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, i & DEFINICAO DE CIDADE Por isso inicia-se este capitulo com um ensaio de definicao de cidade” ~ ‘que, nao sendo uma repeticao do tema sobre a discusséo do rural e do urbano, abordado no capitulo I, 6, contudo, complementar e retoma ideas ali expressas, Pa Segundo autores como\J. Rémy & L. Voyé (1992})a cidade aparece quando se passa de uma situacao de autoprodugdo de diferentes bene om valor social concreto, caracteristica da aldeia, para uma fase onde a producto desses bens implica a sua «specializados” Oprodutorjé-nAo 0 vinico-nem sequer 0 principal ‘consumidor=lsto fica bem caracterizado pela passagem duma actividade fundamentalmente agricola para uma situagio em que o assentamento humano se afirma como lugar de mercado © de onganizacio da producto assim surge a cidade, Ac assumir, progressivamente, a funcao de » Es hut todos" 0s'campos:devactividade (econsmica, social, administrativa ; 3 oitica), @ cidade transforma-se, obrigatoriamente, no lugar de ArticulagaovdestasEste papel passa a ter um Ambito especifico de ‘acgio, operando igualmente de acordo com o jogo espontineo das ‘eccnomias externas. {| Nestas condicées a cidade é, por natureza, centripeta, pois é 0 lugar | te estrutura, coordena ¢ organiza os virios campos de actividade {| Que se encontram no interior de si propria J, Remy & L. Voyé, 1992) t 3)°_ | [ste implica fortes relacoes de controlo e orientacao com o exterior _ | Esta definigéo aparece como vélida para dois tipos fundamentais de cidades: * a cidade de prestagio de servigos, que assenta a sua actividade no que se convencionou chamar por «servigos no econémicos» fomecidos a'um detemminado tenis no qual Sd Relea ‘spaco rural que, em troca, assegura aquela as possibilidades de ! sobrevivéncia; @ cidade que desempenha um papel directo na actividade econémica, em particular através da producio industrial © tecnolégica, o que Ihe permite aumentar o seu raio de influéncia ¢ autonomizar-se do meio ambiente circundante através da ‘organizagao de trocas a longa distancia, Em qualquer dos tipos, a cidade tem uma fungao dominante ao nivel do sistema econémico e social. ‘excluir, muito em especial quando s& esta em presenca de grandes } | | fmavas de desenvolvimento=N6 entanto ra ndo se pode | colonial com a da Idade Média e defines cone tee cnn Parasitéria, porque, ao assegurar as relagdes entre a poténcia coloni € 2 colénia fomecedora de matéas Pras s corned nal Produtos acabados, fc desiada do detervavinente tere ane aie \ AA cidade organiza-se em bairros agrupados & volta do centro que Cconstituiu o «situs original da aglomeracéo urbana. Aqueles, apesar da sua individualizacao e, por vezes, especializacao, 86 ganham sentido pleno face a este, pois funciona como espaco comum'a todos eles e € 0 lugar onde se vai regularmente e onde estao instalados os jdiferentes poderes. / se alcidacte istingué'se Visualmente e nitidamente do: , Porque entre ela e as formas de is proximas se observam implantando novos realidade, 0 grande bbairros cada vez mais afastados do centro. Na 5 —— NY crescimento das cidades no século XX fez choke! estan estendessem por dreas muito vastas, 0 que veio quebrar @ ligacicl frequente dos bairros com o centro. * / Com o desenvolvimento, a maior parte dos bairros, inicialmente ‘autocentrados, abre-se graduaimente ao exterior, adquirindo alguns eles uma funcao exclusivamente residencial, donde os seus mora- ores saem para 0 trabalho ou para actividades de lazer, compras, t.. Isto significa que muitos bairros tendem para 0 monofuncionalis. mo & medida que a cidade se desenvolve. Com efeito, assiste-se a luma especializagio do espaco da cidade, com a maior parte dos grandes equipamentos, industriais ou outros, a localizarem-se em ‘reas especificas. Esta especializac3o do espaco urbano aumenta = mobilidade territorial; os equipamentos quotidianos estéo bastante distribuicos pelos diferentes bairros, mas o mesmo nao acontece com equipamentos mais especificos, que se localizam a niveis espaciais {tanto mais vastos quanto respondem a usos menos frequentes, necessitando de uma area mais ampla de recrutamento de clientes. 9. A ESTRUTURA DAS CIDADES A cidade organiza-se, no espaco, segundo uma estrutura mais ou ‘menos bem definida resultante da interaccdo de factores diversos que variam ao longo do tempo. Esta estrutura confere-Ihe uma forma que @ caracteriza e que, a maior parte das veres, reflecte os diferentes eriodos e as inter-relagdes entre os factores do seu crescimento. ‘Ocstudo da estrutura urbana nos grandes centros levou a construgio de diversos modelos eformulacao de teorias que tém sido aplicados a0 desenvolvimento das cidades de todo o mundo. Analisem-se algumas dessas teorias, sabendo que existem outras e que os modelos delas decorrentes se podem ajustar a algumas situacSes mas nao a todas. 9.1. ALGUMAS TEORIAS “Apresentam-se, aqui, algumas das principais teorias sobre a estrutura interna dos espacos urbanos, ligadas, fundamentalmente, @vcélebre” ‘escola de Chicago. ‘EoWeBurgess’apresentou o seu modelo de cidade com o objectivo de oferecer uma descricio generalizada da estrutura residencial, ‘num determinado tempo, e verificar como os processos ecolégicos {influenciam essa estrutura. Ele estudou, em particular, o impacto da ‘expansio da cidade e 0 modo segundo 0 qual a mobilidade residencial pode afectar as caracterfsticas sociais de uma érea. ‘Omodelo de Burgess parte dos seguintes pressupostos implicitos: «+ heterogeneidade cultural e social da populacio, o que implica tuma grande variagZo nas caracteristicas desta; ‘+ economia da cidade baseada, fundamentalmente, no comércio ¢ na indiistria; + propriedade privada do solo e competicio econémica pelo espaco; + Srea e populacio da cidade em franca expansio; ‘+ transporte com igual facilidade, rapidez. e custo em todas as direcgBes dentro da cidade; + no centro da cidade concentra-se uma parte fundamental do emprego ¢, perto dele, as reservas de espaco sio limitadas, ficando este sujeito a uma competicio intensa, o que faz aumentar o seu valor, a0 contririo do que sucede na periferia; + io existem reas mais ou menos atractivas com base nas diferencas do solo; «no hi concentragées de industria pesada; ‘+ nfo se encontra, em nenhuma érea da cidade, sobrevivencia de antigos padrbes do uso da terra. (© principal processo deste modelo é a tendéncia para os residentes duma determinada rea invadirem 0 espaco exterior mais préximo, ‘ao mesmo tempo que o sistema é mantido dinamico pelo crescimento continuo da populacio urbana através da imigracéo em direcgdo a0 ‘centro. ‘A fig. 4 mostra, de acordo com Burgess, uma construglo ideal das panera or vides ma gu 0 odelo define cinco zonas cada uma com caracterstcas réprias. i i 1. Cewro-CBD 2. Zara de varsicno 2. Zona de resins de ‘eatthadore| 4. Zona iden 5, Zona de come Fig. 4 O modelo Burguess Fonte-M. Bradford fe W. Kent, 1972 ‘A zona 1.60 centro de negécios da cidade, mais conhecido por CBD (Central Business Distrie). & 0 principal espago de comércio retalhista e de servigos e nele se localizam as maiores agéncias financeiras e comerias. ‘A zona 2 € designada por Srea de transigio, a qual vai sendo favadida pelo comércioe pela indistia ligera. Eo espaco da invasto, constituide, no inicio, por casas subdivididas e ocupadas pelos recér-chegados& cidade ‘A zona 3 ¢ habitada pelos trabalhadores da indistria que debxaram a zona. [A zona 4 & uma érea residencial, com apartamentos residéncas individuals para as classes socias mais abastadas. ‘A zona 5 é constitufda por 4reas suburbanas ou cidades satélites, ‘estendendo-se por uma distancia-tempo maxima de 30 a 60 minutos a partir do CBD. ‘Alguns dos pressupostos de partida do modelo de Burgess foram formulados de forma que, actualmente, se revelam menos correctos: & transporte urbano no apresenta, na realidade, uma situacao de igual facilidade, rapidez e custo; ao contrario do pressuposto no modelo, as cidades apresentam Areas mais ou menos atractivas devido as diferencas dos tipos de solos, desde que estas sejam evidentes © se repercutam na construcao © nas condigées sanitario-ambientais. Mas isto, s6 por si, nao invalida a utilidade do modelo no planeamento e desenvolvimento urbanos, Homer Hoyt fez uma anélise empirica para virias cidades, tendo tracado para cada uma mapas representando ito varisveis relacionadas com 0s edificios de habitacio, merecendo particular atencio os mapas das varliveis sobre as rendas. Com base nas observacdes efectuadas, Hoyt elaborou uma teoria (a teoria de Hoyt) sobre a estrutura e crescimento das cidades, tendo-se tornado bem conhecido 0 seu modelo dos sectores (fig. 5), cujo arranjo pode variar de cidade para cidade. Cea aly 1.80 1 Aron resident an ‘dress Fig. 5 © modelo dos sectoes de Hoyt Fonte:M. Bradford &e W. Kent 1972. —. Hoyt usou os mesmos pressupostos de Burgess, excepto no que diz. respeito a0 transporte. Sugere que a chave dominante do padrao de Construgio nas cidades € a escolha da localizacio das residéncias feita, pelos. Tos, que podem suporiar as rendas mais clevadas. A Tocalizacio sectorial ¢ a expansio das areas de rendas altas tém tendéncia a relacionar-se com: estradas existentes, particularmente ‘com vias de transporte mais répido, para facilitar a deslocacio para (© CBD; a existéncia de agua nio utilizada pela industria; terras ‘ltas; espagos abertos; proximidade dos dirigentes da comunidade, De acordo com a teoria de Hoyt, as areas de rendas altas e baixas. repelem-se mutuamente, e os membros das classes ricas abandonam ‘as primitivas dreas elegantes do centro, que sto ocupadas por pessoas de rend:mentos mais baixos. P. J. Smith aplicou © modelo de Hoyt para o estudo de algumas cidades, mas rejeitou os anéis concéntricos de Burgess, por considerar fque ees representavam uma simplificacio exagerada da forma Urbana. Ao analisar os mapas de valor do solo urbano, Smith verificon que estes apresentavam importantes variagoes sectoriais. Contudo, concluiu que as dindmicas essenciais do crescimento das ‘Gdades, em particular a progressio centrifuga de alguns usos do ‘solo ao longo das linhas radiais de transporte, se ajustam ao modelo de Hoyt. Mas também observou que na periferia de algumas cidades ssurgem éreas de baixo valor residencial, o que distorce 0 padrao ideal (© aparecimento de alguns elementos mais modemos no crescimento ‘das cidades veio alterar profundamente os modelos de Burgess © Hoyt. Esses elementos levaram ao surgimento de situagdes como: + construgio de cidades-dormitérios de baixo custo, em solos de preqos médicos; + desenvolvimento de pequenos nticleos industriais na periferia; + surgimento de equipamentos pablicos de nivel superior fora do ‘centro; + desenvolvimento de lojas e centros comerciais suburbanos. ‘Alguns autores procuraram integrar os modelos de Burgess e Hoyt, destacando-se 0s trabalhos, nesse sentido, de Mann, Harris e Ullman. © primeiro desenvolveu uma estrutura para uma cidade média hipotética com um centro, existéncia de comutacoes a partir de diversas vilas exteriorese referéncia a direccio dos ventos dominantes. Segundo Mann, as melhores Areas residenciais localizamse © orientam-se de forma a receber 0s ventos dominantes, destinando-se lado oposto a localizagao do sector industrial (ig. 6) 59 1. Cento comercial ‘ester 23, Aroaresdencl da ‘Sinebate 4 heen resident dae ‘ast mee 5. Arearesdencil das ‘Shecsaliar Ida pede Krnenororde Subrborsdenlal ‘Subir instal Fig. 6 ~ Modelo ce Mann para uma hipotéia cidade de dimensso média Fonte:M. Bradford &e W. Kent, 1972. Harris e Ullman, ao utilizarem os modelos de