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1.

1 História
2. 2 A Convenção da União de Paris
3. 3 Tipos de propriedade intelectual
4. 3.1 Diferença entre Direito Autoral e Propriedade Industrial
5. 3.2 Patente
6. 3.3 Marcas
7. 3.4 Design Industrial
8. 3.5 Indicação Geográfica
9. 4. Aplicação das Tics
10. 5. Aplicação ao campo da biodiversidade
11. 6. Conclusão
12. 7. Referência bibliográfica1

1 Dercio C.G.Machate
I. Introdução

Propriedade intelectual é um conceito que visa positivar direitos a respeito de


produtos e/ou processos do conhecimento, sejam estes tangíveis ou intangíveis.
Regulamentada com base em diversos tratados, cada nação possui legislação
própria sobre o assunto, incluindo o nosso Moçambique.

Deve-se atentar para não ser identificada com Propriedade Industrial ou Direito
Autoral, que são os dois principais ramos dentro da propriedade intelectual.

Segundo a Convenção para o Estabelecimento da OMPI, é a soma dos direitos


relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas
intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões
de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às
descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais,
comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações
comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos
inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e
artístico.
II. Propriedade intelectual e propriedade industrial aspectos introdutórios.

Propriedade intelectual a Propriedade Industrial (PI), em conjunto com os


Direitos de Autor e os Direitos Conexos, constituem a Propriedade Intelectual.
Enquanto a Propriedade Industrial tem por objecto a protecção das invenções,
das criações estéticas (design) e dos sinais usados para distinguir produtos e
empresas no mercado, o Direito de Autor visa a protecção das obras literárias e
artísticas (incluindo as criações originais da literatura e das artes).

1. História

A tutela dos direitos de autores de obras intelectuais foi tida como um interesse
a partir do fim da idade média. Antes, a enorme dificuldade para se reproduzir
manualmente os originais e distribuir as cópias era o suficiente para o exercício
do controle sobre a divulgação de ideias.

Junto com a invenção da imprensa e a facilidade de reprodução por ela trazida,


vieram as preocupações dos soberanos com a democratização da informação.

Em 1557, dezoito anos após a introdução da prensa tipográfica na Inglaterra por


Wiliam Caxton, Filipe e Maria Tudor deram a concessão do monopólio real de
direito sobre as vendas à associação de donos de papelaria e livreiros. A
associação passou a exercer censura sobre o conteúdo e os autores, impedindo a
publicação de informações desfavoráveis à realeza. Tal privilégio relativo ao
direito de cópia foi chamado de 'copyright'. Desde sua origem, portanto, tratava-
se de um direito garantido aos comerciantes de livros, e não aos autores
propriamente ditos (mais tarde, criam-se diferentes vertentes, como a francesa,
focada no direito de autor, e não do direito de cópia).

Tal concessão durou cerca de duzentos anos e resultou na criação das legislações
inglesa e norte-americana. A primeira lei inglesa relativa aos direitos autorais é
de 1710 e concedia ao criador o direito exclusivo sobre a cópia de um livro por 14
anos, renováveis por mais 14 caso o autor estivesse vivo quando da expiração do
direito. Nos Estados Unidos, em 1790, foram criadas leis sobre patentes e direitos
autorais em termos semelhantes, com o mesmo prazo de monopólio. Em 1831, o
Congresso americano alterou o primeiro prazo estendendo-o para 28 anos,
renováveis por mais 14 e, em 1909, ampliou também o período de renovação para
mais 28 anos. Marx descrevia já no final do século XIX a propriedade intelectual
como a aplicação de conceitos subjetivos no campo objetivo de maneira que possa
ser classificado como trabalho abstrato, não se opondo de nenhuma maneira ao
trabalho concreto.

