Você está na página 1de 1

Home  Destaque

Destaque Gestão Agrícola Notas Técnicas Pragas

Como controlar mosca-branca


em soja?
Por  4517  0
Equipe Mais Soja

- 20 de dezembro de 2020

  

Curtir 226

A mosca-branca (Bemisia tabaci MEAM1) é uma das


principais pragas da cultura da soja, ocasionando
graves prejuízos econômicos à cultura devido às
dificuldades de seu manejo (Figura 1). Falhas de
controle e escassez de informações atualizadas têm
levado os produtores brasileiros de soja a aumentar
excessivamente o número de pulverizações por
safra, principalmente na região Centro-Oeste do
país. Como conseqüência, os custos de controle
aumentam e a sustentabilidade de longo prazo
dessa estratégia de controle é prejudicada, devido
à seleção de populações resistentes e potenciais
efeitos nocivos ao meio ambiente (ARNEMANN et
al., 2019).

Figura 1. Mosca-branca adulta em folha de


soja

Fonte: Grupo de Manejo e Genética de Pragas –


UFSM

O manejo integrado de pragas (MIP) é o uso de


diferentes estratégias para controle e convivência
com a espécie-praga. Entre as melhores opções de
inseticidas disponíveis atualmente no mercado para
o controle de mosca-branca, estão os produtos do
grupo dos reguladores de crescimento, como
pyriproxyfen (Figura 2). Esse inseticida interrompe
o desenvolvimento das ninfas de B. tabaci,
impedindo a ocorrência de novos ciclos. Por outro
lado, o controle dos adultos também reduz o
crescimento populacional da praga, em função da
redução na postura de ovos.

Certos estágios do ciclo de vida da mosca-branca


são mais suscetíveis ao controle natural por
predadores, parasitóides e patógenos. Dentre os
parasitoides de B. tabaci com ocorrência natural no
Brasil, destacam-se os gêneros Encarsia,
Eretmocerus e Amitus. A utilização de produtos
seletivos para o controle de B. tabaci, como os
reguladores de crescimento, representa uma forma
de auxiliar na conservação de inimigos naturais,
favorecendo assim o controle biológico da espécie.

Na figura abaixo são apresentados os resultados de


alguns produtos registrados para controle e que
compreendem os principais ingredientes ativos
utilizados no manejo da praga. Estes inseticidas
foram avaliados em 25 experimentos nas safras
2017/18 e 2018/19 conduzidos por 13 instituições
de pesquisa. Estes resultados constam na
publicação da Embrapa, CIRCULAR TÉCNICA – 158
– Resultados sumarizados dos ensaios
cooperativos, 2020. Clique aqui para conferir.

Figura 2. Número de ninfas por folíolo (NNF) e


eficiência (Ef%) dos tratamentos com inseticidas
específicos para Bemisia tabaci – biótipo B em
relação à testemunha sem controle aos 7 dias após
a primeira aplicação (dda1) e aos 3, 7, 10 e 15 dias
após a segunda aplicação (dda2) dos ensaios que
apresentaram população média 7,8 a 9,3 ninfas por
folíolo (menor infestação) na safra 2018/2019.

Fonte: Embrapa, CIRCULAR TÉCNICA – 158 –


Resultados sumarizados dos ensaios cooperativos,
2020. Clique aqui para conferir.

Apenas para ilustrar, quanto ao impacto da praga


na produtividade, neste mesmo ensaio os
resultados obtidos foram estes:

Figura 3: Produtividade média (kg ha−1) e eficiência


(%Ef) dos tratamentos com inseticidas específicos
para Bemisia tabaci – biótipo B em relação à
testemunha sem controle (T11) nos ensaios da
safra 2018/2019.

Na publicação original, podem ser encontrados os


dados referentes as duas safras conduzidas no
ensaio realizado em rede.

