De que pessoa que você conhece esta Árvore o faz lembrar?
A.(sem resposta).
T 20. Alguma coisa ou alguém já machucou esta Árvore? A Sim.
(Em caso afirmativo:) Como? A. Empurrando ela
T 21. Do que esta Árvore mais precisa? A. Água.
Por que? A (sem resposta).
g (continuação)
Figura 13 ( continuação)
Dennis
103
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
CASA
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Figura 14 - Paul
(A discussão deste caso pode ser encontrada na seção de Ilustrações de
Caso deste capítulo.)
104
Interpretação
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Figura 14 ( continuaçã 0 )
Paul
105
H -T-P - Manual e Guia de Interpretação
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Figura 15 - Phillip
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
106
Interpretação
ÁRVORE
Figura 15 (continuação)
Phillip
107
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 15 ( continuação)
Phillip
108
1nterpretação
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109
H -T -P - M anual e Guia de Interpretação
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Figura 17 - Sherman
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
110
1nterpretação
ÁRVORE
Figura 17 (continuação)
Sherman
111
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 17 ( continuação)
Sherman
112
1nterpretação
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Figura 18 - Ted
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
l 13
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
1
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Figura 18 (continuação)
Ted
114
1nterpretação
ÁRVORE
Figura 18 (continuação)
Ted
115
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
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Figura 19 - Edith
(Uma discussão deste caso pode ser encontrada no Apêndice.)
l 16
1nterpretação
ÁRVORE
Figura 19 (continuação)
Edith
117
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
PESSOA
Figura 19 ( continuação)
Edith
118
Interpretação
Ilustrações de Casos
Morris, o sétimo de oito filhos, nasceu de uma gestação completa. O parto não
teve complicações e não houve danos no nascimento. A história de sua família está
repleta de doenças mentais: seu pai e um irmão são esquizofrênicos paranóicos;
duas tias-avós maternas, duas tias maternas, três primos maternos e dois sobri-
nhos são, ou já foram, psicóticos. Aos 13 meses de idade, Morris andava bem e
tinha um vocabulário surpreendentemente bom. Ele teve as doenças comuns da
infância; nenhuma foi séria, nenhuma deixou complicações. Ele nunca esteve gra-
vemente doente. Ele entrou na escola aos 7 anos de idade. De acordo com seus
professores, ele fazia progressos lentos, exceto em leitura; tinha dificuldade em
terminar as tarefas e raramente participava das atividades em grupo, e só com
muita relutância. Seu ajustamento escolar se tornou menos satisfatório com o pas-
sar do tempo. Logo após seu décimo primeiro aniversário, ele apresentou queixas
corporais vagas. De tempos em tempos ele tinha períodos inexplicáveis de depres-
são. Sua mãe levou-o a um médico, mas ele não permitiu que o doutor o examinas-
se. Finalmente ele parou de ir à escola aos 13 anos, porque não aturava mais os
colegas que o atormentavam. Morris foi conduzido à custódia do Departamento do
Estado do Bem-Estar Público como incorrigível depois de ter se negado a morar na
sua casa, ter jogado pedras da janela de sua casa e ter brigado com um irmão mais
velho, ameaçando-o de morte. Morris adaptou-se mal a duas casas e, finalmente,
foi encaminhado a uma clínica para exame psicológico e psiquiátrico. O psicólogo
disse que, embora Morris parecesse ter pelo menos uma inteligência limítrofe, ele
não estava agindo neste nível em virtude da interferência de um possível distúrbio
esquizofrênico com características obsessivas. Morris foi conduzido a uma institui-
ção como deficiente mental.
Na admissão aos 14 anos e 9 meses de idade os Ois obtidos no Wechsler-Bellevue
foram: verbal - 69; execução - 83 ; total - 73. Os resultados no Wide Range Achievement
foram: nível de leitura - 5,0; nível de soletração - 5, 1; nível de aritmética - 3,3. O H-T-P
acromático-cromático foi aplicado (veja Figura 1O) e analisado da seguinte forma:
119
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Tempo
O tempo de 8 minutos gasto por Morris no desenho acromático da casa é excessi-
vo, dada a qualidade do desenho. Houve uma pausa de 40 segundos depois de com-
pletar a estrutura da casa e produzir parcialmente as janelas do sótão na parede
lateral. Então, foram desenhados o telhado da varanda, as colunas e o chão. Morris
conforma-se com a realidade, mas só depois de fazer muito esforço. Ele gostaria
muito de manter-se inacessível. O tempo de 1O minutos e 50 segundos gasto para o
desenho colorido da casa também é excessivo, dada a qualidade do desenho.
Comentários
Quando Morris começou a desenhar sua casa colorida, ele perguntou "Você quer
que eu pinte isso· também?" Quando ele estava desenhando as janelas do andar
térreo na parede frontal (da direita) ele observou "Eu fiz as janelas bem maiores do
que a porta." Durante o desenho acromático da pessoa, Morris comentou "As mãos
não parecem certas" e, logo depois, perguntou "Você pode apagar isto?" Ele, então,
usou a borracha intensamente nos dois primeiros desenhos acromáticos, a pergunta
sugere a possibilidade de sério distúrbio.
Capacidade Crítica
Houve muito uso de borracha no desenho acromático da casa. Alguma falha na
função crítica é evidente, pelo fato de que, apesar de Morris ter reconhecido a trans-
parência do telhado da varanda (a parede frontal na extremidade direita podia ser
vista através do telhado da varanda) e tentar corrigi-la, ele não notou que a base
esquerda do pilar da varanda estava encostada na casa. Falhas adicionais nas fun-
ção crítica aparecem no desenho acromático da árvore, em que Morris usou medidas
corretivas inadequadas na área esquerda da raiz.
Proporção
O desenho acromático da casa tem tamanho aproximadamente médio. As janelas
da parede conflituosa foram desenhadas grandes inicialmente, depois apagadas e
redesenhadas menores. A casa colorida é maior do que a acromática, mas não em
um grau que seja patológico. Essa ampliação, entretanto, parece significar o alto grau
de sensibilidade que ele sente nas relações íntimas, quando suas defesas do ego
estão dificultadas pela pressão adicional e pela fadiga. O desenho da árvore acromá-
tico é bastante grande. Aparentemente ele expressa a consciência de Morris das
pressões desagradáveis, internas e externas. O desenho colorido da árvore de Morris
muito grande indica que ele está penosamente consciente das pressões ambientais e
que esse distúrbio causa angústia em seu pensamento. Os braços e pernas no dese-
nho colorido da pessoa são desproporcionais em relação ao tronco. O alongamento
das pernas pode expressar seus sentimentos profundos de uma necessidade de au-
tonomia; os braços representam sua grande necessidade de se defender das amea-
ças externas.
120
Interpretação
Perspectiva
A casa foi colocada levemente à esquerda do centro no desenho acromático. A
colunâ esqueida da Vâíandâ tem a sua bâse encostada na paíede e, apesai do fato
da angulação da linha de base ser boa, esta é de uma combinação incomum. Ainda
mais impressionante é a grande disparidade com relação aos andares entre a parede
lateral e a frontal. A qualidade muito inferior da relação entre a parede frontal e a
lateral, na presença de uma apresentação excelente das paredes frontal e lateral leva
~ , ,m~ fnrtA e:, rc:pi:>it~ rlA qr IA, 1m c:Ãrin r.nl~pc:n rl~ pi:>rc:nn~lirl~rlA rlA tipn i:>c:qr 1i7nfriê!nir.n
é iminente.
No desenho colorido, a casa está localizada à esquerda e abaixo do centro, mos-
trando uma depressão leve no humor e uma necessidade de expressão emocional
franca e livre. A perspectiva imperfeita da varanda dá a impressão de que a casa está
tentando deixar sua posição de perfil para ficar totalmente de frente. A disparidade
entre os andares nas duas paredes é notável e há disparidade na localização entre as
janelas de um andar para outro em uma mesma parede. Tanto o desenho acromático
como o colorido da árvore estão quase perfeitamente centralizados, indicando a rigi-
dez de Morris nesta época.
O desenho acromático contém uma disparidade entre a qualidade dos galhos su-
periores, com excelente impressão de profundidade, e a base do tronco, a parte da
árvore mais próxima da realidade. Tais diferenças qualitativas extremas em um dese-
nho levam à suspeita da presença de um processo esquizofrênico. A impressão de
profundidade transmitida pela parte superior da árvore não é consistente com o resul-
tado de OI limítrofe obtido na admissão. A impressão de profundidade desaparece no
desenho colorido da árvore. Como nos desenhos da árvore, os dois desenhos da
pessoa são rigidamente centralizados. A posição da pessoa colorida é menos flexível
e a figura menos acessível do que no desenho acromático.
Detalhes
Todos os detalhes essenciais estão presentes em todos os desenhos. A seqüência
dos detalhes foi, na maior parte, incomum. No desenho acromático da casa, os pri-
meiros detalhes desenhados depois da estrutura da casa foram as janelas do sótão
do telhado da parede lateral. Cada janela foi desenhada com uma estrutura triangular
e não recebeu a forma de janela sótão até que tudo mais, exceto a janela do térreo na
parede frontal tivesse sido desenhado. Nenhuma porta foi desenhada até que a va-
randa e as colunas tivessem sido produzidas, indicando, quando muito, uma relutân-
cia em estabelecer contato. Morris seguiu uma seqüência similar nos desenhos
coloridos. Além disso, o barracão de ferramentas foi acrescentado ao desenho colo-
rido antes que quaisquer aberturas fossem feitas na parede lateral. A chaminé foi
adicionada tardiamente no desenho acromático e sem mostrar profundidade em am-
bos os desenhos, sugerindo conflito sexual. Morris achou todos os detalhes da pare-
de lateral perturbadores e difíceis de produzir. A ênfase nas linhas periféricas da parede
e janelas nos dois desenhos da casa indicam que ele sente uma forte necessidade de
manter o controle.
121
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Cor
Morris escolheu as cores rápida e facilmente. Em geral, entretanto, a qualidade e a
organização dos desenhos, particularmente dos desenhos da casa, piorou dos dese-
nhos acromáticos para os coloridos. O barracão de ferramentas no desenho colorido
da casa tem a parede fechada pela base e pela lateral do papel. O sombreamento no
desenho colorido da árvore não é bem controlado, uma vez que as cores ultrapassam
as linhas periféricas precariamente definidas. A pessoa acromática está em pé e pronta
para lutar. O desenho colorido da pessoa foi feito, no início, somente em preto e,
depois, sombreado. Sua postura é desajeitada, com uma mão na garganta, de modo
a impedir expressões verbais hostis ou mesmo para sufocar a si mesmo.
122
1nterpretação
Prognóstico
Os materiais gráfico e verbal do H-T-P fornecem ampla evidência para a conclu-
são de que Morris está caminhando para um claro colapso esquizofrênico. Seu baixo
resultado do OI provavelmente reflete desorganização devido a estresse intrapsíqui-
co, em vez de retardamento mental. Várias semanas depois de fazer o teste, a condi-
ção de Morris deteriorou-se e ele ficou catatônico.
123
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Dennis tinha 12 anos e sete meses de idade. Na época de seu exame, ele tinha
sido suspenso de uma escola particular por causa de sua atitude negligente para com
seus trabalhos. As autoridades da escola recomendaram que os pais consultassem
um psicólogo para obter uma orientação apropriada para seu filho. Os boletins de
Dennis indicavam que ele tinha sido um aluno acima da média até aquele ano. De
acordo com seus pais, os professores achavam que ele poderia ir melhor, porque ele
tinha mostrado ser um aluno brilhante. Portanto, os pais exerceram forte pressão
sobre Dennis para ele se dedicar mais à escola. O menino ressentia-se muito dessas
atitudes da escola e de seus pais, porque sentia que estava fazendo o melhor que
podia.
Dennis vinha de uma casa que basicamente parecia ser boa. Entretanto, há fato-
res que provavelmente contribuíram para algumas de suas dificuldades emocionais.
