Você está na página 1de 23

DOSSIÊTÉCNICO

Avaliação do Estado Nutricional em Floricultura

Carlos Alberto de Mello Severino

Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/IEL - BA

SETEMBRO
2007
DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário

1. INTRODUÇÃO 02
2. DIAGNÓSTICO VISUAL DE DEFICIÊNCIA EM ALGUMAS CULTURAS DE FLORES 03
2.1.Crisântemo 03
2.2. Roseira 04
2.3. Gladíolos 06
2.4.Cravos 08
2.5. Antúrio 09
2.6. Orquídea 10
2.7. Banana Ornamental (Musa velutina H. Wendl. & Drude). 11
3. PRINCÍPIOS DA ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR 12
3.1 Procedimento de Amostragem 13
3.2 Relacionamento da produtividade com a concentração de nutrientes nas folhas 13
4. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 14
5. SISTEMA INTEGRADO DE DIAGNOSE E RECOMENDAÇÃO (DRIS) 15
6. ASPECTOS PRÁTICOS DA DIAGNOSE FOLIAR 16
7. CUIDADOS COM A AMOSTRAGEM 17
8. IMPORTÂNCIA DAS ANÁLISES 17
9. MÉTODO PARA COLETAR AS AMOSTRAS 18
10.SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES 18
11.REMESSA PARA O LABORATÓRIO 19
12. MONITORAMENTO NUTRICIONAL 19
Conclusões e recomendações 20
Referencias 21

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br


DOSSIÊ TÉCNICO

Título

Avaliação do estado nutricional em floricultura

Assunto

Floricultura

Resumo

A floricultura é uma atividade que tem como características principais o uso intensivo do solo,
altíssima produtividade e um elevado nível de qualidade de seus produtos, estas condições
somente serão satisfeitas com uma oferta constante e equilibrada de nutrientes para as
plantas, chamados de macro (N, P, K, S, O, C e H) e micro nutrientes (Fe, Ca, Mg, Mn, Mo, Cl,
I, entre outros). As quantidades bem como a freqüência de aplicação dos nutrientes serão
determinadas através do estado nutricional das culturas, avaliado através da diagnose foliar,
testes bioquímicos, medição indireta da clorofila, do fósforo, nitrogênio e potássio ou análise
de outros órgãos.

Palavras chave

Agricultura; análise nutricional; cultivo; flor; floricultura

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

Identificar os elementos mais importantes para cada cultura, suas dosagens mais eficientes e
econômicas bem como reconhecer todos os sintomas que a carência de um determinado
nutriente pode acarretar, torna-se fator decisivo para o estabelecimento de um cultivo rentável.

A idéia de se usar o teor mineral de plantas como critério para avaliar o estado nutricional de
plantas é bastante atraente. Este princípio foi posto em prática inicialmente por LAGATU &
MAUME (1934) e seguido por muitos outros desde então.

Trabalhos importantes foram publicados por LUNDERGARDH (1945), GOODALL & GREGORY
(1947) e CHAPMAN (1966). Atualmente, muitas publicações relatam aplicações e experiências
para plantas cultivadas.

Destacam-se o livro editado por WALSH & BEATON (1973), os Anais dos Colóquios
internacionais sobre o Controle da Alimentação de Plantas Cultivadas, a publicação FAO
(1980) sobre Análise de Solo e Plantas, o trabalho editado por MARTIN-PREVEL et al. (1987),
o de BENTON JONES et al. (1991), o de BERGMANN (1992), BATAGLIA et al. (1992), o de
MILLS & BENTON JONES (1996) e MALAVOLTA et al. (1997).

A interpretação correta dos resultados de uma análise depende de muita experimentação


visando o estabelecimento de índices de calibração. Entre os critérios mais usados para
diagnóstico é citado o nível crítico, faixas de concentração, e o sistema integrado de diagnose
e recomendação (DRIS). Este, bastante difundido recentemente, porém ainda pouco aplicado

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 2


no Brasil.

Dentre os muitos fatores responsáveis pelo desenvolvimento e produção adequada das


plantas, a nutrição mineral é um dos mais importantes. Entretanto, se para algumas culturas
que ocupam grandes áreas, tais como café, cana, milho, os estudos no Brasil já apresentam
resultados há bastante tempo, para as culturas ornamentais (plantas e flores), os estudos são
bem recentes e enfocam alguns poucos exemplares.

Tabela 1: Distinção entre excessos, desordens fisiológicas, pragas e moléstias.

Fonte: Malavolta

2 DIAGNÓSTICO VISUAL DE DEFICIÊNCIA EM ALGUMAS CULTURAS DE FLORES

A diagnose consiste em comparar o aspecto da amostra com o padrão. Na maior parte dos
casos compara-se o aspecto de um órgão, geralmente a folha.

2.1 Crisântemo

Observa-se uma faixa muito variável quanto à exigência nutricional entre os muitos cultivares
existentes de crisântemos. Para o cultivar Golden Polaris, pôde-se observar os seguintes
sintomas de deficiência mineral:

• Nitrogênio: a sua carência manifesta-se através de um amarelecimento das folhas basais


e um atraso no florescimento;

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 3


• Fósforo: a deficiência do elemento caracteriza-se pelo aspecto coriáceo verificado nas
folhas mais velhas;
• Potássio: com a deficiência deste elemento, ocorre amarelecimento nas margens das
folhas mais velhas, a inflorescência forma-se assimétricas e com sépalas escurecidas na
região basal;
• Cálcio: sem cálcio, as folhas novas, além de uma coloração amarelada apresentam os
bordos retorcidos para cima, as brotações mostram um secamento generalizado e ocorre uma
redução na produção de inflorescências;
• Magnésio: a deficiência manifesta-se por um amarelecimento internerval das folhas mais
novas e por uma floração não uniforme;
• Enxofre: sua carência é caracterizada pelo amarelecimento das folhas novas e por pouca
ramificação;
• Boro: deficiência do elemento ocasiona folhas novas amareladas de aspecto coriáceo e
formação de internódios (distancia entre as folhas nos ramos) muito curtos, dando aspecto
compactado à planta.

Quando cultivado em condições normais, isto é, sem apresentar sintomas de carência, o


crisântemo Golden Polaris apresenta níveis de nutrientes nas folhas, expressos em função da
matéria seca, da ordem de: 1,92% a 2,25% de N; 0,08% a 0,13% de P; 2,79% a 2,87% de K;
1,18% a 1,68% de Ca; 0,70% a 0,93 de Mg; 0,10% a 0,13% de S e 56,5 ppm a 67,25 ppm de
B.

