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Estado de Goiás

Secretaria de Estado da Educação


Superintendência de Ensino Médio
Gerência da Mediação Tecnológica

2023
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Governador do Estado de Goiás


Ronaldo Ramos Caiado

Vice Governador do Estado de Goiás


Daniel Elias Carvalho Vilela

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Diretoria Pedagógica
Márcia Rocha de Souza Antunes

Superintendente de Ensino Médio


Osvany da Costa Gundim Cardoso

Gerente de Mediação Tecnológica


Denise Cristina Bueno

Coordenadoras Pedagógicas de Mediação Tecnológica


Luciane Aparecida de Oliveira Rodrigues
Wanda Maria de Carvalho

ELABORARDORES/AS
Linguagens e suas Tecnologias
Daniela de Souza Ferreira Mesquita – Coordenadora de Área/Língua Portuguesa
Carlos César Higa – Mundo do Trabalho
Daniela Amâncio Cavallari – Língua Estrangeira - Inglês
Daniella Ferreira da Conceição – Língua Estrangeira - Espanhol
Ivair Alves de Souza – Língua Portuguesa
Luiz Carlos Silva Junior – Educação Física
Maria Caroline Guimarães Leite Logatti – Arte/Mundo do Trabalho

Matemática e suas Tecnologias


Luan de Souza Bezerra – Coordenador de Área
Luara Laressa Ferreira dos Santos Lima

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


Pedro Ivo Jorge de Faria – Coordenador de Área/História
Alejandro de Freitas Paulino Matos – Geografia
Bruno Martins Ferreira – Geografia
Carlos César Higa – Sociologia
Gustavo Henrique José Barbosa – Sociologia/Filosofia/Projeto de Vida

Ciências da Natureza e suas Tecnologias


Núbia Pontes Pereira – Coordenadora de Área / Biologia / Ciências
Francisco Rocha – Física / Ciências
George Fontenelle Costa – Física
Luiz Carlos Silva Júnior – Biologia
Rosimeire Silva de Carvalho – Química

Revisão
Daniela de Souza Ferreira Mesquita
Sônia Maria Leão Lima Santos

Designer Gráfico
Hugo Leandro de Leles Carvalho – Capa

EQUIPE GOIÁS TEC


TELEFONE: 3201-3253
E-MAIL: gmt@seduc.go.gov.br
© Copyright 2022 – Goiás Tec Ensino Médio ao Alcance de Todos
“Todos os direitos reservados”
Sumário

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS............................................................................. 5

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS.......................................................... 71

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS......................................................................... 123

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS.............................................................. 137

PROJETO DE VIDA...................................................................................................... 201


Linguagens e
suas Tecnologias
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR – LÍNGUA
ESTRANGEIRA MODERNA - INGLÊS

CLASS 01 (AULA 01)


INGLÊS EM TODA PARTE
Exemplos:
Habilidade(s): Listen! (Ouça!)
(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de Look! (Olhe!)
modo a compreender e caracterizar as línguas Pay a�ention! (Preste atenção!)
como fenômeno (geo)político, histórico, social, Wake up! (Acorde!)
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con-
textos de uso. A forma verbal do imperativo costuma ser bastan-
te empregada em textos publicitários, já que demons-
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos tra um convite, uma sugestão ao leitor. Utilizamos
de interesse, preconceitos e ideologias presentes também o imperativo como uma forma de determinar
nos discursos veiculados nas diferentes mídias, que alguma ação seja feita.
ampliando suas possibilidades de explicação, in- Observe as campanhas publicitárias:
terpretação e intervenção crítica da/na realidade.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM:


(GO-EMLGG402D) Distinguir os diferentes recursos
da linguagem verbal e não verbal em campanhas e
propagandas educativas, descrevendo as funções
de linguagem utilizadas no texto para analisar a fun-
cionalidade desses usos linguísticos no cotidiano.
(GO-EMLGG102D) Possibilitar reflexão sobre a lín-
gua tanto na oralidade como na escrita nas ativi-
dades epilinguísticas (quando a reflexão é voltada
para descrição do fato linguístico), observando o
uso da língua oral e escrita em práticas sociais e na
reestruturação de textos para compreender dife-
rentes possibilidades do uso da língua, o que lhes
permite, de modo gradativo, chegar à proficiência
em leitura e escrita, ao letramento.

OBJETOS DE CONHECIMENTO Disponível em : h�ps://www.canva.com/design/DAFctucyZnQ/


DO DC-GOEM: r2Rg392tt9y8zH1qZHOYpg/view?utm_content=DAFctucyZn-
Analisar criticamente textos de modo a usar o im- Q&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_sour-
perativo na língua inglesa. Estratégias de leitura e ce=publishsharelink&mode=preview em 09/03/2023
compreensão de textos relacionados ao imperativo
em seus contextos de uso. Observe no post a expressão:
Shop Now - Compre agora.

A frase demonstra que basta utilizar o verbo sem


a par�cula “to” para montar uma sentença no impe-
rativo, além de não ser necessário informar o sujeito,
pois entende-se que este receberá a ordem, sugestão
ou conselho implicitamente.

6
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Do listen me. (Me ouça)
Do run fast. (Corra rápido)

Se for necessário deixar a frase mais educada bas-


ta acrescentar a expressão “please”.

Disponível em : h�ps://www.canva.com/design/DAFctucyZnQ/
r2Rg392tt9y8zH1qZHOYpg/view?utm_content=DAFctucyZn-
Q&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_sour-
ce=publishsharelink&mode=preview em 09/03/2023

O mesmo ocorre na frase:


Buy one get one free - Compre e ganhe outro
gratuitamente.

Exemplos de usos do imperativo na língua inglesa:


• fazer um convite: Let’s go now. (Vamos agora)
– para convites sempre utilizar o “Let’s”;
• fazer um oferecimento: Have a piece of cake.
(Tome um pedaço de bolo);
• dar uma ordem: Listen to them. (Ouça eles);
• fazer um pedido: Open the door. (Abra a porta);
• dar um conselho: Be careful! (Seja cuidadoso).

Exemplos:
Please, come with me. (Por favor, venha comigo)
Call the doctor, please. (Ligue para o médico, por
favor)
Please, don’t scream. (Por favor, não grite)
Wait for me, please. (Espere por mim, por favor)
Let’s watch this film, please. (Vamos assistir a esse
filme, por favor)

Para fazer um oferecimento normalmente utiliza-


mos o verbo to have:
Have a cup of coffee! (Tome uma xícara de café.)
Have a rest before the homework. (Descanse an-
Exemplos: tes da tarefa de casa.)
Do put all the toys in the box. (Coloque todos os Have another piece of cake. (Pegue mais um pe-
brinquedos na caixa) daço de bolo.)
Do go now. (Vá agora)

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Para formar o imperativo na forma negativa basta
acrescentar o auxiliar “do” mais o “not” (forma con-
traída don’t) no começo da frase.

Exemplos:
Do not (don’t) eat this cake. (Não coma esse bolo)
Do not (don’t) forget to close the window. (Não
esqueça de fechar a janela)
Do not (don’t) run here. (Não corra aqui)
Do not (don’t) put your hand here. (Não coloque
a mão aí)

O imperativo será utilizado em casos que o falante


for expressar ordens, sugestões, conselhos, instruções
e etc.

Observação: Para realizar uma proposta, um con- A) Now put the instructions in order and highlight
vite, utilizamos a forma imperativa Let’s + verbo. the verb that indicates that the sentence is in the
imperative:
Afirmativa: Let’s visit Cezar today? (Vamos visitar Greek Salad
o Cezar hoje?)
Negativa: Let’s not go out today? I’m tired! (Va- 1º.
mos não sair hoje? Eu estou cansado!)

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. These are the recipes from the cookbook, but the


instructions from are in wrong order. You need to
decide what is the order of instructions for each
recipe.
2º.

8
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
3º.
4º.

5º.

6º.

7º.

8º.

2. Now answer these questions:

B) Now put the instructions in order and highlight A) Which of the recipes is healthier? _________
the verb that indicates that the sentence is in the __________________________
imperative:
Shortbread B) For which one do you not have to cook any-
thing?
1º. ___________________________________

C) Which one will take more time to do? _____


______________________________

D )Where do you use more ingredients? _____


______________________________
2º.
E) For which recipe do you have to use oven? __
_________________________________

3. Make the senetences below into negative impe-


3º. ratives:
1º Cut tomatoes in halves, peel and dice the
cucumber and slice the onion and place them in
a bowl.

9
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
reestruturação de textos para compreender dife-
rentes possibilidades do uso da língua, o que lhes
permite, de modo gradativo, chegar à proficiência
em leitura e escrita, ao letramento.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM:
Analisar criticamente textos de modo reconhecer e
2º. Mix oil, vinegar, garlic, salt and pepper, pour utilizar palavras cognatas e pronomes possessivos
it over the vegetables. e demonstrativos da língua inglesa. Estratégias de
leitura e compreensão de textos relacionados às
palavras cognatas e pronomes possessivos e de-
monstrativos da língua inglesa em seus contextos
de uso.

3º.Add crushed feta cheese on top. Your salad is


ready to serve.

CLASS 02 (AULA 02)


Assim como na língua portuguesa, os pronomes
INGLÊS EM TODA PARTE
em inglês existem para representar e acompanhar
os substantivos (substantivo comum ou composto)
Habilidade(s):
ou mesmo outro pronome. E ajudam a evitar que a
(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de
sentença fique repetitiva.
modo a compreender e caracterizar as línguas
Quando falamos em pronomes imediatamente
como fenômeno (geo)político, histórico, social,
lembramos dos personal pronouns:
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con-
textos de uso.
Pronome
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos
I
de interesse, preconceitos e ideologias presentes
nos discursos veiculados nas diferentes mídias, You
ampliando suas possibilidades de explicação, in- He
terpretação e intervenção crítica da/na realidade.
She
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM: It
(GO-EMLGG402D) Distinguir os diferentes recursos We
da linguagem verbal e não verbal em campanhas e
propagandas educativas, descrevendo as funções You
de linguagem utilizadas no texto para analisar a fun- They
cionalidade desses usos linguísticos no cotidiano.
(GO-EMLGG102D) Possibilitar reflexão sobre a lín- Mas eles não são os únicos pronomes a nos auxi-
gua tanto na oralidade como na escrita nas ativi- liar na comunicação.
dades epilinguísticas (quando a reflexão é voltada Os “personal pronouns” normalmente atuam
para descrição do fato linguístico), observando o como “Subject Pronoun”, ou seja como sujeitos da
uso da língua oral e escrita em práticas sociais e na oração.

10
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Observação: Perceba que logo após os pronomes Tell them I miss her. / Diga a eles que eu sinto
em inglês vem um verbo, ou seja os “subject pronou- saudade dela.
ns” devem sempre vir acompanhados de verbos.

Diferentemente do que acontece na língua por-


tuguesa, os pronomes adjetivos não são flexionados
em grau (singular e plural). Eles sempre são acompa-
Pronome nhados por substantivos, modificando-os.
Pronome Tradução
Objeto
Eu / me / mim / comigo Pronome Tradução
I Me
você My Meu / minha / meus / minhas
You You Você / te / ti / contigo Your Seu / sua
He Him Ele / o / lhe / lo / no His Dele
She Her Ela / a / lhe / la / na Her dela
Ele / ela / o / a / lhe / lo Its Dele / dela (coisas e animais)
It It
/ la / no / na
Nosso / nossa / nossos / nos-
We Us Nós / nos / conosco Our
sas
Vocês / los / nos / os / Your Seus / suas
You You
as
Their Deles / delas
Eles / elas / os / as / los
They Them My house is White. / Minha casa é branca;
/ las / nos / nas / lhes
Your car is beautiful. / Seu carro é bonito;
Observe a frase no imperativo: His phone is very expensive. / O celular dele é
Come with me. - Venha comigo. muito caro;
Conforme o quadro o pronome “me” neste caso
pode ser traduzido como “comigo. Her boyfriends is a doctor. / O namorado dela é
um médico;
Veja mais exemplos: Our bathroom is clean. / Nosso banheiro é limpo;
I will give it to you. / Eu vou dar a você; Your green eyes is fabulous. / Seus olhos verdes
Show him the living room / Mostre a sala de estar são fabuloso;
a ele; Their children are healthy. / Os filhos deles são
I gave her a book / Eu dei um livro a ela; saudáveis.

She blamed us for the delay. / Ela nos culpou


pelo atraso.
I will book you a room. / Eu vou reservar um quar-
to para vocês.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Pronome Tradução
This (singular) Este, esta, isto (perto)
Esse, essa, isso, aquele, aquela,
That (singular) aquilo
These (plural) Estes, estas
Those (plural) Esses, essas, aqueles, aquelas

Exemplos:
This is my house. These are our dogs. / Esta é a
minha casa. Estes são os nossos cachorros.
That store is very far from here. / Aquela loja é
muito longe daqui.
Those shoes are very beautiful. You should try
them on. / Aqueles sapatos são muito bonitos. Você
deveria experimentá-los.
Pronome Tradução
Mine meu, minha, meus, minhas
teu, tua, seu, sua, teus, tuas, seus,
Yours
suas
His dele, deles
Hers dela, delas
Its (neutro) dele, dela, deles, delas
Ours nosso, nossa, nossos, nossas
vosso, vossa, seu, sua, vossos, vos-
Yours
sas, seus, suas
Theirs (neu-
deles, delas
tro)

This house is mine. / Esta casa é minha;


That beautiful car is yours. / Aquele carro bonito Também há outras situações em que os pronomes
é seu; demonstrativos são utilizados. Por exemplo:
The phone is his. / O celular é dele;
The pen is hers. / A canela é dela; Para apresentar pessoas:
The house is ours. / A casa é nossa; This is Louis, my brother. This is Monica, my clas-
That books is yours. / Aqueles livros são seus; smate. / Este é o Louis, meu irmão. Esta é a Monica,
The kids are theirs. / As crianças são delas. minha colega.

Para falar ao telefone:


Hi, this is Simon. Can I speak with Michael, ple-
ase? /Oi, aqui é o Simon. Posso falar com o Michael,
por favor?

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ACTIVITIES (ATIVIDADES) us to indicate the company’s contacts, asking or
suggesting Contact us - Contate-nos.
Leia os textos: E) Text number 1 is an informative advertising post
that uses the simple past and the pronoun us to
indicate the company’s contacts, asking or sug-
gesting Contact us - Contate-nos.

2. No texto do post 3 temos dois pronomes. Indique


quais são e sua função na frase.
___________________________________
3. Leia o texto:

disponível em : h�ps://www.canva.com/design/DAFcy97nr-A/
DyWDbhVMTEofDG2SZq42kg/view?utm_content=DAFcy97nr-
A&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_
source=publishsharelink em 10/03/2022

disponível em : h�ps://www.canva.com/design/DAFcy97nr-A/
DyWDbhVMTEofDG2SZq42kg/view?utm_content=DAFcy97nr-
A&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_
source=publishsharelink em 10/03/2022

Qual o tema do texto?


___________________________________________
___________________________

disponível em : h�ps://www.canva.com/design/DAFcy97nr-A/ 4. Com base no texto “Tips to help your child impro-
DyWDbhVMTEofDG2SZq42kg/view?utm_content=DAFcy97nr- ve his or her concentration” Keeping the imperative
A&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_
source=publishsharelink em 10/03/2022 transform the following phrases including the equi-
valent possessive pronoun according to the model
1. Mark the correct alternative:
A) Text number 1 is an informative advertising post A) Avoid distractions.
that avoids the imperative mood and the pronoun Help him or her avoid distractions.
us to indicate the company’s contacts, asking or
suggesting Contact us - Contate-nos. B) Have enough sleep.
B) Text number 1 is an informative advertising post
that uses the simple present and the pronoun us
to indicate the company’s contacts, asking or su-
ggesting Contact us - Contate-nos.
C) Text number 1 is an informative advertising post
that uses the imperative mood and the pronoun C) Let them play focused games.
us to indicate the company’s contacts, asking or
suggesting Contact us - Contate-nos..
D) Text number 1 is an informative advertising post
that uses the present continuous and the pronoun

13
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
D) Encouragement and rewards. 5. Destaque da frase: “One of the things that made
an incredible impression on me in the film was Frida’s
comfort in and celebration of her own unique beauty.
a) Um artigo:

E) Daily homework routine.


b) 6 palavras cognatas:

4. Leia o texto:(ENEM, 2017, adaptada) c) Um pronome possessivo:


One of the things that made an incredible impression
on me in the film was Frida’s comfort in and celebra-
tion of her own unique beauty. She didn’t try to fit into
conventional ideas or images about womanhood or
what makes someone or something beautiful. Instead, d) Um numeral.
she fully inhabited her own unique gi�s, not parti-
cularly caring what other people thought. She was
magnetic and beautiful in her own right. She painted
for years, not to be a commercial success or to be dis-
covered, but to express her own inner pain, joy, family,
love and culture. She absolutely and resolutely was 6. A autora desse comentário sobre o filme Frida mos-
who she was. The trueness of her own unique vision tra-se impressionada com o fato de a pintora
and her ability to stand firmly in her own truth was a) ter uma aparência exótica.
what made her successful in the end. (HUTZLER, L.) b) vender bem a sua imagem.
A) A frase: “One of the things that made an incredible c) ter grande poder de sedução.
impression on me in the film was Frida’s comfort in d) assumir sua beleza singular.
and celebration of her own unique beauty. “ pode e) recriar-se por meio da pintura.
ser traduzida como: A coisa mais impressionante
foi o conforto de Frida e a celebração da própria
beleza única. CLASS 03 (AULA 03)
B) A frase: “One of the things that made an incredible
impression on me in the film was Frida’s comfort INGLÊS EM TODA PARTE
in and celebration of her own unique beauty. “
pode ser traduzida como: Uma das coisas que Habilidade(s):
não impressionaram no filme foi o confronto de (EM13LGG402) Analisar criticamente textos de
Frida e a celebração de sua própria beleza única. modo a compreender e caracterizar as línguas
C) A frase: “One of the things that made an incredible como fenômeno (geo)político, histórico, social,
impression on me in the film was Frida’s comfort cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con-
in and celebration of her own unique beauty. “ textos de uso.
pode ser traduzida como: A única coisa que me (GO-EMLGG402B) Flexionar os verbos nos tempos/
impressiona no filme é o conforto de Frida e a modos verbais dos objetos de conhecimento su-
celebração de sua própria beleza única. geridos, desenvolvendo exercícios diversos e con-
D) A frase: “One of the things that made an incredible textualizados aplicados a situação de uso para se
impression on me in the film was Frida’s comfort expressar de modo adequado em contextos de uso
in and celebration of her own unique beauty. “ (conversação) da língua Inglesa.
pode ser traduzida como: Uma das coisas que me (GO-EMLGG402F) Relacionar em textos diversos
impressionaram no filme foi o conforto de Frida (artigos cien�ficos, campanhas educativas, pro-
e a celebração de sua própria beleza única. pagandas) as condições climáticas vivenciadas às
E) A frase: “One of the things that made an incredible propostas de ações alternativas (reciclagem, consu-
impression on me in the film was Frida’s comfort in mo sustentável, mudanças de hábito), localizando
and celebration of her own unique beauty. “ pode fragmentos que conduzam a uma leitura intertex-
ser traduzida como: Uma das coisas que me im- tual do tema para compreender a língua como um
pressionaram no filme foi o desconforto de Frida fenômeno cultural.
e a não celebração de sua própria beleza única.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
OBJETOS DE CONHECIMENTO ACTIVITIES (ATIVIDADES)
DO DC-GOEM:
Campanhas educativas. Anúncios publicitários. Leia o texto:
Propaganda. Linguagem verbal e não verbal. Im-
perativos negativos e afirmativos. Estações do ano.

Importante destacar que a primeira pessoa do


singular (eu) não existe no imperativo.

Veja exemplos do imperativo:

1. Para dizer para alguém para fazer algo:


Have a sit! / Sente-se!
Please, be quiet! / Por favor, fique quieto!

2. Quando não queremos que alguém faça algo,


usamos don’t:
Don’t sit on the floor. / Não se sente no chão.
Don’t smoke / Não fume.

3. Quando queremos que alguém faça algo, ou


quando chamamos alguém para fazer algo,
usamos o Let’s:
Let’s go to the beach / Vamos à praia.

4. Em manuais de instruções, receitas de preparo


de alimentos, bulas de remédios:
Click the bu�on. / Clique no botão.

5. Quando oferecemos algo:


Have some tea. / Beba um pouco de chá.

Disponível em: h�ps://smartenergy.com/how-does-climate-


change-affect-the-seasons/

15
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. Mark the alternative in which the order in the im- 3. Answer text based:
perative matches the alert made by the text: A) Seasonal warming happens at an uneven pace
A) Think only of far away places. across the United States, with summer tempera-
B) Not think of far away places. tures rising faster than winter temperatures.
C) Think of climate change. B) Seasonal warming does not happen at an uneven
D) Not think of climate change. pace across the United States, with winter tempe-
E) Think about summer. ratures rising faster than summer temperatures.
C) Seasonal warming happens at an uneven pace
2. Converta as frases retiradas do texto em frases no across the United States, with winter temperatu-
modo imperativo. res rising slow than summer temperatures.
A) We think of far away places like the polar ice caps D) Seasonal warming happens at an uneven pace
in the Arctic or the rainforests of Brazil. across the United States, with winter temperatu-
res descend faster than summer temperatures.
E) Seasonal warming happens at an uneven pace
across the United States, with winter temperatu-
res rising faster than summer temperatures.

B) We can see climate change in action is how it af- 4. Answer text based:
fects the seasons. A) How is seasonal warming happening?

Leia o texto: B) Is the average number of days with subzero tem-


peratures decreasing or increasing each winter??

Disponível em: h�ps://smartenergy.com/how-does-climate-


change-affect-the-seasons/

16
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 04 (AULA 04) Pronome Tradução
INGLÊS EM TODA PARTE My Meu / minha / meus / minhas
Your Seu / sua
Habilidade(s):
(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de His Dele
modo a compreender e caracterizar as línguas Her dela
como fenômeno (geo)político, histórico, social, Its Dele / dela (coisas e animais)
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con- Our Nosso / nossa / nossos / nossas
textos de uso. Your Seus / suas
(GO-EMLGG402B) Flexionar os verbos nos tempos/
Their Deles / delas
modos verbais dos objetos de conhecimento su-
geridos, desenvolvendo exercícios diversos e con-
My house is White. / Minha casa é branca;
textualizados aplicados a situação de uso para se
expressar de modo adequado em contextos de uso Your car is beautiful. / Seu carro é bonito;
(conversação) da língua Inglesa. His phone is very expensive. / O celular dele é
muito caro;
OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM: Her boyfriends is a doctor. / O namorado dela é
Flexionar os verbos nos tempos/modos verbais dos um médico;
objetos de conhecimento Vocabulário de compra e Our bathroom is clean. / Nosso banheiro é limpo;
venda. Roupas (padronagens, cores e tamanhos).
Pronomes Possessivos e demonstrativos. Your green eyes is fabulous. / Seus olhos verdes
são fabuloso;
Their children are healthy. / Os filhos deles são
saudáveis.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

Leia o texto:

A garage sale (also known as a yard sale, tag sale,


moving sale and by many other names) is an informal
event for the sale of used goods by private individuals,
in which sellers are not required to obtain business
licenses or collect sales tax (though, in some jurisdic-
tions, a permit may be required).
Typically the goods in a garage sale are unwanted
items from the household with its owners conducting
the sale. The conditions of the goods vary, but they
are typically usable. Some of these items are offered
for sale because the owner does not want or need the
item to minimize their possessions or to raise funds.
Popular motivations for a garage sale are for “spring
cleaning,” moving or earning extra money. The seller’s
items are displayed to the passers-by or those respon-
ding to signs, flyers, classified ads or newspaper ads.
In some cases, local television stations will broadcast
a sale on a local public channel. The venue at which
the sale is conducted is typically a garage; other sales
are conducted at a driveway, carport, front yard or
inside a house. Some vendors, known as “squa�ers,”
will set up in a high-traffic area rather than on their
own property.

17
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. According to the text, what is a garage sale? 3. According to the text:
A) É um evento informal para a venda de bens novos A) What color is her blouse?
por particulares, no qual os vendedores não são
obrigados a obter licenças comerciais ou cobrar
impostos sobre vendas (embora, em algumas ju-
risdições, uma permissão possa ser necessária).
B) É um evento informal para a venda de bens usados B) How many sneakers are in her ad?
por particulares, no qual os vendedores não são
obrigados a obter licenças comerciais ou cobrar
impostos sobre vendas (embora, em algumas ju-
risdições, uma permissão possa ser necessária).
C) Quais possessive adjectives aparecem no texto?
C) É um evento formal para a compra e venda de
bens usados por particulares, no qual os vende-
dores não são obrigados a obter licenças comer-
ciais ou cobrar impostos sobre vendas (embora,
em algumas jurisdições, uma permissão possa ser 4. Escolha o possessive adjective (adjetivo possessivo)
necessária). adequado para cada sentença.
D) É um evento informal para a coleta de bens usados
por particulares, no qual os vendedores não são
Pronome
obrigados a obter licenças comerciais ou cobrar
impostos sobre vendas (embora, em algumas ju- My Its
risdições, uma permissão possa ser necessária). Your Our
E) É um evento informal para a venda de bens usa- His Your
dos por grandes lojas e grandes marcas, no qual Her Their
os vendedores não são obrigados a obter licen-
ças comerciais ou cobrar impostos sobre vendas a) _______ car is in the garage. (meu)
(embora, em algumas jurisdições, uma permissão b) _______ keys are in her purse. (suas)
possa ser necessária).
c) _______ clothes are dirty. (deles)
2. According to the text, what are the main motiva- d) _______ hair is messed up. (dela)
tions for garage sales?
5 . Write my,your, his, her, its, our or their.
a) Marion and Helen are students. _______ school
is big.
b) I’m a taxi driver. This is_______ taxi.
Leia o texto: c) You’re a musician. Is that_______ piano?
d) The horse is brown. _______ tail is black.
e) He’s a doctor. This is_______ coat.
f) We are tennis players. These are _______ tennis
racquets.
g) Pam is a photographer. This is_______ camera.
h) That is Jim and Mike. is _______ father is Welsh.

18
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 05 (AULA 05) Pronome Tradução
INGLÊS EM TODA PARTE This (singular) Este, esta, isto (perto)
Habilidade(s): Esse, essa, isso, aquele, aquela,
That (singular)
(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de aquilo
modo a compreender e caracterizar as línguas These (plural) Estes, estas
como fenômeno (geo)político, histórico, social, Those (plural) Esses, essas, aqueles, aquelas
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con-
textos de uso. Exemplos:
(GO-EMLGG402B) Flexionar os verbos nos tempos/ This is my house. These are our dogs. / Esta é a
modos verbais dos objetos de conhecimento su- minha casa. Estes são os nossos cachorros.
geridos, desenvolvendo exercícios diversos e con- That store is very far from here. / Aquela loja é
textualizados aplicados a situação de uso para se muito longe daqui.
expressar de modo adequado em contextos de uso Those shoes are very beautiful. You should try
(conversação) da língua Inglesa. them on. / Aqueles sapatos são muito bonitos. Você
deveria experimentá-los.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM: ACTIVITIES (ATIVIDADES)
Objeto de Conhecimento: Clothes, situações de uso
para se expressar de modo adequado em contextos Read the following passage and then complete the
de uso de pronomes e ampliação de vocabulário. task below:

19
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
8. Was she tired?

9. Did she take a rest?

10. When she got tired, where did she go?

11. What did she drink?

Disponível em h�ps://www.canva.com/design/DAFdLz0Bh-
fM/hHAK_Gn0fs_M8mxcyngCWA/view?utm_content=DA-
FdLz0BhfM&utm_campaign=share_your_design&utm_me-
dium=link&utm_source=shareyourdesignpanel 12. What did she eat?

1. Who went shopping?


.

13. Observe o quadro e responda e complete as frases


2. Where is she doing her shopping? com o pronome adequado: (This , These ,Those ,this )

3. What did she buy her son?

4. What did she buy her husband?

5. What did she buy from Primark?

6. Which shop did she go to last?


______ shirt is white.
_______Jeans are blue.

7. What did she buy herself ? ______trousers are for the father.
_______pajamas are for the kids.
Dad loved _______slippers.
Daughter ordered _______dress.

20
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
14. Organize as frases. ACTIVITIES (ATIVIDADES)
a) this home My Gabriel is name my and is
Leia o texto:

What is the curriculum?

b) And We these English books learners are your are Curriculum, or curriculum vitae, o�en abbreviated as
CV, is a document that summarizes a person’s knowle-
dge, experiences, and career, usually for professional
purposes, such as looking for a new job.
c) sidewalk Their on bicycles the are
1. Segundo o texto qual a função do Curriculum, or
curriculum vitae?

d) a great Our country nation is

Leia o texto (parte 1 do Curriculum):

CLASS 06 (AULA 06)


INGLÊS EM TODA PARTE

(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de


modo a compreender e caracterizar as línguas
como fenômeno (geo)político, histórico, social,
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con-
textos de uso.
(GO-EMLGG402B) Flexionar os verbos nos tempos/
modos verbais dos objetos de conhecimento su-
geridos, desenvolvendo exercícios diversos e con-
textualizados aplicados a situação de uso para se
expressar de modo adequado em contextos de uso
(conversação) da língua Inglesa.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM:
Flexionar os verbos nos no simple present, simple
past e utilização das colocações pronominais.

2. Who’s on the resume?

21
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
3. What’s her profession? 7. Where did she study?

4. What forms of contact are presented in the resume? 8. What is her professional experience?

5. How many languages does Chiaki sato speak? 9. Complete the text with the appropriate pronoun.
A) _____ (ela)is talented, ambitious and hardworking
person. ____(ela)has broad skills ____(dela)expe-
rience in the area of public relations.
B) Alexandre Aronowitz
_____(dele) career is in Organizational adminis-
Leia o texto (parte 2 do Curriculum): tration of the Department of Architecture. ____
(dele) studies include human resource manage-
ment, budgeting and fiscal control.

10. Enem (2017)

Nesse texto publicitário são utilizados recursos verbais


e não verbais para transmitir a mensagem. Ao associar
os termos anyplace e regret à imagem do texto, cons-
tata-se que o tema da propaganda é a importância da
a) preservação do meio ambiente.
b) manutenção do motor.
c) escolha da empresa certa.
d) consistência do produto.
e) conservação do carro.

11. Complete as frases com o pronome adequado


A) Take ___ (este) car just anyplace for an oil chang
and you may regret it dou the road.
6. How is Chiaki presented in the curriculum? B) Take ___ (aquele) car just anyplace for an oil chang
and you may regret it dou the road.

22
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 07(AULA 07) vosso, vossa, seu, sua, vossos,
Yours vossas, seus, suas
Habilidade(s): Theirs (neutro) deles, delas
(EM13LGG402) Analisar criticamente textos de
modo a compreender e caracterizar as línguas This house is mine. / Esta casa é minha;
como fenômeno (geo)político, histórico, social, That beautiful car is yours. / Aquele carro bonito
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos con- é seu;
textos de uso. The phone is his. / O celular é dele;
The pen is hers. / A canela é dela;
OBJETOS DE CONHECIMENTO The house is ours. / A casa é nossa;
DO DC-GOEM: That books is yours. / Aqueles livros são seus;
Analisar criticamente textos de modo a compre- The kids are theirs. / As crianças são delas.
ender vocabulário de compra e venda pronouns:
ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. (Enem/2018)
Don’t write in English, they said,
English is not your mother tongue…
...The language I speak
Becomes mine, its distortions, its queerness
All mine, mine alone, it is half English, half
Indian, funny perhaps, but it is honest,
It is as human as I am human…
...It voices my joys, my longings my
Hopes...
(Kamala Das, 1965:10)
GARGESH, R. South Asian Englishes. In: KACHRU, B.B.;
KACHRU, Y.; NELSON, C.L. (Eds.). The Handbook of
World English. Singapore: Blackwell, 2006
Vamos falar especificamente dos Possessive pro-
nouns case: A poetisa Kamala Das, como muitos escritores india-
nos, escreve suas obras em inglês, apesar de essa não
ser sua primeira língua. Nesses versos, ela
a) usa a língua inglesa como efeito humorístico.
b) recorre a vozes de vários escritores ingleses.
c) adverte sobre o uso distorcido da língua inglesa.
d) demonstra consciência de sua identidade linguís-
tica.
e) reconhece a incompreensão na sua maneira de
falar inglês.

2. Trocando mine por yours como fica a tradução


desse texto:
Becomes mine, its distortions, its queerness
All mine, mine alone, it is half English, half
Indian, funny perhaps, but it is honest,
Pronome Tradução It is as human as I am human…
Mine meu, minha, meus, minhas 3. Escolha o possessive adjective (adjetivo possessivo)
teu, tua, seu, sua, teus, tuas, adequado para cada sentença.
Yours seus, suas a) ______ car is in the garage. ( our / mine )
b) ______ keys are in her purse. ( its / her )
His dele, deles
c) ______ clothes are dirty. ( Hers / Your )
Hers dela, delas d) ______ hair is messed up. ( His / Theirs )
Its (neutro) dele, dela, deles, delas
Ours nosso, nossa, nossos, nossas

23
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4. Complete as frases com o pronome possessivo cor- COMPONENTE CURRICULAR
reto levando em consideração as informações que LÍNGUA PORTUGUESA
podem ser obtidas nas frases.
a) I have a cat. That cat is ______. HABILIDADE DA BNCC
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos
b) She bought a car. This car is ______ .
de interesse, preconceitos e ideologias presentes
c) They have a house. That house is ______. nos discursos veiculados nas diferentes mídias,
ampliando suas possibilidades de explicação, in-
d) Max and I have a cousin. The cousin is ______ .
terpretação e intervenção crítica da/na realidades.
e) The horse has a carrot. The carrot is ______ .
f) Bob has a bike. The bike is ______ . OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLGG102A) Observar as discussões sobre os
g) My brother has a dog. The dog is ______ . sistemas de comunicação e informação, conside-
h) My pencil is broken. Can I borrow ______ ? rando temas e acontecimentos de interesse local
ou global, dos mais diversos gêneros, específico
i) Dani has already eaten her lunch and now she
das formas de expressão das culturas juvenis como
wants ______ .
vlogs e podcasts culturais, gameplay etc., em várias
j) Which shirt is yours? The black or the ______ ? mídias, colocando-se no papel de repórter,analista,
crítico, articulista, leitor, vlogueiro e booktuber para
The black is yours and the white is ______ .
ampliar as possibilidades de construções de sentido
k) That cellphone is mine, but this fone is not. Is this e de apreciação.
fone ______ ?
No, this fone is not ______ . OBJETOS DE CONHECIMENTO
Planejamento e produção de texto. Forma de com-
posição do texto.
Contexto de produção, circulação de textos na Lín-
gua Portuguesa.
Consumo consciente.
Consciência socioambiental.

CULTURA MAKER

Na era digital, os sujeitos são formados por mul-


tiplicidades, seja em casa, seja no trabalho, seja nas
relações pessoais. No mundo do trabalho, existem
poucas profissões que ainda exercem apenas uma
função e, atualmente, as pessoas estão buscando
conhecimentos diversos, não se atendo a uma única
formação. Além da inovação constante por meio de
aprendizados em ambientes formais, as redes sociais
e a própria Web ressaltam que praticamente tudo
pode ser aprendido a partir de um view no YouTu-
be ou uma leitura em um blog, embora nem sempre
esses conhecimentos sejam sólidos e/ou seguros. O
que todo esse movimento pode demonstrar? Em um
mundo no qual os indivíduos buscam fazer as coisas
por si mesmos, desde a transformação de um móvel
até a criação de website para vendas, o aprendizado
pode ocorrer em todo lugar. Esse movimento do “faça
você mesmo”, consolidado nas redes e estritamente
ligado à tecnologia, mas não só a ela, abrange a cultura
maker, a cultura do fazer:

O movimento maker é uma extensão tecno-


lógica da cultura do “Faça você mesmo” (Do

24
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
It Yourself – DIY, no original em inglês), que convite. Com essas características em mente, é pos-
estimula as pessoas comuns a construírem, sível realizar algumas atividades, tais como: leitura de
modificarem, consertarem e fabricarem os posts de venda do Instagram, infográficos e cartazes.
próprios objetos, com as próprias mãos. Isso (Revista de Ciências Humanas, Frederico Westphalen
gera uma mudança na forma de pensar de – RS, v. 23, n. 2, p. 38-50, maio/ago. 2022)
muita gente, trazendo os processos industriais
para bem próximo de meros mortais como PODCAST CULTURAL
você e eu. (SILVEIRA, 2016, p. 176).
Uma versão moderna e digital dos programas de
A cultura maker possibilita a divulgação de produ- rádio. Os podcasts vieram para ficar e tem ganhado
tos e serviços, envolvendo práticas de leitura e produ- adeptos de as áreas. É um dos formatos que tem mais
ção de texto na era digital. Citamos como exemplo a crescido nos últimos anos, segundo um levantamento
plataforma Canva, um site de design gráfico destinado feito pelo Deezer. A empresa revelou que a busca por
à criação de diversos gêneros textuais voltados para esse tipo de produto cresceu 67% no Brasil, em 2019.
mídias sociais, marketing, educação e negócios. Um podcast cultural pode trazer discussão sobre
No que diz respeito aos gêneros discursivos, veja- livros, discos, artes visuais, teatro, dança, cinema sé-
mos: post de vendas do Instagram, infográfico e car- ries e política cultural.
taz, bastante usados como ferramenta de divulgação Exemplos de podcast cultural: Expresso Ilustra-
nas redes sociais. Cada gênero possui características da (Toda quinta-feira, sempre às 16h, o caderno de
específicas que devem ser levadas em conta no pro- cultura da Folha de S. Paulo solta o podcast Expresso
cesso de criação do material, bem como devem ser Ilustrada, que traz histórias e no�cias do mundo das
consideradas as questões estéticas/visuais. O primeiro artes). O programa está disponível em todas as pla-
gênero, post de vendas do Instagram, conforme os taformas.
modelos do Canva, possui algumas características: há Confins do Universo (Podcast Confins do Univer-
sempre uma imagem que atenta para o que é falado/ so, do site Universo HQ, fala). É sobre histórias em
vendido; as fontes costumam ser grandes com pala- quadrinhos. Opção para quem gosta do mundo nerd/
vras que chamam atenção – como é o caso de “promo- geek. Programa disponibilizado semanalmente.
ção”, “oferta”, “liquidação”, “novidades” –; apresenta Calunguinha (Disponível no Spotify). Resgata e
um fundo colorido ou que desperta interesse pela exalta a ancestralidade negra.
imagem; há uma seleção de frases que dizem apenas
o necessário, sem textos longos e muitos detalhes. VLOG
Já o segundo gênero, infográfico, apresenta algumas
especificidades: como o próprio nome diz, trata de Vlog é a abreviação de videoblog (vídeo + blog),
uma informação ilustrada, a qual faz uso de textos, um tipo de blog em que os conteúdos predominantes
imagens, quadros, ícones, fundos, tabelas e gráficos; são os vídeos.
possuem um �tulo chamativo; podem ser apresen- A grande diferença entre um vlog e um blog está
tados por meio de seções, colunas ou ícones; são mesmo no formato da publicação. Ao invés de publi-
produzidos na orientação retrato para que possa ser car textos e imagens, o vlogger ou vlogueiro, faz um
inserida a maior quantidade de informação possível; a vídeo sobre o assunto que deseja.
disposição dos elementos deve ser bem pensada para A plataforma, ou seja, o site que os internautas
que não haja excesso de informação nem elementos mais utilizam para publicar os seus vídeos é o YouTube.
soltos; além de informar, o infográfico também pode Para isso, o vlogger precisa criar um canal no site, que
induzir a alguma coisa – por exemplo, um infográfico funcionará como um vlog para seus vídeos. No entan-
sobre poluição pode induzir o leitor a praticar ações to, existem outras inúmeras plataformas destinadas
que diminuam a poluição –; podem ser elencados para este conceito de “página pessoal”.
tópicos para discorrer sobre o assunto. Por fim, o gê-
nero cartaz traz como particularidades: assim como o VLOG E VIDEOCAST
infográfico, o cartaz é um gênero que busca informar
algo a alguém, como evento, acontecimento social, Os vlogs são espaços de divulgação de vídeos que,
aviso, ofertas ou sensibilização sobre um tema; é um normalmente, são produzidos e publicados com uma
texto curto que prioriza apenas as informações mais periodicidade constante (uma ou duas vezes por se-
relevantes, geralmente escritas em fontes grandes e mana, em norma).
chamativas; apresenta imagem que desperta o inte- Já os videocasts são conteúdos audiovisuais, pro-
resse pelo texto, associada à informação que se quer duzidos por blogueiros, internautas ou webmasters,
transmitir; geralmente é escrito no modo imperativo, e que são produzidos e publicados esporadicamente.
transmitindo uma ordem, um pedido ou fazendo um (significados.com.br/vlog)

25
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
GAMEPLAY Para construir um enredo precisamos de:
• Escolher o tema;
O gameplay é um termo usado para definir a • Escolher o conflito que será desenvolvido;
forma como os jogadores interagem com um deter- • Escolher o tipo de enredo que quer usar;
minado game. Esse conceito pode caracterizar ainda • Escolher os personagens, o local e o espaço
a forma como o jogo é jogado, incluindo as regras, temporal da narrativa;
o enredo, os objetivos e as formas de conquistá-los, • Desenvolver o texto. (O estudante pode esco-
bem como a experiência geral de um jogador. lher o gênero memória para construir seu enre-
Com o Gameplay surgiu a “pessoa game”, ou” ga- do, criar uma história ou utilizar uma pequena
mer casual”, pessoa que joga jogos projetados com história contada em um livro)
uma jogabilidade fácil (como Tetris, Snake, etc.) e
este não passa muito tempo jogando jogos de com- Selecionar as personagens mais importantes da
putador. Os gêneros que os gamers casuais jogam sua história. Em seguida, para cada uma dessas per-
variam, desde que eles não possuem um console es- sonagens, faça um resumo da fala. O resumo deve
pecífico para jogar os seus jogos. conter as seguintes informações:
(meuartigo.brasilescola.uol.com.br) • Nome da personagem
• Resumo do arco (evolução) dessa personagem
DESENVOLVENDO A APRENDIZAGEM ATRAVÉS (uma frase)
DE UM PODCAST • Motivação da personagem (ideia abstrata)
- Gravação. • Objetivo da personagem (ideia concreta)
- O áudio pode ser gravado pelo smartphone • Conflito da personagem (ideia concreta)
mesmo, que garante boa qualidade nas produções • Epifania da personagem (obstáculos ao longo
amadoras. da história)
- Vinhetas. • Resumo do arco (evolução) da personagem (um
• Tema parágrafo)
• Escolha do formato: Entrevista ou mesa redonda
(pode ser feito com os alunos, outros colegas ou até Vamos criar um Blog na sala de aula pra traba-
mesmo familiares). lhar o Artigo de Opinião. Depois que escolhermos um
• Dinâmica: Entrevistador, entrevistados e um tema, escreva em uma cartolina, para expor no quadro
mural da sala de aula, através de pequenas fichas,
mediador.
a opinião de cada um sobre o assunto em questão.
• Cenário
Depois de pronto, o podcast pode ser hospedado
TECNOLOGIA, SUSTENTABILIDADE E CONSUMO
na plataforma que a escola tem usado para as aulas
CONSCIENTE
online, isto é, o Google Classroom, acessível apenas
à turma, ou até mesmo divulgar. (cer.sebrae.com.br)
Vivemos em uma sociedade de modelo capitalista
que nos convida a consumir a todo momento. So-
RÁDIO – PODCAST
mos incessantemente bombardeados com mensagens
de es�mulo ao consumo de bens e serviços que vão
O termo “podcast” deriva do iPod — aparelho da
muito além da satisfação das necessidades básicas,
Apple que ajudou a popularizar o formato de “pro-
despertando desejos e sonhos.
grama de rádio gravado” — e broadcast, que significa A tecnologia é recurso fundamental para garantir
transmissão, em português. Mas, o que isso tem a ver escolhas sustentáveis, podendo ser utilizada de várias
com as novelas, que é o que vamos ver agora? formas, seja pelo acesso às informações de procedên-
Então, as novelas de antigamente eram feitas cia dos produtos, por aplicativos ou escaneamento de
através dos rádios, que podemos entender como um códigos QR, ou para denúncias e compartilhamento
“podcast”. de informações sobre manufaturas que desrespeitam
Como as novelas são feitas através de enredos, as legislações vigentes.
vamos criar, agora, um podcast novela. Antes, vamos A preocupação atual com a compra de produtos e
aprender como se constrói um enredo. O enredo é serviços sustentáveis é conhecida como consumo cons-
considerado a sucessão de fatos de uma história. Em ciente. O Ministério do Meio Ambiente define a prática
outros termos, ele trata de um conjunto de aconte- como “a consciência dos impactos ambientais na hora
cimentos sucessivos executados pelas personagens de escolher o que comprar, de quem comprar e a ma-
em espaço e tempo específicos. É muito comum o neira de usar e como descartar o que não serve mais”.
uso dos termos trama, intriga ou argumento para se Mas, como aplicar o consumo consciente no dia a
referir aos fatos de uma narrativa. dia? Existem alguns aplicativos, como o Desrotulando

26
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(disponível para Android e iOS), que fornece informa- HABILIDADE BNCC
ções não só da composição nutricional do produto, (EM13LP38) Analisar os diferentes graus de par-
mas também indica se a produção é sustentável e se cialidade/imparcialidade (no limite, a não neutra-
a empresa possui impacto social positivo. lidade) em textos noticiosos, comparando relatos
Já o app Cataki (disponível para Android e iOS) in- de diferentes fontes e analisando o recorte feito
dica postos de reciclagem e catadores independentes de fatos/dados e os efeitos de sentido provocados
de materiais recicláveis, agendando coletas de acordo pelas escolhas realizadas pelo autor do texto, de
com sua geolocalização. Segundo o app, os catadores forma a manter uma atitude crítica diante dos tex-
e catadoras são responsáveis por 90% da coleta de tos jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas
todo o material reciclável no Brasil. feitas como produtor.
Indivíduos, empresas públicas e privadas estão
cada vez mais engajados e atentos às inovações em OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
sustentabilidade, dando preferência a produtos e ser- (GO-EMLGG102A) Observar as discussões sobre os
viços com impacto social positivo tanto para a socie- sistemas de comunicação e informação, conside-
dade quanto para o meio ambiente. rando temas e acontecimentos de interesse local
Entre os aplicativos voltados à promoção do con- ou global, dos mais diversos gêneros, específico
sumo sustentável, destacam-se os de etiquetagem das formas de expressão das culturas juvenis como
veicular, consumo de energia doméstica, incentivo à vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.), em várias
troca e venda de itens usados, de localização de fei- mídias, colocando-se no papel de repórter, analista,
ras orgânicas e os de descarte adequado de resíduos. crítico, articulista, leitor, vlogueiro e booktuber para
“Plantit”, que ensina o cultivo de alimentos orgânicos ampliar as possibilidades de construções de sentido
em casa, e o “Moda Livre”, que mostra como as mar- e de apreciação.
cas de vestuário enfrentam e combatem o trabalho (GO-EMLP36A) Localizar em textos multimidiáticos
escravo, divulgando rankings e relatos de ocorrências, estratégias argumentativas empregadas com o ob-
são bons exemplos. jetivo de convencer o público, tais como intimida-
“O consumidor é protagonista deste processo, ção, sedução, comoção, chantagem, entre outras,
ele detém o poder, mas também tem o direito e o e deduzir quais são os objetivos de seu produtor e
dever de buscar informações relacionadas à respon- quem é seu público alvo, analisando as estratégias
sabilidade socioambiental dos fornecedores, pois a argumentativas utilizadas para assumir posiciona-
partir daí conseguimos comparar não somente preço mento de forma responsável diante das possibili-
e qualidade, mas uma característica nova, que é esse dades de manipulação da comunicação.
engajamento. Fornecedores que não se adaptem aos
consumidores mais exigentes e conscientes serão ex- OBJETOS DE CONHECIMENTO
cluídos do mercado”, aponta Jailson Araújo, professor Estratégias de leitura e compreensão de textos.
em Direito da Uninter. Gêneros discursivos.
Praticar um consumo de menor impacto, evitando Análise, interpretação e produção de textos mul-
o desperdício e adotando práticas de consumo ra- timodais.
cional, eficiente e solidário, são formas efetivas de Planejamento e produção de texto.
se cuidar do meio ambiente. “Não temos que nos Forma de composição do texto.
preocupar em deixar um planeta melhor para nos- Contexto de produção, circulação de textos na Lín-
sos filhos, temos que deixar filhos melhores para o gua Portuguesa.
planeta”, conclui Jailson Araújo. (Debate ocorrido no Consumo consciente.
Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA “O uso de Consciência socioambiental.
novas tecnologias para a promoção do consumo cons-
ciente e sustentável)
Fonte: www.dialogando.com.br/sustentabilidade www. HABILIDADE DA BNCC
uninter.com
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLGG102D) Possibilitar reflexão sobre a lín-
HORA DE PRODUZIR gua tanto na oralidade como na escrita nas ativi-
dades epilinguísticas (quando a reflexão é voltada
Utilizando do seu conhecimento sobre consumo cons- para descrição do fato linguístico), observando o
ciente, elabore um texto discursivo sobre o assunto uso da língua oral e escrita em práticas sociais e na
em questão: reestruturação de textos para compreender dife-
rentes possibilidades do uso da língua, o que lhes
permite, de modo gradativo, chegar à proficiência
em leitura e escrita, ao letramento.

