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MEDIUNIDADE

NA UMBANDA
EBOOK SEMANA 3
DICAS PARA A LEITURA
DESSE EBOOK SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
Este eBook é um PDF interativo. Isso quer dizer que O Sexto Sentido Sensorial.......................................................3
aqui, além do texto, você também vai encontrar links e CAPÍTULO 2
um sumário clicável. Vida de Médium...................................................................7

CAPÍTULO 3
Trégua aos Médiuns............................................................10
Na parte inferior de cada página, temos um botão
CAPÍTULO 4
que leva você, automaticamente, de volta ao Sumário. Mediunidade Reciclada........................................................12
Assim como no Sumário você pode clicar em cada CAPÍTULO 5
O Indivíduo........................................................................15
capítulo e ir diretamente para a parte do eBook que
CAPÍTULO 6
quer ler. Médium, Uma Pessoa Interexistente.........................................18

CAPÍTULO 7
Sempre que o texto estiver assim, quer dizer que ele é O Ferreiro..........................................................................20

um link. Você pode clicar sempre que quiser! CAPÍTULO 8


Liberte-se............................................................................21
3

O SEXTO SENTIDO
SENSORIAL
Reflexões acerca da mediunidade e sua real natureza.
POR RODRIGO QUEIROZ

Todo aquele que nasce num corpo sadio traz consigo cinco
sentidos sensoriais que chamamos de básicos: audição, vi-
são, tato, olfato e paladar. É natural ao ser humano muitas
vezes não dar tanta atenção à complexidade desses senso-
res, talvez porque sejam comuns a todos e são estimulados e
vivenciados desde que nascemos.

A criança
Aos pais mais atentos, é possível perceber o processo de
maturação destes sensores no indivíduo. A criança nasce
com a visão muito turva, que vai “clareando” ou “amadure-
cendo” num prazo de até seis meses, após este período é
que a criança realmente enxerga o mundo a sua volta. O
tato é mais sensível pela boca, por isso é que a criança até
seus dois anos terá o hábito de levar tudo à boca, pois é a
partir da sensibilidade oral que a criança percebe, diferen-
cia e processa texturas, formatos, consistências, bem como
o paladar.

CAPÍTULO 1
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O adulto um “dom supremo”, coisa de gente “superdotada espiritual-


Bem, para nós já adultos, andar e correr é algo “automáti- mente”, fantástico, seres superiores e coisa do tipo, há tam-
co”, não precisamos de esforços e cálculos, entretanto, ob- bém aqueles que tratam a mediunidade como um castigo,
serve uma criança no início da aprendizagem, há medo, uma penitência, um karma, uma dívida...
calcula-se bem um ou dois passos, é preciso ter algumas
certezas, algo a se apegar para não cair, dar três ou quatro A fantasia...
passos, por algum período é um desafio incrível, e a sen- Respeito a credulidade alheia, mas desculpe... Mediunidade
sação de satisfação e superação ao atingir o objetivo, que não é nenhuma das opções acima, tampouco se trata de
normalmente é sair do braço da mãe e andar quatro passos coisa de mutantes, X-men, super herói, nada disso. Todavia,
aos braços do pai, é impagável. justamente por estas proposições acerca da mediunidade é
que quando ela desabrocha num ambiente sem estudo e
O assunto condução coerente acaba por dar vazão a uma fértil cria-
Toda esta introdução é para que possamos refletir sobre a tividade ilusória perigosa para a vida social e espiritual do
mediunidade como mais um sentido sensorial com o qual indivíduo. É assim que vemos “incorporações” do cavalo de
todos nascem, reservando suas particularidades e especifici- Ogum relinchando no meio do terreiro, vemos o corcunda
dades, a mediunidade está para todos e é um sensor como de notre dame na linha de exus, caboclo cego, preto velho
os acima citados, porém este “sexto sentido” vem à luz do paralítico e tantas outras aberrações comportamentais...
indivíduo mais tardiamente, comumente na adolescência,
sem regras; pode acontecer já na maturidade bem como em Mediunidade enfim...
tenra infância. Retomando a ideia da mediunidade como um sentido senso-
Já superamos o período histórico em que a mediunidade fora rial como os demais básicos, a mediunidade deve ser obser-
tratada como histeria, loucura ou possessão demoníaca. vada com seriedade e bom senso.
Quando a mediunidade se apresenta num meio familiar em
que o ambiente é de espiritualistas, tudo será mais fácil, en- Desenvolver a mediunidade é um processo natural, importan-
tretanto, cabem algumas considerações em todas as circuns- te e necessário a todos. Entenda o sentido de desenvolver a
tâncias. mediunidade como um processo de conhecimento, aceita-
Vemos a mediunidade ser tratada ao longo dos tempos como ção, exercício e maturação do sentido.

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Ilustrando o conceito...
Sempre costumo comparar o seguinte: eu tenho minha audição em
perfeito funcionamento, também tenho um paladar funcionando etc.
Mas meu ouvido não é como o de um músico estudioso, treinado
e disciplinado. Quando ouço uma música, simplesmente ouço o
conjunto dos instrumentos que embalam minha audição, entretanto,
um músico percebe as notas musicais, os vários instrumentos e até
pode indicar o que está ou não afinado ou no compasso ideal. Eu
não sei tocar instrumento algum e, portanto, jamais, nesta condição,
poderei escutar uma música e reproduzi-la em qualquer instrumento.
Posso mudar isso, estudando música e instrumento, me dedicando,
exercitando e praticando muito, daqui alguns anos poderei estar
apto a isso, mas já que me coloquei como exemplo, neste caso me
falta também talento (risos).
O que quero dizer é que audição todos temos, porém alguns exer-
citam mais este sentido, apuram a capacidade de ouvir e lidar com
os sons.