Os piretróides como um todo são preferidos pelos


produtores devido ao seu efeito rápido e visível; no
entanto, seu amplo espectro de ação também pode
resultar em efeitos prejudiciais sobre os inimigos
naturais, como parasitóides e predadores.
Aplicações sequenciais são particularmente
importantes para o desempenho de inseticidas
piretróides, que proporcionam basicamente um
efeito de choque (SALGADO, 2013). Os inseticidas
pertencentes ao grupo químico dos neonicotinóides,
por outro lado, proporcionam efeito residual mais
prolongado aliado à sistemicidade na planta
(STAMM et al., 2016), o que pode estar ligado a
uma maior eficiência de controle das ninfas de B.
tabaci (ARNEMANN et a., 2019).

Ao infestarem a cultura da soja, as ninfas de


mosca-branca tendem a concentrar-se nos terços
médio e inferior das plantas (CZEPACK et al.,
2018), no lado abaxial dos folíolos e nas áreas
central e inferior de sua superfície (POZEBON et al.,
2019). Portanto, os adultos de B. tabaci estão mais
expostos ao contato direto com o inseticida
pulverizado, enquanto o controle das ninfas
depende mais da eficácia de translocação do
inseticida dentro da planta.

Arnemann et al. (2019) observaram aumento na


eficiência de controle de mosca-branca após a
segunda aplicação, indicando que pulverizações
sequenciais começando no início da infestação são
um fator chave para o controle de B. tabaci nas
lavouras de soja. Consequentemente, o limiar de
controle da mosca-branca na soja deve ser
estabelecido em um estágio inicial da infestação.
Segundo Padilha et al. (2020), esse limiar é
alcançado quando a densidade populacional média
da praga chega a 1,5 mosca-branca por trifólio,
considerando um custo de controle de R$ 90,00 por
hectare e valor da soja de R$ 120,00 por saca.

Ademais, segundo Arnemann et al. (2019) a


combinação dos inseticidas ciantraniliprole +
lambda-cialotrina, na dose de 100 + 7,5 g de
ingrediente ativo por hectare proporcionou a maior
eficácia de controle para adultos de mosca-branca
(65% de controle). Já para as ninfas, o tratamento
mais eficiente foi a combinação acetamiprido +
pyriproxyfen, na dose de 60 + 30 g de ingrediente
ativo por hectare (67% de controle).

è importante lembrar, que o manejo integrado


compreende diferentes pilares, e até mesmo o
controle de plantas daninhas também contribui
para evitar a proliferação da praga na entressafra,
já que muitas delas servem como plantas
hospedeiras para B. tabaci.

Considerações finais

No cenário atual de proteção das culturas agrícolas,


o uso de inseticidas químicos continua sendo a
estratégia de controle mais eficiente e
economicamente viável para B. tabaci na soja.
Entretanto, a exposição contínua aos inseticidas
sem alternância de modos de ação eleva o risco de
surgimento de populações resistentes,
comprometendo a eficácia dessa técnica em longo
prazo. Assim, é imprescindível a adoção de
medidas preventivas que desfavoreçam o
desenvolvimento de mosca-branca nas áreas de
cultivo de soja, empregando-se o controle químico
em uma estratégia integrada com medidas de
controle biológico e cultural.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando


PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e
Coordenador do Grupo de Manejo e Genética
de Pragas – UFSM

REFERÊNCIAS

ARNEMANN, J. A. et al. 2019. Managing whitefly in


soybean. Journal of Agricultural Science.
Disponível em
http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jas/article/

BUENO, A. F. et al. Mosca-branca. Ageitec –


Agência Emrapa de Informação Tecnológica.
Disponível em
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/soja/a

PADILHA, G. et al. Damage assessment of Bemisia


tabaci and economic injury level on soybean. Crop
Protection, 2020. Artigo em trâmite para
publicação.

VIEIRA, S. S. Redução na produção da soja


causada por Bemisiatabaci(Gennadius) Biótipo B
(Hemiptera: Aleyrodidae) e avaliação de táticas de
controle. Dissertação de Mestrado. Lajes, SC.
Disponível em
http://www.cav.udesc.br/arquivos/id_submenu/721/d

VIVIAN, L. Manejo de infestação de mosca branca


em soja e algodão. Revista Cultivar. Disponível
em https://www.grupocultivar.com.br/artigos/alta-
infestacao

YOKOYAMA, M. Controle da mosca branca


(Bemisiatabaci raça B). Pioneer. Disponível em
http://www.pioneersementes.com.br/media-
center/artigos/62/controle-da-mosca-branca-
bemisia-tabaci-raca-b

TAGS agro controle manejo mosca-branca químico

  

Curtir 226

Previous article Next article

A importância da primeira Destaques da semana Mais


aplicação de fungicidas em Soja
soja

Equipe Mais Soja

A equipe editorial do portal Mais Soja é formada por


profissionais do Agronegócio que se dedicam diariamente
a buscar as melhores informações e em gerar conteúdo
técnico profissional de qualidade.

