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Organização geral do sistema nervoso I

SISTEMA NERVOSO
À medida que subimos na árvore evolutiva do mundo animal, assistimos à
complexificação das funções de coordenação orgânica e integração funcional, ao
apuramento dos mecanismos de recolha de informação externa (órgãos sensoriais)
e de transmissão de informação interna. Muito antes mesmo de se poder referir a
existência de um sistema nervoso, os animais, fossem eles unicelulares ou
pluricelulares, manifestavam reacções a estímulos externos, evidenciando a posse
de faculdades que mais tarde haveriam de constituir o objecto de especialização
das células nervosas. A organização destas num sistema nervoso constitui uma
etapa evolutiva de que beneficiaram, em paralelo, diversas vias de diversificação
animal, e que se encontram bem representadas tanto nos invertebrados como nos
vertebrados. Por essa razão, muito do conhecimento que se tem do funcionamento
do sistema nervoso, designadamente do homem, foi obtido através de
experimentação realizada em invertebrados. Contudo, apesar de também nos
invertebrados se ter assistido ao fenómeno de cerebralização e cefalização, foi no
ser humano que o cérebro adquiriu maior preponderância.

2. ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO


2.1-ASPECTOS GERAIS
2.2-SISTEMA NERVOSO CENTRAL
2.2.1. ENCÉFALO
2.2.1.1. CÉREBRO
2.2.1.2. CEREBELO
2.2.1.3. TRONCO ENCEFÁLICO
2.2.2. MEDULA ESPINAL
2.3-SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
2.3.1 TERMINAÇÕES NERVOSAS
2.3.2 GÂNGLIOS
2.3.3 NERVOS
2.3.3.1 NERVOS CRANIANOS
2.3.3.2. NERVOS RAQUIDIANOS

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Organização geral do sistema nervoso I

6ª aula

2. ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO


Este capítulo, essencialmente descritivo, destina-se a fornecer um certo número de dados
neuro-anatómicos de base os quais permitem ao leitor referenciar-se quando da leitura
dos capítulos seguintes. As ilustrações foram escolhidas de maneira a representar as
estruturas cujo conhecimento é indispensável dentro do conteúdo programático da
disciplina de Biologia Neuro-endócina para o estudo dos mecanismos nervosos dos
comportamentos humanos. Para informação mais detalhada consultar a bibliografia
aconselhada, nomeadamente Habib (2003) e Castro-Caldas (2008).

2.1-ASPECTOS GERAIS
Há um único sistema nervoso, mas a sua complexidade é tal que é difícil considerar
todas as suas partes simultaneamente. Para facilitar a abordagem é habitual dividir o
sistema nervoso consoante as estruturas (Figura 2.1) e segundo as funções (Figura 2.2).

Cérebro

Encéfalo Cerebelo
Mesencéfalo
Tronco Ponte
Sist. Nervoso Bolbo
Central
Sistema
Nervoso
Medula espinal

Nervos cranianos
Sist. Nervoso raquidianos
Periférico Gânglios
Terminações nervosas
Figura 2.1. Organização estrutural do sistema nervoso identificável através de várias partes e órgãos

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Organização geral do sistema nervoso I

Estrutural e funcionalmente o Sistema Nervoso (SN) é constituído por duas partes


fundamentais, com diferentes competências:
• o Sistema Nervoso Central (SNC) que recebe os estímulos, comanda e
desencadeia respostas;
• o Sistema Nervoso Periférico (SNP) ao qual compete a condução dos estímulos
ao SNC e a condução das respostas deste, aos órgãos.

O SNC é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal (Figura 2.1). O primeiro é
protegido pelo neurocrânio; a segunda localiza-se no canal da coluna vertebral, o canal
vertebral.
O SNC é o centro de regulação e de integração de todo o sistema nervoso: interpreta as
informações sensoriais que lhe chegam e produz respostas motoras fundamentadas na
experiência e nas condições envolventes.

O SNP é a parte do sistema nervoso situado à margem do SNC. É formado


essencialmente pelos nervos conectados ao encéfalo, os nervos cranianos, que
encaminham os influxos nervosos das diferentes partes do corpo, ao cérebro e vice-versa,
e pelos nervos conectados à medula espinal, os nervos raquidianos que transmitem os
influxos de diversas partes do corpo à espinal-medula e inversamente.

A classificação funcional aplica-se unicamente às estruturas do SNP (Figura 2.2).


Compreende duas
Figura 2.2.
Organização subdivisões: a via
funcional do
sistema nervoso sensitiva ou aferente e
em várias regiões
identificáveis e a via motora ou
interconectadas.
O sistema
eferente.
nervoso central A via aferente é
consiste no
encéfalo (brain) e formada por fibras
na espinal-
medula. nervosas que
O sistema transportam para o SNC
nervoso
periférico
os influxos provenientes
abrange os dos receptores
nervos, gânglios e
terminações sensoriais disseminados
nervosas. (vide
explicação no
texto)
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Organização geral do sistema nervoso I

no organismo e que informam sobre os eventos que ocorrem tanto no exterior, como no
interior do organismo.

A via eferente é formada pelas fibras nervosas que transmitem aos órgãos (músculos,
glândulas) os influxos provenientes do SNC, e desencadeiam respostas (motoras ou
secretoras).
A via motora ou eferente compreende, por sua vez, duas subdivisões (Figura 2.2), às
quais se atribui as designações de Sistema Nervoso Somático e o Sistema Nervoso
Autónomo.

O Sistema Nervoso Somático (SNS) compreende as fibras nervosas que nos permitem
exercer um domínio consciente dos nossos músculos associados ao esqueleto (músculos
esqueléticos ou músculos estriados). Por essa razão, é por vezes designado também, por
Sistema Nervoso Voluntário. Esta designação, contudo, não corresponde inteiramente à
verdade, pois existem movimentos reflexos, involuntários, que são accionados por fibras
nervosas do SNS.

O Sistema Nervoso Autónomo (SNA) rege todas as actividades automáticas, ou


involuntárias, já que a sua função é controlar o funcionamento dos nossos órgãos,
conjuntamente com o bolbo raquidiano, como sejam os músculos lisos, músculo cardíaco
e glândulas. O SNA é também designado, por vezes, por Sistema Nervoso Involuntário ou
Vegetativo. É um sistema duplo:
Sistema Simpático - encarrega-se de activar o organismo, pelo que incrementa o gasto de
energia e parece funcionar durante o dia. Por exemplo, nota-se que num momento de
susto sucedem-se algumas coisas peculiares no corpo humano: o coração acelera, a
respiração é mais apressada, a boca fica seca etc. Todas estas coisas que sucedem
devem-se à actuação do Sistema Simpático, que prepara o corpo para fazer algo (sair
correndo!).
Sistema Para-simpático - produz os efeitos contrários ao sistema simpático, ou seja,
relaxa o organismo, diminui o consumo de energia e parece funcionar pela noite. Atrás
do mesmo exemplo, após um susto, o corpo vai-se relaxando pouco a pouco, o
coração vai batendo mais lentamente, a respiração fica mais tranquila e volta a haver
saliva na boca; então foi a vez de actuar do sistema para-simpático que repõe a
situação contrária criado pelo simpático.

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