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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

GABRIEL SILVA FERREIRA DO AMARAL

A ASCENÇÃO DO PCC NO PARAGUAI E NA BOLÍVIA

FOZ DO IGUAÇU

2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Missão: Formar profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as
transformações futuras

A ASCENÇÃO DO PCC NO PARAGUAI E NA BOLÍVIA

Trabalho elaborado como requisito para disciplina


de Trabalho de Conclusão de Curso, no Curso de
Relações Internacionais do Centro Universitário
Dinâmica das Cataratas- UDC.
Orientador: Doutora Natália Redígolo

FOZ DO IGUAÇU
2023
GABRIEL SILVA FERREIRA DO AMARAL

Trabalho de conclusão de curso aprovado como parte das exigências do Curso de


Relações Internacionais para obtenção do Título de Bacharel em Relações
Internacionais junto à Centro Universitário Dinâmica Das Cataratas- UDC.

__________________________________________________________
Orientador (a) – Presidente

__________________________________________________________
Membro

__________________________________________________________
Membro
“Talvez não tenhamos conseguido fazer o
melhor, mas lutamos para que o melhor
fosse feito. Não somos o que deveríamos
ser, não somos o que iremos ser... mas
Graças a Deus, não somos o que éramos.”

Martin Luther King


AGRADECIMENTOS

Agradeço Inicialmente A Neyde Silva Ferreira e Moisés Ferreira Batista por


parte de minha criação como pessoa, além de me apoiarem e darem suporte em
todos os Âmbitos da minha vida.

Aos meus amigos Gustavo Grzybovski, Letícia Suzi, e Vinícius Kühne Fuchs
por todos os momentos de parceria e apoio dentro e fora do Curso.

Também Agradeço a minha orientadora Natália Redígolo, a qual possui um


conhecimento vasto em diversas áreas e sem dúvidas me auxiliou brilhantemente
neste trabalho de conclusão de Curso, assim como Laura Escudeiro, que, nas aulas
de TCC 1 e 2, por meio de conversas, encorajou todas as ideias abstratas que
apresentei, além de lapida-las aula a aula, e por Fim, ao Professor Wanderley Réis
Junior, que anos atrás iniciou esta jornada, embora com outros temas, esta fase de
minha jornada acadêmica.

Por Fim Agradeço a Palloma Maria, por ser minha Companheira e me ajudar
em todos os momentos durante a elaboração desta pesquisa, sempre me apoiando
em todos os momentos e auxiliando no que fosse necessário.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C.V – Comando Vermelho


P.C.C - Primeiro Comando da Capital
P.G.C - Primeiro Grupo Catarinense
SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública
SSP – SP - Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
LISTA DE FIGURAS (SE HOUVER)
Figura 1 ROTAS DE TRÁFICO DO PCC PELO MUNDO
Figura 2 COMO OPERA A INTELIGÊNCIA DO PCC
Figura 3
RESUMO

O Primeiro Comando da Capital (PCC), é uma organização criminosa brasileira, que


vem ganhando força em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia, expandindo suas
atividades além das fronteiras nacionais. O objetivo deste trabalho é analisar a
ascensão do Primeiro Comando da Capital no Paraguai e na Bolívia, identificando as
principais causas desse fenômeno e as consequências para a segurança regional. O
PCC, que nasceu nos presídios brasileiros, expandiu suas atividades para outros
países da América Latina, tornando-se uma ameaça transnacional. A Bolívia e o
Paraguai são dois dos principais destinos do tráfico de drogas na região, o que torna
a presença do PCC nessas nações particularmente preocupante. Além disso, o PCC
tem estabelecido alianças com outras organizações criminosas locais, aumentando
ainda mais sua influência.
Desenvolver (depois que terminar o trabalho).
Palavras-chave: Facção, tráfico de drogas, violência, corrupção, Bolívia, Paraguai.
ABSTRACT
The First Command of the Capital (PCC) is a Brazilian criminal organization that has
been gaining strength in neighboring countries such as Paraguay and Bolivia,
expanding its activities beyond national borders. The objective of this study is to
analyze the rise of the First Command of the Capital in Paraguay and Bolivia,
identifying the main causes of this phenomenon and the consequences for regional
security. The PCC, which originated in Brazilian prisons, has expanded its activities
to other countries in Latin America, becoming a transnational threat. Bolivia and
Paraguay are two of the main destinations for drug trafficking in the region, which
makes the presence of the PCC in these nations particularly concerning. Additionally,
the PCC has established alliances with other local criminal organizations, further
increasing its influence.

