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Atividade Residual de Pyrithiobac-Sodium Aplicado ao Solo, Visando ao Controle


de Plantas Voluntárias de Soja RR

Article in Global Science and Technology · November 2013


DOI: 10.14688/1984-3801.v06n03a10

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1 60

1 author:

Hudson K Takano
Corteva Agriscience
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ATIVIDADE RESIDUAL DE PYRITHIOBAC-SODIUM APLICADO AO SOLO,
VISANDO AO CONTROLE DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS DE SOJA RR®

Guilherme Braga Pereira Braz1*, Rubem Silvério de Oliveira Jr.1, Jamil Constantin1, Hudson
Kagueyama Takano1, Eliezer Antonio Gheno1, Denis Fernando Biffe1

RESUMO: A presença de plantas voluntárias de soja RR® infestando lavouras de algodoeiro em


segunda safra tem sido relatada com frequência nos últimos anos, havendo poucas informações
disponíveis sobre o manejo desta espécie no algodoeiro. O objetivo do presente trabalho foi
avaliar o efeito da atividade residual do pyrithiobac-sodium sobre soja RR®. O experimento foi
conduzido em casa-de-vegetação com delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial
(3x4)+1. O primeiro fator foi à época de aplicação do herbicida (0, 10 e 20 dias antes da
semeadura da soja), e o segundo as doses de pyrithiobac-sodium (28, 56, 84 e 112 g ha-1), além
de uma testemunha sem herbicida. A atividade residual do pyrithiobac-sodium sofre influência da
época da aplicação, sendo que maiores períodos de permanência do herbicida no solo resultam
em menores percentuais de controle da soja voluntária. Embora não seja possível obter controle
total das plantas de soja RR® voluntárias com doses de até 112 g ha-1, pode-se obter significativa
supressão do desenvolvimento dessas plantas por meio da atividade residual de pyrithiobac.

Palavras-chave: algodoeiro, inibidores de ALS, pré-emergência.

RESIDUAL ACTIVITY OF PYRITHIOBAC-SODIUM APPLIED TO THE SOIL IN


CONTROL OF VOLUNTARY SOYBEAN RR®

ABSTRACT: The presence of volunteer RR® soybean plants in cotton areas in the second
harvest has been frequently reported in recent years and there is limited information available
about the management of this species in cotton. The objective of this study was to evaluate the
effect of the residual activity of the pyrithiobac-sodium on soybean RR®. The experiment was
conducted in greenhouse in a completely randomized design in a factorial arrangement (3x4) +1.
The first factor was the moment of herbicide application (0, 10 and 20 days before soybean
sowing), and the second the doses of pyrithiobac-sodium (28, 56, 84 and 112 g ha-1), beyond the
check without herbicide application. The residual activity of sodium-pyrithiobac is influenced by
the time of application; the longer herbicide remains in soil, the lower the soybean control.
Although total control of volunteer soybeans RR® was not achieved with rates of pyrithiobac up
to 112 g ha-1, a significate suppression of soybean development may be obtained by the residual
soil activity of pyrithiobac.

Keywords: Cotton; ALS inhibitor; pre-emergence.


________________________________________________________________________________________________________
1
Universidade Estadual de Maringá, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Agronomia. Av. Colombo,
5790 - Bloco J45 Zona 07. CEP: 87020-900 - Maringá, PR, Brasil. *E-mail: guilhermebrag@gmail.com. *Autor para
correspondência.
Recebido em: 16/07/2013 Aprovado em: 03/12/2013

Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 99-107, dez. 2013.
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INTRODUÇÃO período anterior à interferência (PAI) passa


