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PLANTE "UMA FARMÁCIA" NO SEU QUINTAL

Paulo Henrique Radaik1


José Eduardo Brasil P. Pinto2
Osmar Alves Lameira3
Grupo Yebá Ervas & Matos4

1 INTRODUÇÃO

As plantas medicinais, hoje em dia , vêm se destacando


como uma opção de medicamentos baratos, de fácil manutenção
e comprovadamente eficientes, quando corretamente receitados
por profissionais da área de saúde.
Por não requerer uma área muito grande, nem depender
de custos elevados para sua implantação, o cultivo destas
plantas é uma alternativa para os quintais urbanos ou da zona
rural.
Esta publicação visa a orientar corretamente, na execução
de algumas operações básicas, para o devido cultivo, tratos
culturais e colheita dessas plantas, bem como a introdução no
conhecimento de algumas plantas e suas características.

1 Aluno do curso de graduação de Agronomia da UFLA


2 Professor do Departamento de Agricultura, DAG/ UFLA
3 Pesquisador da EMBRAPA/CPATU
4 Grupo de estudos em Agroecologia e Plantas Medicinais da UFLA
OBS: Não devemos fazer uso de uma planta sem ter
conhecimento de seu nome científico, pois uma mesma planta
pode ter nome populares diferentes em diferentes localidades, ou
plantas diferentes podem ser chamadas pelo mesmo
nome.Devemos sempre adquirir sementes e mudas de plantas
que tenham essa classificação feita por um botânico idôneo .

2 CANTEIROS E VASOS

Primeiramente, devemos limpar a área, retirando plantas


que possam competir com aquelas que serão cultivadas. Esse
material não deve ser jogado fora, nem queimado, e sim
aproveitado como cobertura morta para os canteiros, ou como
parte do composto orgânico utilizado para adubação dos
canteiros.
Já com o terreno limpo, revolver o solo até uma
profundidade de mais ou menos 30 centímetros, para “afofar” e
facilitar a incorporação da adubação orgânica dos canteiros. Os
canteiros podem ter as mais variadas formas, sendo mais
indicados aqueles que permitam acesso por todos os lados,
facilitando as operações de colheita, adubação, irrigação, etc..É
ideal deixarmos uma área entre os canteiros para trânsito e evitar
que uma planta mais agressiva invada outros canteiros.
No caso de utilizar vasos, você não precisa ter espaço
com terra no seu quintal e pode aproveitar um mesmo vaso para
colocar várias espécies de plantas juntas, podendo até utilizá-lo
como um arranjo; isso vai da criatividade de cada um. O preparo
do vaso segue a recomendação para o enchimento dos sacos
plásticos para mudas; porém, é bom verificar se esse vaso tem
uma boa saída de água, para evitar encharcamento das raízes.
3 MUDAS

A grande maioria das plantas medicinais se propaga por


sementes; nesse caso, podemos fazer o semeadura direto em
bandejas de poliestireno expandido (isopor), com alvéolos
individuais em formato piramidal ou sacos plásticos. As plantas
medicinais, por serem ainda pouco domesticadas, apresentam
germinação desuniforme; sendo assim, não é recomendado seu
semeio direto. O ideal é a semeadura semeadura em
sementeiras, que pode ser de caixas de madeira. Após a
semeadura, deverá ser distribuída uma fina camada de areia (ou
terra peneirada) apenas para cobrir a semente. Em seguida, para
proteção, uma fina camada de cobertura morta ( meio centímero
de pó de serra ou dois centímetros de capim seco, por exemplo).
Outra forma de propagação apresentada por algumas
plantas é através de estacas, que são pedaços ou partes
vegetativas das plantas; nesse caso, devemos utilizar sacos
plásticos e bandejas previamente preparados para receber as
estacas. Esse preparo consiste em encher os saquinhos com
substrato, composto por: 1/3 de material de subsolo (terra), 1/3
de areia e 1/3 de esterco de curral curtido ou de composto
orgânico ( este substrato é recomendado para sementeiras). O
tamanho das estacas pode variar de 10 a 30 cm e ter no mínimo
5 gemas, que são pequenos brotos; deve-se enterrar no mínimo
2/3 da estaca no saquinho, e aguardar o seu pegamento.

