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QUEM

SOU EU

Thiago Vitorio é um pianista, produtor musical,


arranjador e compositor que atualmente reside no Brasil,

após passar quase 6 anos em Boston.

Recém-graduado da prestigiosa Berklee College of


Music, nasceu em Barra Mansa, RJ e apesar da pouca
idade, tem percorrido um longo e vitorioso caminho
musical. Já acompanhou nomes como Milton
Nascimento, Toninho Horta, João Bosco, Tia Fuller, David
Chew, Isaac Karabchevsky e Gilson Peranzzetta e gravou
com a banda Jota Quest no Avatar Studios em Nova
York. Em 2011, depois de um duro processo seletivo, o
projeto Artes & Transformação Social o selecionou para
fazer um curso patrocinado pelo Instituto de Artes da
California (CalArts) em Los Angeles. Dois anos depois,
foi convidado para ser arranjador e pianista de uma
turnê nos Estados Unidos que ia de Boston à California
com um grupo de jovens brasileiros. Em seu período na
Berklee, trabalhava como tutor dos alunos e
recentemente em uma entrevista ao jornal "Voyage LA"
de Los Angeles, contou que além de trilhar um caminho
de desenvolvimento de sua arte, tem como premissa
fazer discípulos, influenciando na musicalidade dos
estudantes brasileiros.
Dicionário
Mini-Monstro
BAGA MINI-MONSTRO
Um fruto pequeno mas

Algo gigantesco,

com sementes múltiplas.

colossal, fora das

Algo único, mágico e

proporções normais.
transformador. Baga

também pode ser o

apelido de alguém.

NÃO SEJA MOSCA DE BOI METER GOL

Não seja teimoso; preste


Mandar bem; atingir o

atenção; não seja lerdo; objetivo.

BAGUIO É LOUCO BORA

Expressão que indica

surpresa, choque e
Vamos; estamos juntos!
admiração.

clique nesse ícone toda vez


que ele aparecer, para
ouvir o exemplo.
Sumário
Em meados de 2015, um menino chamado James

Barlett estava de passagem fazendo um curso

temporário na Berklee e eu o acolhi em meu apê.


Eu sabia que ele era pianista também, mas nunca o

tinha visto tocar. Em uma certa noite, começamos uma


"jam" em cima de um standard de jazz, "Solar" e no

segundo chorus de improviso dele, eu não aguentei.

Sua maneira de tocar era diferente. Os dedos dele iam


para lugares aparentemente aleatórios e mesmo

assim, tirava uma sonzeira de fazer até o mais leigo

arregalar os olhos. O marvado tinha uma fluência

surreal para tocar frases longas, Ele podia passar

horas fazendo fusas ou sextinas sem parar e com

muito swing. Eu não aguentei e tive que perguntar:

GUIA MINI-MONSTRO DA IMPROVISAÇÃO 05


"Mano, como você estudou para ter tanta fluência em

suas linhas assim?“

Foi quando James me disse que fez umas aulas com

Taylor Eighsti e que este, havia aprendido o método

com Brad Mehldau.


Naquela hora eu não podia crer que no que estava


ouvindo. Sério, eu surtei - mas só por dentro pra não
assustar o maluco. Perguntei:

"Que método?“

Ele me contou que um dia ele estava em Nova York e


mandou um e- mail para Taylor interessado em fazer
uma aula. Taylor o convidou para sua casa no Harlem
e após 2 horas de aula, Taylor perguntou: "Você já
estudou 'non-sop eight notes’ ? - colcheias sem parar
?"
James respondeu que já tinha praticado frases,
motivos, escalas mas nunca apenas em colcheias sem
parar.

Taylor explicou que praticar apenas colcheias com a


acentuação deslocada fornece o bloco essencial para
improvisar fluentemente e sem esforço lá na frente. Ele
disse:
"A maneira que se ensina nas escolas é errado. As
escolas querem ensinar improvisação falando de
deixar espaço entre as frases. É a mesma coisa que
você ensinar Inglês dizendo que o primeiro passo é
falar pouco, usando muitas lacunas entre as
sentenças. Por isso, as pessoas desistem
rapidamente, pois aprendem a língua fracionada, não
por inteiro e isso as frustram. Estudar pequenas frases

6
e deixar espaço é a 'cereja do bolo' é a última coisa

que um aluno que está começando, deve fazer.

Praticar apenas colcheias fornece o bloco essencial

para tocar fluentemente e sem esforço lá na frente."


James disse que iniciou seus estudos com o


metrônomo em 40bpm e foi subindo gradativamente
tocando apenas colcheias com acentuação deslocada
dentro de uma escala. Em 2 horas ele estava em 280
bpm.

Logo, ele aplicou o mesmo processo em músicas e


pelo resto dos dias que ele ficou no meu apê, me
ensinou o passo a passo de como aprendeu.

Há alguns dias atrás eu fiz uma live com Jimin Park -


ganhadora de concursos internacionais e sensação
em ensinar e tocar Jazz no Youtube - perguntei pra
ela: "Jimin, como vc estuda, sei lá... Pentatônicas?“ Ela
me disse:

"Alguém me falou um jeito de estudar, não lembro


quem, mas que eu uso até hoje. Mudou a minha forma
de estudar qualquer assunto relacionado à
improvisação."
Quando ela disse isso, eu fiquei de cara! Há 6 anos
atrás, eu aprendi com James um método que ele
aprendeu com Taylor, que aprendeu com o Brad. Fiquei
tão fascinado que contei para muitos amigos na
Berklee, dentre eles estava a Jimin. Mesmo alguém
como a Jimin ainda usa esse método para estudar
escalas.

Então, não seja mosca de boi! Você está prestes a


conhecer o revolucionário "Guia Mini-Monstro da
Improvisação."