O pai irritava-se facilmente com ele em muitas ocasiões, e a mãe admitiu que não
estava isenta de culpa. É concebível que a mãe, apesar de suas boas intenções,
tenha tido dificuldades em fornecer a Dennis o calor emocional que ele necessitava.
124
Interpretação
125
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Apêndice do Caso 3 (Buck). Este caso merece muita atenção porque os desenhos
acromáticos e colorido diferem acentuadamente como conceitos. O desenho acro=
mático da casa foi produzido de modo hesitante, ansioso e indeciso. Entretanto, a
casa colorida, com uma estrutura muito maior, foi desenhada rapidamente e sem
cuidado e parece estar para cair. O desenho acromático da árvore tem um tronco
sólido, vigoroso, mas uma estrutura de galhos semelhante a nuvem e imprecisa. A
árvoie coloiidã inclinâ-se píeCâiiâmente e possui ãpenâs folhãs grãndes. Suspeitâ-se
que a árvore colorida seja uma palmeira - um tipo de árvore costumeiramente asso-
ciado a lugares com um ambiente mais quente, mais relaxado e benevolente do que
o da casa de Dennis no Estado de Illinois. O desenho acromático da pessoa é peque-
no, tenso, rígido e friamente hostil. A pessoa colorida está em movimento quase vio-
lento - correndo e prestes a cair. A série acromática de desenhos enfatiza ansiedade,
indecisão e a necessidade de Dennis manter-se relativamente inacessível e sob con-
trole rígido. A série colorida enfatiza colapso iminente e fuga mal controlada.
Dennis é um menino infeliz que exibe ansiedade, confusão, insatisfação e rebel-
dia, e está mais do que moderadamente paranóico em relação a sua situação. Ele
está tentando manter a integridade de sua personalidade mantendo-se inacessível e
sob controle rígido. Os desenhos coloridos sugerem fortemente que seu limiar de
126
1nterpretação
tolerância à frustração está perigosamente baixo e, se ele não receber alívio imedia-
to, suas defesas vão sucumbir. Entretanto vários pontos indicam um prognóstico rela-
tivamente favorável: a inteligência básica de Dennis é alta, e sua história indica que
suas idéias paranóicas são baseadas em fatos e não em ilusões. Ele está lutando
bastante para manter a integridade de sua personalidade e sua história indica que as
pressões da família e da escola podem contribuir para seu presente desajustamento.
As informações de seguimento do caso revelaram que o estado de Dennis melho-
rou consideravelmente quando entrou em outra escola, em que foram feitas adapta-
ções aos seus problemas de atenção e na qual as pressões para tirar ótimas notas
foram removidas.
127
4
DESENHOS DO H-T-P DE CRIANÇAS
E ADULTOS: ALGUMAS QUESTÕES
E COMPARAÇÕES
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Tabela 1
Características Gerais dos Desenhos com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
130
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
Tabela 1
Características Gerais dos Desenhos com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais velhas
novas
Canto superior Comum Tendências regressivas
esquerdo (Jolles, (Barnouw, 1969; Buck, 1969)
1952)
Pressão muito Baixo nível de energia, Hesitação, indecisão (Dileo,
leve personalidade inibida (Urban, 1973)
1963; Levy, 1958)
131
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Tabela2
Características do Desenho da Casa com Hipóteses Diagnósticas Diferenciais
por Grupo de Idade
Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Ausência de Abaixo de 6 A ausência de qualquer detalhe essencial sugere deterioração
detalhes essen- anos: comum intelectual e/ou sérios distúrbios emocionais (Beck, 1955; Buck,
ciais (ex. janela, (Beck, 1955; 1948)
parede, telhado Buck, 1948)
e chaminé)
Tulipas ou flores Comum (Buck, 1948; Imaturidade (Buck, 1966; Hammer, 1954a)
semelhantes a Hammer, 1954a)
margaridas
Casas Comum Regressão (Meyer et ai., 1955)
antropomórficas (Jolles, Baixa capacidade mental e organicidade (Jolles,
1964) 1964)
Chaminé em Comum Regressão,
ângulo reto com (Jolles, baixa capaci-
o telhado 1964) dade mental ou
organicidade
(Jolles, 1964)
Paredes: Comum (Jolles, 1952) Defesas
perspectiva regressivas
dupla com (Jolles, 1952)
paredes laterais Baixa
(extremas) capacidade
estreitas mental e/ou
organicidade
(Jolles, 1952;
Buck, 1950b)
Perspectiva Até os 8 Manutenção da
Simples (apenas anos: comum "persona"
uma parede (Jolles, aceitável (Buck,
mostrada) 1952) 1950b)
Evasão
(Hammer, 1954)
Paredes Comum Julgamento e
transparentes (Hammer, contato com a
1958) realidade
deficientes,
compulsividade/
ou baixa capaci-
dade mental
(Jolles, 1964)
Nota. Crianças mais novas: _s; 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade.
132
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
Tabela 3
Características do Desenho da Árvore com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais novas
velhas
133
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Cabeça muito Até 7 anos: Agressividade e pensamento expansivo, ego inflado,
grande comum supervalorização da inteligência, fantasia (Urban, 1963)
(Koppitz,
1968)
Cabeça muito Problemas de ajustamento Inadequação intelectual, social ou sexual (Jolles,
pequena (Dileo, 1970) 1964)
Características Ajustamento pobre, Evasão e superficialidade (Urban, 1963)
faciais omitidas possível obsessividade Possíveis tendências de afastamento (McElhaney,
(Koppitz, 1966) 1969)
Olhos omitidos Ajustamento pobre, Personalidade ineficaz, sem discernimento (Gurvitz,
pensamento obsessivo, 1951)
ansiedade e/ou depressão Alucinações visuais (Jolles, 1964)
(Schildkrout et ai., 1972) Esquizofrenia (Hammer, 1969)
Olhos fechados Distúrbio Hostilidade encoberta (Schildkrout et ai., 1972)
emocional
(Koppitz,
1968)
Ênfase no nariz Comum (Machover, 1960) Dificuldades sexuais e Hipersensibilidade,
inferioridade (Buck, 1966) desconfiança;
defensividade e
perda da masculi-
nidade em homens
mais velhos (Wolk,
1969)
Nariz omitido Timidez, retraimento Sentimentos de castração
(Koppitz, 1968) (Schildkrout et ai., 1972)
134
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
135
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Tabeia 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças
Características Crianças
mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho mais novas
velhas
Omissão do Comum em Ajustamento Possível
tronco crianças pobre e baixo organicidade,
muito novas aproveita- retardo mental;
(Gurvitz, mento escolar tendências
1951) (Koppitz, "voltadas para
1968) dentro" e
hipocondríacas
(McElhaney,
1969)
Linha da cintura Comum (Machover, 1960) Conflito ou perturbação sexuais
forte agudos (Buck, 1966; Hammer,
1954a)
Genitais Agressão manifesta e Possível Psicopatologia, Regressão
presentes patologia séria (Dileo, 1973; preocupação e possível primitiva
Koppitz, 1968) curiosidade psicopatia (Wolk,
sexuais (Urban, (Deabler, 1969; 1969)
1963 Dileo, 1973)
Braços curtos Ajustamento pobre (Koppitz, Falta de ambição, sentimentos de
1968) inadequação e dependência
(Schildkrout et ai., 1972; Gilbert,
1969)
Menos de cinco Organicidade (Koppitz, 1968) Sentimentos de inadequação
dedos (Schildkrout et ai., 1972)
Dedos sem Comum (Schneidman, 1958) Tendências de
mãos ataque infantis
e agressividade
(Schneidman,
1958)
Mais de cinco Organicidade Ambição, força,
dedos (Koppitz, ganância
1968) (Urban, 1963)
Pernas juntas Possível distúrbio emocional Tensão, possível desajustamento
pressionadas (Koppitz, 1968) sexual, temor de ataque sexual
uma à outra fantasiado (Machover, 1949)
Postura Possível impulsividade, agres- Insegurança e dependência relati-
inclinada são, organicidade, e pobre vasa alcoolismo, epilepsia e pro-
realização (Koppitz, 1968) blemas orgânicos (Deabler, 1969)
tabela continua na próxima página ...
136
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
Tabela 4
Características do Desenho da Pessoa com Hipóteses Diagnósticas
Diferenciais por Grupo de Idade
Crianças Crianças
Características
mais mais Adolescentes Adultos Idosos
do desenho
novas velhas
Roupa Comum (Machover, 1960; Voyeurismo e/ou exibicionismo
transparente Urban, 1963) (Machover, 1949)
Desordem de caráter (Deabler,
1969)
Condições psicóticas regredidas
(McElhaney, 1969)
Ênfase nos Comum Dependência Imaturidade, dependência (Halpem,
botões (Buck, 1966) materna 1958) Regressão (Wolk, 1969)
(Jolles, 1964)
Ênfase na Preocupação Homens acima de
gravata sexual (Buck, 40 anos: inade-
1966) quação sexual
(Buck, 1966)
Ênfase nos Meninas Possível
sapatos púberes: impotência
comum (Levine (Machover, 1949)
& Sapolsky, Homens: possí-
1969) veis tendências
homossexuais
(Hammer, 1968)
Cottlboys Comum (Urban, 1963) Possível Imaturidade e
desordem de dissimulação"®S
caráter, necessidades
delinqüência (Hammer, 1958)
(Deabler, 1969)
Figuras Imaturidade, sentimentos de Organicidade
desumanisadas, despersonalização (Dileo, (Small, 1973)
ex., mecânicas 1973) Possível psicose
ou monstros (McElhaney, 1969)
Figuras Comum Mulheres: histeria
sedutoras (Machover, e narcisismo
1960) (McElhaney, 1969)
Figuras palitos Comum Tendências
(Machover, evasivas,
1960) insegurança
(Hammer, 1958)
Negativismo e/ ou
hostilidade
(Hammer, 1958)
Nota. Crianças mais novas: '.ó: 8 anos; crianças mais velhas: 9 - 12 anos; adolescentes: 13 - 16; adultos: 17 - 65;
idosos: > 65 anos. Essas faixas são aproximadas e, em muitos casos, interpretações diferenciais são apresentadas
apenas para dois desses grupos de idade.
137
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
Abuso Físico
Berk (1989) define abuso físico como ataques a crianças que produzem dor, cor-
tes, marcas, contusões, queimaduras, fraturas e outros danos. Esses ataques ten-
dem a diminuir à medida que a criança cresce (American Association for Protecting
Children lnc., 1985). Os agressores costumam ser os pais, sendo que as mães têm
uma probabilidade um pouco maior. Os meninos são mais submetidos à violência do
que as meninas (Gelles, 1978, Russel & Trainor, 1984).
Enquanto o abuso físico deixa evidências observáveis, ele também provoca se-
qüelas emocionais que podem afetar muito o desenvolvimento social, educacional e
emocional da criança (Williams, 1978). Essas dificuldades geram conseqüências de
longo alcance e podem se manifestar na idade adulta na forma de distúrbios nos rela-
cionamentos interpessoais, de predisposição a distúrbios emocionais e de potencial cres-
cente para o abuso de seus próprios filhos (Kempe, Silverman, Steele, Droegemuller
& Silver, 1962; Martin & Rodeheffer, 1976). O abuso infantil está relacionado a um
crescimento do comportamento anti-social, agressividade, e delinqüência juvenil em
crianças, adolescentes e adultos (Lewis, Shanok, Pincus & Glaser, 1979). Em casos
menos sérios, retraimento, passividade, depressão e apatia têm caracterizado adul-
tos que sofreram abusos quando crianças (Green, 1978; Galdston, 1965).