A pressão exercida por organizações de escritores e as indústrias culturais (em


especial as editoras) era para que o prazo do direito autoral se estendesse por
mais 50 anos após a morte do autor, adequando as leis referentes a direitos
autorais à Convenção de Berna, datada de 1886 e que estabelecia regras para os
direitos de propriedade intelectual no cenário internacional, ou seja, entre as
nações. Como não se chegava a um consenso, as votações foram adiadas diversas
vezes, por pressão de lobistas, até que, em 1976, com objeções do Departamento
de Justiça, o Congresso aprovou uma nova lei de direitos autorais, concedendo o
monopólio por toda a vida do autor mais 50 anos após a sua morte. No caso de
trabalhos encomendados por empresas, o período de proteção ficou definido
como 75 anos após a publicação ou 100 anos após a criação, o que fosse mais
curto.

1.2.1. A Convenção da União de Paris

1.2. Convenção de Paris de 1883

O que impulsionou a discussão sobre a proteção à propriedade intelectual foi a


Propriedade Industrial. Em 1236, em Bordeaux, França, Bonafusus de Sancta e
Companhia obtiveram exclusividade em tecer e tingir tecidos de lã. Este é
considerado o primeiro caso de proteção à propriedade industrial. Entretanto,
somente em meados do século XIX, devido à Revolução Industrial, a fruição da
propriedade industrial se intensificou e levando a criação da Convenção de Paris.

Em 20 de março de 1883, 14 países, reuniram-se para firmar um tratado que


regimentasse a propriedade intelectual de forma relativamente uniforme ao
redor do mundo, mas garantindo relativa liberdade aos seus signatários.
O resultado disso foi o tratado da Convenção de Paris para a Proteção da
Propriedade Industrial. O tratado sofreu várias revisões desde então: em
Bruxelas a 14 de dezembro de 1900; em Washington a 2 de junho de 1911; em
Haia a 6 de novembro de 1925; em Londres a 2 de junho de 1934; em Lisboa a 31
de outubro de 1958; e, finalmente, em Estocolmo a 14 de julho de 1967. Esta
última é a que vigora atualmente.

2. Tipos de propriedade intelectual

A propriedade intelectual pode ser dividida em duas principais categorias:


direito autoral e propriedade industrial, sendo que pertencem à primeira as obras
intelectuais, literárias e artísticas, programas de computador e, à segunda, as
patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas. Existem ainda
alguns regimes especiais que compõem um terceiro grupo sui generis: como a
topografia de circuito integrado e a proteção de Cultivares.

Existem várias discussões entre juristas, comunidades locais e organizações


mundiais de proteção da Propriedade Intelectual acerca da adequação dos
"conhecimentos tradicionais" ao sistema de proteção de propriedade intelectual
atual. A Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) trata
conhecimentos tradicionais como um novo tema a se definir, instituindo o
“Comitê Intergovernamental sobre Propriedade Intelectual, Recursos Genéticos,
Conhecimento Tradicional e Folclore”, para estudar formas de regulamentar o
assunto, sendo comum a adoção nacional pelo caminho da proteção sui generis.

3. Diferença entre Direito Autoral e Propriedade Industrial

O direito autoral é voltado à criação artística, científica, musical, literária, entre


outras. Ele (direito autoral) protege obras literárias (escritas ou orais), musicais,
artísticas, científicas, obras de escultura, pintura e fotografia, bem como, na
categoria de direitos conexos, o direito das empresas de radiofusão e
cinematográficas. Pelo direito de exclusividade, o autor é o único que pode
explorar sua obra, gozar dos benefícios morais e econômicos resultantes dela ou
ceder os direitos de exploração a terceiros.
Já a propriedade industrial é o ramo da propriedade intelectual que resguarda as
criações ou invenções intelectuais voltadas às atividades industriais, abrangendo,
por exemplo, o autor de determinado processo, invenção, modelo de utilidade,
desenho ou produto, também chamado de obras utilitárias, que são protegidas
por meio de patentes e registros. Outra função da propriedade industrial é
reprimir a concorrência desleal.

