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XIIFATECLOG

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO AGRONEGÓCIO:


DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO CONTEXTO ATUAL
FATEC MOGI DAS CRUZES
MOGI DAS CRUZES/SP - BRASIL
18 E 19 DE JUNHO DE 2021
ISSN 2357-9684

LOGÍSTICA REVERSA: ESTUDO DE CASO DA


EMPRESA “SALVA AS ÁGUAS” DE RECICLAGEM
DE ÓLEO DE COZINHA
EDMIR SILVA REIS (Fatec Zona Sul)
edimi.reis@fatec.sp.gov.br
GILDA ALVES DA SILVA (Fatec Zona Sul)
gilda.silva@fatec.sp.gov.br
MOISÉS JOSÉ DA SILVA (Fatec Zona Sul)
moises.silva11@fatec.sp.gov.br
TULIO FÉLIX ANDRADE (Fatec Zona Sul)
tulio.andrade@fatec.sp.gov.br
JACY FERREIRA BRAGA (Orientador)
jacy.braga@fatec.sp.gov.br

RESUMO

A coleta de resíduos sólidos para a reutilização está em alta, sobretudo desde o surgimento da Lei Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), que regulamentou o modo como lidamos com o lixo, fazendo obrigatória a
implantação da logística reversa, processo que viabiliza o retorno do material/produto consumido à cadeia de
suprimentos, nos setores públicos e privados. Esse entendimento da importância e necessidade da Logística
Reversa estimula empresas aa procurar soluções que possam beneficiar o ecossistema do planeta em termos de
conservação e preservação ambiental, promovendo um tipo de desenvolvimento sustentável que envolve
sociedade, economia e meio ambiente. Para exemplificar as soluções encontradas pelas empresas em termos de
Logística Reversa, este trabalho tem como objetivo apresentar os processos de reaproveitamento de resíduos
praticados pela empresa “Salve as Águas”, que armazena, peneira e limpa óleo de cozinha usado, reprocessa o
material e o reinsere na cadeia produtiva. Para tanto utilizamos a metodologia do tipo exploratória descritiva, sob
a forma de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental com enfoque qualitativo A empresa Salve as Águas
investiu na fabricação de sabão caseiro, produzido do material recolhido nas residências, bares, comércios e
sendo utilizado na limpeza em geral. A prática da reutilização do óleo e a forma de produção complementam à
não degradação por processos químicos agressivos. Com isso, a empresa obtém um sabão macio, eficaz na
limpeza, preservando o meio ambiente e a consistência da matéria-prima.

PALAVRAS-CHAVE: Logística Reversa. Óleo de cozinha usado. Sustentabilidade.

ABSTRACT

The collection of solid waste for reuse is on the rise, especially since the emergence of the National Solid Waste
Law (Law No. 12,305 / 10), which regulated the way we deal with waste, making the implementation of reverse
logistics mandatory, a process that enables the return of the material / product consumed to the supply chain, in
the public and private sectors. This understanding of the importance and necessity of Reverse Logistics
encourages companies to seek solutions that can benefit the planet's ecosystem in terms of environmental
conservation and preservation, promoting a type of sustainable development that involves society, the economy
and the environment. To exemplify the solutions found by companies in terms of Reverse Logistics, this work
aims to present the processes of reuse of residues practiced by the company “Salve as Águas”, which stores,
sieves and cleans used cooking oil, reprocesses the material and the reinserts itself in the production chain. For
that, we used the exploratory descriptive methodology, in the form of bibliographic research and documentary
research with a qualitative focus. The company Salve as Águas invested in the manufacture of homemade soap,
produced from the material collected in homes, bars, shops and being used in cleaning in general. With this, the
company obtains a soft soap, effective in cleaning, preserving the environment and the consistency of the raw
material.