Burgess ¢ Hoyt, acrescentaram a ideia de que, em muitas cidades, o padrio do uso do solo estrutura-se a volta de varios nticleos descontinuos e nao apenas, cde um tinico (fig, 7). Muitas vezes estes niicleos jé existem ha muito tempo, podendo ser antigas aldeias que foram incorporadas no crescimento da cidade, ou entao sao de origem mais recente, como, Por exemplo, as novas dreas industriais que funcionam como focos do desenvolvimento residencial urbano, © aparecimento destes miicleos de Harris e Ullman € uma resposta a {quatro questdes fundamentais: ‘+ determinadas actividades requerem a existéncia de facilidades especializadas; fungées semelhantes agrupam-se porque podem tirar proveito da sua proximidade; + determinadas actividades e/ou fungdes repelem-se; | certas actividades ndo conseguem competir com outras em termos de localizagio devido aos precos elevados dos locais que Ihes so mais adequados, Tig. 7 Modelo multinucleado de Harris e Uliman Font:M, Bradford & W. Kent, 1972, [A partir da observacio da distribuigao das densidades populacionais rnas cidades, foi construido um modelo muito simples sobre a sua cstrutura, Verificou-se que a densidade da populacéo diminui, regra geral, com o aumento da distincia ao centro da cidade. A fig. 8 representa o modelo desta relagao entre a densidade populacional e o centro da cidade, que pode ser expresso pela seguinte formula ‘matematica: Ln ds = Ln do ~ bs eng dx- 6a densidade populacional a distancia x do centro de cidade; ‘do- representa a densidade populacional, estimada, no centro da cidade; be- Gogradiente da densidade entre o centro eo lugar a distancia x; Ln- 60 logaritmo natural. Matas vers utlize-s densidad bra, too nner de esas Bor uidade de dren © qe inc tte’ odes toe ns, tana, Contdo, pan ee malo wncehvel oars ae, aus, que ¢o numero de pesos por unas de tea see residencial. e A explicacéo do modelo das densidades vai ao encontro do equilibrio desejavel entre duas aspiracbes: ey * @acesso ao centro da cidade em funsio do emprego; * odesejo de abundancia de espaco para viver Aqueles que conseguem suportar os custos das deslocagbes dirias Podem, por isso, viver na‘periferia das cidades em éreas de baixas densidades demograficas, onde o espaco, independentemente do reco, é abundante. Fig 8 — Declineo exponencal negative da densidade populacional com a ditincia 40 centro da cidade Fonte:M, Bradford &e W. Keni, 1972 A aplicagao deste modelo mostra que as cidades mais novas. tém sgradientes de densidade mais suaves, porque nao aceitam as altas densidades das grandes cidades mais antigas onde ha maior numero de actividades comerciais, industriais e administrativas a competi pelo espaco. ‘As mudancas, ao longo do tempo, na curva das densidades, representam o crescimento das cidades. A area de densidade méxima desloce-se em direccio oposta a0 centro 4 medida que este se expande ¢ nele se processa 2 substituicso das habitagies mais antigas. Isto provoca 0 aparecimento de uma depressio, na linha das densidades, que corresponde ao centro, 0 que o modelo inicial nao previa Este modelo pressupOe um tinico centro de emprego, como sucedia com os de Burgess e Hoyt. Actualmente as cidades mais modernas apresentam padrées de densidade populacional mais complexos com diferenses nuicleos de emprego, semelhantes aos sugeridos por Harris e Ullman, Existe um outro modelo de estrutura urbana que leva em linha de conta 0 valor do solo, 0 qual diminui com o aumento da distancia a0 centro da cidade. Baseia-se no valor locativo ou valor-oferta, pelo que sugere que, em mercado livre, é 0 licitador que mais oferece aquele que consegue 0 130 do solo. Em muitas cidades a localizacao central do espaco é muito apreciada, pois ele € ocupado por funcbes retalhisas de nivel elevado, como sucede com os grandes armazéns que necessitam de se localizar centralmente em relagéo ao mercado, assim como com os escritérios que precisam de uma acessibilidade facil para a mao de obra. Isto esté actualmente a ser posto em causa pelo camércio das chamadas grandes superficies que, nao tendo espaco suficiente nos centros ja congestionados das grandes cidades, se deslacam para espacos periféricos que servem, por vezes, mais que Juma aglomeragio urbana. Mas isto exige vias de comunicagao e ‘ranspo:tes répidos e eficazes. De acondo com esie modelo, © mercado e a mio de obra sio mais acessiveis a partir do centro, porque af se concentram os Principais sistemas de transportes piblicos e privados, Em contra- Partida, 05 usos industrial e residencial dio menor valor a centralidade (ig, 9) Tig. ~ Rata do valor de ofa de alguns waor do solo em relagio a0 centro (cara ideslzadas) Fonte:M, Bradford & W. Kent, 1972 Nas grandes cidades hé niicleos mais pequenos de comércio, para ‘além do CBD, como foi verificado por Harris e Ullman. Estes lugares ‘sio mais valorizados que as dreas circundantes e, por isso, formam, ‘epicos» secundérios de valor do solo, (Os modelos da densidade populacional e do valor do solo nao diferenciam os tipos de pessoas que residem na cidade, como fazem 0s modelos de Burgess e Hoyt. Algumas andlises mais ‘modernas da estrutura das cidades tém-se concentrado na procura dos factores bésicos que diferenciam as reas, partindo das ccaracteristicas dos seus residentes e observando 0 modo como esses factores variam dentro da cidade. Foram realcados trés factores bisicos: categoria socio-econémica; ciclo de vida familiar; caricter étnico (M. Bradford é& W. Kent, 1972). a | ; [A categoria socio-econémica de uma familia € resultante do A dimento, da ocupagio e do nivel de educacso do chefe do agregado fami (© ciclo de vida familiar & ilustrado pelas fases da vida dum casal, fais como: sem filhos; com filhos ainda criangas; com, filhos Molescentes; com uum ou mais dos filhos 2 viver jé fora da cosa paterna; reformado. © eardcter étnico refere-se a aspectos de nacionalidade, rligibo, racay tribo, etc 6 padrto de categoria soco-econémica ¢, essencalmente, sectoral tnde-se aos sectores de Hoyt. © ciclo de vida family vara aivsmente, com ae familias mas idosas a viver, geralmente, mals vette do cenee da cidade do que as familias mais novas, de Preferem ens com mas expaco. As cracersteas cas tendem 9 str as amis do. mesmo grupo numa ov em varie Aese Ppcimas do centro da cidade, em ver de o fazer num sector rmerico.£ assim que surgem os célbres wpuetos, que endem para tina expansao ao longo dum sector. “Actualmente, estes modelos tém menor aplicabilidade directa, pordue aiem assistido a grandes e profundas mudancas na urbanizacéo vel mundial, as quais tém sido mais acentuadas com a globalizacao- Por isno, 0s modelos espaciais simples 840, hoje, dificeis de encontrar, fem particular no espaco urbana dos paises industrializados, mas finds podem aplicarse, com grandes vantagens, mas cOm a5 daptagses e ajustamentos necessérios, as cidades dos paises em ‘desenvolvimento. t Alguns autores, em estudos muito recentes, ttm comparado, 4 ceirura,residencial das cidades com um masaico, no_qual Sistinguem elementos do modelo sectorial (Hoyt) e zonal (Burgess) poder refed A. CLIf (1961), M. Baldassare (1989), }. Bos FF Castells (1990) e W. Davies & D. Herbert (1993). Nestes estudos fot ‘oservado que fendmenos fisicos como rios, lagos ¢ linhas de costay podem originar 0 aparecimento dum padrio sectorial, enquanto & Thade dos edificios, por exemplo, se dispde segundo uma estrutura tonal; as cidades de Maputo e Beira sho um bom exemplo do que weuba, de ser dito, pois o seu padrio foi influenciado pela baia de Maputo eo estudrio dos ris Pungué e Bazi, factores fisicos- 6 Em tudo isto pode observar-se a existéncia de duas relacdes espaciais bisicas: as éreas residenciais privilegiadas e as industriais repelem-se; 0 centro de negécios da cidade tende a deslocar-se em direccio a um sector de classe privilegiada. Um dos problemas que nio foi resolvide pelos modelos aqui apresentados di respi 8 delimitaso dae onde e secon tatoonn modems apiam métodos objectives que permite de fons nate explita, defini a estrotra espacial de cilade, 0s cous nae comparaio entre cdades. Um don métoden ma watos Co cena em que, a patir dos censos se recolhem elementos, refeenten so caratrstias das pesous ¢ dos prédion cm unidades epee e mais pequenas possivl(baitos)dento da cidade As enidedes cre caractristcas semelhantes slo agrupades em sdveas homcotecce Com este método so os elementos analsados fue lereeee g respeclvo padi. Mas a Interpretado don resultados orenae do dimensio das unidades de ecolha dos elements, das eenevas sscothias e da deimitado da cidade Cuanto talons fore tunics, mais heterogenes se revlat, 0 que lar perder sige escals de variagio espacial. As varivetsutleadae poder dee ae Pais para pais de acordo com a8 caracteristicn dos lies fomredeg pelos censos:ha receneamentos que fomecem mais infonnasee ced «outros mais de habtaio/constnaco (te pode ser obeornade one 0 censo de 1980 realizado em Mexambigue, que formens se informagio social, qu eta ser prepara pare 997, qr ore Bn 0s dados sobre a habtagio/construgieso meame se podedeerun Teaco aos condone 1980 ce 1980 da Repblcnde Cate Veg Uma outra questio que é necessério ter em conta diz respeito aos limites da cidade. Quanto mais amplos forem estes, mais zonal se tora 0 padrio, porque comegam a dominar as diferencas uurbano-rurais, aspecto que nas cidades africanas tem uma importancia acrescida face @ grande expansao de dreas suburbanas ¢ Periurbanas com caracteristicas zonais, e 8 mudanga frequente dos limites administrativos das cidades, Um trabalho sobre a estrutura urbana adquite maior significado quando inclui a descricao, ao longo do tempo, dos padroes da Propriedade e/ou uso do solo. Por isso sio necessdrios estudos sobre a procura e oferta de terrenos urbanos e a quantidade disponivel de habitagées, de forma a complementar o conhecimento da estrutura residencial. 6 a a r Lf 9.2. AESTRUTURA URBANA. A cidade, 20 desenvolver-se em torno do niicleo inical, articula-se)” de forma diversa, em elementos de dimensio varidvel, mais ou menos continuos, que so o$ bairros ou grupos de bairros. Uma primeira classiicagio desta articulagao resulta do estudo dos perfis de densidade de ocupagio, que se tragam através da cidade de acordo ‘com 0 modelo referido no ponto anterior. Com este tipo de andlise constata-se que a maior parte das cidades da Europa Ocidental sio ‘aracterizadas por apresentarem perfis em forma de sino, 0 que significa que a densidade de ocupacao, em relagio ao espaco urbano total ou apenas ao construido, diminui rapidamente quando se sai da cidade do século XIX; isto 6, decresce @ medida que se afasta do zicleo inicial, Por outras palavras, a densidade diminui do niicleo central para a periferia. Contudo, a partir de meados do presente século, face A necessidade de tornar mais funcional e menos congestionado © centro, algumas destas cidades sofreram grandes ‘obras de reconstrucao, © que lhes conferiu wm centro funcional mais ‘modemo, com uma densidade residencial permanente bastante baixa. NNestes casos © perfil apresenta-se curvo, deprimido no meio ¢ salierte nas margens; isto é, a densidade comporta-se de forma inversa a0 caso anterior, aumentando do centro para a perifera. Encontram-se situagoes, na Europa e América do Norte, em que 03 nicleos iniciais das principais cidades deixaram de ter populacio residente, ao mesmo tempo que a circulacao automével foi reduzida Um segundo aspecto diz espeito a continuidade ou descontinuidade dos espagos urbanos. Quando os espacos verdes so frequentes ¢ amplos, como sucede, por exemplo, em Roma e Harare, a cidade apresenta uma estrutura