Nem melhor, nem pior...


Por isso não existe mediunidade melhor ou pior, superior ou in-
ferior. Existe sim a mediunidade no indivíduo, este pode ou não
amadurecê-la, pode ou não entendê-la e pode ou não praticá-la
conscientemente.
Tirar a mediunidade do foco da sobrenaturalidade penso que seja
o principal caminho para iniciar um relacionamento maduro com
este sentido, que precisa de cuidados importantes. Faz parte do
nosso organismo.

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Exercite...
Se os músculos não forem exercitados, poderão atrofiar e gerar gra-
ves doenças e limitações ao corpo. Com a mediunidade também, se
não for exercitada, no mínimo se mantém estacionada.
Há quem diga “Faz trinta anos que sou médium, no entanto faz vinte
anos que não pratico”!?!
Trinta anos de mediunidade mal praticada não valem cinco anos de
uma mediunidade ativa, praticada com estudo e bom senso.
O tempo determina muita coisa na mediunidade, como o músculo,
você não define um músculo indo à academia uma vez por mês por
meia hora. Se não houver disciplina, rotina e cuidados, esqueça
braços, peitorais e abdômen definidos. De modo que a vivência
disciplinada e o exercício rotineiro da mediunidade permitem que a
cada dia de prática mediúnica este sentido se fortaleça, amadureça,
amplie e alinhe. É com o tempo também que o médium vai criando
estabilidade vibratória, confiança e autonomia mediúnica.

Afinal de contas...
A mediunidade é algo mais natural do que pensamos, são muitos os
tipos de mediunidade, você não terá a mediunidade que quer, mas
a que te pertence, então procure conhecê-la e faça dela o melhor
uso possível.

Pense nisso:
Mediunidade não é angelical e nem maligna, o uso que você
fará dela é que determinará sua utilidade!
Grande abraço!

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7 CAPÍTULO 2

VIDA ser uma punição?

Tenho conhecido médiuns de todo tipo. Tímido, extrovertido, amável, egoísta,

DE MÉDIUM dedicado etc. etc. etc. A mediunidade não altera o caráter da pessoa, o que
acontece é que a prática da mediunidade limpa, bem amparada, leva a pessoa
à transformação, à mudança de comportamento.
POR ADRIANO CAMARGO

A mediunidade é um dom do espírito. Com essa afirmação con- Mas o caráter do médium é único, e se veio pra essa encarnação é porque em
cluímos que a mediunidade é um sexto sentido em cada uma das si algo podia ser melhorado. Alguns mestres espirituais já falaram que se a espi-
pessoas que se manifesta. Essa manifestação acontece em um nível, ritualidade tivesse que esperar médiuns perfeitos, não haveria religião baseada
em um ângulo de visão ou campo de atuação diferente para cada no contato extrafísico.
médium. Não dá pra comparar o desenvolvimento de uma ou outra
pessoa. Não há regras absolutas. Pode acontecer devagarzinho, Somos imperfeitos, temos nossas necessidades carnais, nossos vícios e defeitos
o médium se conscientizando aos poucos de sua missão e aceitan- morais. Uns mais que outros, mas todos somos amparados pelo mesmo Criador,
do-a com Amor, iniciar sua caminhada de trabalho mediúnico. Ou que nos vê igualmente como filhos, necessitados que somos de Seu amparo.
brutalmente, o que é mais comum, as pessoas que vêm pela dor, A mediunidade é sacerdócio. Somos sacerdotes de nosso templo interior. E a
pela necessidade. Tem um jargão que diz: “A necessidade é mãe quem esse templo foi consagrado? Responda você mesmo!
da criatividade”. E acrescento, é mãe da busca, da aceitação do
inevitável, da conscientização. Os primeiros são os que vêm pelo O médium deve saber a quem consagrou seu templo, seu coração: se à prática
Amor, os outros pela necessidade. Mas no fundo os dois necessitam da religiosidade limpa ou à prática das intrigas que tanto atrapalham nosso
exercitar esse dom divino. meio, não só o Umbandista, mas todo meio religioso.

E como dom do espírito, aquelas afirmações que cansamos de ouvir O médium deve ter consciência que ele é o “homem de confiança” do con-
de que a mediunidade é punitiva caem por terra. Como um dom sulente, homem não no sentido masculino da palavra, mas no sentido de ser
divino, conquistado pelo espírito em sua caminhada evolutiva, pode humano. O consulente ao procurar o médium, para se consultar com o próprio

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ou com uma entidade incorporada, não o faz por outro motivo senão
a necessidade. E aí está a importância do médium estar preparado:
o consulente, a assistência. Esse é o verdadeiro motivo da prática
mediúnica... A caridade, poder atender nossos irmãos necessitados.
A mediunidade, vista com medo por alguns, em outros exerce um
verdadeiro fascínio. O contato com o mundo espiritual, poder saber
o futuro, ter um “poder” nas mãos. A clarividência então é objeto de
desejo de muita gente. Quem nunca teve pelo menos curiosidade de
saber como é a imagem de “seu’ Caboclo, ou de um Preto Velho... os
Exus e Pombas-Giras então... Esse é um poder muito relativo. Quanto
mais se conquista, mais se é cobrado. Cobrado por quem? Pela Lei,
pela Justiça Divina? Num primeiro momento pela sua própria consci-
ência, essa que está alojada em seu espírito imortal e não presa pela
cadeia da matéria. O espírito livre pra pensar e caminhar consciente-
mente em direção ao Pai.