Em termos de absorção de nutrientes, pode-se dizer que nas hastes e nas folhas da planta, as
concentrações de nutrientes são instáveis e variavam em função da idade da planta. Já nas
folhas, a concentração dos nutrientes é sempre superior às das hastes.

As concentrações dos elementos nitrogênio, magnésio e enxofre diminuem nos órgãos com a
idade da planta, o teor de cálcio, embora diminua nas hastes durante o tempo de cultivo,
aumenta nas folhas.

O fósforo, apesar de apresentar pequena variação no teor foliar, é o único macro nutriente a
aumentar a concentração nas hastes das plantas, durante o ciclo da cultura.

Quanto aos micro nutrientes manganês, ferro, zinco, boro e cobre, durante o ciclo da cultura do
cultivar Golden Polaris, pôde-se observar que a concentração de Fe (ferro) diminui, a de Mn
(manganês) aumenta enquanto que B (boro) , Zn (zinco) e Cu (cobre) não apresentaram
tendências características. Os valores obtidos nas hastes e folhas do Golden Polaris ao final do
ciclo foram de: 11,0 mg de Mn; 7,0 mg de Fe; 3,0 mg de Zn; 1,3 mg de B e 1,0 mg de Cu.

2.2 Roseira

Em estudo feito na região de Atibaia, SP, com plantas de roseira do cultivar Super Star, foram
analisadas plantas de meio, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove anos de idade.
As principais conclusões deste estudo foram:

• A roseira cresceu rapidamente até os 4 anos, continuando a crescer até os 9 anos, mas de
modo mais lento;
• Com exceção feita ao nutriente fósforo, as folhas apresentaram concentrações mais
elevadas dos nutrientes do que o caule e os ramos;
• Aos sete anos de idade, a roseira extraiu, em grama: 7,8 de N; 1,68 de P ; 29 de K; 2,1 de
Ca; 0,8 de Mg e 0,4 de S;
• Aos sete anos de idade, a roseira continha, em miligrama: 0,2 de B; 4,7 de Cu; 81,1 de Fe;
51,6 de Mn e 15,7 de Zn.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 4


Para a variedade Happiness, foram analisadas plantas, aparentemente com desenvolvimento
normal e plantas submetidas a deficiências dos seguintes elementos: fósforo, potássio, cálcio,
magnésio, enxofre, cobre, ferro, manganês e zinco. Os valores encontrados, em porcentagem
e partes por milhão, para folhas com sintomas e folhas sem sintomas foram respectivamente
(TAB. 2 3 e 4):

Tabela 2 - Porcentagem e PPM (parte por milhão) de nutrientes nas folhas inferiores
P 0,09 0,14%
Cu 5 6 PPM
K 0,77 2,21%
Fe 87 191 PPM
Ca 1,06 2,08%
Mn 43 95 PPM
Mg 0,16 0,31%
Zn 26 44 PPM
S 0,09 0,17%
Fonte: Carlos AM Severino

Tabela 3: Porcentagem e PPM de nutrientes nas folhas superiores


P 0,11 0,16%
Cu 4 8 PPM1
K 0,88 2,04%
Fe 70 125 PPM
Ca 0,68 1,14%
Mn 24 41 ppm
Mg 0,21 0,26%
Zn 28 45 ppm
S 0,10 0,15%
Fonte: Carlos AM Severino

Admitindo-se uma população de 20.000 plantas por ha., as quantidades de nutrientes extraídas
em kg, para o macro nutriente, e em g, para o micro nutriente seriam:

Tabela 4: Quantidade por ha. de nutrientes nas folhas inferiores


P 47
Cu 180
K 46
Fe 3200
Ca 31
Mn 1216
Mg 65
Zn 1222
S 33
Fonte: Carlos AM Severino

Os principais sintomas de deficiência mineral para as plantas roseira da variedade Happiness,

• Nitrogênio: plantas com desenvolvimento lento, folhas com amarelecimento uniforme e


que, lentamente acabam por secar; ausência de floração;
• Ferro: folhas do ápice das plantas com leve clorose (ausência de clorofila na folha) entre as
nervuras enquanto que as folhas mais velhas mostram coloração verde-escuro;
• Boro: as folhas dos ramos com botões florais foram as primeiras a mostrar os seguintes
sintomas: apresentavam-se disformes, contorcidas e de tamanho irregular, com bordos
ligeiramente “queimados”. Os botões florais não se abriram totalmente e as pétalas perderam a
coloração, ficando esbranquiçadas, mais tarde, desprenderam-se facilmente;

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 5


• Magnésio: as folhas mais velhas perderam, gradativamente, a cor verde entre as nervuras
e, com o progredir da carência, entre as nervuras foi se acentuando uma coloração amarela. A
partir daí, as folhas se desprenderam da planta, permanecendo somente as folhas novas, de
aspecto e coloração normal;
• Cobre: a deficiência do elemento apareceu anteriormente ao P (fósforo) e na mesma época
do Ca (cálcio), K (potássio) e S (enxofre) e manifestou-se nas folhas novas, especialmente nos
ramos com botões florais, nestes, as folhas apresentaram-se com coloração verde clara.
Também verificou-se uma redução no número de botões florais;
• Manganês: as folhas apicais, mais novas, apresentaram uma leve clorose entre as
nervuras;
• Cálcio: os sintomas de deficiência do elemento manifestaram-se nas folhas mais velha,
com a substituição da cor verde por uma coloração amarela clara.

Tal sintomatologia ocorreu no estudo da variedade Happiness, mas, segundo os autores, não
deveriam ser essa a sintomatologia típica da carência de Ca e sim, o inicio da carência de N
(nitrogênio). Também não houve formação de botões florais.

• Potássio: sua sintomatologia foi facilmente reconhecida por um matizado das folhas,
seguido por uma necrose marginal das folhas mais velhas. Não houve formação de botões
florais;
• Enxofre: as folhas mostraram-se de tamanho normal, sendo que, somente algumas das
mais novas, apresentavam-se com coloração amarelada. Também não houve formação de
botões florais;
• Zinco: as plantas apresentaram ramos muito finos e de crescimento reduzido enquanto que
as folhas mais novas mostravam-se pequenas, delicadas e de coloração verde clara, os botões
florais foram muito pequenos resultando, também, em flores muito pequenas;
• Fósforo: embora sendo um macro nutriente, foi o último elemento a mostrar sintomas de
carência: folhas mais velha de coloração verde púrpura, passando por um amarelecimento
posterior das margens até caírem. Não houve formação de botões florais.