XII FATECLOG - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO AGRONEGÓCIO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO CONTEXTO ATUAL
FATEC MOGI DAS CRUZES
MOGI DAS CRUZES/SP - BRASIL
18 E 19 DE JUNHO DE 2021
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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO AGRONEGÓCIO:
DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO CONTEXTO ATUAL
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18 E 19 DE JUNHO DE 2021
ISSN 2357-9684

KEYWORDS: Reverse
Logistics. Used cooking oil.
Sustainability.

1. INTRODUÇÃO

As empresas estão desenvolvendo métodos e maneiras eficazes de ajudar o meio


ambiente. Com a diminuição do descarte de resíduos e a realização do descarte correto é
possível fabricar outros produtos para o uso da população sem afetar profundamente o meio
ambiente. Atualmente, a permanência a longo prazo de uma organização empresarial está
diretamente ligada diretamente aos seus valores e políticas ambientais. e acordo com
Tachizawa (2010, p. 55), “A efetividade está relacionada à satisfação da sociedade, ao
atendimento de meios sociais, econômicos e culturais”. Sendo assim, as empresas optam por
utilizar a ferramenta de Logística Reversa, auxiliando na coleta de resíduos, reciclagem e
reutilização de produtos.
Segundo Leite (2003), a Logística Reversa, atua nas áreas de planejamento, operação e
controle dos fluxos de informações, ao retorno de bens de pós-venda e pós-consumo, com um
ciclo produtivo por meio de canais de distribuição reversa.
Atualmente e de modo geral, o óleo de cozinha utilizado em bares, restaurantes e
residenciais é descartado de forma incorreta, acarretando diversos danos ao meio ambiente,
impermeabilizando o solo, causando impactos ambientais. Desse modo, os benefícios da
reutilização do óleo de cozinha saturado, como fonte para a produção de outros produtos,
ajudam a sustentabilidade, contribuindo à sustentabilidade ambiental. Este trabalho
apresentará a atuação da empresa “Salve as Águas” no recolhimento de óleo de cozinha usado
e os reflexos de sua atividade do ponto de vista socioambiental e econômico. Para tanto será
utilizada a metodologia do tipo exploratória descritiva, sob a forma de pesquisa bibliográfica
e pesquisa documental com enfoque qualitativo. A pesquisa do tipo exploratória e descritiva
atende ao objetivo de descrição do objeto de análise, a pesquisa bibliográfica será
desenvolvida a partir de livros, revistas e sites e estudos de casos.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO
Atualmente a globalização e a alta competitividade nos tempos modernos apontam que
cada vez mais as empresas, além da busca incessante pelo lucro, têm que atender uma
variedade de interesses sociais, ambientais e governamentais, que garanta seu negócio e sua
lucratividade ao longo do tempo. Acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidade
local e o próprio governo fazem avaliações de perspectivas diferentes sobre as organizações, a
qual busca equacionar tudo para obter o melhor resultado possível.
Nas últimas décadas a quantidade de produtos lançados no mercado vem aumentando
em escala acelerada no mundo inteiro. As empresas se preocupam em atender o maior número
de clientes e todos os seus perfis, para isso lançam produtos em uma infinidade de cores,
tamanhos, capacidades e especificações diferenciadas para vários segmentos, por idade, sexo,
etnia, sabor, odor, tamanho e tipo de embalagem, teores de açúcar e gordura. Na contramão, a
vida mercadológica e útil desses produtos tem sido cada vez menor, já que o cliente substitui
o tempo todo por novos produtos.

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Como consequência, há um número muito maior de produtos retornando ao ciclo