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Você já deve ter se perguntado o porquê de improvisar

ser tão difícil, não é?


Alguns chegam a dizer que você precisa nascer com


um talento sobrenatural para conseguir.
Eu prefiro pensar que tudo é uma questão de disciplina
e prática correta. Nessa breve pesquisa, aprenderemos
os pilares que constroem um bom solo baseado em
uma dada harmonia em qualquer estilo.
De acordo com Souza Jr, no livro “Lições de Teoria
Musical”:

8
"Muitas são as formas que o homem tem para

manifestar sua vontade e transmitir seus pensamentos

para ser entendido pelos outros. Dentre essas formas,

destacamos a fala e a escrita. A escrita, com seus

sinais, reproduz a ideia de forma iconográfica,

enquanto a fala reproduz, através do som, o

pensamento do homem. Porém, a utilização do som na

fala não obedece a padrões, é uma coisa instintiva.

Nesse momento, percebemos a grande diferença entre

a utilização do som na fala e na música.”

Por mais que pensemos nos improvisos como mera

intuição, a verdade é que você pode treinar sua mente

para ser intuitiva. Existem técnicas de estudos

específicas para aflorar isso, mas a melhor delas é

entendendo os caminhos feito por quem já sabe.


Por isso, ao final de cada módulo, veremos como os

grandes mestres dessa arte usaram as técnicas

abordadas em seus solos.

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De acordo com o dicionário, escala é uma sequência

ordenada de notas. Infelizmente essa definição é a

causa de estudarmos errado a vida inteira. Pensar que


a escala é apenas uma sequência ordenada de notas é
o mesmo que ter uma câmera 4K e escolher gravar

usando resolução 480p.


Desde nosso primeiro contato com o instrumento, nos

é ensinado a estudar escalas. O professor fala: "para a

próxima aula, quero que pratique a escala de Dó maior

em 3 oitavas devagar subindo e descendo, pra baixo e

pra cima." Depois - se seu instrumento for harmônico

- nos pedem para estudá-la em terças, oitavas, mas

sempre de forma ordenada (uma nota do lado da

outra) não nos estimulam a criar com as marvadas,

apenas a executá-las.

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Olha, se você quer aprender a improvisar, precisa

estudar escalas SIM, mas não desse jeito!


O segredo está na DESORDEM e INTERCALAÇÃO DAS

NOTAS. Eu sei que soa complexo e você deve estar

pensando em escalas cabeludas como: alterada,

diminuta, simétrica ou de tons inteiros.


Elas realmente são muito legais, mas e se eu te disser

que a escala base para improvisos de Charlie Parker,

Coltrane e Miles, era nada mais nada menos do que a

ESCALA MAIOR ?

Peguemos a escala de Dó Maior (começando por Dó)

por exemplo. “Ué mosca de boi, mas Dó Maior não

começa sempre por Dó?” Aí que você se engana!


À medida que trocamos o ponto de partida de uma

escala, podemos alterar seu modo (maior, menor ou

dominante).

Ou seja, a escala de Dó Maior (modo maior) começada

pela nota “Ré” vira uma escala de modo menor

conhecida como ‘Ré Dórica’.


Mas como uma vez me disse meu antigo professor

Gilson Peranzzetta: “Deixe para dar nome aos bois,

quando você tiver uma fazenda...” Não vamos dar

nome aos bois e nem falar de modos gregos.


O que eu quero dizer é que você pode usar uma ÚNICA

ESCALA para improvisar em cima de VÁRIOS ACORDES


(Maiores, menores ou Dominantes).

Observe a tabela abaixo:

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ACORDE ESCALA DE DÓ MAIOR MODO

Cmaj7


Mi
Fá Sol

Si
Maior

Dm7

Mi

Sol Lá
Si Dó
Menor

Em7
Mi Fá
Sol
Lá Si Dó Ré
Menor

Fmaj7

Sol

Si Dó
Ré Mi
Maior

G7
Sol Lá
Si
Dó Ré
Mi Fá
Dominante

Am7 Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Menor


Fá Dominante
Bm7(b5) Si Dó RéMi Sol Lá

Para melhor compreensão, vamos imaginar a Escala


Maior como se fosse um espião da KGB.

Múltiplas Identidades

ESPIÃO SIMBOLIZA A ESCALA MAIOR, AS MÚLTIPLAS

IDENTIDADES OS SETE ACORDES DO CAMPO HARMÔNICO


MAIOR E A MISSÃO É FLUIREM QUALQUER ACORDE.


Considerando que a grande maioria das músicas


possuem apenas acordes menores, dominantes e
maiores, é justo dizer que se você dominar a Escala
Maior, você estará pronto para improvisar em
QUALQUER MÚSICA. Mas para isso, você precisa se
familiarizar com um termo chamado de "Memória
Muscular" primeiro.

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O que é a Memória Muscular

Sempre que fazemos um movimento – ou exercício –

repetidamente, criamos um trajeto desse movimento

no cérebro, que informa quais ações são necessárias

(como contrações musculares) para que seja possível

realizá-lo.

De acordo com a Frontier in Physiology:

"Ao passo que fazemos um mesmo movimento ou

exercício repetidamente, nosso cérebro registra o

trajeto que esse movimento precisa para ser

executado. Com isso, somos capazes de criar atalhos

para realizá-lo (o que pode evitar lesões, em alguns

casos) e, inclusive, garantir o desenvolvimento dos

músculos envolvidos nessa ação mesmo após algum

tempo parado."

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Não entendeu ainda né famoso mosca? Relaxa, deixa

que o baga te explica. Sabe quando você estuda,

estuda, estuda, mas chega na hora do 'play' só toca

as mesmas velhas idéias? Ou quando você está

tocando e quer aplicar o que está aprendendo, mas a

música acaba e você não lembrava como aplicar os

paranauê? Isso não acontece porque você não tem

talento ou porque não é criativo.