2.3 Gladíolos

As exigências minerais pela cultura do gladíolo foram determinadas por diversos autores mas
os resultados destes estudos são, na maioria das vezes, contraditórios, talvez, por tratar-se de
variedades diferentes e cultivos sob condições climáticas e edáficas (e condições do solo)
diversas. Entretanto, segundo WOLTZ (1955), o Nitrogênio é o elemento responsável pelo
número de hastes florais produzidos e pelo número de botões florais por haste, enquanto o
potássio influência, diretamente, o comprimento da haste.

Para a variedade Itapetininga, estudada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-


ESALQ – Piracicaba, verificou-se que o crescimento em altura foi intenso desde os primeiros
dias, cessando em torno dos 55 dias de idade. Em termos de peso, a variedade desenvolveu-
se a partir dos 15 até os 75 dias de idade.

Os bulbos (cormos) apresentaram o seguinte desempenho: os velhos, perderam peso


rapidamente até o final do ciclo da planta. O bulbo em formação iniciou-se aos 55 dias,
aumentando vertiginosamente seu peso após os 65 dias e os bulbilhos surgiram em torno dos
65 dias, crescendo até o final do ciclo.

Os nutrientes (macro e micro) contidos no bulbo velho foram insuficientes para o


desenvolvimento da planta do gladíolo da variedade em estudo.

A absorção dos nutrientes foi lenta, até os 15 dias iniciais de cultivo, mas o nitrogênio e o
potássio foram absorvidos intensamente nos períodos subseqüentes; os demais nutrientes

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 6


foram absorvidos até o final do ciclo, não apresentando época preferencial.

Já para o gladíolo do cultivar Perusi, em estudo sobre os efeitos da adubação N, P, K em


culturas provenientes de bulbos de diferentes tamanhos, foi verificado que a cultura
proveniente de bulbos pequenos é a mais exigente e a do bulbo médio, a menos exigente,
evidenciando uma resposta a N, P e K em função do tamanho do bulbo plantado.

Sobre a influência dos nutrientes, a principal interferência do fósforo foi sobre a precocidade de
produção do nitrogênio sobre a produção de bulbos, bulbilhos e no maior comprimento de
haste floral e a do potássio em proporcionar maior peso de bulbos e bulbilhos, além de tender a
concentrar mais a produção em curto período da colheita. Em outro estudo, também com o
cultivar Perusi, visando verificar os efeitos de três épocas de aplicação de fertilizantes
nitrogenados (plantio, 15 e 35 dias após brotação; 15 e 35 dias após brotação e 10, 30 e 40
dias após a brotação), três localizações e duas fontes de nitrogênio, na produção de flores,
bulbos e bulbilhos, pode-se concluir que não houve influência do nitrogênio aplicado por
ocasião do plantio.

Quanto à localização (em cobertura, aplicação em faixa de 20 cm, em ambos os lados da fileira
e, em sulco profundidade, construído a 10 cm de ambos os lados da fileira de plantas), aquela
em sulcos próximos ao sistema radicular favoreceu a maior produção de bulbos e bulbilhos.
Em relação às fontes de nitrogênio estudadas – nitrato de sódio (16% N), aplicado na dosagem
de 18,8 g/m linear de fileira de plantas e sulfato de amônio (20% N) aplicado 15,0 g/m linear de
fileira de plantas – a fonte amoniacal proporcionou um melhor aproveitamento do nitrogênio,
influindo na produção das hastes e maior número de peso de bulbos. Também essa fonte de
nitrogênio tendeu a concentrar o período de colheita. Já o nitrato de sódio acarretou uma maior
dispersão da colheita de hastes florais.

Para cultivar Friendship, cultivado em Jaboticabal – SP e que teve parcelada a adubação


nitrogenada e potássica em três épocas :

• 1ª parcela – aplicada aos 30 dias após brotação dos bulbos;


• 2ª parcela – aplicada aos 45 dias após a brotação;
• 3ª parcela - aplicada aos 30 e 45 dias após brotação dos bulbos.

Verificou-se que ocorreu um efeito desse parcelamento sobre o número e peso de bulbos e
bulbilhos e sobre o comprimento da haste floral, da seguinte maneira: para obtenção de maior
número de bulbos, recomendou-se aplicar nitrogênio aos 45 dias de idade das plantas
enquanto que nitrogênio + potássio, aos 30 e 45 dias, influenciaram no maior número de
bulbilhos.

Bulbos mais pesados foram obtidos com potássio ou com potássio + nitrogênio, aplicados aos
45 dias de idade das plantas e a cobertura com adubo nitrogenado e potássico resultou em
hastes florais mais compridas. O tamanho do bulbo utilizado para o referido estudo foi o de
número (aproximadamente 3,5 cm de diâmetro) e a adubação de plantio, no fundo dos sucos
por metro linear, foi: 15 g de sulfato de amônio, 45 g de superfosfato simples e 10 g de cloreto
de potássio. Já as adubações de cobertura testadas foram:

• 1ª - 6 g de N na forma de sulfato de amônio por metro linear de fileira de plantas;


• 2ª – 12g de K20, na forma de cloreto de potássio, por metro linear;
• 3ª – 6 g de N + 12 g de K20, como sulfato de amônio e cloreto de potássio,
respectivamente, por metro linear de fileira de plantas; todas as aplicações em cobertura foram
em faixas de 20 cm de um lado da fileira de plantas.

2.4 Cravo

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 7


A cultura do craveiro já teve uma expansão muito grande no Estado São Paulo. Nos últimos
anos, principalmente devido a problemas causados por pragas e doenças, muitos produtores
acabaram por substituir a cultura por outras floríferas menos exigentes, restringindo a produção
de flores a áreas menos susceptíveis.

Mesmo assim o cravo ainda é uma flor muito procurada pelos consumidores e maiores
conhecimentos sobre técnicas de cultivos são fundamentais para um novo impulso da cultura e
seu conseqüente progresso.

Na área nutricional, no Brasil, realizou-se um trabalho com as variedades Evening Grown,


Yellow Sim, Red Sim e Dust, visando avaliar o crescimento e a absorção de nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Observou-se que o craveiro cresce, em altura, até os 115
dias e, em peso, até os 75 dias.

Em termos nutricionais, o cravo pode ser considerado uma planta exigente em nutrientes,
especialmente em K, Ca e Mg. O teor percentual dos nutrientes, na matéria seca, oscilou em
torno de:

• 2% para nitrogênio;
• 0,2% - 0,8% para fósforo;
• 2% a 4% para o potássio;
• 1% para o cálcio;
• 0,3% para o magnésio;
• 0,2% para o enxofre.