O registo de Propriedade Industrial confere ao requerente um direito, o qual lhe


permite assegurar a propriedade exclusiva sobre uma determinada invenção,
uma criação estética (design) ou um sinal usado para distinguir produtos e
empresas no mercado. O recurso à procteção ou ao registo não é obrigatório,
sendo no entanto aconselhável, pois assegura um monopólio legal, o qual
permite impedir que alguém utilize, sem consentimento, uma marca, uma
patente ou um desenho ou modelo, habilitando o titular a accionar todos os
mecanismos legais para fazer cessar ou punir qualquer conduta usurpadora.

Desta forma, este tipo de protecção apresenta as seguintes vantagens:

 Valoriza o esforço financeiro e o investimento em capital humano e


intelectual utilizado na concepção de novos produtos ou processos;
 Confere um direito exclusivo que permite impedir que terceiros, sem o
consentimento do titular da patente ou do modelo de utilidade,
produzam, fabriquem, vendam ou explorem economicamente a invenção
protegida;
 Impede que outros protejam o mesmo produto ou processo ou utilizem os
meios ou processo objecto de patente/modelo de utilidade concedido;
 Permite ao titular da patente ou do modelo de utilidade aplicar nos
produtos uma menção de que se encontram protegidos, de modo a
dissuadir potenciais infracções;
 Garante a possibilidade de transmitir o direito ou de conceder licenças de
ex-ploração a favor de terceiros, a título gratuito ou oneroso.
 Em termos de Propriedade Industrial, podem ser protegidos ou registados
os resultados da actividade inventiva nos domínios caracterizados de
seguida.

3.1. Patentes e modelos de utilidade

Uma patente e um modelo de utilidade são direitos exclusivos que se obtêm


sobre invenções (soluções novas para problemas técnicos específicos) as
invenções podem proteger-se através de duas modalidades de propriedade
industrial, designadamente as patentes e os modelos de utilidade.

Desta forma, este tipo de protecção apresenta as seguintes vantagens:

 Valoriza o esforço financeiro e o investimento em capital humano e


intelectual utilizado na concepção de novos produtos ou processos;
 Confere um direito exclusivo que permite impedir que terceiros, sem o
consentimento do titular da patente ou do modelo de utilidade,
produzam, fabri-quem, vendam ou explorem economicamente a invenção
protegida;
 Impede que outros protejam o mesmo produto ou processo ou utilizem
os meios ou processo objecto de patente/modelo de utilidade concedido;
 Permite ao titular da patente ou do modelo de utilidade aplicar nos
produtos uma menção de que se encontram protegidos, de modo a
dissuadir potenciais infracções;
 Garante a possibilidade de transmitir o direito ou de conceder licenças de
exploração a favor de terceiros, a título gratuito ou oneroso.

Podem obter-se Patentes para quaisquer invenções em todos os domínios da


tecnologia, quer se trate de produtos ou processos, bem como para os processos
novos de obtenção de produtos, substâncias ou composições já conhecidos. No
caso dos modelos de utilidade, embora os requisitos de protecção sejam muito
semelhantes, não é possível proteger invenções que incidam sobre matéria
biológica ou sobre substâncias ou processos químicos ou farmacêuticos.
As invenções que podem ser protegidas devem cumprir cumulativamente os três
requisitos seguintes:

1. A invenção tem que ser nova, ou seja, significa não fazer parte do estado da
técnica inclui tudo o que, dentro ou fora do País, foi divulgado ou tornado
acessível ao público por qualquer meio, antes da data do pedido ou da sua data
de prioridade;

2. A invenção deve possuir actividade inventiva. No caso das patentes,


considera-se que uma invenção envolve actividade inventiva se não for óbvia
para uma pessoa especializada na matéria técnica em questão;

No caso dos modelos de utilidade, considera-se que a invenção possui


actividade inventiva se não resultar de uma maneira evidente do estado da
técnica ou se apresentar uma vantagem para o fabrico ou utilização do
produto/processo;

3. A invenção deve ter aplicação industrial é susceptível de o ser se o seu objecto


puder ser fabricado ou utilizado em qualquer tipo de indústria, incluindo a
agricultura.