27
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(GO-EMLP38A) Analisar a composição de textos jornalísticos, utilizando procedimentos e estratégias de
leitura e escrita de textos expositivos adequados ao objetivo e à natureza das informações para desenvolver
uma atitude crítica sobre os fatos e opiniões.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
Estratégias de leitura e compreensão de textos.
Gêneros discursivos.
TDICs.
Análise, interpretação e produção de textos multimodais.
Gêneros discursivos: no�cia, reportagem, relato, sinopse, resenha, entrevista, crônica, editorial.
Análise do discurso.
Comparação entre textos.

TIPOS DE DISCURSOS

Disponível em h�ps://descomplica.com.br/artigo/mapa-mental-tipos-de-discurso/41H/

Após uma leitura atenta às explicações do mapa mental, resolva as atividades.

ATIVIDADES

1. Em duplas vocês deverão escrever uma história real que tenha acontecido na sua família sobre a Pande-
mia. Procurem relembrar as conversas e os possíveis transtornos que aquela situação trouxe. Conversem
bastante e escrevam a narrativa de vocês.

2. Na sequência vocês deverão analisar qual tipo de discurso foi mais empregado no texto que vocês escre-
veram (discurso direto, discurso indireto ou discurso indireto livre).

28
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
3. Após essa análise, alterem o texto mudando a for- • cardápios de restaurantes;
ma do discurso. Por exemplo, se vocês concluíram • classificados ...
que o texto teve predominância do discurso dire-
to, reescreva-o em discurso indireto. Gêneros textuais pertencentes aos textos expo-
sitivos:
ELEMENTOS TEXTUAIS E FUNÇÃO SOCIAL • jornais;
• enciclopédias;
Quando usamos a língua, organizamos as frases • resumos escolares;
com o objetivo de produzir um texto que se comuni- • verbetes de dicionário...
que com o interlocutor. A produção do texto é orga-
nizada, por sua vez, com base numa tradição discur- Gêneros textuais pertencentes aos textos argu-
siva que prevê determinadas sequências e elementos mentativos:
textuais. Assim, reconhecemos uma entrevista, uma • artigos de opinião;
conversa em rede social, um contrato de aluguel ou • abaixo-assinados;
uma aula. Nessa aula, vamos estudar os gêneros tex- • manifestos;
tuais com ênfase nos elementos que compõem o texto • sermões...
de determinado gênero e na função que os textos
daquele gênero desempenham na sociedade. Gêneros textuais pertencentes aos textos injun-
tivos:
Tipos e gêneros textuais • receitas culinárias;
• manuais de instruções;
Tipos e gêneros textuais são duas categorias di- • bula de remédio...
ferentes de classificação textual.
Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos Gêneros textuais pertencentes aos textos pres-
que definem e distinguem a estrutura e os aspectos critivos:
linguísticos de uma narração, descrição, dissertação • leis;
e explicação. • cláusulas contratuais;
• edital de concursos públicos...
Exemplos de tipos textuais:
• Texto narrativo; Gêneros textuais e gêneros literários
• Texto descritivo;
• Texto dissertativo expositivo; Conforme o próprio nome indica, os gêneros tex-
• Texto dissertativo argumentativo; tuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto
• Texto explicativo injuntivo; os gêneros literários se referem apenas aos textos
• Texto explicativo prescritivo. literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo
Os aspectos gerais dos tipos de texto concreti- características formais comuns em obras literárias,
zam-se em situações cotidianas de comunicação nos agrupando-as conforme critérios estruturais, con-
gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que textuais e semânticos, entre outros.
apresentam um intenção comunicativa bem definida
e uma função social específica, adequando-se ao uso EXEMPLOS DE GÊNEROS LITERÁRIOS:
que se faz deles. • Gênero lírico;
• Gênero épico ou narrativo;
Gêneros textuais pertencentes aos textos nar- • Gênero dramático.
rativos:
• romances; Texto narrativo
• contos;
• fábulas; O texto narrativo é aquele que se propõe a relatar
• novelas; acontecimentos e situações, verídicos ou fic�cios.
• crônicas; Para apresentar a história, o tipo utiliza personagens
de determinado tempo e espaço, que são os “ato-
Gêneros textuais pertencentes aos textos des- res” dos fatos. Muitos gêneros utilizam a tipologia
critivos: narrativa para diferentes propósitos, sendo assim, os
• diários; textos apresentam diferentes formas de mobilizar os
• relatos de viagens; elementos da narrativa.
• folhetos turísticos; Características e estrutura dos textos narrativos

29
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Os textos narrativos caracterizam-se por seu qualificadores, que servem ao intuito de construir-se
aspecto factual e performático, pois relatam acon- uma imagem mental do objeto apresentado. É mui-
tecimentos por meio da utilização de personagens, to comum a esse tipo textual uma forte presença da
que, no texto, “encenam” as experiências vividas ou descrição visual, desse modo, a observação criteriosa
imaginadas. do objeto faz-se uma ação fundamental.
Assim, são presentes, nos textos de caráter nar- Exemplos de textos descritivos
rativo, personagens principais e secundários, e espa- • Listas de compras
ço(s) e tempo(s). O espaço pode referir-se a espaços �- • núncios de classificados
sicos (como um país, estado, cidade) ou sociais (como • Currículos
as elites, as classes populares, os intelectuais etc.). • Resenha
O tempo pode referir-se à contagem cronológica
ou a um tempo psicológico. O tempo psicológico não é Texto dissertativo
contado por horas, dias ou anos, e sim pelo conteúdo
subjetivo e mental que as personagens expressam, O tipo textual dissertativo é aquele em que o au-
por isso ele pode se deslocar por diferentes tempos tor se propõe a apresentar um determinado tema
cronológicos por meio da memória, por exemplo. ou assunto, posicionando-se sobre ele, baseado em
Ainda há um elemento importante, principalmen- uma argumentação consistente, com avaliações, jus-
te para os textos com predominância do tipo narra- tificativas, conceitos e exemplos.
tivo: o narrador. O narrador é o ponto de vista pelo
qual a história é contada, por isso não é o mesmo que • Características e estrutura dos textos disser-
o autor. Primordialmente, o narrador se divide em: tativos
• 1ª pessoa: quem narra é quem vive os fatos; A dissertação fundamenta-se na apresentação de
• 3ª pessoa: quem narra assiste de fora os fatos. uma tese ou uma opinião sobre determinado tema ou
Dentro desses dois grupos, há muitas possibili- assunto. Essa tese baseia-se em argumentos funda-
dades de explorar essa ferramenta e criar diferentes mentados em dados, pesquisas, conceitos, pesquisas
efeitos. cien�ficas etc.
Desse modo, uma boa dissertação precisa apre-
Exemplos de textos narrativos sentar uma estratégia de convencimento. Assim, es-
• No�cia trutura-se em:
• Biografia • Apresentação do tema por meio de uma expo-
• Autobiografia sição inicial
• Conto • Constatação inicial que conduzirá o desenvol-
vimento do texto
• Romance
• Problematização do tema e da constatação ini-
• Filme
cial
• Teatro
• Resolução dos questionamentos
• Novela
• Conclusão e avaliação final
• Parábola
• Mito
Para facilitar a elaboração dessa estrutura, o tipo
• Lenda
textual dissertativo ampara-se em reflexões, expli-
• Anedota
cações e exposição de ideias, no intuito de se dar a
• Piada
conhecer a tese inicial.
• Fofoca
Exemplos de textos dissertativos
Texto descritivo • Artigo de opinião
O tipo textual descritivo é aquele que se caracte- • Dissertação acadêmica
riza por expor as características ou propriedades de • Tese
algum objeto, seja ele material (como uma paisagem, • Artigo acadêmico-cien�fico
um produto �sico etc.), seja imaterial (uma sensação, • Editorial de jornal
um serviço, um produto digital etc.). • Monografia
O propósito da descrição consiste em fornecer • Conferência
uma apresentação consistente com o objetivo do • Artigo de divulgação cien�fica
apresentador, de modo que o leitor ou ouvinte possa
ter uma visualização mental do objeto apresentado. Texto expositivo
Características e estrutura dos textos descritivos
O texto descritivo se caracteriza por uma forte O tipo textual expositivo caracteriza-se por apre-
presença de verbos de ligação e adjetivos ou outros sentar saberes consensuais de diferentes áreas, sem

30
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
inserir nenhuma problematização ou argumentação • Instruções
a respeito do tema. Dessa forma, esse tipo objetiva • Manuais de uso e/ou montagem de aparelhos
apresentar conhecimentos de mundo, organizados e outros
em uma estrutura lógica, que contribua para a com- • Receitas de cozinha e receitas médicas
preensão do leitor. • Textos de orientação comportamental

Características e estrutura dos textos expositivos Diferença entre tipos textuais e gêneros textuais
O texto expositivo pode organizar-se de diferentes
formas para apresentar o assunto ou saber. A estru- Os tipos textuais definem as características es-
tura básica pode ser em: truturais e gramaticais dos textos, ou seja, definem
• Método dedutivo - generalização - especifi- as estruturas sintáticas mais utilizadas, as classes
cação: parte-se de um saber abrangente para de palavra com maior evidência, os elementos que
apresentar saberes específicos. compõem os tipos e o objetivo linguístico de cada
• Método indutivo - especificação - generali- categoria, o que cada tipo deseja expressar ao seu
zação: parte-se de um saber específico para leitor. São os tipos narrativo, descritivo, expositivo,
apresentar generalizações. dissertativo e injuntivo, por exemplo.
• Método dedutivo-indutivo - generalização - Os gêneros textuais definem as formas de agir no
especificação - generalização: parte-se de um mundo por meio dos textos, ou seja, caracterizam os
saber geral, apresenta-se especificações, con- modelos convencionalmente aceitos para exercerem
clui-se com uma nova generalização. algum tipo de ação social. Desse modo, definem o
contexto de uso, o tipo de interlocutor, a função social,
Exemplos de textos expositivos os tipos de linguagem etc. São exemplos de gêneros
• Verbete de dicionário textuais: carta de solicitação, ata, publicidade, no�cia,
• Enciclopédia reportagem.
• Entrevista Gêneros e tipos se relacionam, pois, para mate-
• Seminários rializar os textos em gêneros, é necessário mobilizar
• Palestras o tipo ou tipos textuais adequados para o objetivo.
• Conferências Desse modo, um texto pode apresentar a predomi-
nância de um tipo, como num romance predomina-se
Texto injuntivo o tipo narrativo, ou apresentar uma mescla de tipos,
como uma apresentação de PowerPoint, que pode
O tipo textual injuntivo caracteriza-se por fornecer utilizar textos expositivos, narrativos, argumentativos
instruções para a realização de uma ação desejada, e injuntivos, a depender da necessidade do autor.
logo, esse texto incita o leitor a realizar algo. Sua apli-
cação é presente em manuais de instruções, pedidos,
prescrição etc.

Características e estrutura dos textos injuntivos


Os textos injuntivos apresentam, predominan-
temente, orações com o uso de formas verbais no
imperativo, indicando ordem ou pedido, organizadas
em uma ordem que favoreça a realização da ação so-
licitada.
Desse modo, um texto injuntivo que faz uma súpli-
ca ou um pedido pode, anteriormente, utilizar o tipo
expositivo para apresentar uma determinada situação
ou o dissertativo para defender um ponto de vista e, Para diferentes situações da vida, utilizamos textos como
ferramenta de comunicação.
em seguida, fazer a solicitação.
Diferentemente, nos manuais de instrução, por
Texto Jornalístico
exemplo, o tipo injuntivo pode se organizar em uma
ordem cronológica das ações instruídas. Desse modo,
Os textos jornalísticos são os textos veiculados
o leitor obedece não apenas às solicitações como tam-
pelos jornais, revistas, rádio e televisão, os quais pos-
bém à ordem na qual estão estruturadas.
suem o intuito de comunicar e informar sobre algo.
Nos dias atuais, o texto jornalístico é provavel-
Exemplos de textos injuntivos
mente o gênero textual mais lido, pois possui o maior
• Mensagem religiosa doutrinária
alcance nos diversos setores da sociedade.

31
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Uma característica importante dos textos jorna- Aqui, vale lembrar que o jornal é um veículo por-
lísticos é sua efemeridade, visto que favorecem o co- tador de diferentes gêneros textuais. Portanto, eles
nhecimento de informações atuais com o propósito podem apresentar uma linguagem conotativa (figura-
de difundir o que acontece de novo. da), na medida em que desenvolve os diversos tipos
de textos:
Estrutura do Texto Jornalístico • narrativo
• descritivo
• dissertativo-opinativo
• injuntivo
• expositivo

Texto Informativo

Os textos informativos são um dos gêneros mais


presentes nos textos jornalísticos. Eles englobam as
produções textuais objetivas em prosa, baseadas na
linguagem clara e direta (linguagem denotativa).
São textos que têm como objetivo principal trans-
A composição de um texto jornalístico é dividida
mitir informação sobre algo, estando isento de duplas
em:
interpretações.
1. Pauta: escolha do tema ou assunto.
Assim, o emissor (escritor) dos textos informativos
2. Apuração: recolha das informações, dados e
preocupa-se em expor brevemente um tema, fatos
verificação da veracidade dos fatos.
ou circunstâncias a um, ou vários receptores (leitor).
3. Redação: transformação das informações num
texto.
Gêneros Jornalísticos
4. Edição: correção e revisão dos textos.
O jornal abriga diversos textos jornalísticos, vul-
garmente chamados de “matérias”, sendo divididos
A Linguagem Jornalística
em seções, compostas pelos mais variados gêneros
A linguagem jornalística é em prosa e deve ser
textuais:
clara, simples, imparcial e objetiva de modo a expor
• editorial
para o emissor as informações mais relevantes sobre
• no�cia
o tema.
• reportagens
O jornalista possui a função de “traduzir” e trans-
• entrevistas
mitir as informações para o público em geral, utilizan-
• textos publicitários
do um método de desenvolvimento textual baseado
• classificados
no critério básico ao responder às perguntas:
• artigos
• “O quê?” (acontecimento, evento, fato ocorri-
• crônicas
do);
• resenhas
• “Quem?” (qual ou quais personagens estão
• charges
envolvidos no acontecimento);
• cartas do leitor
• “Quando?” (horário em que ocorreu o fato);
• “Onde?” (local que aconteceu o episódio);
Exemplos de Textos Jornalísticos
• “Como?” (modo que ocorreu o evento);
• “Por quê?” (qual a causa do evento).
Medicamentos Genéricos e Medicamentos de
Marca
No tocante à sua estrutura gramatical, normal-
Diz-se que os medicamentos genéricos têm a
mente o texto jornalístico apresenta frases curtas e
mesma qualidade, eficácia e segurança do medica-
ideias sucintas, as quais favorecem a objetividade do
mento original que lhe serviu de referência. Uma das
texto.
vantagens dos medicamentos genéricos encontra-se
Além disso, trabalham com o recurso das repe-
no preço inferior ao preço praticado pela venda do
tições que auxiliam na memorização e assimilação
medicamento de marca.
das informações. O mais comum é o uso da ordem
direta nas construções frasais, ou seja: sujeito + verbo
Medicamentos Genéricos
+ complementos e adjuntos adverbiais.
Os medicamentos genéricos estão identificados
Esses textos possuem uma linguagem denotati-
com a sigla MG nas embalagens. Eles são aprovados
va, ou seja, isenta de ambiguidades e que possui um
pela INFARMED, que disponibiliza uma lista de medi-
único sentido,

32
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
camentos genéricos online. A cada medicamento é • Textos em terceira pessoa (impessoais)
atribuída uma A.I.M. (Autorização de Introdução no • Discurso indireto
Mercado) com um respetivo número de registo. Se- • Fatos reais, atuais e cotidianos
gundo a lei, estes medicamentos podem unicamente
ser comercializados depois do período de proteção de Estrutura e Exemplo de No�cia
patente do medicamento de referência ter expirado Geralmente as no�cias seguem uma estrutura
(um período aproximado de 20 anos). básica classificada em:

Medicamentos de Marca Título Principal e Título Auxiliar


Os medicamentos genéricos podem ter, no en- A no�cia é formada por dois �tulos, ou seja, um
tanto, substâncias não ativas diferentes dos medica- principal, também chamado de Manchete, que sinteti-
mentos originais, como corantes, açúcares e amidos, za o tema que será abordado, e outro um pouco maior,
podendo diferir em tamanho, sabor ou forma destes. o qual auxilia o entendimento do �tulo principal, ou
Apesar das substâncias ativas (os chamados excipien- seja, é um recorte do assunto que será explorado,
tes) distinguirem-se entre medicamentos de marca e por exemplo:
medicamentos genéricos, as diferenças não acusam Olimpíadas Rio 2016 (Título Principal)
normalmente no efeito terapêutico Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 (Título
Nem toda a medicação de marca tem um medi- Auxiliar)
camento genérico equivalente.
Lide
Medicamentos Genéricos ou Medicamentos de Na linguagem jornalística, a Lide corresponde à
Marca? introdução da no�cia, portanto, trata-se do primei-
Ao adquirir medicamentos genéricos mais bara- ro parágrafo que responderá as perguntas: O Que?
tos, os utentes desfrutam de uma comparticipação Quem? Quando? Onde? Como? Porque?
igual ou superior à que já tinham. Os utentes que Trata-se de um parágrafo em que todas as infor-
comprarem medicamentos mais caros, veem a sua mações que estarão contidas na no�cia deverão apa-
comparticipação ser reduzida. recer. É uma ferramenta muito importante, visto que
Pode simular na página da DECO os medicamentos desperta a atenção do leitor para a leitura da no�cia.
mais baratos entre medicamentos de marca e medi- Segue abaixo um exemplo:
camentos genéricos. O Rio de Janeiro, sede dos jogos Olímpicos e Para-
olímpicos de 2016, vem se preparando para receber
Gênero Textual No�cia milhões de turistas no maior evento esportivo do pla-
neta. Os Jogos Olímpicos ocorrerão entre os dias 05 e
A No�cia é um gênero textual jornalístico e não 21 de agosto e os Jogos Paraolímpicos, que contempla
literário que está presente em nosso dia a dia, sendo os atletas com necessidades especiais, acontecerão
encontrada principalmente nos meios de comunica- de 7 a 18 de setembro.
ção.
Trata-se, portanto de um texto informativo sobre Corpo da No�cia
um tema atual ou algum acontecimento real, veicu- Nessa parte, será apresentada a no�cia com des-
lada pelos principais meios de comunicação: jornais, crições mais detalhadas. Segue abaixo um exemplo:
revistas, meios televisivos, rádio, internet, dentre Segundo a página oficial do “Rio 2016”, os Jogos
outros. Olímpicos vão ocorrer durante 17 dias (05 e 21 de
Por esse motivo, as no�cias possuem teor infor- agosto) em quatro regiões da Cidade Maravilhosa, que
mativo e podem ser textos descritivos e narrativos totalizam 32 locais de competição: Copacabana, Bar-
ao mesmo tempo, apresentando, portanto, tempo, ra, Maracanã e Deodoro. As Modalidades Olímpicas
espaço e as personagens envolvidas. incluem 42 esportes, onde participarão 10.500 atletas
de 206 países. Duas novas modalidades foram inclusas
Características da No�cia nos jogos Olímpicos de 2016: o Golfe e o Rugby.
As principais caraterísticas do gênero textual no- Já os Jogos Paraolímpicos, destinados para atletas
�cia são: com necessidades especiais, acontecerão durante 11
• Texto de cunho informativo dias (7 a 18 de setembro) nas mesmas regiões da ci-
• Textos descritivos e/ou narrativos dade (Copacabana, Barra, Maracanã e Deodoro), que
• Textos relativamente curtos no total contemplam 20 locais de competição. São
• Veiculado nos meios de comunicação 23 modalidades esportivas, onde participarão 4.350
• Linguagem formal, clara e objetiva atletas de 178 países. A novidade é a inclusão de duas
• Textos com �tulos (principal e auxiliar) novas modalidades: a Canoagem e o Triatlo.

33
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
No�cia e Reportagem Ela pode incluir as opiniões e interpretações do
autor, entrevistas e depoimentos, análises de dados e
Ainda que a no�cia e a reportagem sejam tex- pesquisa, causas e consequências, dados esta�sticos,
tos jornalísticos, a no�cia se difere da reportagem dentre outros.
na medida que é um texto informativo e impessoal,
sem teor opinativo, característico das reportagens. Estrutura básica da reportagem
Além disso, as no�cias não são textos assinados pelo A estrutura básica dos textos jornalísticos é divi-
autor, enquanto as reportagens apresentam o nome dida em três partes:
do repórter. 1. Título principal e secundário: as reportagens,
Dentre outras diferenças que podem surgir en- tal qual as no�cias, podem apresentar dois �tulos, um
tre esses tipos de textos, vale lembrar que a no�cia principal e mais abrangente (chamado de Manchete),
apresenta um tema atual de modo inteiramente in- e outro secundário (uma espécie de sub�tulo) e mais
formativo, enquanto a reportagem aprofunda-se mais específico.
sobre os temas sociais e de interesse da sociedade 2. Lide: na linguagem jornalística a lide correspon-
apresentando as opiniões do autor. de aos primeiros parágrafos dos textos jornalísticos,
os quais devem conter as informações mais importan-
Gênero Textual Reportagem tes que serão discorridas pelo autor. Portanto, a lide
O que é reportagem? pode ser considerada uma espécie de resumo, onde
A reportagem é um gênero textual jornalístico não as palavras-chave serão apontadas.
literário veiculado nos meios de comunicação: jornais, 3. Corpo do texto: desenvolvimento do texto, sem
revistas, televisão, internet, rádio, dentre outros. perder de vista o que foi apresentado na Lide. Nessa
Esse tipo de texto tem o intuito de informar, ao parte, o repórter reúne todas as informações e as
mesmo tempo que prevê criar uma opinião nos lei- apresenta num texto coeso e coerente.
tores. Portanto, ela possui uma função social muito
importante como formadora de opinião. Diferença entre reportagem e no�cia
Embora a reportagem possa ser expositiva, infor- Geralmente, as reportagens são textos mais lon-
mativa, descritiva, narrativa ou opinativa, ela não deve gos, opinativos e assinados pelos repórteres.
ser confundida com a no�cia ou os artigos opinativos. Por esse motivo, a reportagem é um texto que
Assim, uma reportagem é expositiva e informati- precisa de mais tempo para ser elaborado pelo repór-
va, pois tem o propósito de expor informações sobre ter. Nela, se desenvolve um debate sobre um tema,
um determinado assunto para informar o leitor. de modo mais abrangente que a no�cia.
Ela também pode ser descritiva e narrativa, uma Já as no�cias são textos relativamente curtos e
impessoais que possuem o intuito de somente infor-
vez que descreve ações e incluem tempo, espaço e
mar o leitor de um fato atual ocorrido.
personagens.
Logo, podemos dizer que a no�cia faz parte do jor-
Por fim, a reportagem é também um texto opina-
nalismo informativo, enquanto as reportagens fazem
tivo, uma vez que apresenta juízos de valor sobre o
parte do chamado jornalismo opinativo.
que está sendo discorrido.
Vale lembrar que o repórter é a pessoa que está
Texto Editorial
responsável por apresentar a reportagem que aborda
temas da sociedade em geral.
O texto editorial é um tipo de texto jornalístico
que geralmente aparece no início das colunas. Dife-
Principais características da reportagem
rente dos outros textos que compõem um jornal, de
• Textos escritos em primeira e terceira pessoa;
caráter informativo, os editoriais são textos opinati-
• Presença de �tulos; vos.
• Foco em temas sociais, políticos, econômicos; Embora sejam textos de caráter subjetivo, eles
• Linguagem simples, clara e dinâmica; podem apresentar certa objetividade. Isso porque são
• Discurso direto e indireto; os editoriais que apresentam os assuntos que serão
• Objetividade e subjetividade; abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política,
• Linguagem formal; Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade,
• Textos assinados pelo autor. Classificados, entre outros.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que
Estrutura da reportagem expressam as opiniões da equipe e, por isso, não rece-
Embora apresente uma estrutura similar à da no- bem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam
�cia, a reportagem é mais ampla e menos rígida na a opinião do meio de comunicação (revista, jornal,
estrutura textual. rádio, etc.).

34
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Tanto nos jornais como nas revistas podemos Mas isso é somente a ponta do iceberg. Ou seja,
encontrar os editoriais intitulados como “Carta ao a solução não é deixar o país, mas lutar para a me-
Leitor” ou “Carta do Editor”. lhoria do nosso Brasil, que se deparou com o iceberg
e quer mudar o curso. A frase “salve-se quem puder”
Como fazer um editorial? deve ser mudada para “salvemos o nosso país todos
Para produzir um editorial, inicialmente é neces- juntos”.
sário conhecer os assuntos que serão abordados no Equipe Folhetim de Minas
meio de comunicação. Feito isso, faça uma síntese de
todo esse conteúdo para que ele seja apresentado Editorial de revista
para o público leitor. Embora apresente a estrutura Neste mês de natal, celebramos o nascimento do
básica do texto dissertativo, ele pode não seguir o menino Jesus. Nada melhor que reunir a família e
padrão proposto. curtir esse momento tão especial de encontro, amor,
compreensão e tolerância.
Estrutura Por conta disso, a revista feminina nesse mês apre-
Por ser um texto dissertativo-argumentativo, os senta um artigo sobre a “Origem e História do Natal”,
editoriais apresentam a estrutura básica dividida em além de oferecer dicas de presentes natalinos para
três partes principais: toda a família.
• Introdução: exposição do assunto que será tra- Ademais, você não deve perder as novidades so-
tado no decorrer da leitura bre a moda nesse verão e, ainda, ficar alerta no artigo
• Desenvolvimento: momento em que a argu- sobre os “Melhores Concelhos para Economizar”.
mentação do escritor será a principal ferramen- Para além disso, apresentamos diversas dicas de
ta viagem para esse final de ano em todas as regiões do
• Conclusão: finalização do texto com a opinião Brasil e muitas receitas natalinas práticas, rápidas e
do autor ou da equipe fáceis de preparar.
Aproveite o final do ano para se divertir com toda
Exemplos a família e amigos e não se esqueça que o espírito de
natal deverá ser aproveitado para nos tornar pessoas
Editorial de jornal cada vez melhores.
Protestos no Brasil e a Crise Econômica Encha seu coração de tudo que há de melhor:
Desde o ano passado nos deparamos com as di- amor, alegria, compreensão, harmonia e tolerância.
versas manifestações que se espalham pelas capitais e
Desejamos-lhes boa leitura e um feliz natal!
cidades do país. Todas elas demostram a insatisfação
Equipe Revista Feminina
dos brasileiros com a política, economia e os proble-
mas sociais no geral.
Características
O que mais ouvimos no café, no supermercado,
Tal como vemos nos exemplos acima, as caracte-
nas paragens de ônibus ou mesmo no trânsito são
rísticas dos editoriais jornalísticos que se destacam
frases do tipo: “Aonde vamos parar”, “Isso é culpa
são:
do PT”, “Estamos afundando” “O preço das coisas
• Caráter objetivo e subjetivo
aumentam e nosso salário nunca”.
• Linguagem simples e clara
Essa frases proferidas pelos mais diversos tipos
• Textos dissertativos-argumentativos
de brasileiros nos indicam que a insatisfação e a crise
econômica cresce cada vez mais no país, e os que • Temas da atualidade
tem possibilidades (mínima parcela) estão deixando • Textos relativamente curtos
o Brasil para terem vidas melhores longe da nação
verde e amarelo. ATIVIDADES
Mas será que essa é a solução? Vale ressaltar que
muitos dos que deixam o país tem conhecimentos Questão 1 – (Enem 2018)
superficiais sobre a política e a economia e, na maio- Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lan-
ria das vezes, são os mais preconceituosos com os çado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja
nortistas e nordestinos. proposta é ser publicação informativa sobre nomes
Sabemos que a chave para a solução dos proble- do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o
mas instaurados no país, de ordem social, política e autor. Trata-se de um caminho estético fundamental
econômica tem somente uma alternativa: o investi- na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em fran-
mento em políticas públicas voltadas para o desenvol- cês foi adotado por designar internacionalmente a
vimento educativo no país, sobretudo da implemen- produção que no Brasil é chamada de arte popular
tação de disciplinas que abordem as questões sobre ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do
diversidade, pluralidade e gênero. livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um

35
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, B. no�cia, porque relata fatos que resultaram no
observa. A nova edição veio da vontade de atualizar indiciamento de um fraudador.
informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas C. crônica, porque narra o imprevisto que levou a
em atividade atualmente e veteranos que ficaram de polícia a prender um fraudador.
fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 D. editorial, porque opina sobre aspectos linguísticos
autores de várias regiões do Brasil. dos documentos redigidos por um fraudador.
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 E. piada, porque narra o fato engraçado de um frau-
(adaptado). dador descoberto pela polícia por causa de erros
de grafia.
O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamen-
to de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização 3 - Leia o conto:
desse trecho, predomina o uso da sequência
A. injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do A CARTEIRA
organizador do livro.
B. argumentativa, caracterizada pelo uso de adjeti- Machado de Assis
vos sobre o livro.
C. narrativa, construída pelo uso de discurso direto ...De repente, Honório olhou para o chão e viu
e indireto. uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi
D. descritiva, formada com base em dados editoriais obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um
da obra.
homem que estava à porta de uma loja, e que, sem
E. expositiva, composta por informações sobre a arte
o conhecer, lhe disse rindo:
naïf.
- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
- É verdade, concordou Honório envergonhado.
Questão 2 – (Enem 2016)
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é pre-
ciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma
Fraudador é preso por emitir
dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira
atestados com erro de português
trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande
para um homem da posição de Honório, que advo-
Mais um erro de português leva um criminoso
às mãos da polícia. Desde 2003, M.O.P., de 37 anos, ga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas,
administrava a empresa MM, que falsificava boletins segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser
de ocorrência, carteiras profissionais e atestados de piores. Gastos de família excessivos, a princípio por
óbito, tudo para anular multas de trânsito. Amparado servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que
pela documentação fajuta de M.O.P., um motorista vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali,
poderia alegar às Juntas Administrativas de Recursos chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia re-
de Infrações que ultrapassou o limite de velocidade médio senão ir descontando o futuro. Endividou-se.
para levar uma parente que passou mal e morreu a Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou
caminho do hospital. aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro,
O esquema funcionou até setembro, quando quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a
M.O.P. foi indiciado. Atropelara a gramática. Havia darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão
emitido, por exemplo, um atestado de abril do ano perpétuo, uma voragem.
passado em que estava escrito aneurisma “celebral” - Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente
(com l no lugar de r) e “insulficiência” múltipla de o Gustavo C..., advogado e familiar da casa.
órgãos (com um I desnecessário em “insuficiência” - Agora vou, mentiu o Honório.
— além do fato de a expressão médica adequada ser A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pe-
“falência múltipla de órgãos”). quena monta, e constituintes remissos; por desgraça
M.O.P. foi indiciado pela 2a Delegacia de Divisão perdera ultimamente um processo, em que fundara
de Crimes de Trânsito. Na casa do acusado, em São Mi- grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até
guel Paulista, zona leste de São Paulo, a polícia encon- parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação
trou um computador com modelos de documentos. jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.
Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 (adaptado) D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada
à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada
O texto apresentado trata da prisão de um fraudador a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em
que emitia documentos com erros de escrita. Tendo um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia
em vista o assunto, a organização, bem como os recur- todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhé-
sos linguísticos, depreende-se que esse texto é um(a) rias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir
A. conto, porque discute problemas existenciais e os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava
sociais de um fraudador. muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com

36
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e
falavam de política. com medo de a perder, tornou a guardá-la.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com
à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos mo- vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? era
lhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e
- Nada, nada. trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu,
Compreende-se que era o medo do futuro e o ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua
horror da miséria. Mas as esperanças voltavam com boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer
facilidade. A ideia de que os dias melhores tinham de nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E
vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos;
e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os depois, resolvia o contrário, não usar do achado, res-
princípios são di�ceis. E toca a trabalhar, a esperar, a tituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na
gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, carteira algum sinal.
e a más horas. “Se houver um nome, uma indicação qualquer,
A dívida urgente de hoje são uns malditos qua- não posso utilizar-me do dinheiro,” pensou ele.
trocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas,
tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e
e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gus-
mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto tavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e
mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao inte-
cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um rior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco.
agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar Não havia duvidar; era dele.
pela Rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o
apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso,
Durante os primeiros minutos, Honório não pen- doloroso ao seu coração porque era em dano de um
sou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como
da Carioca. No Largo parou alguns instantes, - enfiou se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem
depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que
na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a
a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda,
necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas
sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma
ele resistiu.
cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Ti-
“Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que
nha medo de abrir a carteira; podia não achar nada,
posso fazer.”
apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo,
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco
e esta era a causa principal das reflexões, a consci-
preocupado, e a própria D. Amélia o parecia também.
ência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro
Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava al-
que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem
guma cousa.
não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de
- Nada.
censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com
- Nada?
ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por
- Por quê?
lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à
polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de - Mete a mão no bolso; não te falta nada?
lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxa- - Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter
vam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. a mão no bolso. Sabes se alguém a achou?
Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a - Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou
que lhe deu ânimo. desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a
bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondi- necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamen-
das; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito te; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara,
dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos deu-lhe as explicações precisas.
mil-réis, algumas de cinquenta e vinte; calculou uns - Mas conheceste-a?
setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscen- - Não; achei os teus bilhetes de visita.
tos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilet-
urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, te para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a
correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o
em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.
Obra de domínio público. Disponível em : < h�p://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09
jun. 2013.

Agora que você já leu o conto, preencha a tabela a seguir, fazendo as alterações, que julgar necessárias, na
linguagem:

Naquela época Hoje em dia...


1) Havia pessoas que se endividavam por causas des-
necessárias, como aconteceu com Honório, ao gastar
mais do que ganhava com jantares, bailes, coisas ma-
teriais para a esposa.
2) Havia tentação em se apropriar de coisas encontradas
na rua, conforme aconteceu com Honório, que vivenciou
isso ao sentir-se tentado a se apropriar do conteúdo da
carteira que encontrou. Mas ao mesmo tempo, ele tinha
consciência da ilicitude do ato: “não podia ficar com o
dinheiro, sem praticar um ato ilícito” (18° parágrafo).
3) Havia pessoas que “puxavam assunto” com pes-
soas desconhecidas, como é o caso daquele homem
que estava à porta de uma loja no momento em que
Honório apanhou a carteira do chão.
4) Havia preocupação com a aparência financeira, pois
Honório cuidava para que os outros pensassem que
ele era bem sucedido financeiramente: “Não contava
nada a ninguém” (8° parágrafo).
5) Os rendimentos de um advogado dependem do
montante reclamado e das vitórias processuais. Se há
perdas, o dinheiro se torna escasso e isso aconteceu
com Honório: “A verdade é que ia mal. Poucas causas,
de pequena monta, e [...] perdera ultimamente um
processo” (7° parágrafo).
6) Havia exposição negativa dos outros publicamente,
pois zombavam de Honório nos jornais, já que “per-
dera ultimamente um processo” e “andavam mofinas
nos jornais” (7° parágrafo).
7) Havia ausência de diálogo entre casais, pois D. Amé-
lia não sabia de nada: “ele não contava nada à mulher,
bons ou maus negócios” (8 parágrafo).

8) Havia a visita diária de um amigo, que era o Gustavo,


pois “ia todas as noites à casa dele [de Honório]” (8°
parágrafo).
9) Havia sentimento paternal, de preocupação com o
futuro da filha, demonstrado quando Honório chora
diante da filha de quatro anos, “era o medo do futuro
e o horror da miséria” (11° parágrafo).
10) A jovialidade era um fator que interferia nas es-
peranças de uma evolução na carreira profissional.
Isso é demonstrado quando Honório, ao se desespe-
rar pelo futuro incerto, pensava em sua idade (trinta
e quatro anos) e constatava que estava no princípio
da carreira, enchia-se de esperanças para continuar
a luta (11° parágrafo).

38
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
11) Agiotas atuavam emprestando dinheiro e cobran-
do, de maneira diferenciada em relação aos bancos: “a
rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas dis-
se-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e
Honório quer pagar-lhe hoje mesmo” (12° parágrafo).
12) Conflito interior decorrente do ato de se apro- .
priar ou não de um objeto alheio, tendo em vista a
resolução de uma dificuldade pessoal. Isso aconteceu
com Honório, pois andou por várias ruas e “sem saber
como, achou- se” em tal lugar e depois em outro. Sua
consciência o aconselhava a se apropriar devido “aos
apuros da ocasião”, mas, por outro lado, a consciência
dizia-lhe para não se apropriar, para levar a carteira à
polícia (13° parágrafo).
13) O conteúdo da carteira era: muito dinheiro, cartas,
bilhetinhos e cartões de visita (14° parágrafo).

14) O objeto alheio foi devolvido a seu dono. “Gus-


tavo pegou dela [da carteira] precipitadamente” (27°
parágrafo).
15) O uso de algumas palavras podem estremecer o
interlocutor. Por exemplo: Honório devolveu a carteira
a Gustavo e, ao ser perguntado se a conheceu, respon-
deu: “- Não; achei os teus bilhetes de visita.” No texto,
antes dessa conversa, quando houve referência aos
“bilhetes de visita”, foram chamados de “cartões”. A
palavra “bilhetes” indicou, para Gustavo, uma possível
descoberta do caso amoroso, pois ao ouvir a palavra
“bilhetes”, deve ter pensado que fora descoberto.
Mas, em seguida, com o uso da expressão “de visita”,
ele, provavelmente, ficou aliviado.
16)O adultério estava presente “nas melhores famí-
lias”. Honório trabalhava como advogado, mantinha
a família e gastava, ainda, com jantares, etc. Naquela
época, o adultério era algo muito estarrecedor. A so-
ciedade não perdoava as pessoas que o cometiam,
principalmente a mulher adúltera. Mas este aspecto
não foi abordado pelo conto, pois a traição foi revelada
para o leitor, mas não foi descoberta por Honório.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE BNCC OBJETOS DE CONHECIMENTO
(EM13LP37) Conhecer e analisar diferentes pro- Articulação de ideias.
jetos editoriais institucionais, privados, públicos, O papel do interlocutor.
financiados, independentes etc. , de forma a am- Interatividade e a variação linguística.
pliar o repertório de escolhas possíveis de fontes Estratégias de intertextualidade e de interdiscur-
de informação e opinião, reconhecendo o papel da sividade.
mídia plural para a consolidação da democracia. Efeitos de sentidos.
O recurso da ironia.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM As figuras de linguagem.
(GO-EMLP37A) Avaliar a relação do eu-social, usan- Análise e interpretação do texto literário.
do leitura e estudo da construção de gêneros edi- Análise do discurso.
toriais de predominância descritiva, informativa e Comparação entre textos.
dissertativo/argumentativo sua estrutura e seus Articulação de ideias.
elementos constitutivos para construir paulatina- O papel do interlocutor.
mente, o processo identitário sob a ótica das me- Teoria da Literatura da Língua Portuguesa.
todologias ativas e do protagonismo juvenil. Contextualização histórica.
Comparação entre textos.
HABILIDADE BNCC História da Arte.
(EM13LP36) Analisar os interesses que movem o Leitura branca e dramática.
campo jornalístico, os impactos das novas tecno-
logias digitais de informação e comunicação e da
Web 2.0 no campo e as condições que fazem da Coesão Textual
informação uma mercadoria e da checagem de
informação uma prática (e um serviço) essencial, A coesão é resultado da disposição e da correta
adotando atitude analítica e crítica diante dos tex- utilização das palavras que propiciam a ligação entre
tos jornalísticos. frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora
com sua organização e ocorre por meio de palavras
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM chamadas de conectivos.
(GO-EMLP36A) Localizar em textos multimidiáticos É a conexão linguística que permite a amarração
estratégias argumentativas empregadas com o ob- das ideias dentro de um texto.
jetivo de convencer o público, tais como intimida- Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na
ção, sedução, comoção, chantagem, entre outras, transmissão da mensagem ao interlocutor e, por con-
e deduzir quais são os objetivos de seu produtor e sequência, o entendimento.
quem é seu público alvo, analisando as estratégias Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida
argumentativas utilizadas para assumir posiciona- pelas relações linguísticas, como os advérbios, pro-
mento de forma responsável diante das possibili- nomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre
dades de manipulação da comunicação. outros.
Para ser melhor empregada, a coesão necessita de
HABILIDADE BNCC recursos, como palavras e expressões que têm como
(EM13LP38) Analisar os diferentes graus de par- objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos
cialidade/imparcialidade (no limite, a não neutra- do texto. Esses recursos são chamados de elementos
lidade) em textos noticiosos, comparando relatos de coesão.
de diferentes fontes e analisando o recorte feito Quando o texto é incoerente, prejudica o processo
de fatos/dados e os efeitos de sentido provocados de comunicação.
pelas escolhas realizadas pelo autor do texto, de
forma a manter uma atitude crítica diante dos tex- Mecanismos de Coesão
tos jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas
feitas como produtor. A coesão pode ser obtida através de alguns me-
canismos: anáfora e catáfora.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A anáfora e a catáfora se referem à informação
(GO-EMLP38A) Analisar a composição de textos jor- expressa no texto e, por esse motivo, são qualificadas
nalísticos, utilizando procedimentos e estratégias como endofóricas.
de leitura e escrita de textos expositivos adequa- Enquanto a anáfora retoma um componente, a
dos ao objetivo e à natureza das informações para catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a
desenvolver uma atitude crítica sobre os fatos e harmonia textual.
opiniões.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Algumas Regras Coesão Sequencial
Confira abaixo algumas regras que garantem a
coesão textual: A coesão sequencial é um recurso que colabora
com a evolução textual apontando a passagem do
Referência tempo.
• Pessoal: utilização de pronomes pessoais e Trata-se de um mecanismo coesivo que acontece
possessivos. Exemplo: João e Maria casaram. por meio de marcadores verbais e conectivos os quais
Eles são pais de Ana e Beto. (Referência pessoal indicam essa progressão ao longo do texto.
anafórica) Dessa maneira, a coesão sequencial colabora com
• Demonstrativa: utilização de pronomes de- a estrutura textual uma vez que auxilia na articulação
monstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas das palavras e frases dentro de um texto. Por sua vez,
as tarefas, com exceção desta: arquivar a cor- se não for utilizada de maneira correta, prejudicará o
respondência. (Referência demonstrativa cata- entendimento do texto.
fórica) Além da coesão sequencial, temos a “coesão refe-
• Comparativa: utilização de comparações atra- rencial” que acontece por meios de elementos textu-
vés de semelhanças. Exemplo: Mais um dia ais chamados de “referentes”. Estes são retomados no
igual aos outros… (Referência comparativa texto e, da mesma forma que a sequencial, colabora
endofórica) com a articulação das frases e dos parágrafos.
Substituição Exemplos
Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) Para compreender melhor o conceito de coesão
por outro é uma forma de evitar as repetições. sequencial, leia o trecho abaixo extraído da obra O
Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão
Cortiço de Aluísio Azevedo.
na próxima semana.
“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos,
Observe que a diferença entre a referência e a
empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as
substituição está expressa especialmente no fato de
quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos
que a substituição acrescenta uma informação nova
refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou
ao texto.
do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao
No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de
retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em paga-
Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as pessoas
mento de ordenados vencidos, nem só a venda com o
João e Maria, não acrescentando informação adicional
que estava dentro, como ainda um conto e quinhen-
ao texto.
tos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua
Elipse conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais
Um componente textual, quer seja um nome, ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que
um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da afrontava resignado as mais duras privações. Dormia
elipse. sobre o balcão da própria venda, em cima de uma
Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto. esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa
Você os quer? cheio de palha.”
(A segunda oração é percep�vel mediante o con- Nesse caso, essa evolução na narrativa é carac-
texto. Assim, sabemos que o que está sendo oferecido terizada por marcadores verbais que determinam a
são ingressos para o concerto.) passagem do tempo no texto.
João Romão foi... enriqueceu... economizou...
Conjunção ganhara... retirar-se... estava... estabelecido... atirou-
A conjunção liga orações estabelecendo relação -se... possuindo-se... afrontava... dormia...
entre elas.
Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemen-
mas ele sabe. (adversativa) to que organiza os fatos do tempo no texto. E, como
é feita por marcadores verbais, é estabelecida pelas
Coesão Lexical conjugações no pretérito perfeito, pretérito mais-que-
A coesão lexical consiste na utilização de palavras -perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo.
que possuem sentido aproximado ou que pertencem A coesão sequencial também atua com o uso de
a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hi- conectivos. Sem ela, o texto não é linear e a mensa-
perônimos, nomes genéricos, entre outros. gem pode não ser compreendida.
Exemplo: Aquela escola não oferece as condições “Não obstante, ao lado dele a crioula roncava,
mínimas de trabalho. A instituição está literalmente de papo para o ar, gorda, estrompada de serviço, tre-
caindo aos pedaços. sandando a uma mistura de suor com cebola crua e

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
gordura podre. Mas João Romão nem dava por ela; só Coesão Sequencial
o que ele via e sentia era todo aquele voluptuoso mun-
do inacessível vir descendo para a terra, chegando-se É a maneira como os fatos se organizam no tempo
para o seu alcance, lentamente, acentuando-se.» do texto. Para isto, são utilizadas relações semânticas
“Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia que ligam as orações e os parágrafos à medida em que
arrancar de dentro uma frase que, no entanto, era a o texto é descrito.
única ideia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal, A coesão sequencial pode ocorrer por justaposi-
depois de coçar mais vivamente a cabeça, gaguejou ção ou conexão.
com a voz estrangulada de soluços:”
Exemplo de coesão sequencial por justaposição:
Nos trechos acima, também extraídos da obra O Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além
Cortiço, notamos a presença de diversos conectivos disso, conhece os meandros da empresa.
que permitem a sequência de ideias no texto. Essa Entenda: a coesão sequencial por justaposição
ligação ocorre por meio do uso de conjunções, ad- ocorre para dar sequência ao texto no ordenamento
vérbios e pronomes. temporal, espacial e de assunto.
Os termos “não obstante”, “mas” e “no entanto”
estabelecem uma relação de oposição e têm o obje- Elementos coesivos
tivo de opor ideias ou conceitos num período.
Já o “e” estabelece uma relação de adição uma Também chamados de elementos de coesão, os
vez que acrescenta algo ao texto. Por fim, o termo elementos coesivos têm como função fazer uma li-
“afinal” indica uma relação de temporalidade onde gação lógica entre palavras e/ou frases de um texto
possui o objetivo de situar o leitor na sucessão dos ou de evitar que determinadas palavras que já foram
acontecimentos ou das ideias. mencionadas sejam repetidas.

