Djurdjević, L., Mitrović, M., Gajić, G., Jarić, S., Kostić, O., Oberan, L., & Pavlović, P. (2011).
O uso de herbicidas em pré-emergência das plantas daninhas é tam-
bém muito importante, pensando na entrada da soja. Podem ser utilizados
nas modalidades de manejo “outonal” ou antecipado, e ainda no “aplique-
plante” ou “plante-aplique”, pensando no manejo de buva e outras plantas
daninhas folhas largas. Podem ser destacados alguns herbicidas inibidores
da ALS (a exemplo do diclosulam) (Cesco et al., 2019). Também herbicidas
inibidores da PROTOX, como flumioxazina e sulfentrazona (Zimmer et al.,
2018), etc. Ainda pode-se destacar algumas associações de fábrica, já dis-
poníveis para o produtor ou que estarão em breve, como sulfentrazone +
diurom, imazetapir + flumioxazina, entre outras. Cabe salientar que o uso
antecipado de herbicidas, como o diclosulam, são válidas no sentido de di-
minuir as emergências de buva na entressafra (que pode ser longa) e facili-
tar o controle via dessecações em sequencial. Enquanto as aplicações na
proximidade da semeadura da soja, são efetivas em conferir uma dianteira
competitiva a cultura, aumentando o PAI (período anterior a interferência) e
diminuindo por consequência o PCPI (período crítico de prevenção e inter-
ferência).
Em pós-emergência da planta daninha e da soja, é importante pensar
nessa aplicação como um complemento, não como a principal aplicação,
seja na soja ou no milho (significativamente na soja essas aplicações ten-
dem a ser meramente paliativas). Poucas são as opções para o controle da
buva, se não tiver sido feito um controle preventivo, em pós-emergência
dos cultivos, ainda mais em condições de alta infestação e plantas grandes
(fora de estádio). Ainda assim, além de glifosato e glufosinato (em cultivos
transgênicos tolerantes), tem-se ainda alguns herbicidas, como inibidores
da ALS (destaca-se o cloransulam), onde atenção do recomendante é ne-
cessária para se evitar fitointoxicações. Também se destaca as novas tec-
nologias transgênicas que conferem tolerância a 2,4-D ou dicamba na soja,
inclusive combinando tolerância destes com glifosato e/ou glufosinato, mas
mesmo para estes novas tecnologias a aplicação dos herbicidas em pós-
emergência da soja deve ser um complemento para o manejo da buva e
outras plantas daninhas.
Infere-se que é relevante a adoção de diversificadas estratégias
e frentes de ação para o controle químico da buva, inclusive a associação
dessas medidas com as medidas não químicas, como as que geram palha
no sistema, são cruciais (pois a buva apresenta semente fotoblástica positi-
va). Um sistema de plantio direto bem implantado, limpeza de implementos
e colhedoras, manejo de herbicida pensando em sistema e aplicações as-
sertivas são parte das boas práticas agrícolas no manejo integrado de plan-
tas daninhas (MIPD).
Deve-se ter atenção para não se confundir resistência a herbicidas, An allelopathic investigation of the domination of the introduced invasive Conyza canaden-
como mal controle. Portanto, cuidado especial com estádio da buva para
controle (ideal é de 6 a 8 folhas), intervalo entre aplicações sequenciais e
condições ambientais no período das aplicações. E havendo comprovação
de populações resistentes, é necessário a substituição do mecanismo de
ação e configuração de novas associações de herbicidas, dentro do conjun-
to do MIPD (aspectos ilustrados na Figura 3).
Figura 3. Plantas de buva em diferentes estádios oriundas de área de produção pós milho
(esquerda). Plantas de buva, lado a lado, depois de 8 horas, com e sem rápida necrose
(indicativo de resistência a 2,4-D) (direita).
