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TCC Sueli Xavier 2020
TCC Sueli Xavier 2020
SUELI XAVIER
Santa Bárbara-MG
2020
SUELI XAVIER
Santa Bárbara-MG
2020
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir sobre a violência doméstica no âmbito
social a fim de levar o conhecimento a todos os lugares possíveis de se fazer
uma reflexão. O que é uma violência doméstica, como ela acontece e o que
fazer diante deste acontecimento. Para isso, é necessário que as políticas
públicas estejam voltadas para o tema, buscando parcerias e promovendo
mudança na consciência da sociedade. O referente estudo foi feito através de
pesquisas bibliográficas e uma abordagem específica sobre a valorização da
mulher nos procedimentos a serem realizados com os agressores, utilizando-se
de políticas públicas acessíveis e assertivas diante do contexto da violência
doméstica.
ABSTRACT
This work aims to discuss domestic violence in the social sphere in order to
take knowledge to all possible places to make a reflection. What domestic
violence is, how it happens and what to do about this event. For this, it is
necessary that public policies are focused on the theme, seeking partnerships
and promoting change in society's awareness. The referred study was made
through bibliographic research and a specific approach on the valorization of
women in the procedures to be carried out with the aggressors, using
accessible and assertive public policies in the context of domestic violence.
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................5
2 DESENVOLVIMENTO...................................................................................7
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................26
REFERÊNCIAS..................................................................................................27
APÊNDICE A......................................................................................................29
APÊNDICE B......................................................................................................30
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1 INTRODUÇÃO
moral, intelectual e social. Esta lei veio para coibir a violência doméstica através da
criação de mecanismos nos termos do 8 artigo 226 da constituição Federal.
É preciso que este conhecimento seja ampliado e divulgado de forma
bem clara a toda comunidade. Colocando em questão que as mulheres não estão
sozinhas nesta luta, instituindo um basta à violência doméstica.
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2 DESENVOLVIMENTO
Existem alguns mitos que são bem populares sobre a violência doméstica
levando as vítimas a acreditarem que são elas as culpadas, fica tão embutido em
suas mentes que, devido a tanto sofrimento, elas passam a sentir que merecem
estar vivendo aquela situação. Um dos mais agravantes é que as mulheres
apanham porque gostam ou porque provocam.
“Desde quando uma pessoa com a mente sã irá aceitar esta situação por
hobby?” Atrás desta aceitação existem diversos empecilhos que as impossibilitam
de agir na proteção da vida dos filhos, como a própria falta de recursos financeiros.
“A violência doméstica só acontece em famílias de baixa renda e pouca
instrução”, mas isto não é verdade, pois os agressores estão em toda parte com ou
sem instrução, com muito ou pouco dinheiro, em toda camada social e a denúncia
tem que ser feita por parte da vítima ou de qualquer testemunha sem precisar
envolver-se.
Outra frase muito comum é afirmar que “há facilidade em identificar o tipo
de mulher que apanha”. Não é fácil, porque não existe um perfil específico de quem
sofre violência doméstica, qualquer mulher em qualquer período da sua vida,
dependendo do relacionamento em que se encontra, pode-se tornar uma vitima, pois
os agressores também não apresentam imediatamente essas características, a não
ser aqueles em que já exista um histórico construído com essas atitudes em
relacionamentos anteriores. Assim, já é de se esperar que, mais cedo ou mais tarde,
este agressor possa manifestar a sua verdadeira identidade.
“A violência doméstica não acontece com frequência”. Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015 o Brasil já ocupava o 5º lugar num
ranking de 83 países onde se matam mais mulheres. São 4,8 homicídios por 100
mulheres destes, quase 30% dos crimes ocorrem em domicílio.
