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Esta é uma “novena do Espírito Santo com as meditações para cada um dos dias da novena,
começando no dia da Ascensão” — nas palavras do próprio Santo Afonso Maria de Ligório,
que a compôs. Trata-se, portanto, da tradicional novena de Pentecostes. Esta, porém, tem
início na Quinta-feira da 6.ª Semana da Páscoa (que é o dia próprio da Ascensão ; no
Brasil, a solenidade é transferida para o domingo seguinte, imediatamente anterior ao de
Pentecostes), perfazendo um total de dez dias, e não de nove, como é o usual nas novenas.
Santo Afonso explica que “a novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que
foi celebrada pelos santos Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo”. É considerada
também a mãe de todas as novenas, pois o período que separa a subida de Jesus aos céus e
o envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos é exatamente o de uma novena.
O texto original italiano foi tirado da obra Via della salute: meditazioni e pratiche spirituali per
acquistare la salute eterna, “Via da salvação: meditações e práticas espirituais para alcançar a
salvação eterna”. Servimo-nos de uma tradução portuguesa já à disposição no site Rumo à
Santidade, mas cotejamos o texto em nossa língua com o original e adaptamo-lo passim. As
referências bíblicas e algumas dos santos foram colocadas no corpo do texto; as citações
latinas dos santos e as demais referências consideradas relevantes estão todas no fim.
Façam todos um bom proveito desse excelente material, que com certeza ajudará vocês e suas
famílias a se prepararem melhor para a solenidade de Pentecostes. Para a oração em família,
talvez seja conveniente ajuntar à meditação de cada dia um hino como o Veni Creator ou
a Ladainha do Espírito Santo.
VENI CREATOR
Oh vinde, Espírito Criador, A nossa mente iluminai,
as nossas almas visitai os corações enchei de amor,
e enchei os nossos corações nossa fraqueza encorajai,
com vossos dons celestiais. qual força eterna e protetor.
Oremos. Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que
apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Introdução
A novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que foi celebrada pelos santos
Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo, e é enriquecida de prodígios e dons excelentes,
dos quais o principal é o próprio Espírito Santo, o qual é um dom que nos foi merecido por Jesus
Cristo com sua Paixão.
Isto nos deu a conhecer o próprio Jesus, quando disse a seus discípulos que, se Ele não
morresse, não nos poderia enviar o Espírito Santo: Si enim non abiero, Paraclitus non veniet ad
vos; si autem abiero, mittam eum ad vos — “Se eu não for, o Paráclito não virá a vós, mas se eu
for, eu o enviarei a vós” (Jo 16, 7). Portanto, nós bem sabemos, pela fé, que o Espírito Santo é o
amor que o Pai e o Verbo eterno têm um pelo outro; e por isso o dom do amor, que é
dispensado pelo Senhor às nossas almas e constitui o maior de todos os dons, se atribui
especialmente ao Espírito Santo, como fala São Paulo: Caritas Dei diffusa est in cordibus
nostris per Spiritum Sanctum, qui datus est nobis — “O amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5). Convém pois que, nesta novena,
consideremos sobretudo as grandes prendas do amor divino, a fim de que nos encorajemos a
obtê-lo, e nos preparemos com atos de devoção, especialmente com as orações, para tomar
parte nele, já que Deus o prometeu a quem humildemente lhe pedisse: Pater vester de caelo
dabit spiritum bonum petentibus eum — “O Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe
pedirem” (Lc 11, 13).
Pela mesma razão quis o Espírito Santo aparecer no Cenáculo sob a forma de línguas de
fogo: Et apparuerunt illis dispartitæ linguæ, tamquam ignis — “E apareceram-lhes repartidas
umas como que línguas de fogo” (At 2, 3). Por isso também a Igreja nos faz rezar [com estas
palavras]: Illo nos igne, quaesumus Domine, Spiritus inflammet, quem Dominus Iesus Christus
misit in terram, et voluit vehementer accendi — “Que o Espírito Santo nos inflame, Senhor,
naquele fogo, que Jesus Cristo veio trazer à terra e vivamente deseja que se incendeie” [ii]. Foi
este, portanto, aquele fogo sagrado que inflamou os santos a fazer grandes coisas por Deus:
amar os inimigos, desejar os desprezos, despojar-se de todos os bens terrenos e abraçar com
alegria até os tormentos e a morte. O amor não sabe ficar ocioso e nunca diz: “Basta”. Uma
alma que ama a Deus, quanto mais faz pelo amado, mais deseja fazer, a fim de lhe dar gosto e
ganhar a sua afeição. Este fogo sagrado se acende na oração mental. In meditatione mea
exardescet ignis — “No decorrer da minha reflexão, um fogo se ateou” (Sl 38, 4). Se desejamos,
pois, arder de amor para com Deus, amemos a oração: é ela a bem-aventurada fornalha onde
se acende este ardor divino.