descontinua, com massas construidas separadas umas das outras por aqueles espacos verdes. Mas se a cidade 6e expande ao longo de certos eixos de desenvolvimento, a sua anticulagao ¢ feita por elementos lineares, entre os quais subsistem, durante mais ou menos tempo, reas rurais; esta 6 uma situacio mui frequente em Africa e ainda na América Latina. A descontinuidade méxima observa-se nas cidades que se desenvolver em ilhas de uurbanizagio isoladas afastadas da massa urbana principal; pode citar-se, como exemplo disto, © desenvolvimento dos bairros de Benfica, do Triunfo e dos Pescadores, na cidade de Maputo. £ neste ‘caso que se faz sentir o denominado fendmeno da rurbanizacio. o ser © parque habitacional, © que conduz ao crescimento da force de trabalho; forma-se, assim, um mercado mais extenso ¢ uma maior massa de salirios, facto que, por um processo cumulativo, provoca 0 desenvolvimento de outras actividades. Mas isto s6 € verdade nas sociedades mais desenvolvidas, porque nos paises subdesenvolvidos © crescimento da populacio urbana constitu, normalmente, uma carga sem compensagio de desenvolvimento econémico, porque 0s investimentos necessérios para 0 ajojamento, e que nao sao dlirectamente produtives, desviam uma parte importante do capital que poderia servir para construir outros equipamentos mais directamente indutores de crescimento econémico. A par das fungdes de acumulagao de riqueza, as cidades desempenham, de forma mais ou menos completa, fungdes de responsabilidade, como sejam a administracao, 0 ensino, a saide © a prestacio de outros servicos publicos. Na realidade, através destas actividades a cidade tem um papel fundamental na vida dos seus hhabitantes e, para servicos mais especificos e especializados, dos moradores de areas mais ou menos distantes (érea de influéncia). Uma funcao universitiria, por exemplo, atrai para a cidade um grande niimero de jovens oriundos de regides bem distantes; uma ‘outra que funcione como sede de um distrito possui um determinado ‘equipamento administrative minimo, que €, no entanto, inferior ao {que existe numa capital provincial ou regional. Tudo isto nem sempre significa maior riqueza, nem actividades mais desenvolvidas; mas “obriga a presenca de certos servigos, o que significa mais lugares de trabalho, De acordo com Beaujeu-Garnier (1983), estas fungdes criam ‘empregos e fazem-se acompanhar de manifestagdes geradoras de lucros financeiros. Mas estas so apenas secundarias, pois nao constituem o aspecto primordial da funcao em questao, Com 0 desenvolvimento tecnoligico e dos meios e formas de comunicagio e devide a0 fenémeno da globalizacao, as funcdes ‘urbanas de criagio e de transmissio tornam-se, dia a dia, importantes e evidentes. Pode falar-se de fungdes de transmissto, quer dizer, de tudo o que diz respeto a dijusto da civiliagio, do modo de vida, das conguistas turbanas destinadas as populagdes urbanas ¢ peifrica. A cidade, porque possui ea mass de habitantes, wma certa acumulagto de riqueaa de talento, porgue ocupa um certo espace atrai pessoas, 80 uilas vezes das mais dindmicas e empreendedoras, num raio mais ou ‘menos largo, exerce um cero poder de formacto, de informagto ¢ de {ransmissio (J. Beaujeu-Garnier, 1983). Para que este papel possa ser executado, a urbe tem que dispor de meios de transporte quer internos, quer periféricos, A taxa de motorizacio regional e a existéncia de transportes urbanos e de meios de ligacao com a periferia proxima e distante, asseguram a cidade as ‘condicdes necessérias de acessibilidade que, por sua vez, Ihe pode Conierir projecgao © até fazer dela um centro de transportes com dinimica propria. [Em larga medida, a amplidio e a eficécia das funcdes de centiquecimento é directamente proporcional as facilidades de acesso. Cortudo, nao so apenas as ligagoes materiais que devem ser tomadas ‘em linha de conta; importa considerar também os outros meios de ‘comunicacao, tanto na cidade como a sua volta, pois sao estes que Ihe ppermitem difundir actividades socio-culturais, noghes e ideias; na realidade, ao oferecer espectaculos, publicagSes, possibilidades de aassociacées diversas e de reunides desportivas ou culturais, a cidade dispde de um real poder de transformacao das mentalidades, da ‘cul:ura e do conhecimento dos seus habitantes e dos vizinhos. Estas insituigBes terdo maior eficdcia se as pessoas, para além de poderem frequentar directamente aqueles lugares, tiverem acesso a estas ‘actividades através da imprensa, rédio ¢ televisio, Isto permite uma ‘maior assimilagdo, 0 que faz. com que as pessoas tirem maior proveito ‘pessoal e participem na sua difusao. 11. A CLASSIFICAGAO DAS CIDADES Face as fingées que a caracterizam, a cidade apresenta-se como um ‘esnaco complexo que se distingue, de forma mais ou menos evidente, ddo meio ambiente que a circunda e oferece uma estrutura global que The permite desempenhar um papel especifico ¢ original. Este cextravasa 0s limites da urbe e estende-se por uma érea de influéncia ‘mais ou menos vasta, que pode abranger todo o territério nacional e incluir um espaco internacional. 81 Varios autores tém procurado classificar as cidades de acordo com as suas diversas funcées. Para isso tém sido propostos diferentes métodos de classificacao, tals como os que sio apresentados por J. Beaujeu-Garnier (1983) e que sao adoptados neste manual: + puramente analiticos e descritivos; = enumerativos, que tiram conclusées mais gerais a partir dos ‘exemplos estudados; que combinam as diferengas entre as actividades necessérias 4 populacio da propria cidade e aquelas que estio viradas para 0 exterior; ‘+ que consideram a capacidade daquilo que se poderia chamar o contra-poder urbano». ‘A utilidade de uma classificacio das cidades foi, por diversas vezes, posta em evidéncia por numerosos estudiosos, que apontam a importincia de aprender, compreender e construir modelos para 0 futuro. Este exercicio nao é, como por vezes se afirma, uma mera ucubracio teérica, porque a classificagao das diferentes cidades de lum pais permite 0 planeamento mais adequado dum desenvol- -vimento territorial mais equilibrado. 11,1. AS CLASSIFICAGOES ANALITICAS _Existem diversas propostas de classificagao das cidades de acordo ‘com as suas fungSes, feitas com base em critérios ao mesmo tempo variados e subjectivos. Pode referir-se, como uma das mais antigas € ‘mais utilizadas, a de Aurousseau, que data de 1921 e apresenta seis ‘grandes fungSes urbanas que, por ordem de importancia, so: de ‘administragio; de defesa; de cultura; de producio; de comunicagbes; de recreio. Contudo, esta classificagdo apresenta categorias que so, simultanea- mente, descritivas e funcionais; os critérios adoptados nao sao ‘homogéneos e o seu valor relativo & puramente qualitativo, para além de omitir numerosas situagdes concretas Em 1973 Hosen propde uma classificagdo onde as funcdes urbanas sao descritas como: de habitagio; de centros que permitem 0 testabelecimento de contactos entre as comunidades; de transporte; ide governo e administracio; de educacio e ensino; de relagbes 2 racials; de saiide; de urbanismo ¢ arquitectura; de indistria. Na Fealidade, aquilo que Hosen apresenta é uma longa lista descritiva {que mostra os grandes inconvenientes das fGrmulas desprovidas de Fomogeneidade, mas que, contudo, nao deixa de ter a vantagem de chamar a atengao para uma série de fungdes que tém sobre 0 espaco furbano consequéncias que nao podem ser ignoradas: a necessidade de contactos no interior das comunidades; a6 dificuldades introduzidas pelas relacBes raciais e étnicas; a responsabilidade turbana no crescimento da marginalidade e da violéncia J. Beaujeu- Gamier (1983) ‘As dlassificagdes analiticas revelam-se, na realidade, pouco ou nada smaticas e entraram em desuso. 11.2. AS CLASSIFICACOES DESCRITIVO-EXPLICATIVAS Para J, Beavjeu-Garnier (1983) esta forma de classificacdo enumera todos 0s aspectos que a acco intra, extra e interurbana possa ter, agrupando-os em algumas grandes rubricas e dando exemplos para ‘cada uma destas. Descreve 0 que, no sifu, na situagio ou na fisionomia da cidade, caracteriza a fungio original ou preponderante fe as manifestagbes intemnas ou viradas para o exterior que daf resultam. Ela procura os factores que determinaram a localizaco das diferentes actividades funcionais. Sendo assim, esta forma de ‘dlassificacdo representa um dos aspectos do método geogréfico indutivo, pois, a partir de varios exemplos, procura tirar conclusdes sotre um determinado tipo de localizagao e de evolugao das fungBes urbanas. ‘A dlassificagio mais representativa deste tipo foi elaborada por G. Chabot (1963), na qual diferencia, como 0 fez Aurousseau, seis grandes grupos de fungées: militar; comercial; industrial; cultural; de acolhimento; administrativa e politica, Com excepgao do pprimeiro grupo (fungio. militar), os restantes dividem-se em subgrupos descritivos: + fungio comercial inclui as diferentes formas de comércio retalhista tradicional & ‘modemo, 0 grande comércio continental e intercontinental, os portos maritimos, os aeropurtos e 0s entrepostos comerciais; 8 + fungio industrial cidades mineiras, de inddstria transformadora, de indtistria pesada, electronica, quimica, etc; + fungio cultural cidades religiosas, universitarias, centros literdrios e artsticos, cidades-museu, etc. + fungio de acolhimento cidades-hospital, de Aguas termais, de turismo e de recreio; + funcio administrativa e politica 1 centros administrativos locais, regionais, nacionais, internacio- nais eas super-capit (Os aspectos principais da funcionalidade urbana sio, nesta Cdassificagao, postos em evidéncia através das caracteristicas representativas nela evocadas. Eo que acontece com a fungao industrial onde o subgrupo da inddstria transformadora, por exemplo, contém em si uma anélise do fenémeno através de: ‘surgimento da funcio; localizacao das cidades industriais; evolucdo dda funcao; adaptacio da cidade a fungao; da cartografia da Fungo industrial. Georges Chabot termina a apresentagio das funcées com uma ‘chamada de atengao especial para a «grande cidade» que se manifesta ‘mais pela multitude de fungdes que acumula, do que pelo niimero de hhabitantes (J. Beaujeu-Gamier, 1983). Esta «grande cidade» corresponde & «primate city» de Jefferson. 