de 17 dias após a emergência (DAE) para 4
Na última década, ocorreu um DAE, em comparação com o algodoeiro
acréscimo expressivo da demanda mundial cultivado em espaçamento convencional na
de algodão, em função, principalmente, do safra (RAIMONDI, 2012a).
crescimento populacional (FERREIRA Outro aspecto importante a ser
FILHO et al., 2009). Diante deste aumento considerado no controle das plantas
na demanda, houve uma valorização nos voluntárias de soja é o vazio sanitário,
preços de comercialização da pluma, o que período instituído na entressafra no qual
repercutiu em maior interesse por parte dos não deve haver a presença de plantas
produtores no cultivo desta oleaginosa. emergidas de soja no campo, visando à
Neste contexto, diferentes tecnologias e redução do inóculo do fungo causador da
sistemas de cultivos foram desenvolvidos, ferrugem asiática (DAN et al., 2011a).
visando melhorias na produção de Além disso, na ocasião em que se realiza a
algodoeiro no Brasil, destacando-se dentre colheita do algodoeiro, a tolerância para a
elas, a possibilidade de cultivo em segunda presença de plantas de outras espécies na
safra. lavoura é mínima, pois pode haver
O cultivo do algodoeiro de safrinha problemas relacionados à presença de
ou de segunda safra é realizado por meio impurezas na pluma, o que resultará em
da semeadura nos meses de fevereiro e depreciação da qualidade final deste
março, em áreas não irrigadas. Na maior produto (SILVA et al., 2010).
parte dessas áreas, a cultura que antecede o Para evitar os problemas referentes
algodoeiro é a soja. Portanto, nestas áreas à interferência de plantas daninhas e
de cultivo, a soja voluntária que emerge voluntárias, diferentes métodos de controle
durante o início do ciclo do algodoeiro é podem ser empregados, sendo que no atual
uma espécie que requer controle. O modelo de exploração do algodoeiro no
potencial da soja em se tornar uma planta Brasil, o controle químico por meio de
voluntária de difícil controle nesta cultura herbicidas é o mais utilizado (DAN et al.,
é elevado, principalmente, em função das 2011b), devido ao rendimento, à eficiência,
poucas opções de latifolicidas registrados e, em muitos casos, por ser o método mais
para o algodoeiro (LEE et al., 2009), e do econômico. Entre os herbicidas registrados
fato da maior parte da área de soja ser para o controle de plantas daninhas de
atualmente cultivada com variedades que folhas largas no algodoeiro está o
apresentam resistência ao glyphosate. pyrithiobac-sodium, que possui como
O algodoeiro (Gossypium hirsutum) mecanismo de ação a inibição da enzima
apresenta elevada sensibilidade à acetolactato sintetase.
interferência imposta por plantas O pyrithiobac-sodium pertence ao
competidoras, e os danos causados por esta grupo químico dos ácidos
convivência podem ser qualitativos, tais pirimidiniloxibenzoicos e também é um
como a depreciação na qualidade da fibra, ácido fraco, sendo encontrado
ou quantitativos, como a redução na predominantemente em sua forma aniônica
produtividade. O metabolismo na maioria dos solos (GUERRA et al.,
fotossintético C3, o crescimento inicial 2011b). Embora seja utilizado em pós-
lento e o largo espaçamento entre as linhas emergência (intervalo de doses de registro
de cultivo fazem com que o algodoeiro 42 a 140 g ha-1), este herbicida apresenta
apresente baixa competitividade com as atividade residual no solo. A atividade
plantas daninhas (FREITAS et al., 2002). residual que o pyrithiobac-sodium
Quando cultivado em segunda safra, apresenta no solo pode representar uma
principalmente em população adensada, o possibilidade de um novo posicionamento

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desta molécula na modalidade de aplicação O delineamento experimental