4 ADUBAÇÃO

Tanto nos canteiros quanto na sementeira , nos


saquinhos ou em vasos, devemos utilizar adubos de origem
orgânica ou natural, pois devemos imitar as condições em que as
plantas se encontram na natureza, sendo as quais que
proporcionam a produção de efeitos medicamentosos das
plantas. No caso de adubos químicos , devemos evitá-los, pois
ainda são poucas as pesquisas sobre sua atuação no
metabolismo das plantas medicinais, além de serem mais caros e
deixarem as plantas sempre dependentes de sua utilização.
Como recomendação de adubação para canteiros,
propomos a seguinte:
5 kg de esterco de curral ou composto por m2
2 kg de esterco de aves por m2
2 kg de húmus de minhoca por m2

5 PLANTIO

Devemos dar preferência, para realizar o plantio, por uma


época em que as chuvas sejam mais constantes, o que facilitará
o pegamento e transplantio das mudas para o local definitivo.
Porém, se houver disponibilidade de água, podemos realizar o
plantio em qualquer época do ano, mas o desenvolvimento das
plantas não será igual ao período de primavera ou verão, que
apresenta maiores benefícios para as plantas.
O plantio deve ser feito, de preferência, pela manhã,
quando o solo ainda estiver úmido. Abrir uma pequena cova para
cada muda e, após, acomodar a mesma. Dentro do espaço, é
necessário chegar terra em torno da muda e apertar um pouco o
solo, para evitar que se formem bolsões de ar. Essa operação
deve ser feita com as mãos, possibilitando um maior contato
entre as pessoas, o solo e as plantas.

6 IRRIGAÇÃO

A freqüência de irrigação vai depender das condições


climáticas, chuvas, ventos, temperatura, umidade relativa do ar
etc. Em condições normais, deverá ser feita uma irrigação pela
manhã e outra à tarde. No caso de canteiros recém-germinados,
quando o dia apresentar-se muito quente, é necessário que se
observe o estado das mudas por volta de meio-dia, procedendo-
se a uma irrigação leve. Deve-se procurar fornecer uma
quantidade de água que não ultrapasse a capacidade de campo,
minimizando, com isso, as perdas de nutrientes. A água é
imprescindível para as atividades metabólicas da planta e para o
seu desenvolvimento. Uma atenção que devemos ter é quanto à
origem da água.
OBS: É muito importante evitar a utilização de águas sujas
ou contaminadas por dejetos, para regar as plantas, pois
essas podem ficar contaminadas por bactérias e outros
males.
7 COBERTURA MORTA (MULCHE)

Na medida do possível e tendo disponibilidade no local, é


interessante utilizar cobertura morta (restos de vegetais,
serragem, casca de arroz, palhas de culturas, folhas, etc.),nos
canteiros, o que ajuda no desenvolvimento das plantas, pois :
♣ Melhora a retenção de água no solo
♣ Evita o escorrimento e erosão do solo
♣ Dificulta o crescimento de plantas indesejáveis
(invasoras)
♣ Aumenta a vida microbiana no solo
♣ Melhora a temperatura do solo.

8 MANUTENÇÃO

Para que as plantas cresçam vigorosas e livres de


doenças, é preciso fazer diariamente uma inspeção das mesmas,
para verificar se estão sendo atacadas por insetos, se o seu
crescimento está normal, se a irrigação está satisfatória , etc.
OBS: NUNCA devemos fazer uso de agrotóxicos sem uma
prévia recomendação técnica, pois até as caldas naturais
podem modificar os efeitos das plantas.
9 COLHEITA

As épocas de colheita variam dependendo das espécies


e das partes utilizadas. Por exemplo:
♣ Folhas e hastes: antes da floração
♣ Flores : quando estiverem abertas e desenvolvidas
♣ Cascas : devem ser coletadas, por sua vez, na
primavera
♣ Raízes e rizomas: devem ser coletados,
geralmente, na primavera ou no outono.
♣ Frutos :quando estiverem bem maduros
♣ Sementes: quando estiverem desenvolvidas
A colheita deve ser feita em dias ensolarados, pela manhã
e após o sereno ter desaparecido das plantas.
OBS: Caso as plantas colhidas estejam sujas é necessário,
fazer-mos uma lavagem das mesmas, antes de começar a
seca-las.