'A classificagdo de Chabot dé uma imagem viva e concreta das Cidades, fomecendo uma descriio geral das caracteristicas © das regras de evolugao a propésito de cada exemplo. Contudo, ela baceia-se apenas na funcio dominante apreciada subjectivamente segundo a reputagio tradicional da cidade a classifcar, ou segundo lum facto marcante. Assim, pode acontecer que a mesma cidade pareca em vérias clasificagdes por, subjectivamente e por reputaGao, ‘acumular diferentes funcdes; seré uma cidade multifuncional Este é um modelo de classificagao que se ajusta faciimente as cidades africanas, sem, contudo, excluir as vantagens de métodos mais ‘modernos, como 0s que a seguir se apresentam. a 41.3. AS CLASSIFICAGOES ESTATISTICAS DE DOMINANTE SECTORIAL UNICA Quando se aborda um método de classificagao quantitativa, deparam-se imediatamente dois problemas: 0 da disponibilidade ‘dos dados necessirios e da possibilidade da sua comparacio, no ‘caso de se pretender alargar o estudo a varios pi recenseamentos fornecem, em geral, um certo numero de informacdes utilizaveis, mas nem sempre estas so completas nem, tho pouco, respondem adequadamente as necessidades das classifi- caches. ‘0 exemplo mais conhecido deste tipo de classificacdo foi elaborado por D. Harris em 1943 para as cidades dos EUA. Ele utilizou Conjuntamente, as estatisticas sobre o emprego e sobre os ramos de actividade e os dados de inquéritos directos. Como resultado obteve luma classificagao que compreende nove categorias (H. Carter, 1989 «+ cidades fortemente industriais onde o niimero de empregos na actividade industrial representa, pelo menos, 75% do total de trabalhadores na inddstria © no ‘comércio (grossista e retalhista); + cidades industriais ‘com um mimero de empregos na indiistria de apenas 60%; + centros de comércio retalhista co ndmero de empregos nesta actividade representa, pelo menos, 50% do total de trabalhadores da indiistria e do comércio ‘grossista e retalhista; + cidades dive (0 niimero de empregos na indistria é inferior a 60%, no ‘comércio grossista inferior a 20% e menor que 50% no comércio aretalho; icadas + centros de comércio grossista ‘onde o niimero de empregados neste sector é de, no minimo, 20% do total de empregados nos trés grupos acima citados (industria e comércio retalhista e grossista); + centros de transporte ‘0 mimero de trabalhadores no sector dos transportes ¢ igual ou superior a um terco dos empregados da inddstria de transfor- magio e igual ou superior a dois tersos dos que laboram no comércio; * cidades mineiras com mais de 15% dos operirios a trabalhar em indist extractivas; © dades universitérias, onde os estudantes de diferentes niveis representam, pelo ‘menos, 20% da populagio da cidade; + cidades de repouso e de reformados para este tipo de cidades nao se referem dados estatisticos, mas tem que possuir um mimero representativo de empregados ligados a actividades de hotelaria, centros de repouso e de tratamento, assim como um niimero significative de residentes permanentes ou tempordrios reformados ou em férias de repouso. Esta € uma classificagao muito vitil, mas, como acima se referiu, exige {que os censos fornecam todos os dados necessérios, que ainda deve ser complementados com informacao obtida por inquéritos directos. (Ora, nos paises subdesenvolvidos, conhecidos pelas suas estatisticas incompletas, os recenseamentos, que S30 acgOes extremamente caras, ‘nao conseguem respondler a todas as exigéncias deste método. 31.4, CLASSIFICAGOES ESTATISTICO-ECONOMICAS Este tipo de classificagdes baseia-se, como sucede com as anteriores, na utilizagio da informacio estatistica que quantifica o emprego nos diversos ramos de actividade. No entanto elas apresentam uma nova preocupacio: a diferenciagio fundamental entre as miltipl das actividades urbanas. Estas podem ser agrupadas de acordo com © seu papel na vida quotidiana dos habitantes e a sua participagao na producao geral que nao é destinada ao consumo local. [As fungbes destinadas a0 comércio para o exterior da cidade sio ‘consideradas a alavanca fundamental do crescimento urbano, pois 86 / A possibilitam 0 acréscimo do lucro local, 0.que, por sua vez, leva a0 desenvolvimento de servigos e de outras actividades produtivas que tém por objectivo a satisfacdo das necessidades da populacio local; estas funcées, viradas para 0 exterior, so designadas por basic (basicas), fundamentais ou especticas. © grupo de fungées viradas para 0 consumo local, para a producao interna, sto as que possibilitam a vida dos moradores da cidade; $80 conhecidas como non basic (nao basicas), secundérias ou internas. (0 desenvolvimento das actividades do primeiro grupo determina 0 crescimento urbano, 0 que faz crescer as actividades do segundo. Apresentado de forma teérica, este postulado parece de fécil aplicagio. Contudo, torna-se bastante complexo estabelecer com precisio 0 que, numa determinada actividade, depende das recessidades intermas da cidade ou das de exportagio; onde classificar, por exemplo, 0s servicos dos correios e telecomunicacoes? ‘A sua actividade € comum aos dois grupos de funcdes. A indistria pode produzir, simultaneamente, para a propria cidade e para 0 exterior, sucedendo, frequentemente, que ela comesa por abastecer © mercado da cidade, situando-se no grupo das fungSes secundérias, e $6 depois se langa na produgdo para o exterior, passando para 0 ‘grupo das fungoes basicas. Algumas cidades muito bem equipadas fem servicos de transportes e comunicacdes devem a esta funcao interna a atracgao de diversas actividades de Ambito nacional ou até internacional. sta classificagao €, por vezes, contestada devido aos seus principios demasiado rigidos e as relacdes bastante simplistas que estabelece entre as diferentes fungdes urbanas. Contudo ela revela-se de grande utilidade para se obter: + uma anilise mais completa das relagdes existentes entre a cidade 0 seu ambiente circundante; ‘+ uma classificagio mais ajustada das fungGes urbanas, tendo em ‘conta 0 seu papel em relacdo ao exterior, + tum melhor conhecimento das estruturas da cidade, ara além das dificuldades jé apontadas, torna-se necessério resolver ‘a questio relacionada com a distinglo entre as fungées especificas e as restantes. Os ge6grafos e economistas tém proposto varios processos, todos eles partindo da comparacao entre a parte que, normalmente, 87 deveria representar cada fungao em relaclo a populacio activa total e a parte realmente abrangida, calculada a partir de estatisticas de actividade por grandes sectores. Mas a principal dificuldade consiste em estabelecer 0 normalmente, em apreciar o que constitui 0 necessirio para a populacao da unidade urbana e quais os limites a estabelecer para a cidade em estudo. Estes aspectos continuam por resolver satisfatoriamente, 0 que no impede, no entanto, que a lassificacao seja uilizada e ati (© problema da extenséo do espago de referéncia 6 fundamental Alguns autores mostraram que, considerando-se 0 conjunto, por exemplo, dos EUA., a relagdo basic-non tasic seria fraca, porque corresponderia somente a0s trabalhadores que produzem para a exporiacio. Por isso ¢ necessério definir a unidade espacial de base, cujas caractersticas mudam conforme se considere apenas nécleo turbano ou a aglomeragéo mais ou menos extensa, O quadro urbano estrito no 6 vilido, em particular devido a actual evolusao das cidades que transfere para 0 exterior do nacleo as grandes empresas industriais e comerciais; por isso € preferivel usar como base a aglomeragio urbana. ‘Apés a escolha da unidade espacial, é indispensavel inedir a importancia respectiva dos sectores especificos e dos secundarios. Para isso foi proposto um método elementar de aproximacio que, aplicado a uma cidade Z, para uma actividade A, se representa pela formula xA = (PZ ~ PN. xN) em que: XA- representa o nimero de empregados na actvidade A; PZ. 6 a populagio da cidade Z; PN--€ a popullagao total do pais; XN- representa o niimero de empregos na actividade A em todo 0 pais. Se a relasio for igual ou inferior a 1, a actividade é menos representada na cidade que no pais, pelo que nio é especifica, o que significa que nio pode produzir para a exportacio, Ao contrério, se a relagdo for superior a 1, quer dizer precisamente o inverso (é uma ide basica e pode produzir para a exportagio) 88 Este método fica substancialmente melhorado se for considerada apenas a populagao activa urbana para o conjunto do pats, em vez da - populagao total Mas, como sucede com todas as classificacées, também estas revelam lacunas e insuficiéncias, pelo que hii uma procura permanente de novos modelos que diminuam o grau de incerteza. Os métodos a6 aqui apresentados baseiam-se apenas num tinico indicador - as percentagens de populagao activa em cada sector. Em 1953 Ph. Pinchemel propés o método das duas taxas, que consiste em ‘estabelecer a comparagao entre a taxa da populagio activa de cada ‘cidade em relagio & populagao urbana do conjunto do pais (T) e a taxa da populagio activa de cada sector de actividade na cidade em relagie & popullagio activa do pais no sector respectivo (T°). Este ‘método ficaré melhor entendido com a apresentagao dum exemplo para as cidades ficticias A e Cidade A Cidade B r ee 17 130 T° para + instria extraction : eeess) 219 Indistria de COMSIRUGNO ooo esse ee—enennnee 190 130 indstria metalrgiea, mecca e electric 170 48 - indistriaquimicn 160 95 + indistri alimentar 20 66 indistria testi 12 162 ‘mdistria de confecgao. 153 90 ~indistrias diversas ia Bo 3 - traasportes 82 94 + comércio, bance, segures 33,0 110 ete 20 7 (Ph. Pinchemel, 1959) Este quadro poe em evidéncia a vocagio especial da cidade A através das funcoes de comércio, banca e seguros e de servigos; isto é, as actividades bésicas so do sector terciério, acompanhadas pela indiistra alimentar. Estes trés sectores apresentam uma proporgao de 89 emprego superior a taxa nacional (T° > T). Ao contriio, a cidade B tem um tinico sector especializado - 0 mineito, ao qual se segue 0 téatil com uma importancia relativa, pots é superior aT, mas muito Tonge da industria extractiva. Nao restam dividas que se esta perante ‘uma cidade (a A) com uma fungio tercidria (cidade turistica, de prestacio de servicos ou ainda comercial), ¢ uma outra (@ B) nitidamente mineia ‘Ambas apresentam taxas relativamente importantes no sector da construcio (com taxas T” sensivelmente iguais a proporgao da populagio activa T), Isto sucede porque existe uma forte correlagio pelea taxa de populacio activa urbana e a taxa de construcio. 115. CLASSIFICAGAO GLOBAL ‘Actualmente, com o recurso aos meios informéticos, torna-se possivel propor classificagies bastante mais sofisticadas e completas, com Ptilzacao de grande niimero de variéveis, o que permite comparacdes © qualifcagdes sintéticas. Dois dos métodos propostos sio 0 da ‘lassificagio das cidades segundo o perfil de actividades e 0 da Glassificagio das cidades segundo a sua estrutura socio-profissional, Para melhor entendimento destes dois modelos, transcreve-se Beaujeu-Garnier (1983), que apresenta exemplos bastante claros para cos explicar. Para a clasifcago das cdades segundo o perfil de actividades foi feito ‘um estudo em 138 aglomeracdes francesas, que em 1854 tinham mais de 20.000 habitants, deimndo de fora a aglomerapo parisense. Utilzaran-se, por um lado, 05 dados das actividades ecomémicas relatives aos recenscamentos de 1954, 1962, 1968 ¢ 1975 agrupados fm 20 categoras, por outro as 10 ou 24calegoriassocio-proissionais, telatows as mesmas aglomeragdes em 1954 e 1968. Foi estabelecdo 0 perfil de actividades médias para o conjunto das aglomerabes para (ada ua daquelas datas, utilizando a pecentagem de empregades em cada wma das 20 categoriasconsideradas, emt relat ao emprego total ‘As ctvidades mais representadas. slo: a metalurgia, 15%; a consiruglo e obras piblias, 12%; a administrato e servigns a lars, 10%. No toa, 0 sector secundério representa cera de 440% eo tercidrio sobealém dos 50%, A evolugto deste peril médio 0 ‘mostra sete actividades em crescimento regular: administragto, services a particulares, telecomunicacdes, seroigos a empresas, construgio ¢ obras publicas e, finalmente, metalurgia (no principio) e quimica (depois). Inversamente, oito actividades mostram-se em declineo continuo relativo: textes e confeccdes, indiistrias extractions, servigos domésticos ¢ hotelaria, indiistrias agricolas e alimentares, comércio alimentar de retalho, industrias diversas e transportes. O fundo comum de actividades secundérias e tercirias representa cerca ‘de 40% do emiprego e tem tendéncia a diminuir, apesar dos progressos ‘gers da industralizagto [e do desenvolvimento acelerado do tercitrio = N.A\I; torna-se mais importante & medida que a dimensdo da cidade ‘aumenta (43% para as cidades com mais de 50.000 habitantes em 1968 € 48% em 1975). A partir deste perf métio, procuraram-se fungdes cspecfca, examinando as actividades discriminantes, por uma anilise de correspondéncia. Encontram:se essenciaimente na fungto de produto, ‘quer dizer, entre as ramos industrais. As quatro mais importantes so as indiistrias extractions, os texteis, cmfecgdes, metalurgia e quimica As cidades caracterizadas pela indistras extractioas ¢ metlirgicas {2m quase sempre um subequpamento relatioo no tecirio. Como coutras actividades muito discrminantes, podem também citar-se a defesa e os transportes. Medindo a importancia em valor relatvo dos desvios entre os perfs da. actividade urbana, obtém-se uma classifcapto em 18 classes de cidades, basenda na especialzagdo {funcional (Tabela 1). ‘As cidades do. grupo 1, salvo as muito importantes, tm uma ‘subsrepresentacio bem marcada no tercidrio, principalmente nas ‘actividades que traduzem um papel regional activo em relacto acs ‘campos vizinkos. Pelo contririo, as cidades do grupo Il, sub-grupo administrative, e as do grupo Ill, tém cardcter muito marcado de centro de servigos, como mostram, quer os perf de actividades, quer a lista de exemplos escolhidos na tabela 1. A diferenciagto funcional no ‘st ligada, de maneira rigorosa dimensdo das aglomeractes. 