Tipos de Coesão Textual Exemplos:


1. Estou juntando dinheiro, pois quero comprar
Coesão Referencial um celular novo.
É o vínculo que existe entre palavras, orações e 2. Carlos está cansado. Ele trabalhou muitas horas
as diferentes par�culas do texto por meio de um re- hoje.
ferente.
Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou co- No exemplo 1, a palavra “pois” é um elemento
esivos anunciam ou retomam as frases, sequências e coesivo. Ela estabelece ligação entre as frases “es-
palavras que indicam conceitos e fatos. tou juntando dinheiro” e “quero comprar um celular
Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfo- novo” e preserva a coesão (conexão de ideias).
ra. A anáfora faz referência a uma informação que já No exemplo 2, o elemento coesivo “ele” evita que
fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um a palavra “Carlos” seja repetida.
componente textual, e também pode ser chamada Os elementos coesivos podem ser divididos em
de elemento anafórico. duas classificações:
A catáfora, por sua vez, antecipa um componente • elementos coesivos sequenciais ou de conti-
textual, sendo chamada de elemento catafórico. nuidade
Os principais mecanismos da coesão referencial • elementos coesivos referenciais
ocorrem por meio da elipse e reiteração.
Elementos coesivos sequenciais
Exemplo de coesão referencial por elipse:
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha? Os elementos coesivos sequenciais, também cha-
Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do mados de conectivos, são usados para estabelecer
texto é retirado e evita a repetição. ligações lógicas entre frases. Eles são responsáveis
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha por fazer com que a conexão de ideias de um texto
(à praia)? faça sentido.
Durante um processo de criação de texto, não
Exemplo de coesão por reiteração: basta apenas usar elementos coesivos para conectar
Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar frases, mas sim saber qual elemento coesivo é ade-
o conhecimento todos os dias. quado para cada situação.
Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir Observe a frase abaixo:
o elemento lexical ou mesmo usar sinônimos. “Comprei uma mala maior, isto é, preciso levar
muitas coisas.”

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Essa frase não faz qualquer sentido, não é mesmo? Isso acontece pois o elemento coesivo “isto é” é usado
para ilustrar, exemplificar, e não para indicar a causa de algo. Uma alternativa para escrever a frase correta-
mente seria: “Comprei uma mala maior porque preciso levar muitas coisas.”
Confira abaixo uma tabela de conectivos para redação, que vai ajudar você a redigir os seus textos de
forma eficiente.

Classificação do ele-
Exemplos de elementos coesivos Frase de exemplo
mento coesivo
Adição ademais, ainda mais, ainda por cima, além disso, e, Ele tem um dom natural para
outrossim, por outro lado, nem, não só... mas tam- cantar, mas também é muito
bém, não apenas... como também, não só... bem esforçado.
como, também, etc.
Afirmação sim, certamente, com certeza, decerto, efetivamente, Eles realmente cumpriram
indubitavelmente, inquestionavelmente, por certo, com o prometido.
realmente, seguramente, sem dúvida, etc.
Alternativa já... já, nem... nem, ou... ou, ora... ora, quer... quer, Quer você queira, quer não,
seja ... seja, etc. falarei com a diretora.
Causa assim, como, com efeito, como resultado, dado que, Ela teve uma crise de alergia
de fato, de tal forma que, de tal sorte que, em virtude por causa do pelo do cachorro.
de, já que, logo, pois, por causa de, por conseguinte,
por consequência, por isso, porquanto, porque, por-
tanto, que, tão, uma vez que, visto que,
Certeza certamente, com toda a certeza, decerto, indubita- Decerto foi uma fatalidade.
velmente, inquestionavelmente, inegavelmente, por
certo, sem dúvida
Comparação; à medida que, à proporção que, assim como, assim À medida que a data da viagem
conformidade também, bem como, como, como se, conforme, con- se aproximava, mais nervosos
soante, da mesma forma, da mesma maneira que, do ficavam.
mesmo modo, do mesmo modo que, igualmente, não
só... como, tal qual, tal como, tal que, tanto quanto,
Conclusão assim, dessa forma, dessa maneira, em resumo, em Contou que sua avó tinha
síntese, em suma, logo, por isso, por consequência, deixado de atender seus te-
portanto lefonemas. Logo, deixou de
procurá-la.
Condição a menos que, a não ser que, caso, contanto que, com Posso ir com você ao teatro
tal que, desde que, eventualmente, exceto se, salvo contanto que você me dê ca-
se, se, sem que, suposto que, rona de volta pra casa.
Dúvida a caso, é provável, não é certo, por ventura, possivel- É provável que ele não venha
mente, provavelmente, quem sabe, se é que, talvez, por causa da chuva.
Esclarecimento aliás, a saber, em outras palavras, isto é, ou melhor, ou Você pode usar uma imagem,
por outra, ou seja, ou antes, por exemplo, quer dizer por exemplo, para ilustrar um
conceito.
Exclusão apenas, exceto, fora, menos, salvo, só, somente Todos aprovaram o nome do
bebê, exceto os avós.
Finalidade a fim de, a fim de que, com o fim de, com o intuito Estou poupando dinheiro a fim
de, com o propósito de, com o objetivo de, para que de viajar para visitar a minha
família.
Lugar além, ali, fora, junto a/de, lá, mais adiante, perto de, A mercearia fica mais adiante,
próximo a/de, pronomes demonstrativos na segunda rua à direita.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Modo a cavalo, às cegas, às escondidas, alerta, ao acaso, às Eles se conheceram em um
escuras, a pé, assim, às pressas, à toa, à vontade, bem, encontro às cegas.
cara a cara, como, de carro, de cor, de improviso, de
mansinho, depressa, de propósito, de uma assenta-
da, de soslaio, devagar, em coro, em silêncio, face a
face, mal, melhor, passo a passo, pior, suavemente (e
outros advérbios que terminam em -mente).
Oposição a menos que, apesar de, ainda que, ao passo que, Embora tenha tido uma vida
a não ser que, contudo, em contrapartida, em con- di�cil, conseguiu conquistar
traste com, embora, enquanto, entretanto, exceto, seus objetivos.
mas, menos, mesmo que, pelo contrário, por menos
que, porém, por outro lado, salvo, sob outro ângulo,
todavia
Prioridade em primeiro lugar, primeiramente, principalmente, Primeiramente, leia o manual
primordialmente, sobretudo, de instruções.
Referência a, além de, à maneira de, ante, antes de, ao modo de, Perante o que foi dito, não te-
a par de, após, aquém de, até, até a, com, contra, de, nho mais nada a acrescentar.
dentro de, depois de, desde, devido a, em, em virtude
de, entre, fora de, graças a, junto a, junto de, para,
perante, por, sem, sob, sobre, trás
Surpresa de súbito, imprevistamente, inesperadamente, inopi- Demitiu-se inesperadamente.
nadamente, surpreendentemente, etc.
Tempo afinal, agora, ao mesmo tempo, apenas, a princípio, O jovem raramente conversa
anteriormente, às vezes, assim que, antes que, atu- com o pai.
almente, cada vez que, constantemente, desde que,
em seguida, enfim, enquanto, então, eventualmente,
finalmente, frequentemente, hoje, imediatamente,
logo depois, depois que, logo após, logo que, nesse
meio tempo, não raro, ocasionalmente, posterior-
mente, pouco antes, por vezes, pouco depois, quando,
raramente, sempre, sempre que, simultaneamente,
todas as vezes que

Elementos coesivos referenciais Coerência Textual

Os elementos coesivos referenciais são utilizados A Coerência é a relação lógica das ideias de um
para fazer referência a palavras ou locuções que já texto que decorre da sua argumentação - resultado
foram mencionadas em um discurso. especialmente dos conhecimentos do transmissor da
Assim, contribuem para que o texto fique fluído mensagem.
e sem repetições. Um texto contraditório e redundante ou cujas
Observe as frases abaixo e veja tais elementos ideias iniciadas não são concluídas, é um texto inco-
destacados: erente. A incoerência compromete a clareza do dis-
• Tom Jobim é considerado um ícone da MPB. curso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Juntamente com Vinícius de Moraes, o com- Assim a incoerência não é só uma questão de
positor escreveu “Garota de Ipanema”. conhecimento, decorre também do uso de tempos
• Faz três anos que não vejo a Paula. Ela mora verbais e da emissão de ideias contrárias.
em outra cidade. (“Ela” = “Paula”)
• Camila foi morar sozinha no Canadá. Sempre Exemplos:
soube que minha prima era uma mulher inde- • O relatório está pronto, porém o estou finali-
pendente. (“Camila” = “minha prima”) zando até agora. (processo verbal acabado e
• Alok é um brasileiro famoso mundialmente. O inacabado)
DJ é conhecido por sua dedicação às causas • Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal
humanitárias. («Alok» = DJ”) passado. (os vegetarianos são assim classifica-
dos pelo fato de se alimentar apenas de vege-
tais)

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Fatores de Coerência No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu
o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga
São inúmeros os fatores que contribuem para a alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio
coerência de um texto, tendo em vista a sua abran- da área. Kléberson apareceu na jogada e cabe-
gência. Vejamos alguns: ceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim
apareceu nas costas da defesa e empurrou para o
Conhecimento de Mundo fundo da rede quase que em cima da linha: Fla-
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao mengo 1 a 0.
longo da vida e que são arquivados na nossa memória. Disponível em: h�p://momentodofutebol.blogspot.com
São o chamados frames (rótulos), esquemas (pla- (adaptado).
nos de funcionamento, como a rotina alimentar: café
da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo O texto, que narra uma parte do jogo final do Cam-
com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts peonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
(roteiros, tal como normas de etiqueta). contém vários conectivos, sendo que
Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a a) após é conectivo de causa, já que apresenta o
postos para o Carnaval! motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola
Uma questão cultural nos leva a concluir que a de cabeça.
oração acima é incoerente. Isso porque “peru, pa- b) enquanto tem um significado alternativo, por-
netone, frutas e nozes” (frames) são elementos que que conecta duas opções possíveis para serem
pertencem à celebração do Natal e não à festa de aplicadas no jogo.
carnaval. c) no entanto tem significado de tempo, porque
ordena os fatos observados no jogo em ordem
Inferências cronológica de ocorrência.
Através das inferências, as informações podem d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com
ser simplificadas se partimos do pressuposto que os mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo
interlocutores partilham do mesmo conhecimento. naturalmente esperado.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não es- e) por causa de indica consequência, porque as
queça que eles são indianos. (ou seja, em princípio, tentativas de ataque do Flamengo motivaram
esses convidados não comem carne de vaca) o Botafogo a fazer um bloqueio.

Fatores de contextualização 2. (Enem-2011) Cultivar um estilo de vida saudável


Há fatores que inserem o interlocutor na mensa- é extremamente importante para diminuir o ris-
gem providenciando a sua clareza, como os �tulos de co de infarto, mas também de problemas como
uma no�cia ou a data de uma mensagem. morte súbita e derrame. Significa que manter uma
Exemplo: alimentação saudável e praticar atividade �sica
— Está marcado para às 10h. regularmente já reduz, por si só, as chances de
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre desenvolver vários problemas. Além disso, é im-
o que está falando. portante para o controle da pressão arterial, dos
níveis de colesterol e de glicose no sangue. Tam-
Informatividade bém ajuda a diminuir o estresse e aumentar a
Quanto maior informação não previsível um texto capacidade �sica, fatores que, somados, reduzem
tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer o as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos,
que é óbvio ou insistir numa informação e não desen- com acompanhamento médico e moderação, é
volvê-la, com certeza desvaloriza o texto. altamente recomendável.
Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal. ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009.

ATIVIDADES As ideias veiculadas no texto se organizam esta-


belecendo relações que atuam na construção do
1. (Enem-2010) O Flamengo começou a partida no sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmen-
ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma to, que
forte marcação no meio campo e tentar lançamen- a) a expressão “Além disso” marca uma sequen-
tos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros ciação de ideias.
rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o b) o conectivo “mas também” inicia oração que
time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade exprime ideia de contraste.
de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio c) o termo “como”, em “como morte súbita e der-
montado pelo Botafogo na frente da sua área. rame”, introduz uma generalização.

45
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
d) o termo “Também” exprime uma justificativa. “Uma noite destas, vindo da cidade para o En-
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis genho Novo, encontrei num trem da Central um
de colesterol e de glicose no sangue”. rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e
de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé
3. (Enem-2013) Gripado, penso entre espirros em de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou
como a palavra gripe nos chegou após uma sé- recitando-me versos.”
rie de contágios entre línguas. Partiu da Itália em
1743 a epidemia de gripe que disseminou pela 6. (Enem-2011) Cultivar um estilo de vida saudável
Europa, além do vírus propriamente dito, dois é extremamente importante para diminuir o ris-
vocábulos virais: o italiano influenza e o francês co de infarto, mas também de problemas como
grippe. O primeiro era um termo derivado do latim morte súbita e derrame. Significa que manter uma
medieval influentia, que significava “influência dos alimentação saudável e praticar atividade �sica
astros sobre os homens”. O segundo era apenas a regularmente já reduz, por si só, as chances de
forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. desenvolver vários problemas. Além disso, é im-
Supõe-se que fizesse referência ao modo violento portante para o controle da pressão arterial, dos
como o vírus se apossa do organismo infectado. níveis de colesterol e de glicose no sangue. Tam-
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. bém ajuda a diminuir o estresse e aumentar a
2011. capacidade �sica, fatores que, somados, reduzem
as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos,
Para se entender o trecho como uma unidade de com acompanhamento médico e moderação, é
sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação altamente recomendável.
entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009.
construída predominantemente pela retomada
de um termo por outro e pelo uso da elipse. O As ideias veiculadas no texto se organizam esta-
fragmento do texto em que há coesão por elipse belecendo relações que atuam na construção do
do sujeito é: sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmen-
a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série to, que
de contágios entre línguas.” a) a expressão “Além disso” marca uma sequen-
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe ciação de ideias.
[…]”. b) o conectivo “mas também” inicia oração que
c) “O primeiro era um termo derivado do latim exprime ideia de contraste.
medieval influentia, que significava ‘influência c) o termo “como”, em “como morte súbita e der-
dos astros sobre os homens’.” rame”, introduz uma generalização.
d) “O segundo era apenas a forma nominal do d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
verbo gripper […]”. e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo vio- de colesterol e de glicose no sangue”.
lento como o vírus se apossa do organismo
infectado.”
ARTIGO DE OPINIÃO
4. Leia o trecho extraído da música “Seja para mim”
do grupo musical Maneva: O drama de Capitu, a suprema injustiça
“Seja para mim o que você quiser e a tragédia das condenações sem prova
Contanto que seja o meu amor
Estou indo te buscar, mas eu tô indo a pé Por Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy
Prende teu cabelo porque tá calor”
Muito menos do que um estudo sobre a (suposta)
Os termos em destaque estabelecem uma relação traição de Capitolina (Capitu), Dom Casmurro é um
de: esboço de Machado de Assis sobre o (obsessivo) ci-
a) condição e oposição úme de Bento de Albuquerque Santiago (Bentinho).
b) contraste e conclusão Não há provas decisivas e liquidantes de que Capitu
c) causa e consequência tenha traído Bentinho. O narrador é o próprio Benti-
d) intenção e continuação nho, já transmudado na velhice como o Dom Casmur-
e) dúvida e condição ro, alcunha que marcou uma personalidade amarga,
triste, abatida, deprimida. Bentinho terminou a vida
5. Leia o trecho da obra “Dom Casmurro” de Macha- massacrado pelo fantasma da traição da esposa, cuja
do de Assis, e indique os marcadores verbais que descoberta (imaginária) lhe tirou o contentamento de
auxiliam na coesão sequencial da narrativa: viver. É um drama de realismo ferino.

46
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O narrador conta o que quer nessa obra essencial vida era barata”. O narrador enfatiza que Capitu desde
de nossa identidade cultural. É essa a premissa que garota tinha ideias atrevidas. Nos olhos de Capitu é
escolho na defesa de Capitu. A narrativa pode tan- que Bentinho depositou toda uma desconfiança, pro-
genciar a realidade, ainda que essa realidade seja a vinda de um personalidade doentia: “A gente Pádua
realidade de Bentinho. Capitu não tem espaço para não é de todo má. Capitu, apesar daqueles olhos que
se defender. Teve que esperar a obra de dois ingleses o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela?”.
para que pudéssemos conhecer uma tentativa de jus- Eram olhos de cigana oblíqua e dissimulada, os olhos
tificação de quem, acusada, nunca teve palavra pró- de ressaca, que marcam a mais misteriosa das perso-
pria. Dom Casmurro é um libelo de criminologia ma- nagens femininas de nossa literatura.
chista, que induz a reduzir a mulher a uma Bentinho e Capitu se casaram. Escobar e Sancha
discriminatória inferioridade biológica e intelectual, eram amigos do casal. Bentinho e Capitu tiveram di-
que é enervante. Argumento que Capitu é persona- ficuldade para gerar descendência, o que Escobar e
gem injustiçada porque o narrador não lhe deu a pa- Sancha conceberam com facilidade. Depois de dois
lavra. Sem contraditório, não há justiça: é o que apren- anos Capitu se tornou mãe. Ao filho nascido batizou-
demos com autores antigos e canônicos como -se de Ezequiel, uma homenagem sincera ao amigo
Thomasius, Spee, Sonnenfels, Beccaria e Verri. Ezequiel Escobar. Atlético, energético, Escobar morreu
Ainda que culpada já afogado num mergulho no mar. Durante as exéquias,
nas gravuras das capas dos Bentinho reparou nos olhos da esposa: “(...) Capitu
livros, um processo contra olhou alguns instantes para o cadáver, tão fixa, tão
Capitu seria nulo porque a apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
acusada não se defendeu. algumas lágrimas poucas e calhadas (...) Momento
Essa nulidade é insanável. houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto,
O ofendido é, ao mesmo quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta,
tempo, juiz, promotor, nar- mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora,
rador, relator e revisor. Um como se quisesse tragar também o nadador da ma-
julgamento sério de Capitu nhã”. Essa é a prova: um olhar. É a premissa elegida da
não passaria pelo labirinto qual um neurótico subtrairá todas as consequências
da jurisprudência construí- que seguem.
da em torno do artigo 155 Bentinho ensandeceu. Enxergou no filho a ima-
e seguintes do Código de Processo Penal atualmente gem do defunto. Repudiou a criança, que pensou em
vigente. matar, como no teatro grego, na passagem de Me-
O enredo é bem engendrado. Ao relembrar sua deia, que odiou os filhos do marido traidor. Bentinho
vida na rua de Matacavalos, Bentinho retoma como separou-se de Capitu. Ezequiel, seu filho, faleceu de
escapou do seminário e como fugiu de um destino tifoide em Jerusalém.
eclesiástico que tinha como causa a morte de um ir- E Capitu? Que pode ser levantado em sua defesa?
mão. Um agregado, José Dias, ajudou a convencer Machado de Assis estudava os clássicos e certamente
Dona Glória (a mãe do fantasioso traído) que Bentinho conhecia o mar�rio de Santa Capitolina, executada
não deveria vestir a batina. Resolveram o problema com uma criada, cujo nome, Erotes, insinuava o amor
com um truque de hermenêutica. Dona Glória ha- erótico; no nome já se insinua uma personalidade.
via prometido ao padre um sacerdote e, não neces- Para outro defensor, “Bentinho é apenas um menino
sariamente, Bentinho. No lugar do filho enviou um mimado, habituado a que lhe façam as vontades, e
escravo. Dona Glória era bem de vida, vendera uma possui a incapacidade da criança mimada para com-
fazenda, escravos, ainda tinha escravos de aluguel, preender que os outros têm uma existência indepen-
alugava também casas e tinha apólices que rendiam. dente da sua, de modo que quando eles afirmam sua
Era uma rentista. Bentinho estudou direito em São independência, como é natural na ordem das coisas,
Paulo. Tornou-se amigo de Ezequiel de Souza Escobar, essa afirmação parece uma traição”. As reflexões de
com quem conviverá com muita proximidade. Bentinho, desprovidas de contraditório, retomam os
Intenções censuráveis de Capitu são insinuadas inquéritos da Europa Medieval, quando se construía
em vários pontos do livro. Descrita ainda como crian- a verdade com base em uma razão construída sobre
ça, é referida por Bentinho como um desmiolada. Há si mesma, mais uma maneira do poder se exercer.
também um ingrediente de ascensão social, por parte Ao leitor, como aos juízes nos processos judiciais,
de Capitu, o que parece realçar suas lamentáveis in- não é dado investigar a verdade, é permitido apenas o
tenções. Bentinho, ressentido, a tem como uma opor- controle do procedimento. Na obra literária o controle
tunista. O pai de Capitu, o Pádua, era um empregado do procedimento se dá com a aferição da composição
de repartição dependente do Ministério da Guerra, formal de uma narrativa verossímil, enquanto na vida
“não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a judiciária há os protocolos e as nulidades dos códigos.

47
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Pensa-se que Capitu traiu porque Capitu poderia ter Artigo de opinião estrutura
traído. É a mais infame das provas: ter como certo o
que poderia ter ocorrido. Grande parte dos artigos de opinião segue uma
E porque a demência dá ao enfermo um visão de estrutura básica que é dividida em introdução, desen-
vida que é estranha à realidade, o doentio Bentinho volvimento e conclusão.
não percebia sua circunstância com uma percepção Introdução – A introdução vem logo no primeiro
patológica do real. Fiava-se no verossímil, tirando to- parágrafo do texto, é onde o autor faz a apresentação
das as conclusões possíveis, simplesmente porque a do tema que será visto no corpo do texto.
premissa que escolheu não permitia outras soluções. Desenvolvimento – No desenvolvimento é onde
É esse o núcleo de toda a filosofia da interpretação, o autor expõe suas ideias para tentar convencer o lei-
jurídica ou literária. tor a concordar com os argumentos que estão sendo
Ao condenarmos Capitu, caímos na armadilha que apresentados.
Machado de Assis nos armou. Nos esquecemos que Conclusão – Na conclusão deve ser apresentada
Capitu não se defendeu e que não teve defensores. uma ideia para solucionar o problema que foi pro-
É na sua naturalidade, que no fundo é uma inocência posto.
humana que todos deveríamos ter, até prova definiti-
va em contrário, que se extrai a força e o argumento Principais características de um artigo de opinião
de sua redenção. Não se pode condenar com base em • O uso da argumentação e persuasão;
um olhar. Ainda que esse olhar seja o mais enigmático • Os textos escritos na primeira e terceira pessoa;
e desafiador de toda nossa literatura. • Normalmente os textos são assinados pelo au-
Disponível em h�ps://www.conjur.com.br/2018-mar-25/ tor;
embargos-culturais-drama-capitu-tragedia-condenacoes-
• São textos veiculados nos meios de comunica-
prova
ção: rádio, TV, revista;
• Possuem uma linguagem simples, objetiva e
Quando Machado de Assis escreveu este romance
subjetiva;
realista, com certeza, não tinha noção da dimensão
• A maioria dos seus temas é da atualidade;
que sua história alcançaria com o passar dos anos.
• Possuem �tulos polêmicos e provocativos;
“Dom Casmurro é, portanto, um romance da dú-
• O verbo aparece no presente e no imperativo.
vida, da incerteza, da hesitação, da ambiguidade, da
obscuridade, do relativismo, da “pulga atrás da ore-
Como escrever um bom artigo de opinião?
lha”. Acontece que cada leitor permanece com “uma
pulga atrás da orelha” em relação a sua própria opi-
Antes de começar a escrever um artigo de opi-
nião. (Lucas Novaes)
nião, é recomendável que o autor leia vários pontos
As dissertações não param de se multiplicar... Há
de vista sobre o assunto que será escrito e anote os
os defensores de Bento, que se utilizam dos argumen-
argumentos que embasem sua opinião. Esses argu-
tos do autor para elucidarem sua opinião, há as “fe-
mentos poderão ser úteis no desenvolvimento do seu
ministas” criativas que defendem Capitu com “unhas
ponto de vista. Saber para quem se escreve é um fa-
e dentes” e há os amantes da boa literatura, que se
tor importante para a composição de um bom texto,
deliciam com essa rica leitura e ainda não conseguira
assim você poderá utilizar a linguagem adequada ao
consenso.
gênero e perfil do leitor. Após anotar os principais ar-
gumentos escolha alguns para fundamentar sua ideia
ARTIGO DE OPINIÃO: É um texto onde a opinião
principal e desenvolvê-la.
do autor é expressa.
O enunciado do artigo de opinião deve expressar
O artigo de opinião é um texto onde o autor expõe
a opinião e a ideia principal que será defendida no
seu posicionamento sobre um determinado tema de
texto. O �tulo deve ser convidativo para que o leitor
interesse público. É um texto dissertativo que traz ar-
continue a leitura. Na finalização do texto de opinião
gumentos sobre o assunto abordado. O escritor, além
retome o que foi exposto e confirme a ideia principal,
de mostrar o seu ponto de vista, deve sustentá-lo com
se possível trazendo a citação de algum escritor ou
argumentos coerentes.
alguma pessoa importante da área que esteja rela-
As ideias defendidas em um artigo de opinião
cionada ao assunto abordado.
são de responsabilidade do autor, e por isso, deve
Ao terminar seu artigo de opinião releia atenta-
ter cuidado com a autenticidade dos elementos apre-
mente, prestando atenção em seu posicionamento:
sentados, além de assinar o texto no final. Os artigos
se ele foi desenvolvido de forma clara e se está bem
de opinião são encontrados em jornais, revistas, TVs,
embasado. Verifique se a linguagem está adequada
rádios.
ao gênero, se o texto tem um �tulo convidativo e se
você argumentou o suficiente.

48
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Como argumentar? O caos da saúde pública do nosso país parece-nos
até muito normal. Vemos qualquer no�cia de pessoas
Para ter bons argumentos em um artigo de opi- morrendo em corredores dos hospitais públicos ora
nião, o autor pode fazer relações entre causa e conse- por falta de atendimento, ora por falta de remédios.
quência; comparação entre épocas e lugares; retorno Desde que o Brasil é Brasil que as pessoas sofrem
por meio da narração de um fato; se antecipar a uma com esse problema. Dinheiro para investir nisso nós
possível crítica do leitor, de forma que já apresente os sabemos que há. Os estádios que estão sendo cons-
contra-argumentos; produção de afirmações de efeito truídos para a Copa de 2014 comprovam isso. O que
e estabelecimento de diálogo com o leitor. falta é uma tonelada de vergonha na cara, interesse,
comprometimento e planejamento daqueles que são
responsáveis por administrar o dinheiro público dos
nossos impostos. A corrupção e o péssimo eleitorado
brasileiro são em quem nós devemos por a culpa.
Minha cidade apesar de muito conhecida no esta-
do por ser uma cidade-pólo, por suas festas de vaque-
jadas e emancipação política, sofre com essa cruelda-
de. Há anos que esse município não sabe o que é ter
um filho originalmente nascido na sua terra. Quantos
idosos e crianças já adoeceram nas madrugadas e fo-
ram obrigados a negociar com a sorte, pedindo um
pouco mais de calma enquanto chegassem a algum
Já percebeu como o acesso à rede (internet) nos
hospital em Campina Grande (36 km - 40 minutos de
auxiliou a expor nossa opinião? Mas...
viagem)? Porém, em épocas de campanha política a
Produzir bons artigos de opinião é fruto de muita saúde pública é um dos projetos mais prometidos pe-
leitura e treino. Muita leitura para embasar os argu- los atônitos candidatos. O interessante é que o tempo
mentos e treino para facilitar a transposição do que que faz que não nasce uma criança em Remígio é o
se acredita para o papel. mesmo em que o povo vive iludido numa esperança
Então... vamos escrever? utópica da nossa situação mudar.
A culpa disso na maior parte sabemos que é nossa
ATIVIDADE I mesmo. O povo deve ter o político que merece. Nós
eleitores ainda estamos anos luzes de distância de
1. Você deverá pesquisar sobre a obra Dom Cas- saber escolher os candidatos dignos e honestos para
murro, de Machado de Assis. Leia a obra (h�ps:// nos representarmos. Na maioria das vezes, vê-se tanto
tinyurl.com/GMTGOTEC-LPD001), se possível. Leia eleitores quanto candidatos em busca de interesses
vários resumos. Assista à adaptação feita para a particulares e não no bem comum. Os políticos fazem
TV (h�ps://tinyurl.com/GMTGOTEC-LPD002). Pes- uma “promessinha” de emprego para um aqui; uma
quise outras opiniões sobre a traição... “carradinha” de tijolos para outro ali; pagam umas
contas de água e luz para outro acolá; e esses mesmos
2. Agora, você deverá escrever seu artigo de opinião, beneficiados de um dia, sofrem por décadas afins, pois
se posicionando com argumentos sobre a traição. a politicagem é hereditária.
Enfim, discutir problemas públicos não tem como
ATIVIDADE II fugir de política. Segundo nossa Constituição Fede-
ral saúde é um direito que deve ser garantido para a
SAÚDE PÚBLICA: POR ONDE população. O problema é que faltou concordar isso
COMEÇAR O TRATAMENTO? com as pessoas que escolhemos como responsáveis.
O Brasil precisa de gente honesta. O povo precisa de
Meu município, Remígio, está localizado no bre- uma (re) educação eleitoral. Quem mais sofre com
jo paraibano. É uma cidadezinha interiorana calma isso é meu município, meu Brasil.
e considerada uma cidade-pólo, tendo em vista sua
ótima localização, que dá acesso a vários outros mu- Sobre o texto acima, responda:
nicípios. Entretanto, um grave problema maltrata os a) Que gênero textual é esse que acabamos de ler?
remigenses há mais de 10 anos: a falta de um hospital
público. Os “vários” pequenos postos de atendimen- b) Para que serve um texto como esse?
to da família (PSF) só nos servem para vacinação e
receitas de remédios; em casos mais graves, somos c) Onde encontramos textos assim?
obrigados a nos humilharmos em hospitais das cida-
des circunvizinhas. d) Qual o tema tratado nesse texto?

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
e) Você achou esse �tulo subjetivo ou objetivo? TEXTOS PROPOSITIVOS REIVINDICATÓRIOS
f) Que outro �tulo você daria a esse texto? Os textos propositivos reivindicatórios dizem res-
peito a propor, recomendar, sugerir algo que julga ser
g) Como o autor fez a introdução do seu texto? direito ou adequado para alguém ou para muitos. Tex-
tos reivindicatórios são exigências, documentos em
h) Qual é a opinião do autor sobre esse tema? que o escritor reivindica, solicita, cobra por algo que
confie ter direito.
i) Por que ele diz que dinheiro para investir na saúde Os textos propositivos reivindicatórios, como seu
há? próprio nome indica, são conhecidos por apresentar
uma situação-problema de forma a propor melho-
j) Quais são os dois problemas da má saúde pública rias para o problema abordado, seja ele uma questão
no Brasil apontado pelo autor no fim do segundo social, como um problema comum a todos, seja ele
parágrafo? reivindicações pessoais.
Os gêneros mais conhecidos como textos pro-
k) O autor cita um exemplo que acontece na cidade positivos reivindicatórios são: carta aberta, carta de
dele. Que exemplo é este? Devemos citar exem- reclamação, manifesto e abaixo-assinado. Também
plos em artigos de opinião? Por quê? podem ser produzidos com a utilização de recursos
gráficos visuais, linguagem verbal e não verbal, como
l) De quem é a culpa pelo descaso com a saúde no vemos em textos publicitários, por exemplo.
Brasil?
ARGUMENTOS
m) O que, na maioria das vezes, tanto eleitores quan-
to candidatos em buscam em época de eleições? Argumento, do latim argumentum, que significa
“colocar em prova ou lógica”, representa a maneira
n) Qual a estratégia usada pelo autor para concluir como validamos um discurso, uma fala ou, até mesmo,
seu texto? um depoimento por meio de raciocínios que deno-
tem a veracidade dos fatos aos quais estamos nos
HABILIDADE BNCC referindo.
(EM13LP27) Engajar-se na busca de solução para As finalidades do argumento são:
problemas que envolvam a coletividade, denun- • Convencer o outro indivíduo de que a forma
ciando o desrespeito a direitos, organizando e/ou como o apresentamos é coerente.
participando de discussões, campanhas e debates, • Comprovar uma proposição apresentada ante-
produzindo textos reivindicatórios, normativos, en- riormente
tre outras possibilidades, como forma de fomentar
os princípios democráticos e uma atuação pautada LEITURA DE TEXTO
pela ética da responsabilidade, pelo consumo cons-
ciente e pela consciência socioambiental. Leia atentamente o texto a seguir, como exemplo
de texto propositivo reivindicatório, antes da primei-
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ra produção de campanha publicitária que você e seus
(GO-EMLP27A) Elaborar hipóteses com criticidade colegas vão realizar.
de assuntos de notoriedade nacional e local fazen- Analise os aspectos verbais e não verbais
do leitura, análise e produção de gêneros textuais
orais como debates, discussões, fóruns para cons-
truir um pensamento crítico, social e ético acerca da
consciência socioambiental da realidade mundial,
nacional e local.

OBJETO DE CONHECIMENTO
Planejamento e produção de texto.
Forma de composição do texto.
Contexto de produção, circulação de textos na Lín-
gua Portuguesa.
Consumo consciente.
Fonte: São Paulo faz Escola, 2020. Caderno do Aluno, Língua
Consciência socioambiental. Portuguesa / Centro de Mídias da Educação de São Paulo

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ANÁLISE TEXTUAL • Tangenciamento das ações paliativas para minimizar
1. Assinale a alternativa em que aparecem argumen- o problema.
tos contidos no texto: • Argumentos – Reforço do pensamento apresentado
a. ( ) Não deixe o vírus contaminar sua inteligência no tema.
b. ( ) Leia durante a quarentena/Incita o senso • Proposta – Sugestão de ação definitiva para solução
crítico. do problema.
c. ( ) Solicite o funcionamento da sala de leitura.
d. ( ) Estimula a criatividade. Desenvolve a em- OBS: Considera-se tangenciamento ao tema uma
patia. abordagem parcial baseada somente no assunto
e. ( ) Todas as alternativas estão corretas. mais amplo a que o tema está vinculado, deixando
em segundo plano a discussão em torno do eixo te-
3. Assinale a alternativa que apresenta uma reivin- mático objetivamente proposto.
dicação: A questão do imposto sobre o livro
a. ( ) Leia durante a quarentena. A questão do imposto sobre o livro
b. ( ) A leitura melhora o funcionamento do cé- Está tramitando no Congresso um projeto de reforma
rebro. tributária que visa extinguir o fim da isenção de impos-
c. ( ) Solicite o funcionamento da sala de leitura tos sobre os livros. Atualmente, a taxação é mínima,
da E. E. São Francisco de Assis. mas, com a ideia de revisar a tributação, o aumento
d. ( ) Não deixe o vírus contaminar sua inteli- será de quase 500%. A defesa apresentada por Paulo
gência. Guedes, Ex. Ministro da Economia, foi que os mais
e. ( ) Ler incita o senso crítico. pobres, “num primeiro momento, quando fizeram
o auxílio emergencial, estavam mais preocupados
em sobreviver do que em frequentar as livrarias que
4. Assinale a alternativa que apresenta uma adver-
nós frequentamos”.
tência:
a. ( ) Incita o senso crítico.
Responda:
b. ( ) Não deixe o vírus contaminar sua inteli-
1. Isso foi um argumento ou uma opinião?
gência.
c. ( ) Leia durante a quarentena. Fonte: São Paulo faz Escola, 2020. Caderno do Aluno,
d. ( ) A leitura melhora o funcionamento do cé- Língua Portuguesa / Centro de Mídias da Educação de São
rebro. Paulo
e. ( ) Solicite o funcionamento da sala de leitura.
DESPERTANDO A ARGUMENTATIVIDADE
5. Existe uma proposta para solucionar o problema
do não funcionamento da sala de leitura? O conteúdo do artigo de opinião: as questões
a. ( ) Não deixe o vírus contaminar sua inteli- polêmicas
gência. Toda argumentação envolve uma questão con-
b. ( ) A leitura desenvolve a empatia. troversa. É controversa, ou polêmica, toda questão
c. ( ) Leia durante a quarentena. extraída de um tema de interesse de uma coletivida-
d. ( ) Solicite o funcionamento a distância da sala de. Algumas questões mobilizam e afetam um grande
de leitura da E. E. São Francisco de Assis. número de pessoas, outras são mais particulares e,
e. ( ) A leitura melhora o funcionamento do cé- por sua vez, interessam a um reduzido número de pes-
soas. E cada uma dessas pessoas tem uma opinião, um
rebro.
posicionamento, uma resposta a ser dada. E para tan-
to, utilizam-se de argumentos, o que não é apenas dar
PROPOSTA DE ATIVIDADE
opinião, é preciso sustentá-la com evidências, provas,
dados e outros elementos que darão suporte à ideia
1. Crie um texto para a campanha publicitária que
defendida. Um artigo de opinião discute questões que
aborde as consequências provocadas pelo problema
podem incidir sobre variados temas: sociais, políticos,
que teremos caso ocorra a tributação sobre livros e
cien�ficos e culturais, de interesse geral e atual, que
solicite a revogação dessa medida. Não se esqueça de afetam direta ou indiretamente um grande número
que um texto reivindicatório precisa ter os seguintes de pessoas, a partir de um fato ocorrido e noticiado.
critérios: Vejamos alguns exemplos de questões controversas
• Tema – As consequências provocadas pela situação que têm sido discutidas na mídia nos últimos tempos:
abordada. • O aborto deve ser legalizado no Brasil?
• Advertência – Alerta aos leitores sobre as consequên- • A descriminalização do uso das drogas no Brasil
cias. resolveria o problema do tráfico?

51
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• É possível salvar o Planeta do aquecimento glo- tão se torna crucial, e o amor é a dádiva primeira.
bal? E aí entram também os casais, tema por vezes espi-
• Aumentar os gastos com segurança vai fazer nhoso. Temos em casa um clima fundamentalmente
diminuir a violência? bom e harmonioso, apesar das naturais diferenças e
• Como deve ser tratada a questão do trabalho dificuldades? Por baixo do cotidiano de aparente rotina
infantil? corre um rio de afeto ou grassam discórdia e ranco-
res? Como apresentar ao imaginário infantil a figura
Leia o artigo de Lya Lu� procurando perceber o do nosso parceiro ou parceira? Lembro aqui a atitude
diálogo que se realiza entre o texto e você, leitor, entre infeliz de tantas mulheres: desabafar diante dos filhos,
o texto e outros textos. pequenos ou adultos, sua raiva e insatisfação. Pior;
usar os filhos para manipular emocionalmente o par-
Artigo - Lya Lu� ceiro, usando-os para promover a própria vitimização
e tornar quase um monstro o pai deles. Vão mais uma
O que deixar para nossas crianças vez dizer que privilegio os homens, mas essa postura,
vingativa, cruel e mesquinha, é muito mais frequente
Aos que detestam datas marcadas, porque as con- nas mulheres, sobretudo nas separadas. Não somos to-
sideram exploração comercial, digo que concordo em das umas santas, não somos boazinhas. A mãe-vítima
parte; explora-se a nossa burrice existencial básica, e a santa esposa me assusta: hão de cobrar, com altos
que se submete aos modismos, às propagandas, ao juros, todo esse sacri�cio. Enfim: que legado deixa-
consumismo desvairado. Pais que se endividam para mos para as crianças? Primeiro, vem o legado pessoal:
comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos quem somos, quem podemos ser, quem poderíamos
para crianças que poderiam fazer coisa bem mais nos tornar, para que elas tenham um mínimo de con-
interessante, como jogar bola, pular corda, ler um fiança, um mínimo de amor por si próprias, um mínimo
livro, armar um quebra cabeça, praticar esporte. Isso de otimismo para poder enfrentar a dura vida. Depois,
acontece na Páscoa, no Dia das Crianças, no Natal, em podemos olhar para fora e imaginar um mundo, pelo
cada aniversário. Nesse aspecto, acho que os dias mar- menos um país, onde elas não tenham de presenciar
cados para celebrar coisas positivas se tornam – para espetáculos degradantes de corrupção, melancólicos
os tolos e frívolos, os desavisados – coisa negativa, jogos de interesse ou de poder. Onde os líderes sejam
fonte de tormento e preocupação. honrados, onde seus pais não se desesperem nem des-
Mas, visto sob outro prisma, não acho ruim exis- creiam de tudo. Onde todos tenham escolas sólidas
tirem datas em que a gente é levada a lembrar, a com professores bem pagos e bem preparados. Onde,
demonstrar o afeto que se dilui no cotidiano, a fa- em precisando, elas disponham de hospitais excelen-
zer algum gesto carinhoso a mais. A prestar uma ho- tes e médicos em abundância, de higiene em sua casa,
menagem: refiro-me agora à data vizinha do Dia das comida em sua mesa, horizonte em sua vida. E que
Crianças, o Dia do Professor, celebrado na semana pas- as crianças possam ter a seu lado, mais que um anjo
sada. O�cio tão desprestigiado, por mal pago, pouco da guarda, a Senhora Esperança: ela será a melhor
respeitado e mal-amado, que milhares e milhares de companheira e o mais precioso legado.
jovens escolhem outra carreira. E não me falem de LYA LUFT é escritora. Texto retirado da revista Veja de
24/10/2007.
sacerdócio: o professor, ou a professora, precisa comer
e dar de comer, morar e pagar moradia, transportar-se
e pagar transporte, comprar remédio, respirar, viver.
Além disso, deveria poder estudar, ler, comprar livros, TRABALHANDO O TEXTO
aperfeiçoar-se e descansar para enfrentar o dia a dia 1. Com quem a autora estabelece um “diálogo”
de uma profissão muito desgastante. Então, reunindo no primeiro parágrafo do texto?
a ideia das duas datas, crianças e mestres, reflito um 2. Há uma perspectiva de concordância ou discor-
pouco sobre o que me sugeriu dias atrás um amigo: dância nessa “conversa”?
__escreva sobre que mundo estamos deixando para 3. Ainda no primeiro parágrafo, pode-se perceber
nossas crianças, pois vai nascer minha primeira neta, e uma contradição nas ações das pessoas que dizem
essa questão se tornou presente em minha vida. Pois detestar datas marcadas. Que ideias estão se opondo,
é. Criança tem entre muitos esses dons de nos dar um nesse caso?
belo susto existencial: abala as estruturas da nossa 4. Qual é a posição da autora perante a afirmação
conformidade, nos torna alerta, nos deixa ansiosos. de que nas datas especiais os pais se endividam ao
O que estou fazendo por ela, o que posso fazer por comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos?
ela, quem devo ser ou me tornar para representar um 5. A autora fala da participação de algumas pes-
bem para esse neto ou neta, filho ou filha, aluno ou soas na vida das crianças. Quais são e qual o pon-
aluna? Se forem as crianças de minha casa, a ques- to de vista da autora em relação a cada uma dessas
pessoas?

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
6. Existe, no texto, uma preocupação visível com passam a olhar de outra forma para o consumismo
o bom exemplo a ser deixado para as crianças. Copie em nome da sustentabilidade. Fato é que houve um
o parágrafo que expõe essa ideia. impulso por um consumo mais consciente
7. Qual é a “conversa “que o texto fez (e ainda faz)
com você? Que posição você assume diante dessa O QUE É O CONSUMO CONSCIENTE?
conversa? O consumismo consciente é, às vezes, chamado de
consumismo ético ou consumismo verde. Para Remi
PRODUZINDO ARTIGO DE OPINIÃO Trudel, professor de marketing da Universidade de
Boston, nos Estados Unidos, todos esses termos estão
relacionados e representam decisões tomadas com a
intenção de beneficiar ou limitar o impacto no meio
ambiente ou na sociedade.
Em resumo, significa comprar com sustentabili-
dade em mente. Isso pode abranger a compra de um
produto específico ou a escolha de não comprar nada,
ambas são decisões conscientes.

QUAL A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO CONS-


CIENTE?
Quando as pessoas escolhem consumir de forma
consciente, acabam gerando uma série de bene�cios,
para si mesmas e também para o meio ambiente. A
redução da pegada ambiental é uma das consequên-
cias do consumo consciente.
Além disso, ao ser um pouco mais consciente com
as decisões de compra, o consumidor, de forma geral,
tem acesso a produtos de melhor valor. Isso porque,
se um produto for realmente projetado com a susten-
tabilidade em mente, ele será projetado para durar o
maior tempo possível, o que significa boa qualidade
e longa vida útil. Além disso, se o produto fizer parte
de um programa de economia circular, poderá haver
um desconto para a reciclagem através do fabricante.
Observe a capa da revista Veja de 24/10/2007: Outro aspecto é que, no final das contas, o con-
1. O que desperta mais a sua atenção nesta capa? sumo consciente não faz apenas o consumidor se
2. O assunto que está sendo o destaque da capa sentir bem.
da Veja é polêmico? Explique por quê. Por fim, consumir de forma consciente também
3. Você irá produzir, a partir deste tema, um artigo é bom para as finanças pessoais, já que, em teoria,
de opinião. Observe os aspectos estudados até agora, o consumo consciente evita gastos desnecessários e
e escreva seu artigo lembrando-se de defender a sua ir além do orçamento.
posição, sustentando-a com argumentos. Uma das razões pelas quais pode ser di�cil para
Fonte: h�p://www.gestaoescolar.diadia.pr.gov.br Material os consumidores praticar o consumismo consciente
Didático apresentado ao Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do é a falta de transparência quando se trata de medir e
Paraná, vinculado à Universidade Estadual de Maringá, sob entender os impactos das práticas de uma empresa.
a orientação da Professora Mestra Lilian Cristina Buzato
Ri�er, e coorientação da Professora Mestra Sandra Cecílio. De forma prática, o consumidor pode, por exem-
plo:
CONSUMIR DE FORMA CONSCIENTE • Pesquisar quem está cultivando seus alimentos;
Pode ser um desafio diante de tanta oferta que • Analisar seus investimentos financeiros e es-
chega ao consumidor. Em uma sociedade voltada para colher fazer aplicações em fundos conscientes,
o consumo, é fácil acumular coisas a partir de um que geram algum impacto social ou ambiental;
determinado poder de compra. • Reconsiderar de onde vem sua eletricidade e,
Mas, de uns tempos para cá, acendeu um mo- quem sabe, optar por algo com menos impacto.
vimento que se chama minimalismo por parte das (Fonte:h�ps://exame.com/conta-em-dia/organizar/
pessoas (que passam a consumir apenas aquilo que consumo-consciente-onda/)
realmente é necessário), e também as empresas, que

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
RESPONDENDO AS QUESTÕES: Sobre a sociedade de consumo, considere as se-
guintes afirmativas:
1. Nas últimas décadas, houve um aumento da pre- I – É o designativo para o tipo de sociedade do
ocupação da sociedade com questões ambientais. mundo desenvolvido que se caracteriza pelo con-
No mundo atual, é cada vez mais recorrente a sumo massivo de bens e serviços.
ocorrência de eventos climáticos extremos, assim II – Na sociedade de consumo, a oferta geralmente
como a diminuição da disponibilidade de recursos excede a procura, os produtos são normalizados
ambientais que são empregados nas diferentes e os padrões de consumo estão massificados.
atividades produtivas. São exemplos de fenôme- III – Seu surgimento está diretamente ligado ao
nos que têm gerado o aumento do debate sobre desenvolvimento industrial.
as questões relacionadas ao meio ambiente. IV – Na sociedade de consumo as técnicas e es-
a. ( ) O congelamento do Ártico e a poluição das tratégias de marketing e a atuação da mídia não
ilhas oceânicas. são importantes, assumindo papel secundário.
A) Todas as afirmativas estão corretas.
b. ( ) O aumento do número de plásticos e das
B) Todas as afirmativas estão incorretas.
reservas de petróleo.
C) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
c. ( ) O nivelamento dos níveis dos oceanos e a
D) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
preservação do Pantanal.
E) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
d. ( ) O enfraquecimento do EL Niño e o aumento
da pesca marítima. Observe a charge do cartunista argentino Quino.
e. ( ) O aquecimento da temperatura terrestre e
as mudanças climáticas.

