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1 Erros Computacionais
1.1 Introdução
O Cálculo Numérico consiste na obtenção de soluções aproximadas de problemas matemáticos, uti-
lizando métodos numéricos.
Com a popularização dos computadores praticamente todas as atividades de Engenharia tem feito
uso intensivo dos métodos computacionais na resolução de problemas reais, para os quais as soluções
manuais são inviáveis. O uso do computador como ferramenta de trabalho de cálculo numérico
requer o entendimento dos seus princı́pios de operação e de como eles interferem nos resultados
obtidos. Geralmente, é aceito como verdade que computadores não erram e que são os usuários que
cometem enganos. Na realidade, o computador, como dispositivo de cálculo numérico, “comete”
erros devido às suas caracterı́sticas intrı́nsecas e o papel do usuário é quantificar esses erros.
Quando realizamos cálculos manualmente, os erros de arredondamento da calculadora são des-
prezı́veis, porque a quantidade de cálculo que podemos operar é pequena. No computador, geral-
mente, a quantidade de operações aritméticas que se pode realizar é muito maior do que aquelas
realizadas manualmente, de forma que o erro de arredondamento do dispositivo de cálculo se torna
importante. Outro problema é que no cálculo manual temos controle da propagação do erro porque,
visualmente, estamos conferindo o resultado de cada operação aritmética ao digitá-lo na calculadora.
No computador não temos como checar cada operação, tendo em vista a velocidade com que elas são
realizadas e a quantidade de cálculos executados. Desta forma, a verificação dos resultados e o con-
trole sobre a propagação de erros em programas de computador é essencial para se atingir resultados
consistentes e confiáveis.
As seguintes considerações tem que ser levadas em conta ao se realizar cálculos numéricos no
computador:
• A aritmética computacional não funciona da mesma forma que a aritmética que praticamos
manualmente. No cálculo manual é sempre possı́vel monitorar os resultados intermediários e
ajustar a precisão dos cálculos. Na aritmética computacional, cada número tem uma quantidade
de algarismos fixas que muitas vezes podem ser inadequadas para o cálculo repetitivo;
• Usualmente, o cálculo manual é feito para um pequeno número de operações aritméticas, en-
quanto que o cálculo computacional pode envolver bilhões de operações aritméticas. Pequenos
erros que poderiam passar despercebidos no cálculo manual, podem arruinar completamente o
resultado do cálculo computacional, por causa da acumulação e propagação de erros.
Cálculo Numérico 1
Erros Computationais
Dado um número real, N , é sempre possı́vel representá-lo em qualquer base b, da seguinte forma:
∑
m
Nb = a i × bi (1)
i=n
∑
m
N2 = ai × 2i , ai ∈ {0, 1} (2)
i=n
e a base decimal
∑
m
N10 = ai × 10i , ai ∈ {0, 1, . . . , 9}. (3)
i=n
Exemplo 1.1.
a) (1011)2
b) (111, 01)2
c) (231)10
d) (231, 35)10
Cálculo Numérico 2
Erros Computationais
Assim, dado um número real qualquer numa base b, podemos escrevê-lo em uma outra base b′ ,
a partir de adequação conveniente de seus coeficientes ai ∈ {0, 1, 2, 3, ..., (b − 1)} e de uma potência
adequada na nova base b′ .
Exemplo 1.2.
a) (1011)2 = ( )10
Procedimento: deve-se aplicar um processo para a parte inteira e outra para a parte fracionária.
Deve-se utilizar o método das divisões sucessivas, que pode ser resumido da seguinte maneira:
4. O número binário será formado pela concatenação do último quociente com os restos das
divisões lidos em sentido inverso ao que foram obtidos.
Exemplo 1.3.
a) (18)10 = ( )2
b) (11)10 = ( )2
c) (25)10 = ( )2
Já, para transformar um número fracionário na base 10 para a base 2 utiliza-se o método das
multiplicações sucessivas.
Cálculo Numérico 3
Erros Computationais
a) (0, 1875)10 = ( )2
b) (0, 6)10 = ( )2
c) (13, 25)10 = ( )2
Todo o número inteiro decimal pode ser representado exatamente por um número inteiro binário;
porém, isto não é verdadeiro para números fracionários. Mesmo frações decimais comuns, tal como o
número decimal 0, 6, não podem ser representadas exatamente no sistema binário (0,6 é uma fração
binária repetitiva com perı́odo de 4 bits).
Na realidade, todo o número decimal irracional também será irracional no sistema binário. No
sistema binário, apenas números racionais que podem ser representados na forma pq , no qual q é uma
potência inteira de 2, podem ser expressos exatamente com um número de bits finito.
Uma das consequências do que foi descrito acima é que pequenos erros de representação dos
números decimais, no sistema binário, se propagarão nos cálculos computacionais, podendo compro-
meter significativamente o resultado final.
EA = |x − x̄| (4)
e o erro relativo ER
|x − x̄|
ER = (5)
|x|
onde x é o valor verdadeiro e x̄ é o valor aproximado.
O relativo, normalmente é expresso como erro percentual, multiplicando-se o erro relativo por
100, ou seja:
erro percentual = erro percentual × 100 (6)
Cálculo Numérico 4
Erros Computationais
Exemplo 1.4. Consideremos o número decimal exato 0, 110 cujo equivalente binário é representado
pela dı́zima 0, 00011001100112 . . .
Para um computador com tamanho de palavra de 16 bits, o número decimal 0, 110 é armazenado
como:
0, 110 = 0, 00011001100110012 = 0, 09999084410
x2 x3
ex = 1 + x + + + ... (7)
2! 3!
Por se tratar de uma série infinita, devemos escolher um número de termos limitado da série para
que possamos computar o valor numérico da função ex . Escolhemos aproximar a série infinita por
uma série contendo três termos, ou seja:
x2
e ≈1+x+
x
(8)
2!
Não importa a quantidade de algarismos significativos que utilizemos no cálculo de ex pela série
truncada, o resultado será sempre aproximado e, portanto, sempre terá um erro, chamado erro de
truncamento.
Cálculo Numérico 5
Erros Computationais
Exemplo 1.6. Calcule o valor numérico de e1 = e (número de Euler), empregando a série truncada
de 2a ordem e calcule os erros absoluto e relativo sabendo que o valor exato do número de Euler com
quatro algarismo significativos é igual a 2, 718. (Resp.: 0, 218 e 8%)
Referências
[1] ARENALES, Selma; DAREZZO, Artur. Cálculo numérico: aprendizagem com apoio de software
. 1 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
[2] FRANCO, Neide Bertoldi. Cálculo numérico. 1 ed.. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
[3] RUGGIERO, Márcia A. Gomes; LOPES, Vera Lúcia da Rocha. Cálculo numérico: aspectos
teóricos e computacionais . 2 ed.. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1997.
Cálculo Numérico 6