Segundo Wisson (1989), as respostas comportamentais de crianças fisicamente
abusadas variam desde inibição baseada em ansiedade até "acting ouf'. Os padrões
de vínculo em crianças abusadas parecem ser mais ansiosos do que seguros. À
medida que a criança amadurece, esses padrões manifestam-se em interações agres-
sivas com os outros. Além disso, as crianças abusadas mostram menor capacidade
para interpretar e responder a sinais sociais, o que causa ainda mais problemas em
situações sociais. Uma outra causa para as pobres habilidades sociais de crianças
abusadas é a sensação de impotência da criança, o sentimento de que as ações dos
outros controlam sua vida. A auto-estima é pobremente desenvolvida, uma vez que
as crianças abusadas são incapazes de assumir a responsabilidade não só por seus
fracassos, como também pelos seus sucessos. Elas irão sempre evidenciar ansieda-
de, quando se defrontarem com novos desafios e, freqüentemente, mostram baixa
tolerância à frustração. À medida que estas crianças ficam mais velhas, a depressão
é uma característica emocional saliente de sua forma de ser. As características emo-
cionais específicas que podem aparecer nos desenhos de crianças abusadas incluem:
• dificuldades com situações de dependência
• necessidade exagerada de controle
• auto-estima baixa
• agressividade, raiva
• retraimento tanto social como emocional
• sensação de desconfiança
• ansiedade, medo, desamparo
138
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
Tabela 5
Características do H-T-P Associadas a Abuso Físico
Abuso Sexual
Existe grande concordância entre os clínicos de que as crianças sexualmente abu-
sadas constituem um dos mais difíceis desafios para avaliação. Muitas vítimas que
estão em idade pré-escolar ou são muito pequenas não possuem capacidades de
linguagem para verbalizar suas experiências. A presença de ansiedade excessiva e a
compreensão limitada da criança sobre as circunstâncias freqüentemente fazem par-
te das dificuldades na avaliação. Segundo Helfer & Kempe (1976), o abuso sexual é
comumente definido como envolvendo crianças ou adolescentes dependentes e ima-
turos, em atividades sexuais consideradas socialmente como tabu. As atividades se-
xuais incluem exposição dos genitais do adulto ou da criança, carícii;i nos genitais,
estimulação (manual ou oral) dos genitais, intercurso vaginal ou anal, e inclusão da
criança em pornografia ou prostituição. Lefrancois (1992) expandiu a definição ao
incluir qualquer ato sexual indesejado envolvendo contato físico, ou ações tais como
proposta, sugestão, sedução verbal ou exibicionismo.
De modo diferente do abuso físico, o sexual raramente deixa sinais ou traumas.
Entretanto, há seqüelas emocionais, que parecem ser consistentes na literatura sobre
139
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
140
Desenhos do H-T-P de crianças e adultos: algumas questões e comparações
considerarem uma história de abuso infantil, ela não o prova, bem como a ausência
dos genitais não exclui o abuso.
Yates, Beut!er e Crago (1985) compararam desenhos de crianças vítimas de in-
cesto, com os de crianças sem problemas sexuais em 15 dimensões. As dimensões
incluíram sexualização da figura, grau de dependência, qualidade das defesas do ego
e adequação do controle de impulsos. As crianças vítimas de incesto foram conside-
radas como possuindo controle dos impulsos precariamente desenvolvido e uma es-
trutura defensiva que enfatizava regressão. Os resultados dessas crianças foram
significantemente mais variáveis na expressão de características sexuais do que o
grupo de controle, mas menos variáveis na maturidade avaliada e na tendência para
usar a sublimação como uma defesa da ansiedade.
Spring (1985) discutiu a simbologia em desenhos de 14 mulheres que haviam sido
emocional, física ou sexualmente abusadas na infância ou que haviam sofrido espan-
camento ou estupro na idade adulta. As análises indicaram que essas mulheres fre-
qüentemente usaram formas e olhos triangulares em seus desenhos.
A Tabela 6, que resume os dados relativos às características dos desenhos do H-T-P
apresentadas nesta seção, que foi compilada considerando as dinâmicas de perso-
nalidade encontradas na literatura e na experiência dos autores.
Tabela 6
Características do H-T-P Associadas a Abuso Sexual
141
5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
E PESQUISA
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
144
Fundamentação teórica e pesquisa
145
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
i 977; Marzoif & Kirchner, i 970; Buck, i 948), a vaiidade das pontuações resuitantes
para o uso na predição de categorias psicodiagnósticas ou dos resultados em inven-
tários de personalidade ainda deve ser demonstrada.
Relatos de pesquisa relativos ao H-T-P tendem a se encaixar em uma de três
categorias. O estudo de caso (ex., Buck, 1949; 1950a; Schwartz, 1950; Smykal &
Thorne, 1951; Healy, 1984) é o mais comum, e é normalmente apresentado como um
exercício na interpretação e contribuição ao conhecimento clínico referente ao signi-
ficado de características particulares do desenho. Por exemplo, Smykal e Thorne
(1951) apresentaram características dos desenhos do H-T-P obtidas de um indivíduo
diagnosticado como psicopata (tipo anti-social) e descreveram como eles as relacio-
naram aos materiais de avaliação clínica administrados a esse indivíduo. õ estudo de
caso muitas vezes inclui desenhos obtidos antes do tratamento e após a recuperação
(Bowen & Rosal, 1989; Uhlin, 1969) ou acompanha o processo de deterioração orgâ-
nica (Babry, 1964; Jordan, 1970) ou psicopatológica, ou mudanças após intervenções
médicas (Freed & Pastor, 1951; Hammer, 1953; Meyer, Brown, & Levine 1955; Nathan,
1977; Toker, 1971 ). Toker, por exemplo, apresenta os desenhos do H-T-P de uma
criança submetida a cirurgia cardíaca e descreve suas relações com a psicoterapia
dirigida para otimizar o ajustamento da criança pré e pós-cirúrgico.
Como uma variação do estudo de caso, o investigador avalia os desenhos de um
pequeno número de sujeitos antes e depois de um tratamento destinado a mudar um
aspecto do funcionamento psicológico para o qual uma característica particular do
desenho é considerada como um indicador (Cowden, Deabler, & Feemster, 1955;
Perkins & Wagemaker, 1983; Ernst, 1977; Platzer, 1976; Gording & Match, 1968). Por
exemplo, Perkins e Wagemaker (1983) descreveram os desenhos do H-T-P de dez
pacientes esquizofrênicos antes e depois do tratamento de hemodiálise. O H-T-P foi
usado como um instrumento de avaliação preliminar para o aconselhamento dirigido
para arte com crianças escolares resistentes e não verbais (Allan & Clark, 1984), e
alguns dos materiais de pesquisa publicados refletem este uso. Uhlin e Dickson (1970),
por exemplo, relatam que 17 crianças com paralisia cerebral desenharam figuras do
H-T-P que incluíam características mais saudáveis quando elas usavam crayon bran-
co no papel preto do que quando usavam crayon preto no papel branco.
O próximo paradigma de pesquisa comum apresentado na literatura do H-T-P observa
a consistência com que certas características do desenho são produzidas por grupos
específicos psicodiagnósticos ou médicos. Por exemplo, contatou-se que estuprado-
res e pedófilos desenham no H-T-P mais pessoas jovens do sexo masculino do que
mulheres (Hammer, 1954b). Wildman (1963) constatou que pacientes que desenha-
vam as articulações do braço e do joelho tendiam a ser descritos como paranóicos
pelas equipes hospitalares. Muito deste trabalho envolve tentativas para identificar
indivíduos com lesões cerebrais orgânicas. Michal-Smith (1953) observou uma rela-
ção significativa entre a qualidade das linhas nos desenhos do H-T-P e a presença de
anormalidades no EEG em uma amostra de 25 indivíduos com lesões cerebrais orgâ-
nicas emparelhados a 25 pacientes médicos sem lesões cerebrais orgânicas. Gasa-
parrini, Shealy & Walters (1980) constataram que pacientes com lesões no hemisfério
esquerdo desenharam figuras pequenas situadas no canto superior esquerdo da página
146
Fundamentação teórica e pesquisa
com maior freqüência do que pacientes com lesões no hemisfério direito ou pacientes
médicos sem lesão cerebral identificada. Por outro lado, Bieliauskas e Kirkham (1958)
descobriram que 18 sinais considerados indicativos de organicidade não discrimi-
naram 20 indivíduos com lesões orgânicas de 20 indivíduos sem evidência de lesão
orgânica. Os sujeitos foram emparelhados pelo sexo, idade, tempo de institucionali-
zação e OI. Uma dificuldade com esse tipo de estudo é que os sinais que ocorrem
exclusivamente em um grupo de diagnóstico particular podem ocorrer com tão baixa
freqüência que eles são estatisticamente insignificantes em amostras pequenas típicas
de pesquisas feitas em ambientes clínicos. Esses eventos raros, clinicamente signifi-
cativos podem ser erroneamente atribuídos a diferenças individuais ou erro, mais do
que a diferenças entre grupos.
A terceira forma de pesquisa do H-T-P analisa os desenhos do H-T-P de popula-
ções não clínicas e procura correspondência com as medidas gerais de personalida-
de. Esses esforços são geralmente guiados por hipóteses sobre as características
dos desenhos desenvolvidas para uso com populações clínicas. Por exemplo, Gravitz
(1969), comparou o tamanho das figuras desenhadas por uma amostra não selecio-
nada de estudantes universitários com seus escores de depressão do MMPI, e não
encontrou relação significante. Marzolf e Kirchner (1971, 1972, 1973) examinaram
uma relação fraca, mas sistemática, entre os desenhos do H-T-P de uma amostra
não clínica de estudantes universitários com seus perfis no 16PF. Kirchner e Marzolf
(197 4) não encontraram relações estatísticas entre os desenhos de salgueiro chorão
produzidos por doze estudantes universitários e seus escores no Fator F do 16PF
(sóbrio vs. despreocupado).
A abordagem experimental orientada "nomoteticamente"1 pode não ser apropriada
para o H-T-P. Como mencionado acima, as características essenciais da técnica, tais
como as respostas ao inquérito e comparações entre os desenhos, não estão incluí-
das neste tipo de pesquisa. Quase nenhuma característica dos desenhos do H-T-P
possui uma interpretação única; enquanto de modo inverso, uma dada característica
ou traço pode ser expresso no H-T-P de muitas formas. Cada protocolo pode ter um
foco diferente: uma pessoa pode expressar mais características dos desenhos rela-
cionadas à agressão, enquanto outra pode produzir mais características relacionadas
ao domínio do funcionamento do ego. Os julgamentos são feitos para propósitos
diferentes ou diferentes juízes podem chegar à mesma interpretação por diferentes
rotas. O caráter quase completamente não estruturado do H-T-P pode automatica-
mente impedir o desenvolvimento de provas estatísticas de validade em uma base de
ponto por ponto. Nenhum detalhe ou combinação de detalhes no H-T-P possui um
significado fixo ou absoluto. Tem sido observado convincentemente que o significado
atribuído por um indivíduo a um dado detalhe ou combinação de detalhes, ou método
de apresentação, é muitas vezes completamente diferente do significado simbólico
geralmente aceito. Os sinais qualitativos no H-T-P são vistos apenas como indicati-
vos, nunca tendo significância diagnóstica invariável. Obviamente, entretanto, quanto
147
H-T-P - Manual e Guia de Interpretação
maior for o número de indicadores diagnósticos que apontem para algum desajusta-
mento específico, maior será a magnitude de seu desvio em relação à média, maior a
probabilidade de que o desajustamento sugerido esteja, de fato, presente. Uma inter-
pretação precisa de um detalhe só pode ser feita depois que suas relações com a
configuração sejam estabelecidas. Por isso, os clínicos criam novos constructos para
cada caso e fazem predições para combinações únicas de eventos. A utilidade da
técnica parece residir na sua capacidade de trazer materiais previamente não verba-
lizados ou não verbalizáveis na experiência partilhada entre o clínico e o cliente, de
modo que permita o estabelecimento de uma comunicação em um nível terapeutica-
mente significativo.