produtivo ou de negócios. Desde produtos vencidos, com defeito, dentro da garantia
oferecida, por excesso de estoques ou até mesmo produtos com pouco uso retornam ao ciclo
buscando recuperação de valor de alguma forma. A partir desse raciocínio, o crescimento da
quantidade de produtos retornados acaba por esgotar os sistemas tradicionais de disposição
final, causando poluição por contaminação ou mesmo por excesso, quantitativamente falando.
As leis ambientais responsabilizam cada vez mais as empresas pelo controle do fluxo
reverso dos produtos de pós-consumo e resíduos de suas atividades e cada vez menos o
governo, obrigando as organizações a tomarem conta de todo o tipo de resíduo que sua
atividade possa gerar. Inicialmente, a logística reversa era entendida apenas como o
movimento de bens do consumidor para o produtor por meio de um canal de distribuição
(Lambert & Stock apud Rogers & Tibben-Lembke 2001), processo que consiste os produtos e
informações sigam na direção oposta às atividades logísticas normais (“wrong way on a one-
way street”). Nos anos 90 novas abordagens para o tema foram introduzidas, como o retorno
dos produtos, redução de custos e recursos, reciclagem, reutilização de materiais, reparação,
manufatura, entre outros. Em 1998 entra em questão também as questões ambientais.

Segundo Tibben-Lembke (2001):

Processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de


matérias-primas, estoque em processamento e produtos acabados (e
seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem
com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado.

James Stock (1998), por sua vez, amplia esses limites afirmando que,

[...] sob a perspectiva logística do negócio, o termo se refere ao papel


da logística na devolução de produtos, redução de materiais/energia,
reciclagem, substituição de materiais, reutilização de materiais,
tratamento de resíduos, substituição, conserto ou remanufatura. Do
ponto de vista de engenharia, a logística reversa é um modelo de
negócio sistêmico que aplica os melhores métodos de engenharia e
administração logística na empresa, de forma a fechar lucrativamente
o ciclo do supply chain.

A logística reversa então traz o produto do ponto de consumo ao ponto de origem,


com a intenção de ser adequadamente descartado, reaproveitado ou reparado para então
retornar ao processo de produção e distribuição. Lacerda (2002) apud Gambôa (2008), lista
como fatores críticos de sucesso nos casos de logística reversa os seis elementos que podem
ser vistos na tabela a seguir.

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Quadro 1 - Fatores Críticos de Sucesso em Logística Reversa.

 Bons controles de entrada: consiste na identificação do estado das matérias a serem


retornados e decisão se o material pode ou não ser reutilizado;

 Processos padronizados e mapeados: a mudança do foco na logística reversa, onde


deixa de ser um processo esporádico e contingência, passando a ser considerado um
processo regular, que requer documentação adequada através do mapeamento de
processos e formalização de procedimentos. Assim, podem-se estabelecer controles
e oportunidades de melhorias;

 Tempo de ciclo reduzido: é o tempo considerado entre a identificação da


necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e o seu efetivo
processamento;

 Sistema de informação: o processo de logística reversa necessita do suporte da


tecnologia da informação (TI), a fim de viabilizar o atendimento de requerimentos
necessários para operação. Entre as funcionabilidades requeridas pode-se listar:
informação centralizada e confiável, rastreabilidade, avaliação de avarias etc.;

 Rede logística planejada: consiste na infraestrutura logística adequada para lidar


com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais
processados. Envolvem instalações, sistemas, recursos (financeiros, humanos e
máquinas), entre outros;

 Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: como há uma série de agentes


envolvidos no processo, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre
as partes envolvidas. Informação tais como, deve ser trocada entre os membros da
cadeia para que o sistema funcione de maneira eficiente.

Fonte: Elaborada a partir de Lacerda (2002) apud Gambôa (2008).

Existem variantes com relação ao tipo de reprocessamento que os materiais podem ter,
dependendo do estado em que o produto se encontra. Esses materiais podem retornar ao
fornecedor, podem ser revendidos, recondicionados, reciclados ou descartados. Para
determinar em qual processo o produto se encaixa é necessário analisar o tipo de material e o
motivo pelo qual ele entrou no sistema.

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Figura 1 – Processo Logístico Reverso.

Fonte: Adaptado de Lacerda (2003).

