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EVOLUÇÃO DO REGISTO CIVIL EM MOÇAMBIQUE

EVOLUÇÃO DO REGISTO CIVIL EM MOÇAMBIQUE


Falar do Registo Civil em Moçambique, é referir de um processo longo, um processo
que se associa parte da história da sociedade moçambicana em geral e das populações
em particular. É acima de tudo fazer menção e reviver a vida no contexto cívico das
populações de Moçambique.

O tema em referência é de crucial importância, permite compreender as várias


fases que influenciaram a evolução do Registo Civil em Moçambique bem como
as respectivas vicissitudes.
Para uma melhor compreensão, o tema será subdividido em quatro fases a saberː

Continuação …
EVOLUÇÃO DO REGISTO CIVIL EM MOÇAMBIQUE
Primeira fase: Registo Civil no período Colonial ou seja antes da

Independência Nacional;

Segunda fase: Registo Civil, Pós Independência Nacional;

Terceira fase: Registo Civil Durante o conflito armado em Moçambique;

Quarta fase: Registo Civil em Moçambique no contexto actual.

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1- Registo Civil no período Colonial
O Registo Civil no período Colonial foi apenas instituído em 21 de Agosto de 1930,

através do Diploma Legislativo número 254, que aprovou o Código do Registo Civil.

O referido Código baseava-se num conceito ideológico colonial o qual se restringia

aos cidadãos de raça branca e um punhado de raça negra que facilmente assimilassem

a cultura portuguesa.

Importa referenciar que o administrador concentrava todas as funções incluindo a

do registo civil.
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Os outros indivíduos eram regidos pelo estatuto de indígena ˝indígena são

indivíduos de raça negra ou seus descendentes que tendo nascido ou

vivendo habitualmente nas províncias ultramarinas não possuíam ilustração e

os hábitos individuais e sociais pressupostos para integral aplicação do

direito público e privado dos cidadãos portugueses˝ não tinham acesso ao

Registo Civil e nem a obtenção de Bilhete de Identidade.

A figura do administrador concentrava todas as funções incluindo a

do registo civil.

Nos finais da década 50 com o surgimento dos movimentos nacionalistas aliada

a pressão Internacional e a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

aprovada em Dezembro de 1948, fez com que o Governo colonial

Português revogasse o Decreto-Lei n◦39666 de 20 de Maio de 1954, Estatuto Continuação …


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dos indígenas através do Decreto-Lei n°43.893 de 6 de Setembro de 1961.

No mesmo ano, foi aprovado o Decreto-Lei n° 43899, atinente a reorganização dos

serviços dos registos. O referido Decreto-Lei obrigava o registo de nascimento para

todas as pessoas residentes nas Províncias Ultramarinas, como forma de permitir que

todos os cidadãos fossem registados e facilitar o controlo para o recrutamento de

jovens para as fileiras do seu exército bem como o pagamento de imposto.

No mesmo período, foram criadas as Conservatórias do Registo Civil nas cidades da

Beira, Cabo Delgado, Gaza, Inhambane, Lourenço Marques, Moçambique ( Ilha),

Mocuba, Nampula, Quelimane e Tete e mais tarde alargadas para todas sedes

Distritais designadamente Delegações do Registo Civil. Continuação …


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A Igreja Católica uma vez aliada ao Governo Colonial, prestou um papel importante

no registo das populações sobretudo vulneráveis. Este registo de espécie canónico,

tinha como base o baptismo que foram sendo celebrados nas missões, por sinal

construídas em várias partes de Moçambique.

Os indígenas baptizados podiam celebrar o casamento nos termos das leis canónicas

mas tinham que reunir as condições exigidas pela lei civil.

Em Novembro de 1970, o Governo Colonial Português cria brigadas móveis para o

registo massivo das populações que eram concentradas junto aos regulados. Em 1974,

marca a extinção brigadas móveis.

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Registo Civil, Pós a Independência Nacional

Em 1975 é proclamada a Independência Nacional de Moçambique. Um dos grandes


projectos para esta área, foi de trazer a dignidade e os direitos a todos os cidadãos
independentemente da sua origem étnica, raça, religião e estrato ou condição social.
Estes Direitos estavam plasmados na Constituição da República Popular de
Moçambique.
Como consequência da adopção da nova constituição da República Popular de
Moçambique, surge um novo código do registo civil Decreto-Lei n°21/76, de 22 de

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Este código trouxe profundas inovações, passou a reconhecer o casamento não polígamo
realizado na República Popular de Moçambique, segundo os usos e costumes, eliminação no
registo de nascimento de filhos ilegítimos, mudanças dos modelos dos documentos de
identificação.