1 deveria representar cada funcéo em relacio & populagio activa total e fa parte realmente abrangida, calculada a partir de estatisticas de actividade por grandes sectores. Mas a principal dificuldade consiste em estabelecer 0 normalmente, em apreciar o que constitui o minimo necessério para a populacio da unidade urbana e quais os limites a estabelecer para a cidade em estudo. Estes aspectos continuam por resolver satisfatoriamente, 0 que néo impede, no entanto, que a lassificacio seja utilizada e til. © problema da extensio do espaco de referéncia ¢ fundamental. Alguns autores mostraram que, considerando-se 0 conjunto, por exemplo, dos EUA., a relagdo basic-non basic seria fraca, porque corresponderia somente aos trabalhadores que produzem para a exportacio. Por isso € necessério definir a unidade espacial de base, cujas caracteristicas mudam conforme se considere apenas 0 niicleo "urbano ou a aglomeracao mais ou menos extensa. O quadro urbano estrito nao & vélido, em particular devido & actual evolucao das cidades que transfere para o exterior do ncicleo as grandes empresas industriais e comerciais; por isso € preferivel usar como base a aglomeracio urbana. ‘Apés a escolha da unidade espacial, € indispensivel medir a importancia respectiva dos sectores especificos e dos secundarios. Para iss0 foi proposto um método elementar de aproximacao que, aplicado a uma cidade Z, para uma actividade A, se representa pela formula: xA = (PZ ~ PN. xN) em que XA. representa o niimero de empregados na actividade A; PZ- € a populagio da cidade Z; PN-€. populacao total do pats; xN representa o niimero de empregos na actividade A em todo 0 pais, Se a relagio for igual ou inferior a 1, a actividade & menos representada na cidade que no pa(s, pelo que nio é especifica, o que significa que no pode produzir para a exportacio. Ao contrério, se a relacio for superior a 1, quer dizer precisamente o inverso (é uma actividade bisica e pode produzir para a exportacio) 88 Este método fica substancialmente melhorado se for consi apenas a populacao activa urbana para 0 conjunto do pais, em vez da populagio total Mas, como sucede com todas as cassificag®es, também estas revelam lacunas e insuficincias, pelo que hé uma procura permanente de novos modelos que diminuam grau de incerteza. Os métodos até aqui apresentados baseiam-se apenas num unico indicador ~ as percentagens de populagdo activa em cada sector. Em 1958 Ph. Pinchemel prop6s 0 método das duas taxas, que consiste em ‘estabelecer a comparacio entre a taxa da populacao activa de cada ‘cidade em relagio a populacio urbana do conjunto do pais (T) e a taxa da populacio activa de cada sector de actividade na cidade em relagio & populacio activa do pais no sector respectivo (T"). Este ‘método ficaré melhor entendido com a apresentacio dum exemplo para as cidades ficticias A e B: CidadeA Cidade B a eee —-—. 197 Bo T° pare indistria extraction ——— 39D + indistria de construgao —— 190 Bo indistriametalirgica, mectnica¢lectrénica oe 17,0 48 nist gue nn — 160 95 + indstiaalimentar Abilans7a9 66 - indlistiaWexti) rd 162 indistrin de confecgao ts 53 90 ~ indisris diversas ze Sepret4q)y 31 = EAMSPOFES 82 91 + comércio, banca, seguros 2 330 10 - servis ze ai at ei 67 7 (Ph. Pinchemel, 1959) Este quadro pe em evidéncia a vocagao especial da cidade A através das fungoes de comércio, banca e seguros e de servicos; isto é, as actividades bésicas so do sector terciério, acompanhadas pela industria alimentar. Estes trés sectores apresentam uma proporgio de @ cemprego superior & taxa nacional (T” > T). Ao contrério, a cidade B tem um nico sector especializado - 0 mineiro, ao qual se segue 0 téxtil com uma importincia relativa, pois é superior a T', mas muito longe da indvstria extractiva. Nao restam diividas que se est perante ‘uma cidade (@ A) com uma fungio tercidria (cidade turistica, de prestagio de servicos ou ainda comercial), e uma outra (a B) nitidamente mineira ‘Ambas apresentam taxas relativamente importantes no sector da construgio (com taxas T° sensivelmente iguais a proporcio da populacio activa T) Isto sucede porque existe uma forte correlacao fentre a taxa de populacio activa urbana e a taxa de construcio. 11,5. CLASSIFICACAO GLOBAL “Actualmente, com 0 recurso aos meios informiticos, torna-se possivel propor classficagdes bastante mais sofisticadas e completas, com Jiilizacao de grande nimero de variaveis, o que permite comparagoes fe qualifcagBes sintéticas. Dois dos métodos propostos sao 0 da cdassificacio das cidades segundo o perfil de actividades ¢ 0 da ‘dlassificacio das cidades segundo a sua estrutura socio-profissional, Para melhor entendimento destes dois modelos, transcreve-se Beaujeu-Garnier (1983), que apresenta exemplos bastante claros para os explicar. Para a clasifcagto das cidades segundo o perfil de actividades foi feito tum estudo em 138 aglomeractes francesas, que em 1854 tinham mais de 20.000 habitantes, desando de fora a aglomeragto parsinse. Utilzaram-se, por sm lado, 05 dados das actividades econdmicas relatvos 20s recenseamentos de 1954, 1962, 1968 e 1975 agrupados em 20 categorias, por outro, as 10 ou 24 categoriassoco-profssionas, relations ds mesmas aglomeracées em 1954 ¢ 1968. Foi estabelecido 0 perfil de actividades métis para o conjunto das aglomeragtes para cada wna daguelas datas, utiizando a percentage de empregados em cada uma das 20 categoriasconsideradas, em relacio ao emprego total. ‘As actividades mais representadas fo: a metalurgia, 15%; ‘onstrugio € obras pribicas, 12%; a adninistragio e serves a pariculares, 10%. No toil, o sector secundério representa cerca de 40% e 0 tercidrio sobe além dos 50%. A evolugto deste perfil médio % ‘mostra sete actividades em crescimento regular: administracto, servigos a particulares, telecomunicagtes, servigos a empresas, construgto e obras piblicas e, finalmente, metalurgia (no principio) € quimica (depois). Inversamente, ito actividades mostram-se em dectineo continuo relative: texteis e confecgdes, industrias extractivas, servicos domésticos e hotelaria, industrias agricolas e alimentares, comércio alimentar de retalho, indistrias diversas e transportes. O {undo comum de actividades secundérias e tecidrias representa cerca ‘de 40% do eriprego e tem tendéncia a diminuir, apesar dos progressos ‘gern da industrializagto [e do desenvolvimento acelerado do tercidrio = N.A.J; torna-se mais importante a medida que a dimensto da cidade aumenta (43% para as cidades com mais de 50.000 habitantes em 1968 48% em 1975). A partir deste perfil médio, procuraram-se_funcdes espetfca, examinando as actividades discriminantes, por uma andlise de correspondencia. Encontram-se essencialmente na functo de producto, quer dizer, entre as ramas industriais. As quatro mais importantes slo as indistrias extraction, os texts, confecgdes, metalurgia e quimica ‘As cidades cnracterizadas pelasindiistras extractioas ¢ metahirgicas fem quase sempre um subequipamento relatioo no tercidrio. Como utras actividades muito discriminantes, podem também citarse a defesae 05 transportes. Medindo a importdncia em valor relatvo dos desvies entre os perfis da actividade urbana, obtém-se uma classficapto em 18 classes de cidades, baseada na especializagto funcional Tabela 1). ‘As cidades do. grupo 1, salvo as muito importantes, tém uma sub-representacio bem marcadd no tercitrio, principalmente nas ‘actividades que traduzem um papel regional activo em relagto aos ‘campos vizinhos. Pelo contrio, as cidades do grupo 11, sub-grupo administrative, e as do grupo Il, tém caricter muito marcado de centro de services, como mostra, quer os pefis de actividades, quer a lista de exemplos escolhidos na tabla 1. A diferenciagto funcional no «esi ligada, de mancirarigorosa dimensdo das aglomeragtes. Tabela1 [CLASSIFICAGAO DAS CIDADES A PARTIR DO EXEMPLO DO TEXTO| 1. Aglomeragdes muito especializadas -28 cidades = 7 ipos ~ 6 indistias extractions tipo extremo tipo médio ~ indistias extractions e metalurgia ou qutica ~ uma ince actvidade dominante -metalurgia guimica text TL, Aglomeragbes de perfil especifico-71 cidades ~ industrial (mais de 50% de actives nas indistrias) indstrias diversas metalurgia quimica e metalurgia terri (menos de 40% de actoos nas indstrias) detesa transportes hotelaria \istria alimentar administragao UL. Aglomerasdes de perfil médio- 39 cidades = 3 tipos dominantemente industrial heterogéneo essencialmente tecisrio Fonte: Extraido de J. Beaujeu-Garmier, 1988, Pode perguntar-se se esta classificagio jé esté consolidada, 0 que poderia ser caso se 0 equilibrio da rede fosse tal que a posicao e a especificidade das cidades respondessem exactamente a uma I6gica espacial, se ela existisse, como subentende a teoria dos lugares centrais de Christaller, ou ainda, se se verificasse sempre a regra do srank size». Ora, as observagies escalonadas no tempo mostram, simultaneamente, uma tendéncia para a diminuigao da 72 especificidade, um aumento da dicotomia classica entre func! industrials e tercidrias dominantes, um desenvolvimento da, industrializagao em algumas cidades até entao mais «lercidrias» @ a progressio geral de actividades terciérias através de toda a rede ‘urbana (tabela 1). Para a classificagio das cidades segundo sua estrutura socio-profissional, tém sido consideradas as actividades representa- das pelos trabalhadores dos diferentes sectores. No entanto, 0 ntimero de assalariados nao é a Gnica varidvel que deve ser tomada em consideracao; devem, igualmente, incluir-se 0s niveis e as categorias socio-profissionais. Tara o exemplo atris apresentado pare as cidades franceses, extraido de}. BeaujeuGamier (198%), 2 estrutura socio-proisional_ foi avaliada em dez categorias, segundo a nomenclatura frances: um Frimeiro exame mostra uma homogeneidade muito maior que @ fas actividades econémica, como também revela asociagdes ot feclusoes. mals definidas. Foram calculados os coeficentes de Correlagao entre as. vinle cateporias econdmicas © ae vinte © (quatro clases soco-proisionais, 0 que permit disinguir quatro pos: + um primeiro tipo, com 7 categorias de actividades econémicas sem {qualquer ligacio particular com as categorias socio-profssionais (Guimica, industria agricola e alimenta, inddstrias diversas, transportes, comércio alimentar de retalho, servos doméstics, gua, gis eelecticidade), + um segundo tipo, com 5 categorias de actividades, cada uma das unis com forte relagho com as categorias socio-profisionais, ot Com uma categoria saco-profissional em particular o sector tex a importincia dos trabalhadores no qualificados; 0 sector do omércio grosssia eos. quadros. médios administrativos; a indistria extractiva e os minelros; a holelaria e 0 pessoal de servigos; a defesa e 0s militares. claro que este tipo se caracteriza, Principalmente, por evidences + um terceiro tipo compreende a metalurgia, com tés categorias Soca: os téricos, os cntramestes eos operriosespecilizados, + 0 quarto tipo apresenta 6 actividades tercisrias fortemente Conrelaionadas: os servis as empresas; a administragis a banca eos segures. 