Aos 115 dias de idade, uma planta de cravo continha, no estudo em questão:

• 581 mg de nitrogênio;
• 82 mg de fósforo;
• 1026 mg de potássio;
• 348 mg de cálcio;
• 90 mg de magnésio;
• 55 de enxofre.

2.5 Antúrio

O antúrio é uma espécie cuja comercialização tem aumentado muito, tanto em termos de
plantas (para uso em jardinagem) como de flores para corte. Um dos poucos trabalhos
realizados no Brasil sobre a nutrição mineral da espécie, obteve o quadro de sintomas das
carências nutricionais de N, P, K, Ca, Mg, S e B e determinou a quantidade de nutrientes
extraídos pela planta no 1º, 2º e 3º ano de idade. Os principais sintomas de deficiência
nutricional evidenciados foram:

• Nitrogênio: as plantas se apresentaram pouco desenvolvidas, pequenas e em número


reduzido. As folhas mais velhas perdiam gradualmente a coloração verde, iam se tornando
amareladas até uma fase mais adiantada, onde apareceram áreas necróticas;
• Cálcio: o principal sintoma de deficiência do elemento se traduzia pela morte do sistema
radicular, a formação de novas folhas também foi prejudicada;
• Magnésio: o sistema radicular também foi afetado, apresentando cerca de trinta por cento
de raízes mortas. As folhas além de onduladas, ainda apresentavam uma clorose internerval
nas mais velhas, especialmente na ponta das folhas;
• Enxofre: no geral, apresentaram um bom desenvolvimento, com uma leve clorose nas
folhas mais novas;

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 8


• Boro: as plantas ficaram pouco desenvolvidas, com sistema radicular reduzido e as folhas
mais novas apresentaram coloração verde pálida, além de nervuras bem salientes;
• Fósforo: sistema radicular bastante afetado, com poucas raízes vivas. Plantas com
desenvolvimento inibido, com pouco número de folhas, pequenas e de coloração verde e
intensa;
• Potássio: embora as plantas tivessem apresentado um desenvolvimento lento, não
apresentaram sintomas de carência do elemento. Ao final do estudo, as plantas apresentaram
aspecto de murchamento.

Os níveis encontrados nas folhas de plantas normais e anormais foram, respectivamente:

• N% - 1,56 e 1,25;
• P% - 0,37 e 0,24;
• K% - 3,37 e 0,53;
• Ca% - 1,44 e 0,65;
• Mg% - 0,37 e 0,28;
• S% - 0,18 e 0,16;
• B ppm – 86 e 47.

Em termos de extração nutricional, verificou-se uma intensificação após os 2 primeiros anos de


vida, sendo que o total de nutrientes, nas diversas partes da planta aos 2 anos de idade, foi
para os elementos estudados:

• N – 434 mg;
• P – 61 mg;
• K – 324 mg;
• Ca – 327 mg;
• Mg – 224 mg;
• S – 45 mg;
• B – 2434 ug;
• Cu – 204 ug;
• Fe – 7851 ug;
• Mn – 7842 ug;
• Zn – 2798 ug.

Na inflorescência, que é a parte exportada da cultura, foi elevado o conteúdo de nutrientes


encontrado, a saber:

• N – 51 mg;
• P – 8 mg;
• K – 57 mg;
• Ca – 39 mg;
• Mg – 22 mg;
• S – 4 mg;
• B – 312 ug;
• Cu – 45 ug;
• Fe – 327 ug;
• Mn – 990 ug;
• Zn – 237 ug.

2.6 Orquídea

Apesar dos poucos estudos de nutrição mineral realizados com as orquídeas, sabe-se,

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 9


segundo DAVIDSON (1961), que as mesmas necessitam para seu desenvolvimento dos
mesmos nutrientes que se demais espécies botânicas.

Visando determinar o teor de macro e micro nutrientes nas folhas, pedúnculo, flor, pseudobulbo
e raízes, além de quantificar e extração de nutrientes por estes órgãos, foi feito um estudo com
as espécies Cattleua Loddigesii, C. intermédia, Laelia crispilabia. L flava e L cinnabarina.

Os seguintes níveis foram estabelecidos para as folhas dos dois gêneros:

Cattleva (TAB. 5) :

Tabela 5 - Níveis de nutrientes nas folhas


N%: 0,35 – 0,72 B ppm: 62 - 63
P%: 0,05 Cu ppm: 6 – 14
K%: 1,63 – 2,29 Fe ppm: 728 - 749
Ca%: 0,87 – 1,41 Mn ppm: 495
Mg%: 0,12 – 0,22 Zn ppm: 273 - 365
S%: 0,04 – 0,10
Fonte: Carlos A M Severino

Laelia (TAB. 6):


Tabela 6 - Níveis de nutrientes nas folhas
B ppm: 24 -12 N%: 0,45 – 0,46
Cu ppm: 12 - 30 P%: 0,04
Fe ppm: 1330 - 1491 K%: 0,43 – 0,91
Mn ppm: 109 – 128 Ca%: 0,39 – 0,59
Zn ppM: 428 – 522 Mg%: 0,09 – 0,18
S%: 0,13 – 0,23
Fonte: Carlos A M Severino

A extração total de nutrientes, para as plantas inteiras foi:

• Laelia crisepilabia: 384,1 mg;


• Laelia cinnabarina: 522,9 mg;
• Laelia flava: 875,1 mg;
• Cattleva loddigesii : 654,8 mg.

2. 7 Banana Ornamental (Musa velutina H. Wendl. & Drude)

A Banana ornamental (Musa velutina H. Wendl. & Drude) é uma espécie da família Musaceae.
É um arbusto perene, de textura herbácea, ereta, entouceirada, rizomatosa, folhas largas,
verdes brilhantes, lisas com pecíolos longos com uso ornamental. Sua inflorescência é ereta,
curta, disposta no ápice do pseudocaule, com brácteas róseas também de uso ornamental
(Lorenzi & Melo Filho, 2001).

As plantas que se desenvolveram nos tratamentos com omissão de


macro nutrientes, B e Mn, em solução nutritiva, apresentaram sintomas
visuais de deficiências nas folhas. A ordem cronológica de
aparecimento desses sintomas foi a seguinte: B, Mn, N, P, K, S, Mg e
Ca.