Isso acontece simplesmente porque você ainda não


transformou em memória muscular essas novas
informações. Direto e reto: se você tiver que pensar na
hora "H", você não vai tocar. Por isso os assuntos
precisam estar em sua memória muscular. Até rimou
haha.
À essa altura você deve estar pensando "Pô Thiagão,
já vi que pra eu poder fluir no play, eu preciso deixar as
coisas que quero tocar em minha memória muscular,
mas... qual é o jeito certo de estudar para que eu não
precise pensar na hora "H"?

Através da REPETIÇÃO e da PRÁTICA DELIBERADA.

Deliberate Practice

Esse é um processo estruturado que tem como


objetivo promover ajustes, correções e melhorias
através de isolar uma coisa de cada vez de forma
intencional e focada. Usada por Michael Phelps, Tiger
Woods, Warren Buffet, Will Smith, Cristiano Ronaldo e
Chick Corea é considerado o modo mais eficaz de se
alcançar alta performance no ramo que você quiser.
Aprender a praticar corretamente é a chave para ver
resultados em qualquer área.

14
Esse livro foi dividido em 4 módulos:

BRINQUE COM A ESCALA, TARGETS, APPROACH

NOTES, TIME-FEEL e contêm uma receita com o passo

a passo de como se deve estudar cada tópico.


Tudo para que você finalmente aprenda a estudar


escalas com a finalidade de improvisar.
Por isso precisamos explorar ao máximo, as
possibilidades que existem dentro da Escala Maior.
Pode parecer assustador no início, mas eu já vou
adiantando que o que vai trazer resultado são três
coisas: focar em um elemento de cada, disciplina e o
tempo.

15
01

Módulo 1
Brinque com a
escala

GUIA MINI-MONSTRO DA IMPROVISAÇÃO


Agora você já sabe que para fluir dentro de uma escala

e, consecutivamente, em um acorde, você precisa

deixar seus movimentos em memória muscular

através da Deliberate Practice. Acontece que para

deixar uma escala em sua memória muscular, você

precisa brincar com ela. Quando digo ‘brincar’, não é

figura de linguagem, é literalmente brincar! Ser íntimo

e se divertir com ela. É como se você dissesse ao seu

cérebro: “Ei, você está limitado a usar apenas essas 7

notas. Seja criativo agora!”


Se quer ser criativo na hora da improvisação, você

precisa aprender a se divertir com a escala enquanto

estiver estudando. Isso faz com que você adquira total

domínio sobre ela e pare de enxergá-la como algo

chato, mas como um mundo de possibilidades, cores e

combinações numéricas.

Como esse assunto é muito amplo, eu já fiz o dever de

casa por você. Abaixo você conhecerá o famoso Guia

Mini-Monstro - o mesmo que James me passou.

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Obs: É aconselhável que você estude 1 tópico por dia

e passe pelo menos 15 min em cada um. Lembre-se

que o mais importante é estudar uma coisa pequena

de cada vez!

GUIA MINI-MONSTRO

(Brinque com as Colcheias


METRÔNOMO 40 BPM: para começar, deve ser bem
devagar e à medida que for entendendo o exercício,

aumentar a velocidade aos poucos.


15 MINUTOS: Nosso cérebro não concentra em uma coisa

só por mais de 15 minutos consecutivos, então... estude

FOCADO POR 15min, pare 10min e retorne.


APENAS COLCHEIAS: todos os exercícios devem ser

praticados APENAS EM COLCHEIAS! É algo que na gringa

eles chamam de “shed the eight note” (brinque com as

colcheias). O objetivo desse estudo é criar non-stop lines

então, uma vez que você começou a fazê-lo, NÃO


PARE até dar os 15 minutos.
SFORZANDO: cada exercício deve ser praticado em
staccato, legato ou da seguinte maneira:

NOTAS CURTAS, SEGUIDAS DE ACENTUAÇÃO LIGADAS EM

NOTAS CURTAS.
ACENTUAÇÃO: Cada exercício deve ser praticado
acentuando as colcheias NO CONTRATEMPO, conforme
mostrado no tópico anterior. Mas futuramente, a
acentuação pode ser em qualquer uma das colcheias, o
importante é que haja acentuação!
CANTAR: No fim do dia, todo músico só quer aprender a
cantar com seu instrumento. Se você quer que seu
instrumento seja uma extensão do seu corpo, você precisa
cantar tudo que você estiver estudando, para começar a
ouvir antes de executar.

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GUIA MINI-MONSTRO APLICADO
PARA DOMINAR UMA ESCALA
ESTUDAR EM INTERVALOS: escolha algum INTERVALO
DIATÔNICO (dentro da escala) Ex: terças, quartas,
sextas, etc) e trabalhe apenas eles em qualquer escala,
mas focaremos na Escala Maior.
ARPEJOS COM SÉTIMA: Arpejos com Sétima (Dó – Mi –
Sol - Si) são seus melhores amigos. Vá subindo a escala
arpejando cada acorde dela. Ex: C, Dm, Em, F, G7... Sério,
HÁ PODER NOS ARPEJOS!
NOTAS SEQUENCIAIS: Ahh.. aqui é apenas a escala da
forma que você provavalmente já conhece. Mas o intuito
não é tocá-la pra baixo e pra cima e sim explorar
variações das notas em sequência.
NOTAS ALEATÓRIAS DA ESCALA (Dó – Si – Ré – Sol –
Mi...): Aqui é onde diferenciamos os homens dos meninos!
Se você realmente quer conhecer uma escala, precisa
desconstruí-la. Tocar notas sem nenhuma relação ou
padrão, apenas aleatórias. A única regra é que devem ser
DIATÔNICAS (de dentro da escala).
REPETIÇÃO: O manda-chuva de todos os tópicos, é e
sempre será a REPETIÇÃO! Se você quer aprender a
praticar corretamente, deve encontrar padrões e repetí-
los partindo de outros graus da escala. Sem repetição
não existe improviso e onsequentemente, não existirá
música, apenas um monte de notas aleatórias sem
contar nenhuma história coerente.
COMBINAÇÃO: Uma vez que você está se sentindo
confiante nos tópicos anteriores (arpejos, intervalos,
sequenciais e aleatórias), é hora de COMBINAR todos eles!
Aqui a sonzeira já deve começar a aparecer! Lembre de ser
intencional em cada escolha que fizer, você vai sentir se
estiver fazendo certo! Seja intencional!