Afetos e súplicas
Meu Deus, até agora nada fiz por Vós, que tão grandes coisas haveis feito por mim. Ai de mim!
Minha frieza muito vos impele a vomitar-me! Ah, Espírito Santo, fove quod est frigidum, “aquecei
o que está frio”, livrai-me desta minha frieza e acendei em mim um grande desejo de agradar-
vos [iii]. Renuncio agora a todas as minhas satisfações, e antes quero morrer que dar a Vós o
menor desgosto. Aparecestes sob a forma de línguas de fogo; eu vos consagro a minha língua,
para que ela não mais vos ofenda. Ó Deus! Vós me destes a língua para Vos louvar, e dela me
tenho servido para vos ultrajar e levar também os outros a ofender-vos! Arrependo-me de toda a
minha alma.
Ah! Pelo amor de Jesus Cristo, que na sua vida tanto vos honrou com sua língua, fazei que
também eu de agora em diante não cesse de vos honrar, celebrando vossos louvores,
invocando muitas vezes o vosso auxílio e falando da vossa bondade e do amor infinito que
mereceis. Eu vos amo, meu sumo bem; eu vos amo, ó Deus de amor.
Ó Maria, vós sois a mais cara esposa do Espírito Santo, obtende para mim este fogo sagrado.
2.º dia: O amor é luz, que ilumina
Santa Maria Madalena de Pazzi exclamava: “Ó Amor não conhecido, ó Amor não amado!” Por isso
Santa Teresa dizia que Deus não é amado porque não é conhecido (cf. Exclamações da Alma a
Deus, 14) [iv]. Por isso os santos sempre buscavam em Deus luz, e mais luz: Emitte lucem tuam.
Illumina tenebras meas. Revela oculos meos — “Envia a tua luz. Esclarece as minhas trevas. Tira
o véu dos meus olhos (Sl 42. 3; Sl 17, 29; Sl 118, 18). Sim, porque sem a luz não podemos evitar
os precipícios, nem encontrar a Deus.
Afetos e súplicas
Ó santo e divino Espírito, creio que sois verdadeiro Deus, mas um só Deus com o Pai e com o
Filho. Adoro-vos e reconheço-vos como o doador de todas as luzes, com as quais me fizestes
conhecer o mal que cometi ao vos ofender, e a obrigação que tenho de vos amar. Dou-vos graças
por isso e lamento profundamente por vos haver ofendido. Eu merecia que me abandonásseis nas
minhas trevas, mas vejo que ainda não me abandonastes.
Ó Espírito eterno, continuai a iluminar-me e fazei que eu conheça cada vez mais a vossa infinita
bondade, e dai-me forças para vos amar no futuro com todo o meu coração. Acrescentai graça
sobre graça, para que eu seja docemente atraído a Vós e impelido a não amar nada além de Vós.
Rogo-vos pelos méritos de Jesus Cristo. Amo-vos, ó meu soberano Bem, amo-vos mais que a
mim mesmo. Quero ser todo vosso; recebei-me e não permitais me separe de Vós novamente.
Esta é uma “novena do Espírito Santo com as meditações para cada um dos dias da novena,
começando no dia da Ascensão” — nas palavras do próprio Santo Afonso Maria de Ligório,
que a compôs. Trata-se, portanto, da tradicional novena de Pentecostes. Esta, porém, tem
início na Quinta-feira da 6.ª Semana da Páscoa (que é o dia próprio da Ascensão ; no
Brasil, a solenidade é transferida para o domingo seguinte, imediatamente anterior ao de
Pentecostes), perfazendo um total de dez dias, e não de nove, como é o usual nas novenas.