Key-words: Faction, drug trafficking, violence, corruption, Bolivia, Paraguay.


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO DE LITERATURA..................................
3. O PCC E O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL......................................................
3.1 O QUE É CRIME ORGANIZADO?..........................................................................
3.2 HISTÓRIA DO PCC..................................................................................................
3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PCC .........................................................
4. O PCC E O TRAFICO DE DROGAS.........................................................................
5. INTERNACIONALIZAÇÃO DO PCC – PARAGUAI E BOLIVIA...............................
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................
INTRODUÇÃO

A ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Paraguai e na Bolívia


tem sido uma preocupação crescente para os governos desses países e para a
região em geral. O PCC é uma organização criminosa brasileira que se expandiu
para além das fronteiras nacionais e tem sido associado a atividades ilícitas como o
tráfico de drogas, armas e tráfico humano, lavagem de dinheiro e homicídios.
O objetivo desta pesquisa é analisar os fatores que contribuíram para a
ascensão do PCC no Paraguai e na Bolívia, bem como os impactos dessa presença
na segurança pública e nas políticas de combate ao crime nos dois países. Para
isso, serão investigados aspectos como a expansão do PCC, suas estratégias de
atuação, as relações com outros grupos criminosos locais e internacionais, bem
como as políticas de segurança pública e ação do Estado.
A escolha deste tema se justifica pela importância do fenômeno do crime
organizado transnacional e seus impactos na segurança pública e na estabilidade
política da região. O PCC é uma das organizações criminosas mais poderosas da
América Latina e sua presença no Paraguai e na Bolívia tem sido associada a um
aumento da violência e da criminalidade nesses países. Além disso, a pesquisa
pode contribuir para o desenvolvimento de políticas mais efetivas de combate ao
crime organizado transnacional e para uma maior compreensão dos desafios
enfrentados pelas instituições de segurança pública na região.
Dessa forma, esta pesquisa pretende contribuir para o debate acadêmico e
político sobre a ascensão do PCC no Paraguai e na Bolívia, bem como para a
formulação de políticas públicas mais efetivas para o combate ao crime organizado
transnacional na região.
Desenvolver (depois da escrita dos capítulos)
3. O PCC E O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL

