Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Olericultura Basica
Olericultura Basica
379
1 - Introdução
A formação profissional rural tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade de vida
dos trabalhadores e produtores rurais, através do aperfeiçoamento do seu trabalho. Este
aperfeiçoamento, adoção de novas técnicas, sistematização das operações de produção, gera economia
de tempo e recursos e melhoria da qualidade final do produto para um mercado consumidor cada vez
mais exigente.
Do cultivo doméstico, de fundo de quintal, a exploração de hortaliças evoluiu para as culturas
maiores, sendo considerada uma atividade de destaque da agricultura brasileira.
A produção de hortaliças atualmente é um ramo lucrativo, mas altamente competitivo e exigente em
qualidade, portanto buscar o aperfeiçoamento nesta área de produção agrícola é essencial para o sucesso
da atividade.
O presente curso objetiva dar as orientações e informações necessárias para todas as etapas de
produção até a comercialização das diversas espécies de hortaliças.
A olericultura significa o cultivo de hortaliças e tem características próprias, diferenciadas de outras
culturas, tais como: utiliza intensivamente o solo, tratos culturais, mão de obra e insumos. Utiliza áreas
menores, o ciclo das culturas é mais curto, possibilita a obtenção de renda mais alta por hectare e são
explorações diversificadas que utilizam mão-de-obra especializada.
Cada espécie de hortaliça tem sua exigência climática. De modo geral os climas mais amenos (18 a
22°C), com chuvas leves e pouco freqüentes são os mais indicados. Algumas hortaliças como o repolho
e a couve suportam temperaturas mais baixas e outra se dão bem em temperaturas mais altas, como o
tomate, pepino, quiabo e abóbora.
6 – Produção de Mudas
A maioria das hortaliças são propagadas por sementes e uma parcela menor por partes vegetativas.
Representa uma parte importante do processo de produção de hortaliças. As sementes devem ter um
índice de germinação elevado e ser variedades adaptadas a região. Devem ser bem embaladas e livres de
umidade.
Treinamento: OLERICULTURA BÁSICA - Cód. 379
Algumas hortaliças de grande importância econômica são propagadas pelo plantio de partes
vegetativas diversas como: rebentos, ramos, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, estolhos e outros. Para
estes materiais de plantio, deve-se escolher plantas-mães ou matrizes que tenham bom
desenvolvimento, boa produção e sem doenças e pragas. O tamanho e o peso geralmente influi na
produtividade obtida, sendo aquelas com maior reserva, as preferidas. Estes materiais devem ser limpos,
separados por tamanho e tratados com produtos específicos para controlar ou evitar doenças e pragas.
Alguns necessitam de um período de repouso para a brotação, ou a espera para a época adequada de
plantio.
8 – Tratos Culturais
Os tratos culturais representam os cuidados ou práticas que devem ser realizados durante o período
de desenvolvimento das plantas até a colheita, tais como: irrigação, controle de plantas invasoras,
cobertura morta do solo, raleio ou desbaste, desbrota ou desponte, amontoa, estaquamento ou
tutoramento, estiolamento, rotação de culturas e controle de pragas e doenças.
8.1 – Irrigação
As hortaliças são as culturas mais exigentes em água, sendo que a irrigação é a prática que mais
favorece o aumento da produtividade e a qualidade do produto. As hortaliças herbáceas (folhosas) são
as mais exigentes, seguida das hortaliças-fruto.
O teor ideal de água no solo varia com as espécies e com o estágio de desenvolvimento das plantas.
As folhosas (alface, espinafre, couve acelga e outras) necessitam de água abundante em todo o ciclo das
culturas. As hortaliças-fruto (tomate, berinjela, abóbora, melancia e outras) tem dois períodos críticos de
desenvolvimento: o crescimento da planta e o período de floração-frutificação. Em tais períodos, a
deficiência de água pode comprometer seriamente a produção. Algumas hortaliças-frutos como melão,
abóbora, melancia, precisam de teores mais baixos de água no solo por ocasião do amadurecimento.