Dada a natureza do material do H-T-P, psicólogos clínicos e psiquiatras dinamica-
mente orientados acreditam que as abordagens experimentais convencionais para
testar a validade são muito simplificadas e ignoram os aspectos constitutivos mais
abrangentes das técnicas projetivas. A evidência empírica apropriada a ser compila-
da, de acordo com essa visão, compara as conclusões e diagnósticos feitos por equi-
pes hospitalares baseados nos exames do Rorschach por examinadores experientes,
análises às cegas de produções do H-T-P, as opiniões de psiquiatras ou psicólogos
intimamente familiarizados com os pacientes, e as opiniões de indivíduos com bom
auto-conhecimento sobre a precisão das deduções produzidas dos seus H-T-Ps. As
conclusões e diagnósticos baseados em protocolos completos do H-T-P deveriam ser
examinados no contexto de estudos longitudinais que incluem mudanças nos sujeitos
relatadas pela equipe, dados históricos e observações do comportamento.
148
REFERÊNCIAS
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154
Referências
155
APÊNDICE
MATERIAL SUPLEMENTAR DE CASOS
Sara (Figura 5)
Histórico
Sam, 19 anos de idade, vem de um lar com posição educacional, economica e
social relativamente alta. Ela é a mais velha de quatro filhos; os outros são considera-
dos normais. Sara teve um problema no nascimento que acarretou uma leve espasti-
cidade que afeta todas as extremidades, mas é muito mais pronunciada no lado
esquerdo. Quando ela tinha 8 anos era evidente que seu nível de inteligência estava
abaixo da média. Quando ela mostrou fortes sinais de rivalidade em relação aos
irmãos, foi enviada a uma escola particular de treinamento. Seus resultados em tes-
tes psicológicos nesta escola indicaram que ela deveria ser considerada como defi-
ciente mental. Quando ela tinha 15 anos, Sara tornou-se tão incontrolável que foi enviada
de volta para casa. Quando não podia ser mais controlada em casa, ela foi institucio-
nalizada.
Imediatamente após sua admissão, Sara teve um episódio psicótico agudo, recu-
sou-se a responder a qualquer tipo de interrogatório verbal e rejeitou todos os exa-
mes psicológicos formais, exceto a fase de desenhos do H-T-P. Seu comportamento
durante o primeiro ano de institucionalização foi o de um esquizofrênico catatônico.
Ela era agressiva e altamente negativista, e às vezes tinha que ser isolada para prote-
Apêndice
Tempo
O tempo gasto para a casa (1 ':30") e para a árvore (49") foi excessivo; e para a
pessoa (9':46") foi altamente patológico. O negativismo crescente de Sara foi forte-
mente acentuado pelo desenho da pessoa.
Comentários
Sara não apenas absteve-se de fazer comentários espontâneos durante a fase
dos desenhos, mas também recusou-se totalmente a responder ao inquérito.
Proporção
Cada desenho é muito pequeno em relação ao tamanho da página, indicando
fortes sentimentos de inadequação e tendências de afastamento muito fortes. A casa
parece quase desmoronando. A situação do lar de Sara está perdida e sua reação é
uma rejeição hostil à casa. O espaço em branco no desenho da árvore é usado para
indicar detalhes subentendidos, evidência de hostilidade, e a simetria absoluta dos
poucos detalhes mostrados sugerem insegurança. Os pés da pessoa, que estão vira-
dos em direções opostas, sugerem uma imobilidade ambivalente, enquanto os bra-
ços, estendidos para fora receptivamente, mostram uma necessidade de afeição e
proteção. Todos os três desenhos estão localizados no canto superior esquerdo da
página, um indicador marcante de regressão; e todos os três desenhos parecem estar
muito distantes do observador. Sara está quase inacessível.
Detalhes
O desajustamento sexual e/ou sentimentos de hostilidade em relação à família são
refletidos pela omissão da chaminé na casa; a falta de vidraças nas janelas sugere
hostilidade. O pobre controle motor de Sara enquanto desenhava a casa foi aparente-
mente causado pela forte emoção estimulada ao pensar em sua própria casa. No
desenho da pessoa faltam muitos detalhes essenciais, incluindo as características
faciais e o tronco. Isso reflete a negação de Sara de formas de contato sensoriais e
possíveis tendências auto-destrutivas. O último item desenhado para cada desenho
foi um item básico de contato - para a casa, a porta; para a árvore, a linha de base do
tronco; e para a pessoa, os pés. Isso indica uma marcante relutância em estabelecer
contato com a realidade. Há uma diminuição progressiva do contato com a realidade
com hostilidade manifesta cada vez maior; o negativismo aumenta em força quase
para franca rejeição.
Sumário
Já que Sara não respondeu ao inquérito, seus desenhos podem ser avaliados
como auto-retratos apenas. Como tal, eles revelam inacessibilidade, hostilidade e
158
Material suplementar de casos
Marie (Figura 6)
Histórico
Marie, 15 anos de idade, tem um QI de 55. Seus pais estão separados há mais de
seis anos. Seu pai, que é cego, é sustentado pela previdência. Marie é a terceira em
uma família de seis filhos, cinco dos quais mantidos pela Assistência a Crianças De-
pAnrlAntA~ A pAl:::i r.nntrih11içi:ín vnli int~ri:::i rl:::i irmi:í m:::ii~ vAlh:::i. M:::iriA Á ~nlit~ri:::i A Al:::i
mesma precisa proporcionar suas atividades de recreação e de lazer - principalmen-
te escutando discos e observando através da janela. Ela gostaria de sair e de fazer
coisas sozinha, mas ela não tem amigos. Qualquer excursão externa, mesmo a uma
loja na vizinhança, torna-se uma expedição, porque Marie tem muito medo de sair
sozinha. Sua mãe fica ansiosa em relação a ela, porque Marie pode não se lembrar
do que ela começou a fazer.
Marie admira muito os meninos e gostaria de ter um namorado, mas este desejo
não se materializou. A mãe queixa-se de que Marie é tagarela em casa, mas quieta
como um túmulo fora de casa. Ela freqüenta uma escola secundária e está em uma
classe para retardados mentais. Ela não se interessa por programas de trabalho,
porque teme que o trabalho, como a escola, será uma experiência insatisfatória.
Proporção
O tamanho da cabeça no desenho da pessoa certamente reflete a consciência de
Marie de suas limitações intelectuais.
Detalhes
O detalhamento excessivo e a semelhança repetitiva no desenho da casa sugerem
uma concretude rígida. Marie, obsessivamente, preenche os espaços vazios, como
rlAfA~:::i r.nntr:::i n~ ~AntimAntn~ A irlÁi:::i~ rAprimirln~. A~ pA~~n:::i~, :::inim:::ii~ A j:::inAl:::i~ ~119A-
rem uma necessidade de contato social e medo da ansiedade quando sozinha ou ina-
tiva. O sinal vermelho no extremo direito sugere uma necessidade de controles externos.
O tamanho pequeno das árvores e a falta de raízes e da linha de solo sinalizam insegu-
rança e inadequação. A copa da árvore é superposta ao tronco e não realmente uma
continuação dele, indicando uma negação da energia e dos impulsos. As duas árvores
parecem refletir a extrema necessidade de Marie de pertencer a uma família ou a um
grupo e a ansiedade de ficar sozinha. O detalhamento glamouroso na cabeça da pes-
soa é outra indicação das tendências obsessivas de Marie.
Sumário
Marie parece se ocupar com muitos pensamentos obsessivos. Ela nega seus impul-
sos e, muito provavelmente, sua responsabilidade pelo comportamento inadequado
159
Apêndice
Katherine (Figura 7)
Histórico
Katherine é uma mulher branca de 50 anos cuja história familiar inclui um primo-
irmão materno com esquizofrenia e uma tia materna diagnosticada com desordem
esquizoafetiva, do tipo depressivo. Katherine completou a décima série com 16 anos,
e então deixou a escola. Dois anos depois, ela se casou e teve um filho desse casa-
mento. Seis anos depois, ela se divorciou do marido e casou-se novamente quase
imediatamente. Seu segundo casamento também terminou em divórcio depois de 19
anos. O segundo marido era um alcoólatra crônico.
A infância de Katherine é descrita como sem acontecimentos. Porém, na ado-
lescência, ela foi apontada como tendo um comportamento nervoso, irritável, instável
e com explosões de raiva. Ela teve um pobre ajustamento social e escolar. Aos 35
anos, Katherine teve seu primeiro episódio maníaco. Ela foi hospitalizada em outras
quatro ocasiões em estado maníaco. Durante seu último período de internação, ela
foi estabilizada até um ponto em que pudesse ser colocada em um centro de cuidado
da família mantido pelo estado. Ela conseguiu uma licença como esteticista, mas não
era capaz de manter um emprego estável por causa da sua instabilidade, caracteriza-
da por falar excessivamente, flutuações do humor e produção variável no trabalho.
Os desenhos do H-T-P de Katherine foram feitos vários meses antes de ela ser entre-
gue aos cuidados da família, numa ocasião em que ela aparentava uma melhora
clínica considerável.
Comentários
Após desenhar a linha divisória vertical na árvore, Katherine disse, "Este lado da
árvore é primavera, este lado é inverno. Esta é minha árvore, eu sou assim, meio a
meio." A compreensão da realidade de Katherine está gravemente enfraquecida. Após
desenhar o cabelo na cabeça da pessoa, ela comentou, "Meu marido tem muito
cabelo loiro caindo em seus olhos. Eu devo ter confundido." Uma forte ligação com
seu marido persiste. Após desenhar as linhas inferiores da saia, ela riu e disse, "Este
é um hermafrodita. Eu fiz as características de um homem", indicando sexualidade
confusa. Ela continuou com, "Devemos por um chapéu de Páscoa nela? Isso deve
ser quando eu tinha meu cabelo curto", negando a identificação inicial e aceitando o
auto-retrato.
Katherine também escreveu comentários em todos os três desenhos. Ela tem uma
necessidade altamente patológica para definir as situações precisamente.
160
Material suplementar de casos
Proporção
A casa é pequena em comparação ao tamanho da página, refletindo inadequação
na situação no lar; a linha de solo incomumente longa sugere insegurança básica. A
árvore é muito grande, sugerindo um sentimento de constrição ambiental. As raízes
são pequenas em comparação ao tronco, indicando instabilidade básica em relação
ao futuro visto como duvidoso. As mãos e os pés da pessoa são muito pequenos,
provavelmente uma tentativa de demonstrar uma feminilidade básica.
Perspectiva
A casa situa-se no canto superior direito, uma localização pouco comum. Isto pode
refletir um desejo de suprimir um passado desagradável, com concomitante superva-
lorização do futuro ou uma necessidade de exercer forte controle intelectual e rejeitar
respostas emocionais. A casa está distante e levemente acima do observador, suge-
rindo que Katherine sente que a realização de seus objetivos é improvável. A árvore
está levemente cortada pela margem superior do papel, o que sugere uma tentativa
agressiva manifesta para assegurar satisfação. O desenho está localizado um pouco
acima na página, indicando um sentimento de esforço. A linha de solo inclina-se acen-
tuadamente para baixo e para a direita. O futuro pode estar sendo visto como perigoso
e a volta da doença é temida. As raízes da árvore são mostradas abaixo da linha doso-
lo, uma grave falha da realidade em alguém com o nível intelectual de Katherine. A pes-
soa está perfeitamente centralizada, um sinal de rigidez nas relações interpessoais.
Detalhes
A montanha atrás da casa é desenhada como um detalhe irrelevante pouco distan-
te ligado à casa, representando uma necessidade de segurança e proteção materna.
O reforço das linhas de contorno indica um sentimento de luta para manter a integri-
dade. O galpão à direita foi o último item desenhado. A ênfase moderada na fumaça
saindo da chaminé sugere uma necessidade de um lar caloroso e ansiedade ligada
ao lar. No desenho da árvore de Katherine, o balde de açúcar, o corte e a seiva
pingando da árvore são detalhes irrelevantes mais ou menos ornamentais. O simbo-
lismo sexual é óbvio. A linha divisória vertical simboliza a divisão bimodal e bissexual
de sua personalidade. As características do desenho da pessoa de Katherine são
alternativamente masculinas e femininas, refletindo sua confusão do papel sexual.