Desde a sua fundação em 1993, o Primeiro Comando da Capital (PCC) se


consolidou como uma das principais organizações criminosas do Brasil, com
atuação em diversos estados do país e uma estrutura organizacional altamente
hierarquizada (FILHO, 2016). A evolução do PCC ao longo das últimas décadas
apresenta uma série de desafios para o Estado brasileiro, tanto do ponto de vista da
segurança pública quanto da política criminal.
Uma das principais estratégias adotadas pelo Estado para lidar com o PCC
com o intuito de diminuir a sua criminalização e o fortalecimento do aparato
repressivo. Desde a década de 1990, o governo federal vem implementando uma
série de leis e políticas de segurança pública com o objetivo de combater o crime
organizado e as facções criminosas, como o PCC (SOUZA, 2020). Entre essas
medidas estão a criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP)
em 2004, a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública em 2017 e a
aprovação da Lei de Combate ao Crime Organizado em 2019.
No entanto, a estratégia repressiva do Estado tem sido criticada por alguns
autores, que argumentam que ela não tem sido eficaz em reduzir o poder e a
influência do PCC (BATISTA, 2018). Segundo esses críticos, a política criminal do
Estado tem se concentrado exclusivamente na punição dos membros e lideranças
do PCC, sem abordar as causas estruturais que levaram à sua formação e
expansão.
Outra estratégia adotada pelo Estado para lidar com o PCC tem sido a
cooperação com outros países da América Latina, com o objetivo de combater a
atuação transnacional da organização criminosa. Em 2018, o Brasil assinou um
acordo de cooperação com a Bolívia e o Paraguai para combater o tráfico de drogas
e o crime organizado na região (MEDEIROS, 2020). No entanto, a eficácia dessa
estratégia tem sido questionada por alguns autores, que argumentam que ela pode
ter efeitos negativos, como o aumento da violência e a violação dos direitos
humanos (GOMES, 2019).
A criminalidade no Brasil é um problema persistente, especialmente em
grandes centros urbanos. O estado de São Paulo, por exemplo, é uma das unidades
da federação que mais sofre com a violência. De acordo com dados da Secretaria
de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), em 2019 foram registrados 233.635
casos de roubo no Estado, o que representa uma média de mais de 640 roubos por
dia. Além disso, houve 2.997 casos de homicídios dolosos (ou seja é quando uma
pessoa mata outra intencionalmente) e 7.415 casos de estupro. Esses números são
alarmantes e evidenciam a gravidade da situação da segurança pública em São
Paulo (SSP-SP, 2020).
A atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) é um dos fatores que
contribui para a elevada taxa de criminalidade em São Paulo, uma das razões para a
crescente do PCC é a sua capacidade de se infiltrar em outras organizações
criminosas e de estabelecer alianças com elas. Segundo a Polícia Federal (2019), o
PCC tem estabelecido conexões com grupos criminosos de outros países da
América do Sul, como o Comando Vermelho (CV), no Brasil, e o Primeiro Grupo
Catarinense (PGC), no Paraguai, sendo assim essas alianças têm permitido ao PCC
expandir sua atuação para além das fronteiras do Brasil.
Outro fator que contribui para o poderio do PCC em âmbito nacional é a sua
capacidade de usar a violência para impor sua vontade. Segundo Adorno (2019), o
PCC é conhecido por suas táticas brutais, como decapitações e esquartejamentos,
que são utilizadas para punir aqueles que desrespeitam suas regras ou que
representam uma ameaça à organização.
Em resumo, o PCC possui uma grande capacidade de se adaptar às
mudanças no ambiente em que atua, sua habilidade de estabelecer alianças com
outras organizações criminosas e sua disposição de usar a violência para impor sua
vontade são alguns dos fatores que contribuem para seu sucesso.