2. O conceito de desenvolvimento sustentável foi


forjado por meio de intensas discussões globais.
Qual alternativa melhor descreve as intenções do
desenvolvimento sustentável?
a. ( ) Atender as necessidades atuais e possibilitar
a preservação dos recursos para as gerações
futuras.
b. ( ) Promover a utilização indiscriminada dos
recursos ambientais pela população global.
c. ( ) Fomentar a desigualdade social nas regiões
mais desmatadas do planeta.
d. ( ) Auxiliar na preservação somente das reser-
vas indígenas presentes no norte brasileiro.
e. ( ) Incentivar o crescimento industrial por meio
da utilização de combus�veis fósseis.

3. A partir dos seus conhecimentos sobre sustentabi-


lidade e meio ambiente, assinale qual alternativa 6. De acordo com a charge, é CORRETO afirmar que
apresenta corretamente uma ação sustentável. a. ( ) deixa claro que a sociedade é plural, que
a. ( ) Separar os resíduos domésticos para a coleta os indivíduos têm o direito de desejar coisas
seletiva. diferentes devido às suas subjetividades, isto
b. ( ) Utilizar sacolas plásticas nas compras do é, seus gostos e suas opiniões pessoais e que
supermercado. esta diversidade não gera conflitos sociais.
c. ( ) Despejar resíduos de esgotamento domés- b. ( ) demonstra que os indivíduos que possuem
tico nos rios. acesso restrito à educação e à cultura são dis-
d. ( ) Limpar os passeios públicos com água cor- criminados pela sociedade, inclusive pela ins-
rente. tituição policial que tende a ser mais rigorosa
e. ( ) Comprar produtos excessivamente embala- em relação à população de baixa renda.
dos. c. ( ) demonstra que, apesar de a sociedade de
consumo valorizar as mercadorias como sím-
4. “A massa mantém a marca, a marca mantém a bolo de status, a educação e a cultura ainda
mídia e a mídia controla a massa” (George Orwell, representam as melhores oportunidades para
1903-1950). os indivíduos alcançarem o reconhecimento
social.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
d. ( ) faz uma crítica à denominada sociedade OBJETO DE CONHECIMENTO
de consumo, na qual se verifica uma tendência Linguagem figurada.
em valorizar mais o consumo de mercadorias Contextualização histórica.
do que outros aspectos da vida social, como a Análise e interpretação do texto literário.
educação e a cultura. Estética e estilística na literatura.
e. ( ) faz uma crítica à intolerância, demonstrando Análise do discurso. Comparação entre textos.
que ainda existem indivíduos que não enten-
dem a opinião diferente dos outros e que, por HABILIDADE BNCC
isso, agem de maneira etnocêntrica, culminan- (EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes
do em atitudes de violência e exclusão social. gêneros e mídias mediante seleção e apropriação
de recursos textuais e expressivos do repertório
ar�stico , e/ou produções derivadas (paródias, es-
HABILIDADE BNCC tilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de
(EM13LP51) Selecionar obras do repertório ar�sti- dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto
co-literário contemporâneo à disposição segundo literário.
suas predileções, de modo a constituir um acervo
pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
com autonomia e criticidade no meio cultural.
(GO-EMLP54A) Avaliar obras do repertório ar�sti-
co-literário contemporâneo nacional e regional de
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
acordo com as preferências individuais, formando
(GO-EMLP51A) Analisar o processo de desenvol-
uma coleção pessoal para possibilitar uma inter-
vimento da arte brasileira como fundamento da
identidade ar�stica analisando o Romantismo e venção autônoma e crítica nas plataformas digitais.
suas gerações (prosa e poesia) e a relação do indi-
víduo e sua cultura como elementos fundamentais OBJETO DE CONHECIMENTO
de mudança social para inserir com autonomia no Literatura na Língua Portuguesa.
meio cultural. Produções avaliativas com o uso da língua.

OBJETO DE CONHECIMENTO MODERNISMO


Construção composicional dos textos literários.
Recursos linguísticos e semióticos que operam nos
textos pertencentes aos gêneros literários.
Leitura, apreciação e interpretação de obras ar�s-
ticas (quadros, música, performances, espetáculos
teatrais).

HABILIDADE BNCC
(EM13LP52) Analisar obras significativas das lite-
raturas brasileiras e de outros países e povos, em
especial a portuguesa, a indígena, a africana e a la-
tinoamericana, com base em ferramentas da crítica
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos
discursivos) ou outros critérios relacionados a dife-
rentes matrizes culturais, considerando o contexto
de produção (visões de mundo, diálogos com outros
textos, inserções em movimentos estéticos e cultu-
rais etc.) e o modo como dialogam com o presente.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP52B) Observar a construção da identida-
de crítica da classe ar�stica brasileira, analisando
textos literários diversos, as características do Mo-
dernismo e suas fases (poesia e prosa) e do Pós-
-modernismo, e as diversas possibilidades de iden-
tidades sociais e individuais, refletidas na produção
ar�stico literária de uma época e sua influência na
contemporaneidade para engajar-se em práticas h�ps://infini�usexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-
autorais e coletivas. mentais/

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h�ps://infini�usexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-mentais/

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Primeira fase do modernismo brasileiro

h�ps://infini�usexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-mentais/

Ao romper com a tradição literária vigente, a pri- Erro de português


meira fase do modernismo brasileiro propôs a criação Quando o português chegou
de uma literatura genuinamente brasileira. Debaixo de uma bruta chuva
Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade Vestiu o índio
foram os precursores do modernismo na literatura Que pena!
brasileira Fosse uma manhã de sol
A primeira fase do modernismo brasileiro sacra- O índio tinha despido
mentou as renovações no campo da arte e da literatu- O português.
ra iniciadas no início do século XX com os pré-moder- (Oswald de Andrade)
nistas. Na literatura de Lima Barreto, Monteiro Lobato
e Euclides da Cunha, por exemplo, já era possível iden- Dizer que os primeiros modernistas “combatiam”
tificar um menor apego ao cânone literário, além de a arte tradicional não é uma força de expressão. Havia,
uma maior preocupação com o desenvolvimento de de fato, o interesse em romper drasticamente com
uma literatura socialmente engajada. A literatura bra- qualquer forma de cultura que não fosse construída
sileira tomou novos rumos, e o legado dos escritores sobre bases nacionais: esse era o projeto da fase he-
parnasianos ficou definitivamente para trás. roica do modernismo, cujos principais representantes
Até 1922, ano da realização da emblemática Sema- foram Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade,
na de Arte Moderna, a literatura brasileira era essen- esse último considerado o mais radical da chamada
cialmente academicista e influenciada pelos moldes tríade modernista. Foram deles os principais esfor-
europeus. O parnasianismo era a estética literária vi- ços para a realização da Semana de Arte Moderna de
gente, não havia uma cultura acadêmica nacional, com 1922, evento que reuniu um grupo de artistas novos
linguagem e conteúdo temático que reproduzissem e empenhados em desvencilhar a arte produzida no
a realidade do brasileiro comum. Podemos dizer que Brasil da cultura tradicional europeia.
os primeiros modernistas deram o “grito de indepen- A Semana, que reuniu, além dos primeiros escri-
dência” cultural que ecoaria por décadas, modificando tores modernistas, grandes nomes das artes plásticas,
drasticamente o fazer literário no Brasil. Depois deles, entre eles Anita Mafaltti, Di Cavalcanti e Brecheret, foi
a forma e o ritmo, elementos tão apreciados pela lite- o ponto de encontro das várias tendências ar�sticas
ratura clássica, não seriam mais uma obrigação: estava que desde a I Guerra vinham tentando firmar-se em
instituído o verso livre e o combate à arte tradicional. São Paulo e no Rio de Janeiro. Graças ao evento reali-

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
zado entre os dias 13 e 18 de fevereiro no Teatro Mu- Janeiro, época em que Bandeira se tornou amigo de
nicipal de São Paulo, o modernismo brasileiro ganhou Mário de Andrade. Outrossim, afirmamos que este
uma plataforma que possibilitaria sua consolidação. nobre poeta não participou de forma direta na Se-
Após a realização da Semana de Arte Moderna, várias mana, por considerar o evento um tanto quanto con-
publicações – as chamadas revistas literárias – e mani- tundente, como ele mesmo afirmou “nunca atacamos
festos foram lançados, cujos objetivos eram divulgar publicamente os mestres parnasianos e simbolistas,
as propostas modernistas. nunca repudiamos o soneto nem, de um modo geral,
O marco cronológico da geração heroica foi o ano os versos metrificados e rimados”.
de 1930, período em que surgiram escritores, entre Assim, afirma-se que em virtude de ter se formado
eles Carlos Drummond de Andrade, que iniciaram com base nas referências literárias do Parnasianismo
uma poética com novos elementos estéticos, mas e Simbolismo, Bandeira não se mostrou preocupado
irremediavelmente influenciada pela herança dos em se adequar a esta ou àquela tendência, decidiu por
modernistas de 1922. É impossível conceber a arte não criticar publicamente aqueles que consideravam
brasileira sem creditar os esforços dos precursores do os mestres parnasianos e simbolistas, bem como não
modernismo, cujos ideais estão presentes em toda li- se tornou adepto do tom revolucionário dos moder-
teratura produzida durante o século XX até a literatura nistas. Dessa forma, optou por escolher esta ou aquela
produzida nos dias de hoje. Graças aos modernistas, forma que mais se adequasse ao espírito das emoções
que apontaram os caminhos para a construção de uma que desejava transmitir em determinado momento.
cultura menos europeizada e europeizante, nasceu a A linguagem, envolta num tom simples, revelava a
autêntica literatura brasileira. experiência do poeta acerca de suas percepções em
(h�ps://www.portugues.com.br/literatura/primeira-fase- meio ao cotidiano, marcadas, sobretudo, pela temá-
modernismo-brasileiro.html)
tica voltada para o amor, erotismo, infância, paixão
pela vida, solidão e angústia existencial.
Manuel Bandeira
DESENCANTO
Manuel Bandeira, grande representante modernis- Eu faço versos como quem chora
ta, tem o lirismo como marca registrada em sua arte. De desalento. . . de desencanto. . .
Manuel Bandeira, dotado de um notável lirismo, Fecha o meu livro, se por agora
representa um dos artistas que compuseram o cenário Não tens motivo nenhum de pranto.
ar�stico modernista. Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Entre os artistas que abrilhantaram o período Tristeza esparsa... remorso vão...
modernista, encontra-se esta nobre figura: Manuel Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Bandeira. Em razão disso, conhecê-lo é, sobretudo, Cai, gota a gota, do coração.
enlevarmo-nos diante de tamanha habilidade ar�stica E nestes versos de angústia rouca,
e nobreza intelectual. Para tanto, iniciemos falando Assim dos lábios a vida corre,
acerca de alguns aspectos biográficos, os quais assim Deixando um acre sabor na boca.
se apresentam: - Eu faço versos como quem morre.
Manuel Carneiro de Souza Bandeira nasceu em
1886, em Recife. Em 1890, a família se transferiu para OS SAPOS
Petrópolis (RJ), e com seis anos de idade Bandeira Enfunando os papos,
retornou a Recife, onde permaneceu até os dez anos. Saem da penumbra,
Aos 16 anos partiu para São Paulo, com o intuito de Aos pulos, os sapos.
cursar a faculdade de Arquitetura na Escola Politéc- A luz os deslumbra.
nica. Contudo, tal intenção teve de ser interrompida, Em ronco que aterra,
haja vista que o poeta contraiu tuberculose, paralisan- Berra o sapo-boi:
do, assim, seus estudos. Em 1913 foi para a Suíça para - “Meu pai foi à guerra!”
se tratar no Sanatório de Clavadel, onde permaneceu - “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”
por 16 meses. O sapo-tanoeiro,
Em 1917, Manuel Bandeira publicou seu primeiro Parnasiano aguado,
livro – Cinza das horas e, a partir de então, iniciou Diz: - “Meu cancioneiro
sua vasta produção literária, seguida da publicação É bem martelado.
de Carnaval (1919). Foi quando o poeta começou Vede como primo
a estabelecer contato com o grupo paulista, o qual Em comer os hiatos!
participou da Semana de Arte Moderna. Um dos in- Que arte! E nunca rimo
tegrantes, Guilherme de Almeida, foi o primeiro a ler Os termos cognatos.[...]
as produções, passando a indicá-las para os demais. (h�ps://www.portugues.com.br/literatura/manuel-
Em 1921, esse grupo de representantes foi ao Rio de bandeira.html)

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Mário de Andrade daqui a sair sozinho comigo na rua [...] e si saio com
alguém é porque esse alguém me convida, si toco no
Mário de Andrade nasceu em 9 de outubro de assunto é porque se poderia tirar dele um argumento
1893, na cidade de São Paulo. Ele é um dos principais pra explicar minhas amizades platônicas, só minhas”.
nomes da primeira geração modernista. Suas obras Para os críticos que analisam a obra de um escritor
apresentam nacionalismo crítico, liberdade formal e a partir de suas características puramente estruturais,
valorização da linguagem coloquial. Macunaíma é seu a vida pessoal de um autor em nada contribui para
livro mais famoso e uma das obras mais importantes a sua escrita. No entanto, há críticos que defendem
do movimento. que detalhes da vida íntima do artista podem auxiliar
Além da literatura, o autor tinha outros interesses no desvendamento de seus textos.
ar�sticos, por isso estudou piano e canto. Também
foi professor de História da Música e da Estética no Características literárias de Mário de Andrade
Conservatório Dramático e Musical da cidade de São Mário de Andrade é um escritor da primeira ge-
Paulo, em 1922. Nesse ano, participou da Semana de ração modernista. Suas obras, portanto, apresentam
Arte Moderna. A partir de então, foi um dos porta- as seguintes características:
-vozes do movimento modernista até a sua morte, • antiacademicismo;
ocorrida em 25 de fevereiro de 1945, em São Paulo. • liberdade formal;
• nacionalismo crítico;
Biografia de Mário de Andrade • busca da identidade nacional;
Mário de Andrade é um escritor brasileiro nascido • releitura dos símbolos de nacionalidade;
em 9 de outubro de 1893, na cidade de São Paulo. • valorização da linguagem coloquial;
Tinha grande interesse pela arte e cultura brasileiras. • resgate do folclore brasileiro;
Estudou piano no Conservatório Dramático e Musical • regionalismo;
de São Paulo e, em 1922, começou a trabalhar como • crítica sociopolítica.
professor de História da Música e da Estética nesse
Conservatório. Obras de Mário de Andrade
Nesse ano, participou da Semana de Arte Moder- • Há uma gota de sangue em cada poema (1917)
na, que inaugurou o Modernismo no Brasil. Além dis- • Pauliceia desvairada (1922)
so, escrevia para periódicos como A Gazeta, A Cigarra • A escrava que não é Isaura (1925)
e Jornal do Comércio. Entre seus múltiplos interesses, • O losango cáqui (1926)
estava também a fotografia, à qual se dedicou intensa- • Primeiro andar (1926)
mente entre 1923 e 1931. Durante esse período, em • Amar, verbo intransitivo (1927)
1927, fez uma viagem à Amazônia e ao Nordeste, com • Clã do jabuti (1927)
o intuito de observar e registrar a cultura desses locais. • Modinhas imperiais (1930)
Era também um estudioso do folclore brasilei- • Remate de males (1930)
ro, além de crítico de literatura. Assim, entre 1935 • Música, doce música (1934)
e 1938, foi diretor do Departamento de Cultura da • Belazarte (1934)
Prefeitura de São Paulo. Em 1936, ajudou a criar o • O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935)
Serviço do Patrimônio Histórico e Ar�stico Nacional • Poesias (1941)
(SPHAN). Já em 1938, tornou-se o diretor do Instituto • O movimento modernista (1942)
de Artes da Universidade do Distrito Federal, no Rio • O empalhador de passarinho (1944)
de Janeiro. E, em 1942, foi um dos fundadores da • Contos novos (1947)
Associação Brasileira de Escritores (Abre), contrária
ao Estado Novo (1937-1945). Frases de Mário de Andrade
O escritor morreu em 25 de fevereiro de 1945, na Vamos ler, a seguir, algumas frases de Mário de
cidade de São Paulo. Além de uma obra aclamada pela Andrade, extraídas de carta enviada a Fernando Sa-
crítica especializada, deixou também a dúvida sobre a bino (1923-2004) em 16 de fevereiro de 1942.
sua homossexualidade, um assunto que era tabu para • “A arte tem entre os elementos que a consti-
alguns críticos literários. Só em 2015 essa questão foi tuem a insatisfação.”
esclarecida, com a divulgação, pela Fundação Casa de • “O artista verdadeiro jamais estará satisfeito
Rui Barbosa, de carta do escritor a Manuel Bandeira consigo mesmo nem com a obra de arte que
(1886-1968). produziu.”
Nessa carta, o escritor escreve: • “Não existe um só artista verdadeiro que não
“Mas si agora toco nesse assunto em que me por- arte faça com a intenção de ser amado.”
to com absoluta e elegante discrição social, tão ab- • “Esta é a cilada que o homem encontra cotidia-
soluta que sou incapaz de convidar um companheiro namente em seu caminho, o conformismo.”

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• “Nós devemos viver sempre nascendo.” interrompeu o curso de Direito para fazer sua primeira
• “Toda facilidade, toda felicidade é desmorali- viagem à Europa, onde conheceu a francesa Henrie�e
zante.” Denise Boufflers, com quem teve seu primeiro filho,
• “A gente tem vergonha de se repensar.” em 1914.
• “A felicidade no amor nem é apenas justa, é No ano de 1915, a dançarina adolescente Carmen
uma espécie de dever.” Lydia, com quem o escritor mantinha um relaciona-
• “O momento da criação é um prazer sublime.” mento, chegou ao Brasil. No ano seguinte, Oswald
• “A maioria dos seres vegeta em vez de huma- voltou ao curso de Direito e passou a trabalhar no
namente viver.” Jornal do Comércio. A partir de 1918, começou a es-
• “A arte jamais é independente da vida.” crever, também, para A Gazeta.
(h�ps://www.portugues.com.br/literatura/mario-andrade. Em 1919, o escritor se formou em Direito. Já em
html)
1921, passou a escrever para o Correio Paulistano.
No ano seguinte, em 1922, participou da Semana de
Oswald de Andrade Arte Moderna. No final desse ano, foi para a Europa,
onde iniciou sua amizade com a pintora Tarsila do
Oswald de Andrade fez parte da primeira geração Amaral (1886–1973).
modernista do Brasil. Suas obras, como a peça tea- Regressou ao Brasil um ano depois e publicou, em
tral “O rei da vela”, apresentam elementos irônicos e 1924, o Manifesto da poesia pau-brasil, no Correio da
metalinguísticos. Manhã. Nesse mesmo ano, retornou à Europa, onde
Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de viveu com Tarsila. A partir daí, até 1929, houve muitas
1890, na capital do estado de São Paulo. Mais tarde, idas e vindas da Europa. Ademais, no ano de 1925,
se casou com a pintora Tarsila do Amaral e, depois, tentou entrar para a Academia Brasileira de Letras,
com a escritora conhecida como Pagu. Além disso, es- mas sem sucesso.
creveu para alguns periódicos, foi membro do Partido Em 30 de outubro de 1926, Oswald e Tarsila se
Comunista e tentou duas vezes ingressar na Academia casaram, no Brasil. Dois anos depois, o escritor publi-
Brasileira de Letras. cou seu famoso Manifesto antropófago, na Revista de
O autor, que faleceu em 22 de outubro de 1954, Antropofagia. Já em 1929, ele se separou da pintora
na cidade de São Paulo, fez parte da primeira geração para ficar com a escritora Patrícia Galvão (1910–1962),
do Modernismo brasileiro. Portanto, seus textos são a Pagu, com quem se casou em 1º de abril de 1930.
caracterizados pelo nacionalismo crítico e pela liber- Depois de conhecer, em 1931, Luís Carlos Pres-
dade formal. A metalinguagem e a ironia também são tes (1898–1990), Oswald passou a escrever textos
características de obras como O rei da vela. de cunho político e fundou o jornal O Homem do
Povo, além de se filiar ao Partido Comunista. Três anos
Resumo sobre Oswald de Andrade depois, terminado o casamento com Pagu, começou
• O escritor brasileiro Oswald de Andrade nasceu uma relação com a pianista Pilar Ferrer.
em 1890 e faleceu em 1954. Porém, no final do ano de 1934, ele se uniu à
• O autor foi um dos participantes da Semana de professora Julieta Bárbara Guerrini (1908–2005). Ele
Arte Moderna de 1922. se casou com Julieta no final de 1936. Em 1940, pela
• Ele fez parte da primeira geração do Modernis- segunda vez, tentou ingressar na Academia Brasilei-
mo brasileiro. ra de Letras. Novamente, foi rejeitado. Em 1942, já
• A ironia e a metalinguagem são as principais estava com Maria Antonieta d’Alkmin (1919–1969),
características de seus textos. com quem se casou no ano seguinte.
• O rei da vela é uma de suas peças teatrais mais O escritor se indispôs com Prestes e saiu do Par-
conhecidas. tido Comunista em 1945. Entretanto, em 1950, se
candidatou a deputado federal, pelo Partido Repu-
Biografia de Oswald de Andrade blicano Trabalhista. Com o lema “pão, teto, roupa,
Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de saúde, instrução, liberdade”, o autor não conseguiu se
1890, na cidade de São Paulo, em uma família abas- eleger. Oswald de Andrade faleceu em 22 de outubro
tada. Dez anos depois, começou a estudar na Escola de 1954, na cidade de São Paulo.
Caetano de Campos. No ano seguinte, em 1901, foi
transferido para o Ginásio Nossa Senhora do Carmo e Obras de Oswald de Andrade
depois, em 1903, para o Colégio São Bento, onde co- • Os condenados (1922) — romance.
nheceu o poeta Guilherme de Almeida (1890–1969). • Memórias sentimentais de João Miramar
O autor terminou seus estudos no Colégio São (1924) — romance.
Bento, em 1908. No ano seguinte, passou a escrever • Manifesto da poesia pau-brasil (1924).
para o Diário Popular e iniciou a faculdade de Direito. • Pau-brasil (1925) — poesia.
Já em 1911, fundou a revista O Pirralho. Em 1912,

60
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald reflexões sobre o capitalismo, o comunismo ou so-
de Andrade (1927) — poesia. cialismo, a burguesia e o proletariado.
• A estrela de absinto (1927) — romance. Além disso, apresenta elementos metalinguísti-
• Manifesto antropófago (1928). cos, como estas falas de Abelardo I: “Mas esta cena
• Serafim Ponte Grande (1933) — romance. basta para nos identificar perante o público”, “A mor-
• A escada vermelha (1934) — romance. te no Terceiro Ato”, “Maquinista! Feche o pano”, “O
• O homem e o cavalo (1934) — teatro. autor não ligaria...”. Ele também: “Oferece o revólver
• A morta (1937) — teatro. ao Ponto e fala com ele”. E o Ponto (pessoa que, es-
• O rei da vela (1937) — teatro. condida, lembra as falas aos atores) responde.
• Cântico dos cânticos para flauta e violão (1942) Já o �tulo da obra é explicado nesta fala de Abe-
— poesia. lardo I:
• Marco zero I: a revolução melancólica (1943) [...]! O Rei da Vela miserável dos agonizantes.
— romance. O Rei da Vela de sebo. E da vela feudal que nos fez
• Marco zero II: chão (1945) — romance. adormecer em criança pensando nas histórias das
• O escaravelho de ouro (1946) — poesia. negras velhas... Da vela pequeno-burguesa dos ora-
• O cavalo azul (1947) — poesia. tórios e das escritas em casa... As empresas elétricas
• Manhã (1947) — poesia. fecharam com a crise... Ninguém mais pôde pagar o
• O santeiro do mangue (1950) — poesia. preço da luz... A vela voltou ao mercado pela minha
• Um homem sem profissão (1954) — memórias. mão previdente. [...], mas a grande vela é a vela da
agonia, aquela pequena velinha de sebo que espalhei
O rei da vela pelo Brasil inteiro... Num país medieval como o nosso,
O rei da vela é uma peça de teatro composta por quem se atreve a passar os umbrais da eternidade
três atos. O primeiro ato se passa na cidade de São sem uma vela na mão? [...]!
Paulo, no escritório de usura de Abelardo, durante a
manhã. Já o segundo acontece em uma ilha tropical Poemas de Oswald de Andrade
na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Por fim, o No poema Epitáfio, de 1925, o eu lírico utiliza o
terceiro apresenta o mesmo cenário do primeiro ato, recurso da metalinguagem ao falar da redondilha por
porém, durante a noite. meio de versos escritos em redondilha maior (sete
No escritório, Abelardo I atende ao Cliente, quan- sílabas poéticas). Com a ironia característica das po-
do entra Abelardo II, vestindo “botas e um completo esias do autor, seu eu lírico diz ser “redondo” e se
compara a uma “redond’ilha”, palavra que pode se
de domador de feras. Usa pastinha e enormes bigodes
referir a uma redondilha ou a uma ilha redonda.
retorcidos. Monóculo. Um revólver à cinta”. Outros
A seguir, ele justifica o �tulo do poema ao men-
clientes (devedores) estão em uma jaula: “Os clien-
cionar o passado (“mulheres que beijei”) e a morte,
tes aparecem atropeladamente nas grades. É uma
quando declara que faleceu do “oh! amor”, uma for-
coleção de crise, variada, expectante. Homens e mu-
ma irônica de se referir ao amor romântico. Assim,
lheres mantêm-se quietos ante o enorme chicote de
tudo indica que o epitáfio é o irônico “ah! ah! ah!”
Abelardo II.”
da caveira do eu lírico ao pensar na redondilha, tipo
Heloísa de Lesbos chega. Ela é noiva de Abelardo I
de verso comum no Romantismo:
e vai se casar por interesse. O noivo rico comprou uma
ilha para que lá se casassem. Nessa ilha, eles recebem
Eu sou redondo, redondo
o banqueiro americano Mister Jones. Nesse ambiente,
Redondo, redondo eu sei
Abelardo I diz coisas sedutoras para sua sogra, dona Eu sou uma redond’ilha
Cesarina, e para a tia de Heloísa, a dona Poloca. Das mulheres que beijei
Além disso, Heloísa tem uma irmã lésbica (Joana Por falecer do oh! amor
ou João) e um irmão homossexual (Totó Fruta-do-Con- Das mulheres da minh’ilha
de), que está de “asa partida”, pois terminou uma Minha caveira rirá ah! ah! ah!
“amizade de três anos” com um tal Godofredo. Já Pensando na redondilha
Perdigoto, outro filho de Cesarina, segundo João (ou
Joana), é um “fascista indecente”. Ele propõe a Aber- Já no poema “Convite”, do livro Cântico dos cânti-
lardo I a criação de “uma milícia patriótica”. cos para flauta e violão, o eu lírico, novamente, recor-
Porém, no terceiro ato, Abelardo I acaba indo à re à metalinguagem ao mencionar o verso do poema,
falência e ameaça se matar. Heloísa tenta convencer uma redondilha menor (cinco sílabas poéticas). Além
o noivo a não cometer tal insanidade. Mas Abelardo disso, usa a linguagem coloquial, tão valorizada pe-
I se mata. A noiva, então, se casa com Abelardo II, e los modernistas, para, com simplicidade, declarar seu
assim termina a peça, que realiza, de forma irônica, amor ou desejo por alguém:

61
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Escuta este verso a) espírito polêmico e destruidor, valorização
Qu’eu fiz pra você poética do cotidiano, nacionalismo, busca da
Pra que todos saibam originalidade a qualquer preço.
Qu’eu quero você b) Temática ampla com preocupação filosófica,
predomínio do romance regionalista, valoriza-
Características da obra de Oswald de Andrade ção do cotidiano, nacionalismo.
Oswald de Andrade é um autor que fez parte da c) Espírito polêmico, busca da originalidade, pre-
primeira geração modernista, caracterizada pela ino- domínio do romance psicológico, valorização
vação. Os autores dessa fase do Modernismo, que tem da cidade e das máquinas.
início em 1922 e término em 1930, se empenham em d) Visão futurista, espírito polêmico e destruidor,
criticar o academicismo, isto é, o jeito tradicional de predomínio da prosa poética, valorização da
se fazer arte. cidade e das máquinas.
Por isso, privilegiam a liberdade formal e utilizam e) Valorização poética do cotidiano, linguagem
versos livres (sem metrificação e, geralmente, sem repleta de neologismos, nacionalismo e busca
rimas). Além disso, retomam o nacionalismo e o re- da poesia na natureza.
gionalismo do tradicional Romantismo. Porém, não
mais de forma idealizada, mas sim de maneira crítica. 04. QUESTÃO - Considere o texto abaixo.
Também valorizam a linguagem coloquial do Brasil e Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração
fazem crítica sociopolítica. mais europeizada da aristocracia rural de São
As obras de Oswald de Andrade, além dessas ca- Paulo, aberta às influências internacionais, que
racterísticas, também apresentam ironia, metalin- permitiu o florescimento das inovações estéticas.
guagem e neologismos. O autor possui prosa com O café pesou mais do que as indústrias. Os velhos
frases curtas e uma poesia mais sintética, ou seja, sem troncos paulistas, ameaçados em face da burgue-
prolixidade. Seus textos, fragmentados, costumam fa- sia e da imigração, se juntaram aos artistas numa
zer críticas à elite burguesa da época. grande “orgia intelectual”, conforme a definição
(h�ps://www.portugues.com.br/literatura/oswald- de Mário de Andrade. Segundo ele, “foi da pro-
andrade---modernista-revolucionario-.html)
teção desses salões literários [promovidos pela
aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil o
ATIVIDADES 1 espírito destruidor do movimento modernista.”
(MARQUES, Ivan. Cenas de um modernismo de província.
01. QUESTÃO - A Semana de arte moderna, ocorrida São Paulo: Editora 34, 2011, p. 11)
em 1922, inaugurou o movimento modernista no
Brasil. A primeira fase do modernismo literário O Modernismo de 22 caracterizou-se, de fato, por
brasileiro, que durou de 1922 a 1930, teve como algumas contradições, entre as quais a que o texto
principal característica: aponta:
a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto. a) Os mentores modernistas promoveram ideais
b) linguagem rebuscada e acadêmica. estéticos para agradar burgueses e aristocratas.
c) valorização das raízes culturais brasileiras. b) Uma economia voltada para a industrialização
d) pessimismo e oposição ao romantismo. propiciou o desenvolvimento da produção rural.
e) foco em temas relacionados com a colonização. c) Membros da aristocracia paulista renunciaram
a seu gosto estético em nome da arte popular.
02. QUESTÃO - Em relação ao Modernismo, podemos d) Membros da recém-formada burguesia impu-
afirmar que em sua primeira fase há: seram seu gosto estético aos aristocratas.
a) maior aproximação entre a língua falada e a e) Um setor da economia rural estimulou um mo-
escrita, valorizando-se literariamente o nível vimento cultural de raiz urbana e moderna.
coloquial.
b) pouca atenção ao valor estético da linguagem, 05. QUESTÃO - São características da primeira fase
privilegiando o desenvolvimento da pesquisa do Modernismo:
formal. a) retomada da ficção regionalista, cultivo de uma
c) grande liberdade de criação, mas expressão poesia neobarroca e visão de mundo em pers-
pobre. pectiva elitista.
d) reconquista do verso livre. b) libertação dos modelos acadêmicos, experi-
e) ausência de inspiração nacionalista. mentalismo em novas formas de expressão e
rompimento com o nacionalismo tradicional.
03. QUESTÃO - Assinale a alternativa correta para as c) cultivo de uma ficção de caráter intimista, revi-
características do Modernismo de 1922, também são das regras de metrificação e retomada do
chamado de “fase heroica”. nacionalismo romântico.

62
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
d) predominância dos temas políticos, crítica ao ATIVIDADES 2
uso indiscriminado das máquinas e visão de
mundo em perspectiva universalista. QUESTÃO 1
e) pesquisa de lendas e narrativas folclóricas, va- Sobre os poemas da primeira geração modernista, é
lorização do índio enquanto mito romântico e correto afirmar apenas:
cultivo de fórmulas estéticas consagradas. a) São marcados pelo formalismo: a métrica e a rima
estão entre suas prioridades. Durante esse período,
06. QUESTÃO - A poesia modernista, sobretudo a da deu-se prioridade para a composição de sonetos,
primeira fase (1922-1928): retomando assim os moldes literários clássicos.
a) utiliza-se de vocabulário sempre vago e ambí- b) Os poemas modernistas apresentam relação dia-
guo que apreenda estados de espírito subjeti-
lógica com os poemas do simbolismo: o abuso de
vos e indefiníveis.
figuras de linguagem e de elementos sensoriais que
b) faz uma síntese dos pressupostos poéticos que
permitem uma viagem sinestésica marca a poesia
norteavam a linguagem parnasiano-simbolista.
c) incentiva a pesquisa formal com base nas con- dessa fase.
quistas parnasianas, a ela anteriores. c) Os poemas da fase heroica do modernismo são
d) enriquece e dinamiza a linguagem, inspirando- marcados pela desconstrução e pela subversão da
-se na sintaxe clássica. sintaxe: as palavras não são dispostas de maneira
e) confere ao nível coloquial da fala brasileira a convencional no papel, caracterizando assim a po-
categoria de valor literário. esia-práxis.
d) Nos poemas da primeira geração modernista, tam-
07. QUESTÃO - Todas as afirmativas a seguir relacio- bém denominada “fase heroica”, os poetas estabe-
nam-se ao Modernismo na sua primeira fase, leceram novos paradigmas de arte, desvencilhan-
exceto: do-se do modelo clássico europeu e transgredindo
a) Os movimentos de vanguarda europeus, a bru- a forma e o conteúdo do poema.
talidade da Primeira Guerra Mundial, dentre
outros fatores, favoreceu a busca por uma es- QUESTÃO 2
tética desvinculada de quaisquer dogmatismos.
b) No Brasil, os movimentos primitivistas foram Erro de português
uma resposta à busca da expressão nacional. Quando o português chegou
c) A conjunção entre primitivismo do folclore e Debaixo de uma bruta chuva
universo urbano foi uma possibilidade moder- Vestiu o índio
nista. Que pena!
d) As inovações de ordem temática e formal per-
Fosse uma manhã de sol
mitiram a delimitação clara entre prosa e poesia
O índio tinha despido
modernistas.
O português.
e) A paródia aos textos e estilos consagrados da
literatura brasileira é uma das possibilidades Oswald de Andrade
modernistas.
Sobre o poema de Oswald de Andrade, estão corretas
08. QUESTÃO - Assinale a alternativa em que há uma as seguintes proposições:
característica que não corresponde ao Modernis- I. Faz uma crítica contra a colonização portuguesa na
mo em sua primeira fase (1922-1930). Brasil. Essa crítica pode ser confirmada a partir do
a) Ruptura radical e audaciosa em relação às pos- �tulo do poema, o qual contém uma ambiguidade
síveis estéticas do passado, quebra total da ro- intencional.
tina literária. II. Nesse poema, a temática do relacionamento amo-
b) Caráter turbulento, polemista, de demolição de roso é abordada de maneira inovadora, distante da
valores. idealização romântica proposta pelos ultrarromânti-
c) Exaltação exagerada de fatores como mocidade cos.
e tempo; o novo, nesta fase, foi erigido como III. O poema utiliza elementos como o humor, a ironia
um valor em si. e o sarcasmo para relatar a chegada do português em
d) Movimento de inquietação e de insatisfação; terras brasileiras.
os novos se lançaram à luta em nome da origi- IV. Apropria-se de uma linguagem simples e prosaica
nalidade, da liberdade de pesquisa estética e para fazer uma reflexão profunda e complexa.
do direito de “errar”. V. No poema de Oswald nota-se a preocupação com
e) Apesar de toda a radicalidade do grupo, é unâ-
a métrica, a versificação e a rima, embora o conteúdo
nime a preocupação dos modernistas com o
do poema seja inovador.
purismo da linguagem.

63
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
a) I, II e IV. Dlorom...
b) II, III e V. Sou um tupi tangendo um alaúde!
c) I, III e IV. ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas
de Mário de Andrade.Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
d) III e IV,
e) II e V.
Cara ao Modernismo, a questão da identidade na-
cional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de
QUESTÃO 3 - (Enem - 2013)
Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
a) abordado subliminarmente, por meio de expres-
sões como “coração arlequinal” que, evocando o
carnaval, remete à brasilidade.
b) verificado já no �tulo, que remete aos repentistas
nordestinos, estudados por Mário de Andrade em
suas viagens e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expres-
sões como “Sentimentos em mim do asperamente”
(v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo
som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x
alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional
que seria proposta no Manifesto Antropófago, de
Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos
dos homens das primeiras eras” para mostrar o
orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

QUESTÃO 5
Estão entre os principais representantes da poesia
modernista da primeira fase:
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o a) Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Mário
culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: de Andrade e Rachel de Queiróz.
Prol Gráfica, 2012. b) Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Adélia Prado
e Tarsila do Amaral.
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de c) Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, Oswald
que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto de Andrade, Mário de Andrade.
à questão da identidade nacional, as anotações em d) Oswald de Andrade, Ferreira Gullar, Olavo Bilac e
torno dos versos constituem Monteiro Lobato.
a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica e) Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão, Mário de Andra-
de dados histórico-culturais. de e Guilherme de Almeida.
b) forma clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. MODERNISMO EM PORTUGAL
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício
de leitura poética. O Modernismo representa a ruptura com padrões
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras subs- e a inovação. A Escola Literária Modernista surge no
titutivas das originais. início do século XX, após o Pré-Modernismo, num pe-
ríodo conturbado.
QUESTÃO 4 - (Enem - 2012) Em Portugal, berço do Modernismo no Brasil, seu
marco inicial data de 1915 com a publicação da Re-
O trovador vista Orpheu.
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras... Contexto Histórico
As primaveras do sarcasmo O Modernismo tomou lugar num período que per-
intermitentemente no meu coração arlequinal... meia a Primeira (1914-1918) e a Segunda (1939-1945)
Intermitentemente... Guerras Mundiais.
Outras vezes é um doente, um frio Na mesma altura, surgia a Teoria da Relativida-
na minha alma doente como um longo som redondo... de de Einstein e a Psicanálise de Freud, bem como
Cantabona! Cantabona! transformações tecnológicas (eletricidade, telefone,
avião, cinema).

64
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Todas essas situações influenciam os pensamen- Escreveu contos como “Princípio”, “A Confissão
tos da época e, consequentemente o estilo deste novo de Lúcio”, “Céu em Fogo”, bem como poesias.
movimento literário. São exemplos “Dispersão”, “Indícios de Oiro”,
Em Portugal, em 1910 era proclamada a república “Poesias”;
e surgem dois partidos políticos. • Almada Negreiros (1893-1970): distinguiu-se
O Situacionista, numa proposta saudosista, pre- como artista plástico, no entanto escreveu ma-
tendia resgatar os anos de glória vividos por Portu- nifestos futuristas, textos doutrinários, peças
gal. Os Inconformados, por sua vez, almejavam uma teatrais, entre outros.
ruptura de padrão e estilo, e propunham a inovação.
Assim, com o lançamento da Revista Águia, os O Presencismo ou A Geração de Presença
Situacionistas tentam reviver o passado numa pre- O segundo momento do Modernismo em Portugal
tensão de incutir nas pessoas o orgulho português inicia em 1927 com o lançamento da Revista Presen-
oriundo das suas conquistas. ça. A revista foi fundada por Branquinho da Fonseca,
Os Inconformados rejeitam essa ideia, pretenden- João Gaspar Simões e José Régio.
do trazer à tona o espírito crítico. O objetivo desse grupo era dar continuidade ao
trabalho iniciado com a Revista Orpheu.
Principais Caraterísticas Principais autores e algumas obras:
• Distanciamento do sentimentalismo. • José Régio (1901-1969): além de escritor, foi
• Espírito dinâmico, acompanhando as transfor- diretor e editor da Revista Presença. Escreveu
mações tecnológicas. “Poemas de Deus e do Diabo”, “Jogo da Cabra-
• Espírito crítico e questionador. -Cega”, “Há mais Mundos”;
• Linguagem cotidiana. • João Gaspar Simões (1903-1987): influente crí-
• Oposição às normas, numa atitude considerada tico e investigador literário. Escreveu “Romance
“anárquica”. numa Cabeça”, “Amigos Sinceros”, “Internato”;
• Originalidade e excentricidade. • Branquinho da Fonseca (1905-1974): o autor
• Ruptura com o passado, numa atitude inova- usou também o pseudônimo de António Ma-
dora. deira. Escreveu “Poemas”, “Mar Coalhado”,
“Bandeira Preta”.
Gerações Modernistas
De acordo com os seus autores e, consequente- Neorrealismo
mente dos seus estilos, as gerações modernistas se O terceiro e último momento do Modernismo tem
dividem em três grupos:
início em 1940 com a publicação de Gaibéus, de Alves
Redol. Esse período carateriza-se pela oposição ao
O Orfismo ou A Geração de Orpheu
ditador Antônio de Oliveira Salazar.
A primeira geração modernista é assim chamada
tendo em conta que é esse o nome da publicação que
Principais autores e algumas obras:
demarca a fronteira com a anterior escola literária.
• Alves Redol (1911-1969): o primeiro roman-
A revista, que teve à frente Fernando Pessoa,
cista dessa nova tendência escreveu: “Glória”,
Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros (primeiro
“Marés”, “A Barca dos Sete Lemes”;
grupo modernista), foi um grande escândalo. Ela teve
• Ferreira de Castro (1898-1974): é o autor mais
a duração de apenas um ano, o que aconteceu em
importante dessa geração. Escreveu “Emigran-
decorrência de problemas financeiros após o suicídio
de Mário de Sá Carneiro. tes”, “A Selva”, “Eternidade”;
O Futurismo e o Expressionismo (Vanguardas Eu- • Soeiro Pereira Gomes (1909-1949): comunista,
ropeias) influenciaram essa geração, cujos principais sua obra prima é “Esteiros”. Escreveu, ainda,
autores são: “Contos Vermelhos”, “Engrenagem”.
(h�ps://www.todamateria.com.br/modernismo-em-
• Fernando Pessoa(1888-1935): sendo o mais portugal/)
influente, é também a principal personalidade
do modernismo em Portugal. Fernando Pessoa
Escreveu “Mensagem” e criou os heterônimos
Alberto Caeiro (“Pastor Amoroso”, “Poemas Fernando Pessoa é um dos mais importantes
Inconjuntos”), Ricardo Reis (“Prefiro Rosas”, escritores portugueses do modernismo e poetas de
“Breve o Dia”) e Álvaro de Campos (“Ode Ma- língua portuguesa.
rítima”, “Tabacaria”); Destacou-se na poesia, com a criação de seus he-
• Mário de Sá Carneiro (1890-1915): o mote da terônimos sendo considerado uma figura multiface-
sua obra gira em torno da insatisfação psicoló- tada. Trabalhou como crítico literário, crítico político,
gica. editor, jornalista, publicitário, empresário e astrólogo.

65
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Nessa última tarefa, vale destacar que Fernando Fernando Pessoa faleceu em sua cidade natal, dia
Pessoa explorou o campo da astrologia, sendo um 30 de Novembro de 1935, vítima de cirrose hepática,
exímio astrólogo e apreciador do ocultismo. com 47 anos.
No leito de morte sua última frase foi escrita, em
Biografia inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935:
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lis- “I know not what tomorrow will bring” (Não sei o
boa, dia 13 de Junho de 1888. Era filho de Joaquim que o amanhã trará).
de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e D. Maria Mag-
dalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Obras e Características
Com apenas 5 anos, Fernando Pessoa ficou ór- Fernando Pessoa é dono de uma vasta obra, ainda
fão de pai, que acometido pela tuberculose, deixou que tenha publicado somente 4 obras em vida. Escre-
a família em estado de pobreza. Nessa fase, a família veu poesia e prosa em português, inglês e francês,
decide leiloar as mobílias e passam a viver numa casa além de ter trabalhado com traduções e críticas.
mais simples. Sua poesia é repleta de lirismo e subjetividade,
No mesmo ano, nasce seu irmão Jorge, que veio a voltada para a metalinguagem. Os temas explorados
falecer com menos de um ano. Em 1894, com apenas pelo poeta são dos mais variados, embora tenha es-
6 anos, Fernando Pessoa cria seu primeiro heterônimo crito muito sobre sua terra natal, Portugal.
denominado “Chevalier de Pas”.
Nesse período também escreve seu primeiro po- Obras publicadas em Vida
ema intitulado “À Minha Querida Mamã”: • 35 Sonnets (1918)
• Antinous (1918)
Ó terras de Portugal • English Poems, I, II e III (1921)
Ó terras onde eu nasci • Mensagem (1934)
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti. Algumas Obras Póstumas
• Poesias de Fernando Pessoa (1942)
Dessa forma, fica claro que desde pequeno Fer- • A Nova Poesia Portuguesa (1944)
nando possuía uma inclinação para as letras, línguas • Poemas Dramáticos (1952)
e literatura. • Novas Poesias Inéditas (1973)
Em 1895, sua mãe casa-se novamente com o co- • Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pes-
mandante João Miguel Rosa que fora nomeado cônsul soa (1974)
de Portugal em Durban, na África do Sul. Assim, a • Cartas de Amor de Fernando Pessoa (1978)
família passa a viver na África. • Sobre Portugal (1979)
Esse fato refletiu substancialmente na sua for- • Textos de Crítica e de Intervenção (1980)
mação. Isso porque na África recebeu uma educação • Obra Poética de Fernando Pessoa (1986)
inglesa, primeiramente num colégio de freiras da West • Primeiro Fausto (1986)
Street e depois na Durban High School.
Outras perdas familiares vieram refletir no estilo Segue abaixo um de seus poemas mais emble-
de Pessoa. Destacam-se a morte de suas irmãs Mada- máticos do poeta:
lena Henriqueta, que faleceu em 1901, com apenas
3 anos, e Maria Clara, com apenas 2 anos, em 1904. Autopsicografia
Em 1902, já com 14 anos, a família retorna à Lis- O poeta é um fingidor.
boa. Três anos mais tarde, matricula-se na Faculdade Finge tão completamente
de Letras no curso de Filosofia, porém não chega a Que chega a fingir que é dor
concluir o curso. A dor que deveras sente.
Começa a dedicar-se à literatura e a partir de 1915 E os que leem o que escreve,
junta-se a um grupo de intelectuais. Destacam-se os Na dor lida sentem bem,
escritores portugueses modernistas: Mario de Sá-Car- Não as duas que ele teve,
neiro (1890-1916) e Almada Negreiros (1893-1970). Mas só a que eles não têm.
Fundou a “Revista Orfeu” e, em 1916, seu amigo E assim nas calhas de roda
Mário de Sá-Carneiro suicida-se. Em 1921, Pessoa fun- Gira, a entreter a razão,
da a Editora Olisipo, onde publica poemas em inglês. Esse comboio de corda
Em 1924 funda a Revista “Atena”, ao lado de Ruy Que se chama coração.
Vaz e em 1926, trabalha como codiretor da “Revista Heterônimos e Poesias
de Comércio e Contabilidade”. No ano seguinte, passa
a colaborar com a “Revista Presença”.