Os aspectos decorativos da roupa estão superenfatizados em enfeites narcisistas. O
corpo, mãos e pés são nitidamente femininos, numa tentativa de negar a figura como
um retrato de seu ex-marido e os aspectos bissexuais sugeridos pelas características
faciais. Os pés bastante sombreados sugerem ansiedade em relação à sua capacida-
de para obter e manter a autonomia.
161
Apêndice
"Céu limpo com alguns flocos de nuvem despedaçados." À pergunta, "Quando você
olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no
mesmo nível do que você?", ela respondeu, "No mesmo nível", indicando que sua
tendência a apresentar idéias de auto-referência é muito forte. Katherine gostaria
muito de possuir essa casa. Ela teria sua mãe morando com junto ela (dois casamen-
tos fracassados são suficientes). Katherine identificou sua árvore como "Pinheiro,
bordo vermelho, bordo branco", uma superexpansão maníaca do conceito. Quando
perguntada se a árvore era um homem ou uma mulher, ela primeiro respondeu: "Sem
sexo", depois escreveu, "Mulher", e disse que ela era feminina, "Porque um bordo 1
produz seiva de açúcar na primavera." Ela identificou o balde de seiva como "Deus
em pessoa, ou uma visão do céu", uma resposta patológica. A árvore é da sua idade,
localizada no pátio da casa de seu psiquiatra, refletindo sua relação subjetiva depen-
dente. A pessoa é Katherine aos 25 anos, em um desfile de páscoa. Essa foi a época
da lua-de-mel de seu segundo casamento, anterior aos graves colapsos mentais.
Quando perguntada como se sentia em relação a seu desenho da pessoa, Katherine
disse, "Bem, porque sou eu." Está presente ainda uma melhora do humor e o egocen-
trismo é óbvio. De modo geral, as respostas de Katherine ao inquérito indicam uma
pobre compreensão da realidade. As associações de Katherine para todos os três
desenhos revelaram um desejo saudoso e intenso de retornar aos dias mais felizes e
mais estáveis de sua infância, adolescência e início da idade adulta.
Sumário
A inspeção qualitativa mais casual revela que Katherine não está se comportando
eficientemente. Ela ia bem até o ponto em que contaminou a casa com o galpão, mas
a qualidade do conteúdo dos desenhos a partir daí, ainda que os desenhos em si
fossem executados de modo capaz, foram muito desviantes para alguém que se es-
pera que pudesse ter um ajustamento satisfatório a longo prazo fora do hospital. Os
desenhos de Katherine mostram uma compreensão diminuída da realidade e confu-
são no papel sexual expressa de uma forma manifesta. Eles revelam sentimentos,
expressos simbolicamente e com acentuada clareza, de ser dominada por intensa
emoção, cujo tom pode variar amplamente. Uma percepção fortemente pessimista do
futuro pode ser vista. Katherine apresentou uma "expansão anormal da expressão",
necessidades fortes de segurança, afeto e independência, certo grau de deterioração
mental orgânica e fortes sentimentos de auto-referência.
Gary (Figura 8)
Histórico
Este homem de 40 anos, branco e solteiro é o quarto de sete filhos. Os outros são
considerados normais. Nascido na Virgínia, Gary foi institucionalizado pela segunda
1 Eordo - árvore cerácea nativa da América do Norte, que uma vez ferida, dela escorre uma seiva rica em açúcar, que
pode ser extraída.
162
Material suplementar de casos
vez antes da aplicação do seu H-T-P. Entre as duas hospitalizações, ele recebeu, por
duas vezes, tratamento para alcoolismo. Seu ambiente, social e economicamente,
era elevado. Entretanto, sua mãe muito tolerante e protetora anulou todos os esforços
de seu pai para prepará-lo adequadamente para a vida adulta. Gary se formou no
ensino médio no período normal e freqüentou uma universidade por vários semestres.
Ele nunca se sustentou. Ele diz, "Eu nasci um cavalheiro - só um tolo trabalharia."
Desde seus 6 anos de idade, quando teve encefalite, ele se tornou progressivamente
mais anti-social. Ele reagiu violentamente à morte de sua mãe, 16 anos atrás, e foi
institucionalizado depois de ameaçar matar o seu pai. Recentemente, ele se tornou
alcoólatra fora da instituição. Parece que ocorreu uma deterioração orgânica.
Atitude
Gary expressou livre e claramente sua completa aversão durante toda a tarefa.
Trabalhar é detestável para ele.
Comentários
Os poucos comentários que Gary fez enquanto desenhava indicaram o reconheci-
mento de sua inadequação, com alguns sentimentos de frustração diante de sua
incapacidade de fazer melhor - uma impotência associada à lesão cerebral orgânica.
Enquanto Gary desenhava a pessoa, ele começou uma narração longa, irrelevante,
mas bem ordenada, de sua viagem à New York World's Fair. A disparidade acentuada
entre a qualidade conceituai de seus comentários verbais e a de seus desenhos, a
favor dos comentários verbais, sugere presença de lesão cerebral orgânica.
Proporção
A porta e as janelas da casa são muito pequenas em relação à parede em que
elas aparecem, indicando inacessibilidade e falta de interesse pelos outros. A árvo-
re é pequena em comparação ao tamanho da página, simbolizando o sentimento de
inadequação de Gary. A desproporção em todo o desenho da pessoa é geral, óbvia
e grande. É uma caricatura grotesca de uma pessoa próxima e das pessoas em
geral.
Perspectiva
A desorganização da relação espacial dos detalhes ilustra a segmentação da apre-
sentação dos detalhes, o que, quase sempre, indica um distúrbio orgânico. Na casa,
por exemplo, a porta está localizada bem acima dos degraus; a porta está colocada
levemente acima das janelas; o telhado que é descrito como cobrindo a porta, é apre-
sentado abaixo da porta; e a chaminé está suspensa acima do telhado. Os galhos da
árvore não estão ligados ao tronco, e nunca estão ligados entre eles. A pessoa tem
braços que não se unem ao tronco. A localização da casa e da árvore no canto supe-
rior esquerdo da página indica regressão e insegurança básica. Suspeita-se de que a
pessoa seria colocada na mesma localização, mas pelo fato de que a pessoa, como
ocorre com muitos psicopatas, gerou uma reação hostil, agressiva, a qual permitiu ou
163
Apêndice
Detalhes
As janelas da casa não possuem vidraça, indicando hostilidade e possível erotismo
oral e/ou anal. A porta e os degraus foram os últimos itens desenhados: Gary determina
os termos nos quais ele estabelecerá contato. O desenho da árvore, inclui uma área
fortemente sombreada na parte superior do galho inferior esquerdo. Ao ser pergunta-
do, Gary disse que aquilo simbolizava a morte de sua mãe. No desenho da pessoa, a
boca e os braços foram os últimos itens desenhados. Os modos de expressão hostis
foram omitidos até o último instante. Ao fazer a pessoa como uma "figura palito", Gary
agride o examinador e as pessoas em geral. O controle motor pobre e a força excessiva
foram exibidos em cada desenho, sugerindo presença de lesão orgânica.
164
Material suplementar de casos
Sumário
O H-T-P de Gary revela muitas características tipicamente encontradas nos dese-
nhos de indivíduos com deterioração mental orgânica. Todos os três desenhos são
desorganizados. As relações relativas à proporção e à posição dos detalhes estão
distorcidas e seu senso-crítico é muito inferior. Ele mostra pobre controle motor. A
árvore é pequena, tortuosa e unidimensional. Fortes sentimentos de violência e des-
trutividade, acompanhados de uma pobre compreensão da realidade são evidentes.
Há sinais de desajustamento sexual e de sentimentos fortemente hostis em relação a
pessoas por quem ele mantém um mal disfarçado desprezo, cuja expressão verbal
direta e livre freqüentemente lhe tem causado dificuldades. Outros aspectos dos de-
senhos de Gary incluem reflexos de sua incapacidade para estabelecer relações du-
radouras, responsáveis, compartilhadas e afetuosas, e hostilidade em relação a sua
família tão forte que ele está disposto a degradar a si mesmo, se, ao fazer assim, ele tam-
bém puder degradar seus parentes. Idéias de perseguição e ilusões de grandeza
também estão indicadas.
Marlene (Figura 9)
Histórico
Marlene, 35 anos, nasceu em uma região rural de Virgínia, e é a quarta de sete
filhos. Suas condições econômicas e sociais eram de classe média baixa. O histórico
de sua família era negativo em relação a doença e deficiência mentais. Marlene com-
pletou o ensino médio no período de tempo médio, sem repetir nenhum ano e entrou
em um curso de treinamento de enfermagem num hospital metropolitano. Ela parou
depois de quatro meses de trabalho experimental para se casar com um taxista, que
tinha sido casado e ser divorciado uma vez antes. Depois do casamento, ela traba-
lhou como balconista em diversas farmácias. Sua vida conjugal foi tempestuosa. Para
começar, ela renunciou à religião de sua família (Batista Primitiva) para se juntar à
igreja de seu marido (Católica Romana). Seu marido, cuja aparência ela descreveu
como um tipo de deus norueguês, era flagrante e freqüentemente infiel. Ela queria
filhos; ele não. Ela teve dois abortos e, para seu grande desapontamento, nunca deu
a luz a uma criança viva. Três anos antes, ela se divorciou de seu marido com base no
adultério. Desde então, sempre que ele vem visitá-la, o que é freqüente, ela se abor-
rece, porque ela ainda está fortemente atraída por ele. Três dias antes da aplicação
do H-T-P, seu marido a visitou e encorajou-a a fugir com ele; essa visita ocorreu,
quando Marlene tinha quase decidido se casar com outra pessoa. Aquela noite ela
tomou uma overdose de fenobarbital, mas as circunstâncias em que ela o fez, era
quase certo que seria descoberta antes de que a morte pudesse ocorrer. Seu psiquiatra
165
Apêndice
Atitude
Marlene apresentava uma tendência progressiva para o abandono, demonstrando
tendência à fatigabilidade e negativismo crescente. Ela rapidamente se afastou da
situação de tarefa, imediatamente após completar cada desenho.
Tempo
O tempo razoavelmente longo gasto para a casa (6':35") sugere que o lar seja uma
área de conflito para Marlene. Houve uma pausa incomumente longa para a chaminé,
provavelmente um reflexo do conflito sexual. O tempo gasto de 6':48" para a pessoa
é longo, sugerindo conflito nas áreas interpessoais e intrapessoais. A pausa anormal-
mente longa antes de desenhar as características faciais indica uma relutância para
produzir um auto-retrato.
Rasuras
Cada desenho foi apagado ocasionalmente, mas poucas vezes para corrigir. O reco-
nhecimento das falhas de Marlene indica uma capacidade intelectual básica mediana,
mas sua incapacidade de melhorar mostra a presença de um funcionamento depressivo.
Comentários
Antes de desenhar a chaminé, ela comentou que a casa parecia com uma prisão.
Isso pode expressar uma afeição por seu marido que a prende. Imediatamente de-
pois de rejeitar a chaminé, ela disse que a casa não lhe parecia certa, parecia-se mais
com um celeiro do que com uma casa. Os celeiros não têm calor e seu papel domés-
tico em muitos aspectos se assemelhava com o de um animal doméstico. Antes de
desenhar a estrutura de galhos da árvore, Marlene comentou que a árvore não dava
frutos. Isso reflete os fortes sentimentos de inadequação produzidos por sua pseudo-
esterilidade. Enquanto desenhava as características faciais da pessoa, Marlene co-
mentou, "Ela parece como se estivesse morta". Em outra hora, ela disse que preferiria
antes estar morta do que perder o seu marido, mas, para que ela voltasse para ele,
ela também precisaria estar morta.
Proporção
As características do desenho da casa apresentam disparidades de proporção
incomuns entre as medidas verticais e horizontais, com predomínio das horizontais,
indicando que a casa tem importante significado temporal no campo psicológico e é a
fonte de satisfação elementar.