Santo Afonso explica que “a novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que
foi celebrada pelos santos Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo”. É considerada
também a mãe de todas as novenas, pois o período que separa a subida de Jesus aos céus e
o envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos é exatamente o de uma novena.
O texto original italiano foi tirado da obra Via della salute: meditazioni e pratiche spirituali per
acquistare la salute eterna, “Via da salvação: meditações e práticas espirituais para alcançar a
salvação eterna”. Servimo-nos de uma tradução portuguesa já à disposição no site Rumo à
Santidade, mas cotejamos o texto em nossa língua com o original e adaptamo-lo passim. As
referências bíblicas e algumas dos santos foram colocadas no corpo do texto; as citações
latinas dos santos e as demais referências consideradas relevantes estão todas no fim.
Façam todos um bom proveito desse excelente material, que com certeza ajudará vocês e suas
famílias a se prepararem melhor para a solenidade de Pentecostes. Para a oração em família,
talvez seja conveniente ajuntar à meditação de cada dia um hino como o Veni Creator ou
a Ladainha do Espírito Santo.
VENI CREATOR
Oh vinde, Espírito Criador, A nossa mente iluminai,
as nossas almas visitai os corações enchei de amor,
e enchei os nossos corações nossa fraqueza encorajai,
com vossos dons celestiais. qual força eterna e protetor.
Oremos. Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que
apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Introdução
A novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que foi celebrada pelos santos
Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo, e é enriquecida de prodígios e dons excelentes,
dos quais o principal é o próprio Espírito Santo, o qual é um dom que nos foi merecido por Jesus
Cristo com sua Paixão.
Isto nos deu a conhecer o próprio Jesus, quando disse a seus discípulos que, se Ele não
morresse, não nos poderia enviar o Espírito Santo: Si enim non abiero, Paraclitus non veniet ad
vos; si autem abiero, mittam eum ad vos — “Se eu não for, o Paráclito não virá a vós, mas se eu
for, eu o enviarei a vós” (Jo 16, 7). Portanto, nós bem sabemos, pela fé, que o Espírito Santo é o
amor que o Pai e o Verbo eterno têm um pelo outro; e por isso o dom do amor, que é
dispensado pelo Senhor às nossas almas e constitui o maior de todos os dons, se atribui
especialmente ao Espírito Santo, como fala São Paulo: Caritas Dei diffusa est in cordibus
nostris per Spiritum Sanctum, qui datus est nobis — “O amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5). Convém pois que, nesta novena,
consideremos sobretudo as grandes prendas do amor divino, a fim de que nos encorajemos a
obtê-lo, e nos preparemos com atos de devoção, especialmente com as orações, para tomar
parte nele, já que Deus o prometeu a quem humildemente lhe pedisse: Pater vester de caelo
dabit spiritum bonum petentibus eum — “O Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe
pedirem” (Lc 11, 13).
Assim como o Espírito Santo, que é o amor incriado, é o elo indissolúvel que liga o Pai ao Verbo
eterno, assim também Ele une a alma a Deus: Caritas est virtus coniungens nos Deo, diz Santo
Agostinho [xv]. Assim exclamava, cheio de júbilo, São Lourenço Justiniano: “Então, ó amor, teu
elo tem tanta força, que pode prender um Deus para uni-lo às nossas almas!” — O caritas,
quam magnum est vinculum tuum, quo Deus ligari potuit! Os vínculos do mundo são vínculos de
morte, mas os vínculos de Deus são vínculos de vida e saúde: Vincula illius alligatura
salutaris (Eclo 6, 31). Sim, porque por meio do amor os vínculos de Deus nos unem a Ele, que é
a nossa verdadeira e única vida.
Antes da vinda de Jesus Cristo, os homens fugiam de Deus e, apegados à terra, recusavam-se
a unir-se ao seu Criador; mas um Deus amoroso os atraiu para si com vínculos de amor, como
prometeu a Oséias: In funiculis Adam traham eos, in vinculis caritatis — “Atraí-os para mim com
vínculos próprios de homens, com os vínculos da caridade” (Os 11, 4). Esses vínculos são os
seus benefícios, as luzes, os apelos ao seu amor, as promessas do céu, mas sobretudo o dom
que Ele nos deu de Jesus Cristo no sacrifício da cruz e no sacramento do altar, e finalmente o
dom do Espírito Santo.