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83582019370100018
 A planta daninha buva (Conyza spp.) está entre as principais encon- Tabela 2. Casos de biótipos de buva resistentes aos herbicidas no Brasil. mente na região Oeste do Paraná, se expandindo para outras regiões do
OPÇÕES DE MANEJO
tradas em todo o mundo. As principais espécies são Conyza bonariensis, Paraná e também para metade sul do Mato Grosso do Sul, partes do Oeste
Herbicida
Conyza canadensis e Conyza sumatrensis (Tabela 1). Apresenta ciclo de Ano Cultivo Em análise da situação no Brasil fica evidente a necessidade do uso de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, haja visto a resistência da buva pa-
(mecanismo de ação - grupo)
vida anual e porte herbáceo, com elevada produção de sementes, encon- de diferentes táticas de controle para o manejo de buva, haja visto os vários ra esta molécula, pelo “mecanismo” de resistência da rápida necrose
tradas em diversos ambientes agrícolas, como por exemplo, lavouras de C. bonariensis casos de resistência à herbicidas. Neste contexto é primordial a integração (Queiroz et al., 2020). Ainda assim este herbicida é importante no controle
grãos. Gênero com espécies amplamente adaptáveis, de grande diversida- 2005 Glifosato Milho, pomar, soja e trigo das diferentes medidas de controle, lançando mão sobretudo de medidas de outras plantas daninhas ou em áreas sem relatos de rápida necrose da
de genética e complexa identificação morfológica na diferenciação entre (inibidores da EPSPs - G/9) buva. Outros herbicidas auxínicos podem ser utilizados nesse momento,
culturais (como rotação de culturas e geração de palha) em conjunto com o
espécies. A dispersão da buva ocorre exclusivamente por meio de semen- C. canadensis uso de herbicidas, que inclua associação e rotação de herbicidas de dife- com eficácia no controle da buva, como dicamba (Hedges et al., 2018) ou
tes presentes no fruto do tipo aquênio. O número de sementes varia de 100 2005 Glifosato Pomares e soja rentes mecanismos de ação. triclopir (Polito et al., 2020), entre outros, como halauxifen, fluroxipir e
a 200 mil por planta (Dauer et al., 2007), podendo chegar a mais de 300 mil (inibidores da EPSPs - G/9) MCPA.
Assim, primeiramente destaca-se a importância no manejo da buva na
sementes dispersáveis por vento e colhedoras. C. sumatrensis entressafra, este é recomendado especialmente quando o período entre Na aplicação sequencial, após aplicação de glifosato + auxínico, des-
2010 Glifosato Milho e soja cultivos é longo. Em muitas regiões do Brasil, pensando na cultura da soja tacava-se até então o paraquate, com menção também ao diquate, glufosi-
(inibidores da EPSPs - G/9) como a principal, o período entressafra ocorre aproximadamente entre os nato e saflufenacil+glifosato. Contudo o paraquate apresentava diminuição
Tabela 1. Nomes científicos, sinonímias e nomes comuns. Figura 1. Interferência da buva na cultura da soja.
Fonte: Albrecht et al. Clorimurom meses de julho a outubro, entre a colheita do milho segunda safra e a se- em sua eficácia, pelos casos de buva resistente (Zobiole et al., 2019; Pinho
Nome científico Sinonímia Nomes comuns 2011 Soja
(inibidores da ALS - B/2) meadura da soja. Nesta situação muito comum de cultivo, o pico de emer- et al., 2019; Albrecht et al., 2020a), além dos casos de resistência, têm-se o
Buva, voadeira, Algumas características ajudam a explicar a alta interferência da buva, gência da buva ocorre no final do ciclo ou logo após a colheita do milho banimento do paraquate no Brasil, assim precisam ser pensadas alternati-
Conyza bonariensis (L.) Glifosato
Erigeron bonariensis L. rabo-de-foguete, (Constantin et al., 2013). Observa-se que práticas como consórcios vas ao seu uso, e em substituição a herbicidas inibidores do fotossistema I
Cronquist entre as quais o crescimento vigoroso (Weaver, 2001), alta produção de (inibidores da EPSPs - G/9) e
margaridinha-do-campo, 2011 Milho e soja
buva-melosa, sementes (Dauer et al., 2007) e outras características anteriormente menci- Clorimurom (exemplo do milho + braquiária), implantação de “mix” de culturas de cober- na presença de resistência. Pode-se assim destacar o herbicida glufosina-
Conyza canadensis (L.) margaridinha-melosa,
onadas, que lhe são atributos de adaptabilidade e agressividade. Alguns (inibidores da ALS - B/2) tura e terceiro cultivo (no lugar da entressafra, como é o caso do trigo ou to, sobretudo em associação com saflufenacil (Albrecht et al., 2020b), que
Erigeron canadensis L.