66
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do
mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constan-
temente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecida-
Ilustração de Fernando Pessoa e seus heterônimos
mente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras
Fernando Pessoa foi um poeta excêntrico, de
e dos seres,
forma que criou inúmeros personagens, os famosos
Com a morte a por umidade nas paredes
Heterônimos.
e cabelos brancos nos homens,
Diferentes dos pseudônimos, eles possuíam vida,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela
data de nascimento, morte, personalidade, mapa as-
estrada de nada.
tral e estilo literário próprio.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Os heterônimos mais importantes de Pessoa são:
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Ricardo Reis
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e
este lado da rua
Recebeu uma educação clássica e se formou em
A fileira de carruagens de um comboio, e uma
medicina. Era considerado um defensor da monar-
partida apitada
quia. Dono de uma linguagem culta e estilo neoclássi-
De dentro da minha cabeça,
co, alguns temas presentes em sua obra são mitologia,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger
morte e vida.
de ossos na ida.
Possuía grande interesse pela cultura latina e he-
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou
lenista. A obra “Odes de Ricardo Reis” foi publicada
e esqueceu.
postumamente, em 1946. Segue abaixo um de seus
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
poemas:
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real
por fora,
Anjos ou Deuses
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa
Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
real por dentro.
A visão perturbada de que acima
Falhei em tudo.
De nos e compelindo-nos
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse
Agem outras presenças.
nada.
Como acima dos gados que há nos campos
A aprendizagem que me deram,
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Alberto Caeiro
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Com uma linguagem simples, direta e temas que
Para onde eles querem e nós não desejamos.
se aproximam da natureza, Alberto Caieiro cursou
apenas a escola primária. Embora ele tenha sido um
Álvaro de Campos
dos mais pro�cuos heterônimos de Fernando Pessoa.
Foi um anti-intelectualista, anti-meta�sico, re-
Foi um engenheiro português que recebeu educa-
jeitando, dessa forma, temas filosóficos, místicos e
ção inglesa. Sua obra, repleta de pessimismo e intimis-
subjetivos. Foi publicada, postumamente, as “Poesias
mo, possui forte influência do simbolismo, decaden-
de Alberto Caeiro” (1946). Segue abaixo um de seus
tismo e futurismo. As “Poesias de Álvaro de Campos”
poemas emblemáticos:
foi publicada postumamente, em 1944. Segue abaixo
um de seus poemas:
O Guardador de Rebanhos
Tabacaria
Eu nunca guardei rebanhos,
Não sou nada.
Mas é como se os guardasse.
Nunca serei nada.
Minha alma é como um pastor,
Não posso querer ser nada.

67
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Conhece o vento e o sol Eu simplesmente sinto
E anda pela mão das Estações Com a imaginação.
A seguir e a olhar. Não uso o coração.
Toda a paz da Natureza sem gente Tudo o que sonho ou passo,
Vem sentar-se a meu lado. O que me falha ou finda,
Mas eu fico triste como um pôr de sol É como que um terraço
Para a nossa imaginação, Sobre outra coisa ainda.
Quando esfria no fundo da planície Essa coisa é que é linda.
E se sente a noite entrada Por isso escrevo em meio
Como uma borboleta pela janela. Do que não está ao pé,
Mas a minha tristeza é sossego Livre do meu enleio,
Porque é natural e justa Sério de que não é.
E é o que deve estar na alma Sentir? Sinta quem lê!
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. ATIVIDADES
Como um ruído de chocalhos Questão 1
Para além da curva da estrada, Embora existam divergências sobre sua estruturação,
Os meus pensamentos são contentes. o Modernismo em Portugal pode ser dividido em:
Só tenho pena de saber que eles são contentes, a) Presencismo, Futurismo, Realismo e Naturalismo.
Porque, se o não soubesse, b) Orfismo, Presencismo, Neorrealismo e Surrealismo.
Em vez de serem contentes e tristes, c) Orfismo, Neorrealismo, Romantismo e Literatura
Seriam alegres e contentes. Contemporânea.
Pensar incomoda como andar à chuva d) Orfismo, Presencismo, Futurismo e Surrealismo.
Quando o vento cresce e parece que chove mais. e) Humanismo, Cubismo, Neorrealismo e Concretis-
Não tenho ambições nem desejos mo.
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho. Questão 2
E se desejo às vezes Sobre o Modernismo português estão corretas as se-
Por imaginar, ser cordeirinho guintes proposições:
(Ou ser o rebanho todo I. O Modernismo em Portugal costuma ser dividido
Para andar espalhado por toda a encosta em duas partes, Orfismo (primeira geração) e Pre-
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo), sencismo (segunda geração), muito embora alguns
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, estudiosos considerem os movimentos neorrealistas
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima e surrealistas como vertentes modernistas.
da luz II. Entre os principais ideais dos presencistas, esta-
E corre um silêncio pela erva fora. vam a busca por uma literatura inovadora influenciada
pelo Futurismo e pelo Cubismo, o rompimento com
Bernardo Soares o passadismo da literatura de caráter histórico e a
retratação do homem e seu espanto de existir.
Considerado um semi-heterônimo, visto que o III. A Revista Presença, publicação literária de maior
poeta projetou nele algumas de suas características, êxito durante os anos do Modernismo, foi responsável
como afirma o próprio Pessoa: por divulgar os ideais do Presencismo, consolidando
“Não sendo a personalidade a minha, é, não di- as conquistas dos escritores que representaram a pri-
ferente da minha, mas uma simples mutilação dela. meira fase do movimento.
Sou eu menos o raciocínio e afectividade”. IV. Surgido em um período de lutas de classes sociais
Bernardo é autor do “Livro dos Desassossegos”, e de crises religiosas, o Modernismo português foi
considerada uma das obras fundadoras da ficção por- marcado por uma literatura cuja linguagem refletia
tuguesa no século XX. os estados de tensão da alma humana e que era per-
Narrada em prosa, trata-se de uma espécie de au- meada pelo rebuscamento e por figuras de linguagem
tobiografia. Na trama, Bernardo Soares é um ajudante de di�cil compreensão.
de guarda-livros em Lisboa, ao lado de Fernando Pes- V. Marcado pelo subjetivismo, nostalgia, melancolia
soa. Segue abaixo um de seus poemas: e combinação de vários gêneros literários, o Moder-
nismo português marcou o fim do Neoclassicismo,
Isto instaurando um novo modo de expressão em Portugal
Dizem que finjo ou minto e em toda a Europa.
Tudo o que escrevo. Não. a) I e III.

68
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
b) Todas estão corretas. Tudo sofre quem o serve.
c) II, IV e V. Luís de Camões. Obra completa.
d) I e II.
e) III e IV. Texto V
As minhas grandes saudades
Questão 3 São do que nunca enlacei.
Estão, entre os principais escritores do modernismo Ai, como eu tenho saudades
português (do Orfismo ao Surrealismo): Dos sonhos que nunca sonhei!...
a) Eça de Queiros, Antero de Quental, Florbela Espan- Mário de Sá-Carneiro. Poesias.
ca e Fernando Pessoa. Assinale a alternativa que contém textos de autoria
b) José Saramago, Graciliano Ramos, Eugênio de Cas- de poetas do Modernismo português.
tro e Euclides da Cunha. a) I e V.
c) Fernando Pessoa, José Régio, Fernando Namora e b) II e III.
Alexandre O’Neill c) III e IV.
d) Sophia de Mello Breyner Andresen, Camilo Castelo d) III e V.
Branco, Mário de Sá-Carneiro e Cesário Verde. e) IV e V.
e) Almeida Garre�, Júlio Dinis, José Agostinho de Ma-
cedo e Miguel Torga.

Questão 4 (UNIFESP)
Considere os fragmentos a seguir.

Texto I
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
Luís de Camões. Ao longo do sereno.

Texto II
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
Aires Nunes. In: Nunes, J.J., Crestomatia arcaica.

Texto III
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Fernando Pessoa. Obra poética.

Texto IV
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
Mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,

69
Ciências da
Natureza e suas
Tecnologias
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
BIOLOGIA Os fenômenos naturais são decorrentes de leis,
elementos e processos que regem o mundo natural,
CAPÍTULO 1 independentemente do ser humano . No entanto, este
FENÔMENOS NATURAIS último os afeta através da manipulação e adulteração
E AÇÕES ANTRÓPICAS do meio ambiente (contaminação).
Por isso, de certa forma, nem sempre é fácil traçar
a linha entre fenômenos completamente naturais e
Habilidade específica fenômenos nos quais o ser humano tem parte da res-
(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos ponsabilidade . Além disso, os fenômenos naturais
e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e podem ter impactos positivos ou negativos na vida hu-
da interferência humana sobre esses ciclos para mana.
promover ações individuais e/ ou coletivas que mi-
nimizem consequências nocivas à vida. Classificação dos fenômenos naturais

Objetivos de aprendizagem Geralmente, os fenômenos naturais são classifi-


(GO-EMCNT105C) Interpretar os efeitos de fenô- cados de acordo com o campo específico da nature-
menos naturais (efeito estufa, ciclos hídricos, su- za em que ocorrem, da seguinte forma:
cessões ecológicas, cadeias alimentares) e ações • Fenômenos astronômicos. Aqueles que ocor-
antrópicas, (queimadas, desmatamento, produção rem no espaço sideral do planeta , como as
e descarte de resíduos, caça) que geram desequi- chuvas de estrelas e eclipses (figura 1) (eclipses
líbrios na natureza (desertificação, chuva ácida, solares ou eclipses lunares).
poluição, aquecimento global, extinções entre
Figura 1. Último eclipse solar ocorrido em 25 de outubro de 2022.
outros), considerando a dinâmica de ciclagem dos
elementos químicos e políticas públicas de preser-
vação do meio ambiente para desenvolver ações
locais que visem à conscientização da comunidade
quanto às questões ambientais.

(GO-EMCNT105E) Discutir ações antrópicas que ge-


ram efeitos nocivos aos ecossistemas, promovendo
um senso crítico sobre o uso de recursos como gás Fonte: h�ps://www.tecmundo.com.br/ciencia/253373-veja-ima-
gens-ultimo-eclipse-solar-2022.htm. Acesso em 06 mar 2023.
natural, combus�veis fósseis, metais pesados, mi-
nérios, entre outros para valorizar ações e políticas
• Fenômenos atmosféricos . Aquelas que ocor-
públicas voltadas à preservação do meio ambiente.
rem na camada de gás que cobre a super�cie
do planeta, seja nas camadas mais próximas
Objetos de conhecimento
(como o vento) ou nas camadas superiores
• Fenômenos naturais e ações antrópicas
(como a camada de ozônio).
• Estresse ambiental • Fenômenos geológicos. Aqueles que têm a ver
• Ecossistemas e preservação ambiental com o movimento das placas tectônicas , ativi-
dade vulcânica e outros processos internos na
Descritores Saeb super�cie do planeta. Um exemplo disso são
• Identificar a ocorrência dos diferentes ciclos bio- os terremotos.
geoquímicos. • Fenômenos hidrológicos. Aquelas que se rela-
• Identificar o efeito estufa como condição neces- cionam com a água em seus diferentes lugares,
sária à existência da vida no planeta. facetas e rotas, desde simples chuva até ma-
rés oceânicas.
• Fenômenos biológicos. Também chamados de
Fenômenos naturais ecológicos, são aqueles que dizem respeito a
outras espécies de seres vivos , excluindo os
Um fenômeno natural é um evento de mudança seres humanos, sejam eles animais , plantas
que ocorre na natureza , em cuja origem o ser huma- ou outros tipos. Extinções, migrações (figura
no pouco ou nada tem a ver com isso. Isso pode variar 2) , são exemplos possíveis disso.
de um evento recorrente do dia a dia a um fortuito,
surpreendente ou catastrófico. Neste último caso, o
termo desastre natural também pode ser usado .

72
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 2. A migração dos gnus na Tanzânia, um dos mais espeta- Ações antrópicas
culares eventos da natureza.
Ação antrópica diz respeito à ação realizada pelo
homem. Esse termo ganhou visibilidade quando a
ação do homem tornou-se tema de discussões acer-
ca das intensas alterações que o meio ambiente tem
sofrido. Essas modificações preocupam estudiosos e
defensores da natureza, posto que o mundo tem dado
sinais de que não aguentará por muito tempo. Vivemos
tempos em que as catástrofes naturais, intensificadas
pela ação antrópica, tornam-se cada vez mais frequen-
tes em todo o planeta, causando danos irreparáveis,
como o agravamento do aquecimento global por causa
das emissões de gases poluentes na atmosfera.
Fonte: h�ps://img.freepik.com/fotos-gratis/migracao-de-gnus- É válido ressaltar que nem toda ação antrópica
-e-zebras-no-parque-nacional-do-serengeti_151388-745.jpg?si-
ze=626&ext=jpg. Acesso em 06 mar 2023.
é negativa e que a palavra “impacto” não se refere
apenas a alterações que provocam problemas no meio
Exemplos de fenômenos naturais ambiente. O termo impacto refere-se às modificações
produzidas no meio ambiente, as quais podem ser
São vários os exemplos de fenômenos naturais: consideradas positivas ou negativas.
chuva, ventos, estações, plantas com flores , tempo-
radas de tempestade, marés oceânicas ou meteoritos. Ações antrópicas negativas
Estes são exemplos perfeitos de fenômenos naturais
que ocorrem diariamente em nosso planeta e que As alterações feitas pelo homem no meio ambien-
muitas vezes passam despercebidos. te intensificaram-se bastante nos últimos tempos. Foi
Em outros casos, porém, tendem a despertar a partir da Revolução Industrial que o cenário mundial
nosso interesse ou fascínio, como no caso das lu- se alterou de maneira significativa. O modo de pro-
zes do norte ou das longas migrações de animais dução capitalista, voltado para o alcance máximo de
através de grandes territórios. lucros e produção em massa, mudou a maneira de
viver e pensar da sociedade, estimulando cada vez
Desastres naturais mais os impactos socioambientais (figura 4).

Os desastres naturais, como já apresentado, são Figura 4.No Chile, o deserto do Atacama abriga lixão tóxico da
moda descartável do primeiro mundo.
fenômenos naturais dramáticos que têm um impacto
violento e negativo na vida humana , podendo causar
perdas humanas e materiais. Alguns são mais previsí-
veis do que outros e alguns são mais fáceis de resistir,
mas em geral podem ser de natureza muito variada.
Alguns exemplos de desastres naturais são terre-
motos (figura 3) erupções vulcânicas , furacões, tem-
pestades tropicais, inundações ou secas e impactos
de meteoritos , como o que causou a extinção dos
dinossauros há milhões de anos.

Figura 3. Consequências de um terremoto ocorrido na Turquia


no ano de 2020.

Fonte: h�ps://www.radiopampa.com.br/wp-content/uplo-
ads/2021/11/chile.jpg. Acesso em 06 mar 2023.

O consumo desenfreado da população resultou


na necessidade de maior obtenção de matéria-pri-
ma para as produções industriais. Sendo assim, ações
como desmatamento, lançamento de esgotos indus-
triais em rios, lagos e mares, empobrecimento do solo
pelo uso de agrotóxicos, poluição atmosférica, entre
Fonte: h�ps://static.americadigital.com/wp-content/uploads/ outras, têm devastado o meio ambiente e provocado
2020/01/FotoJet-24.jpg. Acesso em 06 mar 2023. o seu esgotamento.

73
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O uso desenfreado e inconsciente dos recursos Momento Enem
naturais é frequentemente debatido, haja vista a gra-
vidade dos problemas que já assolam a humanida- Questão 01
de e que provavelmente se intensificarão no futuro. (ENEM 2013)
Questões como o aumento da temperatura causado
pelo desflorestamento, inundações nas áreas urbanas,
seca extrema em diversas regiões do mundo, extinção
de espécies da fauna e da flora, poluição de mares e
rios, agravamento do efeito estufa, entre outras, já
são sentidas pela nossa sociedade.
Tendo em vista os impactos ambientais negati-
vos provocados pela ação antrópica, é válido destacar
aqueles que são bastantes discutidos e preocupantes:

→ Chuva ácida

A chuva ácida é um tipo de chuva no qual há a No esquema, o problema atmosférico relacionado


presença de ácido sulfúrico, decorrente da reação de ao ciclo da água acentuou-se após as revoluções
go�culas de água existentes na atmosfera com dióxido industriais. Uma consequência direta desse pro-
de enxofre e dióxido de nitrogênio emitidos por meio blema está na
da combustão de combus�veis fósseis. Toda chuva (A) redução da flora.
possui um grau de acidez, possuindo pH em torno de (B) elevação das marés.
5,6, o que não prejudica o meio ambiente. Quando (C) erosão das encostas.
esse pH se encontra abaixo de 4,5, há um problema. (D) laterização dos solos.
A chuva ácida é um dos principais problemas at- (E) fragmentação das rochas.
mosféricos relacionados à atividade humana. O uso de
combus�veis fósseis é uma das principais ações antrópi- → Destruição da camada de ozônio
cas que desencadeiam as chuvas ácidas. Usados comu-
mente nas indústrias, nos veículos e em termoelétricas, A camada de ozônio desempenha um importante
esses combus�veis passam por um processo de com- papel na manutenção da vida no nosso planeta: ela
bustão, que libera os gases responsáveis pela formação é responsável por reter cerca de 95% dos raios ultra-
de chuva ácida (figura 5). Os principais problemas rela- violetas emitidos pelo Sol à Terra. Esses raios, quando
cionados a esse tipo de precipitação são o desequilíbrio atingem a super�cie terrestre, podem desencadear
dos ecossistemas, danos às plantações, contaminação
problemas de saúde no homem, como aumento dos
de lençóis freáticos e danos à saúde humana, pois pro-
casos de câncer e catarata, afetar o desenvolvimento
voca problemas como a asma e a bronquite.
de outros seres vivos e, também, provocar o aumento
Figura 5.A chuva ácida é caracterizada por um pH abaixo de 5,5. da temperatura da Terra, gerando um desequilíbrio
Ela é causada por óxidos de enxofre provenientes das impurezas climático.
da queima dos combus�veis fósseis e pelo nitrogênio do ar, que A destruição da camada de ozônio ocorre em vir-
se combinam com o oxigênio e formam dióxido de nitrogênio. tude da emissão de alguns gases à atmosfera pelo
Estes se difundem pela atmosfera e reagem com a água para
formar ácido sulfúrico e ácido nítrico, que são solúveis em água. homem. Os principais gases lançados à atmosfera que
provocam danos à camada de ozônio estão presentes
em itens como sprays aerossóis, em compressores
para refrigeração doméstica (geladeira, por exemplo)
e aparelhos de ar-condicionado. O principal gás é o
clorofluorcarboneto (CFC), utilizado ao longo de mui-
tas décadas. As moléculas de cloro presente nesse
gás são capazes de se fixar às moléculas de ozônio,
ocasionando a sua destruição.

→ Agravamento do efeito estufa

O efeito estufa é o fenômeno responsável pela


manutenção da temperatura da Terra. É por meio dele
que se mantém a temperatura ideal no nosso planeta.
Fonte: h�ps://i.pinimg.com/564x/d8/60/35/d86035311f96ee- Contudo, a emissão excessiva de gás carbônico (prin-
6b766af6f85009f116.jpg. Acesso em 06 mar 2023. cipal gás responsável pelo aquecimento anormal da

74
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Terra), por exemplo, por meio de algumas atividades registros da ação humana sobre o efeito estufa.
humanas, como a produção de energia, tem aumen- Há oito mil anos, houve uma súbita elevação da
tado a temperatura do planeta de forma anormal. A quantidade de CO2 na atmosfera terrestre. Nesse
presença dos chamados “gases-estufa” na atmosfera mesmo período, agricultores da Europa e da China
permite a entrada de radiação, mas impede a libera- já dominavam o fogo e haviam domesticado cães e
ção do calor, que se aprisiona próximo da super�cie. ovelhas. A atividade humana da época com maior
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mu- impacto sobre a organização social e sobre o am-
danças Climáticas (IPCC), as alterações humanas no biente foi o começo do plantio de trigo, cevada,
meio ambiente têm provocado mudanças climáti- ervilha e outros vegetais. Esse plantio passou a exi-
cas em todo o mundo . A Terra está mais quente, e gir áreas de terreno livre de sua vegetação original,
esse fato está relacionado a ações antrópicas como providenciadas pelos inúmeros grupos humanos
a emissão de gases do efeito estufa à atmosfera e nessas regiões com métodos elementares de pre-
o desmatamento excessivo para fins agropecuários. paro do solo, ainda hoje, usados e condenados,
Os efeitos das mudanças climáticas já são conside- em razão dos problemas ambientais decorrentes.
rados irreversíveis. Segundo o Programa das Nações Aquecimento global e a nova geografia de produção
Unidas para o Meio Ambiente (Inpe), a temperatura no Brasil.
da Terra aumentou cerca de 0,4 °C. A dinâmica das Disponível em: <h�p://www.embrapa.br/publicacoes/tecni-
co/aquecimentoglobal.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2009. (Com
chuvas e ventos já foi alterada, as calotas polares estão
adaptações).
derretendo, e o nível dos oceanos está aumentan-
do (figura 6). É necessário reduzir a emissão de gás
Segundo a hipótese levantada pela pesquisa so-
carbônico por intermédio da utilização de fontes de
bre as primeiras atividades humanas organizadas,
obtenção de energia alternativas e procurar promover
o impacto ambiental mencionado foi decorrente
hábitos que proporcionem um modo de vida mais
(A) da manipulação de alimentos cujo cozimento
sustentável, como reduzir o uso de veículos e evitar
e consumo liberavam grandes quantidades de
a retirada da vegetação nas áreas urbanas.
calor e gás carbônico.
Figura 6. Concentração de gelo no Ártico em 2018. A linha amarela
(B) da queima ou da deterioração das árvores der-
indica a posição média da extensão de gelo entre 1981 e 2010. rubadas para o plantio, que contribuíram para
Fonte: NOAA. a liberação de gás carbônico e poluentes em
proporções significativas.
(C) do início da domesticação de animais no perí-
odo mencionado, a qual contribuiu para uma
forte elevação das emissões de gás metano.
(D) da derrubada de árvores para a fabricação de
casas e móveis, que representou o principal fa-
tor de liberação de gás carbônico na atmosfera
naquele período.
(E) do incremento na fabricação de cerâmicas que,
naquele período, contribuiu para a liberação de
material particulado na atmosfera.

Ações antrópicas positiva

É fundamental que o modelo de desenvolvimento


Fonte: h�ps://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2020/07/
aumento-nivel-mar.jpg. Acesso em 06 mar 2023. socioeconômico vigente, que visa a explorar ao máxi-
mo os recursos da natureza, seja substituído por um
Momento Enem modelo de desenvolvimento que tenha como meta
a redução dos impactos negativos sobre o meio am-
Questão 02 biente. Uma das possibilidades seria a substituição
(ENEM 2019) O efeito estufa não é fenômeno re- da matriz energética baseada no uso de combus�-
cente e, muito menos, naturalmente maléfico. Al- veis fósseis por fontes de energia alternativas, como
guns dos gases que o provocam funcionam como a energia solar e eólica. A população deve também
uma capa protetora que impede a dispersão total mudar seus hábitos e fazer uso consciente dos recur-
do calor e garante o equilíbrio da temperatura na sos naturais, evitando desperdício de recursos como a
Terra. Cientistas americanos da Universidade da água, energia e alimentos, bem como usar produtos
Virgínia alegam ter descoberto um dos primeiros biodegradáveis.

75
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplos de ações antrópicas positivas: tecnologias energéticas limpas. A comercialização
• Coleta seletiva internacional de créditos de sequestro ou de re-
• Reflorestamento de áreas que foram desmata- dução de gases causadores do efeito estufa foi a
das solução encontrada para reduzir o custo global do
• Reciclagem do lixo processo. Países ou empresas que conseguirem re-
• Uso de fontes renováveis de energia duzir as emissões abaixo de suas metas poderão
• Preservação da biodiversidade vender este crédito para outro país ou empresa
• Estabelecer leis de conservação do meio am- que não consiga.
biente BECKER, B. AMAZÔNIA: geopolítica na virada do II milênio.
Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
• Não poluição de rios, lagos e mares
• Incentivo de políticas ambientais
• Recuperação de matas ciliares As posições contrárias à estratégia de compensação
• Uso de filtros nas indústrias para diminuir a presente no texto relacionam-se à ideia de que ela
emissão de gases tóxicos promove
• Uso consciente dos recursos hídricos e de energia. (A) retração nos atuais níveis de consumo.
(B) surgimento de conflitos de caráter diplomático.
Preservação do meio ambiente (C) diminuição dos lucros na produção de energia.
(D) desigualdade na distribuição do impacto eco-
A questão ambiental tem sido constantemente lógico.
debatida, e a conclusão é que os países precisam re- (E) decréscimo dos Índices de desenvolvimento
forçar políticas que assegurem a preservação do meio econômico.
ambiente. Estabelecer metas e acordos é fundamental
para que a sociedade passe a usar os recursos naturais Recursos naturais e desenvolvimento sustentável
de maneira sustentável. Debates sobre a problemática
ambiental ganharam força a partir da década de 1960, A expressão desenvolvimento sustentável conhe-
período em que as catástrofes naturais intensificaram- ceu a sua popularidade a partir do início dos anos 1990
-se em todo o mundo, o que provocou o despertar de e refere-se ao uso dos recursos naturais de forma a
uma consciência para o desenvolvimento sustentável. não esgotá-los, mantendo ou renovando os ciclos de
No ano de 1972, aconteceu na Suécia a Primei- reposição. No âmbito desse entendimento, conside-
ra Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente. Em ra-se que o homem deve preservar (proteger, manter
1987, o conceito de desenvolvimento sustentável resguardada) e conservar (utilizar racionalmente, re-
foi apresentado por meio do relatório Nosso Futuro novar) a natureza.
Comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Para entender as principais questões concernen-
Meio Ambiente por meio da Organização das Nações tes ao desenvolvimento sustentável, é preciso, pois,
Unidas (ONU). Esse relatório tinha como principal ob- que se tenha uma compreensão sobre os tipos e as
jetivo expor as principais mudanças necessárias para formas de uso dos recursos naturais, isto é, os ele-
que o desenvolvimento econômico e a exploração mentos da natureza que são utilizados pelo homem
dos recursos naturais ocorressem de forma que não para a manutenção de sua existência. Eles são comu-
prejudicassem o suprimento das gerações futuras. O mente divididos em recursos renováveis e recursos
desenvolvimento sustentável sugere que o suprimen- não renováveis.
to das necessidades da sociedade não deve compro-
meter a geração futura. Portanto, é necessário que Figura 7. São exemplos de recursos naturais renováveis: a luz solar,
os recursos naturais sejam repostos na natureza e que os vegetais, o vento.
se modifiquem os padrões de consumo da sociedade.

Momento Enem

Questão 3
(ENEM 2016) Segundo a Conferência de Quioto, os
países centrais industrializados, responsáveis his-
tóricos pela poluição, deveriam alcançar a meta
de redução de 5,2% do total de emissões segundo
níveis de 1990. O nó da questão é o enorme custo
desse processo, demandando mudanças radicais
nas indústrias para que se adaptem rapidamente Fonte: h�ps://static.escolakids.uol.com.br/2019/07/recursos-na-
aos limites de emissão estabelecidos e adotem turais-renovaveis.jpg. Acesso em 06 mar 2023.

76
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Recursos renováveis (figura 7) são aqueles ele- tornarem adultas e oferecerem nutrientes, frutos e
mentos que são repostos ou que podem ser reapro- alimentos para a natureza. Nesse meio tempo, muitos
veitados ou revitalizados após o seu uso. Exemplos: ar, prejuízos podem ser causados à natureza. Por esse
água, solos, vegetações. Todos esses exemplos são de motivo, pensar em sustentabilidade é ir além do fa-
elementos que se renovam naturalmente ou através moso discurso do “plantar duas árvores a cada uma
da ação humana (como no caso das vegetações que que for derrubada”.
se renovam através do reflorestamento). Dessa forma, pensar em desenvolvimento sus-
Recursos não renováveis (figura 8) são aqueles em tentável é pensar em mais do que simplesmente não
que não possibilidade de renovação em um período utilizar os recursos não renováveis em detrimento
de curto ou médio prazo. Exemplo: petróleo, minérios, dos renováveis. Uma economia sustentável, para ser
entre outros. operada, requer o conservacionismo dos elementos
da natureza, minimizando os seus impactos sem, no
Figura 8. O gás natura, o carvão mineral e o petróleo são exemplos entanto, deixar de atender às necessidades básicas
de recursos naturais não renováveis.
da população.
Outro ponto importante é a redução do consumo.
Estudos apontam que se toda a população do planeta
seguisse os padrões norte-americanos de consumo, a
humanidade precisaria de mais dois planetas e meio!
Por isso, não é possível pensar em desenvolvimento
sustentável sem considerar a redução dos excessos
consumistas, bem como a realização de uma distri-
buição de riquezas, que minimizem casos de desigual-
dade no acesso às riquezas produzidas pela natureza.

ATIVIDADES

Fonte: h�ps://th.bing.com/th/id/R.f6e2df52080cf0230e8e3e- Atividade 01 –


d1b9cae911?rik=epaWQ3tc7fvv1g&riu=h�p%3a%2f%2fnextews. Faça uma pesquisa sobre terremotos, considerando,
com%2fimages%2fee%2f78%2fee782d7d7db90ec7.jpg&ehk=o-
sobre este assunto, os seguintes tópicos:
EMminYWthnQVG4Zh664YzXuFzb7SxxhvSNQKpwWwoo%3d&ris-
l=&pid=ImgRaw&r=0. Acesso em 06 mar 2023. • Causas;
• Intensidade;
Assim, em tese, para manter um uso racional dos • Consequências ;
recursos oferecidos pela natureza, é necessário uti- • Ocorrências no Brasil e no mundo;
lizar-se mais dos recursos renováveis e menos dos • Diferença entre terremotos e maremotos.
recursos não renováveis. No entanto, a questão não
é tão simples assim. Atividade 02 –
É preciso compreender, primeiramente, que os Responda à questão a seguir.
recursos renováveis não são necessariamente durá-
veis por longos períodos do tempo, isto é, sua dis- (FGV-RIO) Os terremotos, os vulcões e a formação
ponibilidade poderá se extinguir, principalmente se de montanhas são atividades geológicas de enorme
não houver um sistema de conservação ou de pre- importância que ocorrem na Terra. Observe no mapa a
servação. Por isso, torna-se importante a adoção de localização das zonas sísmicas e dos principais vulcões.
medidas para minimizar os impactos da exploração
da natureza.
Além disso, é preciso considerar as questões qua-
litativas dos processos de renovação da natureza. Por
exemplo, uma floresta rica em nutrientes que foi des-
matada para a utilização de sua madeira na fabricação
de móveis pode ser reflorestada, dando origem a uma
nova floresta pobre em nutrientes e com baixo índice
de diversidade, causando prejuízos ao ecossistema ao
qual ela pertence.
É preciso lembrar também da importância do
tempo nos processos de renovação dos recursos na-
turais. Algumas espécies de vegetais, considerando o IBGE. Atlas Geográfico Escolar. IBGE: Rio de Janeiro, 2010, pág.
exemplo acima citado, demoram vários anos para se 103.

77
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Com base nesse mapa e em seus conhecimentos, o b) O que é desenvolvimento sustentável e como de
que é CORRETO afirmar? fato pode ser praticado?
(A) Somente o movimento de separação das placas
tectônicas causa terremotos. Atividade 05 – Prática
(B) Somente o movimento de separação das placas Os principais óxidos que tornam a chuva ácida são
tectônicas causa vulcanismo. os óxidos de enxofre (SO2 e SO3), que podem vir de
(C) Em sua maioria, as zonas sísmicas e os vulcões diversas fontes, tais como erupções vulcânicas e
localizam-se no centro das placas tectônicas. decomposição de restos de animais e vegetais. No
(D) Em sua maioria, as zonas de intensa atividade entanto, a concentração desses gases na atmosfera
sísmica e os vulcões localizam-se nas bordas das está atingindo níveis alarmantes porque a combustão
placas tectônicas. de uma grande quantidade de combus�veis fósseis
(E) As zonas de intensa atividade sísmica se distri- libera enxofre na forma de seus óxidos. Por exemplo,
buem de forma aleatória, sem relação evidente os combus�veis fósseis usados em indústrias, como
com o movimento das placas tectônicas. o carvão mineral; e em automóveis, como derivados
do petróleo, principalmente o óleo diesel.
Atividade 03 – O dióxido de enxofre pode reagir com o oxigênio do
Responda à questão a seguir. ar e se transformar no trióxido de enxofre, que se
A chuva ácida é produzida quando gotas de chuva dissolve na água da chuva tornando-se ácido sulfúrico:
absorvem o dióxido de carbono (CO2) presente na
atmosfera originando ácido carbônico (H2CO3), con- S(s) + O2(g) → SO2(g)
forme a equação: SO2(g) + H2O(l)→ HSO3(aq) (Ácido sulfuroso)
SO2(g)+ ½ O2(g) → SO3(g)
H2O + CO2 →H2CO3 SO3(g) + H2O(l)→ H2SO4(aq) (Ácido sulfúrico)

A chuva ácida possui pH menor que 5,6 e por essa Objetivo: demonstrar o processo de formação da chu-
razão se torna capaz de corroer até mesmo pedras va ácida, simulando sua formação a partir da reação
mais resistentes, como o mármore. A imagem abaixo entre compostos de enxofre e gás oxigênio, na pre-
traz uma estátua danificada pela exposição à acidez sença de água (com indicador fenol�aleína).
da chuva.
Materiais e Reagente:
• Pote de vidro com tampa;
• Palitos de fósforo;
• Fenol�aleína;
• Água;
• Hidróxido de sódio (solução de soda cáustica) ou
hidróxido de amônio (solução de amônia, amoní-
aco).

Procedimento:
1. Coloque água no pote de vidro até aproximada-
mente um quinto da sua altura;
2. Adicione algumas gotas do indicador fenol�aleína;
O que provocou os estragos na estátua foi um ácido 3. Acrescente algumas gotas de solução de amônia
produzido pela reação da chuva com óxidos contendo até que a solução mude de cor;
enxofre. Opte pelo nome e fórmula corretos para tal 4. Acenda um palito de fósforo dentro do frasco e
ácido. deixe a cabeça do fósforo queimar toda;
(A) ácido sulfuroso (H2SO) 5. Retire rapidamente o palito de fósforo de dentro
(B) ácido sulfúrico (H2SO4) do frasco e tampe-o;
(C) ácido sulfúrico (H2SO3) 6. Agite o frasco;
(D) ácido sulfuroso (H2SO4) 7. Observe o que ocorre.
(E) ácido carbônico (H2CO3)
Resultados e discussão
Atividade 04 – Elabore um relatório de atividade prática e em seguida
Responda: responda às seguintes questões:
a) Diferencie recursos naturais renováveis e não re- a) Qual os papeis do hidróxido de sódio, do hidróxido
nováveis. Cite exemplos. de amônio e da fenol�aleína neste sistema?

78
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) O que há no palito de fósforo que influencia 3. nas CAPÍTULO 2
reações que se seguem à sua queima? MICRORGANISMOS
c) Por que o líquido muda de cor?

Saiba + Habilidade específica


Para saber como elaborar um relatório de aula prá- (EM13CNT202) Analisar as diversas formas de
tica acesse o artigo disponível no link da referência manifestação da vida em seus diferentes níveis de
a seguir. organização, bem como as condições ambientais
SANTOS, Vanessa dos. Como elaborar relatórios favoráveis e os fatores limitantes a elas, com ou sem
de aula prática? Canal do Educação UOL. Disponí- o uso de dispositivos e aplicativos digitais
vel em h�ps://educador.brasilescola.uol.com.br/
estrategias-ensino/experimento-como-demons- Objetivo de aprendizagem
tracao-chuva-Acida.htm. Acesso em 07 mar 2023. (GO-EMCNT202D) Identificar estruturas de vírus,
bactérias, protozoários e fungos, com uso ou não
Bibliografia consultada: de dispositivos tecnológicos, analógicos ou digitais
para relacionar seus ciclos de vida às suas impor-
Conceitosdomundo.pt. Fenômenos naturais - concei- tâncias médica, ecológica, industrial, farmacêutica
to, causas, classificação e exemplos. Disponível em: dentre outras.
h�ps://conceitosdomundo.pt/fenomenos-naturais/.
Acesso em 17 fev 2023. Objeto de conhecimento
• Microrganismos
SOUZA, Rafaela. Ação antrópica. PrePara ENEM. Dis-
ponível em h�ps://www.preparaenem.com/geogra- Descritor Saeb
fia/acao-antropica.htm. Acesso em 17 fev 2023. • Conhecer as características que definem um ser
vivo.
PENA, Rodolfo F. Alves. Recursos naturais e desen-
volvimento sustentável. Preparaenem.com. Dispo-
nível em h�ps://www.preparaenem.com/geografia/ Neste capítulo você irá estudar os microrganis-
recursos-naturais-desenvolvimento-sustentavel.htm. mos, que são seres vivos de tamanho pequeno, cujas
Acesso em 17 fev 2023. dimensões não permitem que sejam observados a
olho nu pelo homem. Assim, eles só podem ser visu-
MATIAS, Átila. “Terremotos”; Brasil Escola. Disponível alizados ao microscópio.
em: h�ps://brasilescola.uol.com.br/geografia/terre- O ramo da Biologia que estuda os microrganismos
motos.htm. Acesso em 07 de março de 2023. é a microbiologia.
A palavra microbiologia, deriva da combinação das
FOGAÇA, Jennifer. Experimento como Demonstração palavras gregas mikros, “pequeno”, bios e logos “estu-
da Chuva Ácida. Canal do Educador UOL. Disponível do da vida”. Dessa forma, o estudo da microbiologia
em: h�ps://educador.brasilescola.uol.com.br/estrate- abrange a identificação, forma, modo de vida, fisio-
gias-ensino/experimento-como-demonstracao-chu- logia e metabolismo dos microrganismos, além das
va-Acida.htm. Acesso em 07 mar 2023. suas relações com o meio ambiente e outras espécies.

Saiba +
Áreas de estudo da microbiologia
A microbiologia abrange uma área de estudo am-
pla, podendo ser fonte de diferentes pesquisas.
Os campos de atuação que a microbiologia pode
atuar são:
• Microbiologia médica: tem como foco de estu-
do os microrganismos patogênicos. Sua atuação
está diretamente ligada ao controle e prevenção
de doenças, estando assim relacionada à imuno-
logia.
• Microbiologia farmacêutica: tem como obje-
tivo o estudo dos microrganismos que podem
contribuir com a produção de medicamentos,
especialmente antibióticos.

79
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
• Microbiologia ambiental: tem como foco de es- Existem cerca de 3.600 tipos de vírus, destes
tudo as bactérias e fungos que atuam na decom- apenas alguns são patogênicos e causam doenças ao
posição de matéria orgânica e dos elementos homem. Alguns exemplos são: gripe, sarampo, febre
químicos da natureza. Está relacionada aos ciclos amarela, meningite, caxumba, hepatite, aids e varíola.
biogeoquímicos.
• Microbiologia de alimentos: tem como objetivo Características dos vírus
estudar os microrganismos envolvidos na indús-
tria alimen�cia, especialmente no controle da Os vírus são seres muito simples e pequenos (me-
produção e industrialização dos alimentos. dem menos de 0,2 µm), formados basicamente por
• Microbiologia microbiana: tem como foco os uma cápsula proteica envolvendo o material genético,
processos que envolvem manipulação genética que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA,
e molecular dos microrganismos. RNA ou os dois juntos (citomegalovírus).
A palavra vírus vem do Latim vírus que significa
De modo geral, os microrganismos contribuem fluído venenoso ou toxina. Atualmente é utilizada
na fertilização do solo, reciclagem de substâncias e para descrever os vírus biológicos, além de designar,
participam de ciclos biogeoquímicos. Ainda podem metaforicamente, qualquer coisa que se reproduza
ser usados na fabricação de produtos como iogurte,
de forma parasitária, como ideias. O termo vírus de
vinhos, queijos, vinagres e pães.
computador nasceu por analogia. A palavra vírion ou
Existem ainda os microrganismos patogênicos
víron é usada para se referir a uma única par�cula viral
que causam doenças em seres humanos, animais e
que estiver fora da célula hospedeira.
plantas.
Vírus é uma par�cula basicamente proteica que
pode infectar organismos vivos. Vírus são parasitas
Grupos de microrganismos
obrigatórios do interior celular e isso significa que eles
somente se reproduzem pela invasão e possessão do
Os principais grupos de microrganismos são: vírus,
controle da maquinaria de autorreprodução celular.
bactérias, protozoários, algas e fungos.
O termo vírus geralmente refere-se às par�culas que
Vírus infectam eucariontes (organismos cujas células têm
carioteca), enquanto o termo bacteriófago ou fago é
Os vírus são organismos microscópicos que não utilizado para descrever aqueles que infectam proca-
possuem células. Por isso, são considerados parasitas riontes (domínios Bacteria e Archaea).
intracelulares (figura 9). Tipicamente, estas par�culas carregam uma pe-
Os vírus só conseguem realizar suas atividades quena quantidade de ácido nucleico (seja DNA ou
vitais dentro de outra célula viva. RNA, ou os dois) sempre envolto por uma cápsula
proteica denominada capsídeo (figura 10). As pro-
Figura 9. Tipos de vírus. teínas que compõe o capsídeo são específicas para
cada tipo de vírus. O capsídeo mais o ácido nucleico
que ele envolve são denominados nucleocapsídeo.
Alguns vírus são formados apenas pelo núcleo capsí-
deo, outros, no entanto, possuem um envoltório ou
envelope externo ao nucleocapsídeo. Esses vírus são
denominados vírus encapsulados ou envelopados.
O envelope (figura 10) consiste principalmente
em duas camadas de lipídios derivadas da membrana
plasmática da célula hospedeira e em moléculas de
proteínas virais, específicas para cada tipo de vírus,
imersas nas camadas de lipídios.
São as moléculas de proteínas virais (glicoproteí-
nas – figura 10) que determinam qual tipo de célula o
vírus irá infectar. Geralmente, o grupo de células que
um tipo de vírus infecta é bastante restrito. Existem
vírus que infectam apenas bactérias, denominadas
bacteriófagos, os que infectam apenas fungos, deno-
Fonte: h�ps://st3.depositphotos.com/1001335/35078/i/450/ minados micófagos; os que infectam as plantas e os
depositphotos_350784296-stock-photo-different-virus-white-
-background-illustration.jpg. Acesso em 09 março 2022.
que infectam os animais, denominados, respectiva-
mente, vírus de plantas e vírus de animais.

80
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Os vírus não são constituídos por células, embora (C) Investimento da indústria em equipamentos de
dependam delas para a sua multiplicação. Alguns vírus proteção individual.
possuem enzimas. Por exemplo o HIV tem a enzima (D) Produção de vacinas que evitam a infecção das
Transcriptase reversa (figura 10) que faz com que o células hospedeiras.
processo de Transcrição reversa seja realizado (forma- (E) Desenvolvimento de antirretrovirais que difi-
ção de DNA a partir do RNA viral). Esse processo de se cultam a reprodução desses vírus.
formar DNA a partir de RNA viral é denominado retro-
transcrição, o que deu o nome retrovírus aos vírus que Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios: a
realizam esse processo. Os outros vírus que possuem falta de hialoplasma e ribossomos impede que eles
DNA fazem o processo de transcrição (passagem da tenham metabolismo próprio. Assim, para executar o
linguagem de DNA para RNA) e só depois a tradução. seu ciclo de vida, o vírus precisa de um ambiente que
Estes últimos vírus são designados de adenovírus. tenha esses componentes. Esse ambiente precisa ser
o interior de uma célula que, contendo ribossomos e
Figura 10. Estrutura de um retrovírus. outras substâncias, efetuará a síntese das proteínas
dos vírus e, simultaneamente, permitirá que ocorra
a multiplicação do material genético viral.
Em muitos casos os vírus modificam o metabolis-
mo da célula que parasitam, podendo provocar a sua
degeneração e morte. Para isso, é preciso que o vírus
inicialmente entre na célula: muitas vezes ele adere
à parede da célula e “injeta” o seu material genético
ou então entra na célula por englobamento - por um
processo que lembra a fagocitose, a célula “engole”
o vírus e o introduz no seu interior.