Atentem Srs. e Sras. Médiuns! Não só os de Umbanda, mas todos


que de alguma forma podem influenciar a vida das pessoas. Somos
agentes de mudança de comportamento, agentes de transformação
íntima das pessoas. Quando abrimos a boca para falar temos que ter
na consciência que aquilo que verbalizaremos poderá mudar a vida
da pessoa, positiva ou negativamente.

Para aqueles cuja mediunidade de vidência ou clarividência é ativa, o


cuidado é ainda maior. Ouvimos sempre os dirigentes sérios orientan-
do para que todos os médiuns se preparem para os trabalhos, tomem
seu banho de defesa, acendam sua velinha para o anjo da guarda
etc. Mas, elemento importante da prática mediúnica é o comporta-

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mento do médium. Imagine um cirurgião precisar beber uísque antes de exercer sua profissão. Você confiaria num
dentista com sinais de embriaguez? Claro que não!

Se você estiver limpo, sua mediunidade será limpa, um bom canal, livre de interferências. No entanto, se estiver
ligado aos canais do ódio, da inveja, da soberba, da fofoca, da preguiça, da teimosia, da vaidade, da traição,
o que você espera canalizar? Jesus Cristo?

Muito cuidado com aquilo que você vê, ouve ou intui. Passe sempre pelo crivo das três peneiras: Verdade, Bon-
dade e Necessidade.

Não seja disseminador de confusão. Não fale aquilo que não tem certeza. Ou aquilo que você não gostaria que
falassem de você. Pense que poderá estar sendo instrumento apenas da ilusão. E sendo iludido, iludirá também.
Diga não às fofocas e não deixe que suas observações pessoais sejam exteriorizadas durante as manifestações me-
diúnicas. Cuidado com o que você fala, pois a palavra tem poder de realização. E pode realizar tanto maravilhas
quanto desgraças na vida das pessoas. Podem desfazer amizades de muito tempo e fechar portas que demorarão
séculos para serem reabertas.

Transmita ânimo e coragem. Pregue através de seus atos. Não esqueça, seus atos são sempre observados.
Sucesso e muita saúde!

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CAPÍTULO 3

TRÉGUA e toques, essa magia do som (ar) que facilita a troca energética para os trabalhos
propriamente ditos.

AOS MÉDIUNS A importância dessas pessoas é sem dúvida nenhuma indiscutível. Muitos ainda se-
rão médiuns práticos. Estagiam hoje nessas funções e preparam seus espíritos para
a prática da mediunidade em sua forma fundamental para a Umbanda Sagrada: a
POR ADRIANO CAMARGO
incorporação.
Sempre falamos aqui nestas colunas do JUS sobre mediunidade e
suas consequências. Muito bem. Não deixaremos de falar sobre esse Algumas casas usam essas funções como porta de entrada para a prática da mediu-
dom divino, conquistado pelo espírito para sua própria evolução e nidade. O médium primeiro vai aprender a cambonar e depois vibrar sua mediuni-
para a evolução dos seus semelhantes. Mas há nos centros, terreiros dade ativa junto com os outros.
templos etc. muito mais do que médiuns incorporantes. Sim, há os
não médiuns, aqueles que trabalham pelo bom funcionamento da É importante que todo médium saiba os cantos para os Orixás, os de abertura e
casa. Os cambones, esses abnegados que cuidam para que tudo encerramento de seu terreiro.
esteja em ordem para os trabalhos e atendem às necessidades dos
Guias incorporados quando precisam de algum elemento material. É importante que todo médium saiba servir um charuto, um cachimbo ou outro ele-
Os curimbeiros e atabaqueiros, chamados também de ogãs (nome mento qualquer a um Guia, quando solicitado.
herdado de outras culturas, mas muito usado dentro da Umbanda),
esses que são responsáveis pelo encantamento sonoro, os cânticos E mais importante ainda são os cambones servi-los e respeitá-los, tanto aos médiuns