O direito à patente ou ao modelo de utilidade pertence ao inventor ou aos seus


sucessores. Sendo dois ou mais os autores de uma invenção, qualquer um poderá
requerer a patente em benefício dos restantes. Se a patente não for requerida em
nome do inventor, este tem o direito de ser mencionado no pedido e no título.

Em Portugal vigora a regra do first to file primeiro a pedir, o que significa que
a protecção será conferida àquele que primeiro apresentar um pedido regular
junto do INPI.

Note-se que, se a invenção for realizada durante a execução de um contrato de


trabalho e essa actividade estiver nele prevista, o direito à patente pertence à
entidade patronal, salvo acordo em contrário.

A opção por escolher uma protecção por patente ou modelo de utilidade cabe
sempre ao requerente, que deverá ponderar sobre as respectivas vantagens e
inconvenientes, sendo certo que proteger uma invenção por modelo de utilidade
implica um procedimento administrativo mais simplificado e acelerado do que o
das patentes. O modelo de utilidade apresenta maior flexibilidade na sua relação
com as patentes a pedido do requerente, a invenção submetida a protecção por
modelo de utilidade pode ser objecto de protecção por patente (ou vice-versa),
simultânea ou sucessivamente, sendo que o requerente dispõe do prazo de 1 ano
para proceder à apresentação sucessiva de um pedido de patente ou de modelo
de utilidade.

Neste contexto, merecem ainda referência os certificados complementares de


protecção, os quais prolongam, até um período máximo de 5 anos, a protecção
conferida por uma patente-base, para um determinado produto, medicamento
ou fitofarmacêutico (desde que esse produto esteja protegido na referida patente-
ba-se), de modo a compensar o período que demorou a autorização de
introdução no mercado (AIM).

Não podem contudo ser objecto de patente:

• As descobertas, assim como as teorias científicas e os métodos matemáticos;

• Os materiais ou as substâncias já existentes na natureza e as matérias nucleares;

• As criações estéticas;

• Os projectos, os princípios e os métodos do exercício de actividades intelectuais


em matéria de jogo ou no domínio das actividades económicas, assim como os
programas de computadores, como tais, sem qualquer contributo;

• As apresentações de informação;

• Os métodos de tratamento cirúrgico ou terapêutico do corpo humano ou


animal e os métodos de diagnósticos aplicados ao corpo humano ou animal,
podendo contudo ser protegidos os produtos, substâncias ou composições
utilizados em qualquer desses métodos;

• As invenções cuja exploração comercial seja contrária à lei, à ordem pública, à


saúde pública e aos bons costumes, nomeadamente.
3.3. Marcas.

A marca é um sinal que identifica no mercado os produtos ou serviços de uma


empresa, distinguindo-os dos de outras empresas.

As Marcas podem assumir múltiplas configurações: Marcas nominativas:


Compostas apenas por elementos verbais, nomeadamente palavras, incluindo
nomes de pessoas, letras ou números.

Marcas figurativas: compostas apenas por elementos figurativos, como desenhos,


imagens ou figuras.

Marcas mistas: Compostas por elementos verbais e figurativos.

Marcas sonoras: Compostas por sons.

Marcas tridimensionais: compostas pela forma do produto ou da respectiva


embalagem.

Marcas compostas por slogans: constituídas por frases publicitárias,


independentemente da sua protecção pelo Direito de Autor o logótipo é um tipo
de marca, o qual representa um sinal adequado a identificar uma entidade que
preste serviços ou comercialize produtos, distinguindo a das demais. Pode ser
constituído por um sinal ou conjunto de sinais susceptíveis de representação
gráfica, nomeadamente por elemen-tos nominativos, figurativos ou por uma
combinação de ambos, sendo neste caso mistos.