Já Leite (1999a) classifica a logística reversa em dois segmentos: pós-consumo e pós-


venda. O pós-consumo engloba produtos duráveis ou semiduráveis, normalmente bens
industriais, que já foram de um consumidor e por qualquer motivo se desfaz dele, porém pode
ser útil a outra pessoa, se estiverem em condições de reuso, como produtos de segunda mão
como carros, eletrodomésticos e produtos de informática. Sendo que, nesse caso, o produto ou
suas partes são usados para a mesma função de que quando foi fabricado. Ainda dentro do
pós-consumo existe a possibilidade de o produto passar por manufatura ou por reciclagem,
produtos com menor vida útil. Caso o produto em questão não se encaixe em nenhum dos
quesitos ele vai para um aterro sanitário ou serão incinerados.
Na remanufatura os produtos são consertados, se necessário, ou terão alguns
componentes trocados para reconstituição do produto e venda para o mesmo fim que foi
originalmente produzido. Já na reciclagem são extraídos/retirados componentes dos produtos
que foram descartados e através dele feito outro produto, industrialmente. Ou também podem
servir de matéria-prima para outro setor.
A disposição final acontece para produtos que produtos e resíduos que não tem
condições de serem reaproveitados ou reintegrados na cadeia de distribuição reversa. Esses
resíduos podem ser enviados para um aterro sanitário, que faz o trabalho de intercalar o
resíduo com camadas de solo para que com o tempo ele se decomponha; podem ser
incinerados para que não entre em contato com o meio-ambiente evitando contaminação e o
perigo de qualquer outro tipo de descarte que exija manuseio; ou podem ser descartados de
forma irregular, em lixões ou córregos que acabam por trazer doenças para o ser humano e
prejuízos para o meio-ambiente. É importante que os produtos de pós-consumo tenham a
destinação final correta, caso contrário tem grande potencial para se tornar um problema
ambiental grave.
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Figura 2 – Logística Reversa de Pós-consumo e Pós-venda.

Fonte: Adaptado de Leite (2003).

A sustentabilidade é algo que também merece atenção, é necessário encarar o fato de


que se não houver um equilíbrio ecológico hoje, provavelmente as gerações futuras estarão
comprometidas. Se fosse possível reciclar todo o produto adquirido o problema seria
facilmente resolvido, porém a porcentagem da reciclagem no Brasil ainda é muito reduzida, e
em praticamente todos os setores com exceção do alumínio. Já segundo Cabral (2001), 65%
do lixo coletado é orgânico, e que poderia ser transformado em fertilizante agrícola, este é
apenas um exemplo de sua utilidade.
Para ter um controle maior sobre os impactos ambientais, hoje no Brasil a
responsabilidade sobre impactos passou a ser dos fabricantes e não mais do governo, como
era no princípio. Essa nova regulamentação está de acordo com a filosofia de EPR (Extended
Product Responsability). Que segundo Leite (1998), a ideia de que a cadeia industrial de
produtos que, de certa forma, agridem o ambiente, deva se responsabilizar pelo que acontece
com eles após o seu uso original.
Em muitos países, inclusive no Brasil, existe em suas constituições leis que tratam
especificamente as questões ambientais. As empresas que realmente estão engajadas na causa
ambiental criam uma imagem muito positiva, as certificações como ISO 14000, selo verde,
são sinônimos de que a empresa está realmente cumprindo os requisitos ecologicamente
corretos. Um exemplo dado Glosa (1997, p. 64) vale a pena ser lembrado “[...] Hoje, a
Latasa é mais conhecida pelo público por suas atividades voltadas para a reciclagem do que
pela produção de latas e tampas de alumínio. A empresa desfruta de uma imagem positiva,
que agrega valor e simpatia ao seu nome e, consequentemente, aos seus produtos.”
A Latasa foi uma das primeiras indústrias a produzir latas de alumínio para cervejas e
refrigerantes no Brasil. Muitas empresas ainda não perceberam que a reciclagem além de
ecologicamente correto, pode ser encarado como um redutor de custos. Podemos citar dados
concretos fornecidos pela ABAL (Associação Brasileira do Alumínio), que nos mostra que
para reciclar uma tonelada de latas se gasta apenas 5% da energia necessária para produzir a
mesma quantidade de latas feitas a partir de alumínio virgem.
Um novo exemplo trata do uso das fibras de poliéster produzidos da reciclagem de
garrafas PET. E que ao substituir o poliéster convencional, o reciclado reduziu o custo,
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manteve a qualidade e
conseguiu passar para o consumidor final uma margem de preço 20% menor do que quando
utilizava o poliéster comum. Esses são apenas dois exemplos que provam que a logística
reversa deve ser estimulada em todos os seguimentos.