Saiba +
Vírus, seres vivos ou não?
Vírus não têm qualquer atividade metabólica quan-
do fora da célula hospedeira: eles não podem cap-
tar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer
atividade biossintética. Eles obviamente se repro-
duzem, mas diferentemente de células, que cres-
cem, duplicam seu conteúdo para então dividir-se
em duas células filhas, os vírus replicam-se atra-
Fonte: h�ps://escolaeducacao.com.br/wp-content/uploads/ vés de uma estratégia completamente diferente:
2020/03/estruturaviral-927x1024.png. Acesso em 10 mar 2023.
eles invadem células, o que causa a dissociação
dos componentes da par�cula viral; esses compo-
Momento Enem
nentes então interagem com o aparato metabólico
da célula hospedeira, subvertendo o metabolismo
Questão 01
celular para a produção de mais vírus.
(ENEM 2019) Na família Retroviridae encontram-
Há grande debate na comunidade cien�fica sobre
-se diversos vírus que infectam aves e mamíferos,
se os vírus devem ser considerados seres vivos ou
sendo caracterizada pela produção de DNA a partir
não, e esse debate e primariamente um resulta-
de uma molécula de RNA. Alguns retrovírus infec-
do de diferentes percepções sobre o que vem a
tam exclusivamente humanos, não necessitando
ser vida, em outras palavras, a definição de vida.
de outros hospedeiros, reservatórios ou vetores
Aqueles que defendem a ideia que os vírus não
biológicos. As infecções ocasionadas por esses ví-
são vivos argumentam que organismos vivos de-
rus vêm causando mortes e grandes prejuízos ao
vem possuir características como a habilidade de
desenvolvimento social e econômico. Nesse con-
importar nutrientes e energia do ambiente, devem
texto, pesquisadores têm produzido medicamentos
ter metabolismo (um conjunto de reações químicas
que contribuem para o tratamento dessas doenças.
altamente inter-relacionadas através das quais os
Que avanços tecnológicos têm contribuído para o
seres vivos constroem e mantêm seus corpos, cres-
tratamento dessas infecções virais?
cem e performam inúmeras outras tarefas, como
(A) Melhoria dos métodos de controle dos vetores
locomoção, reprodução, etc.); organismos vivos
desses vírus.
(B) Fabricação de soros mutagênicos para combate também fazem parte de uma linhagem con�nua,
desses vírus. sendo necessariamente originados de seres seme-

81
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
lhantes e, através da reprodução, gerar outros seres arqueobactérias, e Domínio Bactéria, que engloba os
semelhantes (descendência ou prole), etc. outros grupos de bactérias (figura 11).
Os vírus preenchem alguns desses critérios: são
parte de linhagens con�nuas, reproduzem-se e evo- Figura 11. Os três domínios: Bacteria, Archaea e Eukarya
luem em resposta ao ambiente, através de variabi-
lidade e seleção, como qualquer ser vivo. Porém,
não têm metabolismo próprio, por isso deveriam
ser considerados “par�culas infecciosas”, ao invés
de seres vivos propriamente ditos. Muitos, porém,
não concordam com essa perspectiva, e argumen-
tam que uma vez que os vírus são capazes de re-
produzir-se, são organismos vivos; eles dependem
do maquinário metabólico da célula hospedeira,
mas até aí todos os seres vivos dependem de in-
terações com outros seres vivos. Outros ainda le-
vam em consideração a presença massiva de vírus Fonte: h�p://3.bp.blogspot.com/_dQyn47khNo4/TJLw9WYlufI/
em todos os reinos do mundo natural, sua origem AAAAAAAAAd8/jXFus4IKMWs/s1600/reinos+e+dominios.bmp.
Acesso em 10 mar 2023.
- aparentemente tão antiga como a própria vida
- sua importância na história natural de todos os
outros organismos etc. Conforme já mencionado, As bactérias podem ser encontradas em diversos
diferentes conceitos a respeito do que vem a ser ambientes e são capazes de suportar condições am-
vida formam o cerne dessa discussão. Definir vida bientais inóspitas à maioria dos seres vivos.
tem sido sempre um grande problema, e já que Mesmo sendo impercep�vel, as bactérias desen-
qualquer definição provavelmente será evasiva ou volvem importantes funções no ambiente. Elas atuam
arbitrária, dificultando assim uma definição exata nos ciclos biogeoquímicos e na produção de alimentos
a respeito dos vírus. e medicamentos.
Algumas bactérias podem ser patogênicas e cau-
Atividade 1: Pesquisa em grupos sam doenças como a cólera, di�eria, febre tifoide,
lepra, meningite, tuberculose.
O tema geral da pesquisa é “vírus”.
Cada grupo, como sugerido abaixo, fica responsável Estrutura celular das bactérias
por apresentar uma pesquisa que responda de ma-
neira aprofundada cada uma das questões a seguir. As bactérias são formadas por uma única célula
(unicelulares), normalmente de 2 a 5 µm de com-
Grupo 1: O que são e para que servem as vacinas? primento, e podem ou não formar colônias. Esses
Grupo 2: Quais são os tipos de vacinas existentes até organismos possuem material genético disperso no
o momento? citoplasma, sendo, portanto, denominados de proca-
Grupo 3: Como são feitas e testadas as vacinas? riontes.
Grupo 4: Para quais doenças virais já existe vacinação? Na grande maioria das bactérias, além da mem-
E qual a importância da vacinação? brana plasmática encontrada em todas as células, é
Grupo 5: Quais as diferenças entre soros e vacinas? possível observar externamente uma parede celu-
lar constituída, principalmente, por peptideoglicano
Saiba + (figura 12). Essa parede celular apresenta como prin-
Para conhecer sobre a história das vacinas assista cipal função manter a forma das células bacterianas
ao vídeo disponível no link da referência a seguir. e garantir proteção. Além disso, é possível perceber
História das vacinas. Nerdologia (Youtube). em algumas espécies uma cápsula polissacarídica en-
Disponível em h�ps://www.youtube.com/watch?- volvendo a parede.
v=EN�rlq3zmg. Acesso em 14 mar 2023. No citoplasma da célula bacteriana, é possível
perceber a presença de apenas um tipo de organela:
Bactérias os ribossomos. Esses ribossomos são menores que
aqueles encontrados em células eucarióticas, mas
As bactérias são seres unicelulares e procariontes. desempenham a mesma função, que é a síntese de
Pertencem, segundo a classificação de Whi�aker de proteínas. Além disso, é possível perceber a presença
cinco reinos, ao Reino Monera. De acordo com a classi- de grânulos ou inclusões que apresentam a função de
ficação mais atual em três domínios, esses organismos armazenamento.
estão divididos em Domínio Archaea, que engloba as

82
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 12. Estrutura bacteriana. Figura 13. Tipos de bactérias quanto a sua forma.

Fonte: h�p://s2.glbimg.com/Gna8vkd8Diesm1iyUkE=-rltjfUw
Fonte: h�ps://3.bp.blogspot.com/-6Ww8jc1rtzU/Uq75J4iqNUI/
/0x0:1274x932/620x454/s.glbimg.com/po/ek/f/origi-
AAAAAAAAAKg/1fup_9-DU_A/s1600/Formas+das+bact%-
nal/2013/11/21/modulo_20_-_bacterias_2_reescrita.png. Acesso
25C3%25A9rias.jpg. Acesso em 09 mar 2023.
em 10 mar 2023.

O citoplasma, por sua vez, apresenta uma região, Reprodução das bactérias
chamada de nucleoide, onde está localizado o cro-
mossomo bacteriano, único e circular. Além do DNA As bactérias reproduzem-se basicamente por pro-
cromossomial, observa-se o plasmídeo, formado por cesso assexuado, mais precisamente o processo de di-
uma molécula pequena de DNA circular de duplicação visão binária (figura 14), em que uma célula divide-se
independente. e dá origem à outra. O aumento da população, nesses
Em algumas bactérias, é possível encontrar ainda casos, ocorre em progressão geométrica e de forma
estruturas de locomoção conhecidas como flagelos, relativamente rápida se as bactérias estiverem em
que são compostos por uma proteína denominada boas condições para o crescimento.
de flagelina. Existem ainda estruturas mais finas e
Figura 14. Reprodução assexuada em bactérias.
mais curtas que os flagelos denominadas de pili e
�mbria. Estes estão relacionados com a fixação das
bactérias em super�cies (fimbrias) ou ainda com a
fixação no momento da reprodução (pili).

 Tipos morfológicas básicos

As bactérias podem receber diferentes nomes de


acordo com o formato. Entre os tipos fundamentais,
podemos citar:
• Bacilos: Bactérias com formato de um pequeno Fonte: h�ps://escolaeducacao.com.br/wp-content/uploads/
bastão. 2020/03/divisao-binaria.jpg. Acesso em 10 mar 2023.
• Cocos: Bactérias de formato esférico.
• Espirilos: Bactérias em forma de saca-rolha. Momento Enem

Esses diferentes tipos morfológicos podem ainda Questão 02


se agrupar (figura 13). Os cocos, por exemplo, podem (Enem 2022) Antimicrobianos são substâncias natu-
agrupar-se de 2 a 2, formado diplococos, ou em ca- rais ou sintéticas que têm capacidade de matar ou
deias denominadas de estreptococos, ou ainda em inibir o crescimento de microrganismos. A tabela
cachos denominados de estafilococos. Isso também apresenta uma lista de antimicrobianos hipotéticos,
pode ser observado nos bastonetes, que ocasional- bem como suas ações e efeitos sobre o metabolis-
mente formam diplobacilos ou estreptobacilos. De mo microbiano.
uma maneira geral, os espirilos ocorrem isolados.
Algumas bactérias são capazes de formar esporos, Antimicro- Ação Efeito
estruturas altamente resistentes e duráveis. Os espo- biano
ros desempenham um papel de defesa, pois são uma 1 Une-se aos ribos- Impede a síntese
forma de proteção em condições desfavoráveis, como somos proteica
em casos de temperaturas inadequadas.

83
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2 Une-se aos micro- Impede a segregação Meningocócica Meningite Polissacarídeos
túbulos das cromátides ACWY meningocócica capsulares
3 Une-se aos fosfoli- Reduz a permeabili- (Conjugada) sorogrupos A, C, purificados
pídios da membra- dade da membrana WeY da Neisseria
meningitidis dos
na plasmática plasmática
soro grupos A, C,
4 Interfere na síntese Inibe a síntese de WeY
de timina DNA
5 Interfere na síntese Impede a síntese de a) Quais vacinas são contra doenças causadas por
de uracila RNA bactérias?
b) Quais vacinas são contra doenças causadas por
Qual dos antimicrobianos deve ser utilizado para vírus?
curar uma infecção causada por um fungo sem c) Consulte seu cartão de vacinação e verifique quais
afetar as bactérias da microbiota normal do orga- destas vacinas você já recebeu e quais faltam para
nismo? tomar.
(A) 1
(B) 2 03. Escolha uma das doenças bacterianas citadas no
(C) 3 quadro da questão anterior e escreva brevemente
(D) 4 sobre seu agente causador, sintomas, tratamento
(E) 5 e prevenção.

Atividade 2: Pesquisa individual Protozoários

Individualmente, realize pesquisas para responder as Os protozoários são seres eucariontes, unicelu-
perguntas a seguir. Liste as bibliografias citadas ou lares e heterótrofos. Pertencem ao Reino Protista,
consultadas. junto com as algas que são organismos aquáticos
que têm a capacidade de realizar fotossíntese. Elas
01. O que são antibióticos? E por que seu uso indis- podem ser micro ou macroscópicas, eucariontes ou
criminado é um problema para a saúde? procariontes.
Os protozoários apresentam variadas formas cor-
02. Observe o recorte do calendário vacinal nacional porais (figura 15) e ocupam ambientes úmidos ou o
para adolescentes do Ministério da Saúde (Brasil, interior de outros organismos.
2023) e responda a seguir:
Figura 15. Tipos de protozoários quanto a forma de locomoção.
Vacinas para o adolescente
Vacina Proteção contra Composição
Hepatite B Hepatite B An�geno
recombinante recombinante de
super�cie do vírus
purificado
Di�eria e Tétano Di�eria e Tétano Toxoides di�érico e
(dT) tetânico purificados,
inativada
Febre amarela Febre Amarela Vírus vivo atenuado
(Atenuada)
Sarampo, Sarampo, Vírus vivos
Caxumba e Caxumba e atenuados Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/pr/ot/protozo-
Rubéola (SCR) Rubéola arios-cke.jpg. Acesso em 09 mar 2023.
(1) (2)
Papilomavírus Papilomavírus Par�cula da Alguns são parasitas, causadores de doenças.
humano(HPV) (3) humano 6, cápsulado vírus Entre as doenças causadas por protozoários estão:
11, 16 e 18 an�geno de amebíase, giardíase, malária e doença de chagas.
(recombinante) super�cie
A maioria deles é aquático de vida livre, mas al-
Pneumocócica Meningite, Sepse Polissacarídeo guns são parasitas e vivem dentro do corpo de outros
23-valente (PPV Pneumonias, capsular de
seres vivos, inclusive dos humanos.
23) (4) Sinusite, Otite e 23 sorotipos
Bronquite pneumococos
O termo protozoário deriva das palavras em la-
tim proto “primitivo” e zoon “animal”, ou seja, animal

84
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
primitivo. Isso porque já foram considerados animais Cada indivíduo realiza mitose e produz micronú-
por serem heterótrofos. cleos, que contêm o material genético.
Um macho e uma fêmea ficam lado-a-lado e fazem
Características gerais entre si uma ponte citoplasmática, através da qual
trocam micronúcleos.
Os protozoários pertencem ao Reino Protista, jun- Após a troca, eles se separam e dentro de cada
tamente com as algas. um, os micronúcleos se multiplicam. Em seguida,
Por serem eucariontes, apresentam núcleo indivi- acontece a fusão dos micronúcleos originais com os
dualizado e sua única célula exerce todas as funções recebidos do parceiro.
que normalmente há nos multicelulares: respiração,
excreção e reprodução.
 Classificação
Uma característica �pica de suas células é a pre-
A principal classificação é baseada no modo de
sença de vacúolos contráteis ou pulsáteis, com função
de realizar regulação osmótica. locomoção, dando origem aos variados tipos de pro-
Devido à diferença de concentração entre o cito- tozoários.
plasma e o ambiente externo, há entrada constante de Eles são divididos em: sarcodíneos, ciliados, fla-
água por osmose. Assim, o vacúolo controla a quan- gelados e esporozoários.
tidade de água, recolhendo e eliminando o excesso.
Sarcodíneos ou Rizópodos
 Alimentação São os protozoários que usam prolongamentos
Para a alimentação, os protozoários capturam o do citoplasma, chamados pseudópodes (falsos pés),
alimento por fagocitose, dando origem aos fagosso- para locomoção. Eles fazem parte do filo Rhizopoda.
mos, que se fundem aos lisossomos, formando os Os representantes mais comuns dos sarcodíneos
vacúolos digestivos. são as amebas (figura 17), sendo em sua maioria de
Após a digestão, dentro dos vacúolos, os restos vida livre e habitando água doce.
são eliminados por clasmocitose.
Entretanto, existem espécies comensais que vi-
vem dentro do corpo humano sem causar prejuízos.
 Reprodução
A reprodução pode ser de forma assexuada e se- São exemplos a Entamoeba coli que habita o in-
xuada. A reprodução assexuada é a mais comum. Ela testino grosso e a Entamoeba gengivalis que vive na
ocorre por: boca. E, também, existem as parasitas, como a Enta-
• Divisão binária: a célula-mãe se divide e origina moeba histolytica que vive no intestino grosso do ser
duas células-filhas; humano e provoca a amebíase.
• Divisão múltipla: a célula faz muitas mitoses, Os pseudópodes das amebas também são usados
forma muitos núcleos que se dividem em cé- para a alimentação. Elas se aproximam do alimento,
lulas pequenas. usam os pseudópodes para englobá-lo, depois ele é in-
ternalizado e fica envolto por um pedaço da membra-
Enquanto isso, os paramécios realizam reprodu- na celular, formando uma bolsa chamada fagossomo.
ção sexuada, através de um processo chamado con-
jugação (figura 16). Esse processo ocorre quando dois Figura 17. Estrutura de uma ameba.
indivíduos se unem e trocam material genético, dando
origem a novos protozoários.

Figura 16. Conjugação entre paramécios.

Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/56/27/5627600
Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/co/nj/conjuga- f8951a-protozoarios-large.jpg?auto_optimize=low. Acesso em 10
cao_protozoa.jpg. Acesso em 10 mar 2023. mar 2023.

85
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
No citoplasma, o fagossomo se une ao lisosso- Esporozoários
mo, que contém enzimas digestivas e são formados Os protozoários esporozoários pertencem ao
os vacúolos digestivos, no interior dos quais ocorre filo Apicomplexa, eles não possuem estrutura loco-
a digestão. Em seguida, os restos da digestão são eli- motora.
minados por clasmocitose. São exclusivamente espécies parasitas de seres
humanos e de animais vertebrados e invertebrados.
Ciliados A reprodução ocorre através da alternância de ge-
Os protozoários ciliados pertencem ao filo Cilio- rações sexuada e assexuada e produção de esporos.
phora e se locomovem por meio de filamentos curtos Isso faz com que muitos esporozoários tenham ciclos
e numerosos, os cílios. de vida mais complexos.
Um dos exemplos mais conhecidos desse grupo
Figura 18. Protozoário Vorticella de água doce. são os plasmódios causadores da malária. Eles passam
por algumas fases dentro do corpo, sendo uma delas
chamados de merozoítos, quando se multiplicam den-
tro dos glóbulos vermelhos, que se rompem liberando
parasitos infectando novas células.

Momento Enem

Questão 03
(Enem 2012) A doença de Chagas afeta mais de oito
milhões de brasileiros, sendo comum em áreas ru-
rais. É uma doença causada pelo protozoário Trypa-
nosoma cruzi e transmitida por insetos conhecidos
Fonte: h�ps://www.plingfactory.de/Science/Atlas/Kennkar-
como barbeiros ou chupanças.
tenProtista/01e-protista/e-Ciliata/e-source/Vorticella-chloros- Uma ação do homem sobre o meio ambiente que
tigma.html. Acesso em 10 mar 2023. tem contribuído para o aumento dessa doença é
(A) o consumo de carnes de animais silvestres que
A maioria desses organismos tem vida livre. Um são hospedeiros do vetor da doença.
caso interessante é a Vorticella (figura 18), um ciliado (B) a utilização de adubos químicos na agricultura
séssil em formato de sino invertido com uma haste que aceleram o ciclo reprodutivo do barbeiro.
para se fixar a um substrato. (C) a ausência de saneamento básico que favorece
Outro exemplo de ciliado é o Paramecium. Os a proliferação do protozoário em regiões habi-
paramécios são dióicos, ou seja, possuem sexos se- tadas por humanos.
parados e se reproduzem de forma sexuada através (D) a poluição dos rios e lagos com pesticidas que
da conjugação. exterminam o predador das larvas do inseto
Cada paramécio se divide duas vezes originando transmissor da doença.
um total de 8 novos indivíduos. (E) o desmatamento que provoca a migração ou
o desaparecimento dos animais silvestres dos
Flagelados ou Mastigóforos quais o barbeiro se alimenta.
Os protozoários flagelados pertencem ao filo Zoo-
mastigophora. Eles se movimentam através de flage- Questão 04
los em forma de chicote. (Enem 2011) Certas espécies de algas são capazes
Alguns flagelados são sésseis e usam o flagelo para
de absorver rapidamente compostos inorgânicos
capturar moléculas de alimento.
presentes na água, acumulando-os durante seu
Eles podem viver sozinhos ou associados forman-
crescimento. Essa capacidade fez com que se pen-
do colônias. Algumas espécies são parasitas, como:
sasse em usá-las como biofiltros para a limpeza de
• Trichomonas vaginalis que se aloja na mucosa
ambientes aquáticos contaminados, removendo,
vaginal provocando doenças na genitália femi-
por exemplo, nitrogênio e fósforo de resíduos orgâ-
nina;
nicos e metais pesados provenientes de rejeitos in-
• Trypanosoma cruzi que causa a doença de Cha-
dustriais lançados nas águas. Na técnica do cultivo
gas;
• Trypanosoma brucei que causa a doença do integrado, animais e algas crescem de forma asso-
sono. ciada, promovendo um maior equilíbrio ecológico.
SORIANO, E. M. Filtros vivos para limpar a água. Revista
Ciência Hoje. V. 37, n° 219, 2005 (adaptado).

86
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A utilização da técnica do cultivo integrado de ani- Os fungos possuem diversos tipos de habitat visto
mais e algas representa uma proposta favorável a que são encontrados no solo, na água, nos vegetais,
um ecossistema mais equilibrado porque nos animais, no homem e nos detritos em geral (fi-
(A) os animais eliminam metais pesados, que são gura 19).
usados pelas algas para a síntese de biomassa.
(B) os animais fornecem excretas orgânicos nitroge- Figura 19. Tipos de fungos.
nados, que são transformados em gás carbônico
pelas algas.
(C) as algas usam os resíduos nitrogenados libera-
dos pelos animais e eliminam gás carbônico na
fotossíntese, usado na respiração aeróbica.
(D) as algas usam os resíduos nitrogenados prove-
nientes do metabolismo dos animais e, durante
a síntese de compostos orgânicos, liberam oxi-
gênio para o ambiente.
(E) as algas aproveitam os resíduos do metabolis-
mo dos animais e, durante a quimiossíntese de
compostos orgânicos, liberam oxigênio para o
ambiente.
Fontes:
https://images.fineartamerica.com/images-medium-large-5/
Atividade 03: Prática 2-penicillium-fungus-kateryna-konscience-photo-library.jpg
h�ps://materiipa.com/wp-content/uploads/2019/02/Zygomyco-
Visualização de microrganismos (protozoários) em ta-1024x682.jpg
https://th.bing.com/th/id/OIP.pngeyDcVMmZBXGv3PB8Iv-
uma gota d’água. QHaE8?pid=ImgDet&rs=1
h�ps://th.bing.com/th/id/R.a4e1942ce93e96fa2eec85bf81093f-
Assista ao vídeo disponível no link da referência a se- 9d?rik=1W78aVnp6Xr24Q&pid=ImgRaw&r=0
guir e tente reproduzir o experimento em sala de aula. Acesso em 09 mar 2023.

MICROSCÓPIO caseiro com laser (EXPERIÊNCIA de FÍ- Diante do grande número de espécies, cerca de
SICA e Biologia) - Homemade microscope – YouTube. 1,5 milhão, os fungos são utilizados para diferentes
Disponível em h�ps://www.youtube.com/watch?- fins, como na produção de medicamentos e até mes-
v=7HAdiWkltvA. Acesso em 14 mar 2023. mo na produção de queijos.
O cogumelo é um tipo de fungo que é muito apre-
Se sua escola dispor de laboratório equipado com mi- ciado na culinária, sendo fonte de proteínas.
croscópio e seus demais acessórios, assista aos vídeos Alguns fungos podem ser patogênicos. Entre as
disponíveis nos links das referências a seguir e tente doenças relacionadas com fungos estão: micoses,
reproduzir os procedimentos em sala de aula ou no sapinho, candidíase e histoplasmose.
próprio laboratório.
O primeiro vídeo explica como utilizar o microscópio Morfologia dos fungos
óptico, enquanto que o segundo explica como visua-
lizar, especificamente, protozoários. Os fungos pluricelulares são constituídos pe-
los corpos de frutificação, que correspondem à parte
COMO USAR O MICROSCÓPIO - Na prática – YouTube. visível do cogumelo, responsável pela reprodução do
Disponível em: h�ps://www.youtube.com/watch?- fungo e o micélio que são vários filamentos, em que
v=rBFQ9lqPryo. Acesso em 14 mar 2023. cada um é denominado de hifa (figura 20).
As hifas podem ser cenocíticas, possuem um ci-
PROTOZOÁRIOS - AULA DEMONSTRATIVA PRÁTICA | toplasma plurinucleado. Alguns fungos mais comple-
Zoologia dos Invertebrados I – YouTube. Disponível em xos apresentam hifas septadas (divididas), onde cada
: h�ps://www.youtube.com/watch?v=6yXvW38hu6c. septo pode ter um (monocariótica) ou dois núcleos
Acesso em 14 mar 2023. (dicariótica). A parede celular é formada de quitina.

Figura 20. Morfologia do fungo.


Fungos

Os fungos são seres macroscópicos ou microscó-


picos, unicelulares ou pluricelulares, eucariontes e
heterótrofos. Eles fazem parte do Reino Fungi.

87
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1. brotamento (seres unicelulares),
2. fragmentação do micélio, onde um micélio se
fragmenta originando muitos outros e
3. esporulação, acima dos corpos de frutificação
estão os esporângios que produzem os esporos, estru-
turas imóveis e resistentes a ambientes desfavoráveis.
Já a reprodução sexuada requer a fusão de duas
hifas haplóides, quando isso não ocorre, originam-se
hifas geneticamente distintas denominadas dicários.

Classificação

Os fungos são classificados em quatro subdivisões:


Fonte: h�p://educacao.globo.com/biologia/assunto/microbiolo-
gia/fungos.html. Acesso em 14 mar 2023. Zigomicetos
Vivem no solo, formam esporos flagelados e me-
Reprodução nos frequentemente ocorre a reprodução sexuada
sem formação dos corpos de frutificação. Nesse gru-
Os fungos reproduzem-se assexuada e sexuada- po, encontram-se os fungos que se associam com as
mente (figura 21). A reprodução assexuada pode ser: raízes formando as micorrizas (figura 22), envolvidas
na produção do molho shoyu, hormônios anticoncep-
Figura 21. Reprodução dos fungos. cionais e medicamentos anti-inflamatórios.

Figura 22. Micorrizas em raízes de plantas.

Fonte: h�ps://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/
images/238372c8bce8182985322081d203d24c.jpg. Acesso em
14 mar 2023.

Ascomicetos
Formam o asco, estrutura produtora de esporos
(figura 23). O principal modo de reprodução dos asco-
micetos é o assexuado, sendo por brotamento nos se-
res unicelulares e por esporulação nos pluricelulares,
Fonte: h�p://educacao.globo.com/biologia/assunto/microbiolo-
gia/fungos.html. Acesso em 14 mar 2023.
que na extremidade das hifas formam-se os conidió-
foros, estruturas que formam esporos denominados
conídios. Nesse grupo, encontram-se as leveduras,
os fungos que produzem a penicilina, alguns desses

88
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
associam-se às algas formando os líquens, alguns ata- irá originar os esporos chamados basidiósporos, que
cam cereais como Claviceps purpúrea e a ingestão germinam e reiniciam o ciclo.
do mesmo causa ergotismo, provocando alucinações,
convulsões, espasmos nervosos e até a morte. Deuteromicetos
São também denominados fungos imperfeitos,
Figura 23. Fungos da espécie Cookeina tricholoma (Filo Ascomy- pois não realizam reprodução sexuada. Muitas es-
cota) sobre um tronco de árvore.
pécies são patogênicas como é o caso daqueles que
causam a fieira, candidíase (figura 25), sapinho, dentre
outras.

Figura 25. Colônia da levedura Candida albicans. As leveduras


são microscópicas, mas a sua multiplicação é visível sobre o meio
de cultura.

Foto: Jelly_Chanonkij / Shu�erstock.com. Disponível em: h�ps://


www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/10/ascomyco-
ta-1154205580.jpg. Acesso em 14 mar 2023.

Basidiomicetos

São os mais conhecidos como os cogumelos e


Fonte: h�ps://static.tuasaude.com/media/article/cb/dy/candida-
orelhas-de-pau (figura 24), alguns são comes�veis, -albicans_33886.webp. Acesso em 14 mar 2023.
entretanto outros contêm substâncias alucinógenas,
outros atacam vegetais causando a doença denomi- Momento Enem
nada ferrugem.
Questão 05
Figura 24. Orelhas-de-pau.
(Enem 2006) Na região sul da Bahia, o cacau tem
sido cultivado por meio de diferentes sistemas. Em
um deles, o convencional, a primeira etapa de pre-
paração do solo corresponde a retirada da mata
e a queimada dos tocos e das raízes. Em seguida,
para o plantio da quantidade máxima de cacau
na área, os pés de cacau são plantados próximos
uns dos outros. No cultivo pelo sistema chamado
cabruca, os pés de cacau são abrigados entre as
plantas de maior porte, em espaço aberto criado
pela derrubada apenas das plantas de pequeno
porte. Os cacaueiros dessa região têm sido ataca-
dos e devastados pelo fungo chamado vassoura-
Foto: Sergei Karjula / Shu�erstock.com. h�ps://www.infoescola. -de-bruxa, que se reproduz em ambiente quente
com/wp-content/uploads/2007/10/basiciomicetos-orelha-de- e úmido por meio de esporos que se espalham no
-pau-1165896001.jpg. Acesso em 14 mar 2023. meio aéreo. As condições ambientais em que os
pés de cacau são plantados e as condições de vida
Embora possam se reproduzir assexuadamente, do fungo vassoura-de-bruxa, mencionadas acima,
a reprodução sexuada é a mais frequente, onde duas permitem supor-se que sejam mais intensamente
hifas diploides fundem-se e formam hifas dicarióticas atacados por esse fungo os cacaueiros plantados
que crescem e formam o corpo fru�fero (chapéu), por meio do sistema
chamado basidiocarpo. Na parte inferior dessa estru- (A) convencional, pois os pés de cacau ficam mais
tura, as hifas fundem-se formando núcleos diploides expostos ao sol, o que facilita a reprodução do
que sofrem meiose, originando quatro núcleos ha- parasita.
plóides que se direcionam para a ponta da hifa que (B) convencional, pois a proximidade entre os pés
cresce e forma uma projeção denominada basídio que de cacau facilita a disseminação da doença.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(C) convencional, pois o calor das queimadas cria CAPÍTULO 3
as condições ideais de reprodução do fungo. PLANTAS
(D) cabruca, pois os cacaueiros não suportam a
sombra e, portanto, terão seu crescimento
prejudicado e adoeceram. Habilidade específica
(E) cabruca, pois, na competição com outras es- (EM13CNT202) Analisar as diversas formas de
pécies, os cacaueiros ficam enfraquecidos e manifestação da vida em seus diferentes níveis de
adoecem mais facilmente. organização, bem como as condições ambientais
favoráveis e os fatores limitantes a elas, com ou sem
Atividade 04: Pesquisa em duplas o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como
so�wares de simulação e de realidade virtual, entre
Qual a importância dos fungos para as seguintes ati- outros).
vidades humanas, citando espécies e processos uti-
lizados. Objetivo de aprendizagem
a) produção de bebidas e alimentos (GO-EMCNT202F) Classificar os vegetais em grupos,
b) produção de medicamentos taxonômicos ou não, evidenciando sua morfologia
e fisiologia, bem como suas relações ecológicas com
Atividade 05: Produção de texto os demais componentes dos ecossistemas para
averiguar a importância destes seres vivos para a
Assista ao vídeo disponível no link da referência a se- manutenção da vida na Terra.
guir e responda à pergunta que segue.
Objeto de conhecimento
Como os fungos podem ser aliados contra a poluição • Plantas
e as mudanças climáticas? - YouTube. Disponível em:
h�ps://www.youtube.com/watch?v=Q_e6_eELJkI. Descritor Saeb
Acesso em 14 mar 2023. • Conhecer as características que definem um ser
vivo.
Responda:
“Como os fungos podem ser aliados contra a poluição
e as mudanças climáticas?” As plantas são seres que fazem parte do Reino
Plantae, também conhecido como Reino Metaphyta.
Bibliografia consultada Os organismos classificados neste Reino precisam ser:
• Pluricelulares: Seres que possuem muitas cé-
MAGALHÃES, Lana. Microbiologia. Toda Matéria. Dis- lulas;
ponível em h�ps://www.todamateria.com.br/micro- • Eucariontes: Células com núcleo verdadeiro que
biologia/. Acesso em 09 mar 2023. guarda o DNA;
• Autótrofos: Produzem sua própria reserva ener-
Vírus. Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, gética, geralmente glicose, através da fotossín-
2008-2023. Disponível em h�ps://www.sobiologia. tese. A maioria das plantas realizam fotossín-
com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php. tese, porém algumas são parasitas;
Acesso em 10 mar 2023. • Tecidos verdadeiros: Células que se agrupam
por semelhanças de função e formato.
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Bactérias. Mundo
Educação Uol. Disponível em h�ps://mundoeduca- No passado, tanto as algas quanto os fungos
cao.uol.com.br/biologia/bacterias.htm. Acesso em eram classificados no Reino Plantae. Contudo, por
10 mar 2023. não reunirem todos os atributos foram reclassifica-
dos em outros Reinos biológicos, o Protista e o Fungi,
respectivamente.
MAGALHÃES, Lana. Protozoários. Toda Matéria. Dis-
ponível em h�ps://www.todamateria.com.br/proto-
zoarios/. Acesso em 10 mar 2023. Características das plantas

NEVES, Roberta das. Fungos. Educação.biologia. Dis- As plantas são, geralmente, verdes por causa do
pigmento chamado clorofila. Esse pigmento é respon-
ponível em h�p://educacao.globo.com/biologia/
sável pela realização da fotossíntese. Neste processo
assunto/microbiologia/fungos.html. Acesso em 14
as plantas captam a luz solar, ou artificial, e a transfor-
mar 2023.
mam em moléculas orgânicas com função energética,
a glicose.

90
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Vale lembrar que a fotossíntese ocorre nos cloro- Figura 27. Estrutura principal de uma planta angiosperma.
plastos (figura 26), organelas presentes em células de
vegetais e ausentes em células animais.

Figura 26. Micrografia de tecido vegetal. As estruturas verdes são


os cloroplastos. Estes contêm clorofila.

Fonte: h�ps://planetabiologia.com/wp-content/uplo-
ads/2021/01/celula-vegetal-Cloroplasto-funcao-o-que-e-estru-
tura-Resumo.jpg. Acesso em 17 mar 2023.
Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/es/tr/estrutura-
As plantas são seres sésseis, isto é, elas precisam principalangiosperma.jpg. Acesso em 16 mar 2023.
estar fixadas em um local. Geralmente encontram-se
no solo, mas podem se desenvolver apoiadas em ou- Função das plantas
tros vegetais (epífitas), rochas (litófitas) ou na água
(hidrófitas). As plantas são organismos protetores do planeta
Realizam respiração, como qualquer outro orga- terra, pois realizam a manutenção e gestão dos even-
nismo, captando o oxigênio da atmosfera e liberando tos ambientais a todo instante. Elas produzem oxigê-
gás carbônico. Porém, em contrapartida, fazem fotos- nio junto com as algas, protegem o solo de erosão e
síntese que é um processo contrário, isto é, captam o deslizamentos e participam do ciclo da água.
gás carbônico e liberam o oxigênio. A fotossíntese é o processo pelo qual as plantas
Resumidamente, podemos listar as seguintes ca- absorvem energia solar para produzirem sua própria
racterísticas das plantas: energia. Isto ocorre através da ação da clorofila (pig-
• Eucariontes (núcleo organizado) mento associado à coloração verde das plantas) exis-
• Autótrofos (produzem o próprio alimento) tente em seus cloroplastos.
• Fotossintetizantes (produção da fotossíntese) As plantas formam a base da cadeia alimentar.
• Pluricelulares (multicelulares) Elas são produtoras de matéria orgânica e alimentam
• Células formada por vacúolos, cloroplastos e os seres heterótrofos, ou seja, representam o grupo
celulose. responsável pela nutrição de diversos organismos
consumidores.
Partes das plantas Isso indica que sem a existência desses seres au-
tótrofos, a vida na Terra seria impossível.
Os organismos deste Reino são divididos em plan- Além disso, podem servir de medicamento, pois
tas inferiores e plantas superiores. As partes básicas possuem substâncias de interesse medicinal para a
das plantas (figura 27) superiores são as raízes, o caule ciência e são utilizadas na construção civil.
e as folhas, cada qual com funções específicas para
o organismo. Os 4 tipos de plantas: classificação
• Raízes: Auxiliam na obtenção de água e sais
minerais do solo; As briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angios-
• Caule: Contribui para a sustentação, e o trans- permas são 4 grupos vegetais comumente estudados
porte de seiva elaborada (fito assimilado) e na botânica. Brió�ias e pteridófitas são consideradas
seiva bruta (água e sais minerais); plantas inferiores, logo precisam de umidade e som-
• Folhas: Realizam respiração, transpiração, gu- bra para viverem e se reproduzirem, pois seus esporos
tação e a fotossíntese. são liberados na água para o nascimento de novos
organismos.

91
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
As gimnospermas e angiospermas são plantas Seus principais representantes são os Musgos, He-
superiores, pois vivem independentes da umidade páticas e Antóceros (figuras 29, 30 e 31). Assim como
ou de sombra, além de reproduzirem-se através da as Pteridófitas, não possuem sementes, propagando-
polinização. Os tipos de polinização são: -se por esporos.
• Anemofilia: Pólen viaja através do vento até
chegar ao ovário; Figura 29. Musgos
• Quirópterofilia: Pólen levado por morcegos até
o ovário;
• Ornitofilia: Pólen levado por aves até o ovário;
• Entomofilia: Pólen levado por insetos até o ová-
rio;
• Mastofilia: Pólen levado por mamíferos até o
ovário.

São divididas em inferiores e superiores não por


serem melhores ou piores entre si, mas devido im-
portantes processos evolutivos. Portanto, as plantas
são classificadas de acordo com sua complexidade e
surgimento de novos atributos, como semente, flor Fonte: h�ps://static.preparaenem.com/2022/02/musgos.jpg.
e fruto (figura 28). Acesso em 17 mar 2023.

Figura 28. Evolução das plantas. Figura 30. Hepáticas

Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/ev/ol/evolucao-
2-cke.jpg?auto_optimize=low. Acesso em 17 mar 2023.

Atividade 01:
Individualmente: reflita e anote quais plantas você Fonte: h�ps://2.bp.blogspot.com/-oLwDGbD87M4/VG4e_GllU2I/
AAAAAAAAB3Q/fwlMFtBKaWk/s1600/zenigoke2.jpeg. Acesso em
utilizou no seu cotidiano nesta última semana. 17 mar 2023.

Em duplas: juntem suas listas e definam quais foram Figura 31. Antóceros.
os usos atribuídos a estas plantas (ex.: alimentação,
ornamentação, medicação; manufatura de objetos
etc.).

Em grupo (6 pessoas ou a sala toda): compartilhem


a importância das plantas para suas vidas.

Briófitas

As briófitas são plantas pequenas, pois não pos-


suem vasos condutores de seiva (avasculares), vivem
em locais sombreados e úmidos, formando “tapetes”
Fonte: h�ps://64.media.tumblr.com/8b3773f7ceadea285724b-
verdes sobre rochas, troncos ou outras super�cies. 00ca9063873/efecbec98b9261c4-32/s500x750/45b88dd7457b-
São muito encontradas em florestas fechadas, sempre c77300ee1ca7ae7fe48692a57efe.jpg. Acesso em 17 mar 2023.
próximas à corpos d’água.

92
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Características importantes As Hepáticas possuem aproximadamente 5.200
• São plantas avasculares, portanto não possuem espécies e receberam esse nome, pois seus gametó-
vasos condutores de seiva (xilema e floema); fitos são similares a um �gado (Hepar).
• O transporte de sais minerais, água e seiva ocor- Os Musgos são os maiores representantes das Bri-
re de célula em célula; ófitas, suas principais Classes são Sphagnidae, Andre-
• Não possuem raiz, caule ou folha e sim estrutu- aeidae e Bryidae. Apresentam mais de 10.000 espécies.
ras primitivas chamadas rizoide, cauloide e fi- Os Antóceros representam um pouco mais de 300
loide, respectivamente; espécies e é o grupo menos diversificado das Briófitas.
• Nas Briófitas a reprodução acontece por alter- O termo antócero significa semelhante a chifres.
nância de geração ou metagênese. Ou seja,
dentro do ciclo reprodutivo ocorrem etapas Reprodução das briófitas
assexuada e sexuada;
• A maioria das Briófitas são dioicas, pois pos- A reprodução assexuada pode diferir entre as espé-
suem fêmeas e machos, todavia existem espé- cies de Briófitas. Algumas darão origem a clones atra-
cies monoicas, isto é, hermafroditas; vés da fragmentação, outras por gemas produzidas em
• Precisam de água para sua reprodução; regiões específicas do organismo, os conceptáculos.
• Habitam, preferencialmente, ambientes úmi- Na reprodução sexuada o gametângio masculino,
dos, todavia existem espécies em locais de calor conhecido por anterídio, produz gametas masculinos,
e frio extremos; os anterozoides. No gametângio feminino, chamado
• São plantas de pequeno porte, geralmente atin- de arquegônio, está o gameta feminino, a oosfera
gem entre 5 a 40 cen�metros. (figura 32).
Em presença de água, o anterídio libera gametas
Exemplos de briófitas masculinos (anterozoides), que “nadam” até encon-
trarem o arquegônio, onde está o gameta feminino
O grupo das Briófitas possui três Filos, o Marchan- (oosfera).
tiophyta, o Bryophyta e o Anthocerophyta, represen- Por atração química, o anterozoide se funde à
tados pelas Hepáticas, os Musgos e os Antóceros, oosfera, gerando um zigoto, ou seja, uma célula fe-
respectivamente. cundada. O zigoto dará origem ao esporófito.

Figura 32. Ciclo de vida das briófitas.

Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/ci/cl/ciclomusgo1.jpg?auto_optimize=low. Acesso em 16 mar 2023.

93
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O esporófito é composto pela seta (haste) e uma
bolsa chamada cápsula. Dentro da cápsula, células
nomeadas esporócitos originam esporos por meio-
se (divisão celular reducional). Quando maduros, os
esporos são liberados no ambiente para originarem
novos indivíduos.
Fonte: h�ps://corujabiologa.files.wordpress.com/2018/05/ima-
gem3.png?w=560&h=172. Acesso em 17 mar 2023.
Atividade 02: Prática
Exercícios de vestibulares
Observação de briófitas
01. PUC-RS – Responda à questão preenchendo com
Materiais:
V (verdadeiro) ou F (falso) os parênteses corres-
• Bandejas ou pratos;
pondentes às afirmativas sobre os musgos.
• Musgos coletados e locais sombreados e úmidos
( ) Pertencem ao grupo das briófitas.
(coletar o mais inteiro possível sem tocar na parte
( ) São seres vivos heterotróficos absortivos.
superior);
( ) São desprovidos de vasos condutores.
• Lupa escolar;
( ) Preferem solos secos e frios.
• Pinças;
( ) São parentes das hepáticas.
• Palitos de dente
A sequência correta, resultante do preenchimento
• Fita adesiva transparente larga
dos parênteses, de cima para baixo, é:
• Bloquinhos de papel (tipo post-it) ou pedaços de
(A) F – F – V – V – V
papel recortados 10cm x 10cm.
(B) F – V – F – V – F
(C) V – F – V – F – V
Objetivo: identificar as partes que compõe a estrutura
(D) V – V – F – V – V
de um musgo, como mostradas na figura a seguir:
(E) V – V – V – F – F

02. Fatec-SP – Na maioria dos sistemas de classifica-


ção, o reino das plantas é dividido em dois filos
denominados briófitas e traqueófitas. O filo das
briófitas caracterizou-se por:
(A) apresentar vaso condutor de seiva e não apre-
sentar sementes.
(B) não apresentar vaso condutor de seiva e apre-
sentar sementes.
(C) apresentar raiz, caule, folha e sementes.
(D) apresentar raiz, caule, folha e não apresentar
sementes.
(E) não apresentar vaso condutor de seiva e não
apresentar sementes.

Fonte: h�ps://escolaeducacao.com.br/wp-content/ 03. (UFSM-RS) Na passagem evolutiva de plantas


uploads/2020/02/musgos-estrutura.png. Acesso em aquáticas (algas verdes) para o ambiente ter-
17 mar 2023. restre, alguns cientistas consideram as briófitas
as primeiras a apresentarem características que
Procedimentos: permitiram que as plantas invadissem esse tipo
• Com o auxílio de uma lupa e palito investigue o de ambiente. No referido grupo (briófitas), uma
material coletado, buscando identificar as partes dessas características é o(a):
do musgo. (A) aparecimento da clorofila dando início ao pro-
• Com uma pinça separe gametófitos e esporófitos cesso de fotossíntese.
e coloque-os sobre os papeis (post-it). (B) surgimento de tecidos de condução.
• Identifique, por escrito, neste mesmo papel, a es- (C) formação de sementes como o modo mais
trutura a ser fixada. eficiente de propagação.
• Corte um pedaço de fita adesiva (do tipo Durex) e (D) surgimento de rizoides, que assumiram as
cole por cima da estrutura. funções de absorção e fixação.
• O seu trabalho deverá ficar parecido com o que (E) eliminação da dependência da água para a
está na figura a seguir: fecundação.

94
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
04. (PUC-MG) São características das briófitas: Características gerais
(A) fase gameto�tica dominante, esporófito de- • São plantas criptógamas (sem sementes) e tra-
pendente do gametófito, fecundação depen- queófitas (possuem floema e xilema). A pre-
dente da água. sença dos tecidos condutores é uma novidade
(B) fase esporo�tica dominante, gametófito de- evolutiva em relação às briófitas;
pendente do esporófito, fecundação depen- • Habitam ambientes terrestres úmidos, algumas
dente da água. espécies conseguem viver em ambientes secos,
(C) fase gameto�tica dominante, esporófito in- e há poucas de água doce;
dependente do gametófito, fecundação inde- • Ocorre a alternância de gerações na reprodução
pendente da água. sexuada, sendo o esporófito (fase diploide) a
(D) fase esporo�tica dominante, gametófito in- geração duradoura. A água é essencial, pois os
dependente do esporófito, fecundação inde- gametas dependem dela para se movimentar.
pendente da água.
(E) fase gameto�tica dominante, esporófito re- Estrutura Corporal: Caule, Raízes e Folhas
duzido a uma célula gamética, fecundação
independente da água. Possuem corpo organizado em caule, raiz e folhas
(figura 34). O caule é a estrutura que sustenta as fo-
Pteridófitas lhas e faz o transporte da seiva através dos tecidos
condutores pela planta. Em muitas samambaias ele
As Pteridófitas, atualmente, são divididas em dois cresce subterrâneo ou paralelo à super�cie do solo,
grupos, as Monilófitas e as Licófitas. As Monilófitas sendo chamado rizoma.
são representadas pelas Samambaias (figura 33), e as
Licófitas todas as demais Pteridófitas (avenca, xaxim Figura 34. Estrutura de uma pteridófita (samambaia).
etc.). Todas estas são muito utilizadas como plantas
ornamentais.

Figura 33. Samambaias.

Fonte: h�ps://beduka.com/blog/wp-content/uploads/2020/10/
Fonte: h�ps://images.ecycle.com.br/wp-content/uplo- Estrutura-das-Pterid%C3%B3fitas.jpg. Acesso em 17 mar 2023.
ads/2022/08/12140043/jeremy-bezanger-TFzcBJUtZL0-unsplash-
-scaled.jpg.webp. Acesso em 17 mar 2023. As raízes fixam a planta e absorver água e sais
minerais do solo, em geral são subterrâneas, mas
Estas plantas também são conhecidas como vas- algumas são aéreas e crescem fora do solo. As fo-
culares ou traqueófitas, ou seja, que possuem tecidos lhas são laminares com células ricas em cloroplastos,
condutores e criptógamas, pois não possuem semen- cuja função é fazer a fotossíntese, processo pelo qual
tes. são elaborados compostos orgânicos, especialmente
São plantas que, apesar de possuírem vasos con- açúcares.
dutores de seiva, precisam de umidade e sombra, pois
sua reprodução também ocorre por esporos. Plantas Traqueófitas: Presença de Tecidos Con-
Diferem das briófitas principalmente por causa
dutores
dos tecidos condutores e na alternância das gerações,
já que nas pteridófitas o esporófito é a fase dominante
As pteridófitas são chamadas traqueófitas ou
e nas briófitas é o gametófito.
plantas vasculares, o que é uma novidade evolutiva
em relação às briófitas. Isso quer dizer que têm dois
tecidos condutores diferenciados: o xilema e o floema.

95
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O xilema, ou vasos lenhosos, é responsável por decomposição do rizoma nos espaços entre os brotos,
transportar a seiva bruta, uma solução de água e sais que torna as plantas separadas.
minerais, das raízes às folhas. Enquanto que os vasos As samambaias quando atingem a maturidade
liberianos, ou floema, transportam compostos orgâ- sexual, desenvolvem os esporos que são originados
nicos (seiva elaborada) produzidos nas folhas até as por meioses, a partir de células localizadas dentro dos
outras partes da planta. esporângios (figura 35). Os esporângios, por sua vez,
são reunidos dentro de estruturas chamadas soros,
Reprodução Assexuada e Sexuada que se localizam na super�cie inferior das folhas das
samambaias.
As pteridófitas se reproduzem assexuadamente Quando o esporo encontra condições favoráveis
por brotamento. Com o desenvolvimento dos rizomas, (solo úmido) origina o prótalo, que é um gametófito
se formam brotos em pontos espaçados, são os es- hermafrodita (haploide), pois lá estão as estruturas
tolões ou estolhos. A partir desses pontos crescem reprodutivas masculina (anterídio) e feminina (arque-
folhas e raízes. Ocorre a seguir a fragmentação ou
gônio).