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e principalmente seus Guias espirituais. Respeito esse que passa pelo De que adianta a você, dirigente, ter todo um trabalho espiritual voltado
preparo antes dos trabalhos e a concentração durante eles. Sim, são à sua evolução e de seus semelhantes através da prática caritativa de
peças muitíssimo importantes para os trabalhos espirituais. Um cambone nossa religião e manter a seu lado assessores, secretários, enfim, pesso-
deve se manter atento até aos atendimentos executados pelos Guias, as não convencidas das máximas da Umbanda, ou que simplesmente
principalmente nos médiuns iniciantes. Esclarecer dúvidas dos consulen- as mantém sempre da boca para fora por interesses próprios. Limpem
tes no entendimento ao que o Guia está falando; prestando atenção a suas casas dessas presenças, na verdade, convide-as à transformação
íntima, a experimentar o amor pelo próximo, sem interesses comerciais.
receitas de ervas, acendimento de velas, banhos e defumações que a
Convide-as a tratar bem também aqueles que naquele momento não
Entidade estiver recomendando. Ao consulente, sempre pergunte, caso
podem oferecer nada além de seu amor fraterno, ou de suas necessida-
não entenda corretamente o que o Guia está transmitindo, e chame
des espirituais. Não esqueçam Srs. e Sras. Dirigentes que são e sempre
o cambone ou alguém que possa ajudá-lo a entender. Por exemplo, serão responsáveis por todos a sua volta e principalmente por aqueles
quando uma erva for recomendada e o consulente não a conhecer, que falam em seus nomes e nos nomes de suas casas.
procure saber se é conhecida por outro nome ou se há outra erva para
substituí-la. Sabemos que nem todos os que chegam ao comando de uma casa o
fazem por competência própria. Alguns por ações estratégicas, políti-
Os atabaqueiros e curimbeiros podem por exemplo com seus cantos, cas mesmo. Ou por acharem que estão preparados abrem suas casas
conter um foco de energias negativas dentro dos trabalhos espirituais, e se intitulam pais e mães desse ou daquele santo. A espiritualidade,
diluindo-o no astral apenas com o som do atabaque e a vibração da nossos Amados Pais e Mães Orixás sempre dão oportunidade para
sua voz. Mas para isso é necessária muita atenção, portanto, enquanto que a partir da magia da transformação, seus íntimos passem a vibrar
não estiverem cantando e tocando, aprendam a observar o andamento o verdadeiro sentido da Umbanda. Amor e Caridade.
dos trabalhos e agir se necessário. Na dúvida, consulte o Guia Chefe
da Gira e pergunte se sua ação pode ou não ajudar. Àqueles que procuram o auxílio de um centro, um terreiro, vejam o
comportamento de seus médiuns, de seus dirigentes e daqueles que o
E enfim, aqueles que de alguma forma influenciam todo o andamento acompanham. E a partir daí tirem suas conclusões se ali se faz presente
de um terreiro. A sua diretoria, composta normalmente por secretários, a força da Umbanda ou os rótulos comerciais que vemos por aí, bem
tesoureiros etc. As pessoas que organizam a vida social de um terreiro amparados por agentes de marketing.
são muito importantes. Agir, se conduzir e permanecer num estado de
Amor, Caridade, Fraternidade não são exclusividade dos médiuns. Se você se sentiu ofendido com o que está escrito aqui, não se preo-
cupe. Pode continuar agindo da mesma forma, pois como diz a lei de
Todos de um modo geral estão convidados a essas práticas. mercado: enquanto houver o comprador, haverá o vendedor.

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MEDIUNIDADE
RECICLADA
POR ADRIANO CAMARGO

Não era tão comum vermos pessoas em situação de mendicância mexendo


em lixos domésticos em busca de recursos para sua sobrevivência, como
vemos nos dias atuais. Seja na forma de resíduos alimentares ou outros mate-
riais, o alvo desses nossos irmãos desvalidos de melhor forma de vida sempre
é a sobrevivência.

Há alguns anos atrás, era muito difícil vermos essa cena, isso era exclusivo
dos lixões ou aterros sanitários, onde muita gente tirava seu sustento e prati-
camente vivia daqueles resíduos. Isso continua existindo.

Reflexo da situação social do país, reflexo das injustiças impostas pelas ca-
beças pensantes de nossa política? Não vim aqui para julgar isso. Meu
enfoque é outro.

Tenho observado que, ao contrário do que muita gente pensa, nosso lixo
é riquíssimo. E ridiculamente reciclado. Falamos hoje em reciclagem, mas
ainda é muito pouco. O advento das “latinhas” de alumínio criou novas opor-
tunidades de trabalho. Dia desses na praia perguntei a uma senhora bastante
sorridente que recolhia latinhas e colocava em um grande saco de plástico

CAPÍTULO 4
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o que faria com elas. Disse-me que valiam dinheiro! E regras de tempo para o desenvolvimento mediúnico outras, fatalmente seremos atratores e atraídos a situa-
que com aquele dinheiro ela garantia a comida em e não há receita de bolo para definir quando um mé- ções, locais e pessoas também compatíveis com essas
sua mesa. dium está cem por cento pronto. Isso é muito pessoal. vibrações.
Mas falo isso por pura analogia, e por observação.
Tenho observado muito esse efeito. Observo como as Falei tudo isso pra chegar num único ponto: - Cuide-
coisas mudam com o tempo e novos hábitos se introdu- Vemos um efeito interessante acontecendo hoje. A reci- mos de nosso lixo!
zem naturalmente na sociedade, respeitando as condi- clagem religiosa!
ções e necessidades dos povos. Mudemos nossos comportamentos para que sejamos
A necessidade é mãe da criatividade! Isso mesmo. As religiões criam seus próprios lixos, que bem aproveitados dentro de nossa realidade religiosa
naturalmente são aproveitados por outros, e assim por e sejamos vistos pela espiritualidade como bons instru-
Não fosse a necessidade de sobreviver, essas latinhas diante, por pura e natural necessidade de evoluir cons- mentos.
com certeza ficariam relegadas aos aterros de lixo. tantemente.
Mas essa necessidade faz com que se transformem em Os recicladores estão a todo vapor. Esperam aqueles
outros subprodutos: o próprio alumínio reciclado, as Criemos em nossas consciências o entendimento de que se tornam verdadeiros lixos humanos, para que
“argolinhas” das latas chegam a ser transformadas até que na Criação Divina tudo se aproveita, nada ver- sejam reaproveitados em realidades afins com seus ín-
em peças de vestuário, vendidas em lojas badaladas dadeiramente é lixo, nada é totalmente descartado. timos negativos.
nos shoppings. Aquilo que para um é lixo, a latinha que não serve pra
mais nada, resulta no alimento na mesa do outro. Quando observo alguns templos de Umbanda pas-
Vemos um efeito muito semelhante dentro da Umbanda sarem por abalos causados por esses lixos, repito a
nos dias atuais. Como eu disse, a necessidade é mãe Religiosamente, sabemos que tudo acontece por atra- mesma frase: - Muita calma! Aguardem e verão! A es-
da criatividade. ção vibratória. Somos atraídos para nossa realidade piritualidade sabe muito bem o que faz e O Pai Cria-
vibratória, ou seja, se somos merecedores de bênçãos dor não desampara nunca um filho seu, por nem uma
A religião de Umbanda vive essa constante mutação. dos céus, somos direcionados para situações com- fração de segundo sequer.
Há duas décadas, em média, uma pessoa demorava patíveis com nosso merecimento. Mas se vibramos
de dois a três anos para desenvolver sua mediunidade. sentimentos negativos, muito comuns para nós, seres Se você cultiva sentimentos negativos por seus irmãos
Tempo esse em média e muito relativo porque não há humanos, como a inveja, a cobiça, a vaidade entre de fé; se você é um daqueles que se preocupam de-