Para além das Marcas que se destinam a identificar e distinguir produtos ou


serviços, existem também as marcas colectivas, as quais que podem ser de
associação ou de certificação.

Desta forma, uma marca de associação é um sinal pertencente a uma


associação de pessoas singulares ou colectivas, cujos membros o usam para
produtos ou serviços relacionados com o objecto da associação.

Uma marca de certificação é um sinal pertencente a uma pessoa colectiva que


controla os produtos ou os serviços, o qual serve para ser utilizado nos
produtos ou serviços submetidos àquele controlo, ou para os quais as
normas foram estabelecidas.

3.4. Denominação de origem / identificação geográfica.

Uma marca de denominação de origem ou identificação geográfica é um sinal


pertencente a uma pessoa colectiva que controla os produtos ou os serviços e
estabelece normas a que estes devem obedecer.

Resultam do esforço de um grupo de produtores que se organizam para proteger


e defender produtos com uma identidade própria e inconfundível, sendo o
registo formalmente atribuído a uma entidade que estabelece e controla os
critérios qualitativos de produção ou de fabrico dos produtos.

Depois de registadas, constituem propriedade comum dos residentes ou


estabelecidos na área geográfica em questão, sendo a possibilidade do seu uso
conferida a todos os produtores da área delimitada que obedeçam com as
condições e requisitos de produção fixados.

Ao desempenharem esta função de garantia da qualidade, as denominações de


origem e as indicações geográficas inspiram confiança no consumidor, sendo um
instrumento muito valioso ao serviço das empresas, conferindo um valor
acrescido às suas marcas.

Note-se contudo que não podem ser registadas:

• Marcas compostas exclusiva ou essencialmente por elementos que descrevam


o produto/serviços (as suas características, qualidades, proveniência geográfica),
por elementos usuais na linguagem do comércio, por determinadas formas
(forma imposta pela própria natureza do produto, forma do produto necessária
à obtenção de um resultado técnico ou forma que lhe confira um valor
substancial) ou por uma única cor (Exemplos: Sapatos, para identificar calçado;
Hidratação Creme, para produtos cosméticos);

• Sempre que estes elementos - não registáveis por si só - estejam combinados


com outros que sejam distintivos (palavras ou figuras, por exemplo), a marca
pode ser registada, ainda que os aspectos descritivos, genéricos ou usuais não
fiquem de apropriação exclusiva do respectivo titular;

• Marcas que possam causar enganos ao consumidor, nomeadamente a respeito


da natureza, das qualidades, da utilidade ou da proveniência do produto ou do
serviço;

• Marcas contrárias à lei e à ordem pública ou que ofendam a moral e os bons


costumes;

• Marcas que contenham símbolos de Estado, emblemas de entidades públicas


ou estrangeiras, brasões, medalhas, nomes ou retratos de pessoas, sinais com
elevado valor simbólico; símbolos religiosos;

• Marcas que constituam infracção de direitos alheios ou que possam


favorecer a prática de actos de concorrência desleal (salvo consentimento do
titular).

Para além de atribuírem ao produtor um direito exclusivo determinado pela


tipicidade e qualidade dos produtos e de conferirem um valor acrescido às
marcas desenvolvidas pelas empresas, constituem, também, um meio
privilegiado ao dispor dos seus utilizadores/titulares, pois permitem alcançar
o consumidor através de critérios de exigência cada vez mais elevados em
termos de qualidade e autenticidade dos produtos que adquirem no mercado.