Figura 35. Ciclo de vida das samambaias.

Fonte: h�ps://static.todamateria.com.br/upload/55/f6/55f69d1b0d746-quem-sao-as-pteridofitas-large.jpg?auto_optimize=low. Acesso


em 16 mar 2023.

Quando estiver maduro o gametófito e em si- Atividade 03: Pesquisa


tuações que o tornem umedecido (uma chuva, por Realize uma pesquisa para responder, de maneira
exemplo), os anterozoides (gametas masculinos), que completa ao questionamento a seguir:
foram liberados do anterídio, nadam até a entrada do Porque as samambaias são consideradas fósseis vivos?
arquegônio e lá dentro encontram a oosfera (gameta
feminino). Acontece a fecundação e se forma um zi- Exercícios de vestibulares
goto dentro do arquegônio.
O zigoto irá se desenvolver e formar uma nova 05. (Fuvest-SP) O xaxim é um produto muito usado
plantinha, um esporófito jovem (diploide), que origi- na fabricação de vasos e suportes para plantas.
nará uma pteridófita adulta. O ciclo recomeça quando A sua utilização:
a planta fica madura e produz novos esporos. (A) aumenta o risco de extinção de certas samam-
baias, a partir das quais é produzido.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) não acarreta nenhum impacto ambiental, pois mente nua. Isso porque, as sementes das gimnosper-
é produzido a partir da compactação de folhas mas não se encontram no interior dos frutos, ficando
de certas palmeiras. expostas ou nuas.
(C) aumenta o risco de extinção de certas gramí- Sua polinização ocorre pelo vento, no entanto, não
neas, a partir das quais é produzido. produzem frutos e nem flores. Seus representantes
(D) não acarreta nenhum impacto ambiental, pois mais conhecidos são os pinheiros, sequoias e araucá-
é produzido a partir de raízes de plantas aquá- rias (pinheiro brasileiro) (figura 36).
ticas secas.
(E) provoca a extinção de certas palmeiras, a par- Figura 36. Exemplos de gimnospermas.
tir das quais é produzido.

06. (Ufscar-SP) Considere as seguintes características:


I. Presença de tecidos de condução;
II. Presença de raízes verdadeiras;
III. Dependência de água para fecundação;
IV. Fase esporo�tica predominante.
Uma briófita e uma pteridófita apresentam em
comum apenas:
(A) IV Fonte: h�ps://beduka.com/blog/wp-content/uploads/2020/10/
(B) III exemplos-de-gimnospermas-sequoia-cedro-cipreste-pinheiro-a-
(C) I e II rauc%C3%A1ria.jpg. Acesso em 17 mar 2023.
(D) II e III
(E) I, II e IV Em geral, essas plantas adaptam-se melhor em cli-
mas mais frios e temperados. Acredita-se que existam
07. (CEFET-MG- ADAPTADA) As samambaias e as aven- cerca de 750 espécies de gimnospermas.
cas são tipos de pteridófitas mais comuns que se
reproduzem por meio de alternância de gerações. Características
No seu ciclo reprodutivo, a geração verde, dura-
doura e assexuada é a(o): As plantas gimnospermas possuem raiz, caule,
(A) prótalo. folhas e sementes. Não existem flores e frutos. Apre-
sentam, ainda, vasos condutores, xilema e floema.
(B) anterídio.
O desenvolvimento das sementes e do grão de
(C) protonema.
pólen foi uma grande conquista evolutiva das gimnos-
(D) esporófito.
permas. Esse fato fez com que as plantas dominassem
(E) gametófito.
definitivamente o ambiente terrestre, pois ficaram in-
dependentes da água para a fecundação.
08. (Urca-CE) Determine a alternativa correta sobre
Atualmente, esse grupo de plantas pode ser en-
o ciclo de vida das pteridófitas.
contrado em vários tipos de ambientes. Um exemplo
(A) Os gametângios constituem a geração dura- é o pinheiro-do-paraná (figura 37) ou araucária, que
doura (de longa duração). pode ser encontrado na Mata das Araucárias, no Sul
(B) Os esporófitos constituem a geração efêmera do Brasil.
(de curta duração).
(C) O pistilo é formado por ovário, estilete e es- Figura 37. Pinheiros-do-paraná.
tigma.
(D) Os esporófitos constituem a geração duradou-
ra (de longa duração).
(E) Após a germinação, o núcleo do ovo dá origem
ao endosperma.

Gimnospermas

As Gimnospermas são representadas por plantas


de grande porte, geralmente árvores, possuem vasos
condutores de seiva e sementes, mas não produzem
frutos.
O nome do grupo deriva das palavras gregas gym-
mos “nu” e sperma “semente”, ou seja, significa se- Fonte: h�ps://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/
images/araucaria.jpg. Acesso em 17 mar 2023.

97
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Estrutura Reprodutiva Os estróbilos masculinos, também chamados de
microstróbilos, são pequenos. Em seu interior são pro-
A estrutura reprodutiva das gimnospermas é o es- duzidos os esporos masculinos (micrósporos), através
tróbilo, também conhecido como cone, daí a deno- dos microsporângios.
minação conífera para as gimnospermas. Os estróbilos femininos, também chamados de
Os estróbilos são formados por folhas modificadas megastróbilos, são maiores e conhecidos popular-
que se agrupam e formam essa estrutura. Essas folhas mente como pinhas. Eles produzem os esporos fe-
são férteis e não realizam fotossíntese. mininos (megásporos), através dos megasporângios.
Os estróbilos podem ser masculinos ou femini-
nos (figura 38). Isso permite que as gimnospermas Ciclo de Vida
possam ser monoicas ou dioicas. Quando monoicas
possuem estróbilos masculinos e femininos. Quando Para compreender o ciclo de vida das gimnosper-
dioicas possuem apenas um dos tipos de estróbilo. mas (figura 39), vamos considerar o exemplo de um
pinheiro, um representante �pico desse grupo.
Figura 38. Estrutura reprodutivas das gimnospermas.
No momento da reprodução, as folhas modificam-
-se e originam os estróbilos masculinos (microstróbi-
los) e estróbilos femininos (megastróbilo). Lembre-se
que algumas espécies podem ter estróbilos masculi-
nos ou femininos, são dioicas.
Nos megastróbilos são produzidos, por meiose, os
megásporos. Eles ficam retidos nos megasporângios,
onde desenvolvem-se no interior do óvulo e originam
o gametófito feminino. A partir do gametófito femi-
nino surgem dois ou mais arquegônios, em cada um
Fonte: h�ps://beduka.com/blog/wp-content/uploads/2020/10/
diferencia-se uma oosfera, o gameta feminino.
estrutura-dos-estr%C3%B3bilos.jpg. Acesso em 17 mar 2023.

Figura 39. Ciclo de vida das gimnospermas.

Fonte: h�ps://content.querobolsa.com.br/assets/f0913c12-e144-4541-a986-5451e066�06. Acesso em 17 mar 2023.

98
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Nos microstróbilos, os microsporângios produ- 64) A área central de ocorrência das florestas com
zem, por meiose, os micrósporos. Desses micróspo- araucária no Brasil está sujeita a um clima sub-
ros surgem os grãos-de-pólen, também chamados de tropical, com geadas.
gametófitos masculinos. Eles ficam armazenados no
microstróbilo até serem liberados no ar. SOMA DOS NÚMEROS DOS ITENS CORRETOS:
Nesse momento, ocorre a polinização realizada _______
pelo vento (anemo�lica). Os grãos-de-pólen viajam
pelo ar até encontrar a abertura do óvulo. Quando isso 10. (UFSM-RS) Analise a citação: “O nadar dos ante-
ocorre, eles germinam e originam o tubo polínico que rozoides é substituído pelo crescer do tubo polí-
cresce e alcança o arquegônio. Isso possibilita que os nico”. Em que grupo vegetal esse fenômeno de
gametas masculinos fecundem a oosfera e originem substituição se processou, pela primeira vez?
o zigoto. (A) Briófitas.
Desse processo surge o pinhão, que é a semente, (B) Pteridófitas.
ou seja, o portador do óvulo fecundado, o embrião. (C) Gimnospermas.
(D) Angiospermas - Monocotiledôneas.
Atividade 04: pesquisa (E) Angiospermas - Dicotiledôneas.
Realize pesquisas para responder de maneira com-
pleta aos questionamentos a seguir. 11. (MACKENZIE) Em um determinado parque da ca-
• Em quais biomas (mundiais e brasileiros) podem ser pital de São Paulo, os visitantes são alertados por
encontrados pinheiros? Quais as adaptações des- uma placa colocada ao lado de um enorme pinhei-
tas plantas que possibilita que sobrevivam nestes ro-do-Paraná, com o seguinte aviso: Cuidado com
ecossistemas? os frutos que caem.
• Qual é a espécie de pinheiro brasileira? Quais suas Esse alerta está:
importâncias ecológicas e econômicas? (A) correto, porque o que cai são os enormes es-
tróbilos femininos (pinhas) que constituem os
Exercícios de vestibulares frutos.
(B) correto, porque o que cai são os pinhões,
09. (UFPR) Na questão adiante, escreva no espaço frutos pequenos que podem cair muitos ao
apropriado a soma dos itens corretos. mesmo tempo.
O pinheiro-do-paraná - Araucaria angustifo- (C) incorreto, porque os pinhões que caem são
lia (Bert.) O. Kuntze. - é uma espécie arbórea sementes desenvolvidas nos estróbilos femi-
nativa do Brasil, destacando-se fisionomicamen- ninos.
te de tal forma que as florestas em que ocorre (D) incorreto, porque os pinhões que caem são
são comumente designadas como “florestas com sementes produzidas nos enormes estróbilos
araucária”, “pinheirais” ou “pinhais”. Sobre essa femininos que constituem os frutos.
espécie e o tipo de vegetação em que ela ocorre, (E) incorreto, porque o que cai são estróbilos mas-
é correto afirmar: culinos que são maiores do que os femininos.
01) As florestas com araucária têm ocorrência ex-
clusiva no sul do Brasil, pois trata-se de uma 12. (FUVEST/2007) O pinhão mostrado na foto, co-
região com temperaturas mais altas, propícias letado de um pinheiro-do-paraná (Araucaria an-
ao desenvolvimento da espécie. gustifolia), é
02) Araucaria é o gênero a que pertence a espé-
cie Araucaria angustifolia.
04) O pinheiro-do-paraná pertence ao grupo das
angiospermas, pois forma um tipo de semente
que é conhecida popularmente como pinhão.
08) A polinização do pinheiro-do-paraná é reali-
zada por aves, enquanto a dispersão de suas
sementes ocorre pelo vento.
16) Os nomes dos autores que aparecem junto ao
nome cien�fico do pinheiro-do-paraná são os
dos responsáveis pela descoberta das flores-
tas com araucária.
32) O pinheiro-do-paraná pertence ao grupo das
coníferas, que reúne uma série de espécies (A) um fruto: estrutura multicelular resultante do
de notável valor econômico. desenvolvimento do ovário.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) um fruto: estrutura unicelular resultante do Estrutura
desenvolvimento do óvulo.
(C) uma semente: estrutura unicelular resultante As plantas angiospermas são as mais complexas
do desenvolvimento do ovário. da natureza. Por isso, elas apresentam diversas es-
(D) uma semente: estrutura multicelular resultan- truturas.
te do desenvolvimento do óvulo.
(E) uma semente: estrutura unicelular resultante Raiz, Folhas e Caule
do desenvolvimento do óvulo.
As angiospermas apresentam diversos tipos de
Angiospermas raízes, como pivotantes, fasciculadas, tuberosas, tu-
bulares, pneumatóforos e sugadoras.
As angiospermas representam o grupo de plan- As folhas estão envolvidas com os processos de
tas mais bem adaptado e evoluído da natureza. Pos- fotossíntese, respiração e transpiração. As plantas an-
suem flores, frutos e sementes, além de vasos con- giospermas apresentam folhas com diversos formatos
dutores de seiva, além de uma gama de substâncias e tamanhos.
químicas de interesse medicinal (figura 40). Os principais tipos de caules aéreos das angios-
permas são: tronco lenhoso (árvores), haste (herbá-
Figura 40. Exemplos de angiospermas. ceas), estipe (palmeiras), colmo (bambu) e suculento
(cactos).

Flores
A flor é considerada a estrutura reprodutiva da
planta.
As flores são formadas por folhas modificadas e
especializadas. Elas são compostas por quatro tipos
de estruturas: sépalas, pétalas, estames e carpelos
(figura 41).
• Sépalas: Normalmente de coloração verde, lo-
calizam-se abaixo das pétalas. Elas protegem a
flor imatura, envolvendo-a e formando o botão
floral. Em conjunto formam o cálice.
• Pétalas: Porção colorida com a função de atrair
Fonte: h�ps://cursosnocd.com.br/upload/conteudo/reino-meta- os polinizadores. Em conjunto formam a corola.
fita-classificacao-geral-criptogamas-briofitas-pteridofitas-fanero- • Estame: Estrutura masculina da flor. Apresenta
gamas-gimnospermas-e-angiospermas-biologia-360.jpg. Acesso
em 17 de mar 2023.
uma porção alongada, o filete e uma porção
terminal, a antera. A antera apresenta 4 sacos
Apresentam hábitos herbáceo (ervas), arbustivo polínicos, os microsporângios, onde são pro-
(arbustos), arbóreo (árvores), trepador (trepadeiras) duzidos os grãos de pólen. O conjunto forma
e parasita. o androceu.
São encontradas, normalmente, no solo, bem • Carpelo: Estrutura feminina da flor. É formado
como na água, em rochas e apoiadas em outras plan- pelo estigma e ovário. O estigma é local que
tas. recebe o grão de pólen e no ovário encontram-
Elas representam o grupo mais diversificado de -se um ou mais óvulos. Cada óvulo contém um
plantas, com mais de 250 mil espécies. As angiosper- megasporângio. Uma flor pode ter mais de um
mas ocorrem nos mais variados tipos de habitats, des- carpelo, separados ou fundidos. Quando estão
de ambientes aquáticos até áridos. fundidos formam o pistilo. Todas as estruturas
O termo “angiosperma” deriva do grego “an- do carpelo formam o gineceu.
geios”, bolsa e sperma, semente.

Características Gerais

As angiospermas caracterizam-se pela presença


de flores e dos frutos que envolvem a semente.

100
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 41. Organização de uma flor de angiosperma apresentando Todas as partes do fruto são derivadas da flor.
androceu e gineceu. O fruto é resultado do desenvolvimento do ovário e
a semente do desenvolvimento do óvulo depois da
fecundação. Por isso, se um fruto apresenta uma se-
mente é porque o ovário tinha apenas um óvulo. E
se o ovário tiver mais de um óvulo, o fruto terá mais
de uma semente.
As funções do fruto são a propagação da espécie
e a proteção da semente.

Ciclo de Vida e Reprodução


Fonte: h�ps://www.coladaweb.com/wp-content/uplo-
ads/2014/12/20190711-angiospermas-flor.jpg. Acesso em 17 A reprodução das angiospermas inicia com a poli-
mar 2023.
nização. A polinização é o transporte do grão de pólen
da antera até o estigma, onde se forma o tubo polínico
Frutos
(figura 42).
Ao se instalar no estigma, o grão de pólen germi-
O fruto é uma estrutura exclusiva das angiosper-
na e forma o tubo polínico. Este cresce, através do
mas. É uma porção carnosa que desenvolve-se a partir
estilete, até atingir o óvulo, no ovário.
do ovário, após a fecundação.

Figura 42. Etapas do ciclo de vida de uma planta angiosperma: 1 – meiose espórica; 2 – polinização; 3 – desenvolvimento do saco
embrionário; 4 – desenvolvimento do tubo polínico; 5 – fecundação; 6 – germinação da semente

Fonte: h�ps://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/2014/12/20190711-angiospermas-ciclo.jpg. Acesso em 17 mar 2023.

O óvulo apresenta dois tegumentos e uma grande dem ser encontrados três núcleos: dois são núcleos
célula-mãe de megásporo (2n) que sofre meiose e espermáticos (gametas) e o outro é o núcleo do tubo
origina quatro células (n), das quais três se degeneram que controla o seu crescimento.
e uma forma o megásporo funcional (n). Quando atinge o óvulo, o tubo polínico libera os
O megásporo funcional sofre mitose e origina seus dois núcleos espermáticos. Um núcleo esper-
o saco embrionário com as seguintes células: uma mático (n) fecunda a oosfera (gameta feminino - n) e
oosfera, duas sinérgides, três an�podas e uma célula forma um zigoto (2n) que dará ao embrião.
central com dois núcleos polares. O outro núcleo espermático se une aos dois nú-
Enquanto isso, no interior do tubo polínico po- cleos polares do óvulo, formando um núcleo triploide,

101
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
que dará origem ao endosperma secundário que irá Legenda:
nutrir o embrião. Após a fecundação, o saco embrio- • Embriões protegidos no gametófito.
nário é chamado de endosperma secundário. • Tecidos condutores verdadeiros.
Como vimos, ocorrem duas fecundações. Por isso, • Formação de tubo polínico.
as angiospermas apresentam fecundação dupla, uma • Polinização pelo vento.
característica exclusiva desse grupo. • Produção de frutos.
Enquanto ocorre a dupla fecundação, os tegu-
mentos do óvulo formam uma casca, que contendo
o endosperma secundário e o embrião, formam a se-
mente. Os hormônios produzidos pelo embrião, esti-
mulam o desenvolvimento do fruto a partir do ovário.

Grupos das Angiospermas

As angiospermas são divididas em dois grandes


grupos, as monocotiledôneas e dicotiledôneas. Tal
classificação baseia-se no número de cotilédones.
Os cotilédones são folhas embrionárias modificadas,
responsáveis pela transferência de nutrientes para as
plantas, durante os estágios iniciais de seu desenvol-
vimento.
As monocotiledôneas apresentam apenas um
cotilédone na semente. Exemplos: Alho, cebola, gra- A aquisição evolutiva que permitiu a conquista de-
ma, arroz, trigo, aveia, cana-de-açúcar, milho, aspar- finitiva do ambiente terrestre pelas plantas está
go, abacaxi, bambu, gengibre e palmeiras em geral: indicada pelo número
coco-da-baía e babaçu. (A) 1.
As dicotiledôneas apresentam dois cotilédones na (B) 2.
semente. Exemplos: Pera, maçã, feijão, ervilha, goia- (C) 3.
ba, vitória-régia, eucalipto, abacate, rosa, morango, (D) 4.
batata, mate, tomate, jacarandá, jabuticaba, algodão, (E) 5.
cacau, limão, maracujá, cacto, mamona, mandioca,
seringueira, café, abóbora e melancia. Questão 03
(Enem 2010) Os frutos são exclusivos das angios-
Momento Enem permas, e a dispersão das sementes dessas plan-
tas é muito importante para garantir seu sucesso
Questão 01 reprodutivo, pois permite a conquista de novos
(Enem 2021) A irradiação e o sucesso evolutivo das territórios. A dispersão é favorecida por certas ca-
angiospermas estão associados à ação de animais racterísticas dos frutos (ex.: cores fortes e vibrantes,
que atuam na polinização de suas flores, principal- gosto e odor agradáveis, polpa suculenta) e das
mente os insetos. Nessa relação, os insetos foram sementes (ex.: presença de ganchos e outras es-
e ainda são beneficiados com alimento. truturas fixadoras que se aderem às penas e pelos
Para as angiospermas, essa coevolução foi vanta- de animais, tamanho reduzido, leveza e presen-
josa por ça de expansões semelhantes a asas). Nas matas
(A) reduzir a ação dos herbívoros. brasileiras, os animais da fauna silvestre têm uma
(B) reduzir a competição interespecífica. importante contribuição na dispersão de sementes
(C) aumentar sua variabilidade genética. e, portanto, na manutenção da diversidade da flora.
(D) aumentar a produção de grãos de pólen. CHIARADIA, A. Mini-manual de pesquisa: Biologia.
(E) aumentar a independência da água para repro- Jun. 2004 (adaptado).
dução.
Das características de frutos e sementes apresen-
Questão 02 tadas, quais estão diretamente associadas a um
(Enem 2019) Durante sua evolução, as plantas apre- mecanismo de atração de aves e mamíferos?
sentaram grande diversidade de características, as (A) Ganchos que permitem a adesão aos pelos e
quais permitiram sua sobrevivência em diferentes penas.
ambientes. Na imagem, cinco dessas características (B) Expansões semelhantes a asas que favorecem
estão indicadas por números. a flutuação.

102
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(C) Estruturas fixadoras que se aderem às asas das FÍSICA
aves.
(D) Frutos com polpa suculenta que fornecem ener- CAPÍTULO 1
gia aos dispersores. TERMOMETRIA
(E) Leveza e tamanho reduzido das sementes, que
favorecem a flutuação. Habilidade Específica
(EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar interven-
Questão 04 ções e/ou construir protótipos de sistemas térmi-
(Enem2005) Caso os cientistas descobrissem al- cos que visem à sustentabilidade considerando sua
guma substância que impedisse a reprodução de composição e os efeitos das variáveis termodinâmi-
todos os insetos, certamente nos livraríamos de vá- ca sobre seu funcionamento, considerando o uso
rias doenças em que esses animais são vetores. Em de tecnologia digitais que auxiliem no cálculo de
compensação teríamos grandes problemas como a estimativas e no apoio à construção de protótipo.
diminuição drástica de plantas que dependem dos
insetos para polinização, que é o caso das Objetivo de Aprendizagem
(A) algas. (GO-EMCNT102G) Discutir sobre as quantidades
(B) briófitas como os musgos. de calor trocadas em um sistema isolado termica-
(C) pteridófitas como as samambaias. mente, propondo a construção de um calorímetro
(D) gimnospermas como os pinheiros. caseiro para medir a variação de calor das reações.
(E) angiospermas como as árvores fru�feras.
Objetos de conhecimento
Atividade 05: Prática • Termometria

Elaboração de um herbário Descritor Saeb


• Identificar fenômenos químicos ou �sicos em que
Para a elaboração de um herbário, acesse as instru- ocorrem trocas de calor de forma endotérmica e
ções disponíveis no link da referência a seguir. exotérmica.

Como fazer exsicatas para um herbário. Experimento- Temperatura


teca. Disponível em h�ps://experimentoteca.com.br/
como-fazer-exsicatas-para-um-herbario/. Acesso em As noções de “quente” e “frio” são intuitivas e
17 mar 2023. dependem de vários fatores inerentes ao observador
e ao objeto observado. Através do tato, podemos dis-
Bibliografia consultada tinguir um corpo quente de um corpo frio, porém com
este método de avaliação não podemos determinar
CASTILHO, Rubens. Plantas: características, funções a temperatura de um corpo, pois a sensação térmica
e os 4 tipos. Toda Matéria. Disponível em: h�ps:// pode ser diferente de uma pessoa para outra. Tra-
www.todamateria.com.br/plantas/. Acesso em 16 taremos, inicialmente, do conceito de temperatura.
mar 2023. Ao analisarmos microscopicamente um corpo,
podemos perceber que seu estado térmico está in-
DIANA, Juliana. Reino Vegetal. Toda Matéria, [s.d.]. timamente relacionado com o estado de agitação de
Disponível em: h�ps://www.todamateria.com.br/ suas par�culas, ou seja, esta torna-se mais acentuada
reino-vegetal/. Acesso em: 16 mar. 2023 à medida que o corpo vai sendo aquecido, ou diminui
à medida que o corpo vai sendo resfriado.
CASTILHO, Rubens. Briófitas: o que são, característi-
cas e exemplos. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
h�ps://www.todamateria.com.br/briofitas/. Acesso
em: 16 mar. 2023

Pteridófitas. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: ht-


tps://www.todamateria.com.br/pteridofitas/. Acesso
em: 16 mar. 2023

MAGALHÃES, Lana. Angiospermas. Toda Maté-


ria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.todamateria. Fonte: h�ps://www.escolaelectra.com.br/alumni/bibliote-
com.br/angiospermas/. Acesso em: 16 mar. 2023. ca/Apostila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf. Acesso em
08/03/2023

103
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Com base nessa observação, podemos definir: Para que o termômetro esteja na temperatura de
Temperatura é uma grandeza �sica utilizada para 100 graus este deve ser colocado em vapores de água
avaliar o estado de agitação das par�culas de um em ebulição (água fervente); o nível sobe durante um
corpo, caracterizando o seu estado térmico. certo tempo, alcançando uma posição estável; faz-se
Consequentemente, quando dizemos que um cor- ali uma outra marca no vidro: é o ponto fixo 100.
po A encontra-se a uma temperatura maior que a de A seguir o intervalo entre os pontos fixos é divi-
um corpo B, em verdade estamos afirmando que o dido em 100 partes iguais e cada parte corresponde
nível de agitação das par�culas de A é maior que de B. a 1°C obtendo-se o termômetro graduado na escala
A avaliação da temperatura de um corpo é rea- centesimal ou Celsius.
lizada por um instrumento de medida chamado de Apesar da escala Celsius, criada pelo �sico e as-
Termômetro. Sua construção dá-se graças às diversas trônomo sueco Anders Celsius ser a mais utilizada,
grandezas atribuídas a um corpo que variam com a devemos conhecer outras escalas. Um exemplo é a
temperatura, dentre as quais podemos destacar: escala Fahrenheit, criada pelo �sico alemão Gabriel
• O comprimento de uma haste Daniel Fahrenheit, em que se atribui o valor de 32° F
• A pressão exercida por um gás ao ponto de gelo e 212° F ao ponto de vapor. O seg-
• O volume de um líquido mento é dividido em 180 partes iguais e cada uma
• A resistência elétrica de um condutor corresponde a 1° F.
• A medida da energia irradiada Observe, na figura a seguir, as duas escalas e
perceba que uma variação de temperatura (∆θ) tem
Grande parte dos termômetros em uso ainda uti- valores diferentes nas duas escalas.
lizam a dilatação de líquidos com propriedade termo-
métrica. Um exemplo comum e de uso doméstico é o
termômetro de mercúrio.

Fonte: h�ps://www.escolaelectra.com.br/alumni/bibliote-
ca/Apostila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf. Acesso em Fonte: h�ps://www.escolaelectra.com.br/alumni/bibliote-
08/03/2023 ca/Apostila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf. Acesso em
08/03/2023
Outros termômetros, de concepção mais atual,
baseados em outras propriedades termométricas, Podemos obter a relação entre as variações de
também são utilizados. A escolha é feita de acordo temperatura nas duas escalas:
com as vantagens que cada um pode proporcionar,
como: precisão, sensibilidade, durabilidade, limites
de temperatura, custo etc.

Escalas Termométricas
Escala Kelvin
Um termômetro é graduado quando se estabelece Embora o uso das escalas Celsius e Fahrenheit
uma escala termométrica adequada. Para compreen- seja mais frequente, no meio cien�ficos utiliza-se a
dermos como se processa a graduação, vamos repro- escala Kelvin.
duzir a construção de um termômetro de mercúrio O princípio desta escala surgiu na discussão em
na escala Celsius: torno de temperaturas máximas e mínimas que po-
Escolhem-se duas temperaturas determinadas, fa- dem ser atingidas por um corpo. Verificou-se que não
cilmente reproduzida em qualquer ocasião: a fusão se pode, teoricamente, estabelecer um limite supe-
do gelo (ponto de fusão P.F.) e a de ebulição da água rior para a temperatura que um corpo pode alcançar.
(ponto de vaporização P.V.); atribui-se à primeira o Entretanto, observou-se que existe um limite natural,
valor de 0 e à segunda 100. quando se tenta baixar a temperatura. O mérito de
A fim de que o termômetro esteja em 0 graus, o Kelvin foi provar que a mais baixa temperatura teori-
mesmo é colocado em gelo moído e em fusão. Ob- camente possível é de –273°C que é conhecida como
serva-se que a coluna de mercúrio desce durante al- zero absoluto.
gum tempo até atingir um nível estável; faz-se ali uma Observe, na figura a seguir, a relação entre as es-
marca no vidro: é o ponto fixo 0. calas Celsius e Kelvin.

104
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

01. O verão de 2000 foi particularmente quente nos


Estados Unidos da América. A diferença entre
a máxima temperatura do verão e a mínima no
inverno anterior foi de 60°C. Qual o valor dessa
Fonte: h�ps://www.escolaelectra.com.br/alumni/bibliote-
ca/Apostila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf. Acesso em diferença na escala Fahrenheit?
08/03/2023 a) 108°F.
b) 60°F.
Como você pode verificar, a escala Kelvin, não c) 140°F.
apresenta temperaturas negativas. É fácil observar d) 33°F.
que um intervalo de temperatura tem as mesmas e) 92°F.
medidas na escala Celsius e Kelvin:
02. Sêmen bovino para inseminação artificial é con-
servado em nitrogênio líquido que, à pressão
normal tem temperatura de 78 K. Calcule essa
temperatura em:
Quando desejamos transformar uma indicação de a) graus Celsius (°C).
temperatura de uma determinada escala para outra b) graus Fahrenheit (°F) .
utilizamos a equação geral de conversão, estabele-
cendo a proporção entre segmentos determinados 03. A temperatura da cidade de Goiânia, em um certo
nos termômetros de cada escala. dia, sofreu uma variação de 15°C. Na escala Fahre-
Observe, na figura a seguir, as escalas Celsius, nheit, essa variação corresponde a:
Fahrenheit e Kelvin: a) 59.
b) 45.
c) 27.
d) 18.
e) 9.

04. Um operador verifica que uma certa temperatura


obtida na escala Kelvin é igual ao corresponden-
te valor na escala Fahrenheit acrescido de 145
unidades. Esta temperatura na escala Celsius é:
a) 55°C.
b) 60°C.
c) 100°C.
d) 120°C.
Fonte: h�ps://www.escolaelectra.com.br/alumni/bibliote- e) 248°C.
ca/Apostila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf. Acesso em
08/03/2023 05. Um termômetro está graduado numa escala X tal
que 60°X correspondem a 100°C e – 40°X corres-
Desta forma teremos: pondem a 0°C. Uma temperatura de 60°C corres-
ponde a que temperatura lida no termômetro de
escala X?
a) 28°X.
b) 25°X.
c) 18°X.
d) 20°X.
e) 30°X.

06. Em dois termômetros distintos, a escala termo-


métrica utilizada é a Celsius, porém um deles está
com defeito. Enquanto o termômetro A assinala

105
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
74°C, o termômetro B assinala 70°C e quando o CAPÍTULO 2
termômetro A assinala 22°C, o B assinala 20°C. CALORIMETRIA
Apesar disto, ambos possuem uma temperatura
em que o valor medido é idêntico. Este valor cor- Habilidade Específica
responde, na escala Kelvin, a: (EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar interven-
a) 293 K. ções e/ou construir protótipos de sistemas térmi-
b) 273 K. cos que visem à sustentabilidade considerando sua
c) 253 K. composição e os efeitos das variáveis termodinâmi-
d) 243 K. ca sobre seu funcionamento, considerando o uso
e) 223 K. de tecnologia digitais que auxiliem no cálculo de
estimativas e no apoio à construção de protótipo.
08. Relativamente à temperatura –300°C (trezentos
graus Celsius negativos), pode-se afirmar que a Objetivo de Aprendizagem
mesma é: (GO-EMCNT102G) Discutir sobre as quantidades
a) uma temperatura inatingível em quaisquer con- de calor trocadas em um sistema isolado termica-
dições e em qualquer ponto do Universo. mente, propondo a construção de um calorímetro
b) a temperatura de vaporização do hidrogênio caseiro para medir a variação de calor das reações.
sob pressão normal, pois, abaixo dela, este ele-
mento encontra-se no estado líquido. Objetos de conhecimento
c) a temperatura mais baixa conseguida até hoje • Calorimetria
em laboratório.
d) a temperatura média de inverno nas regiões Descritor Saeb
mais frias da Terra. • Identificar fenômenos químicos ou �sicos em que
e) a menor temperatura que um corpo pode atin- ocorrem trocas de calor de forma endotérmica e
gir quando o mesmo está sujeito a uma pressão exotérmica.
de 273 atm.

Referências Calor
1. Curso de Formação de Operadores de Refinaria: Para as Ciências Naturais a palavra “Calor” não
Física Aplicada. Petrobras. Disponível em: h�ps:// tem o mesmo significado se comparado a linguagem
www.escolaelectra.com.br/alumni/biblioteca/Apos- do nosso dia a dia. O calor para as ciências não está
tila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf Acesso em 02 associado a altas temperaturas e não pode ser usado
mar 2023. para descrever a temperatura ambiente.
De maneira mais específica, calor é a transferên-
2. Kesten, Philip R.; Tauck, David L. – Física na Uni- cia de energia que resulta de uma diferença de tem-
versidade Vol. II. 1ª Edição. LTC, 2015. ISBN: 978-1- peratura (espontaneamente a transferência ocorre
4292-0493-4 do corpo com maior temperatura para o de menor
temperatura). Perceba que nessa perspectiva, calor
3. Young, Hugh; Freedman, Roger - Física II-Termodinâ- não deve ser encarado como a energia que um corpo
mica e Ondas. 12ª Edição. Pearson Education Limited, contém!
2008. ISBN: 9788588639300

4. Tipler, Paul; Mosca, Gene - Física (Volume 1)-Me-


cânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica. Livros
Técnicos e Cien�ficos, 2009. ISBN: 9788521617105

5. GODOY L. DELL’ AGNOLO RM. MELO WC. Multiver-


sos – Ciências da Natureza: Matéria, Energia e a Vida:
Ensino Médio. 1ª ed. São Paulo: Editora FTD, 2020.

Fonte: h�ps://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/calor.htm. Acesso


em 08/03/2023

106
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Como calor é energia em trânsito, utilizamos o Transferência de Calor
joule (J) como unidade do sistema internacional, mas
por motivos históricos, podemos utilizar outra unida- Neste módulo, vamos estudar de que forma o calor
de como verificaremos a seguir. é transferido de um local para o outro como de um
coelho do deserto para o ambiente e de uma pedra
Caloria quente para uma iguana com frio. Aliás, é importante
citar que alguns animais evoluem e se adaptam de
A caloria (cal) é definida como o calor necessário acordo com as trocas de calor com o ambiente. A lebre
para aumentar a temperatura de 1g de água pura de americana, por exemplo, tem pelo ralo, pernas finas e
14,5 °C para 15,5 °C. compridas e orelhas enormes para facilitar a dissipação
A relação de conversão entre caloria e joule é de calor no deserto. Por outro lado, a lebre do ártico
dada por: tem pernas curtas, orelhas pequenas e uma grossa
camada de pelo para minimizar as perdas de calor.
1 cal = 4,186 J

No caso dos alimentos, costuma-se utilizar outra


definição de caloria, às vezes escrita com “C” maiús-
culo, que equivale a 1000 calorias ou 1 kcal.

ATIVIDADE INTEGRADORA
Fonte: h�ps://www.biodiversity4all.org/taxa/43132-Lepus-ame-
ricanus. Acesso em 08/03/2023
Como vimos existe uma relação entre a caloria estuda-
da aqui com a Caloria dos alimentos. Para verificarmos
isso vamos propor o seguinte:

1°) Dividir a turma em grupos;

2°) Solicite para que cada componente do grupo es-


colha um alimento de sua preferência (com emba-
lagem) para levar nas discussões do dia seguinte;
Fonte: h�ps://socientifica.com.br/lebre-do-artico-percorreu-388-
3°) Consultando a tabela nutricional os estudantes quilometros-em-uma-jornada-recorde/. Acesso em 08/03/2023
deverão pesquisar o significado de cada elemento
que a compõe; Como veremos, o calor pode se propagar de um
lugar, ou objeto, para outro por três processos: Con-
4°) Supondo-se que uma pessoa deve consumir dia- dução, Convecção e Radiação.
riamente 2000 cal de energia sugerir que os estu-
dantes possam somar os valores energéticos dos Condução
alimentos e perguntar: O consumo desses alimen-
tos seria suficiente para nutrir energeticamente Talvez você já tenha cometido o erro de segurar o
uma pessoa? cabo de uma concha de metal imersa em uma panela
de sopa que está no fogo. Embora o cabo da concha
5°) Para finalizar questione sobre o valor nutricional não esteja em contato nem com a sopa nem com o
dos alimentos trazidos pelos estudantes de modo fogo, ele pode esquentar o suficiente para queimar
que cada grupo possa propor uma ideia de dieta seus dedos. Esse aquecimento se dá pelo processo
que seja ao mesmo tempo saudável e suficiente de condução térmica.
energeticamente. A condução é o processo de propagação do ca-
lor que ocorre por transferência de energia entre as
par�culas, desse modo, ela necessita de um meio
material para ocorrer. Esse processo pode ser per-
cebido quando se aquece uma das extremidades de
uma barra metálica ou no caso do aquecimento do
cabo da concha em contato com a sopa aquecida.

107
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Pegue um balão e encha-o até a metade com água
de temperatura ambiente. Segure o balão em cima da
chama da vela. Você notará que o balão não estourará
de pronto. Você pode até deixar a chama encostar no
balão que ele não vai estourar.
A vela está esquentando a água em vez de es-
tourar o balão. O balão conduz calor e é capaz de
transferi-lo para a água sem danificar o balão.
O balão estourará apenas se for mantido por um
longo tempo em cima da vela, mas levará muito mais
tempo do que o balão cheio de ar.
Fonte: h�ps://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/09/trans-
ferencia-de-calor-e-termodinamica.html?m=0. Acesso em Convecção
08/03/2023

Para que ocorra a convecção também é necessária


No início, ao tocar a extremidade da barra que
a existência de um meio de propagação, geralmente
está distante da fonte de aquecimento, percebe-se
fluido (líquidos e gases). Esse processo de propagação
que ela está fria, mas após certo tempo, sente-se que
de calor acontece devido ao surgimento de correntes
ela também está aquecendo. Se a fonte de aqueci-
de convecção nos fluidos.
mento for retirada, a barra tende a alcançar o equi-
Quando uma região que contém ar (ou outro flui-
líbrio térmico com o ambiente. Assim, toda a barra
do qualquer) é aquecida, ela se dilata, passa a ter uma
tende a atingir uma mesma temperatura.
densidade menor que as regiões vizinhas e, de acordo
A explicação para esse fenômeno é dada pela
com o princípio de
transferência de energia entre as par�culas da barra.
Arquimedes, é submetida a uma força de empuxo.
As moléculas mais próximas da fonte de aquecimento
É como se o ar quente “boiasse” no ar frio e o ar frio
recebem energia e agitam-se com maior intensidade.
“afundasse” no ar quente.
Essa agitação provoca colisões com outras mo-
Esse mecanismo acontece, por exemplo, quando
léculas próximas (choques moleculares), resultando
ar que está na vizinhança de um aquecedor de am-
na transferência de energia e consequentemente na
biente sobe até o teto e força o ar mais frio a descer
agitação dessas outras moléculas. Esse processo pro-
pelo outro lado.
paga-se por toda a barra (meio de propagação).
É devido à condução que a xícara fica aquecida
quando contém um líquido quente e que o cabo da
panela esquenta quando ela é colocada no fogão ace-
so, por exemplo.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

Fonte: h�ps://www.sobiologia.com.br/conteudos/oitava_serie/
Calor6.php.Acesso em 08/03/2023

Outro exemplo ocorre ao se aquecer água no fo-


gão. As moléculas mais no fundo, próximas ao fogo,
aquecem mais rapidamente, tornando-se menos den-
sas que as moléculas mais próximas à super�cie.
Com isso, as moléculas mais quentes sobem, fi-
Fonte: h�ps://pt.wikihow.com/Fazer-um-Experimento-Simples- cando mais próximas da super�cie e as moléculas mais
-de-Condu%C3%A7%C3%A3o-de-Calor. Acesso em 08/03/2023
frias descem, aproximando-se do fogo.

108
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) O ar mais quente desce e se desloca do continen-
te para a água, a qual não conseguiu reter calor
durante o dia.
c) O ar que está sobre o mar se esfria e dissolve-se na
água; forma-se, assim, um centro de baixa pressão,
que atrai o ar quente do continente.
d) O ar que está sobre a água se esfria, criando um
centro de alta pressão que atrai massas de ar con-
tinental.
e) O ar sobre o solo, mais quente, é deslocado para
o mar, equilibrando a baixa temperatura do ar que
está sobre o mar.

Radiação

Fonte: h�ps://querobolsa.com.br/enem/fisica/conducao-convec- Diferentemente da condução e da convecção, a


cao-e-radiacao. Acesso em 08/03/2023 radiação não precisa de meio para ocorrer, pois a ener-
gia térmica neste processo é transferida por ondas
eletromagnéticas, que são capazes de propagar-se
no vácuo.
Todos os corpos emitem energia por radiação a
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM todo momento. Em temperaturas próximas à ambien-
te, esse fenômeno normalmente não pode ser per-
(ENEM-MEC) Numa área de praia, a brisa marítima é cebido por olhos humanos, mas pode ser visualizado
uma consequência da diferença no tempo de aque- quando o corpo se encontra a temperaturas muito
cimento do solo e da água, apesar de ambos estarem altas, como uma brasa incandescente.
submetidos às mesmas condições de irradiação solar. Em períodos muito frios, alguns animais, como as
No local (solo) que se aquece mais rapidamente, o cascavéis, hibernam em bandos, para que cada indiví-
ar fica mais quente e sobe, deixando uma área de duo possa usufruir da energia irradiada pelos outros
baixa pressão, provocando o deslocamento do ar da membros do grupo.
super�cie que está mais fria (mar). Alguns tipos de óculos de visão noturna também
utilizam essa emissão de energia dos corpos para pos-
sibilitar a visualização de pessoas e animais.

À noite, ocorre um processo inverso ao que se verifica


durante o dia.
Como a água leva mais tempo para esquentar (de
dia), mas também leva mais tempo para esfriar (à
noite), o fenômeno noturno (brisa terrestre) pode ser Fonte: h�ps://rogeriofisica.wordpress.com/2010/03/14/convec-
explicado da seguinte maneira: cao-e-radiacao/. Acesso em 08/03/2023
a) O ar que está sobre a água se aquece mais; ao
subir, deixa uma área de baixa pressão, causando A radiação é essencial para a existência da vida na
um deslocamento de ar do continente para o mar. Terra. Como o planeta e o Sol estão situados no vácuo,

109
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
essa forma de propagação é a única que permite que
a Terra receba energia solar.
Além disso, é devido a esse processo de propaga-
ção de calor que o ser humano pode aproveitar o fogo
de uma lareira ou de uma fogueira para aquecer-se
no frio, o que, nos primórdios da existência humana,
foi essencial para a sobrevivência da espécie.

Fonte: h�ps://www.infoescola.com/termodinamica/propagacao-
-de-calor/exercicios/. Acesso em 12/05/2022

A taxa de variação da temperatura da garrafa preta,


ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM em comparação à da branca, durante todo experi-
mento, foi
(UFAL 85) Selecione a alternativa que supre as omis- a) igual no aquecimento e igual no resfriamento
sões das afirmações seguintes: b) maior no aquecimento e igual no resfriamento.
c) menor no aquecimento e igual no resfriamento
I - O calor do Sol chega até nós por _______________ d) maior no aquecimento e menor no resfriamento.
____________. e) maior no aquecimento e maior no resfriamento.
II - Uma moeda bem polida fica __________ quente
do que uma moeda revestida de tinta preta, quando
ENEM 2016 (Segunda aplicação)
ambas são expostas ao sol.
Para a instalação de um aparelho de ar-condicionado,
III - Numa barra metálica aquecida numa extremidade,
é sugerido que ele seja colocado na parte superior da
a propagação do calor se dá para a outra extremidade
por ________________________. parede do cômodo, pois a maioria dos fluidos (líquidos
a) radiação - menos - convecção. e gases), quando aquecidos, sofrem expansão, tendo
b) convecção - mais - radiação. sua densidade diminuída e sofrendo um deslocamen-
c) radiação - menos - condução. to ascendente. Por sua vez, quando são resfriados,
d) convecção - mais - condução. tornam-se mais densos e sofrem um deslocamento
e) condução - mais - radiação. descendente.

A sugestão apresentada no texto minimiza o consumo


de energia, porque
a) diminui a umidade do ar dentro do cômodo.
SAIBA MAIS b) aumenta a taxa de condução térmica para fora do
Acesse o link a seguir para entender detalhes a cômodo.
respeito das maneiras de transmissão do calor. c) torna mais fácil o escoamento da água para fora
h�ps://descomplica.com.br/artigo/resumo-de-fisi- do cômodo.
ca-and8211-formas-de-transmissao-de-calor/4pj/ d) facilita a circulação das correntes de ar frio e quen-
te dentro do cômodo.
e) diminui a taxa de emissão de calor por parte do
Momento ENEM aparelho para dentro do cômodo.

(Enem 2013) Em um experimento foram utilizadas (Enem 2000) Uma garrafa de vidro e uma lata de alu-
duas garrafas PET, uma pintada de branco e a outra
mínio, cada uma contendo 330 mL de refrigerante,
de preto, acopladas cada uma a um termômetro. No
são mantidas em um refrigerador pelo mesmo longo
ponto médio da distância entre as garrafas, foi man-
período de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com
tida acesa, durante alguns minutos, uma lâmpada
as mãos desprotegidas, tem-se a sensação de que a
incandescente. Em seguida a lâmpada foi desligada.
Durante o experimento, foram monitoradas as tem- lata está mais fria que a garrafa.
peraturas das garrafas: a) enquanto a lâmpada per-
maneceu acesa e b) após a lâmpada ser desligada e É correto afirmar que:
atingirem equilíbrio térmico com o ambiente. a) a lata está realmente mais fria, pois a capacidade
calorífica da garrafa é maior que a da lata.
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o
vidro possui condutividade menor que o alumínio.

110
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, pos- variar 1°C na temperatura do corpo. Ela é represen-
suem a mesma condutividade térmica, e a sensa- tada por essa fórmula:
ção deve-se à diferença nos calores específicos.
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e
a sensação é devida ao fato de a condutividade
Em que C é a capacidade térmica, Q é o calor, e T
térmica do alumínio ser maior que a do vidro.
é a variação de temperatura.
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e
a sensação é devida ao fato de a condutividade
CALOR LATENTE (L)
térmica do vidro ser maior que a do alumínio.
Determina a variação na estrutura �sica do corpo
CALOR SENSÍVEL (Q) (quando varia o estado �sico do corpo). Ela é expressa
por esta equação:
O calor necessário para variar a temperatura de
um corpo. É expresso por essas equações:

Em que m é a massa e L é a constante calor latente.

Ou TROCAS DE CALOR

Dois ou mais corpos, com temperaturas diferen-


tes, quando colocados em um calorímetro, trocam
Em que m é a massa, c é o calor específico, C é a calor entre si até atingirem o equilíbrio térmico (tem-
capacidade térmica e ΔT é a variação de temperatura. peraturas iguais). Em um calorímetro, a soma algébri-
ca das quantidades de calor trocadas entre os corpos
CALOR ESPECÍFICO (c) é nula, ou seja:

O calor específico é uma característica da substân-


cia, que está relacionada à quantidade de calor por 1g
de substância que consegue variar 1°C na temperatura
do corpo. Ela é expressa por estas fórmulas

Ou ainda:

Em que Q é o calor, m é a massa e T é a variação


de temperatura. Em que Q é o calor, m é a massa e
T é a variação de temperatura. Em que m é a massa,
c é o calor específico, C é a capacidade térmica e T
é a variação de temperatura. Em que m é a massa, c
é o calor específico, C é a capacidade térmica e T é ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
a variação de temperatura. Em que m é a massa, c é
o calor específico, C é a capacidade térmica e T é a A matéria pode apresentar três estados �sicos
variação de temperatura. Em que Q é o calor, m é a distintos: sólido, líquido e gasoso. Na fase sólida, as
massa e ΔT é a variação de temperatura. moléculas estão dispostas com regularidade, em um
arranjo especial denominado re�culo cristalino.
CAPACIDADE TÉRMICA (C)

A capacidade térmica é uma característica do cor-


po, que está relacionada à quantidade de calor para

111
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
• Vaporização – É a passagem do estado líquido
para o gasoso.
• Condensação – É a passagem do estado gasoso
para o líquido.
• Sublimação – É a passagem direta do estado
sólido para o estado gasoso, ou vice-versa.