em pré-emergência (GUERRA et al., utilizado foi o inteiramente casualizado,
2011b). O pyrithiobac-sodium, quando em arranjo fatorial (3x4)+1, com quatro
aplicado em pré-emergência, apresenta, repetições. Os tratamentos foram
por exemplo, elevada eficácia sobre constituídos pela combinação de intervalos
diferentes espécies do gênero Amaranthus entre aplicação do herbicida e a semeadura
(A. hybridus, A. viridis, A. lividus e A. da soja (20, 10 e 0 dias antes da semeadura
deflexus), sendo estas plantas daninhas das espécies - DAS) e quatro doses de
caracterizadas como importantes pyrithiobac-sodium (28, 56, 84 e 112 g ha-
1
infestantes do algodoeiro ), acrescidos de uma testemunha sem
(FRANCISCHINI, 2012). Outra aplicação. Para se obter os diferentes
ferramenta que pode ser explorada em períodos de residual do pyrithiobac-
função da atividade residual do sodium, as aplicações foram realizadas da
pyrithiobac-sodium é sua utilização em seguinte maneira: dez dias após a primeira
mistura com produtos que não apresentam aplicação foi realizada a segunda, sendo a
atividade no solo, ampliando o espectro de terceira aplicação realizada vinte dias após
controle dos herbicidas, pela ação em pré e a primeira. Desta forma, o intervalo entre
pós-emergência (BRAZ et al., 2012). cada aplicação e a semeadura da soja foi
Desta forma, o objetivo do presente considerado como o período residual
trabalho foi avaliar o efeito da atividade avaliado no tratamento.
residual do pyrithiobac-sodium aplicado ao A semeadura da soja foi realizada
solo no controle de plantas voluntárias de no mesmo dia (20/10/2010) para todos os
soja RR®. tratamentos, utilizando-se a cultivar NK
7059 RR - Vmax®. Neste procedimento,
MATERIAL E MÉTODOS atentou-se para proceder ao menor
revolvimento do solo possível. Foram
O experimento foi conduzido em distribuídas cinco sementes de soja por
casa-de-vegetação no Centro de unidade experimental, à profundidade de 3
Treinamento em Irrigação (CTI) da cm em relação à borda do vaso. A
Universidade Estadual de Maringá (UEM) semeadura foi realizada imediatamente
(23º24’12’’S e 51º56’24’’W e altitude de após o término da aplicação da última
560 m). O período de condução do ensaio época (0 DAS).
foi de 16/10/2010 a 07/12/2010. Em todas as aplicações foi utilizado
O material de solo utilizado foi pulverizador costal de pressão constante à
seco, peneirado e colocado em vasos base de CO2, equipado com barra munida
plásticos com capacidade para 3 dm3, os de três pontas tipo jato leque XR-110.02,
quais foram considerados como unidades espaçadas de 50 cm entre si, sob pressão de
experimentais. A análise de solo revelou as 2,0 kgf cm-2. Estas condições de aplicação
seguintes características químicas e físicas: proporcionaram o equivalente a 200 L ha-1
pH em água de 6,30; 7,90 g dm-3 de C; 510 de calda. As condições climáticas no
g kg-1 de areia; 20 g kg-1 de silte e 470 g momento das aplicações estão
kg-1 de argila (textura argilosa). apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Condições climáticas no momento das aplicações de pyrithiobac-sodium


antecedendo a semeadura da soja. Maringá-PR, 2010
1ª Aplicação 2ª Aplicação 3ª Aplicação
(20 DAS) (10 DAS) (0 DAS)
Umidade relativa (%) 92 70 65
Temperatura (oC) 21 21 25
Velocidade do vento (km h-1) 0,5 6 3

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A partir da aplicação do herbicida


nas duas primeiras épocas (20 e 10 DAS), O acúmulo de massa seca e altura
os vasos foram irrigados por sistema de das plantas são variáveis que auxiliam na
irrigação automático, simulando avaliação de o nível de supressão que o
precipitação pluvial equivalente a 10 mm, herbicida foi capaz de impor sobre a
a cada cinco dias. Para a última aplicação espécie-alvo. Na Tabela 2, estão
(0 DAS), a semeadura foi realizada após a apresentados os resultados das análises
aplicação. Após a semeadura das espécies, destas variáveis em função da atividade
os vasos foram irrigados diariamente com residual do pyrithiobac-sodium sobre a
lâminas, variando entre 5 e 10 mm, e soja. A massa seca foi mais influenciada
mantidos livres da presença de outras pela época de aplicação do que pela dose
plantas. utilizada de pyrithiobac-sodium, sendo que
As avaliações realizadas foram as maiores reduções médias foram
porcentagem de controle aos 7 e 28 dias observadas à aplicação do herbicida no dia
após a emergência (DAE). Nesta avaliação, da semeadura. Com relação à dose de
tomaram-se como padrão de comparação pyrithiobac-sodium, verifica-se que houve
(0% de controle) as plantas emergidas na redução na massa seca em todas as épocas
testemunha sem herbicida. Foram de aplicação em relação à testemunha
consideradas as injúrias visuais, número de apenas quando o herbicida foi aplicado em
plantas e porte destas para atribuir a nota doses iguais ou superiores a 84 g ha-1,
de controle nos tratamentos com presença demonstrando a estabilidade destas doses
de herbicida, sendo que 100% na redução de porte das plantas voluntárias
correspondeu à morte de todas as plantas de soja RR®.
presentes na unidade experimental. Foi Os resultados de altura foram
avaliado também o estádio de semelhantes aos observados para massa
desenvolvimento das plantas de soja aos 7 seca. Doses iguais ou superiores a 56 g ha-1
e 28 DAE, sendo adotado a escala proposta de pyrithiobac-sodium, aplicadas no dia da
por Fehr et al. (1971). semeadura da soja RR® causaram redução
Além disso, aos 28 DAE, foi média de altura próxima de 70%. Estes
determinada a altura da soja medindo-se a resultados corroboram em parte com os de
distância entre a superfície do solo e o outro trabalho descrito na literatura, no
meristema apical das plantas. Foi qual os autores verificaram que a dose
determinada também a massa seca da parte necessária para reduzir 50% da altura (I50)
aérea, procedendo-se ao corte das plantas foi de 59,40 g ha-1 (GUERRA et al.,
de soja rente ao solo, e colocando o 2011a). Em ambos os trabalhos, o aumento
material vegetal imediatamente em estufa de dose do pyrithiobac-sodium causou
de circulação forçada de ar (70 ± 2 ºC) por maior redução na taxa de crescimento da
72 horas, posteriormente, pesando cada soja.
uma das amostras em pesado em balança
analítica.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância e quando foram
observados efeitos significativos entre os
fatores testados ou entre os níveis de cada
fator, aplicou-se o teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. A comparação entre os
tratamentos e a testemunha sem herbicida
foi realizada pelo teste Dunnett (p≤0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Tabela 2. Massa seca e altura de plantas de soja RR® aos 28 DAE, em função da época de
aplicação de pyrithiobac-sodium antecedendo a semeadura. Maringá-PR, 2010