Além disso, uma pesquisa da Data Senado (2013) revelou que uma em
cada cinco brasileiras assumiu que já foi vítima de violência pelos seus parceiros. Há
situações e que a violência verbal ganha força e a vítima acredita que o agressor
mudará seu comportamento e que não irá se repetir. Chances são dadas por
colocarem os filhos, o amor à frente de tudo e o agressor acaba aproveitando a
brecha para se apoderar cada vez mais da situação, até a vítima não ter mais forças
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caso de serem vítimas de violência sexual, a cartilha foi editada com perguntas e
respostas, endereços de onde buscar atendimentos, cujo lema: viver sem violência é
direito de todos.
Ao evidenciar a violência sexual dentro do contexto doméstico, já que faz
parte do ambiente familiar, considera-se bem peculiar de acontecer em qualquer
meio da sociedade, independente da esfera econômica, racial ou da diversidade
familiar.
Meu sofrimento se transformou em luta, diz Maria da Penha sobre lei que leva seu
nome. Em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha estabeleceu que é dever
do Estado criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra
as mulheres.
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Figura 1: Maria da Penha Fernandes em foto tirada para passaporte em viagem para a Argentina.
Fonte: https://catracalivre.com.br/cidadania/maria-da-penha-uma-mulher-que-sobreviveu-na-luta/
Fonte:https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2016/04/maria-da-penha-muitas-
vezes-o-agressor-e-docil-em-publico-5710074.html
Hoje, Penha se locomove com uma cadeira de rodas ― o que não foi um
empecilho para que ela se tornasse uma das grandes protagonistas da luta pelos
direitos das mulheres no Brasil. Há dez anos, devido a sua persistência em buscar
justiça, a primeira lei brasileira que visa combater a violência doméstica contra a
mulher no País leva seu nome.
Em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha estabeleceu que é dever
do Estado criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as
mulheres e que todas elas, “independentemente de classe, raça, etnia, orientação
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião”, devem gozar.
Por que ainda é tão difícil falar sobre violência contra a mulher no
Brasil?
Eu acredito que é porque é um assunto que nunca foi debatido da forma
como está sendo altualmente, né? Antes da lei, as feministas, as pessoas mais
intelectualizadas e ligadas aos movimentos sociais falavam sobre isso de forma
isolada. Mas, com a lei, eu acredito que essa conscientização aumentou. E
aumentou o interesse das mulheres em saber como sair dessa situação. A principal
finalidade da lei não é de punir os homens, como muitos dizem. É de punir o homem
agressor. Além proteger a mulher da violência doméstica, e avisá-la de que ela tem
direitos.
Mas você não acha que ainda há muita resistência tanto em quem
aplica a lei, quanto com quem precisa deixar de ser machista?
Sim. Tanto que os agressores continuam agredindo, né? Um exemplo:
você veja que, todo policial, ao ser chamado para acudir uma mulher vítima de
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violência ele é orientado e treinado para prender o agressor em flagrante. Mas o que
acontece? Muitos policiais deixam de prender e aconselham o casal. Isso não é
correto. Eles não têm que perguntar nada. Eles têm que prender o agressor em
flagrante. E quando isso não acontece, as mulheres perdem confiança no poder
público. Porque a lei diz uma coisa, mas o Estado não cumpre o que é determinado.
Figura 3: Em 1963, quando foi eleita Rainha dos Calouros na Faculdade de Farmácia.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2016/04/maria-da-penha-muitas-
vezes-o-agressor-e-docil-em-publico-5710074.html
precisa ser punido. E também o amor maior que eu tinha: as minhas filhas. Elas
eram a minha responsabilidade. Elas foram vítimas dele, ele era violento com elas
também.
Você acha que algum dia viveremos em uma sociedade que maltrate
menos as mulheres?
Eu espero que sim. Eu trabalho para isso.
distinção. Enquanto sexo indica uma diferença anatômica corporal, gênero indica a
construção social, material e simbólica dos seres humanos.
Segundo Griesse (1993), esta dicotomia influencia a vidas das pessoas.