• Deficiência de Boro (B): As plantas sob omissão de B foram


colhidas aos 41 dias após o inicio dos tratamentos. A deficiência foi
observada nas folhas mais jovens, que apresentaram leve clorose

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 10


internerval, redução da área foliar, alterações nas formas das folhas
tornando-se mais estreitas com necrose. A deficiência de B causou
também a formação de folhas menores e mais espessas em relação às
folhas do tratamento completo, além de reduzir o tamanho das plantas;
• Deficiência de Manganês (Mn): As plantas sob omissão de Mn
foram colhidas aos 45 dias após o inicio dos tratamentos. A deficiência
foi observada nas folhas mais novas ocorrendo deformações das
mesmas, com o avanço da deficiência houve necrose do limbo foliar dos
bordos para o centro das folhas, acarretando redução do crescimento
das plantas;
• Deficiência de Nitrogênio (N): Aos 56 dias após o início dos
tratamentos as plantas sob omissão de N foram colhidas. Essas
apresentaram redução de crescimento em relação ao tratamento
completo. As folhas mais velhas apresentaram uma clorose uniforme;
• Deficiência de Fósforo (P): As plantas sob omissão de P forma
colhidas aos 72 dias após o início dos tratamentos. Foram observadas
necroses nos bordos das folhas. Foram igualmente observados
reduções no crescimento das plantas;
• Deficiências de Potássio(K): - Os sintomas de deficiências de K se
caracterizaram por clorose das folhas seguido de necrose nos bordos
dessas. As plantas foram colhidas aos 72 dias após o início dos
tratamentos. Como ocorreu para o N e P, a deficiência de K também
provocou redução do crescimento das plantas;
• Deficiência de Enxofre (S): As plantas sob omissão de S forma
colhidas aos 88 dias após o início dos tratamentos. Estas apresentaram
clorose uniforme de folhas mais novas com deformações das mesmas.
As folhas ficaram com uma cor amarelo claro com a nervura central
avermelhada bem destacada no limbo inferior. Houve redução do
crescimento das plantas sob omissão do nutriente;
• Deficiência de Magnésio (Mg): Sob deficiência de Mg as plantas
apresentaram clorose dos bordos das folhas. Essa clorose se
intensificou com o avanço da deficiência nas plantas, tornando as folhas
com bordos bastante amarelados e com o centro ainda verdes. Não foi
observado redução do crescimento das plantas sob omissão desse
nutriente, sendo que estas foram colhidas aos 105 dias após o início
dos tratamentos;
• Deficiência de Cálcio (Ca): A omissão de Ca provocou redução do
crescimento das plantas. Nas folhas, foram observados cloroses que
evoluíram para necroses em pontos isolados das folhas. O tratamento
foi o último a ser colhido, sendo as plantas colhidas aos 115 dias após o
inicio do tratamento.A ordem cronológica de aparecimento dos sintomas
foi a seguinte: B, Mn, N, P, K, S, Mg e Ca. Os sintomas de deficiências
foram semelhantes aos descritos na literatura para a bananeira (Musa
paradisiaca L). (PINHO - UFLA).

3 PRINCÍPIOS DA ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR

As folhas são consideradas como o foco das atividades fisiológicas dentro das plantas.
Alterações na nutrição mineral são refletidas nas concentrações dos nutrientes nas folhas. A
utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir relação
entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos, e que aumentos ou decréscimos
nas concentrações se relacionam com produções mais altas ou mais baixas, respectivamente.

O teor de nutriente dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 11


para afetá-lo. Para fins de interpretação dos resultados de análise de plantas é preciso
conhecer os fatores que afetam a concentração dos nutrientes, os procedimentos padronizados
de amostragem e as relações entre produção, suprimento e concentração de nutrientes nas
folhas.

Além dos sintomas característicos de uma ou outra desordem, que só se manifestam em casos
graves, a identificação do estado nutricional da planta somente é possível pela análise química
da mesma.

A utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma
relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em
seus tecidos. A diagnose foliar tem sido utilizada nas seguintes situações (Martinez et al.,
1999):

• Na avaliação do estado nutricional da probabilidade de resposta às adubações;


• Na verificação do equilíbrio nutricional;
• Na constatação da ocorrência de deficiências ou toxidez de nutrientes;
• No acompanhamento, avaliação e ajuda no ajuste do programa de adubações;
• Na ocorrência de salinidade elevada em áreas irrigadas ou cultivos hidropônicos.

Deve-se salientar que o uso da análise de tecidos torna-se mais importante no caso dos micro
nutrientes, considerando a carência de valores de referência para interpretar seus teores no
solo e a falta de padronização dos métodos analíticos empregados para sua determinação no
solo.

A amostra deve ser representativa da planta toda e o órgão de controle mais freqüentemente
escolhido é a folha, pois a mesma é a sede do metabolismo e reflete bem, na sua composição,
as mudanças na nutrição. A amostragem deve ser realizada em talhões homogêneos, em
época apropriada, retirando-se folhas de posições definidas na planta.

3.1 Procedimento de amostragem

A amostragem é a fase onde ocorrem os erros que mais dificultam a interpretação dos
resultados da análise foliar. Há necessidade de padronização para minimizar os efeitos dos
diversos fatores que afetam a composição das folhas. A maior precisão é obtida por meio de
amostras compostas, onde plantas distribuídas pela área são amostradas e as folhas são
juntadas.

3.2 Relacionamento da produtividade com a concentração de nutrientes nas folhas e


suprimento

Há uma relação básica entre a concentração de um nutriente e o crescimento ou produção de


uma planta, conforme pode ser observado na FIG.1. Nesta figura podem ser delimitadas as
seguintes fases:

Sob severa deficiência, pode haver um decréscimo na concentração do nutriente com as


primeiras aplicações de nutrientes, devido ao estímulo do crescimento e subseqüente diluição
do nutriente pela formação de material orgânico, este fenômeno é chamado de efeito de
diluição ou efeito de Steembjerg;

Sob deficiência moderada, a concentração do nutriente na planta permanece constante, apesar


da crescente disponibilidade. Isso ocorre porque a maior absorção é compensada pela
formação de mais material orgânico. Na próxima fase, há uma resposta no crescimento da
produção, proporcional ao crescimento da concentração, até se atingir uma concentração ótima
(nível crítico), acima da qual não há mais resposta na produção;

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 12


Finalmente, constatou-se que a produção não aumentou , apesar do contínuo acúmulo do
nutriente, o que se denomina consumo de luxo, podendo-se seguir uma fase onde a absorção
excessiva do nutriente pode provocar efeitos adversos de toxicidade, diminuindo o crescimento
ou a produção da planta.

Figura 1: Relação entre concentração do nutriente no tecido e o crescimento ou produção


Fonte: Smith-1962

4 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:

Nível crítico: o nível crítico corresponde à concentração na folha abaixo da qual a taxa de
crescimento, a produção ou a qualidade são significativamente diminuídas. O termo
significativamente pode ter interpretação diversa. Por exemplo, ULRICH & HILLS (1967)
estabeleceram que o nível crítico para diversas culturas corresponde a uma produção de 95%
da ótima (FIG.2) enquanto GALLO et al. (1965) estabeleceram níveis críticos para milho com
base numa produção relativa de 80%.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 13


Figura 2 - Representação esquemática mostrando como as concentrações críticas são determinadas
para partes específicas de plantas em idades fisiológicas estabelecidas.
Fonte: ULRICH & HILLS, 1967.