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Ex 1. Mod 1 Notas Sequenciais

Repetir articulação do 1º compasso

Ex 2. Mod 1 Intervalos e Saltos

Ex 3. Mod 1 Arpejos com Sétima

Ex 4. Mod 1 Notas Aleatórias

Ex 5. Mod 1 Repetição de Ideias

Ex 6. Mod 1 Liquidificador Baga

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Nessa fase, você deve estar apto a conhecer muito bem
uma escala, ela é a base maior para entrarmos o nosso
próximo tópico. Abaixo vou deixar exemplos de trechos
de solos famosos onde o improvisador utilizou-se
apenas da Escala Maior (SEM ALTERAÇÃO) e de tudo
que foi dito nesse módulo (notas sequenciais,
aleatórias, intervalos e repetição de ideias) em seu
solo. Isso prova que, sim, elas estão sempre presentes,
mesmo que às vezes nem soem como tal.

Brincando com Notas Sequenciais

Brincando com repetição de motivo (ideia)


criado no compasso anterior
Brincando com Intervalos
Brincando com Silêncio

Arpejos

21
PRIMEIRO CHORUS DO SOLO DE

MILES DAVIS EM "SO WHAT"

Transcrição 1. Mod 1
Pensando na escala de D maior o tempo todo até compasso 16

Repetição

22
SONNY ROLLINS EM "ST THOMAS"

Transcrição 2. Mod 1
Brincadeira na Escala de C maior

Intervalo de 5ªs Intervalo de 4ªs

Intervalo de 3ª

ar pe jo Fm aj7

arpejo

Intervalo de 2ª

ar pe jo Fm aj7 ar pe jo C
ar pe jo G

23
PRIMEIRO CHORUS DO SOLO DE

CANNONBAL ADDERLEY EM
"SO WHAT"

Transcrição 3. Mod 1 brincando com notas ordenadas na escala de A maior

ior 7
d e A ma r p e j o de DM
ar p e j o a

arpejo E M a io r
de A6 a r p e jo d e
brincando sempre na escala de A maior

arp
arp ejo
ejo de a r p e jo d e
de Bm E m a io r
F# 7(9
m )

repetiç
ão mon
do mot stra
intervalos de 3ª, 2ª e 4ª an tec ipa nd o esc ala de Eb ma ior ivo pela
escala

arp ejo de Bb
esc ala de Bb ma ior

arp
ejo arp arp ior
de
Cm ejo ejo int erv alo de 6ª na esc ala Bb ma
7 de de
Bbm Cm
aj7

antecipando escala
de A maior

24
Vimos que por estes breves trechos, a partir do

momento que você internalizar a Escala Maior, você

poderá criar melodias e frases mini-monstras com ela.

Como no solo de Sonny Rollins, onde ele inicia seu

solo apenas brincando com o intervalo de 5ªJusta e

depois explora o mesmo motivo em intervalos de 4ª

Justa, 6ªMaior ou mesmo em 5ª Justa mas partindo

de outras notas da escala - repetição de ideias.


No solo de Coltrane, percebe-se o constante uso dos

arpejos – assunto do próximo módulo. Vemos que o

gênio deve ter passado bastante tempo trabalhando

apenas essa técnica - já que na hora "H" se você tiver

que pensar, você não vai tocar.


Mas se tem uma coisa que todos os solos acima têm

em comum é a REPETIÇÃO DE IDÉIAS! Miles era o rei

dessa arte. Por isso, quando estiver estudando, não

hesite em repetir ideias a partir de outras notas da

escala.

25
02

2
TARGETS
Lembra que a vida toda você ouviu dizer que “menos é

mais?” Hoje você vai finalmente entender o porque.

Aprendemos anteriormente que existem várias

maneiras de trabalharmos os arpejos - execução

sucessiva das notas de um acorde - dentro de uma

única escala. Nessa etapa, estes arpejos receberão o

nome de “Targets” ou se preferir, ‘alvos.’ Mas não

podemos mencionar Targets sem antes esclarecermos

o que é Tétrades.

O que são Tétrades?

Bom, você deve se lembrar que “tríades” são 3 notas


sendo tocadas simultaneamente formando um acorde.
Por exemplo: “Dó, Mi, Sol” é a tríade de Dó Maior no
estado fundamental – com o Dó no baixo – e já que o
Dó é o 1º grau, o Mi é o 3º grau e o Sol o 5º grau, essa
tríade recebe os números: 1 – 3 – 5.

27
5
Tríade com C maior

TRANSFORME TUDO EM NÚMERO, POIS DESSA FORMA


FICA MAIS FÁCIL DE TRANSPORTAR TODAS AS

TONALIDADES.

Agora que já temos nossa tríade, basta adicionarmos


uma nota para encontrarmos nossa Tétrade. Ex: “Dó,
Mi, Sol, Si” (1-3-5-7).