Por isso exclama o Profeta: Solve vincula colli tui, captiva filia Sion — “Desata as cadeias do teu
pescoço, cativa, filha de Sião” (Is 52, 2). Ó alma, tu que foste criada para o céu, livra-te das
amarras da terra e vincula-te com Deus através do elo do santo amor. Caritatem habete, quod
est vinculum perfectionis — “Tende caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3, 14). O amor é
um vínculo, que une consigo todas as virtudes e torna perfeita a alma. Ama, et fac quod vis,
disse Santo Agostinho, “ama a Deus e faz o que quiseres” [xvi]: sim, porque quem ama a Deus
procura fugir de [dar] qualquer desgosto ao amado e procura em todas as coisas agradar ao
amado.
Afetos e súplicas
Meu querido Jesus, muito me haveis obrigado a amar-vos; muito vos custou obter o meu amor.
Muito ingrato seria eu se vos amasse pouco, ou se dividisse meu coração entre Vós e as
criaturas, depois de haverdes dado o sangue e a vida por mim. Quero me desapegar de tudo, e
só em Vós quero colocar todos os meus afetos. Mas sou fraco para pôr em prática este meu
desejo. Vós, que o inspirais, dai-me forças para realizá-lo.
Feri, meu amado Jesus, meu pobre coração com a doce flecha do vosso amor, para que eu
possa sempre ansiar por Vós e me derreta por vosso amor: a fim de que a Vós procure sempre,
a Vós só deseje, a Vós ache sempre. Meu Jesus, eu só quero a Vós, e nada mais. Deixai-me
sempre repetir durante a minha vida, e especialmente no momento da minha morte: “Só quero a
Vós, e nada mais”.
Ó Maria, minha mãe, fazei que de hoje em diante eu não queira nada além de Deus.
“Pentecostes”, por Jean II Restout.
9.º dia: O amor é um tesouro, que contém todos os bens
É o amor é este tesouro que, segundo o Evangelho, devemos deixar tudo para adquirir: sim,
porque o amor nos torna participantes da amizade de Deus. Infinitus est thesaurus, quo qui usi
sunt, participes facti sunt amicitiæ Dei — “Porque ela é um tesouro infinito para os homens; os
que usaram dela foram feitos participantes da amizade de Deus” (Sb 7, 14). Ó homem, diz
Santo Agostinho, por que estás à procura de bens? Procura aquele único bem, no qual estão
contidos todos os outros bens.
Mas a esse Deus não podemos encontrar se não deixarmos as coisas da terra. Santa Teresa
escreve: “Afasta o teu coração das criaturas e encontrarás a Deus”. Quem encontra a Deus
encontra o que deseja. Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui — “Põe as tuas
delícias no Senhor, e te concederá o que o teu coração deseja” (Sl 36, 4).
O coração humano está sempre à procura de bens que o façam feliz; mas se ele os busca nas
criaturas, por mais que receba delas, nunca está satisfeito; mas se não quer nada além de
Deus, Deus satisfará todos os seus desejos. Quem são os mais felizes nesta terra, senão os
santos? Por quê? Porque eles querem e buscam somente a Deus. Um certo príncipe, indo
caçar, viu um homem solitário que corria pela floresta e perguntou-lhe o que estava fazendo
naquele deserto. Ele respondeu: “E tu, príncipe, o que estás procurando?” “Vou caçar feras”; e o
eremita: “E eu vou à caça de Deus”.
Um tirano ofereceu a São Clemente ouro e pedras preciosas, a fim de o fazer renunciar a Jesus
Cristo. O santo suspirou e exclamou: “Ai, um Deus a ser comparado a um pouco de lama!” Feliz
o que conhece esse tesouro do amor divino e procura obtê-lo! Quem o obtiver se despojará de
tudo para não ter nada além de Deus: “Quando a casa está pegando fogo”, dizia São Francisco
de Sales, “todas as coisas são jogadas pela janela”. E o Padre Paolo Segneri Juniore, grande
servo de Deus, costumava dizer que o amor é um ladrão, que nos despoja de todos os afetos
terrenos, a ponto de nos levar a dizer: “E o que mais quero eu senão só a Vós, meu Senhor?”