Estas são diferenças culturais determinantes entre o feminino e o masculino. A
identificação do sexo, normalmente, determina o comportamento social e as
características pessoais. As pessoas são divididas em dois grupos exclusivos nos
quais os interesses, as aspirações e habilidades são assumidos e bem definidos (o
que corresponde aos estereótipos dos papéis sexuais).
Dentro dos lares, essas posturas também são assumidas e exigidas,
apesar de vários grupos, a partir dos anos 60, as caracterizarem como rígidas e
disfuncionais. Os papéis acabam por restringir os comportamentos dos indivíduos a
determinadas atividades consideradas apropriadas para o seu sexo.
Desta forma, os homens, especialmente os homens jovens, estariam
muito mais sujeitos do que as mulheres à violência no espaço público e ao
homicídio, cometido por estranhos ou conhecidos. Já as mulheres estão mais
sujeitas a serem agredidas por pessoas conhecidas e íntimas. Este fato pode
significar violência repetida e continuada o que, muitas vezes, se perpetua
cronicamente por muitos anos ou até vidas inteiras.
No Brasil, por exemplo, dados do PNAD/88 (Pesquisa Nacional de
Amostragem Domiciliar, IBGE, de 1988) apontam que o lugar de maior perigo para
as mulheres é a própria casa (55% das mulheres agredidas na região sudeste foram
atacadas dentro de casa e 67% das agressões foram feitas por parentes ou
conhecidos). Dados atualizados em 1995 apontam que cerca de 39% dos
homicídios de mulheres, cuja autoria era conhecida, foram cometidos dentro das
relações familiares. O número de vítimas da violência no universo da infância e
adolescência vem aumentando significativamente, segundo os dados do
PNAD/IBGE. Entre 1993 e 1996, o agente agressor encontrava-se em 35,6% dos
casos entre pessoas conhecidas e 19% dos casos entre parentes. (Marin, 2002,
p.29).
A violência pode se correlacionar aos maiores índices de suicídio, abuso
de drogas, álcool e sofrimento psíquico. O uso e/ou abuso do álcool e das drogas e
as situações de estresse também podem, conforme Griesse (1991), ser entendidos
como fatores precipitantes da violência no âmbito familiar. Ainda com base em tal
autora, os dados indicam que mulheres espancadas e/ou violentadas
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
MARTINELLI, Andréa. Dez anos de Lei Maria da Penha. Huffpost, 2019. Disponível
em: https://www.huffpostbrasil.com/2016/08/03/meu-sofrimento-se-transformou-em-
luta-diz-maria-da-penha-sob_n_11290424.html. Acesso em: 09 Out. 2020.
Sou Joana, tenho 45 anos, mãe de 3 filhos. Amiguei com Paulo quando
eu tinha 21 anos, já era maior de idade, resolvemos juntar os panos. Sabia que ele
usava droga, mas era controlado, pois trabalhava, sustentava a família, eu sempre
fui do lar.
Um dia Paulo bebeu e ainda usou a droga, ficou doidão, quebrou as
coisas dentro de casa e partiu pra cima de mim tão de repente que eu fiquei sem
ação, apanhei, fiquei toda roxa, mas não denunciei porque foi a primeira vez. No
outro dia mostrei como eu estava, conversamos, e ele me disse que estava
arrependido e que nunca mais iria fazer aquilo. Acreditei! Ficou uns tempos
bonzinho e eu toda machucada não só na pele, mas por dentro também.
Passaram uns três meses e a agressão voltou a se repetir. Neste
momento reagi, chamei a polícia e ele foi preso. Depois de uns tempos ele foi solto.
Me procurou, eu falei com ele que não o queria mais na minha casa. Ele disse que
iria mudar e não iria fazer aquilo mais. Mas o meu orgulho, a força que recebi da
casa de apoio às mulheres violentadas me deu força, resisti e não o aceitei.
Aconselho todas as mulheres a não aceitarem a primeira vez de uma
violência, pois é assim que começa. Eles não mudam, nós é que temos de mudar,
ter coragem e Deus na frente para poder mudar o rumo da nossa vida.