2.1 Política de Resíduos Sólidos

A lei foi promulgada no dia 2 de agosto de 2010 após amplo debate com governo,
universidades, setor produtivo e entidades civis, com a intenção de promover mudanças no
cenário dos resíduos. Representa um marco na questão de lixo urbano, tendo como princípio a
responsabilidade compartilhada entre governo, empresa e população sobre o lixo produzido
direta ou indiretamente. A nova legislação impulsiona o retorno às indústrias após o consumo
e obriga o governo a realizar planos para o gerenciamento do lixo.
De acordo com a Constituição Federal, cabe ao poder público municipal cuidar da
limpeza urbana, ou seja, coletar e dar destinação final aos resíduos. Com a Política Nacional
de Resíduos Sólidos as prefeituras ganham uma base mais sólida com princípios e diretrizes,
dentro de um conjunto de responsabilidades que tem o potencial de mudar panorama do lixo
no Brasil.
Quanto a quem deve segui-la: Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas
ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração
de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos. (Cap. I, Seção I, art. I).
Os municípios hoje têm a obrigação legal de erradicar os lixões até agosto de 2014,
obrigando a colocação dos rejeitos em aterros, os quais seguem normas ambientais. Lixões
são áreas de disposição final do lixo sem nenhuma preparação anterior no solo, e não tem
sistema de tratamento de efluentes líquidos (chorume), causando contaminação nos arredores
e lençóis freáticos.

Figura 3 – Lixão a céu aberto (atualmente proibido pela LNRS).

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Fonte: Lixo.com, 2009.

O aterro sanitário consiste numa área previamente preparada para o recebimento do


lixo, essa preparação consiste no nivelamento da terra e selamento da base com argila e
mantas de PVC, esse processo impermeabiliza o solo e protege o lençol freático. O chorume é
coletado por drenos e encaminhado para um poço, onde depois de um tempo acumulado é
encaminhado para estação de tratamento de efluentes. O aterro também garante a cobertura
diária do lixo, evitando a proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual.

Figura 4 – Aterro sanitário.

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Fonte: Lixo.com, 2009.

Existe também o aterro controlado, que nada mais é do que uma fase intermediária
entre lixão e aterro sanitário. Normalmente é um lixão já existente que foi remediado. O dever
da prefeitura agora é implantar projetos para coleta seletiva de lixo reciclável nas residências
e sistemas de compostagem para resíduos orgânicos que poderiam ser usados como adubo,
por exemplo. O conjunto de providências tomadas pelos municípios faz parte do
gerenciamento integrado do lixo. Tudo com o objetivo de diagnosticar a situação do lixo,
traçar metas para redução e reciclagem, identificar os principais geradores de resíduos,
calcular e criar indicadores para medir o desempenho do serviço público.
Com a nova lei as organizações terão que mudar velhos hábitos e realizar a
conscientização entre os seus funcionários, trazendo um novo comportamento que afetará a
sociedade diretamente. O benefício não será apenas no cumprimento da lei, pode atrair o olhar
do consumidor exigente trazendo vantagens competitivas e uma grande economia no descarte
de lixo e até mesmo um lucro significativo.

