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OLERICULTURA E PLANTAS MEDICINAIS

CULTIVO AGROECOLÓGICO DA ALFACE

Elaboração: Prof. José Lucínio de Oliveira Freire - 2021


CULTIVO DA ALFACE

A alface (Lactuca sativa L.), pertencente à família Asteraceae (Compositae), é


uma das hortaliças folhosas mais produzidas e consumidas no mundo.
É consumida na forma de saladas e é fonte de vitaminas A, B1, B2, B5 e C,
fibras e sais minerais. Além disso, apresenta efeito calmante, diurético e laxante.
A especialização crescente do cultivo de alfaces tem determinado a ampliação
da escala de produção. Como o consumo também é crescente, exige-se do produtor
qualidade, diversidade de tipos e regularidade de produção.

Exigências climáticas

A alface é uma hortaliça anual. A faixa de temperatura ótima para a produção


varia de 7 a 24 oC, embora haja cultivares que se adaptam a temperaturas mais baixas
ou mais elevadas.
As temperaturas frescas e dias curtos favorecem a formação de folhas e o
desenvolvimento da cabeça; as temperaturas elevadas, superiores a 25 o
C e dias
longos facilitam o pendoamento com a formação de menor número de folhas por
planta.
Considerando a adaptação da alface a temperaturas amenas, o cultivo
apresenta limitações no verão. Desse modo, é importante o uso de cultivares
adequadas à época de plantio e de técnicas apropriadas de plantio, para obtenção de
maior eficiência nessa época do ano. O uso de cultivares adaptadas e de cultivos
protegidos têm sido implementados com êxito.
Cultivares

Pode-se produzir alface de qualidade durante todo o ano, utilizando-se


cultivares adequadas para cada época.
Existem diversos tipos de alface no mercado:
lisas (solta, repolhuda manteiga), crespas (solta, repolhuda, americana, mimosa e
romana.
Elba
Sementes
As sementes de alface são pequenas (cada grama contém cerca de 950
sementes), alongadas, de coloração branca ou preta, dependendo da cultivar. Para
produzir 1,0 ha de alface são gastos, em média, de 300 a 400 g de sementes.
Produção de mudas

A alface, obviamente, é propagada através de sementes. As mudas de alface


devem ser vigorosas, sem estiolamento e bem enraizadas. Sementes “crioulas”, ou
não, além de cultivares de qualidade adaptadas às condições ecológicas do produtor,
estas devem ser de alta qualidade e em condições propícias para germinação e boa
emergência das plântulas.
As mudas podem ser produzidas em sementeiras ou em bandejas.
Caso os produtores optem pela produção de mudas de alface em sementeiras
(às vezes embaixo de árvores), devem atentar para essas informações. Esses canteiros
são adubados, geralmente, com composto orgânico, estercos de galinha ou bovino
bem curtidos. São feitos sulcos transversais no canteiro, com espaçamento de 10 cm
entre si, ou as sementes são lançadas sobre o leito dos mesmos e suavemente cobertas
com solo peneirado ou areia. Logo após a semeadura, o canteiro deve ser coberto com
capim ou palha seca. A cobertura deve ser removida assim que as plântulas
começarem a emergir. O solo da sementeira deve ser mantido permanentemente
úmido, sem encharcar. Por isso, as irrigações devem ser feitas diariamente.

É importante manter o leito das sementeiras livres de plantas invasoras. No período de formação de
mudas, fazer quantas capinas forem necessárias. A manutenção da vegetação nativa entre os
canteiros pode ajudar num melhor equilíbrio ecológico do ambiente da sementeira.

A produção de mudas de alfaces em bandejas possibilita a obtenção de mudas


de alta qualidade, reduz o custo e o tempo de produção. Essa técnica pode exigir o
uso de casas de vegetação ou de viveiros.
As bandejas multicelulares de isopor, ou de material rígido, têm, geralmente,
288 células e medem 67,5 cm de comprimento, 34,5 cm de largura e 4,8 cm de altura.
O substrato é, geralmente, preparado à base de vermiculita e material
orgânico (composto, vermicomposto, casca de arroz carbonizada, fibra de coco ou
bagacilho de cana). Caso não disponha desse material, o agricultor pode usar fontes
existentes na sua propriedade. Não é incomum o uso de substratos comerciais.

É recomendável que, para evitar a disseminação de sementes de invasoras, pragas e doenças, o


produtor de alfaces faça a solarização do substrato produzido.

Antes do preenchimento das bandejas, o substrato é levemente umedecido,


para melhor fixação n fundo. Com cuidado para não compactar o substrato, faz-se a
semeadura manual ou com auxílio de semeador, procurando centralizar as sementes
e padronizar a profundidade de semeadura.

Solo

A alface desenvolve-se bem em solos leves, sem problemas de


encharcamento, férteis, com bom teor de matéria orgânica. É planta pouco tolerante
à acidez do solo e desenvolve-se melhor em solos com pH entre 6,0 e 6,8.

Preparo dos canteiros e plantio

Atenção! • Evite áreas que apresentem impedimentos físicos como lajes de pedras,
afloramentos de rochas e camadas impermeáveis. • Em áreas que apresente
compactação, proceda a descompactação.