3.1 O QUE É CRIME ORGANIZADO?

O crime organizado é um fenômeno complexo e multifacetado que tem sido


objeto de estudo e preocupação em todo o mundo. Diversos autores têm abordado
essa temática, oferecendo definições e análises sobre suas características e
impactos na sociedade. Neste referencial, serão exploradas algumas das principais
conceituações sobre o crime organizado, baseando-se nas contribuições de
Mirabete (2020) e Moraes (2020).
Mirabete (2020) define o crime organizado como uma estrutura hierárquica e
empresarial, composta por indivíduos que se dedicam a atividades criminosas de
maneira sistemática, planejada e duradoura. Ainda segundo o autor, essas
organizações são marcadas pela divisão de tarefas, pela busca de lucro financeiro
ilícito e pelo uso da violência como forma de controle e intimidação. Além disso,
Mirabete (2020) destaca que o crime organizado possui uma forte articulação
internacional, atuando de forma transnacional e estabelecendo redes de conexões
com outros grupos criminosos ao redor do mundo.
Moraes (2020), por sua vez, amplia o conceito de crime organizado ao
destacar sua natureza multifacetada e adaptativa. O autor ressalta que essas
organizações não se limitam a atividades criminosas tradicionais, como tráfico de
drogas, armas e pessoas, mas também se envolvem em outros setores, como
corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes financeiras. Segundo Moraes (2020), o
crime organizado é flexível e se adapta às mudanças socioeconômicas e
tecnológicas, buscando constantemente novas oportunidades para expandir suas
atividades ilícitas.
É importante ressaltar que o crime organizado não se restringe a uma região
ou país específico, mas tem uma abrangência global. Essas organizações operam
de forma transnacional, explorando as vulnerabilidades dos sistemas legais e das
fronteiras internacionais. A globalização e a evolução das tecnologias de
comunicação têm facilitado a cooperação entre diferentes grupos criminosos,
permitindo a expansão de suas redes e a intensificação de suas atividades ilícitas.
Os impactos do crime organizado na sociedade são significativos e abrangem
diversas esferas. Além do óbvio prejuízo econômico causado pela exploração de
atividades ilegais, como o tráfico de drogas e armas, o crime organizado também
compromete a governança, a segurança e a estabilidade social. Essas organizações
corroem as instituições democráticas, minam a confiança no Estado e enfraquecem
o Estado de Direito.
Em suma, o crime organizado é uma realidade global que requer uma
abordagem multidisciplinar e abrangente. Sua complexidade e capacidade de
adaptação representam desafios constantes para as autoridades e instituições
responsáveis pela segurança e justiça. É fundamental aprofundar os estudos e
promover a cooperação internacional para combater efetivamente esse fenômeno e
proteger a sociedade dos seus efeitos nefastos.
3.2 HISTORIA DO PCC

O Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma organização criminosa


brasileira, que teve sua origem em 1993, na Casa de Detenção de São Paulo. A
prisão, conhecida como Carandiru, era uma das maiores da América Latina e estava
superlotada, fator que contribuiu para a criação do PCC. A organização foi fundada
por um grupo de presos que queria se proteger da violência e do abuso dos agentes
penitenciários, além de controlar o comércio ilegal de drogas e armas dentro da
prisão.
De acordo com Salla e Batista (2013), a fundação do PCC foi influenciada
pela experiência de presos políticos que estiveram detidos na Casa de Detenção de
São Paulo durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Esses presos políticos
organizavam-se em grupos de resistência, onde praticavam atividades políticas e
culturais, além de criar uma estrutura de solidariedade entre si.
Os fundadores originais do PCC foram, o líder sindical José Márcio Felício,
conhecido como Geleião, e o presidiário César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha.
Geleião era um preso político que já havia cumprido pena na Casa de Detenção e
Cesinha era um traficante de drogas. Segundo entrevista concedida por Geleião a
revista Veja em 2006, os dois se uniram para criar uma organização que pudesse
proteger os presos das agressões dos agentes penitenciários, além de controlar o
comércio de drogas dentro da prisão.
A história do PCC retoma e enfatiza o sistema carcerário brasileiro
pincipalmente em sua origem, que enfrentava problemas como superlotação,
corrupção e condições precárias. Nessas circunstâncias, os presos se organizaram
em grupos para se protegerem e garantirem seus interesses. Partindo deste ponto o
PCC se destacou pela sua estrutura hierárquica e disciplina rígida, estabelecendo
regras e códigos de conduta entre seus membros.
Ao longo dos anos, o PCC expandiu suas atividades além das prisões,
estendendo sua influência para o mundo exterior. A facção passou a controlar o
tráfico de drogas, roubo de cargas, assaltos a bancos e outros crimes violentos. Sua
atuação não se restringe apenas a São Paulo, alcançando outros estados brasileiros
e até mesmo países vizinhos.
Desta forma o crescimento do PCC foi impulsionado pela sua capacidade de
adaptação e pela utilização de estratégias complexas. A facção investiu na formação
de uma estrutura organizacional sólida, com lideranças regionais e setoriais
responsáveis por diferentes áreas de atuação. Além disso, estabeleceu alianças
com outras organizações criminosas, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
A violência é uma marca registrada do PCC, que utilizou e utiliza métodos
brutais para consolidar seu poder e eliminar rivais. O confronto com outras facções e
com as forças de segurança resulta em frequentes episódios de violência, muitas
vezes com repercussões não apenas nas ruas das cidades brasileiras, mas também
mundialmente, por meios digitais.
No entanto, é válido ressaltar que o PCC também se envolve em atividades
assistenciais, buscando ganhar apoio e legitimidade em certas comunidades. Por
meio de ações sociais, como distribuição de alimentos e assistência jurídica gratuita,
a facção busca angariar simpatia e controle sobre determinadas áreas.