Nesse caso, adicionamos o “Si” que é a 7ª de Dó (mas


poderia ter sido qualquer outra nota, que continuaria
sendo uma tétrade, pois seriam 4 notas sendo tocadas
simultaneamente).

Qual é a Tétrade Mais Usada em Improvisos

A tétrade melhor amiga de quem quer aprender a


improvisar é a tétrade construída a partir de terças
sobrepostas. A mesma abordada nos exercícios do
G.M.M no módulo anterior.

Dó Mi Sol Si

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Você deve estar se perguntando: “como assim,
Thiagão? Como que esses acordes na forma mais
simples do mundo são a base de tudo?” Veja bem, você
se lembra da passagem bíblica que fala sobre cnstruir
uma casa na rocha e não na areia? Então, em música,
simples é sofisticado e menos é sempre mais. A forma
fundamental com 7ª de um acorde nos dá a rocha para
o improviso não soar aleatório, mas ter
sempre um ponto de chegada, um alvo, uma target.

Mas não seja mosca de boi hein? Quando falamos de


tétrade com a sétima falamos dela espalhada por toda
escala, não apenas em cima de Dó maior. Portanto,
isso inclui todos os acordes da escala. Como mostra a
figura abaixo:
Cmaj7 Dm7

Em7 Fmaj7

G7 Am7

Bm7(b5)

Viu só como as targets possuem a mesma estrutura


(1-3-5-7)?

29
Cada exercício deve ser estudado seguindo o Guia
Mini-Monstro (pag. 14). Ah, lembre que esses são
apenas quatro compassos exemplificando como se
deve praticar oexercício.

O objetivo não é você repetir o que ouvir, mas


principalmente despertar sua criatividade para
combinar apenas arpejos e notas sequenciais dentro
de uma única escala por pelo menos 15 minutos
consecutivos.

Tarjets Arpejadas

Módulo Anterior

30
Ex 1. Mod 2

Ex 2. Mod 2

Ex 3. Mod 2

Ex 4. Mod 2

31
Pelos exemplos acima é possível notar que só o fato
de combinar arpejos e notas sequenciais de uma
escala, com acentuação correta no contratempo, a
sonoridade já começa a mudar. Como de praxe,
bora dar uma olhada em trechos de improvisos
onde foram usados os conceitos abordados neste
módulo. O mapa abaixo vai te ajudar a entender o
que está rolando no slo.

Não esquece de clicar no para ouvir a sonzeira!!

TARGETS ARPEJADAS EM ORDEM 1-3-5-7

Obs: essas targets não se limitam apenas ao que estiver na cifra, elas poderão ser tiradas de

qualquer um dos graus do campo harmônico da Escala maior da tonalidade da música. Ex:

Imaj7 , IIm7, IIIm7, IVmaj7, V7, VIm7 ou VII dim7

Cada vez que elas forem usadas significa que o improvisador estava pensando na escala maior

da tônica da música.

INDICA MÓDULO ANTERIOR

Notas ordenadas, intervalos, repetição de idéias e pausas

TARGETS TIRADA DE ESCALAS NÃO ABORDADAS NESSE


MÓDULO

Símbolo que você verá toda vez que o improvisador usar arpejos que foram gerados
em outras escalas e centros tonais.

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TRECHO DO SOLO DE CHARLIE

PARKER EM " ANTHROPOLOGY"

Transcrição 1. Mod 2
target Dm

5
b3 ant
1 eci
tar pand
g o
target Targe de ets
Cm7 t Ebm Cm

b7
5 5 b3
b3 1
1
targ et Bb targ et Bb+ Gm7
targ target
et C
m7

1 5 1 5+ 5+ b7 b7
5 5 b3 5
3 1
3 3
1 1 3 1 1 b3
5 5+

targ et Cm7 (b5)

b7
b5
b3 b3
1 1

target
Eb

No segundo exemplo, percebam como o "Bird" ignorou

todos os acordes cifrados e apenas brincou em cima das


Targets da escala de Bb (tonalidade da música).

33
PRIMEIRO CHORUS DO SOLO DE

COLTRANE EM " MOMENTS NOTICE"

Transcrição 2. Mod 2

b3
b7 5

b7 5 b3

9 b7 5 escala de Db Maior b3 5 b7 Escala de Eb Maior


b3
1 Escala de Gb Maior
5 3

3
b7 5 3
Targ
et Ab
m 7 5 b3 1 b3

O que diferencia um improviso maduro de um que toca

escala pra baixo e pra cima ou mesmo licks - ideias

prontas - é a simplificação dos elementos. Pensa comigo,


se ao final de 8 compassos, tenho que estar em casa,

para que me dar o trabalho de sair dela?


É por isso que o Bird (Charlie Parker) fluía enquanto

tocava, pois já que a Escala Maior estava em sua

memória muscular, ele só precisava brincar de vida com

ela na hora “H." E pra você conseguir também, deve ser

minucioso e estudar devagar misturando intervalos,

notas ordenadas, arpejos das targets sempre repetindo

as ideias, abusando de pausas e das notas de

aproximação.

34
3

3
Notas de
Aproximação
Você deve ter percebido que nem todas as notas que o

improvisador tocou foram circuladas, destacadas ou

comentadas nas transcrições anteriores, isso

aconteceu porque elas são assunto para este módulo.

As notas de aproximação ou ‘approach notes’ são...

TUDO! Tipo... TUDO mesmo!


Vou dar um exemplo: você pode ter uma escala em sua

memória muscular, utilizando de idéias criativas com

ela, arpejos, pausas e repetições, mas se você não

utiliza notas de aproximação, você não estará dentro

da linguagem da improvisação.

Aprendi na Berklee em uma aula com Mitch Haupers

que não existe um solo sequer na história da música,


que não contenha essas marvadas.