3 13, AS CIDADES DA AFRICA SUBSAHARIANA * ‘As grandes cidades da Africa subsahariana, em particular as capitals, Govido ao sou crescimento espectacular, foram durante muito tempo 6 centro quase que exclusivo da preocupacio da investigacdo urbana desta regio. Estes estudos procuravam definir um modelo geral de “ubanizagio em que as grandes cidades se apresentavam com um “levado prau de primaziae eram o esboco duma rede que colocava as festantes urbes no infa-urbano, As preocupacées suscitadas pela “oxplosao™ urbana eo crescimento “exponencial” de grandes aglomeragies como Dakar, Abidjan, Lagos, Kinshasa e Nairobi, deram origem a algumas situagdes de verdadeira angtstia muito propalada’ pelos Orgios de comunicagao social. A imagem de Ginamismo fot substituida pela de cidade vitima do seu proprio igantismo, igndbil, combinando deseconomias de aglomeracio © reacas para a paz social ea estabilidade politica Para melhor orientar a vaga duma urbanizagao cada vez mais intensa para se estar prevenido para explosbes previsiveis nas grandes aglomeracies, diversos estudios0s, planificadores e gestores ‘Preconizam que a solugao deve ser procurada ao nivel das pequenas ¢ médias cidades, secundarias ou intermediérias, de acordo com as nomenclaturas utilizadas. De facto, este nivel de urbanizacao tem ‘vindo a ser objecto de estudos cada vez mais numerosos, com cardcter monografico ou sistemético, considerando-se que ele poder ser um factor fundamental para evitar o actual crescimento descontrolado ‘com ritmos preocupantes das grandes cidades, em particular das capitais nacionais e regionais. (© medo das cidades perigasas € uma realidade e, por isso, diversos ‘organismos internacionais iniciaram, na tiltima década, trabalhos © seminarios de acordo com esta Optica. Destacam-se os seminérios de Nagoya (1982) e Nova Delhi (1983), organizados pelo Centro das [Nagdes Unidas para o Desenvolvimento*, No Burkina Faso, para reter 1s camponeses préximo das suas dreas produtivas e diminuir a saida 5 Oautorelaborou este tern segundo de pertoR Pourtir, 1983, (“The role ofsmall and intermedi cites in national development’, Nagoya, 1962 “Small ets mn sational developmen, New Delhi, 1983 12 para 0s paises vizinhos, o governo decidiu, em 1985, estabelecer um programa que tornasse mais atractivos os pequenos e médios centros Lurbanos?. Para isso, 0 pais foi dividido em 10 regies, cada uma tendo como centro uma cidade de dimensao média que funcionaria como a salavanca» social e econémica de novos distrtos. Estes centros foram ‘seleccionados de acordo com diferentes critérios, dentre os quais se devem referir: (i) as ligagBes entre o campo e a cidade; (ii) 0 seu potencial natural para se transformar no centro de actividades organizadas do sector primério; (iii) 0 seu facil acesso a 4gua potivel; (iv) ser servido por uma rede de estradas ligadas, se possivel, com as regibes vizinhas (ACA, 1984). ‘A nogio de cidade «pequena» ou «média» continua bastante fluida; nao s2 trata de categorias estatisticas rigidas, podendo as dimensoes ‘demograficas ¢ as caracteristicas socio-econémicas variar de pais para © ao longo do tempo. Aqui adopta-se uma nocio aberta que inchui todas as aglomeraces que possuem entre alguns milhares e algumas dezenas de milhar de habitantes (AID, 1985). No caso atrés referido para o Burkina Faso, a dimensso variava entre 13.500 € 65.000 habitantes.. ‘A procura duma grande preciso quantitativa nao € util para a ‘compreensio dos processos. Entre as pequenas emédias cidades existe ‘um «continuum» que torna initil a fixago de graus numéricos. £ verdade que as cidades de pequenas dimensbes, do tipo «vila rurabs, ainda esto muito impregnadas duma ruralidade que se dilui quando ‘aumenta 0 niimero de pessoas aglomeradas, e quando sao atingidas pelo denominado fenémeno de rurbanizacao (République de Cote d'ivoire, 1984); mas um nivel "médio" de urbanizagio no esta totalmente ausente. Funcionalidades similares reunem, numa mesma familia, estes dois tipos de cidades, fazendo com que os contrastes entre elas diminuam, tornando-se mais evidentes e pronunciados entre estas e as grandes aglomeragbes, capilais nacionais ou regionais. As condiges da sua formacao permitem compreender a sua ‘espetificidade; fungio e génese explicam-se mutuamente, pelo que a melhor forma de analisar estas categorias de cidades € procurar conhecer as suas origens (College d'amenagement du territoire, 1988). 7 ite programa teve por objetivo "a planiicago e a gestio dos asentamentos hhemanos, em particular as poqenas e médias eidades os polos de crescimento oe. 13 18.1. ORIGEM E CONSOLIDAGAO DO URBANO EM AFRICA. 3 de 18 em 1958 para 52 em 1986 (G. Mainet, 1991), enquanto no Ni x entre os recenseamentos de 1977 e 1988, o niimero de cidades passou ‘Ar~Atrica~oubsahariana~dlstingue-sedo-nestodo-mundo~pela- ) een ‘recofeiomano duns dieing oes Poderseiam suliphar os exempls; em todo o connec « ‘Econsiderado como o seu atraso historico neste Ambito. Esta visio, de & Producio urbana, medida pelo mimero de cidades, aumenta certa forma eurocentristar do fenémeno urbano em Africa, » Cconsideravelmente. A maior parte destas, surgidas durante ou apés a {considers as aglomeragdes humanas.exstentes antes da-chegads des | > tec Tigaeh do Sahara meridional com ¢ que exercem uma funcio comercial ou de . ~ No Quénia,omimero das cidades (mais de 2.000 habtantesvivendo arkinon Masa rece urbane em ado ndinete ar eh LE Barre Tem Stem Meson 9G Want, AY Varennes as to medina de mondo com 0 St 1982). No Senegal, as cidades com mais de 5.000 habitantes subaom, * — fazendo surgir novos. centros, enquanto outror’ estiglam og { m4 ns desaparecem a medida que slo remodelados os circuitos comerciais ue os regimes coloniais canalizavam, exclusivamente, em direcgao a0 portos. Estes pontos de passagem destnados a0 escoamento ge Pree pis deepen agricolas e irae Confibulram deforma marcante pare a TorTarae dav redes 2 ‘em beneficio das capitis, facto agravado com ae independencias, fez linuir muito de importance, algumas destas como sucedeu, por exemplo, Com muita frequéncia a escala de referéncia ultrapassa 0 quadro nacional, como 0 testemunha o dinamismo das cidades situadas nas rolas internacionais de comércio e/ou aquelas que se localizam em. reas de fronteira: Sofala e a Ilha de Mogambique foram importantes -centros de comércio entre a Africa Oriental e a Asia; Beni, no nordeste do Zaire, tomou-se num active centro de colecta do café e 0 ‘entroncamento do transporte de carga rodoviario entre Mombaca e 0 Zaire Oriental. Mas, paralelamente ao estimulo econémico que estas, Cidades representam, surge o papel do Estado, pois a sua organizacdo territorial esta na origem das cidades de fronteira, localizadas ao longo das linhas de divisao politica que, de acordo com as circunstancias, activam ou neutralizam as trocas comerciais. As fronteiras da Nigéria ¢ de Mocambique sao disto um bom exemplo: 0 comércio de contrabando eo de fronteira, vigorosamente encorajado pelas diferengas de cambio e pelos custos de certos produtos (na Nigéria os petroliferos), originou 0 aparecimento e/ou o desenvolvimento de um. grande nimero de pequenas cidades-mercado, ow adormeceu os centr0s urbanos mais antigos. Muitos outros espacos transfronteiricos viram desenvolver 0 seu sistema urbano como resultado do mercado informal (J. Igue, 1989). Esta € uma resposta das sociedades locais A heranca resultante da partilha do continente. © aparecimento de pequenas cidades de fronteira mostra que existem ligacSes orgnicas entre estes lugares de produgao urbana, de aparéncia espontiner, e os espacos circundantes, facto que leva as dindmicas territoriais e sociais dos Estados. Os fentrepostos urbanos do comércio a longa distancia, quer sejam rnacionais, quer transfronteiricos, articulam-se, cada vez mais, no 16 mercado mundial; 0 endégeno é, assim, apenas uma das faces da ‘mesma moeda (0 fenémeno urbano), pois os impulsos urbanizantes rovém, em grande medida, do exterior. Em contraste com uma urbanizagio aberta para as_trocas internacionais, surgem as cidades especificamente loczis que limitam ‘as suas ligacbes a um interland pouco extenso. Est aqui bem expresso © papel das Areas de influéncia que variam de acordo com a lmportincia, neste caso econémica, das cidades. Este estrato de peuenas cidades situadas na chameira entre dois modos de organizagio territorial e socal (0 urbano e o rural), consttui o nivel inferior dos sistemas urbanos. Devido a sua estreita relacio com territério, elas fazem parte da urbanizacao ascendente que G. Sautter (1381) demonstrou ser completamente diferente daquela que ¢ feita dde cima para baixo e que € designada por descendente. Nestas equenas cidades, que representam o degrau elementar da aticulagio cidade-campo, a fungio de mercado é primordial. O seu ‘arécter endégeno é reconhecido no parallismo existente entre a sua vitalidade e a do meio rural circundante. Ainda que muitas delas tenham surgido, por decisao do Estado, como postos administrativos, ‘adquiriram uma real autonomia por osmose crescente com 0 campo, integrando-se progressivamente na economia de troca. Vivficadas plas transformacoes ocorridas na agricultura, estas cidades enraizam-se nas sociedades rurais dindmicas: 0 sudoeste costa-marfinense € disto um bom exemplo, pois os seus centros twbanos desenvolveram-se ao responderem & procura das actividades ddo mundo rural; em Mocambique também se observa este fenémeno, podendo referirse, como exemplo, as cidades de Chékwé, do Ghibuto e de Lichinga [Estes processos apresentam um carécter largamente universal. Até hi ‘muito pouco tempo colocados a margem dos estudos urbanos, constituem, actualmente, um dos eixos prioritérios da pesquisa nesta ‘rea do saber. Nestes organismos, que funcionam como um microcosmos de mutagées sociais e espaciais, descobrem-se ‘complexidades até entao ocultas por uma representacio redutora deste nivel de urbanizacéo espontanea, pois via-se neles apenas a sua funcéo de entreposto (M. Bertrand, 1993). O novo interesse pelo "local" é, sem divida, afectado por um efeito de moda, ligado a ideologias de desenvolvimento autocentrado, A multiplicacao de centres que empurram ‘0s polos de interesse para 0 escalao das pequenas cidades. u7 Exist, sem divida alguma, bastante ingenuidade quando se penéa que modando de escala se resolvem os problemas que a crise GSmulou nas grandes aglomeracses; € preciso ser realista e MRonhecer que o nivel local no possui todas as chaves do sucesso, Porque ro funciona isoladamente do nivel global endo possul todos ro vmcursos necessérios para que a gestio descentralizada obtenha os fesultados que dela se esperam. Esta mada esta actualmente muito Envafzada em Mocambique através do programa dos governos locais (PROL), que parece ser visto como a panaceia para todos os males de Qesonvlvimento que afectam 0 pas. Realmente, nada mais errado do assim, pois o nivel local seré, obrigatoriamente, definido eel ai global, ue 0 Taina. Mas €cavo que atunlmente, Pernobiizagio das forcas vivas de sociedades em mutacio no é Spenas apandgio