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mais com a vida de seus confrades, nunca pode ajudá-los, mas cri- Observemos as mudanças que estão acontecendo à nossa volta. Mé-
ticá-los é o máximo; se você vive dando sua opinião maldosa sobre diuns, dirigentes, frequentadores, simpatizantes, enfim, todos aqueles
a mediunidade alheia, mas não procura estudar, não se permite o
que de alguma forma se sentem tocados pela religiosidade natural,
aprendizado, a cultura religiosa, a doutrina, não se preocupe: você
fiquem atentos. Mudança de comportamento! Vamos melhorar, estu-
é candidato perfeito à reciclagem religiosa!
dar, incentivar nossos irmãos mais acanhados, e os mais acomoda-

Às vezes vemos um terreiro passar por um verdadeiro êxodo. Saem dos também. Acabou a moleza. A espiritualidade que conduz nossa

vários médiuns, e outros integrantes. Saem falando mal das casas religião quer bons instrumentos a serviço do Pai Criador. Médiuns
que os acolheram, muitas vezes os desenvolveram e os suportaram esclarecidos, conscientes de seus deveres e atribuições. Não acre-
até que seus negativos aflorassem de vez. Criam intrigas e tentam ditem que é por acaso que a Umbanda Sagrada tem crescido e se
levar consigo a maioria das pessoas, usando os mais baixos artifícios fortalecido com tantas publicações sérias e cursos consistentes com
e fofocas. que fomos presenteados pelo plano Astral Superior.

Os que ficam normalmente continuam seu trabalho como sempre. Os Divulguem os livros que trazem conteúdo enriquecedor e de conheci-
que saem dessa forma dificilmente encontrarão alguma satisfação em
mentos claros. Divulguem bons cursos, disseminem a religiosidade de
outro lugar. Ou farão a mesma coisa depois de algum tempo, ou se
Umbanda. Não sintam vergonha de sua religião por causa dos atos
tornarão mercantilistas religiosos, ou então serão reciclados, arran-
de um ou outro lixo humano que passou por aqui. Tenha certeza, o
cados de dentro de seus invólucros, verdadeiros sacos de lixo que
escondem o verdadeiro lixo que são, e levados a outras realidades que não foi ou está sendo ou será muito em breve reciclado e reme-
religiosas, outras formas de professar sua fé. Mesmo que para isso tido a sua realidade íntima. E esse encontro pode ser nem um pouco
tenham que desembolsar algum dinheiro. agradável...

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15 CAPÍTULO 5

O INDIVÍDUO foi conduzindo a narrativa. O grupo encontrou centenas de espíritos no chão nas piores
situações, tiveram que escolher apenas um para continuar a caminhada, foram cercados
por outros menos amistosos, subiram um morro, no alto do morro ganharam um presente
Ensaio teórico sobre a individualidade do ser de um iluminado que os esperava, e por fim retornaram ao “corpo”.
e a libertação de paradigmas.
POR RODRIGO QUEIROZ Iniciado os relatos enquanto um percebia a textura da areia diferente do outro, uma irmã
não conseguiu se ver no deserto e se via em meio a uma densa mata, mesmo o mentor
O TEUS mantém quinzenalmente um trabalho de socorro espiritual narrando deserto, uns viram espíritos numa areia movediça, outros nem sofredores viram,
voltado para o resgate de espíritos caídos em situações emergenciais
uns viam o Sol, outros não, uns levaram apenas um escolhido para subir o morro e outro
e já há algum tempo este trabalho está focado ao socorro do grupo,
levou vários, uns usaram armamentos astrais para afastar as investidas negativas, outros
entendendo que nós mesmos estamos necessitados de ajuda cons-
mesmo as tendo não se sentiu capaz de usar, no presente uns ganharam luz, outros
ciencial para melhor resgate dos desafortunados irmãos espirituais.
Enfim, nesta última oportunidade, com a presença do irmão Camilo espadas, adagas e outros não ganharam nada.
que conduziu uma vivência com o grupo, ele narrou uma projeção Com estes relatos é que então percebi o que a espiritualidade vem insistindo em mostrar
espiritual para depois cada um expor suas experiências. nas variadas lições sobre a individualidade do ser.
Começando com o relaxamento, num dado momento ele propõe ao A ambientação narrada era simultânea a todos, porém, cada um montava as imagens
grupo para que saiam daquele ambiente e se vejam numa estrada diferentemente do companheiro ao lado, e para ninguém nada se repetiu, cada um com
cercada por um deserto, Sol poente, areia morna e grossa... Assim uma experiência diferente.