Sim, o Baguio é louco!

36
O que são Approach Notes e Como Estudá-las

O nome já diz tudo: Notas de Aproximação. Ou seja,

notas que aproximam. Mas aproximam o quê? As

Targets. Suponhamos que temos que tocar em cima

do acorde de Cmaj7.

As Targets do acorde são Dó – Mi- Sol – Si (1-3-5-7)


perceba como todas são notas DIATÔNICAS (de dentro
da escala), mas também temos notas NÃO
DIATÔNICAS (fora da escala) que podemos usar para
chegar em cada Target da escala.

Essas notas "de fora" estão rodeando nossas ‘targets’


por todos os lados e são elas que fazem você achar
que o improvisador está tocando alguma escala
cabulosa, quando na verdade, ele não saiu da Escala
Maior.

Para entender melhor como funcionam as approach


notes, imagine a seguinte cena:
Você está no supermercado, tem horário para voltar
para casa, mas antes precisa passar na Igreja. De lá,
você lembra que esqueceu algo no trabalho.

Logo, deu a hora de buscar seu filho na escola e como


tem um evento de noite, precisa dar um tapa no visu e
passa no cabeleireiro. Seu destino final é a sua casa,
mas olha o tanto de lugar que você passou antes de
finalmente sentar no sofá da sua sala?

Assim são as Approach Notes! Supermercado (onde


estou) Approach Notes (lugares que vai passar) Casa =
Onde quero chegar.

37
Não existe um número exato de approach notes, as
possibilidades são infinitas. Contudo, existem as mais

características da improvisação.

baixo, você verá alguns tipos de notas de

aproximação para CADA NOTA DO ACORDE de Cmaj7


(Dó – Mi – Sol e Si --> 1 - 3 - 5 -7).

TRANSFORMAR APPROACH NOTES EM MEMÓRIA


MUSCULAR É UMA DAS TAREFAS MAIS DIFÍCEIS,
POR ISSO ESCOLHA APENAS UM DOS EXERCÍCIOS
ABAIXO, COLOQUE DENTRO DE CADA DEGRAU
DA ESCALA (DO 1 AO 7) E MISTURE COM
ARPEJOS. O INTUITO NÃO É REPETIR O
EXERCÍCIO, E SIM ENTENDÊ-LO. O ÁUDIO
CONTÉM UM PEDAL EM DÓ MAIOR, MAS
LEMBRE-SE QUE UMA VEZ INTERNALIZADO
SERVE PARA QUALQUER ACORDE.

38
Ex 1. Mod 3

5 7
1 3

Ex 2. Mod 3

Ex 3. Mod 3

Ex 4. Mod 3

Aproach Notes Extra

Notas de Aproximação

➡ Indica a target depois da nota de aproximação


(ela será 1-3-5 ou 7 ou alguma tensão indicada por um

"T"

39
TRECHO DO SOLO DE CHARLIE

PARKER EM " ANTHROPOLOGY"

Transcrição 1. Mod 3
b7

➡️

➡️
T9
➡️

➡️ b7


➡️

➡️
➡️

➡️

1
➡️

b7




40
SOLO DA ELIANE ELIAS EM

" SAMBA DE VERÃO"

Transcrição 2. Mod 3

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41
SOLO DE BILL EVANS EM " NIGHT

AND DAY" STAN E BILL EVANS

Transcrição 3. Mod 3

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42
TRECHO DO SOLO DE CHICO

PINHEIRO EM " CITY OF DREAMS"

Transcrição 4. Mod 3

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43
04

4
TIME-FEEL
Na Berklee, pra você fazer aula de música em conjunto
com os professores mais renomados e com os alunos
mais respeitados, você precisa ter um 'rating' bom.
Rating é uma forma que encontraram de fazer o
nivelamento entre os alunos e impedir que você entre
em um grupo muito aquém ou além do seu nível. Ele é
composto por 4 números que ao final vira 1 só. Um
número para leitura, técnica, improvisação e por
último, time-feel.

Esse nome se refere principalmente ao controle e


precisão quando se toca as figuras rítmicas.

Vimos anteriormente que, pelo fato de acentuarmos no


contratempo, o tempo forte acaba ficando com notas
não diatônicas - as approach notes - e talvez por isso
você tenha pensado "nossa, que estranho! Eu toquei
uma nota totalmente fora do acorde e da escala!."

45
Bom, nesse módulo aprenderemos que os bons

improvisadores não se preocupam em acertar as notas

certas, e sim, o RITMO. Eu estive em um workshop do

Victor Wooten onde ele disse:

“Eu sacrifico minhas notas o tempo todo,

mas jamais meu ritmo.”

O que ele quis dizer com isso? Para entender, vamos

fazer o seguinte:

À medida que for lendo esse parágrafo, se liga no ritmo

das frases. No flow. Os graves e agudos, as

respirações... Algumas frases não têm pontuação e

são lidas tão rápidas que você quase perde o fôlego

tentando acompanhar o ritmo delas. Ou-tras pa-re-

cem es-tar em câ- mera len-ta.


Agora, deixa eu te contar um segredo: assim como

Português, Japonês e Inglês, música também é uma

língua! TCHARAM!! É por isso que o Sr. Wooten e a

torcida do flamengo jamais sacrificarão este elemento,

pois ele nos permite formarmos as frases e

desenvolvermos um diálogo dentro desse idioma.


Improvisar nada mais é do que combinar semínimas,

colcheias, semicolcheias, pausas, quiálteras e

ornamentos, seguindo sua voz interna - que foi

treinada através do estudo das escalas - para parecer


que você está criando na hora.