Cronquist acatoia, capiçoba, aveia em algumas regiões), pode minimizar o impacto da buva, mitigando apresenta inclusive efeito sinérgico observado para o controle de outras
capetiçoba, catiçoba, estudos também indicam efeitos alelopáticos de buva em outras espécies Paraquate
enxota, erva-lacenta, de plantas (Ferreira et al., 2020). Isso pode ajudar a explicar a dominância 2016 Soja ou quase eliminando os fluxos de emergência da mesma. plantas daninhas (Takano et al., 2020). Menciona-se também que, associa-
Conyza sumatrensis Erigeron floribundus rabo-de-raposa, (inibidores do fotossistema I - D/22)
(Retz.) E.Walker (Kunth) Sch.Bip. de espécies de buva em alguns ambientes, com a presença de poucas da- ções triplas de herbicidas podem ser usuais em situações de plantas fora
salpeixinho. Embora a buva não seja tão problemática no milho segunda safra, é
ninhas de outras espécies (Djurdjević et al., 2011). Saflufenacil de estádio, mais comuns na primeira aplicação das sequenciais, como
2017 Soja muito importante pensar no seu manejo ainda neste cultivo. Deixar o con-
(inibidores da PROTOX - E/14) exemplo temos: glifosato + herbicida auxínico + inibidor da PROTOX, ou
trole apenas para a pré-semeadura e pós-emergência da soja, pode resul-
glifosato + herbicida auxínico + inibidor da ALS (por mais que haja uma pre-
Clorimurom tar em aumento nos custos e reduções em produtividade da soja. Neste
ferência por associação entre sistêmicos na primeira, é necessário observar
INTERFERÊNCIA EM CULTIVOS CASOS DE RESISTÊNCIA AOS HERBICIDAS (inibidores da ALS - B/2), contexto, uma prática de controle químico estratégico factível de indicação,
a possibilidade de populações resistentes a ALS). A busca de nossas pos-
Glifosato é a utilização da dose máxima recomendada da atrazina, que pode ser pre-
A buva é uma planta daninha comum em grandes culturas, como a A repetida utilização dos mesmos herbicidas, nos últimos anos, tem 2017 Soja sibilidades é contínua! (pesquisas ilustradas na Figura 2).
(inibidores da EPSPs - G/9) e conizada, esta dose varia com a textura do solo, maiores doses para solos
soja e milho, com a importância aumentada nos últimos. Estudo de Trezzi causado à pressão de seleção em algumas espécies de plantas daninhas, Paraquate mais pesados/argilosos. Contudo, por vezes são utilizadas doses menores,
et al. (2015) indicou que, apenas, 2,7 plantas de C. bonariensis m-2 já po- com consequente surgimento de populações resistentes. Os primeiros ca- (inibidores do fotossistema I - D/22) pensando basicamente no controle de soja voluntária, mas a dose máxima
dem reduzir em 50% a produtividade da soja. Enquanto outros estudos de- sos de resistência da buva foram registrados no Japão e Taiwan em 1980, pode resultar em menor fluxo de emergência da buva no final do ciclo do
2,4-D
monstraram que apenas 1 planta de buva m -2 pode reduzir de 12-14,6% ao herbicida paraquate. Somadas C. bonariensis, C. canadensis e C. suma- milho e entressafra. A aplicação de atrazina em diferentes associações foi
(auxina sintéticas - O/4),
(Albrecht et al., 2018) (Figura 1). Para o cultivo do milho, Ford et al. (2014) trensis apresentam 146 casos de resistência em todo o mundo (Heap, Diurom eficaz no controle da buva e redução na densidade das plantas no cultivo
observaram redução de até 92% na produtividade quando não é feito o 2020). No Brasil, tem se intensificado os relatos de buva resistente, sobre- (inibidores do fotossistema II - C2/7), do milho (Langdon et al., 2020). Notando que a atrazina, em dose “cheia”,
controle da buva. tudo C. sumatrensis, com resistência múltipla ao herbicidas clorimurom e Glifosato pode ser dividida em sequenciais na pós-emergência do milho, além de as-
2017 Soja
glifosato (Santos et al., 2014), resistência simples ao paraquate (Zobiole et (inibidores da EPSPs - G/9), sociada com outros herbicidas, possuindo grande flexibilidade de uso e bai-
al., 2019), 2,4-D (Queiroz et al., 2020), tripla ao glifosato, paraquate e clori- Paraquate xo custo.
murom (Albrecht et al., 2020a) e quíntupla ao paraquate, saflufenacil, diu- (inibidores do fotossistema I - D/22) e
rom, 2,4-D e glifosato (Pinho et al., 2019). Maiores detalhes sobre todos os saflufenacil Pensando nas aplicações antes da semeadura, destaca-se o uso de
herbicidas auxínicos em associação com glifosato. Um dos mais utilizados Figura 2. Pesquisa a campo, uma necessidade contínua.
casos no Brasil de C. bonariensis, C. canadensis e C. sumatrensis resis- (inibidores da PROTOX – E/14)
Fonte: Albrecht & Albrecht.
tentes a herbicidas são apresentados a seguir (Tabela 2). nesta situação é o 2,4-D, no entanto, ele tem perdido sua eficácia principal-
Fonte: Heap (2020).