Massa seca parte aérea (g por vaso)


Dose (g ha-1)
20 DAS1 10 DAS 0 DAS
pyrithiobac-sodium (28) 1,80 Aa 1,84 Aa 0,78 Ba*
pyrithiobac-sodium (56) 1,51 Aab 1,88 Aa 0,52 Ba*
pyrithiobac-sodium (84) 0,91 Abc* 0,94 Ab* 0,67 Aa*
* *
pyrithiobac-sodium (112) 0,58 Bc 1,17 Aab 0,54 Ba*
Testemunha sem herbicida 2,20
Altura das plantas (cm)
Dose (g ha-1)
20 DAS 10 DAS 0 DAS
pyrithiobac-sodium (28) 19,00 Aa 18,93 Aa 13,37 Aa
pyrithiobac-sodium (56) 17,56 Aa 13,75 Aab 6,81 Ba*
pyrithiobac-sodium (84) 9,00 Ab* 10,50 Ab* 6,54 Aa*
* *
pyrithiobac-sodium (112) 7,93 Ab 10,43 Ab 6,00 Aa*
Testemunha sem herbicida 20,93
Massa seca Altura
CV (%) 35,57 30,88
DMS testemunha (Dunnett, p≤0,05) 0,87 8,15
DMS linha (Tukey, p≤0,05) 0,80 6,83
DMS coluna (Tukey, p≤0,05) 0,73 7,53
1
Dias antes da semeadura (DAS); Médias seguidas por * foram inferiores à testemunha pelo teste Dunnett;
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Tukey

A paralisação no desenvolvimento contexto, em trabalhos com herbicidas


de plantas que receberam a aplicação de inibidores de ALS é interessante avaliar o
herbicidas inibidores de ALS (pós- seu efeito sobre o ciclo da planta-alvo,
emergência), ou que foram submetidas a verificando se o produto afeta o
crescimento em solo com resíduos destes desenvolvimento da espécie. Os dados de
produtos (pré-emergência), caracteriza-se estádio da soja RR® em função da
como um dos sintomas causados por atividade residual do pyrithiobac-sodium
herbicidas com este mecanismo de ação estão apresentados na Tabela 3.
(MONQUERO et al., 2011). Neste

Tabela 3. Estádio das plantas de soja RR® aos 7 e 28 DAE, em função da época de aplicação
de pyrithiobac-sodium antecedendo a semeadura. Maringá-PR, 2010

7 DAE 28 DAE
Dose (g ha-1) 1
20 10 0 20 10 0
pyrithiobac-sodium (28) V1 V1 V1 V4 V4 V3
pyrithiobac-sodium (56) V1 V1 V1 V4 V4 V2
pyrithiobac-sodium (84) V1 V1 V1 V4 V4 V2
pyrithiobac-sodium (112) V1 V1 VE V4 V4 V2
Testemunha sem herbicida V2 V4
1
Dias antes da semeadura (DAS)