Afetos e súplicas
Meu Deus, eu no passado não procurei a Vós, senão a mim mesmo e às minhas satisfações, e
por estas dei as costas a Vós, sumo bem. Mas o que diz Jeremias diz me consola: Bonus est
Dominus animæ quaerenti illum — “O Senhor é bom para os que nele esperam, para a alma que
o busca” (Lm 3, 25). Ele me diz que Vós sois todo bondade para com aqueles que vos
procuram.
Meu amado Senhor, sei o mal que fiz ao deixar-vos, e me arrependo de todo o meu coração.
Conheço o tesouro infinito que sois Vós; não quero abusar dessa luz; deixo tudo e vos elejo
como meu único amor. Meu Deus, meu amor, meu tudo, amo-vos, anseio por Vós, suspiro por
Vós. Ó Espírito Santo, vinde e com vosso fogo sagrado destruí em mim todo o afeto que não
seja por Vós. Fazei que eu seja todo vosso e tudo vença a fim de vos agradar.
Ó Maria, minha mãe e advogada, ajudai-me com vossas orações.
10.º dia: Meios para amar a Deus e santificar-se
“Pentecostes”, por
Juan Bautista Maíno.
Quem ama mais a Deus, torna-se mais santo. São Francisco de Borja disse que a oração é
aquilo que introduz o amor divino no coração humano; a mortificação é então aquela que tira a
terra do coração e o torna capaz de receber aquele fogo santo. Quanto mais terra há no
coração, menos lugar o amor santo encontra lá. Sapientia nec invenitur in terra suaviter
viventium — “A sabedoria não se encontra na terra dos que vivem em delícias” (Jó 28, 13).
Portanto, os santos tentavam mortificar o amor-próprio e seus sentidos tanto quanto podiam. Os
santos são poucos; mas devemos viver com os poucos se quisermos nos salvar com os
poucos. Vive cum paucis, si vis regnare cum paucis, escreve São João Clímaco (Escada do
Paraíso, 4). E São Bernardo diz: Perfectum non potest esse nisi singulare [xvii]. Quem quer
levar uma vida perfeita, deve levar uma vida singular.
Antes de tudo, porém, para se tornar santo é preciso ter o desejo de se tornar santo: desejo e
resolução. Alguns sempre desejam, mas nunca começam a colocar a mão na massa. “Destas
almas não resolvidas”, dizia Santa Teresa, “o diabo não tem medo” (Caminho de Perfeição, 23).
Por outro lado, dizia a santa, “Deus é amigo das almas generosas” (Livro da Vida, 13).
O diabo tenta fazer parecer orgulho pensar em fazer grandes coisas para Deus. Seria orgulho
se pensássemos em realizá-las com nossas próprias forças; mas não é orgulho resolver ser
santo, confiando em Deus e dizendo: Omnia possum in eo, qui me confortat — “Tudo posso
naquele que me conforta” (Fl 4, 13). Devemos, portanto, ter coragem, resolver e começar. A
oração pode fazer qualquer coisa. O que não podemos com a nossa força, bem podemos com a
ajuda de Deus, que prometeu dar-nos o que o buscamos. Quodcumque volueritis, petetis, et fiet
vobis — “Pedireis tudo o que quiserdes, e ser-vos-á concedido” (Jo 15, 7).
Afetos e súplicas
Meu querido Redentor, Vós desejais ser amado por mim e me ordenais amar-vos com todo o
meu coração. Sim, meu Jesus, de todo o coração quero vos amar. Confiando em vossa
misericórdia, meu Deus, eu vos direi que os pecados que cometi não me assustam, porque
agora eu os odeio e os detesto acima de todo mal; e sei que esqueceis as ofensa de uma alma
que se arrepende e vos ama. Com efeito, porque vos ofendi mais do que aos outros, quero
amar-vos mais do que aos outros com a ajuda que espero de Vós.
Meu Senhor, quereis que eu seja santo, e eu quero me tornar um santo para vos agradar. Amo-
vos, bondade infinita. Dou-vos tudo. Sois meu único bem, meu único amor. Não vos aparteis de
mim, meu amor. Fazei-me todo vosso, e não permitais mais que eu vos desagrade. Concedei
que eu me sacrifique inteiramente por Vós, como vos sacrificastes inteiramente por mim.
Ó Maria, esposa mais amável e amada do Espírito Santo, obtende para mim amor e fidelidade.