3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PCC

Marcola, ou Marcos Herbas Camacho é considerado um líder carismático e


estratégico, que utilizou de uma mistura de violência e diálogo para fortalecer a
organização, sendo responsável por uma série de ações que consolidaram o poder
do PCC, como, a coordenação de rebeliões em presídios e a negociação de acordos
com outras facções criminosas. Segundo Arantes (2019, p.), Marcola é “o cérebro do
PCC”, responsável pela elaboração de estratégias de expansão e consolidação do
grupo.
Além disso, a figura de Marcola é fundamental para a manutenção da
disciplina interna do PCC e para a solução de conflitos entre membros da
organização. Segundo Soares (2019), o líder máximo do PCC é visto pelos
membros como uma figura paterna, que orienta e controla as ações do grupo. Sua
influência é tão grande que, mesmo estando preso desde 1999, ele ainda é capaz
de coordenar as ações do PCC de dentro da prisão.
Em resumo, o protagonismo de Marcola é fundamental para entender a
ascensão do PCC, principalmente na Bolívia e no Paraguai. Sua habilidade em
estabelecer alianças e sua influência sobre os membros da organização são fatores-
chave para a consolidação do poder do grupo. Com isso, o estudo desse tema é
importante para compreender a dinâmica do crime organizado na América Latina,
acrescentando assim um maior entendimento para elaborações em estratégias de
combate a esse fenômeno.
Diante disto se torna necessário entender a estrutura organizacional do PCC,
como já citado anteriormente sendo hierárquica, também é baseada em núcleos. O
núcleo principal é responsável pela tomada de decisões estratégicas e táticas,
enquanto os demais núcleos têm funções específicas, como arrecadação de
dinheiro, controle de territórios, gerenciamento de armas e munições, entre outros
(MISSE, 2009).
Além disso, o PCC tem uma forte cultura organizacional, que se manifesta em
seus códigos de conduta e rituais. O principal código de conduta do PCC é o
"estatuto", que estabelece regras e punições para seus membros. O PCC também
possui um ritual de iniciação, conhecido como "batismo", no qual o novo membro
jura lealdade à organização (COSTA, 2014). O Estatuto da facção do PCC – 1533.
A composição do PCC é diversa e inclui membros de diferentes classes
sociais e origens étnicas. A maioria dos membros é composta por homens jovens,
com idade entre 18 e 35 anos, que possuem baixa escolaridade e poucas
perspectivas de emprego formal (DOWNEY e ZAVALA, 2018). O PCC se aproveita
dessas condições para expandir sua influência e controlar territórios estratégicos
para suas atividades criminosas.
Em resumo, o PCC é uma organização criminosa complexa e bem
estruturada, com uma cultura organizacional forte e repleta em diversidade de
membros. Sua ascensão em países como Paraguai e Bolívia, é resultado também
de fatores políticos e econômicos complexos, que demandam ações integradas e
coordenadas de combate ao crime organizado.