Desta forma, este tipo de protecção apresenta as seguintes vantagens:

• Confere uma protecção por um período ilimitado e o reconhecimento de um


uso exclusivo na respectiva área;

• Impede utilizações abusivas por parte de quem não tenha o direito de usar a
denominação de origem e a indicação geográfica;

• É um poderoso instrumento de marketing e garantia garantir que o produto


reúne determinadas características e qualidades específicas;

• Salvaguarda aspectos culturais resultantes das preservações do saber-fazer e


das tradições das populações.
A Denominação de Origem ou indicação geográfica refere-se ao nome de uma
região, de um local ou, em casos excepcionais, de um país, que serve para
designar ou identificar um produto que é originário dessa região, desse local
ou desse país, e cuja qualidade ou características devem-se essencial ou
exclusivamente ao meio geográfico, incluindo os factores naturais e humanos,
e ainda cuja produção, transformação e elaboração ocorrem nessa área
geográfica delimitada.

Note-se contudo que as denominações de origem e as indicações geográficas são


modalidades de propriedade industrial distintas.

A principal diferença entre ambas reside no tipo de relação existente entre a


qualidade ou as características do produto protegido e a região de origem.

Esta relação é mais estreita nas Denominações de Origem. Assim, para que
determinado produto possa ser protegido como Denominação de Origem é
necessário haver uma maior ligação entre o produto e a região de origem, ou
seja, as suas qualidades e características devem-se sobretudo às condições
endógenas. As Indicações Geográficas apresentam requisitos menos exigentes,
isto é, o elo que liga o produto ao seu local de origem é muito mais ténue,
bastando que a reputação ou uma determinada qualidade possam ser
atribuídas à origem geográfica, sem influência dos factores endógenos.

Na origem geográfica deve ocorrer, pelo menos, a produção, transformação ou a


elaboração do produto. Como nota final, ressalve-se que apesar de serem
modalidades de propriedade industrial distintas, é possível registar uma marca
que inclua uma denominação de origem ou uma indicação geográfica, desde que
a marca vise identificar produtos oriundos da área geográfica em causa,
produzidos segundo as condições e os requisitos regulamentados.

O titular só fica com o uso exclusivo dos aspectos distintivos da marca, isto é,
não se apropria da denominação de origem ou da indicação geográfica, nem
se pode opor ao uso destes nomes geográficos nas marcas dos outros
produtores que a elas tenham direito.
3.5. Desenhos ou modelos

O desenho ou modelo protege as características da aparência da totalidade ou de


parte de um produto. Essas características podem respeitar a aspectos como
linhas, contornos, cores, forma, textura ou os materiais do próprio produto ou da
sua ornamentação.

Podem ser protegidos os desenhos ou modelos que preencham,


cumulativamente, as duas condições seguintes: tem que ser novo, ou seja, se
antes da data do pedido de registo nenhum desenho ou modelo idêntico tiver
sido divulgado ao público; tem que ter um carácter singular, ou seja não pode ser
confundível com qualquer outro anterior.

Exemplos de desenhos ou modelos:

• Componentes para a montagem de um produto complexo produto composto


por componentes múltiplos susceptíveis de serem deles retirados para o
desmontar e nele recolocados para o montar novamente (painéis publicitários,
automóveis, telemóveis, impressoras, mobiliário, entre outros);

• Símbolos gráficos (ex.: ícones de computador, elementos de sinalética, sinais


identificativos, simbologia diversa);

• Elementos de apresentação (ex.: grafismo de painéis de publicidade, layouts de


apresentações de computador);

• Embalagens;

• Caracteres tipográficos (ex.: fontes de letra).

Não podem ser objecto de registo como desenho ou modelo os programas de


computador, produtos ditados exclusivamente pela sua função técnica, produtos
de interconexões, produtos com um design contrário à ordem pública ou aos
bons costumes, e que não respeite as condições de protecção, que são a novidade
e o carácter singular.
4. Aplicação ao campo das TIC

O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação desde o


final do século XX destacou, por um lado, o surgimento de novos problemas aos
quais os sistemas convencionais de propriedade intelectual não foram adaptados
e por outro lado, a dificuldade de encontrar um consenso sobre possíveis
mudanças. O crescente número de legislações relacionadas a questões de
propriedade intelectual, particularmente nos Estados Unidos e na Europa, é uma
indicação de incerteza jurídica a este respeito. Além disso, o sistema de patentes,
que é um dos pilares da propriedade intelectual da indústria, está sujeito a
severas críticas, não apenas das empresas, mas também dos órgãos oficiais.