Verificou-se em seguida, o trabalho de mobilização popular visando que os cidadãos

reconhecessem o valor do registo civil. Como corolário de toda acção relacionada

com os registos, o Governo estabeleceu a obrigatoriedade de os cidadãos circularem

devidamente identificados.

Esta medida administrativa fez com que os cidadãos afluíssem os serviços do Registo Civil
a fim de se registarem e consequentemente, obterem o bilhete de identidade.
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Registo Civil Durante o conflito armado em Moçambique

Em 1980 verifica-se um revés a escala Nacional devido a guerra violenta que destruiu e

afectou sobremaneira algumas infra-estruturas ligadas aos Serviços do Registo Civil,

nomeadamente: edifícios, livros e todos os processos correlacionados.

Grande parte das populações, sobretudo fronteiriças, refugiaram-se nos Países vizinhos,

nomeadamente: África do Sul, Zimbabwe, Malawi, Tanzânia, Zâmbia, Suazilândia e

Botswana indocumentados.
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Após a assinatura do acordo Geral de Paz em 1992, houve a necessidade de :

Revitalizar todas as Conservatórias do Registo Civil existentes até a

Independência Nacional;

Criar novas Conservatórias nos Distritos onde não existiam , nos Postos

Administrativos e postos hospitalares;

Criar brigadas móveis e recrutar pessoal eventual;

Promover campanhas de registo de nascimento das populações;

Promover a educação cívica no seio das populações sobre a importância do

registo civil, no que respeita ao casamento, óbito e com o enfoque do registo

à nascença.
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O contexto actual do Registo Civil em Moçambique
Em 2005, Governo de Moçambique, em particular o Ministério da Justiça, levou

a cabo profundas reformas na Administração Pública, visando desburocratizar

os procedimentos tornando-os mais céleres.

A informatização do Registo Civil constitui um marco importante.

Para além destas actividades, foram desenvolvidas campanhas de registo

de nascimento de crianças, criação de novas Conservatórias, Postos do Registo Civil

postos nas unidades hospitalares e maternidades, visando aproximar cada vez mais

os serviços do registo civil ao cidadão.

Continuação …
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O contexto actual do Registo Civil em Moçambique

O Registo Civil conta actualmente com 166 Conservatórias e 487 Postos do


registo civil, com uma cobertura em todo território Nacional e um grande
suporte técnico das brigadas móveis.
Quanto à informatização dos serviços do Registo civil, foi um processo complexo,
o piloto teve início em 2013 na Conservatória do Registo Civil de Magude.
Em 2018, com a aprovação da Lei nº12/2018, de 4 de Dezembro, foi criado
o Sistema de Registo Civil e Estatísticas Vitais e-SIRCEV. Nesta base, foi possível
expandir o sistema em todas Conservatórias e Postos do Registo Civil. Actualmente
o registo de nascimento e óbito são lavrados de forma electronica.

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O contexto actual do Registo Civil em Moçambique

Moçambique é um País modelo relativamente à implementação do sistema de Registo


Civil e Estatísticas vitais.

Para o sucesso deste trabalho, o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e


Religiosos contou com o apoio substancial de ordem financeira, material e formação de
funcionários do Registo Civil, das Organizações Não Governamentais, designadamente,
Canadá, Suécia, Organização Mundial de Saúde, UNICEF e SANTO EGĺDIO.

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Conclusão

Apesar dos esforços do Governo de atribuir e divulgar essas facilidades,

muitos cidadãos não são registados à nascença por razões socioculturais.

O Registo de nascimento como se disse acima, vem estabelecido na lei, porquanto,

é a partir do registo de nascimento que o Estado reconhece a existência da pessoa

e passa a gozar dos direitos fundamentais nomeadamente o direito ao nome,

a filiação, a cidadania e consequentemente a nacionalidade, entre outros direitos.

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Conclusão

Está desta forma patente a grande importância e obrigatoriedade do registo de

todo cidadão previsto e regulado pelo nº1ª do artigo 1º CRC e, conjugado com

o artigo 7 da Convenção dos direitos da criança que estatui que “ todo o

cidadão depois do nascimento tem direito a um nome pelo qual se identifique

civilmente”.

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MUITO OBRIGADO!

Zaira Abudala
2022
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