4. O PCC E O TRÁFICO DE DROGAS

O tráfico de drogas é um dos principais desafios enfrentados pela sociedade


contemporânea. No Brasil, um dos principais atores envolvidos nesse cenário é o
Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores organizações criminosas do
país. Neste referencial, discutiremos a relação entre o PCC e o tráfico de drogas,
explorando suas origens, estrutura e impacto na sociedade.
Segundo Nucci (2020), a organização rapidamente se consolidou, expandindo
sua influência para além dos muros das prisões e estabelecendo uma estrutura
hierárquica bem definida, baseada em estatutos e normas internas.
4Uma das atividades centrais do PCC é o tráfico de drogas, que se tornou
uma de suas principais fontes de financiamento. Sousa (2020) argumenta que a
organização controla diversas rotas de entrada e distribuição de entorpecentes,
estabelecendo uma rede complexa e ampla em todo o território nacional. Essa
atuação do PCC no tráfico de drogas tem contribuído para o aumento da influência
do PCC em terras internacionais.

Figura 1 – ROTAS DE TRÁFICO DO PCC PELO MUNDO

Fonte: International Narcotics Control Strategy – Report 2009


Os efeitos do tráfico de drogas, com a participação do PCC, vão além da
esfera criminal. A circulação de entorpecentes alimenta a dependência química, a
desestruturação familiar e o aumento da violência nas comunidades. Além disso, a
influência e o poderio econômico do PCC afetam a segurança pública e a efetividade
do sistema de justiça criminal (SOUSA, 2020).
O que retoma novamente a estrutura hierárquica e organizacional do PCC
que permite uma gestão eficiente do tráfico de drogas. A facção conta com uma
divisão de tarefas bem definida, desde os "soldados" que atuam diretamente na
venda e distribuição de entorpecentes até os "gerentes" responsáveis pela
administração das atividades ilícitas, organização que será exemplificada pela
imagem abaixo. Essa estrutura hierárquica contribui para a centralização do poder e
a tomada de decisões estratégicas (NUCCI, 2020).

Figura 2 - COMO OPERA A INTELIGÊNCIA DO PCC


Fonte: ISTOÉ, 2017
Em explicativo da imagem acima, para uma maior ênfase. o Vice-presidente
da Federação Nacional de Policias Federais diz
“É um núcleo técnico que faz o levantamento de vulnerabilidade da vítima e dos
riscos da ação. Assim, além de executar, conseguem disseminar o medo”  (Werneck,2017)
Em suma, a relação entre o PCC e o tráfico de drogas é complexa e tem
impactos significativos no desenvolvimento da sociedade. A organização, por meio
de uma estrutura hierárquica bem estabelecida, controla diversas etapas do
processo de tráfico, contribuindo para a expansão do comércio de drogas ilícitas, em
âmbito regional e mundial. Para combater efetivamente esse problema, é necessário
um esforço conjunto que envolva ações de segurança, políticas públicas e
investimentos sociais (NUCCI, 2020; SOUSA, 2020).