“Os maiores improvisadores são os que mais se

preparam, a arte da improvisação


é uma farsa.” (Amyr Klink)

46
Mas Thiagão, no Guia Mini-Monstro você nos disse

para estudarmos apenas colcheias, e agora vem com

essa de "semínimas, semicolcheias, quiálteras e

ornamentos. Como assim?"


Se você estiver fluindo com a escala em sua memória


muscular apenas com colcheias em 200bpm, você
aumaticamente estará tocando semicolcheias em
100bpm e fusas em 50bpm.
O "shed the eight note" permite que você aprenda a
tocar de forma uniforme, sem hesitação e com
precisão. É um exercício que ensina a resolver os
problemas de dedilhados que surgem na hora do play,
já que a única regra é: não parar! No entanto, por fazer
uso apenas de uma figura rítmica, ele não mete gol no
time-feel.

Metendo Gol no Time-Feel

Obs: não tem como você chegar ao 3º piso sem passar

pelo 2º. Esse é um estudo que se você não tiver com

os outros módulos internalizados em sua memória

muscular, você não verá resultado.

Para facilitar o entendimento vamos continuar


utilizando a Escala de Dó maior. Você vai precisar:
•Saber o que é uma semínima, colcheia,
semicolcheia, fusas, quiálteras (tercinas e
sextinas) e ornamentos (trinados, appoggiatura,
mordentes, etc);
•De um metrônomo em 50bpm ou mais lento ainda;
Ouvir, Cantar e Tocar o ritmo.
•Criatividade.

47
Semibreve Tercina

Mínima Semicolcheia

♩ Semínima Sextina

Colcheia Fusa

Como Estudar Variação de Figuras Rítmicas

O objetivo desse estudo é combinar as figuras

musicais ilustradas acima dentro da Escala Maior. O

metrônomo deve estar em um tempo bem lento

(50bpm) e você deve passar por várias figuras rítmicas

explorando a escala com os elementos que

aprendemos até então.


Dessa vez, qualquer nota na escala de Dó Maior será

considerada target (não apenas 1-3-5-7) mas sempre


utilizando de notas sequenciais, intervalos, arpejos,

notas de aproximação e repetindo idéias partindo de

outros pontos da escala.

48
Abaixo você ouvirá uma breve demonstração de como
funciona este exercício na prática.

DEMONSTRAÇÃO DO
EXERCÍCIO DE TIME-FEEL

Nesse exemplo, foi-se utilizado apenas dois acordes e


duas escalas:
•G7 sus (9,13) ---> escala de C maior;
•Bb7 sus (9, 13) ---> escala de Eb maior.
Perceba como o "Shed the Eight Note" me permite
tocar com fluência e uniformidade para variar com as
figuras ritmicas que eu quiser, repetí-las a partir de
outros pontos da escala e o fato de usar notas de
aproximação faz parecer que eu nem estou no modo
maior mais. A escala maior tem 7 targets, mas as
approach notas devem estar tão em sua memória
muscular ao ponto de transformá- las em notas da
escala.

49
Pensando Ritmicamente

Em uma aula entitulada "Advanced Concepts for


Improvisation (Conceitos Avançado para Improvisação)
na Berklee, Rick Dimuzio me ensinou duas maneiras
eficazes para pensar ritmicamente. A primeira é
escrever alguns compassos contendo apenas figuras
ritmicas, ir para seu instrumento e transformar aquilo
em uma melodia.

Para melhor entendimento, dê um bizu no exemplo


abaixo.

MAIS UMA VEZ, QUALQUER NOTA NA ESCALA DE DÓ


MAIOR SERÁ CONSIDERADA TARGET NÃO APENAS
1 - 3 - 5 - 7. OU SEJA, TEREMOS 7 TARGETS QUE
SERÃO INDICADAS POR UMA ➡ ENQUANTO AS
APPROACH NOTES, SERÃO INDICADAS POR UM

50
Ex 1. Mod 4 Ritmo

Ex 1. Mod 4 Melodia

Ex 2. Mod 4 Ritmo

Ex 2. Mod 4 Melodia

Ex 3. Mod 4 Ritmo

Ex 3. Mod 4 Melodia

51
A segunda tecnica mini-monstra que Rick Dimuzio me

ensinou e que você está prestes a aprender é a mais

revolucionária para este assunto. Já vou logo avisando

que não é fácil e que de primeira você sentirá muita

dificuldade ao tentar incorporar isso em seus estudos.


Rick nos deu uma tarefa: escolher um solo, fazer a


partitura do trecho e trazer na próxima aula. Na
semana seguinte, quando todos estavam com seus
cadernos contendo os solos nas mãos, ele disparou:
"Bom, imagino que vocês devem ter aprendido estes
solos e, justamente por isso, eu quero que vocês
escolham alguém e troquem de folha."

Logo eu pensei "será que esse doido vai querer que a


gente leia a primeira vista os solos? Porque se for isso,
vai dar m...!"

Depois de escolhermos um colega e trocarmos os


papéis, ele soltou:
"Agora com este novo solo em mãos, olhem as figuras
rítmicas utilizadas pelo improvisador, vá para seu
instrumento, escolha uma música e procure criar
frases usando apenas o ritmo escrito use apenas esse
ritmo escrito para improvisar.“

Jesus Christ! Naquela hora minha mente explodiu! Ele


queria que a gente pegasse um solo e focasse apenas
no ritmo usado pelo improvisador.

O objetivo final era nos ensinar a pensar ritmicamente.


O que Victor Wooten disse só faz sentido para quem
pensa dessa forma.

52
Suas notas não importam tanto quando você tem

uniformidade ritmica.