No caso das hortaliças tuberosas (raízes, tubérculos e bulbos), as menos exigentes em água,
precisam mais durante o crescimento das plantas e durante a formação das raízes, tubérculos ou bulbos.
No período final de formação dessas partes, o solo deve conter baixo teor de água, pois a colheita deve
ser realizada em solo mais seco.
Treinamento: OLERICULTURA BÁSICA - Cód. 379
O excesso de água e terrenos mal drenados ocasionam a morte das raízes por falta de arejamento,
podendo também provocar distúrbios fisiológicos, maior incidência de doenças de solo.
Para a maioria das hortaliças as irrigações devem ser efetuadas com um volume de água suficiente
para umedecer o solo até a área de concentração da maioria das raízes.
As principais formas de irrigação são: infiltração, aspersão e gotejamento.
Irrigação por infiltração – é viável quando há disponibilidade de água nas partes altas do terreno a ser
irrigado, podendo ser conduzida por gravidade. Um canal mestre abastece canais distribuidores de onde
a água é encaminhada aos sulcos de irrigação localizados entre as fileiras da cultura irrigada. O terreno
deve apresentar uma superfície de declividade suave e uniforme (queda de 0,5%, 5cm em 10 metros),
para haver uma conveniente distribuição de água nos sulcos. Este sistema é mais apropriado para
terrenos com solos argilosos ou ricos em matéria orgânica.
Irrigação por aspersão – aspersores giratórios são uma maneira simples de fornecer água as culturas,
que imita a chuva. A água é conduzida por tubulações, sob pressão a qualquer parte do terreno. Requer
menos água e a distribuição é mais uniforme, mas o investimento é maior. È composta por uma linha
principal (tubos de 4 a 6 polegadas) e linhas laterais (tubos de 2 a 3 polegadas). Os aspersores de
tamanho médio, que trabalham sob alta pressão são os mais indicados porque fazem uma chuva fina.
Para culturas de baixo porte o aspersor situa-se a 30- 50cm do solo, as de porte alto exigem tripés que
elevam os aspersores até 2 metros de altura. Irriga-se de preferência de manhã ou parte final da tarde.
Irrigação por gotejamento – neste método a água é conduzida sob pressão em tubulações (tubos
gotejadores) finais pingando gota a gota, diretamente na zona de maior concentração das raízes das
plantas. Representa um método efisciente com grande economia de água e energia para bombeá-la.
Permite a irrigação de qualquer tipo de terreno, utiliza pouca mão de obra, mas o investimento inicial é
caro. A água para irrigação deve ser limpa e não ser salina. As linhas de tubos gotejadores são
colocadas entre as filas de plantas. Os tubos gotejadores vem perfurados nas distâncias conforme o
espaçamento da cultura. O tempo de irrigação varia conforme a época do ano, o tamanho das plantas, o
tipo de solo e vasão do tubo gotejador.
também excesso de frutos ou frutos mal formados, Esta prática é realizada em culturas como tomate,
abobrinha, berinjela, pimentão, melancia, melão e pepino.
8.6 – Amontoa
Prática de chegar terra ao pé da planta, normalmente feita depois da capina. Algumas culturas como
a batata, beterraba, salsão e alho poro, exigem a amontoa para que as mesmas se desenvolvam com mais
qualidade, especialmente os tubérculos e raízes que não podem ficar fora do solo, ou expostos ao sol.
Suporte para as plantas trepadeiras ou outras que precisam de apoio. Evita o crescimento das plantas em
contato com a terra, facilita a aeração, insolação, quebra de ramos e melhora a qualidade e produção
dessas hortaliças. Tomate, pepino, pimentão, vagem, ervilha, berinjela e chuchu precisam de apoio, As
estacas podem ser varas de vegetais disponíveis na região, arame, fitilhos e barbantes também ajudam
na sustentação.