Perspectiva
A apresentação da casa de frente sugere um desejo de reprimir a expressão do
sentimento verdadeiro. A organização é pobre. A casa parece que vai desabar,
166
Material suplementar de casos
Detalhes
A chaminé, um detalhe essencial do desenho da casa, foi desenhada em várias
posições e, finalmente, apagada, indicando conflito sexual. As rasuras fortemente
patológicas da chaminé sugerem que, para Marlene, conflitos graves são estimula-
dos por esse símbolo fálico. O reforço das linhas sugere que Marlene encontra dificul-
dade em manter o controle nas situações intrafamiliares.
A pessoa foi apresentada totalmente de frente e nua, ainda que sem as caracterís-
ticas sexuais, o que pode refletir conflito sexual e um sentimento de desamparo. A
~P.qiiÂnr.i:::i rlP. rlP.t:::ilhP.~ Á nitirl:::imP.ntP. p:::itnlngir.:::i A~ pP.rn:::i~ P. n~ pÃ~ fnr:::im rlP.~Anh:=i-
dos primeiro, depois o tronco e as características faciais por último. Esta seqüência
sugere um forte conflito relativo ao corpo e marcada relutância em ser identificado. A
ênfase exagerada nas linhas do tronco, coxas e pernas sugere que Marlene está
bastante consciente de seus impulsos sexuais, que ela reprime com dificuldade, e
que lhe causam fortes sentimentos de culpa. A qualidade acentuadamente vacilante
das linhas em cada desenho reflete a indecisão e ambivalência generalizadas de
Marlene.
167
Apêndice
Sumário
Marlene exibe desajustamento sexual com uma forte necessidade de satisfação
sexual e fortes sentimentos de culpa concomitantes. Seus desenhos indicam ansie-
dade e depressão, e sentimentos esmagadores de frustração, para a satisfação dos
quais ela sente que é inútil se esforçar. Uma tendência a se afastar da realidade é
também exibida. O comportamento obsessivo-compulsivo de Marlene parece ser a
sua maneira de lidar com suas fortes necessidades de segurança e estabilidade.
Histórico
Curtis é um rapaz de 23 anos, branco e o segundo de quatro filhos. Sua mãe é uma
mulher dominadora e agressiva; seu pai é submisso e ausente. O irmão mais velho de
Curtis apresenta muitas características esquizóides. Curtis formou-se na faculdade
há quatro anos e agora é um instrutor universitário. Ele sempre se orgulhou de suas
realizações literárias, habilidades artísticas, bom gosto e físico esplêndido (este últi-
mo era ilusão). No exército, durante a Segunda Guerra Mundial, ele serviu no Teatro
Mediterrâneo de Operações, onde adquiriu uma vasta coleção de fotos pornográfi-
cas. Sua primeira experiência homossexual foi no exército. Desde então, ele teve
mais de 50 amantes homossexuais. Recentemente, ele ficou profundamente ligado a
um autor bem conhecido. Ele tinha tido apenas uma experiência heterossexual antes
de se casar, há dois anos, com uma mulher aproximadamente 1O anos mais velha;
uma mulher que é muito convencional, socialmente estereotipada e carente de afeto.
Depois de três meses Curtis parou de tentar obter um ajustamento heterossexual
satisfatório. Quando estes desenhos do H-T-P foram feitos, ele estava pretendendo
seriamente a separação de sua esposa. Outra característica proeminente de Curtis é
o seu grande apetite sensual; tentativas para satisfazer este apetite têm dominado a
sua vida. Às vezes, ele mostra momentos de insigths muito dolorosos.
Atitude
No início, houve incredulidade surpreendente e, no final, algum negativismo.
Comentários
Curtis exibiu emotividade suspirando antes de desenhar a árvore e a pessoa.
168
Material suplementar de casos
Proporção
A casa é pequena em comparação com a página, indicando a inadequação de
Curtis para situações do lar em geral e rejeição de s.eu status marital em particular. ~4o
desenho da árvore, a estrutura dos galhos é muito grande em proporção ao tronco,
sugerindo que a busca de satisfação de Curtis coloca em perigo o equilíbrio de sua
personalidade. Quando ele desenhou a pessoa, Curtis inicialmente desenhou uma
cabeça grande com olhos hostis e penetrantes, e uma boca grande, sensual, exibindo
uma insistência negativista para fazer apenas o que lhe agradasse. Quando o exami-
nador repetiu o instrução original para que ele desenhasse a pessoa inteira, Curtis
apagou a cabeça grande e desenhou uma figura relativamente muito pequena, o que
sugere um sentimento de inferioridade em suas relações interpessoais, presumivel-
mente aumentado por seu presente desajustamento conjugal.
Perspectiva
A casa está localizada no alto da página, comunicando um sentimento de luta por
um objetivo aparentemente inatingível. Ela está acima e distante do observador, sina-
lizando o forte desejo de Curtis de se afastar e permanecer distante em isolamento.
A casa parece estar suspensa no ar; o que pode expressar urna supervalorização dó
abstrato com uma concomitante tendência para rejeitar os aspectos mais mundanos
da vida. A chaminé está ligada à lareira de seu quarto, acima da varanda. Ele encon-
tra mais calor nas situações dos quartos, mas ele precisa de calor artificial em sua
atual vida de casado. A coluna da varanda à esquerda é transparente. A emotividade
de Curtis está definidamente deprimindo sua eficiência intelectual. A árvore parece
estar tombada, indicando que Curtis pode estar consciente da desorganização poten-
cial de sua personalidade. A ênfase exagerada na estrutura dos galhos à direita pode
indicar uma supervalorização do futuro e ênfase exagerada na necessidade de con-
trole intelectual dos potentes impulsos emocionais. O sombreamento pesado em toda
a árvore assinala a presença de ansiedade generalizada. A pessoa, aparece empur-
rando um pé para frente hesitantemente, como se estivesse testando a temperatura
da água antes de mergulhar nela, o que pode refletir uma reação de "criança queima-
da" às relações interpessoais infelizes. As calças parecem ser transparentes e mos-
tram um shorts, refletindo preocupação sexual com tendências exibicionistas.
Detaihes
As grandes nuvens nos fundos da casa indicam ansiedade generalizada modera-
da. A ênfase exagerada nas janelas sugere fixação por orifícios. Há um número inco-
mum de janelas em seu quarto - o cômodo acima da varanda. Isso pode ser um
reflexo de tendências exibicionistas. Nenhuma porta é vista. Curtis disse que a porta
ficava à esquerda da varanda, um sinal de que ele estabelece contato em seus próprios
termos. No desenho da pessoa, as linhas muito sombreadas no nível do quadril, se-
gundo Curtis, são "bolsos" e podem ser vistas como sinais de conflito sexual. Os pés
são fortemente sombreados, sugerindo ansiedade referente à mobilidade. Ele se sen-
te preso em uma armadilha como um marido. A cabeça foi último item desenhado,
169
Apêndice
evidência de uma relutância para identificar o que ele mais tarde chamou de auto-
retrato, consciência do corpo definida, e uma tentativa de negar os impulsos da fanta-
sia. As mãos estão precariamente desenhadas, o que pode refletir um sentimento de
incapacidade para lidar com o ambiente ou uma possível fonte de culpa.
Sumário
Curtis exibiu forte conflito no papel sexual e tendências narcisistas eróticas exibicio-
nistas orais e anais. Ele retratou sentimentos quase intoleráveis às pressões ambien-
tais e de grande esforço contra a tendência de obter satisfação emocional imediata.
Uma ansiedade fortemente generalizada é evidente. Curtis expressou uma tendência
para ver a convenção e os que a seguem com desprezo. Ele demonstrou uma forte
necessidade de autonomia, realização e criatividade.
Histórico
Kevin, graduado em uma escola de ensino médio, tem um IQ total de 121 no
Weschler-Bellevue Forma 1. Ele nunca se manteve muito acima de um nível econômi-
co marginal até pouco antes deste exame, quando começou a vender seguro de vida.
170
Material suplementar de casos
Comentários
Após fazer os galhos da árvore, Kevin comentou, "Eu estou mais interessado pelas
árvores mortas do que pelas vivas; isso está certo?" Ele reconhece a morbidez de seu
interesse, o que pode também indicar tendências autodestrutivas moderadas. Antes
de desenhar a pessoa, ele perguntou, "A pessoa toda? Deve ser semelhante a uma
pessoa viva? Eu tenho um personagem especial que eu gosto brincar." Ele, então,
disse que já havia o desenhado muitas vezes, mas nunca abaixo da cintura. Aqui,
Kevin mostra indecisão e conflito social. A área perturbadora da pélvis havia sido
evitada até então.
Proporção
A árvore é bastante grande em comparação ao tamanho do papel, sugerindo que
Kevin possa se sentir constrito pelo e em seu ambiente.
Perspectiva
A casa está localizada próxima ao canto superior esquerdo. Isto pode indicar uma
reação imatura ao lar. A árvore está localizada um pouco alta na página, sugerindo
sentimentos moderados de esforço. Ela se inclina para a direita. Kevin pode estar
demonstrando uma tentativa de reprimir o passado e de supervalorizar o futuro, como
uma fonte de satisfação e pode sentir-se incapaz de obter satisfação emocional no
seu ambiente. A pessoa está quase no centro da página, indicando rigidez e insegu-
rança básica em situações psicossociais. Kevin, depois, explicou que o movimento da
pessoa era uma reação de medo pela visão da passagem de algumas meninas. Um
certo grau de desajustamento sexual é indicado.
Detalhes
Não há chaminé na casa. Esta omissão, que não pode ser explicada pela inferiori-
dade intelectual, sugere falta de calor no lar ou conflito sexual. Os degraus são de
qualidade inferior, ilustrando que Kevin é um pouco inacessível. A barra desenhada
na frente da entrada indica relativa inacessibilidade ou rejeição da casa como uma
habitação tanto do passado como do presente. O caminho está incompleto e hesitan-
te, indicando apenas relativa inacessibilidade. Duas árvores e um arbusto foram de-
senhados ao lado da casa. Eles representam simbólica e realmente, da esquerda
para a direita, o pai, o irmão e a mãe do paciente. A mãe é a mais distante. As janelas
foram desenhadas numa seqüência incomum. A segunda da esquerda, no segundo
171
Apêndice
andar, foi desenhada por último. Associações muito desagradáveis resultaram pri-
meiro em uma recusa temporária em representar esse quarto e depois na sua desva-
lorização quando foi desenhado. A janela desse quarto possui barras como vidraças.
Kevin pode se sentir aprisionado nele. Duas cicatrizes foram desenhadas no tronco
da árvore. Para Kevin, a cicatriz mais perto da base do tronco simboliza a morte de
uma colega quando Kevin tinha quatro anos; a cicatriz mais acima simboliza o trauma
psíquico que ele experimentou aos 15 anos de idade, quando seu irmão morreu. Há
uma linha de solo saliente, mas não enfatizada, sugerindo insegurança básica. A
boca da pessoa e o charuto estão enfatizados, indicando uma forte preocupação oral.
Os detalhes ornamentais das roupas são enfatizados, o que pode refletir auto-apre-
ciação narcisista com auto-embelezamento compensatório. O nariz, o charuto e a
gravata, todos considerados como substitutos de objetos fálicos, são enfatizados,
sugerindo algum desajustamento sexual.
Sumário
O uso excessivo de detalhes sugere clara preocupação com aspectos superficiais
da vida diária e com o que os outros pensam dele. O número elevado e incomum de
elementos usado para a casa indica que supostamente a sua maior dificuldade no
presente é seu ajustamento conjugal insatisfatório. Kevin exibe grave desajustamen-
to sexual, produzindo ansiedade dolorosa. Seus desenhos do H-T-P refletem uma
172
Material suplementar de casos
Histórico
Phillip, um rapaz branco de 22 anos, é filho único do segundo casamento de seu
pai. Ele tem quatro meio-irmãos; um falecido. O meio-irmão mais novo é 14 anos
mais velho do que Phillip. O nível sócio-econômico de Phillip é médio. Seus pais são
um casal bem ajustado apesar do fato de sua mãe ser aproximadamente 20 anos
mais nova do que seu pai. Phillip serviu durante três anos na Força Aérea e, no
momento, está na faculdade. Ele se ajusta facilmente a situações sociais e é essen-
cialmente amigável. Ele tem tentado compensar seus sentimentos de inferioridade e
autoconsciência, por causa da sua altura incomum (1,97m), adotando uma máscara
extrovertida. Ele apresenta uma necessidade levemente neurótica de estruturar total-
mente as situações, mesmo quando conta simples piadas. Ele gosta do papel de
iconoclasta2 e defende, obstinadamente, teorias não convencionais, mas de forma
capaz. Ele tende a ser atraído pelo concreto e tangível e a ser repelido pelo abstrato
e pelo intangível. Seu egocentrismo moderado e temperamento relativamente rápido,
às vezes, têm lhe causado alguns problemas. Ele está para se casar.