Faixas de concentração: para a maioria das culturas, geralmente, não existe um determinado
ponto de ótima produção, mas sim uma determinada faixa, porque o aumento de produção
obtido com doses crescentes de nutrientes é sempre associado a um erro. O mesmo é
verdadeiro em relação à concentração adequada ou nível crítico. Por isso, às vezes é
conveniente se recomendar níveis de adubação suficientes para manter as concentrações de
nutrientes um pouco acima do nível crítico, numa faixa de suficiência. Em princípio, as faixas
de concentração são divididas em cinco níveis:

• Deficiência aguda;
• Deficiência latente;
• Níveis adequados;
• Níveis altos;
• Níveis tóxicos.

As delimitações entre cada uma dessas faixas (TAB. 7) pode ser feita de acordo com as
considerações apresentadas por COTTENE, 1980,

Nas publicações já citadas podem ser encontradas tabelas contendo faixas de concentração de
nutrientes equivalentes a teores baixos, suficientes e altos para mais de uma centena de
plantas, abrangendo culturas agronômicas. Deve-se lembrar que as calibrações não são
universais, por isso é conveniente sempre ter valores de referência locais.

Tabela 7 – Relação entre faixas de concentração nas folhas e conseqüências no crescimento e


qualidade da produção.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 14


Fonte: Cottenie 1980

5 SISTEMA INTEGRADO DE DIAGNOSE E RECOMENDAÇÃO (DRIS)

O sistema DRIS é um conceito de interpretação relativamente novo (BEAUFILS, 1973). A


técnica baseia-se na comparação de índices, calculados através das relações entre nutrientes.
Foi desenvolvido para tornar a interpretação menos dependente de variações de amostragens
com respeito à idade e origem do tecido, permitir um ordenamento de fatores limitantes de
produção, e realçar a importância do balanço de nutrientes.

Para o cálculo dos índices do DRIS, após a definição de uma população padrão ou de
referência, constituída por indivíduos de alta produtividade, estabelecem-se as relações entre
nutrientes, com suas médias e respectivos desvios. Para um nutriente Y hipotético utiliza-se a
seguinte fórmula para o cálculo do índice (IY):

onde:

• n = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está no numerador;


• m = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está no denominador.

Usando-se a fórmula de JONES (1981):

onde:

• (Y/X) a = relação na amostra;


• (Y/X)p = relação na população de referência;
• s = desvio padrão da relação Y/X;
• k = constante de sensibilidade (10, 20, 30).

O DRIS, além da interpretação dos valores relativos da importância de cada nutriente, permite
trabalhar com o conceito de balanço de nutrientes.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 15


O balanço nutricional expressa o valor médio do somatório dos valores absolutos de cada
índice. Quanto mais esse valor se distancia de zero, maior é o desequilíbrio nutricional para a
amostra.

6 ASPECTOS PRÁTICOS DA DIAGNOSE FOLIAR

A FIG. 3 mostra a seqüência de procedimentos para uma análise foliar para fins de avaliação
do estado nutricional das plantas.

É bom verificar que se trata de uma seqüência onde cada fase compromete o sucesso do
processo como um todo. Não adianta executar a análise no melhor laboratório do mundo se a
amostragem for mal feita ou a amostra deteriorar-se no caminho para o laboratório. Da mesma
forma, o laboratório precisa ter qualidade como garantia para resultados confiáveis.

Figura 3: Procedimentos da amostragem à interpretação dos resultados


de análise de folhas.
Fonte: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ

Como o procedimento de laboratório é peculiar de cada laboratório, em seguida são

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 16


apresentados apenas detalhes importantes que estão mais relacionados com o agricultor, ou
seja, a amostragem e a remessa para o laboratório.

7 CUIDADOS COM A AMOSTRAGEM

Algumas recomendações são básicas e devem ser observadas para qualquer cultura:

• Representatividade da amostra: a amostra deve representar unidades homogêneas de


tipos de solo, idade, variedade e sistema de produção;
• Sistema de amostragem: deve ser padronizado de acordo com as recomendações de cada
planta;
• Contaminações: a amostragem deve ser feita antes da aplicação de defensivos ou adubos
foliares, pois dificilmente os resíduos são removidos no processo de descontaminação no
laboratório;
• Embalagem: amostras de folha devem ser acondicionadas em sacos de papel, que são
porosos. Sacos plásticos favorecem a deterioração rápida das folhas e devem ser evitados.

A Embrapa Agropecuária Oeste, atendendo à demanda dos Estados de Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso e Regiões Noroeste do Paraná e Oeste de São Paulo, está recebendo amostras
de terra, tecido vegetal e calcário para a realização das análises, conforme QUAD. 1:

Terra Tecido Calcário


vegetal

pH CaCl2, pH H2O N, P, K CaO, MgO

Acidez potencial (H + Al) Ca, Mg, S Poder de neutralização

P, K, Ca, Mg, Al, B, Cu, Fe, Mn, Reatividade


Zn

Cu, Fe, Mn, Zn PRNT

Matéria orgânica

Granulometria
Quadro 1 - Análises por material de amostra
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

8 IMPORTÂNCIA DAS ANÁLISES:

• Terra: através da análise de solo, o agricultor ou pecuarista pode saber como está à
fertilidade do solo e obter indicações corretas sobre o tipo e a quantidade de calcário e adubo a
serem aplicados em cada gleba de sua propriedade;
• Tecido Vegetal: a análise foliar fornece informações sobre o estado nutricional da cultura,
ou seja, permite verificar se o adubo aplicado supriu as necessidades da planta e se existe
deficiência ou toxidez de algum nutriente. Com base nas informações fornecidas pela análise
foliar, o agricultor pode definir qual o melhor tipo de adubo que deve ser aplicado na próxima
safra;
• Calcário: fornece informações sobre a qualidade do calcário a ser adquirido. Permite
conferir se a garantia dada ao produto está correta.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 17


9 MÉTODO PARA COLETAR AS AMOSTRAS

Terra: no sistema convencional de preparo do solo, deve-se coletar 20 subamostras por gleba,
nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm, colocando-as em baldes limpos e separados. Após
misturar as subamostras, deve-se retirar cerca de 500g de amostra composta por
profundidade, identificá-las de forma mais completa possível e enviá-las o quanto antes ao
laboratório.