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3. ESTUDO DE CASO: SALVE AS ÁGUAS


3.1. História da Salve as Águas

A Salve as Águas, é uma empresa de origem brasileira, presente apenas em São Paulo,
mais precisamente na Rua das Fermatas, 01 – Jardim Kagohara, Zona Sul do Município de
São Paulo, atua desde 2014 no mercado de coleta de resíduos não perigosos, sendo
especialista em reutilização dos descartes. É uma Possui projetos ajustados a diferentes tipos
de clientes sempre priorizando valorizar o meio ambiente do planeta. Busca e mantém valores
sólidos em sua atividade empresarial, esses voltados satisfação e sucesso dos clientes,
confiança mútua entre os membros das equipes de trabalhos, pontualidade, respeito aos
stakeholders, responsabilidade social e ambiental, bem-estar e qualidade de vida, ética e
transparência e melhoria contínua. A Figura 5 mostra os recipientes com óleo usado recolhido
dos moradores nas imediações da empresa.

Figura 5 – Aterro sanitário.

Fonte: Salve as Água, 2021

Segundo o proprietário Leandro Enrique Casagrande Calderón que investiu no ano de


2014 um capital de R$ 2.000,00 em um ponto fixo para a fabricação de sabão, sabonete entre
outros, além de vender outros produtos para a limpeza das residências. Focada na coleta dos
resíduos desde 2014, com lucros crescentes desde 2015, a empresa oferece não apenas a
coleta, mas também o descarte correto, o relacionamento com os clientes e o compromisso
com o meio ambiente.
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3.2. Salve as Água e Logística Reversa

A Salve às Águas preza muito a Logística Reversa, reutilizando o óleo de cozinha


vegetal e produzindo outros produtos que ajudam a limpeza dos utensílios e imóveis da
população. Além disso, a empresa preza a sustentabilidade, ajudando o meio ambiente e a
saúde das pessoas, atraindo diversos consumidores que doam os resíduos em troca de
produtos prontos para o uso.

Por ser um empreendimento que utiliza a logística reversa, enfrenta dificuldades


operacionais. A Salve as Águas faz uso da Logística Reversa desde sua criação, com isso a
empresa buscou soluções para agregar valor ao meio ambiente e à empresa, ou seja, através
do recolhimento de resíduos, produtos que auxiliam no relacionamento e educação aos
colaboradores e consumidores. Com relação a estratégia de sustentabilidade, a empresa visa
as embalagens reutilizáveis, a fabricação de produtos, onde são caracterizados como
sustentáveis no mercado, biodegradáveis e que podem ser reutilizados após o uso. Atende
diferentes tipos de clientes: restaurantes, bares, padarias, churrascarias, hotéis, buffet,
lanchonetes, empresas comerciais, indústrias, condomínios, projetos sociais e associações de
bairros. A Empresa Salva as Águas (2021) promove muitos projetos e, entre eles, os
seguintes:

A transformação do óleo de cozinha em energia renovável começa


pela filtragem, que retira todo o resíduo deixado pela fritura, depois é
retirado toda a água que está misturada a esse óleo. Dependendo do
óleo, ele passará por uma purificação química que retirará os últimos
resíduos. Esse óleo "limpo" recebe a adição de álcool e uma
substância catalisadora.

Com o novo projeto Biodiesel em casa e nas escolas, que envolve


universitários, escolas e empresas, cerca de 100 toneladas de óleo de
cozinha mais uma vez tem um destino produtivo transformar-se em
combustível 100% renovável! Os sucessos destes programas de
reciclagens de óleo de cozinha depende inteiramente das participações
das comunidades.

O Projeto “Óleo Vivo” de ação social para o desenvolvimento


saudável do meio ambiente através da coleta seletiva de óleo de
cozinha e seus derivados nos condomínios da cidade de São Paulo foi
solicitado pela empresa SíndicoNet, empresa que representa cerca de
15 mil condomínios em São Paulo. Nesta fase inicial, a campanha
“Óleo Vivo” será aplicada em 12 condomínios em São Paulo com
mais de duas torres de apartamentos.

