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DESSECAÇAO PRE-PLANTIO E
Décio Karam
Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo e
membro do Conselho Científico para Agricultura
Sustentável (CCAS)
decio.karam@embrapa.br
Ivan Cruz
Pesquisador da Embfapa Milho e Sorgo
ivan.cruz@embrapa.br
Matheus Ferreira França Teixeira
Mestrando em produção vegetal na Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
teixeiramff@gmail.com
O
Brasil destaca-se como um dos
principais produtores mundiais
de alimentos. Porém, há as la-
gartas, que são tidas como as principais
pragas nas lavouras brasileiras e, nos úl-
timos anos, vêm aumentando de severi-
dade em várias áreas cultivadas.
Entre os motivos apontados para
esse crescimento, pqdem ser citados o
desequilíbrio biológico, o aumento da
exploração das culturas, entre outros.
O sucesso no controle das lagartas mui-
tas vezes está associado à aplicação de
. produtos químicos, seja de forma isolada
ou em associação com outros produtos. O produtor deve lembrar que tal uso te ração química se junta à molécula dos
O crescimento da área cultivada na dessecação não dispensa o tratamen- defensivos. Para que haja interação dos
causou impacto direto no setor de de- to de sementes. defensivos, ela acontece de maneira físi-
fensivos. A indústria de defensivosagrí- ca, em sua maioria, governada pelas ca-
colas começou o ano de 20 I O com uma Testes racterísticas físico-químicas (solubilidade,
expectativa de crescimento de 10% no pKa, Kow) dos defensivos, levando-os,
faturamento, sendo o consumo de in- Em algumas situações, as misturas por conseguinte, às interações químicas.
seticidas responsável por 21 % do vo- entre herbicidas e inseticidas podem le- Estudos com a mistura de glypho-
lume total utilizados. var à ocorrência de interações que se sate realizados por diferentes pesqui-
Vários agricultores utilizam mistura manifestam de forma aditiva, antagônica sadores com os inseticidas acephate,
em tanque de diferentes herbicidas e de ou sinérgica. Isso pode ou não prejudi- dicrotophos, dimethoate, fipronil, imi-
tierbicidas com inseticidas e/ou outras car o controle, bem como produzir efei- dacloprid, lambda-cyhalothin, oxamyl e
classes de defensivos, com o objetivo tos desconhecidos quanto à toxicologia. endosulfan, monocrotophos e difluben-
de aumentar o espectro de ação e re- Vários trabalhos têm sido conduzi- zuron não demonstraram efeito antagô-
duzir o número de aplicações. dos ao longo dos anos sobre a interação nico para o manejo de plantas daninhas.
entre herbicidas e inseticidas, avaliando- Entretanto, a adição de glyphosate ao
Manejo correto -se os efeitos antagônicos, sinérgicos e dicrotophos reduziu o controle de pul-
aditivos para o manejo de plantas dani- gão, embora a associação de inseticidas
Antes da definição de qualquer mé- nhas. Esses efeitos se manifestam após ao herbicida glyphosate gere diversas
todo de manejo, é preciso verificar as a interação física e química dos defen- interações, as quais não interferem no
espécies presentes para definir a ne- sivos, algo que raramente é pesquisa- manejo das plantas daninhas, em algu-
cessidade ou não do controle. Depen- do, talvez em razão do elevado núme- mas misturas. Convém salientar que os
dendo da escolha, deve-se considerar ro de produtos disponíveis no mercado resultados obtidos no controle da lagar-
sempre que há o risco de ocorrer uma e da legislação vigente sobre o uso dos ta Anticarsia gemmatalis são significati-
nova geração logo após a.emergência agrotóxicos. vamente afetados.
da cultura. Sendo assim, o uso de inse- Nesses termos, as interações físicas
ticidas na dessecação será importante estão comumente associadas aos ingre- Mais resultados
para diminuir a probabilidade de ocor- dientes inertes contidos nos defensivos
rência nas plantas por unidade de área. (formulações, solventes), enquanto a in- Outros estudos apontam que, quan-