Nos três primeiros anos de implantação do SPD - Sistema Plantio Direto, a coleta de solo deve
seguir o mesmo procedimento adotado para o sistema convencional. A partir do quarto ano,
quando as alterações na dinâmica dos nutrientes no solo tornam-se mais expressivas, deve-se
coletar também 20 subamostras por gleba, porém de forma mais estratificada, nas
profundidades de 0 a 10 e 10 a 20 cm.

Tecido Vegetal: o procedimento para a amostragem de folhas é específico para cada cultura.
Na soja, por exemplo, deve-se coletar o terceiro trifólio, no estágio de floração plena. No milho,
a folha a ser coletada é aquela localizada abaixo e oposta à primeira espiga, sem a nervura
central, quando 50 a 75% das plantas apresentarem inflorescência feminina "embonecamento".
Já no algodoeiro, a folha a ser coletada é a quinta a partir do ápice da haste principal, no
estágio de floração. Em quaisquer das culturas, deve-se amostrar cerca de 30 plantas por
gleba.
Calcário: em lotes a granel, de até 100 t, coletar no mínimo dez subamostras ao acaso,
formando uma amostra composta de 1,0kg. Para lotes com quantidades superiores, o número
de subamostras que formarão a amostra composta deverá ser aumentado em cinco unidades
para cada lote adicional de 100 t ou fração. Ou seja, deve-se coletar 15 ou 20 subamostras,
para lotes de até 200 ou 300 t, respectivamente.

10 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES

Recentemente, os laboratórios de solos passaram a adotar o Sistema Internacional de


Unidades para expressar os resultados das análises de solo e tecido foliar. Por essa razão, é
importante atentar para os fatores utilizados na conversão de valores entre as unidades
tradicionais e as do Sistema Internacional, a fim de que não haja erros na interpretação dos
resultados das análises. Fatores de conversão usados para adequação dos valores das
análises de solo e tecido vegetal, entre as unidades de medida tradicional e do Sistema
Internacional (QUAD. 2).

Determinação Unidade de medida

Tradicional Sistema Internacional

cmolc dm-3 mmolc dm- mg dm-3 g kg-1 mg kg-1


3

Análise de solo

Al, Ca e Mg meq 100cm- 1 10 - - -


3

K meq 100cm- 1 10 391 - -


3

P, K, B, Cu, Fe, Mn, ppm - - 1 - -


Zn

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 18


Acidez potencial meq 100cm- 1 10 - - -
3
(H+Al), Soma de
bases, CTC efetiva (t)
e potencial (T)

Matéria orgânica % - - - 10 -

Granulometria (areia, % - - - 10 -
silte e argila)

Análise de tecido vegetal

N, P, K, Ca, Mg, S % - - - 10 -

B, Cu, Fe, Mn, Zn ppm - - - - 1


Quadro 2 - Sistema Internacional de Unidades
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

A título de exemplo, caso os resultados da análise de solo sejam expressos, ainda, em meq
100cm-3, os valores devem ser multiplicados pelos fatores 1 ou 10, para transformação nas
unidades cmolc dm-3 e mmolc dm-3, respectivamente. A conversão de um teor de K no solo
expresso em meq 100cm3 ou cmolc dm-3, para ppm ou mg dm-3, deve ser feita pela
multiplicação do valor por 391. Na análise de tecido vegetal, resultados expressos em % ou
ppm devem ser multiplicados por 10 e 1, respectivamente, para conversão em g kg-1 e mg kg-1.
Os resultados de saturação por bases (V%) e por alumínio (m%) continuam expressos em
percentagem (%), porém o cálculo da necessidade de calagem deve levar em consideração a
unidade adotada (QUAD. 3).

Quadro 3 - Ajuste de unidade


Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

11 REMESSA PARA O LABORATÓRIO

A identificação da amostra deve ser feita de forma clara para evitar confusão no laboratório.

Remessa: as amostras devem chegar ao laboratório o mais rápido possível, não devem
ultrapassar 48 horas. As amostras podem ser armazenadas em refrigerador por alguns dias se
houver necessidade. É bom evitar remessa em finais de semana, quando correios e
laboratórios podem não estar operando.

12 MONITORAMENTO NUTRICIONAL

Entende-se por monitoramento o conjunto de procedimentos padronizados no espaço e no


tempo. Devem ser demarcados talhões semelhantes quanto a variedades, sistemas de
produção, tipo de solo, idade das plantas.

Amostragens de solo, folhas e produtividade são os dados básicos para montagem de um


sistema de monitoramento. A formação de um banco de dados permite o estabelecimento local
de níveis de referência para a área em estudo.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 19


O monitoramento pode indicar:

• Se as plantas estão adequadamente nutridas ou se algum nutriente está limitando a


produção;
• Se o programa de adubação em uso fornece um suprimento ótimo de todos os nutrientes
para assegurar produtividade e qualidade dos produtos;
• Se for necessário suplementar algum nutriente através da adubação de cobertura (N, K,
Mg) ou de aplicações foliares (micro nutrientes), se ainda houver tempo efetivo para tais
práticas;
• Se as recomendações, dependendo das práticas de manejo, precisam ser alteradas nos
próximos anos, ou aumentando as doses ou o modo de aplicação dos nutrientes;
• Se há possibilidade de redução de uso de determinados nutrientes quando as condições
econômicas são desfavoráveis, sem grandes prejuízos na produtividade e na qualidade.

Conclusões e recomendações

Toda atividade econômica, além de capital para investimento, requer outros fatores,
especialmente na floricultura, indica-se atentar para:
Planejamento, para orientar a atividade, é preciso definir objetivos e reunir os recursos
necessários para empreitada que se segue;

Conhecimento técnico, indispensável, pois é necessário que se conheça o comportamento da


espécie que será plantada, o domínio do desenvolvimento da cultura, suas peculiaridades,
detalhes de cultivo e características próprias;

Organização, ordenamento das informações e conhecimentos necessários para a atividade,


abrange também a organização empresarial, contábil e jurídica da empresa, sem a qual não
haverá existência legal;

Tecnologia, a floricultura atua em um mercado altamente exigente em qualidade e


confiabilidade de seus produtos e fornecedores.O uso correto e adequado das tecnologias de
produção disponíveis no mercado não é apenas um luxo, mas sim uma necessidade, como a
irrigação e a fertirrigação, embalagens apropriadas, câmara fria e o uso de conservantes de
flores a base de compostos químicos são exemplos de aplicação de tecnologia à produção;

Disciplina, sem este fator não se consegue um bom resultado em floricultura profissional,
através dela é que se consegue aplicar o planejamento, executando as exigências da técnica
nos momentos adequados e também o uso racional das tecnologias;

Finalmente, em floricultura, por tratar-se de produtos perecíveis, precisa-se abastecer os


clientes semanalmente, daí a palavra que mais define a atividade é sem duvida é regularidade
que engloba as variáveis qualidade,quantidade, atendimento e arrecadação.