5. Aplicação ao campo da biodiversidade

Em 1980, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos adotou uma decisão


fundamental que autoriza a patenteabilidade de microrganismos geneticamente
modificados (Diamond v. Chakrabarty). Validado por uma maioria estreita (5
votos a favor, 4 votos contra), esta decisão marca um grande ponto de viragem e
ainda está aberta a controvérsia. Então, em 1994, os acordos da Organização
Mundial do Comércio (OMC) sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade
Intelectual relacionados com o Comércio (Adpic) internacionalizaram a
patenteabilidade da vida através das suas provisões de patentes. Os Estados não
podem mais excluir os microorganismos da patenteabilidade.

O tempo decorrido - menos de quinze anos - entre a aplicação da


patenteabilidade da vida nos países desenvolvidos e a internacionalização desta
tendência através dos acordos Adpic, é particularmente breve e explica que a
maioria dos países em desenvolvimento (DCs) ) que assinaram esses acordos,
com exceção de um pequeno grupo em torno da Índia e do Brasil, não mediram
o alcance exato dessas disposições.

Ao mesmo tempo, a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD), adotada


em 1992, afirma a prevalência da soberania do Estado sobre seus recursos
biológicos. A Convenção estabelece os princípios do consentimento
fundamentado prévio e a partilha justa e equitativa dos benefícios resultantes da
utilização de recursos genéticos e estipula que os direitos de propriedade
intelectual não devem entrar em conflito com seus objetivos (ver artigo 16). A
indústria de biotecnologia dos EUA se opõe a esses princípios e insta os EUA a
não ratificarem a Convenção sobre a Diversidade Biológica (em 2010, o país ainda
não ratificou a Convenção). Assim, de acordo com a direção do ICTSD (programa
de propriedade intelectual e tecnologia no Centro Internacional de Comércio e
Desenvolvimento Sustentável, Genebra, Suíça), existem tensões entre dois
regimes que respondem a diferentes lógicas: a propriedade intelectual, que
autoriza a patenteabilidade dos seres vivos e dos microrganismos, e a da
biodiversidade, que defende a soberania dos estados sobre seus recursos
biológicos. É neste contexto que, na década de 1990, ocorrem casos de
"biopirataria": nos Estados Unidos, as substâncias e plantas da Índia e da América
Latina são patenteadas, enquanto suas virtudes tradicionais, medicamentos, são
conhecidos há muito tempo nestes países e regiões. As medidas tomadas pelos
países em causa para obter a revogação dessas patentes são caras e complicadas,
razão pela qual os casos de biopirataria se seguem e continuam hoje.

A diretiva de 6 de Julho de 1998, relativa à proteção das invenções


biotecnológicas, cujo objetivo é clarificar o enquadramento jurídico das invenções
biotecnológicas, permitiu ao nível europeu harmonizar as normas para
desenvolver tecnologias baseadas em organismos vivos. Na verdade, os critérios,
condições e áreas de proteção foram esclarecidos e protegeriam de forma mais
efetiva os consideráveis investimentos neste campo, favorecendo o progresso
científico. No entanto, preocupações permanecem sobre as invenções relativas ao
ser humano, apesar da intenção declarada do Instituto de Pesquisa de
Propriedade Intelectual (IRPI) de esclarecer aos mais céticos que "o direito de
patente não permite a apropriação do corpo. Humano e não ameaça a dignidade
do homem".