Abaixo deixo uma transcrição apenas do ritmo de um


solo de Cannonbal Adderley em Autumn Leaves:

53
Agora você vai ouvir uma gravação do próprio James
demonstrando o Guia Mini-Monstro. 99,9% é apenas a
Escala Maior.

DEMONSTRAÇÃO JAMES BARLETT


DO GUIA MINI-MONSTRO

Para fechar esse módulo, vamos dar uma olhada em


alguns solos onde todos os conceitos que falamos
até aqui foram explorados pelo solista. Dessa vez,
analisarei apenas o primeiro, o resto, fica por sua
conta ;). Para essa transcrição final, a análise seguirá
a seguinte fórmula:

{ Escalas: tudo o que for notas ordenadas, intervalos, repetição.

Target Aperjada: arpejo da 1ª-3ª-5ª ou 7ª do acorde cifrado.

Notas de Aproximação: tudo o que aproximar uma target.

Target Sozinha: virá sempre depois da Nota de Aproximação.

Arpejos e escalas não abordadas neste livro.

54
SOLO COMPLETO HAROLD LAND

EM JOY SPRING
escala de G Maior
3ªM

Transcrição 1. Mod 4
escala de G Maior
escala de G Maior
tríade Eb

intervalos

notas ordenadas
nota ordenada e intervalo
Tríade Bm Tríade Ab 3

5 1
1
Escala de Ab Maior
5 Escala de B Maior

6 5
targets de Cm Escala de Ab Maior Escala de A Maior

targets de Bm
Escala de G Maior notas sequenciais 3ªm
Arpejo C#m

Escala de G menor

3ªm
3ªM
Escala de Ab maior

intervalos Notas sequenciais

5
5
arpejo d motivo 1 repetição
e
Bb

7ªm 1
7ªm 5 variação a
partir de pensando
outro lugar
em Gm
da escala de
G maior
1

55
TRECHO DO SOLO DE CLIFFORD

BROWN EM " JOY SPRING"

Transcrição 2. Mod 4

56
TRECHO DO SOLO DE BOB JAMES EM

" 101 EAST BOUND"

Transcrição 3. Mod 4

57
TRECHO DO SOLO DE JOE PASS EM "

ALL THE THINGS YOU ARE"

Transcrição 4. Mod 4

58
TRECHO DO SOLO DE GRAPELLI EM

" HCQ STRUT"

Transcrição 5. Mod 4

59
TRECHO DO SOLO DE WYNTON KELLY

EM " FREDDIE FREELOADER"

Transcrição 6. Mod 4

60
SOLO DE JUSTIN LEE EM " BAD" DE

MICHAEL JACKSON

Transcrição 7. Mod 4

SOLO DE JONAH NILSON EM " BAD"

DE MICHAEL JACKSON

Transcrição 8. Mod 4

61
TRECHO DO SOLO DE JACOB COLLIER

EM " LUA"

Transcrição 9. Mod 4

62
Todos os solos acima contém os seguintes elementos, então
se quer aprender a improvisar, explore-os:

•Notas sequenciais de uma escala; intervalos dentro de


uma escala; notas aleatórias de uma escala;
•Repetição de ideias partindo de outros pontos da mesma
escala; notas de fora da escala que servem como pontes
cromáticas para chegarem em notas que estão dentro da
escala;
•Arpejos de tríades ou tétrades;
•Figuras rítmicas diversificadas (colcheias, semínimas,
tercinas e fusas) pausas e notas longas;
•Acentuação deslocada (por isso que se deve praticar
acentuando no contratempo);
•Repetição do mesmo motivo várias vezes no decorrer do
solo.

63
05

5
Conclusão
Para finalizar quero compartilhar algo que aprendi
esses dias com minha dentista, Dra Fernanda. Ela
disse que quando fazemos clareamento dental, não
clareamos o que é visível - o esmalte do dente - e
sim a dentina, que está atrás dele.

Portanto, pelo fato do esmalte ser um tecido


translúcido, quem determina a cor do dente, é a
dentina.

Dentina

Gel Clareador Dentes Brancos

"Pô Thiagão, agora você viajou! O que isso tem a

ver com improvisação?"

Simples! Em música, o gel = guia mini-monstro, a

dentina = escala e o esmalte branquinho = o gol na

gaveta improvisando livre na hora H.

Escala

Guia Mini- Liberdade Para


Monstro Improvisar

65
ESTUDE IMPROVISAÇÃO EM UMA ESCALA
PARA PODER SE EXPRESSAR LIVREMENTE
EM UMA MÚSICA.

Às vezes nós olhamos os grandes mestres da


improvsação e pensamos: “Como ele faz isso ou
como ela chegou neste nível tão alto de criar na
hora?” A resposta é simples: Prática correta e o

tempo. O problema é que muitos de nós não

sabemos como praticar corretamente e com o passar

dos anos, nos tornamos músicos frustrados.


O breve estudo dos tópicos contidos neste trabalho

tem o objetivo de expandir suas possibilidades de

criação, afim de ensinar como deixar qualquer escala


na memória muscular com a finalidade de aprender a
improvisar com a linguagem certa.

Não busquei esgotar os assuntos. Antes, oferecer o

ponto de partida correto para o estudo da

improvisação a partir da primeira escala que você

aprende quando começa a tocar um instrumento.

Apesar do foco ter sido na exploração da Escala

Maior, o "Guia Mini-Monstro" e todos os exercícios

aqui apresentados servem para dominar

absolutamente QUALQUER ESCALA.


Espero que você tire o máximo proveito dos


ensinamentos aqui contidos, aplicando a prática

deliberada e o "Guia Mini-Monstro" sempre que for

estudar escala. Tá tudo bem mastigadinho, se não

meter gol agora é porque você é um FAMOSO MOSCA

DE BOI!

Até a próxima e parabéns pela iniciativa.

Bora!

66
Contato

@thivitorio

Thiago Vitorio

/ThiVitorio

Thiago Vitorio

mete gol =) 67

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