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É aí que entra meu ensaio. que se criam os clãs sociais, religiosos, partidos políticos, grupos de
Hoje em dia, cientistas, doutrinadores, pensadores de todas as ver- amigos etc.
tentes humanas tentam por todo esforço sistematizar o ser, normatizar
a mente, criar uma espécie de manual do ser humano, e dentro deste Bem, isto é fato, e inerente ao ser humano, somente que precisamos
manual reza o certo e o errado, o justo e o injusto, o bom e o mal... acordar para a realidade e que ou combatemos o narciso dentro de
nós ou então continuaremos patrocinando a deflagração dos homens
Como exemplo, me utilizarei aqui da realidade religiosa, a Umbanda, que jamais conseguirão superar esta doença que mais os afasta de
e os comportamentos individuais de médium x entidade. Este vulto siste- seus semelhantes e só os fecha para o labirinto de espelhos.
matizador que paira sobre todos nós rompe com a necessidade mínima
da conduta ditada dentro de um templo e agride a estrutura particular Nesta ocasião da vivência citada acima, um companheiro alegou que
de seus membros. Querem a meu ver criar robozinhos que andem, pu- gostaria de ver na Umbanda todos iguais, todos desprovidos de “vai-
lem e gritem igual para então assim acreditar que somos todos iguais, dades”,1 todos se comportando igualmente... Temos uma utopia, que
julgando isso ser humildade, unidade ou mesmo coesão! se virar ideal criará mais uma faceta divisora entre os companheiros de
fé. Reforço aqui a máxima de que ninguém é igual a ninguém, mesmo
É óbvio que temos que nos ater a alguns parâmetros de bom senso quando temos a uniformização de um grupo, teremos a diferença nos
comportamental para que não haja as extravasões desconexas dentro gestos, pensamentos, conceitos etc. De longe todos parecem iguais, ao
de uma liturgia. No entanto, não esqueçamos o indivíduo. aproximar-se vemos a individualidade. Que bom! Me sentiria mal num
terreiro cibernético.
Cremos, na Umbanda Sagrada, que o ser é gerado por Deus indivi-
dualmente, ou seja, ninguém é igual a ninguém, semelhanças podem Sendo assim, precisamos abrir o coração, desarmar o espírito e apro-
existir, porém, igualdade jamais. E o que isto quer dizer? veitar a oportunidade de conviver em grupos que reúnem no mesmo es-
paço, ideal e trabalho às diferenças, e nessa diversidade poder extrair
Diz tudo! Somos todos diferentes, sabemos disso, e insistimos em dificul- o que cada um tem de melhor a oferecer na somatória das atividades
tar a convivência com as diferenças. Porque temos invariavelmente um em prol da meta a ser alcançada.
resquício quase que incurável do narcisismo, ou seja, só é belo o que é
espelho, na prática, é o mesmo que afirmar que determinado indivíduo Alguns chegam ao ponto de ao observar a diferença no outro desacre-
busca no outro algo que enxerga em si, para uma identificação, que ditar totalmente na veracidade da dignidade ou mesmo das manifesta-
chamamos de afinidade algumas vezes, esta postura inconsciente leva ções transmitidas pela outra parte. E quando se pergunta qual seria a
os homens á repudiarem o outro semelhante que não é tão semelhante forma correta, então lá vem o discurso que claramente ou entrelinhas
pela diferença, sente repúdio e acusa que o outro é deveras diferente vão dizer “seja como eu”. São egos apontando egos, ou melhor, nar-
e que não merece devido respeito ou mesmo convívio. Desta forma é cisos combatendo narcisos.

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Tudo isso faz com que as pessoas vivam em constante desarranjo emo- quanto é belo e perfeito só existe na nossa percepção”, ou seja, somos
cional, inquietos e mais preocupados com o externo do que com o seu únicos.
interior e qual o seu real papel no meio em que está inserido.
Aqui proponho esta consciência, para a vida harmônica, ame-se por
Por que cada qual percebe o mesmo ambiente diferentemente do ou- reconhecer suas virtudes e potências, supere isso e perceba no seme-
tro? Por que o sentido de justiça difere de um para o outro? lhante diferente as virtudes e potências que ele traz, e como você pode
somar com ele para um bem maior.
Se perguntarmos para um grupo o que é felicidade? O que é amor? O
que é o mal? O que é moral? Teremos respostas totalmente diferentes Antes de apontar a forma como o preto velho do outro pita o cachim-
umas das outras pelo simples fato de sermos diferentes, e como não bo, ou como o caboclo do fulano veste seu cocar ou como o exu de
bastasse esta diferença na alma temos cada qual uma experiência de beltrano gargalha, saia da forma e entenda que mais vale ser do que
vida totalmente diferente do outro, e quando eu respondo o que é ter. Seja original e aprecie a originalidade.
amor, esta resposta estará ligada às minhas experiências, minhas per-
cepções e minhas somente minhas conclusões. Isto me faz melhor ou Acima de tudo ame a diferença, ame o ser humano por ser humano
pior do que alguém? como você, complicado e cheio de defeitos, por falar de amor ao
Assim, querido leitor, solte o brado da liberdade e expulse o narciso próximo recorro ao filósofo Emmanuel Lévinas que diz “o amor sem
que vive dentro de você, veja na diferença a oportunidade de apren- concupiscência é incondicional, e coloca-se à disposição do outro sem
dizado, de novas experiências, se permita para que também tenha a esperar simetria ética!”, ou seja, é o mesmo que o preto velho diz: “fio,
permissão. ame o próximo sem exigir nada dele!”.