5. INTERNACIONALIZAÇÃO DO PCC – PARAGUAI E BOLIVIA

Com o tempo, o PCC expandiu sua atuação para além das prisões paulistas,
chegando a outros estados brasileiros e países da América do Sul, como Paraguai e
Bolívia. Segundo Machado (2018), a expansão do PCC para o Paraguai e Bolívia se
deu por causa da proximidade geográfica, da facilidade de acesso às fronteiras e da
fragilidade dos sistemas penitenciários desses países. A organização passou a
controlar o tráfico de drogas e armas nessas regiões, além de realizar sequestros e
extorsões.
A Bolívia, por sua vez, é um importante produtor de cocaína e tem sido alvo
de ações do governo brasileiro para combater o tráfico de drogas. Em 2020, por
exemplo, foi deflagrada a Operação Cumbre, que resultou na apreensão de mais de
uma tonelada de cocaína que seria transportada para o Brasil (POLÍCIA FEDERAL,
2019). O PCC tem sido apontado como um dos principais compradores de drogas
produzidas na Bolívia, o que evidencia a relação da organização com o país
(SOUZA, 2021).
A ascensão do PCC na Bolívia e no Paraguai tem sido atribuída à habilidade
de Marcola em estabelecer alianças estratégicas e negociações políticas com outras
organizações criminosas. De acordo com Lima (2020), a presença do PCC na
Bolívia se intensificou a partir de acordos com o Comando Vermelho, facção
criminosa brasileira que já possuía atuação no país. Já no Paraguai, o PCC tem
estabelecido alianças com o Clã Rotela, organização criminosa local (SOUSA,
2020).
Essa tendência tem sido estudada por diversos autores, como Paoli (2019) e
Durán-Martínez (2018), que apontam para a importância do diálogo entre as
agências de segurança dos países da região para combater esse fenômeno.
Nestes países, o PCC tem encontrado um ambiente favorável para expandir
sua atuação. Segundo Rodrigues (2019), a corrupção generalizada e a fragilidade
das instituições nesses países têm permitido ao PCC estabelecer alianças com
políticos e policiais corruptos, o que lhe dá mais poder e influência.
Além disso, a proximidade geográfica e a fronteira porosa entre o Brasil, o
Paraguai e a Bolívia têm facilitado o tráfico de drogas e armas entre esses países, o
que beneficia o PCC. Segundo Falleiros (2019), o PCC tem se aproveitado dessa
situação para expandir sua atuação na região e para estabelecer novas rotas de
tráfico, graças à corrupção generalizada e à porosidade da fronteira entre esses
países
A expansão do PCC para o Paraguai e para a Bolívia ocorreu a partir da
década de 2000, quando a organização já era considerada a maior facção criminosa
do Brasil e já havia consolidado sua presença em outros países da América do Sul,
como Argentina e Uruguai. No entanto, foi somente a partir de meados da década de
2010 que o PCC passou a ter uma presença mais significativa no Paraguai e na
Bolívia, especialmente em decorrência da crescente demanda por drogas na região
(FALLEIROS, 2019).
O início da fase internacional do PCC pode ser atribuído a diversos fatores,
como a estruturação da organização, a consolidação de suas alianças com outras
facções criminosas e o aumento da demanda por drogas na região. Além disso, a
fragilidade institucional e a corrupção dos governos locais têm contribuído para a
expansão do PCC na região (NUCCI, 2020)
Segundo Sousa (2020), o PCC se aproveita da vulnerabilidade do sistema
penitenciário dos países vizinhos para recrutar novos membros e estabelecer
alianças com outras facções criminosas. Além disso, a organização utiliza rotas de
tráfico de drogas que atravessam a região, como a rota que passa pelo Paraguai e
segue para o Brasil e para a Argentina, para expandir seus negócios e aumentar sua
influência.
Outro fator que tem contribuído para a ascensão do PCC na região é a sua
estrutura organizacional. Segundo Cano (2018), a organização se baseia em um
modelo de gestão empresarial, com hierarquia bem definida e divisão de tarefas
entre seus membros. Essa estrutura organizacional eficiente tem permitido ao PCC
expandir seus negócios para outras regiões e países, além de manter o controle
sobre suas atividades criminosas.
Na Bolívia, a presença do PCC tem sido objeto de preocupação das
autoridades policiais e governamentais. De acordo com o relatório do Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, 2020), o PCC está entre os grupos
criminosos estrangeiros que estão envolvidos em atividades ilícitas na Bolívia, em
particular no tráfico de drogas.
Segundo Sousa (2020), a presença do PCC na Bolívia está relacionada ao
aumento da produção e tráfico de cocaína no país. A Bolívia é um dos maiores
produtores de cocaína do mundo, e o PCC tem aproveitado essa situação para
expandir seus negócios na região. Além disso, a proximidade geográfica entre Brasil
e Bolívia facilita o transporte da droga e a atuação da organização criminosa.
Para combater a presença do PCC na Bolívia, as autoridades locais têm
adotado diversas medidas. Uma delas é o fortalecimento da cooperação policial
entre Brasil e Bolívia, como destacado por Almeida (2019). Essa cooperação inclui o
intercâmbio de informações de inteligência e o desenvolvimento de operações
conjuntas de combate ao tráfico de drogas.
Outra medida adotada pelas autoridades bolivianas é a implementação de
políticas públicas que visam combater o tráfico de drogas e a violência associada a
ele. De acordo com o relatório do UNODC (2020), a Bolívia tem investido em
programas de prevenção ao uso de drogas, na repressão ao tráfico e na reinserção
social de dependentes químicos.
É importante ressaltar que a ascensão do PCC na Bolívia e em outros países
da região está relacionada a uma série de fatores complexos, que incluem a
pobreza, a desigualdade social, a corrupção e a falta de oportunidades. Nesse
sentido, é necessário que as medidas de combate ao crime organizado sejam
acompanhadas por políticas públicas mais amplas, que visem promover o
desenvolvimento econômico e social desses países.
Em resumo, a presença do PCC nestes países se torna uma problemática
que demanda ações conjuntas das autoridades brasileiras, bolivianas e paraguaias
Além disso, é fundamental que essas ações sejam acompanhadas por políticas
públicas que visem atacar as causas mais profundas da criminalidade na região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Paraguai e na Bolívia