PREPARO DO CANTEIRO
1. Limpeza: tire todos os resíduos como restos de madeira, lixo, tijolos e pedras. Faça
a capina da área e elimine as plantas indesejadas.
2. Drenagem: depois de observar a topografia do local, faça canais de escoamento da
água, sempre no sentido da declividade do terreno, não havendo problemas de erosão
causada pela chuva.
3. Dimensionamento: faça o dimensionamento da área de maneira a aproveitar
melhor o terreno. Essas dimensões (altura, comprimento e largura) são importantes
para que se possa ter acesso a todo o canteiro. Comprimento: o tamanho pode ser
variável, tenha cuidado apenas com o seu nivelamento. A distância entre canteiros
deve ter entre 40 e 50 cm de largura para a circulação de pessoas. Largura: 80 a 90 cm
no topo. Altura: 20 a 30 cm nos terrenos planos; 15 cm nos terrenos inclinados.
4. Marcar os canteiros: marque os canteiros com estacas fincadas nos cantos do
canteiro, esticando um fio de barbante entre estacas.
5. Preparar o solo: quebre os torrões e retire os restos de materiais que não foram
retirados na limpeza. Cave os canteiros a uma profundidade de 15 a 20 cm e faça a
adubação necessária.

Atenção! • Como manter a fertilidade, a biodiversidade e a qualidade física do solo?


• Revolver o mínimo possível o solo; • Manter a matéria orgânica; Lembre-se! A
parte central do canteiro deve ser mais alta para que não haja o acúmulo de água da
chuva ou da irrigação, facilitando o escorrimento e evitando o excesso de umidade
no solo. • Manter o solo coberto o máximo de tempo possível, de preferência
durante o ano todo; • Corrigir a acidez; • Fazer a adubação; • Incluir a rotação de
culturas; • Minimizar a compactação; • Não queimar; • Não retirar resíduos; • Não
usar agrotóxicos; • Fazer consorciações; • Manter a biodiversidade.

O espaçamento recomendado para o plantio da alface é de 25 cm a 30 cm


entre linhas e de 25 cm a 30 cm entre plantas.
A alface responde bem à adubação orgânica, contudo, alto teor de nitrogênio
(N) pode tornar as plantas mais suscetíveis a doenças, pendoamento precoce e, no
caso da alface Americana, prejudicar a formação da cabeça. Recomenda-se usar de
6,0 a 8,0 kg m-2 de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico, ou 3,0 a 4,0 kg
m-2 de esterco de aves curtido, incorporado em todas a área do canteiro 10 a 15 dias
antes do transplantio das mudas (= transplantio: cerca de 25 dias após a emergência
ou 3 a 4 folhas definitivas).
Tratos culturais

A alface é exigente em água, de forma que as regas devem ser diárias, porém
sem excesso de água. O volume e a quantidade da água influenciam diretamente a
qualidade final do produto. A forma e o método de aplicação da água vão desde o uso
de baldes, regadores, mangueiras a sistemas de irrigação mais sofisticados.
A irrigação por aspersão é a preferida pelos produtores: todas as folhas das
plantas são molhadas, preferencialmente pela manhã, o que evita queimaduras nas
margens das folhas. Quando irrigadas adequadamente, a alface produz folhas tenras,
suculentas e cabeças grandes. A utilização máxima de água ocorre durante a fase de
formação da cabeça. O suprimento adequado de água nessa fase proporciona alta
produtividade.
Os canteiros devem estar totalmente limpos (sem ervas competidoras, se for o
caso) por ocasião do transplante das mudas de alface. Durante o ciclo das plantas, faz-
se de uma a duas capinas, quando se aproveita para tornar o solo dos canteiros mais
soltos (escarificados). Estudos e práticas de campo sobre a interferência das plantas
espontâneas na cultura da alface indicam que o período mais importante de
prevenção da interferência é de 14 a 28 dias após o transplantio das mudas. A
cobertura dos canteiros com uma camada de material vegetal morto, bagaço de cana,
palhas de milho, de feijão, casca de arroz, restos de gramas ou outros, reduz a
emergência de espontâneas e o número de capinas, além de manter a umidade a
temperatura do solo, bem como facilita a penetração da água e diminui a erosão do
solo.
Colheita

A colheita da alface é feita quando as plantas atingem o máximo de


crescimento vegetativo, sem sinais de pendoamento, o que ocorre entre 60 e 80 dias
após a semeadura. As plantas são cortadas rente ao solo; as folhas mais velhas,
impróprias ao consumo são retiradas, o que melhora a aparência geral das plantas.
O rendimento esperado é de 130 pés de alface para 10 m2 de canteiro.

REFERÊNCIAS

ANACLETO, A.; CABRAL, A. C. F. B.; FRANCO, L. Manual de horticultura


orgânica - do produtor ao consumidor. 1a ed. Paranaguá: Universidade Estadual do
Paraná, 2017. 97p.

SEDIYAMA, M. A. N.; RIBEIRO, J. M. O.; PEDROSA, M. W. Alface (Lactuca sativa


L.). In: EPAMIG. 101 Culturas – Manual de tecnologias agrícolas. PAULA JÚNIOR,
T. J.; VENZON, M. (Coord.). Belo Horizonte: EPAMIG, p. 53-62. 2007.

www.uenf.brUenfLMGV5207

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