A socióloga Hannah Arendt disse certa vez que “a pluralidade é a Para ir finalizando lembro que Renato Russo diz em verso que é preciso
condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Diz ainda que, se
é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa pararmos para pensar, na verdade não há.
que tenha existido, exista ou venha a existir” ela ainda completa que
“a ação é a fonte do significado da vida humana. É a capacidade de É isso aí, assim caminha a humanidade, e enquanto um vendedor de
começar algo novo que permita ao indivíduo revelar sua identidade”. flores ensina seu filho a escolher seus amores, vamos amando e se liber-
Freud no seu artigo A transitoriedade, de 1961, menciona que “tudo tando para a tão almejada consciência ampliada!

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MÉDIUM
UMA PESSOA
INTEREXISTENTE
(Depoimento do médium Francisco Cândido Xavier em 10/04/1988
extraído do livro “Chico Xavier – Mandato de Amor”)

Há muitos anos atrás, o professor Herculano Pires me dizia ser todo


médium uma pessoa interexistente. Eu não compreendia muito bem o
que ele queria dizer exatamente com isso e pedia-lhe maiores expli-
cações. O professor tentava explicar-me, dizendo que o médium, ao
mesmo tempo, vive duas realidades de vida distintas. Mas, mesmo
assim, ficava eu por entender o que tentava me transmitir.

Passados alguns anos, quando o professor já havia desencarnado,


compareci, como de costume, a uma reunião no Grupo Espírita da
Prece, aqui em Uberaba. A reunião transcorria normalmente e come-
cei a receber, pela psicografia, uma mensagem de um rapaz recém-
-desencarnado, dirigida a sua mãe que se encontrava aflita. Durante
a mencionada recepção da mensagem, enquanto minha mão escre-
via, um espírito amigo aproximou-se e disse:

- “Chico, nós precisamos de você neste mesmo instante em uma reu-


nião no plano espiritual, ligada por laços de afinidade ao Grupo
CAPÍTULO 6 Espírita da Prece. Você faça o favor de me acompanhar até lá!”

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Com a devida permissão de Emmanuel, resolvi, então, seguir o ami- faculdades espirituais a ser desperta. Por isso, para demonstrar os
go em espírito. Andamos muito até chegarmos a um salão muito am- vários aspectos ou facetas da mesma, podemos abrir mão de expe-
plo. Lá dentro, ocorria uma reunião e todos estavam em silêncio e riências de qualquer segmento.
prece. Com grande alegria, identifiquei a figura do professor Hercu-
lano Pires, presidindo o encontro. Cumprimentamo-nos rapidamente Podemos afirmar que a mediunidade é um dom do espírito e tem seu
pelo pensamento e soube que deveria substituir um médium que ha- grau definido pela afinação que este ou aquele espírito tem com o
via faltado ao serviço. Uma mãe em estado de sofrimento esperava campo vibratório desta ou daquela religião.
obter notícias de seu filho. Ambos já estavam desencarnados, mas a
respeitável senhora desesperava-se por não ter ainda se encontrado A Umbanda tem na mediunidade de incorporação um de seus fun-
com o filho querido, desencarnado dez anos antes dela. O estado damentos básicos e concluímos que esse dom, essa faculdade, se
íntimo de angústia desta mãe impedia-lhe a visão do filho dileto, completa de acordo com cada religião, época, valores.
que se encontrava em condição espiritual um pouco melhor. Assim,
enquanto meu corpo físico psicografava uma mensagem de um ra- Nosso irmão Chico Xavier é o maior exemplo que temos da utiliza-
paz no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, meu corpo espiritual ção dos dons mediúnicos, e no texto acima ele nos presenteia com
também recebia uma mensagem de outro rapaz, com outro tema, um relato extraordinário onde podemos aprender um pouquinho
na reunião do plano espiritual, completamente diversa da primeira. mais acerca desse dom espiritual. Num único relato ele consegue
Quando tudo terminou, o professor veio falar comigo: nos mostrar o dom da psicografia, do desdobramento astral, da
- “Você entendeu agora, Chico, o que é ser interexistente?” comunicação entre diferentes planos espirituais e passar conceitos
de afinidade espiritual. Esperamos que todos tenham absorvido os
Só então eu pude compreender o que ele quis me dizer. Neste conceitos valiosos que nem sempre temos a oportunidade de abor-
instante lembrei-me que minha abnegada mãe, D. Maria João de dar desta maneira já que são muito raros aqueles que conseguem
Deus, em uma de suas aparições, havia me asseverado com gravi- com tamanha naturalidade manifestar tantos dons mediúnicos ao
dade: mesmo tempo.
- “Chico, a mediunidade é uma enxada bendita de trabalho, quan-
do sabemos aceitá-la com Jesus.” E fiquei, então, a meditar sobre Ao contrário do que muitos pensam, Chico Xavier não era um privi-
o assunto. legiado por causa disto. Ele era, sim, o portador de dons proporcio-
Obs. de Alexandre Cumino: nais à sua humildade, simplicidade e vontade de auxiliar o próximo.
Sabemos que a mediunidade não pertence a nenhuma religião ou Um dom que ele não pediu deliberadamente, mas conquistou por
segmento filosófico, pertence ao ser humano como uma de suas méritos perante nosso Criador.