8.8 – Estiolamento
Em algumas espécies de hortaliças recomenda-se fazer uma amarração leve das hastes ou folhas
para que a flor (couve-flor) ou folhas ou cabeças (salsão, acelga, chicória), tenha um aspecto mais
branco ou consistência mais macia para o consumo, ou não sejam afetadas pelo sol.
Nematóides são minúsculos vermes subterrâneos que parasitam as raízes. Em hortaliças, os mais
importantes são aqueles que causam pequenas nodosidades nas raízes ou galhas. Além de prejudicarem
a absorção de água e nutrientes, as lesões provocadas constituem uma porta de entrada para fungos e
bactérias causadores de doenças. Por habitarem o solo, podem causar estas doenças nas plantas.
Doenças causadas por fungos, bactérias ou vírus. Seu reconhecimento muitas vezes é difícil de ser feito
e podem ser confundidas com deficiências minerais. As plantas são consideradas doentes quando
apresentam desenvolvimento anormal, o que implica em danos econômicos na maioria das vezes.
Fungos e bactérias são microscópicos vegetais que podem atacar a parte aérea das plantas como a parte
subterrânea. Na parte aérea os sintomas mais comuns são pintas e manchas. Penetram por aberturas
naturais ou por ferimentos. A disseminação se dá por sementes contaminadas, por instrumentos
agrícolas, tutores, chuva, vento, insetos, tubérculos ou mudas contaminadas. Os vírus tem uma
capacidade infecciosa muito grande e não tem “defensivos” que os controle. A alternativa é a
erradicação da planta doente.
9 – Colheita e Conservação
Cada hortaliça tem um ponto certo de colheita, que também depende das preferências dos
consumidores ou do destino do produto. Algumas hortaliças permitem colheitas sucessivas como
agrião, cebolinha, vagem, tomate, pimentão, quiabo e outras. Algumas hortaliças precisam de um tempo
de cura como o alho e a cebola. Hortaliças folhosas tem curta durabilidade e outras como abóbora,
batata ou alho tem maior durabilidade, desde que bem armazenadas. A durabilidade após a colheita
também depende da hora do dia apropriada para a colheita e os manuseios ou procedimentos pós-
colheita. Logo após a colheita faz-se a lavagem da maioria das hortaliças pela retirada de terra de raízes
e tubérculos ou a retirada das próprias raízes em algumas espécies. Esta limpeza e o preparo das
hortaliças deve ser feito à sombra, com água limpa e armazenadas em local fresco ou sob refrigeração.
O armazenamento em temperaturas abaixo ou acima das recomendadas causam injúria pelo frio, ou
perdas no seu valor nutritivo, especialmente o conteúdo de vitamina C.
Planejamento da Horta
Para que tenhamos uma boa variedade de hortaliças e possamos aproveitar o terreno da melhor
forma, é importante planejar o plantio. Para isto é necessário conhecer o solo, o ciclo de calda cultura e
suas necessidades nutricionais, as melhores épocas de plantio, as necessidades alimentares da família ou
grupo de pessoas a que se destina a produção e fazer um escalonamento e rotação adequada destas
culturas.
Em uma área livre de 10m² já é possível reunir tudo o que é necessário para ter uma horta completa.
Em uma seqüência de ações para o planejamento:
- Verifica-se a área disponível e a qualidade do solo.
- Efetua-se as correções necessárias.
- Verifica-se a capacidade de produção dentro da área disponível.
- planeja-se as espécies, semeaduras e plantios conforme a disponibilidade da área, as estações do
ano e a rotação necessária.
- Lista-se as ferramentas, equipamentos, insumos e materiais necessários.
- Conforme as medidas do terreno, fazer um croqui, com a disposição dos canteiros, sementeiras,
caminhos, etc.
- Como medidas práticas recomenda-se, das hortaliças folhosas, fazer semeadura semanal, das
hortaliças de raízes e bulbos, semeadura quinzenal e das hortaliças frutos e flores, semeadura
mensal.
- Instalação da horta conforme recomendações técnicas já mencionadas.