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Aos 7 DAE, todas as doses de Os maiores percentuais de controle


pyrithiobac-sodium, independente da inicial de soja voluntária RR® pela
época em que foram aplicadas, causaram atividade residual do pyrithiobac-sodium
retardamento no desenvolvimento das no solo foram observados quando este
plantas de soja RR®, com destaque para a herbicida foi aplicado no dia da semeadura
dose de 112 g ha-1 aplicada no dia da desta espécie (Tabela 4). Verifica-se que,
semeadura. Nesta dose, as plantas independente da época de aplicação do
permaneceram apenas com os cotilédones pyrithiobac-sodium, há incremento no
acima da superfície do solo, sem a controle quando se aumenta a dose. As
formação das folhas unifoliadas. Entre as doses que apresentaram maiores níveis de
injúrias provocadas por herbicidas, cita-se controle, considerando a média das três
o retardamento no desenvolvimento das épocas de aplicação, foram 84 e 112 g ha-1,
plantas (THOMAS et al., 2005), que dentro com 66,33 e 73,08%, respectivamente.
do manejo da comunidade infestante em Na avaliação realizada aos 28 DAE,
uma lavoura pode permitir que as espécies as doses de 84 e 112 g ha-1 de pyrithiobac-
cultivadas exerçam controle cultural sobre sodium apresentaram menor variação nos
as plantas daninhas. valores de controle entre as diferentes
O retardamento no épocas de aplicação (Tabela 4). Maior
desenvolvimento das plantas e as reduções atividade residual do pyrithiobac-sodium
observadas na massa seca e altura das foi observada quando o herbicida foi
plantas de soja impostas pela atividade aplicado no dia da semeadura, observando-
residual de pyrithiobac-sodium, além de se valores de controle superiores em
reduzir o potencial de competição desta comparação com as outras épocas de
espécie com o algodoeiro, podem facilitar aplicação. O pyrithiobac-sodium apresenta
posteriormente o controle pelas aplicações elevado potencial de lixiviação, sendo o
em pós-emergência ou em jato dirigido, em volume de precipitação fator determinante
função do porte das plantas estar reduzido para a remoção deste herbicida na camada
(FOLONI et al., 1999). superficial do solo (SMITH et al., 2005). A
Aos 28 DAE, nota-se que para as partir da primeira aplicação, os vasos
duas primeiras épocas de aplicação, as foram irrigados a cada cinco dias, o que
plantas de soja RR® encontravam-se com pode ter favorecido à lixiviação do
crescimento paralisado na avaliação de 7 produto, resultando em menor atividade
DAE, retomaram seu desenvolvimento residual para as primeiras épocas de
vegetativo normal. A aplicação de aplicação.
pyrithiobac-sodium no mesmo dia da O potencial de lixiviação da
semeadura, em todas as doses avaliadas, molécula pyrithiobac-sodium, sobretudo
causou paralisação no desenvolvimento da em solos corrigidos com pH mais próximo
soja, com destaque para doses iguais ou a neutralidade (GUERRA et al., 2013), faz
superiores a 56 g ha-1. Mesmo quando não com que este herbicida possa ter
apresenta controle total da soja RR®, a considerável impacto ambiental,
simples paralisação no desenvolvimento especialmente com a utilização deste
destas plantas, causada pela atividade produto em solos com o lençol freático
residual do pyrithiobac-sodium, faz com localizado próximo das camadas mais
que o manejo destas plantas nas lavouras superficiais, o que poderia resultar em
de algodoeiro seja facilitado, pois em contaminação deste recurso hídrico. Vale
estádios iniciais de desenvolvimento as destacar que na classificação ambiental
plantas apresentam maior suscetibilidade à com relação à toxicidade, o único produto
ação dos herbicidas aplicados em pós- comercial formulado com o ingrediente
emergência (LIMA et al., 2011). ativo pyrithiobac-sodium comercializado
no Brasil é classificado como muito

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perigoso ao meio ambiente (II), sendo que medianamente tóxico (III) (AGROFIT,
a classificação toxicológica é 2013).