2 Iconoclasta - aquele que quer destruir imagens ou ídolos, que não respeita tradições.
173
Apêndice
Atitude
Durante todo o exame, Phillip tentou parecer cinicamente divertido; no fim, ele
achou a tarefa um pouco perturbadora.
Comentários
Os comentários de Phillip enquanto desenhava a pessoa revelaram sua sensibili-
dade em relação a sua altura e mostraram sua tendência para agir como iconoclasta.
Tempo
O tempo despendido para a casa, 10':30", é um pouco excessivo. Isso reflete a
forte valência positiva que esta casa tem para Phillip. Houve uma pausa de 2 minutos
antes que ele desenhasse a estrada e o caminho. Phillip não pôde negar a forte
atração de um passado menos exigente. Para o desenho da pessoa, durante uma
latência inicial de 85 segundos, Phillip reprimiu seu impulso original de desenhar Schmoe,
um personagem dos desenhos animados que nunca é desenhado inteiro. Isso reflete
uma insegurança básica e uma necessidade de desvalorizar os outros. O tempo total
gasto por ele de 16':30" foi definidamente excessivo.
Proporção
A porta da casa é um pouco menor do que a média, indicando resistência em
estabelecer contato com os outros. A estrutura de galhos da árvore é um pouco gran-
de em proporção ao tronco, sugerindo esforço um pouco exagerado. O braço da
pessoa é um pouco longo demais, refletindo, talvez, sua auto-consciência.
Perspectiva
A casa está no centro horizontal da página, indicando rigidez moderada, e um
pouco abaixo em relação ao centro vertical, sugerindo uma depressão moderada.
Quando esta casa foi desenhada, Phillip não sabia se conseguiria fazer esta casa ou
não. A janela do banheiro está colocada, de uma maneira um pouco diferente, acima
das outras quatro janelas no mesmo andar, sugerindo modéstia excessiva. O som-
breamento da árvore ultrapassa ocasionalmente a linha periférica, sugerindo inibição
e ansiedade generalizada moderadas. A árvore está no centro do eixo vertical, evidência
da presença moderada de esforços. Esta pessoa está em perfil absoluto, evidenciando
certo grau de hostilidade nas relações interpessoais. A pessoa está rígida, mas incli-
nada levemente para a frente com sua mão estendida, uma expressão de conflito nas
relações interpessoais, com tentativas específicas de ser mais amigável para superar
sua própria hostilidade. Quando perguntado sobre porque a mão da pessoa ter sido
desenhada em preto, Phillip respondeu que a mão havia sido sombreada para cobrir
alguns erros que ele cometera, que ele achou que seria melhor fazer assim do que
apagar. Isso indica uma incapacidade primária para admitir um .erro, que foi levemente
diminuída pela verbalização subseqüente.
174
Material suplementar de casos
Detalhes
A linha de solo da casa foi desenhada primeiro e depois reforçada vária vezes,
indicando insegurança - esta casa ainda não é dele. Os degraus unidimensionais são
de qualidade inferior, sugerindo que Phillip não é muito facilmente acessível. A varan-
da à esquerda, voltada para a estrada levando à casa paterna, é fortemente sombrea-
da, o que pode refletir ansiedade provocada por um desejo de retornar ao seu antigo
papel infantil. Depois de desenhar a ala à direita (em que ele planejou construir um
quarto para ele e sua noiva). Phillip desenhou a estrada e o caminho de pedra da
porta para a estrada. Isso parece simbolizar a atitude temporal ambivalente de muitos
futuros noivos. A linha de solo da árvore foi desenhada primeiro, uma expressão de
insegurança moderada. Há ênfase exagerada no corpo da pessoa, o que não é sur-
presa em um futuro noivo. Os braços e as mãos foram desenhados por último. Phillip
adiou a mão estendida amigavelmente até o último momento possível. A mão está
muito sombreada, realmente dizendo, "Aceite-me como eu sou, com as mãos sujas
do trabalho honesto, ou não me aceite de modo algum." Culpa relativa à atividade
auto-erótica pode, também ser indicada. A casa e a árvore foram desenhadas de
modo muito metódico e de forma precisa de baixo para cima e da esquerda para a
direita. Phillip parece trabalhar mais contente quando é sistemático. A seqüência dos
detalhes para a pessoa foi menos ordenada do que para a casa e a árvore, indicando
que ele achou o auto-retrato perturbador. A qualidade das linhas dos três desenhos é
bastante boa.
175
Apêndice
Sumário
Phillip exibe uma consciência corporal aumentada e ambivalência de um futuro
noivo. Ele mostra uma visão e uma reação à convenção imatura e rígida e uma inse-
gurança moderada nas relações interpessoais, às quais ele reage desenvolvendo um
falso padrão de comportamento amigável. Ele apresenta uma tendência a ser hiper-
crítico e a desconfiar do não familiar, do abstrato, do complicado e do sofisticado.
(Figura 16)
Esta casa foi desenhada por um homem de 38 anos de idade. A história do caso não
está disponível. As paredes transparentes denotam extremas dificuldades para diferen-
ciar entre os estímulos internos e externos. Ao exibir a.aridez interna da casa demonstra
falta de identificação, de empatia ou de ligação com outros. Diversas árvores desenha-
das levemente em volta da casa sugerem uma intensa e temerosa dependência. A
grande chaminé reflete um desejo de ser visto como um homem forte, potente. Mas a
chaminé é precariamente presa à casa, sugerindo uma falta de identificação com a
figura paterna. As tentativas de perspectiva sugerem esforços positivos, embora mal-
sucedidos, para mobilizar suas energias (De Levine & Sapolsky, 1969)
Histórico
Sherman é um rapaz branco, solteiro, de 28 anos e o segundo de dois filhos. Sua
mãe separou-se de seu pai quando ele tinha 2 anos. Entretanto, a mãe logo se casou
de novo e era feliz. Sherman completou o ensino médio no período de tempo normal.
Ele cursou 18 meses numa faculdade de administração, onde ele se saiu bem. Até
seu ingresso no exército, ele era considerado tranqüilo e amigável, relacionando-se
espontaneamente tanto com os homens, como com as mulheres. Entretanto, logo
após a sua convocação, ele desenvolveu sintomas gastrointestinais que o levaram a
sua hospitalização e dispensa. Depois de deixar o exército, ele melhorou e permane-
ceu bem por cerca de dois anos. Ele, então, se tornou isolado, tenso, nervoso e
irritável. Ele se negava a misturar-se a outras pessoas. Ele insistia em ficar em casa
lendo e ouvindo rádio. Ele dormia mal. Em pouco tempo, ele reclamava de que as
pessoas ficavam observando-o e rindo dele. Ele foi logo internado, depois de ter sido
preso por exposição indecente. No exame, ele se encontrava moderadamente de-
pressivo e paranóico. Ele atribuiu muito de sua dificuldade a uma fraqueza das gôna-
das. Ele manifestou um forte temor de castração. Ele estava convencido de que uma
176
Material suplementar de casos
mudança estava ocorrendo no formato de sua face e cabeça, o que faria com que o
observador casual seria capaz de reconhecer sua fraqueza sexual. No hospital, ele
passou grande parte do tempo olhando fixamente para um espelho. O diagnóstico foi
de esquizofrenia de tipo misto. Depois que a psicoterapia se mostrou ineficiente, fo-
ram administrados 27 choques de insulina, seguidos por 13 eletrochoques, o que,
inicialmente, produziu um estado de excitação e exaltação, mas, logo depois foi se-
guida de uma melhora suficiente para justificar sua saída do hospital. Dois anos de-
pois, ele regrediu acentuadamente, apresentando sintomatologia similar à que o tinha
levado à hospitalização.
Atitude
Aceitação relutante durante o tempo todo
Tempo
O tempo consumido foi um pouco excessivo para os três desenhos. Sherman es-
tava totalmente relutante em se comprometer.
Comentários
Após desenhar o telhado, as paredes e a chaminé, Sherman disse, "Eu posso
fazer a parte externa, mas como você consegue o lado de dentro?", uma expressão
de profundos sentimentos de impotência e confusão da realidade. Sherman reclamou
que ele sabia como uma árvore se parecia, mas não podia reproduzi-la. Esta é uma
característica de impotência associada à lesão cerebral orgânica. Depois de dese-
nhar os ombros, Sherman parou um momento e comentou, "Agora eu não sei se faço
um homem ou uma mulher", uma expressão verbal de confusão de gênero.
Proporção
Esta não é a desproporção ou a "dupla perspectiva" da casa da deficiência mental;
aqui, a êníase de tamanho é colocada nas paredes laterais e não na parede centrai.
A parede central simboliza o self. As paredes laterais protetoras simbolizam as defe-
sas da personalidade. A chaminé é muito enfatizada, sugerindo conflito sexual e medo
de castração. Todos os galhos da árvore são unidimensionais. As fontes de satisfa-
ção no ambiente de Sherman são poucas. As raízes são unidimensionais, indicando
que as fontes de satisfação elementares também são inadequadas. A confusão de
gênero é aparente no desenho da pessoa de Sherman: O queixo e os ombros são
claramente masculinos; enquanto a cintura e as curvas do corpo são totalmente femi-
ninas. A instabilidade marcante da qualidade das linhas em todos os três desenhos
são evidência de ampla flutuação no tom dos sentimentos e de tensão generalizada.
Perspectiva
A casa, que foi iniciada de forma convencional em três dimensões, foi executada
com uma apresentação plana e depois completada no estilo tridimensional. Este tipo
177
Apêndice
Detalhes
Há uma ausência patológica de detalhes essenciais. Não há portas nem janelas
abaixo do nível do sótão da casa, evidência da relutância debilitadora no contato com
a realidade. A seqüência dos detalhes é incomum. As janelas do sótão foram os
últimos itens desenhados, o que parece uma tentativa de esconder o fato de que a
fantasia é uma fonte de satisfação. A árvore foi produzida do alto para baixo. Esta é
uma forma mais espontânea, mas ainda relutante, de se aproximar da realidade.
Cada detalhe à esquerda foi seguido imediatamente de um detalhe correspondente à
direita. Uma grande necessidade de equilíbrio, como a ênfase em simetria, costuma
ser vista nos desenhos de esquizóides e obsessivo-compulsivos. As raízes unidimen-
sionais foram desenhadas espontaneamente, e indicam uma forte negação da reali-
dade em alguém do nível intelectual de Sherman. Embora a pessoa seja mostrada
totalmente de frente e nua, os genitais não foram desenhados, o que pode indicar
conflito sexual ou sentimentos de impotência. As orelhas foram o trigésimo item a ser
desenhado, possivelmente uma tentativa de evitar críticas ou, talvez, material aluci-
natório. A ênfase exagerada nos olhos reflete uma vigilância suspeita.