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CAPÍTULO 7

falou o ferreiro: “Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso trans-

O FERREIRO formá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito? Primeiro eu aqueço a chapa de
aço num calor infernal, até que fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade,
eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça adquira a forma
Um certo ferreiro que, após uma juventude cheia de excessos, resol- desejada. Logo, ela é mergulhada num balde de água fria e a oficina inteira se
veu entregar sua alma a Deus, durante muitos anos trabalhou com enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e grita por causa da súbita
afinco, praticou a caridade. Mas, apesar de toda sua dedicação, mudança de temperatura. E repito esse processo até conseguir a espada perfeita:
nada parecia dar certo na sua vida. Muito pelo contrário: seus pro- uma vez apenas não é suficiente”.
blemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.
O ferreiro deu uma longa pausa, acendeu um cigarro e continuou: “Às vezes, o aço
Uma bela tarde, um amigo que o visitava e que se compadecia de que chega até minhas mãos não consegue aguentar esse tratamento. O calor, as
sua situação difícil comentou: “É realmente estranho que, justamente marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais
depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua se transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente o coloco no
vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas ape- monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria”.
sar de toda a sua crença no mundo espiritual, nada tem melhorado”. Mais uma pausa e o ferreiro concluiu: “Sei que Deus está me colocando no fogo das
O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso aflições. Tenho aceitado as marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão frio
muitas vezes, sem entender o que acontecia em sua vida. e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas, a única coisa que peço é: meu
Deus, não desista, até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim.
Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, pensou Tente da maneira que achar melhor, pelo tempo que quiser, mas jamais me coloque
bastante e terminou encontrando a explicação que procurava. E lhe no monte de ferro-velho das almas”.

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LIBERTE-SE
POR RODRIGO QUEIROZ
Ditado por Irmão Camilo, um trabalhador da equipe de Resgate
Astral.

Salve a todos os irmãos planetários e louvado seja nosso Mestre Jesus Cristo!

O mês de Dezembro simbolizado pelo Natal e a proximidade do fim de um


ciclo anual faz com que o magnetismo de Cristo esteja mais intenso no pla-
neta, e isso se deve à grande parte dos habitantes deste globo terrestre que
está religiosamente voltada e exaltando esta vibração.

Este fenômeno é por deveras importante e fundamental para a revitalização


e harmonização dos corações e espíritos humanos.

O magnetismo de Cristo promove uma sensibilização e “afrouxamento” na


estrutura emocional dos indivíduos. Esta sensação de fraternalismo, somada
a uma espécie de nostalgia daquilo que é bom e agradável, proporciona um
encorajamento para a iniciativa de perdoar e pedir perdão. E, portanto, é
oportuno que os irmãos encarnados permitam se deixar levar por este impulso
vibratório. Entendam que esta oportunidade ocorre uma vez ao ano e este
pode ser o seu melhor presente a si e a outra parte. Harmonize-se!

Superar as diferenças e limitações, ajustar os entraves e esclarecer os desen-


tendimentos de modo sincero e liberto de cobranças e acusações possibilita

CAPÍTULO 8
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o libertar-se! nidade anual dos irmãos renascerem para a Luz.

Considere também que se há algo mal resolvido no seu coração sobre al- Caso até a data festiva você consiga esta superação, então acredite, um
guém que lhe incomoda ou lhe fere é porque este alguém lhe é importante e novo ano de liberdade e voo livre o aguardará.
só por isso justifica aceitar que você pode e deve tomar a iniciativa.
Assim, desejamos aos irmãos planetários encarnados um ótimo renascimen-
O péssimo hábito de esperar que a outra parte tome as iniciativas faz com to para a Libertação!
que ambos os expectadores da solução permaneçam parados e/ou pati-
nando no tempo. Nota do médium:
Liberte-se! Salve Irmão Camilo, saravá Umbanda!
É de profunda provocação a mensagem deste irmão espiritual, pois é mui-
São os grilhões emocionais que ancoram milhares de espíritos nos vales som- tíssimo difícil para nós seres encarnados imersos no orgulho, no egoísmo e
brios do torpor espiritual. Paralisam-se e impedem por atitudes mesquinhas, exagerada superestimação aceitar que erra nos julgamentos alheios, que
egoístas e orgulhosas a sua própria evolução, portanto irmãos libertem-se! falha em seus apontamentos e, portanto, fracassa nos seus relacionamentos
Para algumas religiões Jesus o Cristo é o Salvador, para outros um Grande interpessoais. É certo que este conselho está correto e é sempre pontual.
Mestre, ou Profeta, enfim, para nós há de ser o Libertador, pois sua ação
magnética possibilita aos seres que fatalmente deverão fazer a sua parte Portanto, cabe a nós mais uma vez a reflexão sincera e um posicionamento
para equilibrarem-se e então libertar-se sob a influência da vibração Crística. desarmado sobre o que é certo de fato no seu comportamento e principal-
Se o Natal propõe a ideia do nascimento de Jesus, entendo que é a oportu- mente na consequência de seus atos. Boa sorte e luz!

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#EUSOUUMBANDA

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