Tabela 4. Porcentagem de controle de soja RR® aos 7 e 28 DAE, em função da época de


aplicação de pyrithiobac-sodium antecedendo a semeadura. Maringá-PR, 2010

7 DAE - Controle (%)


Dose (g ha-1)
20 DAS1 10 DAS 0 DAS
pyrithiobac-sodium (28) 52,50 Bb* 41,25 Cc *
69,50 Ab*
pyrithiobac-sodium (56) 53,75 Bb* 43,75 Cc *
78,50 Aa*
pyrithiobac-sodium (84) 72,50 Aa* 53,75 Bb *
72,75 Aab*
pyrithiobac-sodium (112) 76,00 Aa* 63,75 Ba* 79,50 Aa*
Testemunha sem herbicida 0,00
28 DAE - Controle (%)
Dose (g ha-1)
20 DAS 10 DAS 0 DAS
* *
pyrithiobac-sodium (28) 43,75 Abc 25,00 Ab 40,00 Ab*
* *
pyrithiobac-sodium (56) 31,25 Bc 50,00 Ba 78,25 Aa*
pyrithiobac-sodium (84) 62,50 Aab* 69,50 Aa* 64,00 Aa*
* *
pyrithiobac-sodium (112) 77,00 Aa 66,50 Aa 85,75 Aa*
Testemunha sem herbicida 0,00
7 DAE 28 DAE
CV (%) 7,01 21,96
DMS testemunha (Dunnett, p≤0,05) 8,39 24,06
DMS linha (Tukey, p≤0,05) 7,04 20,17
DMS coluna (Tukey, p≤0,05) 7,75 22,23
1
Dias antes da semeadura (DAS); Médias seguidas por * foram superiores à testemunha pelo teste Dunnett;
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Tukey.

Os valores de controle observados interferência inicial no algodoeiro e


para a última época de aplicação do aumentar a capacidade de controle cultural,
pyrithiobac-sodium, que simula uma eles não são suficientes para promover o
aplicação em pré-emergência, demonstram controle demandado pelo vazio sanitário.
que a modalidade de aplicação deste Para atingir tais níveis de controle uma das
herbicida pode não interferir no efeito final opções é a utilização de outros herbicidas
de controle de soja RR®, pois níveis de em mistura com pyrithiobac-sodium, tais
controle semelhantes à aplicação do como amonio-glufosinate e glyphosate,
pyrithiobac-sodium em pós-emergência da para soja convencional (GRICHAR et al.,
soja já foram descritos (YORK et al., 2005; 2004; RAIMONDI et al., 2012b).
BRAZ et al., 2013). Os níveis de controle
observados, juntamente com os dados de CONCLUSÕES
estádio, massa seca e altura da soja,
demonstram que estas plantas estão sob Os níveis de controle verificados
condições de estresse, fazendo com que pela atividade residual do pyrithiobac-
sua capacidade competitiva seja reduzida sodium não são suficientes para posicionar
(LEE et al., 2009). este herbicida, visando à eliminação total
Embora os níveis de controle (entre de plantas voluntárias de soja RR®;
40 e 90%) sejam importantes para reduzir a

Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 99-107, dez. 2013.
G. B. P. Braz et al. 106

A atividade residual do pyrithiobac- cultura do algodoeiro. Planta Daninha,


sodium, visando ao controle de soja RR® é v.29, n.3, p.601-607, 2011b.
inversamente proporcional ao período de
tempo entre a aplicação e a semeadura da FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E.;
soja. BURMOOD, D.T.; PENNINGTON, J.S.
Maior supressão de soja RR Stage of development descriptions for
voluntária é obtida por meio de aplicações soybeans, Glycine max (L.) Merrill. Crop
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ARANTES, J.G.Z., TAKANO, H.K. das regiões produtoras da Bahia, Goiás,
Seletividade de amonio-glufosinate isolado Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
e em mistura com pyrithiobac-sodium em Maringá: Universidade Estadual de
algodoeiro transgênico LL®. Planta Maringá, 2012. 134p. (Dissertação –
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CONSTANTIN, J., RAIMONDI, M.A., FERREIRA, L.R.; CARDOSO, A.A.;
FRANCHINI, L.H.M., BIFFE, D.F., FREITAS, T.A.S.; PEREIRA, C.J.
ARANTES, J.G.Z., TAKANO, H.K. Interferência de plantas daninhas na cultura
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