das grandes cidades, pelo que a descentalizagdo ore ciel lal € una neosidade, Contude, em sinergia com 2 Pibanizagio «ascendenter, a «descendenter exerce efeitos conside- Vavels, deste ponto de vista, a Africa subsahsriana distingue-se fitidamente dos outros continents. A implantacio de actividades industras e, principalmente, o papel do Estado fazem realgar 0 impacte da actdes empreendidas anivel superior ‘Ao contririo do que sucedeu na Europa e na América do Norte com a {evolucéo industrial e as tecnol6gicas subsequentes, nos paises em Vias de desenvolvimento, e muito em particular no continente africano, até este momento a industria apenas tem desempenhado um papel marginal na urbanizagio, porque resultante dum processo de transplantago» exégena e nao dum crescimento ¢ desenvolvimento ‘end6genos. Fortemente concentrada nas grandes cidades, encontra-se ppraticamente ausente das restantes, com excepgio dos centros Ebanos nascidos da exploracio dum recurso primério, como sucede ‘com as cidades mineiras, algumas das quais se tomaram grandes faglomeragies devido sua dimensio e diversifcagio das suas, ‘aetividades: € o que sucede, por exemplo, com Lumumbashi, no ‘copper tel! zairense. No entanto, a maior parte continua a ser de pequera dimensio, monofuncionais e completamente dependentes Ga mina e da empresa, quase sempre estrangeira, que a explora: ‘Mounana (urdnio) e Moanda (manganés) no Gabao, Arlit (uranio) no Niger e Moatize (carvao) em Mocambique, so exemplos deste tipo de enclaves mineiros criados ex nihilo, em enquadramento regional Ge efeitos de desenvolvimento bastante limitados, porque a sua produgéo € exportada em bruto ou, quando muito, apés uma primeira transformagio. (Os grandes complexos agro-industriais deram origem a turbanos bastante semelhantes entre si, em que a sua tinica razio de ser reside na implantacdo de fabricas de transformacio em locais de producio agricola: so os casos dos complexos acucareiros de Mbandjok nos Camardes, de Ferkéssédougou na Costa do Marfim, ou de Catumbela em Angola. Em Mosambique podem indicar-se os exemplos do Dondo, Xinavane, Marromeu e Luabo. Com 0 tempo, estes centros, inicialmente dedicados a uma tinica actividade, podem evoluir, tornar mais denso e diversificado o seu tecido urbano e, com ajuda da dindmica dos lugares e do tempo, transformarem-se em verdadeiras cidades; foi o que sucedeu com a cidade mocambicana do Dondo, na provincia de Sofala, [As aglomeracées criadas por campos de assalariados, implantados para responder as necessidades das minas ou da agro-induistra, derivam de processos inicialmente exégenos e constituem formas de implantagdes locais de economias extravertidas. A este modelo ‘genérico associado A exploracio de produtos primérios junta-se, com dimensio ainda modesta, a geracdo de cidades manufactureiras, surgidas, a maior parte das vezes, como resullado de politicas voluntaristas de descentralizagio. Na realidade, a industria transformadora nao é criadora de cidades, limitando-se a implantar-se em estruturas urbanas preexistentes. O plano téxtilcosta-marfinense, por exemplo,seguiu este esquema: com 0 objectivo de descongestionar ‘Abidjan, os designados mamues téxleis (A. Dubresson, 1989) foram implantados nas cidades de Dimbroko e Agboville, localizadas a0 Jongo da via férrea e que se encontravam em decadéncia. O caso de Dimbroko (S. Bredeloup, 1989) mostra que o emprego assalariado criado pela implantacio da indiistia t@xtil parou o declinio duma ‘dade marginalizada pelas novas correntes de traca, sem, contudo, ‘riar uma dinmica industrializante. A mesma situacao é conhecida na maior parte das cidades africanas que tiveram operacées semelhantes de relancamento. Seria interessante estudar esta questio em Mocambique, onde 0 plano de desenvolvimento da indiistria textil também privilegiou pequenos € médios centros urbanos (Mocuba, Marracuene, Pemba e Nampula), com o objectivo de descentralizar 0 desenvolvimento industrial e de dar um novo impulso ao crescimento econémico desses centros. No Gabao, a construcio de fabricas de cerveja nas capitais provinciais reaproximou produtorese consumidores e permitiu distibuir, localment, alguns salérios, mas 0 seus efeitos nao passaram daqui. As indiistrias nao emergiram do ng meio local, sendo antes resultantes de politicas de localizacio ‘orientadas pelos Estados ou por multinacionais, pelo que continuam a fer corpos estranhos, Muitas vezes a industralizagdo e sua localizagio resultam de preocupacdes politicas que nfo estio, obrigatoriamente, de harmonia com a racionalidade econémica; isto leva, frequentes vezes, a uma dispersio que pode significar desperdicio. De qualquer forma, onde se esperavam efeitos de aranque de desenvolvimento a partir de polos industrais rmanufactureiros descentralizados, pode afirmar-se que o enxerto no pegou [A falta de iniciativa e de capacidade econémica dos empresérios Jocais = ainda pouco numerosos e, em muitos casos, como em ‘Mocambique, em fase embrionaria - nao é estranha a esta situagio e @ tendéncia natural conduz as pequenas e médias empresas (PME) a insalarse nas grandes cidades onde beneficiam de vantagens incontestaveis. Nao é por acaso que 0 projecto de implantacio dum Conjunto amplo de PMEs, em Mocambique, selecionou a cidade da Matola,satlite nos arredores da capital nacional, para se instalar. AS cidades médias apenas so um meio de acolhimento favordvel para actividades de tipo artesanal, quer se considerem ou néo resultantes do sector «informal», Pouco exigentes em capital, de fécil gestio © proximas das necessidades dos consumidores, elas tendem a transformar-se numa parte importante da economia urbana e beneficiam, actualmente, da ajuda intemacional. No Quénia, 0 projecto de desenvolvimento das cidades secundérias, apoiado financeiramente pelo USAID e @ Banco Mundial, nclui empréstimos & conselhos de gestio as pequenas empresas. Contudo, a presenga pontual de empresas de transformacio, nao pode ainda ser considerada como o sinal percursor dum possivel desenvolvimento das actividades produtivas nas cidades médias; elas apenas ocupam uma posicao marginal, pelo que os fundamentos da dinamica urbana das pequenas e médias cidades tém que ser procurados noutros fenémenos, Em parte alguma se percebe com tanta clareza como na Africa subsahariana o elo genético entre cidade e Estado. Com a grande maioria das cidades aficanas sio(filhas do Es {® Pourtier, 1979). A Attica Central mostra co =u aqui as cidades nasceram, na sua quase totalidade, duma fungao 120 inicial de controlo administrativo e as etapas da sua criagao assinalam a> ca ocupacio territorial dos primeiros tempos da colonizagzo. © ‘nesmo.pode ser dito para Mocambique em relacio a cidades como ‘Tete, Nampula e Lichinga, Sem divida que a localizagio dos postos administrativos criados pelos governos coloniais para administrar um ddeterminado teritrio teve em consideracdo, muitas vezes, a anterior fexisténcia de lugares privilegiados de troca ou de corredores muito frecuentados antes mesmo da chegada dos europeus; 0 Zaire fomnece rnumerosos destes exemplos (L. Saint-Moulin, 1974). Tomna-se vidente que, quer © controlo politico, quer as preocupacses omerciais, levavam a escolher lugares jé valorizados pela sua pposicho nas redes de traca preexistentes, mas que ainda nao tinham Enricter urbano. A cidade de Nampula, no norte de Mocambique, por txemplo, foi criada para o-contralo administranivo-militar da FeRid0, num. local smpenhava-um-papel importante nas rotas a comerciais dos povos do interior com o litoral. ‘Ospostos, progressivamente dotados de fungBes de "lugar central” das ircunscrigies que a administragio compés, decompés, separou, ‘lassificou e hierarquizou para chegar, depois de dezenas de tentativas, ‘acum ordenamento territorial mais ou menos estabilizado, foram o instrumento de controlo territorial, os pontos fixos a partir dos quais se podia exercer 0 novo poder, 0 suporte dos diversos enquadramentos politico-administrativos e socio-econémicos (R. Pourtier, 1989). A produgao” administrativa de centros urbanos no parou com as independéncias; as estratégias de controlo dos Estados independentes, pelo contrério, deram origem a um grande nmero de novos centros Concebidos para as mesmas finalidades que anteriormente. No Gabao, fas sedes administrativas de todos 0s niveis, passaram de 27 em 1960, pera as actuais 47; algumas delas possuem apenas um milhar de hbitantes, mas nao deixam de ser um instrumento eficaz, num ‘erquadramento que se apoia na logistica urbana, [As pequenas cidades ainda apresentam, frequentemente, marcas das suas origens, tanto mais evidentes quanto menos sentiram o germinar de actividades que, numa cidade de maiores dimensOes, aparece ‘como a imagem principal. Os edificios piblicos, por vezes 0s tinicos construidos em «materiais resistentes», sobressaem, pela sua arquitectura, dum conjunto ainda muito préximo das formas de habitat” rural. A urbanizacao descendente, emanacio do Estado, vise, nestes casos, a “olho nu". Aos edificios do poder, gabinetes m2 administrativos e instalagées das forcas da ordem dispostos numa malha urbana muitas vezes organizada a volta duma «Praca do Independéncia», juntam-se as construcées que compéem os fenquadramentos escolares, sanitérios e, por vezes, agricolas. Um ‘mercado, algumas lojas e "bairros" onde reside uma populagao cujas ‘actividades continuam a ser maiortariamente agricolas, é a imagem tipica duma pequena cidade criada pelo Estado e que continua, em grande medida, dependente desse Estado, porque os rendimentos ‘monetérios que animam o limitado circuito da sua economia provém essencialmente, ou mesmo na totalidade, dos salirios dos funcionérios piblicos. A mola que permite o arranque e movimento deste sistema urbano volta, necessariamente, ao Estado de que dependem os actores urbanos, qualquer que seja a sua posicio na recilagem da moeda; so cidades que nao produzem bens e, por isso, parasites Apesar de «filhas do Estado», estas cidades emancipam-se, parcialmente, ao longo da sua ainda curta historia, quando atingidas Por um certo ritmo de crescimento que Ihes permite algum poder de {gestio autGnoma, A exemplo do que se passou com cidades elevadas 8 categoria de médias, pode falar-se, para estes casos, de acumulasio criadora. A divisio do trabalho e a criatividade na procura duma ccupasio, muitas vezes do sector "informal", aumentam Proporcionalmente ao mimero de individuos aglomerados na estreita dimensio que caracteriza o espaso urbano: neste sentido, « sencerramento espacial» induz uma abertura social. A multiplicidade dos cruzamentos torna 0 meio urbano interactive e inovador, a diversificacio de actividades é um indicador da passagem do rural Para o urbano. Porque criadas pelo Estado, elas surgem quase sempre como satélites da capital nacional, ow entio provincial. Conseguem libertar-se desta dependéncia quando desenvolvem uma rede de relages que as aproxima do meio circundante através de circuitos de troca de produtos, de servigos e de fluxos migratérios. Daqui se pode deduzir que 0 significado do trabalho urbano integra duas escalas: * por um lado, a escala do Estado e das empresas privadas de ‘dimensio nacional; * por outro, a escala da propria cidade e seus arredores, m No primeiro caso, o Estado fornece os empregos ditos "modernos" da fungao piiblica. A isto junta-se, muitas vezes, um sector para-estatal ‘constituido essencialmente por escrit6rios ligados & comercializagao e 4 actividade de transporte. As empresas privadas, sendo de raio de ‘acyao nacional, aparecem aqui apenas como sucursais de distribuicZo, incluindo-se as agéncias