Assim, os protestos mais fortes decorrem do lançamento de programas de


pesquisa sobre o genoma humano e da questão da sua patenteabilidade,
considerando critérios éticos. O artigo que é o tema da controvérsia mais
acalorada da directiva é o artigo 5. Anuncia no primeiro parágrafo que a
descoberta de qualquer elemento do corpo humano, especialmente a seqüência
de um embaraço, e isso para qualquer qual etapa do seu desenvolvimento não
pode ser patenteada, mas no segundo parágrafo um elemento do corpo humano,
incluindo a sequência de um aborrecimento, reproduzido por um processo
técnico pode ser objeto de patente.

Unesco, o Comitê Nacional de Ética Consultiva (NCEC) se propôs contra esses


artigos por suas contradições e ambiguidades. Pelas leis sobre bioética de 1994,
na lei francesa, "o corpo humano, seus elementos e seus produtos, bem como o
conhecimento da estrutura total ou parcial de um constrangimento humano não
podem, como tal, ser o objeto patentes ". Para o NC, a directiva, por este artigo,
tornaria possível de forma arriscada "uma ameaça ao livre acesso ao domínio da
descoberta, uma deriva para a instrumentalização do corpo humano ou a recusa
em compartilhar os benefícios esperados desse progresso". Advogando que o
genoma humano é um "herança comum da humanidade", os deputados Jean-
François Mattei (França) e Wolfgang Wodarg (Alemanha) lançaram uma petição,
entregue ao Presidente da República. Em 2000, Bill Clinton e Tony Blair voltaram
a declarar juntos o aspecto essencial do acesso gratuito aos dados da sequência
de genes. Em 2003, no caso Myriad Genetics, o Parlamento Europeu expressou
sua "consternação com as possíveis consequências da concessão de uma patente
sobre um gene humano pelo Instituto Europeu de Patentes". A patente abrange
os testes de diagnóstico de câncer de mama e de ovário e protege todos os
procedimentos e procedimentos que utilizam a seqüência do gene de
predisposição ao câncer e, portanto, proíbe seu uso para a pesquisa de outros
laboratórios. O Parlamento acompanhado pelo Instituto Curie opõe-se, portanto,
à concessão desta patente e solicita ao Conselho, à Comissão e aos Estados-
Membros que tomem as "medidas necessárias para garantir a disponibilidade do
código genético humano".
Desde 1999, os países em desenvolvimento solicitaram regularmente a alteração
dos acordos TRIPs para combater este fenômeno da biopiracy. Os pedidos deles
foram inicialmente atingidos pela recusa dos países desenvolvidos. Então,
gradualmente, alguns países como a Noruega, a Suíça e a União Europeia
começaram a aceitar o princípio, no entanto, considerando que o não
cumprimento desta disposição deveria resultar em uma sanção administrativa
simples e não na revogação da patente. Como desejado pelos países em
desenvolvimento. Um esquadrão de obstáculos entre os países desenvolvidos
(notadamente os Estados Unidos e o Japão) ainda rejeita categoricamente que o
sistema de patentes é alterado e defende as medidas tomadas a nível nacional.
Os povos indígenas e as comunidades locais exigem uma proteção "integrada"
de seus conhecimentos tradicionais com base no reconhecimento dos direitos dos
povos indígenas e seus direitos consuetudinários.
6. Conclusão
Especificamente sobre a propriedade industrial, a Convenção de Paris de 1883
define esse ramo como o conjunto de direitos que compreende as patentes de
invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as
marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o nome comercial e as
indicações de proveniência ou denominações de origem, e também a repressão
da concorrência desleal, não se resumindo somente às criações industriais, mas
também "às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos manufaturados
ou naturais, por exemplo: vinhos, cereais, tabaco em folha, frutas, animais,
minérios, águas minerais, cervejas, flores, farinhas."
7. Referência bibliográfica
1. Https://www.google.com/search?direito propriedade industrial
apontamentos pt
2. Boas práticas de políticas de propriedade...
Http://aida.pt › pdf › politicas propriedade industrial

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