Informação Complementar:

Laboratórios que participam do programa de qualidade da ESALQ podem ser obtidos no


seguinte endereço:

Programa Interlaboratorial de Análise de Tecido Vegetal - ESALQ - Departamento de


Solos e Nutrição de Plantas.
End.: Avenida Pádua Dias, 11, Caixa Postal 9, Piracicaba - SP. CEP: 13418-900.
Tel. : (19) 3429- 4100
Site: <http://www.esalq.usp.br/>

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 20


Referências

BATAGLIA, O.C.; DECHEN, A.R.; SANTOS, W.R. Diagnose visual e análise de plantas. In:
DECHEN, A.R; BOARETTO, A.E.; VERDADE, F.C. Adubação, Produtividade e Ecologia.
Campinas: Fundação Cargill, 1992. p.369-393.

BEAUFILS, E.R. Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS).


Pietermaritzburg: University of Natal, 1973. 132p. (Soil Sci. Bull. Nº 1).

BENTON JONES, J.; WOLF, B.; MILLS, H.A. Plant analysis handbook; apractical sampling,
preparation, analysis, and interpretation guide. MICROMACRO Publ., 1991. 213p.

BERGMANN, W. Nutritional disorders of plants. Development visual and analytical


diagnosis. New York, 1992. p.333-371.

CARVALHO, J.G.; Lopes, A.S.; Brasil, E.; Reis Junior, R.A. Diagnose da fertilidade do solo e
do estado nutricional de plantas. 1ª Ed. Lavras, UFLA/FAEPE. 2001, 95 p.

CHAPMAN, H.D. Diagnostic criteria for plants and soils. Riverside: University of California,
1966.

COTTENIE, A. Present status of plant analysis as a method for preparation of fertilizer


recommendations. In: FAO. Soils. Rome, 1980. p.21-36. (FAO Bulletin, 38/1).

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Embrapa Mandioca e fruticultura.


Cultivo da Banana para o Projeto Formoso. Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaFormoso/adubaca
o.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.

EVENHUIS, B.; WAARD, P.W.F. Principles and practices in plant analysis. In:FAO. Soils.
Rome, 1980. p.152-163. (FAO Bulletin, 38/1).

FURLANI, A.M.C.; Castro, C.E.F. Plantas ornamentais e flores. In: Ferreira, M.E. Cruz,
M.C.P.; Raij, B.; Abreu, C.A. Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal:
CNPq/ FAPESP/POTAFOS, 2001. p. 533-552.

GALLO, J.R.; COELHO, F.A.S.; MIRANDA FAO. Soil and plant testing and analysis. In:
Soils. Rome, 1980. (FAO Bulletin, 38/1)., L.T. A análise foliar na nutrição do milho. I -
Resultados preliminares. Bragantia, Campinas, v.24, p.XLVII-LIII, 1965.

GOODALL, D.W.; GREGORY, F.G. Chemical composition of plants as an index of their


nutritional status. East Malling: Imp. Bur. Hort. Plant Crops, 1947. (Technical Communication,
17).

JONES, C.A. Proposed modifications for DRIS for interpreting plant analyses.
Communications in Soil Science and Plant Analyses, v.12, p.785-794, 1981. LAGATU,
H.;MAUME, L. Le diagnostic foliare de la pomme de terre. Ann. Ecol. Nat. Agric., Montpellier,
v.22, p.50-158, 1934.

KIYUNA, I.; Ângelo, J. A., Coelho, P.J. Flores: comportamento do comercio exterior
brasileiro. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/trabalhos.php?codAutor=25 >. Acesso
em: 20 set. 2007.

LUNDEGARDH, H. Die Blattanalyse. G. Fisher Jena Verlag, 1945.

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 21


LORENZI, H.; Melo Filho, L.E. As plantas tropicais de R. Burble Marx. São Paulo: Instituto
Plantarum de estudos da flora, 2001. 488 p.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A de. Avaliação do estado nutricional das
plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e
do Fosfato, 1989. 210p.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition in higher plants. London: Academic Press, Inc., 1986.
674p.

MARTIN-PRÉVEL, P.; GAGNARD, J.; GAUTIER, P. Plant Analysis; as a guideto the nutrient
requirements of temperate and tropical crops. Technique et Documentation, 1987.

MILLS, H.A.; BENTON JONES, J. Plant Analysis Handbook II. MICRO-MACRO Publishing,
1996. 422p.

MUNSON, R.D.; NELSON, W.L. Principles and practices in plant analysis. In:WALSH, L.M.
& BEATON, J.D. (eds.). Soil testing and plant analysis. Madison: SSSA, 1973. p.223-248.

PINHO, Paulo Jorge de; GUEDES DE CARVALHO, J.; FARIA JUNIOR, L.A.; AMARAL DE
SOUZA, G.; KAWAMOTO, L.S. Sintomas visuais de deficiências nutricionais de
macronutrientes, Boro e Manganês em Banana Ornamental (Musa velutina H. Wendl. &
Drude). Universidade Federal de Lavras - Departamento de ciência do solo. Disponível em:
<http://www.maa.gba.gov.ar/agricultura_ganaderia/floricultura/SUSTRATO/116.Sintomas_visua
is_de_deficiencias_Banana.doc>. Acesso em: 20 set. 2007.

RAIJ, B. Van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de


adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Instituto Agronômico/
FUNDAG, 1997. 285p. (Boletim Técnico 100).

SMITH, P.F. Mineral analysis of plant tissue. Annual Review of Plant Physiology, Palo Alto,
v.13, p.81-108, 1962.

TRANI, P.E.; HIROCE, R.; BATAGLIA, O.C. Análises foliar: amostragem e interpretação.
Campinas: Fundação Cargill, 1983. 18p.

ULRICH, A.; HILLS, F.J. Principles and practices of plant analysis. In: Soil testing and plant
analysis. Madison: SSSA, 1967. p.11-24. (Special Publications Series).

WALSH, L.M.; BEATON, J.D. Soil testing and plant analysis. Madison: SSSA,1973.

Nome do técnico responsável

Carlos Alberto de Mello Severino

Nome da Instituição do SBRT responsável

Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/IEL - BA

Data de finalização

27 set. 2007

Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.respostatecnica.org.br 22

Você também pode gostar