bancérias e de seguros. ‘Ao segundo caso correspondem os empregos dos sectores local “informal” directamente relacionados com as necessidades da vida 4quotidiana dos moradores da cidade e do espaco rural citcundante (© lugar destes dois tipos de actividade varia, principalmente, em fungao do grau de integracao da agricultura local na economia ‘monetéria. No Togo, numa regio representativa da economia de Plentacio, um estudo detalhado sobre trés cidades (Kpalimé, Atakpamé e Badou) dava, para o conjunto destas e para o ano de 1979, a seguinte reparticao da populacao aétiva (V. Dupont, 1986). agricultores, 10.2%; artesios e aprendizes, 36 9%; comerciantes, 31,8%: assalariades do sector privado, 44%; funciondrios, 14%. Neste exemplo, artesanato © comércio, dois sectores de actividade que respondem directamente as necessidades da populagio da regiao, aparece nitidamente maioritérios. Esta constatacio é valida pata os tipos de cidades cujo desenvolvimento est ligado a uma economia de Plantacio. Ff isto que também se observa em algumas regiies da Costa do Marfim, onde os sectores artesanato /comércio fomnecem 3,5 vvezes mais lugares de trabalho que o sector puibiico e 10 vezes mais que o industrial (F. Dureau, 1987). Em geral, para as cidades do interior costa-marfinense calcula-se que 70% dos actives vivem de emoregos que se podem classificar no grupo das «pequenas ‘actividades comerciais». O mesmo se passa em todas as pequenas e Iéias cidades de Mogambique, sendo necessério, contudo, realizar estudos de casos para medir a importincia e tendéncia destes sectores de actividade e de emprego, e ver até que ponto as préprias capitais Provinciais nao apresentam situacoes similares. ‘Mas a importancia destas actividades nao deve subestimar o papel dos agentes do Estado na economia urbana, Com efeito, os funcionérios aparecem como actores de relevo do sector informal; Participam nele com capital, financiando a actividade duma esposa fou de um irmio, quando nio sio eles préprios a intervir directamente, 0 que € bastante frequente. Face & crise actual ¢ a 23 lificuldade em manter uma fungio péblica pletérica, alguns Estados encorajam 0s seus funcionérios a desenvolverem, paralelamente, actividades empresariais. ‘Apesar de ainda pouco ou nada estudado, 0 sector informal nas ‘idades mocambicanas tem um contributo muito importante dos funcionarios publicos; uns, como forma de sobrevivéncia e outros, transformando-se em pequenos e médios empresirios. Esta situacao, se nao é encorajada pelo Estado, é, pelo menos, permitida. Se nas ppequenas e médias cidades este sector funciona como a principal ‘actividade geradora de desenvolvimento, na capital nacional € nas capitais provinciais compete, com vantagem, com o sector formal da ‘economia que, por isso, sai deveras lesado. [A solugéo € uma incégnita, ¢ & necessério levar a cabo estudos independentes para se conhecer a real situacio, as tendéncias © possiveis safdas, Os funcionarios nao precisam que o Estado os incentive para tal, particularmente quando a sua fungio € posigao facilitam a participacao em actividades muitas vezes consideradas como «clandestinase; um inquérito realizado numa cidade ‘camaronesa (Berbérati) demonstrou que 3 em cada 5 activos ligados ao comércio informal (considerado clandestino) da cerveja nacional feram agentes do Estado (P. Tchounhoué, 1988). Porque nao é pproibido generalizar, pode dizerse que o comércio lucrative das bebidas, 0s bares, pertencem, numa proporgio considerdvel, a funcionarios. No Zaire, no contexto particular da «zairizacao» de 1974, rapidamente os funciondrios fizeram "mao-baixa” neste sector mais que simbélico da cidadania; um estudo detalhado feito na cidade de Lisala desmontou os mecanismos desta apropriacao (M. Schatzeberg, 1980). Uma parte do capital que transita pelo Estado 6, desta forma, injectado em empreendimentos privados, animando 0 Circuito econémico urbano, ou entdo é investido, mas em menor scala, em empresas agricolas. Uma vez mais se observa a estreita ligagao entre os processos_descendentes_e ascendentes da ‘urbanizacao. O jogo social revela-se duma extrema subtileza quando observado em pormener. (O enraizamento urbano resulta da combinacao entre os momentos de arranque, que contam com 0 impulso decisive do Estado, e as ddindmicas locais, que abrem caminho, com maior ou menor sucesso, & integragao da cidade no seu meio circundante, num espaco de complementaridade. A poligenia urbana sobrepde dois modelos de eparticlo: um andrquico (ou disperso) de unidades muito iguais; outro hierarquizado, Fungdes homélogas de servicos locais caracterizam 0 modelo no hierarquizado com cidades de dimensdes ‘semelhantes distribufdas num espaco «horizontal». Pelo contrério, a pirimide administrativa que dé aos lugares a sua posigao num sistema hierérquico, cria um espaco «vertical». Na articulagdo entre testes dois modelos espaciais, as cidades desempenham papéis ‘complementares de enquadramento, cuja andlise permite precisar as particularidades do modo de producao urbano (G. Sautter, 1981). 132. ENQUADRAMENTO URBANO |A fungao de enquadramento é inerente a constituigio da cidade, se ‘adznitirmos, para retomar uma formulagao de P. Gourou (1982), que ‘nao ha desenvolvimento sem enquuadramento; por isso a cidade surge como 0 lugar principal das transformacoes sociais. Entio deve perguntar-se em que termos se coloca esta questio ao nivel das ‘Gdades secundérias; sero pélos de desenvolvimento local ou, pelo contrério, deverao ser consideradas como «pélos de absorcao dos campos», segundo uma expressiio de Lasserre? (© modelo europeu duma urbanizagio, que se desenvolveu em paralelo com a revolucio industrial e com as grandes transformagies ‘éenico-cientificas da agricultura, no se aplica facilmente ao ccantinente africano, porque se espera sempre, duma forma ou de foutra, por esta revolugao e transformacoes e pelos resultados de produtividade que Ihe sao inerentes, [A introdusSo da economia de mercado traduz-se por um aumento dda produgio agricola, mas 3 custa, geralmente, dum acréscimo de tabatho. Ela permite aos camponeses sar do sistema dominante de futosubisténeia, pelo menos parcialmente,e libertar excedentes que pormitem, a ume fracgao da populagio, viver doutra actividade para Figm da agricultara. Mas nia Africa subsahariana, continente de dlessincronismos, a urbanizagio antecipou-se a0 progresso agricola; ‘os campos encontram cada vez maiores dificuldades para saisfazer fs necessidades alimentares das cidades. Por isso, a importacao Substitui a” produgio camponesa. local, criando. situagoes de ‘ependéncia cada ver mais pesadas, que tém que ser suportadas num contexto de economias deprimidas. Esta questio dos recursos alimentares diz respeito, em particular, as grandes aglomeracées, sem tomar em considerado situagdes conjunturais como catistrofes climaticas ou guerras. As pequenas cidades normalmente nio so afectadas, ou so-no a uma escala consideravelmente menor, por esta situacao, porque continuam muito ligadas a vida rural. Com efeito, as pequenas cidades sio, maioritariamente, habitadas Por agricultores. A percentage destes tende a diminuir com o aumento da dimensio da aglomeracio, mas mantem-se sempre elevada: por exemplo, na pequena cidade camaronesa de Bafia, dum total de 18.000 habitantes, 44% da sua populacao activa é agricola (A. Franqueville, 1987); em Mocambique, cidades como Lichinga, ‘Cuamba, Montepuez © Chékwé, por exemplo, tém mais de 50% da ‘sua populagao activa a trabalhar em actividades agrérias. As mulheres, geralmente, conservam uma actividade agricola como forma de complementar o salério do marido; pelas manhas a periferia das cidades anima-se com cohortes femininas que se dirigem para os ‘campos. Recurso principal ou complementar, a actividade agricola confere a estas cidades uma relativa seguranca alimentar, atenua, de forma evidente, 0s efeitos da «conjuntura» que, de hi 10 anos a esta Parte, atinge de forma aguda as grandes cidades e, de forma mais atenuada, as pequenas e médias, verdade que se podem levantar algumas interrogacies sobre 0 cardcter «urbano» destes aglomerados, habitados por um nimero ‘considerdvel de agricultores, pondo em causa as definicdes de urbane {que se apreseniam no inicio deste trabalho. Pode-se, no entanto, tentar definir, como 0 fez Y. Marguerat (1969), «indices de urbanizagio» combinando varios factores, entre os quais a taxa de ‘actives agricolas. Contudo, a designagio de cidade parece justificada, porque os agricultores sio apenas uma componente ‘dum lugar que representa uma ruptura em relagio 3 aldelay um lugar cuja razio de ser, ea caracteristica principal do ponto de vista de mudanga social, esté, fundamentalmente, nas suas funsBes nao agricolas, no seu papel de enquadramento de uma certa regiZo. Por ‘maior que seja a proporcio de populagio activa a laborar ne agricultura, Lichinga, Cuamba, Montepuez, Chokwé e outras aglomeragdes mocambicanas serdo sempre urbanas devido a funcao de enquadramento que exercem sobre vastas dreas geograticas & por isso, a aglomeragio de populacao que as caracteriza 126 ‘A comparagio de estados de caso consagrads is cades médias, pin em evidéncia diversas dinimicas diferencias. A parte que they Pertence no movimento de urbanizacio varia considerivclvante we Pais para pals e de periodo para periodo. Foi assim que durante ae ‘écadas de 70 ¢ 80 elas cresceram menos, no conjunto, que ae weber capita. Esta situaao ainda se mantem em varios paises como Tope ¢ Mogambique, por exemplo, onde as suas capitals (Lom? Mopun) Continuam a crescer mais rapidamente que as restanles cidade, oy estudo feito pela Agencia (francesa) de Cooperagao ¢ Ordenameente (ACA, 1968 sobre as cidades secundarias em Africa concluts ue, pore lum grapo de 8 paises, taxa de primaziatinha passado de 359% para 43% entre 1960 1980, Actualmente manifestam se diversas inverrrce de terdéncia como resultado dum desenvolvimento espacilmente ‘is equilbrado e da menor atraccio enercida pelas grandes eldaes atingidas por forte crise econdmica: este movimente & jé hastens antigo no Quénia, onde Nairobi, que concentrava 47% da populate urbane em 1969, vu esta taxa baixar para 36% dez anos rae ard, enquanto a percentagem das cides secundériassubia de 30 para 49% (G. Wescott, 1982); 05 iltimos recenseamentos indicam um nitido abrandamento do crescimento de Abidjan e de Kinshasa a populagae das grendes cidades mineiras do Shaba (Katanga) aumenta apenas a0 ritmo do crescimento natural Durante este tempo, 0 nivel intermédio de urbanizagio apresenta situacdes muito contrastadas. Alguns exemplos significativos levamn « pensar que estas diferencas esto relacionadas com o grau desigual de {ransformacao do campo. Em qualquer dos casos constatase que existe correlagto evidente entre dindmica agricola e urbana, ainda que © elo de causalidade nem sempre seja claramente estabelecisio, Porque esto em jogo outros factores de urbanizacio, em particular os relacionados com a capacidade urbanizante dos Estados. No Burkina Faso, pais pobre que nto consegue produzir excedentes agricolas Significativos, a taxa de crescimento das cidades médias, entre 1975 ¢ 1985, nunca foi superior A taxa média de crescimento natural, na ordem dos 3%, enquanto no mesmo periodo a capital, Ouagadougou, registava uma taxa de 9,4% ao ano. Em ‘egies de plantacdo ou de grandes empresas agricolas, a dindmica urbana das cidades secundarias ou intermédias 6 reflexo Gas transformacées observadas na agricultura local. O exemplo de ‘cidades costa-marfinenses € tipico desta situacio: 0 declineo de 7

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