10 SECAGEM

As plantas medicinais podem ser usadas por algum tempo


após sua colheita. Para guardá-las, preservando maior qualidade
de seus princípios, é necessário secá-las em locais ventilados,
secos e abrigados da luz do sol. Um método prático para
secagem consiste em amarrar a planta em feixe e deixá-la
pendurada até que se verifique que está seca; isso se verifica
quando as folhas ficam quebradiças. É ideal se verificar
diariamente como está a secagem, e se as plantas não
apresentam nenhum fungo (bolor), etc.

11 SUGESTÃO DE ALGUMAS PLANTAS

A seguir, uma sugestão de algumas plantas que podem


compor sua farmácia de quintal e algumas informações sobre
elas.
Nome Popular Nome Cientifico Utilização

ALECRIM Rosmarinus officinalis L. tosse, gripe


ARNICA Solidago microglossa contusões
ALFAVA Ocimum basilicum L cólicas intestinais
BABOSA Aloe vera L queimaduras, caspa
BOLDO Coleus barbatus Benth má digestão,ressaca
CALÊNDULA Calêndula officinalis L eczemas, feridas
CAPIM-CIDREIRA Cymbopogon citratus calmante
FUNCHO Foeniculum vulgare Mill gases intestinais
GUACO Mikania glomerata Spreng bronquite
HORTELÃ Mentha sp vermífugo
LOSNA Artemísia absithium L piolho
MARACUJÁ Passiflora alata Dryand calmante(insônia)
MIL-FOLHAS Achilea millefolium L. indigestão,dores
SÁLVIA Salvia officinalis L vômitos , mau hálito
TANCHAGEM Plantago major L aftas,amídalas.

Nome popular estrutura de propagação espaçamento

ALECRIM semente / estacas 0,2 x 0,2 m


ARNICA sementes 0,2 x 0,2 m
ALFAVACA sementes/ estacas 0,3 x 0,3 m
BABOSA rebentos 0,5 X 0,5 m
BOLDO sementes / estacas 1,0 X 0,5 m
CALÊNDULA sementes 0,2 X 0,2 m
CAPIM-CIDREIRA div. de touceiras 0,5 X 0,5 m
FUNCHO sementes 0,3 X 0,3 m
GUACO sementes 0,5 X 0,5 m
HORTELÃ rizomas / estacas 0,2 X 0,2 m
LOSNA estacas 0,3 X 0,3 m
MARACUJÁ sementes 0,3 X 0,5 m
MIL-FOLHAS sementes 0,2 X 0,2 m
SÁLVIA sementes / estacas 0,3 X 0,3 m
TANCHAGEM sementes 0,2 X 0,2 m
VOCÊ PODE ADQUIRIR MUDAS E SEMENTES NO HORTO DE
PLANTAS MEDICINAIS “ERVAS & MATOS” DA UFLA, NO
CAMPUS DA UFLA , NO SETOR DE PLANTAS MEDICINAIS.
OBS : Chá é remédio e não refresco, Não devemos fazer uso
dessas plantas diariamente, pois como são utilizadas como
remédio , se tomadas sem necessidade, podem vir a perder o
efeito no organismo.

BIBLIOGRAFIA
CORRÊA JUNIOR,C.;MING,L.C.;SCHEFFER,M.C.; Cultivo de
Plantas Medicinais, condimentares e Aromáticas .2ed.
Jaboticabal, FUNEP, 1994, 162p.
CARIBÉ, D.J.; CAMPOS, D.J.M. Plantas que ajudam o homem,
guia prático para a época atual. Ed. Pensamento, São Paulo,
1991.
CABRAL, J.C.A; Faça sua Horta Medicinal (Pequeno Manual de
Horticultura).Fortaleza, Ed. PNE/HPM,1996.

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