é um fenômeno preocupante que demanda atenção das autoridades nacionais e
internacionais. O crime organizado tem se fortalecido nessas regiões, ameaçando a
estabilidade política e social dos países envolvidos, bem como a segurança da
população.
A presença do PCC no Paraguai e na Bolívia não é recente, mas nos últimos
anos tem se intensificado. Isso se deve, em grande parte, à fragilidade das
instituições governamentais e ao aumento da violência urbana. Em ambos os
países, a corrupção e a falta de recursos para investir em segurança pública criaram
um ambiente propício para a expansão do crime organizado.
No Paraguai, o PCC tem se aproveitado da proximidade com o Brasil para
estabelecer rotas de tráfico de drogas e armas. Além disso, tem investido na compra
de terras e em atividades comerciais, como a produção de soja, para lavagem de
dinheiro. Já na Bolívia, a presença do grupo tem se concentrado em cidades
fronteiriças, como Santa Cruz de la Sierra, onde atua no tráfico de drogas e no
contrabando.
A ascensão do PCC no Paraguai e na Bolívia é um desafio para os governos
desses países e para a comunidade internacional. É preciso fortalecer as instituições
governamentais, combatendo a corrupção e investindo em segurança pública. Além
disso, é fundamental aumentar a cooperação internacional no combate ao crime
organizado, por meio do compartilhamento de informações e da coordenação de
ações.
Por fim, é importante destacar que o combate ao PCC no Paraguai e na
Bolívia não é apenas uma questão de segurança, mas também de direitos humanos.
O grupo tem sido responsável por inúmeros crimes, como assassinatos, sequestros
e torturas, que violam os direitos fundamentais da população. Por isso, é necessário
um esforço conjunto para garantir a segurança e a dignidade das pessoas que vivem
nessas regiões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Adorno, Sérgio. Crime organizado: o PCC e a gestão da violência. São


Paulo: Boitempo, 2019.
ALMEIDA, Renato. Polícia Federal do Brasil e a luta contra o tráfico de drogas na
Bolívia. Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais, n. 22, p. 1-6,
2019.
ARANTES, E. Marcola, o cérebro do PCC. Veja, São Paulo, 28 ago. 2019.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/marcola-o-cerebro-do-pcc/.
BATISTA, Vera Malaguti. O Estado, o crime organizado e a gestão da violência.
Revista Direito e Práxis, v. 9, n. 2, p. 199-222, 2018.
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