Artigos Relacionados
Mais do autor

Argentina: 2022 termina O primeiro modelo de Produtores de soja


com a primavera mais risco de ocorrência de iniciam 2023 em alerta
seca dos últimos 35 ferrugem asiática pela falta de chuvas na
anos na região central. desenvolvido no Rio Argentina, RS e SC.
Queda no rendimento Grande do Sul é do Potencial ainda é de
potencial já chega a... sistema cooperativista safra recorde

 

Nenhum comentário

Deixar um comentário

Comentário:

Name:

Email:

Website:

Postar Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda


como seus dados de comentários são processados.

Últimos Destaques

Argentina: 2022 termina com a primavera


mais seca dos últimos 35...
1 de janeiro de 2023

O primeiro modelo de risco de ocorrência de


ferrugem asiática desenvolvido...
1 de janeiro de 2023

Produtores de soja iniciam 2023 em alerta


pela falta de chuvas...
31 de dezembro de 2022

Safra 2022/23 de trigo deve recuar 39,8% na


Argentina, para 13,3...
31 de dezembro de 2022

Analista vê diQculdade em projetar


tendência de preços do trigo para...
31 de dezembro de 2022

NEWSLETTER MAIS SOJA


Assine GRÁTIS nossa newsletter e receba conteúdos
exclusivos semanalmente.

E-mail

Inscreva-se!

Notas Técnicas

Novas regras para uso de sementes no país


entram em vigor...
31 de dezembro de 2022

Baixo teor de proteína nos grãos de trigo:


ConQra as possíveis...
31 de dezembro de 2022

O papel dos Fitormônios na Qsiologia das


sementes
30 de dezembro de 2022

Qual o intervalo entre a aplicação zero e a


primeira verdadeira...
29 de dezembro de 2022

Percevejo-marrom em soja: identiQcação e


controle
29 de dezembro de 2022

Mais Lidos

EQciência de fungicidas para o controle da


ferrugem-asiática da soja, Phakopsora...
19 de julho de 2019

Associação de sa\ufenacil para o controle


de buva (Conyza spp.) com...
29 de dezembro de 2018

Interferência da buva e capim-amargoso na


soja
26 de novembro de 2019

Aplicação prática da escala fenológica na


cultura da soja
24 de outubro de 2019

Horário de aplicação de fungicidas e


controle de ferrugem asiática da...
6 de janeiro de 2018

Últimos destaques

AQnal, os pesticidas aprovados no Brasil


estão proibidos em outros países?
21 de junho de 2022

Resistência de lagartas à soja Bt:


pesquisadores alertam para o uso...
20 de dezembro de 2021

EQciência de fungicidas para o controle da


ferrugem asiática da soja,...
16 de novembro de 2021

Deriva de herbicida in\uencia o rendimento


da soja na região central...
27 de outubro de 2021

Uso de drones para controle biológico de


pragas atrai investidores
25 de outubro de 2021

Notas Técnicas

Novas regras para uso de sementes no país


entram em vigor...
31 de dezembro de 2022

Baixo teor de proteína nos grãos de trigo:


ConQra as possíveis...
31 de dezembro de 2022

O papel dos Fitormônios na Qsiologia das


sementes
30 de dezembro de 2022

Qual o intervalo entre a aplicação zero e a


primeira verdadeira...
29 de dezembro de 2022

Percevejo-marrom em soja: identiQcação e


controle
29 de dezembro de 2022

Sobre Nós Publicidade Termos de uso Contato

Desenvolvido por TechnoBox Tecnologia.

Você também pode gostar