178
Material suplementar de casos
Quando perguntado se a árvore era saudável e forte, ele disse, "Poderia ser boa ou
podre- eu não sou árvore- naturalmente isto aponta para mim", demonstrando auto-
referência extrema. Ele disse que o topo da árvore havia morrido recentemente, sim-
bolizando sua doença atual. A árvore de Sherman é um carvalho, localizado em algum
lugar do mundo: mais uma vez, ele não consegue decidir. Quando perguntado se a
pessoa era um homem ou mulher, Sherman disse, "Um homem, uma mulher, uma
menina ou um menino", de novo, demonstrando confusão do papel sexual. Ao ser
perguntado para onde a pessoa estaria olhando, ele disse, "Ele está olhando para
este lado, e deve estar querendo ir para aquele lado. Ele poderia estar hesitante se
deve sair ou ficar, ele pode estar indeciso, em estado de indecisão." Essa resposta
apresenta um retrato patético, mas claro, do próprio Sherman. Quando foi pergunta-
do o que a pessoa podia estar olhando, ele respondeu, "Ele pode estar lançando seus
olhos para dentro dele mesmo." Essa resposta revela a negação de Sherman da
realidade objetiva e autocontemplação narcisista. Ao ser perguntado em que a pes-
soa estaria pensando, ele respondeu, "É apenas um desenho, não há processo de
pensamento", uma tendência à concretude associada à lesão cerebral orgânica. A
pessoa é ele mesmo, ninguém mais; ele está certo disso. Ele está muito absorto em
si mesmo para conceber qualquer outra identidade. Em geral, durante o inquérito, o
tom dos sentimentos era essencialmente ameno, as coisas poderiam ser boas ou
ruins; agradáveis ou desagradáveis; felizes ou infelizes. A separação entre o afeto e
a cognição parecia ser quase total. Várias de suas associações ele imediatamente
considerava não razoáveis, mas ele não podia oferecer nenhuma melhora - outra
manifestação de impotência associada à lesão cerebral orgânica.
Sumário
Há muitos sinais de síndrome cerebral orgânica. A casa é acentuadamente desor-
ganizada, com um efeito de dois planos. Há uma grande dispersão na qualidade dos
detalhes desenhados. Sherman produziu muitas expressões verbais de impotência.
Os sinais esquizóides incluem compreensão falha da realidade, alucinações somáti-
cas, tendência a fugir da realidade com ênfase na fantasia como fonte de satisfação,
muitas expressões de brandura do afeto (contrastando agudamente com a forte ansie-
dade expressa nos desenhos), o forte conflito sexual de Sherman, sua desorganiza-
ção intrapessoal e sua hipersensibilidade paranóica.
Histórico
Ted, 25 anos, é o mais novo de cinco filhos e o único homem. Sua irmã mais nova
é 1O anos mais velha do que ele. O pai e a mãe tinham uma relação conjugal preca-
riamente ajustada; os dois eram indivíduos dominadores. O pai, autocrático, rígido e
meticuloso, aparentemente nunca fez uma tentativa de estabelecer uma relação de
afeto com seu filho. A mãe, que procurava compensar sua insatisfação conjugal com
179
Apêndice
Atitude
Cada um dos três desenhos produziu frustração e abandono da tarefa. Ted é bas-
tante desajustado.
Tempo
O tempo gasto para a casa foi de 11 ':57". Este é um indicador de preocupação
patológica em relação à casa.
Comentários
Ted anunciou rapidamente que estava desenhando sua própria casa no cam-
po; depois, às vezes ele fazia comentários que indicaram sentimentos crescentes
de frustração e impotência, e de que ele não achava o desafio estimulante. Seu
primeiro comentário, enquanto desenhava o contorno da cabeça da pessoa, foi,
"O cowboy é uma pessoa." Mais tarde ele falou de modo ofensivo da falta de
posição social da família de sua esposa - Ted é esnobe. Logo após começar a
desenhar os braços, ele observou, "Deve ser uma tendência fazer uma cabeça e
ombros, porque sempre que eu fazia um desenho como este, na escola, era o
máximo que eu conseguia - cabeça e ombros." O conflito sexual é indicado por
sua esquiva de fazer o corpo, pélvis, etc. Seu último comentário foi, "Seria um
bom homem e bonito, se eu pudesse colocar os pés", enfatizando seus sentimen-
tos de mobilidade restrita.
180
Material suplementar de casos
Perspectiva
A casa é cortada pela margem da folha em ambos os lados. O forte sombreamento
na base da casa à direita sugere ansiedade em relação à estabilidade futura de sua
casa atual. Não menos de cinco transparências são vistas nos pilares e no telhado da
varanda. Uma emoção quase paralisante produziu uma significativa diminuição da
eficiência intelectual: Ted não consegue produzir sua casa dentro das margens late-
rais da folha.
Ted começou a desenhar uma árvore de folhas que caem, mas apagou-a rapida-
mente, quando foi dito (depois de ter perguntado) que poderia desenhar outro tipo
árvore. Então, ele desenhou uma árvore rígida, pontuda, usando as áreas não som-
breadas para indicar a estrutura dos galhos. Então, ele abandonou essa abordagem
mais uma vez e adotou seu plano definitivo. Este comportamento reflete acentuada
indecisão geral e conflito do papel sexual. Ted apagou de modo indiferente as duas
primeiras tentativas de produzir a árvore. Ele comentou, depois, que ele tende a se-
guir uma linha de resistência mínima.
A boa tentativa de mostrar as mãos da pessoa subentendidas (colocando-as no
bolso) é contaminada pela transparência do braço esquerdo na borda do bolso. Culpa
por atividades auto-eróticas é sugerida. Cada um dos três desenhos está levemente
abaixo do centro vertical da página, sugerindo depressão moderada.
Detalhes
A ênfase marcada nas linhas do contorno da casa indica dificuldade com o auto-
controle. A seqüência de detalhes é patológica. O telhado triangular à direita da pare-
de lateral foi o sétimo item desenhado, mas a parede abaixo dele não havia sido
desenhada até que quase toda a parte principal da casa tivesse sido completada. O
último item desenhado foi o conjunto de degraus em mau estado na extremidade
direita. A progressiva deterioração da qualidade dos detalhes é notável. Emotividade
crescente, presumivelmente trazida por associações despertadas pela casa, resulta-
ram em diminuição acentuada da eficiência funcional.
O tronco da árvore não possui linha de base, o que sugere que Ted evita contato
com a realidade. O freqüente reforço dos galhos indica ansiedade generalizada, e um
sentimento básico de inadequação é refletido no forte sombreamento do tronco. Inde-
cisão e ansiedade moderada livremente flutuante são sugeridas pelo enfraquecimen-
to das linhas da porção superior do tronco e da estrutura de galhos.
A seqüência dos detalhes para a pessoa foi patológica. Ted desenhou as sobran-
celhas, mas não desenhou os olhos até desenhar mais três itens; ele é muito sensível
em relação a seu leve estrabismo. As orelhas foram o vigésimo sexto item desenha-
do, refletindo talvez uma relutância em aceitar críticas. O reforço excessivo geral
expressa uma notável indecisão. O braço e a mão esquerdos causaram dificuldade,
sugerindo culpa sexual. Os pés lhe causaram ainda mais dificuldade: Ted sente-se
preso às responsabilidades. Uma explicação posterior das dificuldades nestes deta-
lhes foi dada por Ted no inquérito posterior ao desenho (veja abaixo). Há muita inde-
cisão em todos os três desenhos e muitos conflitos são despertados pelos estímulos.
181
Apêndice
182
Material suplementar de casos
nente publicamente); depois, um cunhado (rival do afeto da irmã); então, seu Pai
(rival do afeto de sua mãe); e, finalmente, "Poderia ser eu mesmo." Como um cowboy,
Ted pôde se livrar de responsabilidade e atuar em certas fantasias da infância.
Sumário
Ted exibiu muitos dos sintomas comuns e manifestos de estresse, tais como
inquietação, roer a .unha, etc. Obviamente, sua coragem para vir ao examinador foi
estimulada e, também obviamente, arrependeu-se de fazê-lo. Ted gastou muito tem-
po tentando convencer o examinador de que não havia nada errado com ele. Seus
desenhos refletem uma incapacidade para estabelecer relações totalmente afetivas
responsáveis e compartilhadas. Ele demonstrou ansiedade generalizada, indecisão,
medos específicos, obsessão e queixas somáticas, todos esses sintomas tendem a
restringir gravemente suas atividades.
Histórico
Edith, uma menina branca de 16 anos, foi atendida como paciente externa encami-
nhada pelo departamento do bem-estar do município. Seus pais separaram-se quan-
do eia era uma criança pequena. Ela e sua mãe, uma deficiente mental, foram morar
na casa de sua avó materna, uma mulher dominadora com quem Edith se identificava
fortemente, e de quem ele dependia para apoio emocional. Edith começou a escola
aos 7 anos e parou aos 14, quando ainda estava na terceira série. Ela foi entregue
aos cuidados do departamento do bem-estar quando descobriu-se que ela estava
tendo relações sexuais com os meninos da comunidade. Seu ajustamento ao interna-
to não foi nem feliz, nem satisfatório. Quando ela foi examinada, ela estava tensa,
levemente depressiva e expressou um forte desejo de voltar à casa de sua avó.
Comentários
Os comentários durante os desenhos restringiram-se a expressões verbais de ina-
dequação, que aumentaram em número do desenho da casa para o da pessoa. Edith
mostrou o reconhecimento doloroso e com compreensão de sua incapacidade inte-
lectual, não infreqüentes em indivíduos mentalmente retardados.
Proporção
A casa é o maior dos três desenhos, sugerindo nostalgia. Há um prolongamento
vertical das paredes das extremidades, uma distorção de proporção, freqüentemente
realizada por indivíduos mentalmente retardados. No desenho da árvore, a ênfase é
na porção inferior da estrutura de galhos. Edith procura satisfação no nível elementar,
concreto. Do ponto de vista da proporção, a pessoa é o mais pobre dos desenhos,
provavelmente resultado de fadiga e depressão moderada.
183
Apêndice
Perspectiva
O movimento da fumaça no desenho da casa implica um forte vento soprando da
esquerda para a direita, sugerindo que Edith sente fortes pressões ambientais e emo-
cionais. A relação entre a localização das janelas e da porta é inferior e pode expres-
sar, graficamente, suas dificuldades de ajustamento. A árvore está inclinada levemente
para a direita. Edith tenta reprimir as lembranças desagradáveis do passado e tende
a supervalorizar o futuro como uma fonte de satisfação. O espaço em branco é usado
como uma indicação indireta, um reflexo de hostilidade moderada. A pessoa foi dese-
nhada com os braços estendidos receptivamente, sinalizando uma necessidade de
afeto. A casa, árvore e pessoa são localizadas progressivamente mais à esquerda do
centro vertical, uma indicação de tendências regressivas crescentes. A pessoa é a
mais próxima da margem inferior da página, consistente com a idéia de que, para
Edith, as relações psicossociais têm diminuído e são, essencialmente, concretas.
Detalhes
O material da chaminé e da almofada da porta da casa parecem apenas ser uma
perseveração de seu método de apresentar as vidraças das janelas, que foram dese-
nhadas imediatamente antes. O corpo e as pernas são de qualidade inferior em rela-
ção ao resto da pessoa, refletindo, talvez, uma negação culposa de fontes de satisfação
sensual. Esta apresentação relativamente primitiva de detalhes para os três dese-
nhos é comum nas produções do H-T-P de indivíduos mentalmente retardados. A
qualidade das linhas da pessoa é inferior à utilizada para a casa e a árvore. O controle
intelectual de Edith foi, provavelmente, reduzido pela emotividade despertada pelas
associações da pessoa. Há uma falta completa de energia, um resultado da depres-
são moderada somada a sentimentos generalizados de inadequação de Edith.
184
Material suplementar de casos
Sumário
Não parece que Edith seja gravemente desajustada. Nesta época, ela exibiu con-
flito sexual de maneira relativamente moderada, com sentimentos de culpa, senti-
mentos de pressão de um ambiente, que ela vê como essencialmente não amigável;
nostalgia; falta de calor; sentimentos de inadequação e insegurança generalizadas; e
compreensão dolorosa de suas limitações intelectuais.
185
ÍNDICE DE CONCEITOS
1NTERPRETATIVOS
indice de conceitos interpretativos
188
Índice de conceitos interpretativos
189
lndice de conceitos interpretativos
190
Índice de conceitos interpretativos
191
lndice de conceitos interpretativos
126,130,160,161,167,174
S0I39,47, 125,175,182
192
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
SOBRE O HTP NO BRASIL
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