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A figura abaixo representes o processo de descarte que visa o reaproveitamento do


óleo de cozinha:

Figura 6 – Descarte do óleo de cozinha.

Fonte: SALVA AS ÁGUAS (2021).

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

De acordo com as observações feitas na empresa e entrevistas com colaboradores, é


possível afirmar que, após o recolhimento do óleo, é realizada a separação e, seguida uma
filtragem em um tanque grande, dessa maneira os resíduos maiores são retirados e passados
na peneira, depois a empresa o reutiliza, fazendo os mais diversos produtos derivados. A
empresa Salve as Águas investiu na fabricação de sabão caseiro, produzido do material
recolhido nas residências, bares, comércios e sendo utilizado na limpeza em geral. A prática
da reutilização do óleo e a forma de produção complementam à não degradação por processos
químicos agressivos. Com isso, a empresa obtém um sabão macio, eficaz na limpeza,
preservando o meio ambiente e a consistência da matéria-prima. Finalmente, segundo o
proprietário Leandro Enrique Casagrande Calderón que investiu no ano de 2014 um capital
de R$ 2.000,00 em um ponto fixo para a fabricação de sabão, sabonete entre outros, além de
vender outros produtos para a limpeza das residências. Focada na coleta dos resíduos desde
2014, com lucros crescentes desde 2015, a empresa oferece não apenas a coleta, mas também
o descarte correto, o relacionamento com os clientes e o compromisso com o meio ambiente.

XII FATECLOG - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO AGRONEGÓCIO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO CONTEXTO ATUAL
FATEC MOGI DAS CRUZES
MOGI DAS CRUZES/SP - BRASIL
18 E 19 DE JUNHO DE 2021
XIIFATECLOG
GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO AGRONEGÓCIO:
DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO CONTEXTO ATUAL
FATEC MOGI DAS CRUZES
MOGI DAS CRUZES/SP - BRASIL
18 E 19 DE JUNHO DE 2021
ISSN 2357-9684

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se com este trabalho que é possível conciliar produção industrial com
sustentabilidade ambiental, neste caso a Logística Reversa protagonizou esse processo na
empresa “Salva Águas” que reaproveita resíduos. Todos são beneficiados: sociedade,
empresa e meio ambiente. Foi possível verificar ao longo do trabalho que o investimento em
Logística Reversa e Sustentabilidade leva à mudança de ideais, valores, costumes e crenças,
que ajudam a melhorar o meio ambiente e manter o movimento tão necessário de
sustentabilidade do planeta ligado fortemente ao desenvolvimento sustentável. De modo que a
iniciativa de ser uma empresa totalmente sustentável, como a que foi estudada neste artigo,
auxilia na conservação e preservação dos recursos naturais. A empresa é vista como
referência em termos de conscientização e gerência de projeto ambientais por fazer uso de
produtos provenientes do ciclo reverso da Logística.

REFERÊNCIAS

A ONU e o Meio Ambiente. Disponível em: <A ONU e o meio ambiente | As Nações
Unidas no Brasil> Acesso em: 18 mar. 2021.

LACERDA, Leonardo. Logística reversa: Uma visão sobre os conceitos básicos e as


práticas operacionais. Centro de Estudos em Logística–COPPEAD, p. 3, 2002.

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Prentice Hall, 2003.

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NOGUEIRA, C. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PRNS). Disponível em: <Tudo o


que você precisa saber sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - blog eu
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practices. Pittsburgh: Reverse Logistics Executive Council: Center for Logistics Management,
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SALVE AS ÁGUAS. “Bálsamo como águas coleta óleo usado para reciclagem Produtos
Limpeza”. Disponível em https://caviann.wixsite.com/salveasaguas. Acessado em 29 de abril
de 2021.

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STOCK, J. R. Reverse Logistics Programs. Illinois: Council of Logistics Management, 1998.

TACHIZAWA, Takeshy , SCAICO, Oswald. Organização flexível qualidade na gestão por


processos. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2006

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