Na fase líquida, as distâncias médias entre as ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM


moléculas são bem menores que nos gases à mesma
pressão. A forma é variável e o volume é constante. 1. Uma peça de ferro de 50 g tem temperatura de
10 °C. Qual é o calor necessário para aquecê-la
até 80 °C? (calor específico do ferro: c = 0,11 cal/
g. °C).

2. Determine a quantidade de calor que 0,2 kg de


água deve perder para que sua temperatura di-
minua de 30 °C para 15 °C. O calor específico da
água é 1 cal/ g. °C.

3. Um corpo de massa 50 gramas recebe 300 calo-


Na fase gasosa, a substância não apresenta forma rias e sua temperatura sobe de 10 °C até 30 °C.
nem volume definidos. Determine o calor específico da substância que o
constitui.

4. (UFLA MG/2006) Uma substância com massa de


250 g é submetida a um aquecimento, conforme
mostra abaixo o diagrama calor versus tempera-
tura. Analisando-se o diagrama, pode-se afirmar
que o calor específico dessa substância é de

MUDANÇA DE ESTADO FÍSICO

Uma substância pode passar de um estado �sico


para outro por meio do recebimento ou do forneci-
mento de calor. a) 1 cal/g °C.
b) 0,1 cal/g °C.
c) 0,01 cal/g °C.
d) 2,5 cais/g °C.
e) 3,0 cais/g °C.

5. (UCS RS/2009) Um grão de milho de massa igual


a 2 gramas, calor específico de 0,6 cal/g °C e tem-
peratura inicial de 20 °C é colocado dentro de uma
• Fusão – É a passagem de uma substância do panela com óleo fervente. Suponha que, no ins-
estado sólido para o líquido. tante em que atingiu 100 °C, o grão de milho tenha
• Solidificação – É a passagem do estado líquido estourado e virado uma pipoca. Que quantidade
para o sólido. de calor ele recebeu dentro da panela para isso
acontecer?

112
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a) 126 calorias. QUÍMICA
b) 82 calorias.
c) 72 calorias. CAPÍTULO 1
d) 120 calorias. TERMOQUÍMICA
e) 96 calorias.
Habilidade específica
6. Uma fonte térmica fornece calor com potência de (EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dis-
30 J/s. Um bloco homogêneo, de massa 100 g, re- positivos e aplicativos digitais, tecnologias e pos-
cebe calor desta fonte e sua temperatura se eleva síveis soluções para as demandas que envolvem a
de 20 °C a 30 °C durante o intervalo de tempo de geração, o transporte, a distribuição e o consumo
90 s. Qual é o calor específico da substância que de energia elétrica, considerando a disponibilida-
constitui o bloco? de de recursos, a eficiência energética, a relação
custo/bene�cio, as características geográficas e
7. (Ufu 2006) 240 g de água (calor específico igual a 1 ambientais, a produção de resíduos e os impactos
cal/g.°C) são aquecidos pela absorção total de 200 socioambientais e culturais.
W de potência na forma de calor. Considerando
1 cal = 4 J, o intervalo de tempo necessário para Objetivos de aprendizagem
essa quantidade de água variar sua temperatura (GO-EMCNT106H) Conhecer as relações existen-
em 50 °C será de tes entre as quantidades de matéria e o calor na
a) 1 minuto. transformação da matéria, associando a variação
b) 3 minutos. de entalpia com cada mudança de estado �sico para
c) 2 minutos. quantificar a entalpia de combustão das reações e
d) 4 minutos. a entalpia das substâncias.

Referências Objetos de conhecimento


• Reações endotérmicas e exotérmicas
1. Curso de Formação de Operadores de Refinaria: Descritores Saeb
Física Aplicada. Petrobras. Disponível em: h�ps:// • D74 - Classificar as reações quanto à energia ab-
www.escolaelectra.com.br/alumni/biblioteca/Apos- sorvida ou liberada. (O)
tila_Transmissao_Calor_Petrobras.pdf Acesso em 02 • D75 - Expressar em unidades as grandezas: varia-
mar 2023. ção de energia de reação e variação de entalpia de
reação (calor de reação) em: joule (J) ou quilojoule
2. Kesten, Philip R.; Tauck, David L. – Física na Uni- (kJ) (unidade recomendada) e em caloria (cal) ou
versidade Vol. II. 1ª Edição. LTC, 2015. ISBN: 978-1- quilocaloria (kcal) (unidade em desuso). (O)
4292-0493-4

3. Young, Hugh; Freedman, Roger - Física II-Termodinâ- TERMOQUÍMICA


mica e Ondas. 12ª Edição. Pearson Education Limited,
2008. ISBN: 9788588639300 Parte da química que estuda o calor envolvido nos
processos �sicos e químicos.
4. Tipler, Paul; Mosca, Gene - Física (Volume 1)-Me- Nessa parte, o calor é chamado Entalpia (H). A
cânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica. Livros entalpia tem como unidades caloria (cal) ou Joule (J).
Técnicos e Cien�ficos, 2009. ISBN: 9788521617105 A relação entre tais unidades é a seguinte:
5. GODOY L. DELL’ AGNOLO RM. MELO WC. Multiver-
sos – Ciências da Natureza: Matéria, Energia e a Vida: 1 cal = 4,18 J
Ensino Médio. 1ª ed. São Paulo: Editora FTD, 2020.
De acordo com a entalpia (calor), há dois tipos
de processos:
a. Endotérmico: absorve calor
b. Exotérmico: libera calor

113
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ENTALPIA E ESTADO DE AGREGAÇÃO: REAGENTE → Produto

GRAFICAMENTE

ENTALPIA NAS REAÇÕES QUÍMICAS:


VARIAÇÃO DE ENTALPIA (∆H):
a. Reação endotérmica:
 é aquela que absorve calor
 resfria a vizinhança ∆H = HP – HR
 H P > HR

Reagente → PRODUTO Como HP < HR, temos que o ∆H é menor que zero
(negativo).
GRAFICAMENTE

ATIVIDADES

1) Numa reação exotérmica, há [1] de calor, a en-


talpia final (produtos) é [2] que a entalpia inicial
(reagentes) e a variação de entalpia é [3] que zero.
Completa-se corretamente essa frase substituin-
do-se [1], [2] e [3], respectivamente, por:
(A) liberação, maior, maior.
(B) absorção, maior, menor.
(C) liberação, menor, menor.
(D) absorção, menor, maior.
(E) liberação, maior, menor.
VARIAÇÃO DE ENTALPIA (∆H):
2) Numa reação endotérmica, há [1] de calor, a en-
talpia final (produtos) é [2] que a entalpia inicial
∆H = HP – HR (reagentes) e a variação de entalpia é [3] que zero.
Completa-se corretamente essa frase substituin-
do-se [1], [2] e [3], respectivamente, por:
Como HP > HR, temos que o ∆H é maior que zero
(A) liberação, maior, maior.
(positivo).
(B) absorção, maior, menor.
(C) absorção, maior, maior.
b. Reação exotérmica:
(D) absorção, menor, maior.
 é aquela que libera calor
(E) liberação, maior, menor.
 aquece a vizinhança
 H P < HR
3) Considere as seguintes transformações:
I. Dióxido de carbono sólido (gelo seco) ◊ dióxido
de carbono gasoso.
II. Ferro fundido ◊ ferro sólido.
III. Água líquida ◊ vapor d’água.

114
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Dessas transformações, no sentido indicado e à ocorre o aquecimento ou o resfriamento. A seguir,
temperatura constante, apenas: estão representadas algumas reações químicas
(A) I é exotérmica. que ocorrem após o rompimento da camada que
(B) II é exotérmica. separa os invólucros com seus respectivos ΔH.
(C) III é exotérmica. I. CaO + SiO2(g) ◊ CaSiO3(s) ΔH = – 89,5 kj/mol
(D) I e II são exotérmicas. II. NH4NO3(s) + H2O(l) ◊ NH4 + (aq) + NO3 - (aq)
(E) II e III são exotérmicas. ΔH = + 25,69 kj/mol
III. CaCl2(s) + H2O(l) ◊ Ca2+ (aq) + 2 Cl- (aq) ΔH
4) No processo exotérmico, o calor é cedida ao meio = – 82,80 kj/mol
ambiente, enquanto no processo endotérmico o
calor é absorvido do ambiente. Quando um atleta Analise as reações e os valores correspondentes
sofre uma contusão, é necessário resfriar, imediata- de ΔH e indique a alternativa que correlaciona,
mente, o local com emprego de éter; quando o gelo adequadamente, as reações com as bolsas tér-
é exposto à temperatura ambiente, liquefaz-se. micas quentes ou frias.
A evaporação do éter e a fusão do gelo são, res- (A) I. fria, II. quente, III. fria.
pectivamente, processos: (B) I. quente, II. fria, III. quente.
(A) endotérmico e endotérmico. (C) I. fria. II. fria, III. fria.
(B) exotérmico e exotérmico. (D) I. quente, II. quente, III. fria.
(C) endotérmico e exotérmico. (E) I. quente, II. quente, III. quente.
(D) exotérmico e endotérmico.
(E) isotérmico e endotérmico. 8) Observe o esquema.

5) A “cal extinta” [Ca(OH)2] pode ser obtida pela


reação entre óxido de cálcio (CaO) e a água, com
conseqüente liberação de energia. O óxido de cál-
cio, ou “cal viva”, por sua vez, é obtido por forte De acordo com o esquema apresentado, podemos
aquecimento de carbonato de cálcio (CaCO3). As dizer que esse processo deverá ser:
equações referentes às reações são: (A) exotérmico, com variação de entalpia de +
I. CaO + H2O ◊ Ca(OH)2 + calor 1870 kJ
II. CaCO3 + calor ◊ CaO + CO2 (B) exotérmico e absorver 1870 kJ
(C) endotérmico, com variação de entalpia de –
Identifique a afirmativa incorreta: 1870 kJ
(A) A reação entre a “cal viva” e o ácido clorídrico (D) endotérmico e absorver 130 kJ
(HCl) produz CaCl2 e água. (E) exotérmico e liberar 130 kJ
(B) A reação II é endotérmica.
(C) A reação II é uma reação de decomposição. 9) O metano é um poluente atmosférico e sua com-
(D) A reação I é uma reação endotérmica. bustão completa é descrita pela equação química
(E) A reação total entre “a cal extinta” e o ácido balanceada e pode ser esquematizada pelo dia-
sulfúrico (H2SO4) produz CaSO4 e água. grama abaixo.

6) Considere os processos a seguir: CH4(g) + 2 O2(g) ◊ CO2(g) + 2 H2O(g)


I. Queima do carvão.
II. Fusão do gelo à temperatura de 25°C.
III. Combustão da madeira.

(A) apenas o primeiro é exotérmico.


(B) apenas o segundo é exotérmico.
(C) apenas o terceiro é exotérmico.
(D) apenas o primeiro é endotérmico.
(E) apenas o segundo é endotérmico.

7) As bolsas térmicas consistem, geralmente, de dois


invólucros selados e separados, onde são arma-
Sobre este processo químico, podemos afirmar
zenadas diferentes substâncias químicas. Quando
que:
a camada que separa os dois invólucros é rompi-
(A) a variação de entalpia é – 890 kJ/mol, e por-
da, as substâncias neles contidas misturam-se e
tanto é exotérmico.

115
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) a entalpia de ativação é – 1140 kJ/mol. b. Calor de combustão: é o calor liberado na quei-
(C) a variação de entalpia é – 1140 kJ/mol, e por- ma de 1 mol de substância, no estado padrão.
tanto é endotérmico. Exemplo:
(D) a entalpia de ativação é 890 kJ/mol. CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) ∆H = – 890 kJ/mol
(E) a entalpia de ativação é – 890 kJ/mol.
CÁLCULO DO ∆H
10) Observe o gráfico abaixo.
a. Através dos calores de formação:

∆H = HP – HR

Exemplo:
Determine a entalpia de combustão do etanol,
em kJ/mol, sendo dados:

C2H5OH(l) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(l) ∆H = ?


1) O gráfico corresponde a um processo endotér-
mico. Entalpia de formação de C2H5OH(l) ∆H = – 278 kJ/mol
2) A entalpia da reação é igual a + 560 kcal. Entalpia de formação de CO2(g) ∆H = – 394 kJ/mol
3) A energia de ativação da reação é igual a 560 Entalpia de formação de H2O(l) ∆H = – 286 kJ/mol
kcal. ∆H = HP – HR
∆H = [2.(HCO2) + 3.(HH2O)] – [HC2H5OH + 3.(HO2)]
Está(ao) correta(s): ∆H = [2.( – 394) + 3.( – 286)] – [– 278 + 3.0]
(A) 1, apenas. ∆H = [( – 788) + ( – 858)] – [– 278]
(B) 2, apenas. ∆H = [– 788 – 858] + 278
(C) 2 e 3, apenas. ∆H = – 1646 + 278
(D) 1 e 3, apenas. ∆H = – 1368 kJ/mol
(E) 1, 2 e 3.
ATIVIDADES
ENTALPIA E ESTADO PADRÃO
01. Veja a entalpia-padrão de formação, em KJ.mol-1 e
Estado Padrão: é a forma mais estável de uma
a 25°C, de algumas substâncias:
substância a 25 ºC e 1 atm.
CH4(g) -74,8
Exemplo: H2(g), H2O(l), Fe(s), CO2(g), O2(g), O3(g).
CHCl3(l) - 134,5
Para as substâncias simples no estado padrão, HCl(g) - 92,3
atribui-se entalpia igual a zero (H = 0).
Nos exemplos: H2(g), Fe(s) e O2(g) teriam H = 0. Se realizarmos a reação de cloração do metano,
O O3(g) não é a forma alotrópica mais estável do qual será o valor da variação da entalpia do pro-
elemento oxigênio, por isso não tem entalpia igual cesso?
a zero.
CH4(g) + 3Cl2(g) → CHCl3(l) + 3HCl(g)
CALORES DE REAÇÃO:
(A) -115,9 KJ.mol-1
a. Calor de formação: é o calor envolvido na sínte- (B) 186,3 KJ.mol-1
se de 1 mol de substância, a partir de seus elementos (C) -376,2 KJ.mol-1
no estado padrão. (D) -336,6 KJ.mol-1
Exemplo: (E) 148,5 KJ.mol-1
2C(grafite) + 3 H2(g) + ½ O2(g) → C2H5OH(l) ∆H = – 278
kJ/mol 02. (UERJ) O alumínio é utilizado como redutor de óxi-
dos, no processo denominado de aluminotermia,
Como todos os reagentes têm entalpia igual a conforme mostra a equação química:
zero, a entalpia da reação é o calor necessário para
formar 1 mol do produto. Logo, a entalpia padrão de 8 Al(s) + 3 Mn3O4(s) → 4 Al2O3(s) + 9Mn(s)
formação (Hof ) do etanol é – 278 kJ/mol.

116
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Observe a tabela: b. Através da Lei de Hess:

Lei de Hess: O calor envolvido numa reação depen-


de apenas dos reagentes iniciais e dos produtos finais,
sendo independente de intermediários da reação.

Dessa forma, podemos calcular o ∆H de uma re-


ação pela soma de reações adequadas.
Teremos uma equação problema (aquela cujo ∆H
Segundo a equação acima, para a obtenção do
se deseja calcular) e reações auxiliares.
Mn(s), a variação de entalpia, na temperatura de
298 K, em KJ, é de:
Utilizando a Lei de Hess:
(A) -282,5
 Trabalhar matematicamente (multiplicando,
(B) -2515,3
dividindo, invertendo) as equações auxiliares, de for-
(C) -3053,1
ma que a soma delas, forneça a equação problema.
(D) -10827,1
Exemplo:
03. (PUC-MG) O fenol (C6H5OH) é um composto uti-
Determine a variação de entalpia da reação equa-
lizado industrialmente na produção de plásticos
cionada:
e corantes. Sabe-se que sua combustão total é
representada pela equação:
C2H4(g) + 6 F2(g) → 2 CF4(g) + 4 HF(g) ∆H = ?
C6H5OH(l) + 7O2(g) → 6CO2(g) + 3H2O(g)
Dados:
ΔH= -3054KJ/mol
I - H2(g) + F2(g) → 2 HF(g) ∆H = – 546 kJ/mol
e que as entalpias de formação do CO2(g) e II - C(graf.) + 2F2(g) → CF4(g) ∆H = – 680 kJ/mol
H2O(g) valem, respectivamente: –395kJ/mol e III - 2C(graf.) + 2H2(g) → C2H4(g) ∆H = – 52 kJ/mol
–286kJ/mol a 25ºC e 1 atm. A entalpia de forma-
ção do fenol, a 25ºC e a 1 atm, em kJ/mol, é igual
a: Inverte a III:
(A) – 174,0 C2H4(g)→ 2C(graf.) + 2H2(g) ∆H = + 52 kJ/mol
(B) – 2373,0
Multiplica por 2 a II:
(C) + 174,0
(D) + 2373,0 2 C(graf.) + 4F2(g) → 2 CF4(g) ∆H = – 1360 kJ/mol
Multiplica por 2 a I:
04. Calcule o valor da entalpia de combustão de um
mol do benzeno (C6H6) sabendo que ele apresen- 2 H2(g) + 2 F2(g) → 4 HF(g) ∆H = – 1092 kJ/mol
ta entalpia de formação no estado líquido igual a
+49 kJ/mol, que o CO2 gasoso apresenta –394 kJ/
mol e que o valor da água líquida é de –286 kJ/ Somando as equações:
mol.

C6H6 + 15/2O2 → 6 CO2 + 3 H2O

(A) +3 271.
(B) –1 123.
(C) +1 123.
(D) –3 173.
(E) –3 271. ATIVIDADES

REFERÊNCIA 01. (Fuvest-SP) O “besouro bombardeiro” espanta


seus predadores expelindo uma solução quente.
DIAS, Diogo Lopes. Exercícios sobre cálculo da variação Quando ameaçado, em seu organismo ocorre a
da entalpia.Canal do Educador UOL. Mundo Educação. mistura de soluções aquosas de hidroquinona, pe-
Disponível em: h�ps://exercicios.mundoeducacao. róxido de hidrogênio e enzimas, que promovem
uol.com.br/exercicios-quimica/exercicios-sobre-cal- uma reação exotérmica, representada por:
culo-variacao-entalpia.htm . Acesso em 15 mar 2023.

117
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
C6H4(OH)2(aq) + H2O2(aq) → C6H4O2(aq) + 2 Com respeito à lei de Hess, julgue os itens a seguir
H2O(l) como verdadeiros ou falsos:
(A) A lei de Hess permite calcular as entalpias de
O calor envolvido nessa transformação pode ser reações que, experimentalmente, seriam di-
calculado, considerando-se os processos: �ceis de determinar.
(B) Pela lei de Hess, podemos usar quaisquer re-
C6H4(OH)2(aq) → C6H4O2(aq) + H2(g) ΔH = ações intermediárias cujos valores sejam co-
+177 kJ . mol-1 nhecidos e cujo somatório algébrico resulte
H2O(l) + ½ O2(g) → H2O2(aq) ΔH = +95 kJ . mol-1 na reação desejada.
H2O(l) → ½ O2(g) + H2(g) (C) A lei de Hess permite determinar a variação
ΔH = +286 kJ . mol-1 de entalpia até mesmo de reações que, na
prática, nem chegariam a ocorrer pelo cami-
Assim sendo, o calor envolvido na reação que nho direto.
ocorre no organismo do besouro é: (D) As equações usadas podem ser multiplica-
(A) -558 kJ . mol-1 das, divididas e invertidas para originar os
(B) -204 kJ . mol-1 coeficientes estequiométricos necessários
(C) -177 kJ . mol-1 nos membros adequados.
(D) +558 kJ . mol-1 (E) Quando se inverte uma equação, o valor da
(E) +585 kJ . mol-1 entalpia permanece o mesmo.
(F) No somatório das equações, se duas substân-
02. (MACK-SP) Relativamente às equações a seguir, cias iguais aparecem em reações diferentes e
fazem-se as seguintes afirmações: em lados contrários, elas podem ser somadas,
C(grafite)(s) + O2(g) → CO2(g) ΔH = - 94,0 kcal mas se estão do mesmo lado, podemos can-
C(diamante)(s) + O2(g) → CO2(g) ΔH = - 94,5 kcal celá-las ou simplificar seus coeficientes (caso
I - C(grafite) é a forma alotrópica menos energé- eles sejam diferentes).
tica.
II - As duas reações são endotérmicas. FOGAÇA, Jennifer. Exercícios sobre Lei de Hess.
III - Se ocorrer a transformação de C(diamante) Canal do Educador UOL. Mundo Educação. Disponí-
em C(grafite), haverá liberação de energia. vel em: h�ps://exercicios.mundoeducacao.uol.com.
IV - C(diamante) é a forma alotrópica mais estável. br/exercicios-quimica/exercicios-sobre-lei-hess.htm .
Acesso em 15 mar 2023.
São corretas:
(A) I e II, somente. c. Através das energias de ligação:
(B) I e III, somente.
(C) I, II e III, somente. Energia de ligação: energia necessária para rom-
(D) II e IV, somente. per 1 mol de ligações entre dois átomos.
(E) I, III e IV, somente.
H – H(g) → 2 H(g) ∆H = 436 kJ/mol
03. Dadas as equações:
Utilizando as energias de ligação:
Fe2O3(s) + 3 C(grafite) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g)
Ligações rompidas ⇒ reagentes ⇒ sinal +
ΔH0 = +489 kJ
Ligações formadas ⇒ produtos ⇒ sinal –
FeO(s) + C(grafite) → Fe(s) + CO(g)
∆H = Σ das energias de ligação
ΔH0 = +155,9 kJ
Exemplo:
C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH0 = -393 kJ
Determine a variação de entalpia da reação equa-
cionada a seguir:
CO(g) + ½ O2(g)→ CO2(g) ΔH0 = -282,69 kJ
C2H4(g) + H2(g) → C2H6(g) ∆H = ?
Calcule o valor de ΔH0 para a reação:
Fe(s) + ½ O2(g)→ FeO(s) Dados:
(A) -266,21 kJ. Ligação Energia de ligação (kJ/mol)
(B) +266,21 kJ. C=C 612
(C) -30,79 kJ. C–C 348
(D) +222,79 kJ. C–H 412
(E) -222,79 kJ. H–H 436

118
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Procedimento: (A) – 532 kJ.
(B) – 632 kJ.
(C) + 432 kJ.
(D) + 332 kJ.
(E) + 732 kJ.

03. (UNCISAL) No processo de Haber-Bosch, a amônia


é obtida em alta temperatura e pressão, utilizan-
∆H = Σ das energias de ligação do ferro como catalisador. Essa amônia tem vasta
aplicação como fonte de nitrogênio na fabricação
∆H = [4 . (+ 412)] + 612 + 436 + (– 348) + 6 . (– 412) de fertilizante e como gás de refrigeração. Dadas
∆H = 1648 + 612 + 436 – 348 – 2472 as energias de ligação, H – H→ 436 kJ/mol, N≡
∆H = 2696 – 2820 N→ 944 kJ/mol e H – N → 390 kJ/mol, a entalpia
∆H = – 124 kJ/mol de formação de 1 mol de amônia é:

ATIVIDADES

Veja a seguir a reação de cloração do etano na pre-


sença de luz: (A) –88 kJ/mol.
(B) –44 kJ/mol.
(C) +44 kJ/mol.
(D) +88 kJ/mol.
(E) +600 kJ/mol.
01. Sabe-se que ela apresenta uma variação de ental-
pia igual a -35 Kcal.mol-1.Considerando os valo-
04. (UniCESUMAR-SP) A ligação covalente que man-
res das energias de ligação presentes na reação,
tém os átomos de nitrogênio e oxigênio unidos
determine a energia da ligação C-Cl no composto
no óxido nítrico, NO, não é explicada pela regra
CH3Cl.
do octeto, mas a sua energia de ligação pode ser
calculada a partir dos dados fornecidos abaixo.
C-H = 105 kcal.mol–1
Cl-Cl = 58 kcal.mol–1
Dados:
H-Cl = 103 kcal.mol–1
Energia de ligação N≡N: 950 kJ.mol–1;
C-C = 368 kcal.mol–1
Energia de ligação O=O: 500 kJ.mol–1;
Entalpia de formação do NO: 90 kJ.mol–1.
(A) -75 kcal.mol–1.
(B) - 85 kcal.mol–1.
A partir dessas informações, é possível concluir
(C) 85 kcal.mol–1.
que a energia de ligação entre os átomos de ni-
(D) - 95 kcal.mol–1.
trogênio e oxigênio no óxido nítrico é:
(E) 95 kcal.mol–1.

02. Observe a tabela referente aos valores de ental-


pias de ligação: (A) 90 kJ.mol–1.
(B) 680 kJ.mol–1.
(C) 765 kJ.mol–1.
(D) 1360 kJ.mol–1.
(E) 1530 kJ.mol–1.

Bibliografia consultada:

DIAS, Diogo Lopes. Exercícios sobre energia de ligação.


Canal do Educador UOL. Mundo Educação. Disponível
em: h�ps://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/
exercicios-quimica/exercicios-sobre-energia-ligacao.
Com base nos valores fornecidos, qual será o valor htm . Acesso em 15 mar 2023.
do ΔH da combustão de 1 mol de metano?
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos (coord.), Química &
Sociedade, vol. único, São Paulo: Nova Geração, 2005.

119
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
PERUZZO. F.M.; CANTO. E.L., Química na abordagem
do cotidiano, volume 1, 4ª edição, ed moderna, São
Paulo, 2006

USBERCO, João; Salvador, Edgard. Química Geral. 12ª.


ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 480 p.

120
Matemática e
suas Tecnologias
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Habilidades da BNCC “A soma dos quadrados de seus catetos correspon-
(EM13MAT308) Aplicar as relações métricas, in- de ao quadrado de sua hipotenusa.”
cluindo as leis do seno e do cosseno ou as noções de
congruência e semelhança, para resolver e elaborar
problemas que envolvem triângulos, em variados
contextos.
(EM13MAT306) Resolver e elaborar problemas em
contextos que envolvem fenômenos periódicos re-
ais (ondas sonoras, fases da lua, movimentos cícli-
cos, entre outros) e comparar suas representações
com as funções seno e cosseno, no plano cartesia-
no, com ou sem apoio de aplicativos de álgebra e a: Hipotenusa
geometria. b: Cateto
c: Cateto
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM Teorema de Pitágoras:
(GO-EMMAT308A) Relacionar, por semelhança de
triângulos ou pelo Teorema de Pitágoras, as medi- Vejamos o seguinte exemplo um triângulo retân-
das dos lados e segmentos do triângulo retângulo gulo que possui catetos medindo 3,2m e 2,4m e é
(catetos, hipotenusa, altura relativa a hipotenusa solicitado que determinemos o valor da hipotenusa
e projeções dos catetos sobre a hipotenusa), iden- deste.
tificando todas as medidas apresentadas no pro-
blema para compreender a origem e os processos
que acarretam as relações métricas no triângulo
retângulo.
(GO-EMMAT308B) Relacionar, pelas Leis do Seno
ou do Cosseno, as medidas dos lados de triângulos
quaisquer com as medidas do seno ou do cosseno
de seus respectivos ângulos, utilizando a tabela tri- Então, considerando que temos os catetos me-
gonométrica como suporte, para aplicar estas leis dindo 2,4 e 3,2 podemos escrever
na resolução de problemas em diversos contextos
(cálculo de distâncias, determinação da medida de
ângulos ou relações trigonométricas, cálculo de pe-
rímetros, áreas, entre outros).
(GO-EMMAT306B) Interpretar registros, dados e in-
formações em contextos que envolvem fenômenos
periódicos reais, comparando suas representações
com as funções seno e cosseno, no plano cartesia-
no, com ou sem apoio de aplicativos de álgebra Então temos que a hipotenusa deste triângulo
e geometria para resolver problemas de natureza retângulo mede 4 metros.
trigonométrica. Agora vejamos uma situação que envolva um pro-
blema contextualizado. Observe as medidas indicadas
Objeto de conhecimento em um mapa do Parque Ibirapuera, região plana da
Teorema de Pitágoras cidade de São Paulo.
Semelhança de triângulos
Lei dos Senos
Lei dos Cossenos

TEOREMA DE PITÁGORAS

O Teorema de Pitágoras relaciona o comprimento


dos lados do triângulo retângulo. Essa figura geométri-
ca é formada por um ângulo interno de 90°, chamado
de ângulo reto.
O enunciado desse teorema é:

124
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
De acordo com o mapa, uma caminhada em linha Determine a distância entre o pé da escada e o
reta do Museu Afro Brasil (P) até o Museu de Arte muro.
Moderna de São Paulo (Q) corresponde a (A) 12
(A) 400 m. (B) 30
(B) 625 m. (C) 18
(C) 676 m. (D) 45
(D) 484 m. (E) 79
(E) 576 m.
3) (IFMT) Mário e seu avô decidiram construir um
Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo balanço para eles brincarem. De acordo com a fi-
da figura, temos: gura abaixo, qual deverá ser o tamanho da tábua?

Como 1,6 cm no mapa equivalem a 200 m, a dis-


tância procurada vale: (A) 3,5 metros.
(B) 3,7 metros.
(C) 3,9 metros.
(D) 4,1 metros.
(E) 4,7 metros.

ATIVIDADES 4) (Unemat – MT) Dois móveis, A e B, estão se deslo-


cando por duas estradas retilíneas que se cruzam
1) Observe o triângulo retângulo abaixo no ponto P (conforme a figura abaixo) e formam
entre elas um ângulo reto.

Marque a alternativa que corresponde a medida


do lado AC
(A) 10 m
(B) 14 m No exato momento em que o móvel A está a 6 km
(C) 24 m de distância do ponto de cruzamento P, o móvel B
(D) 30 m está exatamente a 8 km de P. Portanto, a distância
(E) 48m (em linha reta) entre A e B é:
(A) 14 km
2) (IFPE) Uma escada de 13 metros de comprimento (B) 6 km
está apoiada no topo de um muro de 5 metros de (C) 8 km
altura, conforme a figura abaixo. (D) 10 km
(E) 15 km

125
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5) Observe o gráfico abaixo Onde e um lado do triangulo 1 e e outro lado
correspondente no triangulo 2.
Observe os triângulos abaixo

Sabendo que os triângulos ABC e PQR são seme-


lhantes, podemos determinar a razão de semelhança
da seguinte forma:
Considerando, assinale a alternativa que apresen- A razão entre os triângulos ABC e PQR nessa or-
ta a distância do ponto A ao ponto B. dem.
(A) 56
(B) 21
(C) 20
(D) 15
(E) 10

Semelhança de triângulos

Dois triângulos são semelhantes se, e somente se,


possuem os três ângulos ordenadamente congruen-
tes e os lados correspondentes são proporcionais. Portanto, a razão de semelhança de ABC para PQR
é igual a 5.

Triângulos Semelhantes

Como dito anteriormente, avaliamos e confirma-


mos a semelhança de triângulos quando esses pos-
suem lados proporcionais e ângulos congruentes,
A semelhança entre os triângulos ABC e PQR será mas existem uma serie de casos que facilitam essa
denotada por identificação. São os chamados casos de semelhança
de triângulos.

• Caso Ângulo-Ângulo (AA)


Assim temos que, Vamos dizer que dois triângulos são semelhantes
se dois ângulos de um triângulo são iguais a dois ân-
gulos do outro triângulo.

Razão de semelhança

A constante k apresentada na definição é denomi-


nada razão de semelhança. Qualquer razão entre me-
didas lineares (lado, altura e perímetro) resulta em k.
Neste caso temos que

126
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
• Caso Lado-Ângulo-Lado (LAL) (C) 30.
Dizemos que dois triângulos são semelhantes se (D) 45.
dois lados são proporcionais e os ângulos entre esses (E) 75.
lados são congruentes, isto é, iguais.
2) (ETEC SP) Sem dispor de uma trena de compri-
mento suficiente, um pedreiro determinou a me-
dida do desnível (d) de um terreno, valendo-se da
propriedade da propagação retilínea da luz.
Observou que, em determinado momento do dia,
um muro vertical de 1,5 m de altura, construído
na parte alta do terreno, projetava uma sombra
de 0,4 m sobre a parte superior do terreno, que
era plana e horizontal. No mesmo instante, o
A condição para que esses dois triângulos sejam desnível do terreno projetava sobre a parte mais
semelhantes é que a razão entre AB e A’B’ seja igual baixa, igualmente horizontal, uma sombra de 1,6
à razão entre os lados AC e A’C’, ou seja, que os lados m, conforme a figura.
sejam proporcionais. Além disso, o ângulo compreen-
dido entre esses lados deve ser igual: Â = Â.

• Caso Lado-Lado-Lado (LLL)


Dois triângulos são ditos semelhantes se os três
lados do primeiro triângulo são ordenadamente pro-
porcionais aos lados do segundo triângulo.

Com suas observações, foi capaz de deduzir cor-


retamente que o desnível do terreno era de
(A) 6,0 m.
(B) 8,0 m.
(C) 10,0 m.
(D) 12,0 m.
(E) 14,0 m.
ATIVIDADES
3) (IFPE) Ivo é estudante do Campus Garanhuns e,
1) (Unesp SP) A sombra de um prédio, num terre- certo dia, utilizando uma trena, constatou que o
no plano, numa determinada hora do dia, mede totem do campus projetava uma sombra de 6 m.
15m. Nesse mesmo instante, próximo ao prédio, Com a ajuda de um amigo, conseguiu constatar
a sombra de um poste de altura 5m mede 3m. que sua própria sombra, no mesmo horário, me-
dia 2,85 m. Conforme o esquema mostrado na
Sol figura abaixo e sabendo que Ivo mede 1,90 m,
calcule a altura do totem.

prédio poste

15 3
A altura do prédio, em metros, é
(A) 25.
(B) 29.

127
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
(A) 8 metros. Lei dos Senos
(B) 4 metros.
(C) 3,8 metros. A Lei dos Senos afirma que, em um triângulo qual-
(D) 3,15 metros. quer inscrito em uma circunferência de raio R, a razão
(E) 5 metros. entre qualquer um de seus lados e o ângulo oposto
a esse lado é igual ao dobro do raio R. Portanto, esse
4) (IFSP) Na figura, o triângulo ABC representa a vista teorema nos mostra que, em um mesmo triângulo, a
superior de um dos tanques de um piscicultor. razão entre o valor de um lado e o seno de seu ângulo
Para melhor aproveitamento, esse tanque será oposto é sempre constante.
separado em duas partes por uma rede. A partir
do ponto D, pertencente ao lado AB, será passada
essa rede até o ponto E, pertencente ao lado BC,
de modo que os segmentos AC e DE sejam para-
lelos entre si.

Temos que,
Na figura, tem-se que
• a medida do segmento AC é de 40 m;
• a medida do segmento AD é de 33 m; e
• a medida do segmento BD é de 12 m.

Assim sendo, o comprimento da rede do ponto D


ao ponto E é, em metros, aproximadamente,
(A) 8,6.
(B) 9,4.
(E) 10,7.
(D) 14,5. Logo,
(E) 17,3.

5) Os triângulos ABC e AED, representados na figura


a seguir, são semelhantes, sendo os ângulos D e
C congruentes. Consideremos o triângulo a seguir

Se BC = 16 cm, AC = 20 cm, AD = 10 cm e AE =
10,4 cm, o perímetro do quadrilátero BCED, em
cen�metros, é:
(A) 32,6
(B) 36,4
(C) 40,8 Vamos determinar a distância entre os pontos A
(D) 42,6 e C, sabendo que
(E) 44,4

128
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Com isso temos ATIVIDADES

1) (FGV ) A figura ilustra as medidas que um topó-


grafo tomou para calcular a distância do ponto A
a um barco ancorado no mar.
sen62º = 0,88; cos62º = 0,47
sen70º = 0,94; cos70º = 0,34

Portanto a distância entre os pontos A e C é de


8,46 cm.
Vejamos agora um exemplo mais contextualizado. Use os dados obtidos pelo topógrafo e marque a
José adquiriu recentemente um terreno, no formato alternativa que corresponde a distância, aproxi-
do triângulo ABC indicado abaixo, e deseja murá-lo. mada, do ponto A ao barco.
(A) 46,7 m
(B) 48 m
(C) 52,5 m
(D) 60 m
(E) 63,6 m

2) Observe a figura a seguir

Sabendo-se que e considerando


, vamos determinar a medida do labo BC

Marque a alternativa que corresponde a distância,


aproximada, entre o ponto A e o ponto B
(considerar 2 = 1,41 e 3 = 1,73 )
(A) 150 metros.
(B) 175 metros.
(C) 189 metros.
(D) 212 metros.
(E) 250 metros.

129
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
3) Observe o triângulo a seguir dadas, é CORRETO afirmar que a medida de R é
igual a:

160 3
(A) m
3

(B) 80 3 m
3
(C) 16 3 m
3

Marque a alternativa que corresponde a medida, (D) 8 3 m


aproximada, do lado AB. 3
(A) 2,3 (E) 3
m
(B) 2,1 3
(C) 1,9
(D) 1,4
Lei dos cossenos
(E) 1,7
A lei dos cossenos, é aplicada em triângulos não
4) A figura mostra, um trecho de um rio onde se
retângulos para encontrar a medida de lados desco-
deseja construir uma ponte AB. De um ponto P,
nhecidos utilizando o cosseno de um dos ângulos do
a 100m de B, mediu-se o ângulo AP̂B = 45º e do triângulo.
ponto A, mediu-se o ângulo PÂB = 30º. Calcular o
comprimento da ponte.
A

P A Lei dos cossenos é dada por:


(A)
(B)
(C)
(D) Considere o triângulo a seguir
(E)

5) (UFJF MG) Uma praça circular de raio R foi cons-


truída a partir da planta a seguir:

Vamos determinar a medida do segmento BC

Note que BC é o lado oposto ao ângulo de .


Os segmentos AB, BC e CA simbolizam ciclovias Aplicando a Lei dos cossenos temos,
construídas no interior da praça, sendo que AB
= 80m. De acordo com a planta e as informações

130
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
da no formato de um triângulo, conforme a figura
abaixo.

Lembre-se que o é igual à ½.

Agora perceba o processo em um exemplo que


possui um contexto
Na figura abaixo, um observador no ponto A con- Qual é a medida da distância x?
segue visualizar dois marcos, um no ponto B e outro (A) 6 km
no ponto C, sob um ângulo cujo cosseno é 0,4. As (B) 5,5 km
distâncias que separam o observador do ponto B e do (C) 5 km
ponto C são 400 m e 500 m, respectivamente. Nessas (D) 7 km
condições, calcule a distância entre os marcos B e C. (E) 8 km

2) (Acafe SC) Deseja-se medir a distância entre duas


cidades B e C sobre um mapa, sem escala.
Sabe-se que AB = 60km e AC = 110km, onde A é
uma cidade conhecida, como mostra a figura a
seguir.
Assim, a distância aproximada entre B e C, em km,
é:

Note que BC é o lado oposto ao ângulo A, cujo


cosseno é igual a 0,4. Aplicando a Lei dos cossenos
temos,

(A) 90 km
(B) 100,2 km
Lembre-se que o é igual à 0,4. (C) 95,4 km
(D) 48,9 km
(E) 70 km

250000 3) Observe o triangulo a seguir

Portanto, a distância entre os pontos B e C é de


500 metros. Marque a alternativa que corresponde a medida,
aproximada, do terceiro lado do triângulo.
ATIVIDADES (A) 2 cm
(B) 4,2 cm
1) (Unemat MT) A cidade de Brasília (DF) foi proje- (C) 5 cm
tada e seu mapa foi todo desenhado para ter o (D) 7,2 cm
formato de um avião. Já Triangolândia foi projeta- (E) 8 cm

131
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) (UFTM MG) Na figura estão posicionadas as cida-
des vizinhas A, B e C, que são ligadas por estradas
em linha reta. Sabe-se que, seguindo por essas
estradas, a distância entre A e C é de 24 km, e
entre A e B é de 36 km.

Qualquer segmento com uma extremidade no


centro e a outra em um ponto da circunferência é
Nesse caso, pode-se concluir que a distância, em
chamado de RAIO.
km, entre B e C é igual a
I.
(A) 8 17 II.
(B) 12 19
(C) 12 23 Corda e diâmetro
(D) 20 15
(E) 20 13 Corda é o segmento cujas extremidades perten-
cem à circunferência.
5) (UNISC RS) Os irmãos André, Paulo e Vitor moram Diâmetro é a corda que passa pelo centro da cir-
em casas localizadas na mesma fazenda. Sabe-se cunferência.
que a casa de André dista 500 m da casa de Paulo
e 800 m da casa de Vitor, e que o ângulo formado
entre essas direções é 60°.
Observando, no esquema abaixo, a planta da si-
tuação apresentada, pode-se concluir que a dis-
tância entre a casa de Paulo e a casa de Vitor é de

Perceba que a medida do diâmetro é igual ao do-


bro da média do raio, ou seja, .

Comprimento da circunferência

(A) 600 m. Para calcular o comprimento de uma circunferên-


(B) 1300 m. cia, multiplicamos o diâmetro da circunferência pelo
(C) 700 m. número (pi).
(D) 900 m. Fórmula do comprimento da circunferência é dada
(E) 800 m. por,

Circunferência
Como , então
É o conjunto de pontos de um plano, equidistantes
de um ponto do plano chamado Centro.

132
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Onde: os dias ele dá exatamente 15 voltas em torno da
I. (pi) é um número irracional, com aproxima- praça, que tem 50 m de raio.
ções aceitáveis para diversas aplicações de 3 ou 3,14. Use 3 como aproximação para π.
II. r é a medida do raio da circunferência. O raio é Qual é a distância percorrida por esse homem em
um segmento que liga o centro a um ponto qualquer sua caminhada diária?
na circunferência. (A) 0,30 km
(B) 0,75 km
Podemos então pensar situações como dterminar (C) 1,50 km
o comprimento de uma circunferência de raio igual a (D) 2,25 km
2 cm, usando (E) 4,50 km
Temos a medida do raio e uma aproximação para
o valor de logo a medida do comprimento da cir- 5) (UniNorte AM) A figura representa o esboço do
cunferência é igual a caminho percorrido por uma pessoa para se des-
locar do ponto P até o ponto R.

ATIVIDADES

1) (PUC RJ) A roda de um carro tem 30 cm de raio.


Depois de a roda completar uma volta, o carro
Sabe-se que
terá se deslocado aproximadamente:
• a curva PQ é um arco de circunferência de raio
Usando π = 3,14
1,6km.
(A) 60 cm
• o segmento QR representa um trecho retilíneo
(B) 120 cm
do caminho, medindo 2,8km.
(C) 180 cm
Considerando π = 3, podemos afirmar que a dis-
(D) 188 cm
tância percorrida por essa pessoa é de:
(E) 198 cm
(A) 1,2 km
(B) 2,8 km
2) Uma pista de atletismo tem a forma circular e seu
(C) 3,0 km
diâmetro mede 80 m. Um atleta treinando nessa
(D) 4,0 km
pista deseja correr 10 Km diariamente. Determine
(E) 45 km
o número mínimo de voltas completas que ele
deve dar nessa pista, a cada dia.
(A) 10 Unidades de medida de um ângulo
(B) 20
(C) 30 Grau
(D) 40
(E) 50 Se dividirmos o ângulo de uma volta, independen-
temente do tamanho de seus lados, em 360 partes
3) (UEPB) Um ciclista de uma prova de resistência iguais, cada uma delas representará desse ângulo e
deve percorrer 502,4 km sobre uma pista circular será chamada 1 grau, e sua representação será
de raio 200 m. O número de voltas que ele deve . O grau é subdividido em 60 minutos (60’), e cada
dar é: um desses minutos é, por sua vez, subdividido em
(Considere π = 3,14) 60 segundos (60”). Assim, o ângulo de pode ser
(A) 300 subdividido em 3600”.
(B) 350 Logo, a medida do ângulo de volta inteira é .
(C) 400
(D) 450 Radiano
(E) 500
Esta unidade de medida de ângulos, e de arcos,
4) (ENEM MEC) Um homem, determinado a melho- tem como símbolo . Dizemos que um arco mede
rar sua saúde, resolveu andar diariamente numa se o seu comprimento for igual ao raio da cir-
praça circular que há em frente à sua casa. Todos cunferência onde este arco está definido.

133
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Substituindo o valor de π, temos

Outro exemplo seria algo como, caminhando 100


Um ângulo em radianos é dado por metros pelo contorno de uma praça circular, uma pes-
soa descreve um arco de 144º. Desse modo, é correto
afirmar que a medida, em metros, do raio da circun-
ferência da praça é
(A) 125π
175
(B) π

250
(C) π
Então, a medida do ângulo ou arco de uma volta
será igual a pois, como já sabemos, o com- 250
(D)
primento da circunferência inteira é obtido pela ex- π
pressão (E) 250π
Podemos então buscar, algo como transformar
12° em radianos. Temos então
Temos Um ângulo em radianos é definido por

Note que,

Inicialmente iremos converter , para radia-


nos.

Outro questionamento valido seria quantos graus Note que,


mede, um arco de 0,75 rad. Usando

Temos

Note que,

134
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Vamos substituir o ângulo de na equação 4) Tales, um aluno do Curso de Matemática, de-


pois de terminar o semestre com êxito, resolveu
viajar para a Europa. Em Londres, Tales andou
na London Eye, para contemplar a cidade. Esta
roda gigante de 135 metros de diâmetro está lo-
calizada à beira do rio Tâmisa. Suas 32 cabines
envidraçadas foram fixadas à borda da roda com
espaçamentos iguais entre si. Então, a medida
do arco formado por cinco cabines consecutivas
é igual, em metros, a
135
(A) π
4

675
(B) π
32

675
(C) π
16

135
Alternativa correta: C (D) π
8

ATIVIDADES 135
(E) π
32
1) Considere o arco , e igual a
(A) 5) Fac. de Ciências da Saúde de Barretos SP) Um
(B) hospital possui, em seu pátio interno, um jardim
(C) de forma circular com 6 m de diâmetro e centro
(D) O, utilizado pelos pacientes, que caminham ao seu
(E) redor acompanhados dos enfermeiros. A figura
ilustra a situação.
2) Observe o ângulo a seguir

A medida desse ângulo em radianos é


(A)

(B)

(C)

(D)
Um paciente desloca-se do ponto A ao ponto B,
(E) onde para e descansa. Sabendo que o compri-
mento do arco AB, percorrido pelo paciente, é de
3,75 m, e considerando π = 3, o valor do ângulo
3) Observe o ângulo a seguir α, correspondente a esse arco, é
(A) 78°.
(B) 75°.
(C) 85°.
(D) 71°.
A medida desse ângulo em graus é
(A) Ciclo trigonométrico
(B)
(C) O ciclo trigonométrico é uma circunferência de
(D) raio 1, com o seu centro localizado na origem (0, 0) do
(E) sistema de coordenadas cartesianas no plano.
Podemos associar um ponto (x, y) sobre a circun-
ferência e a esse ponto arcos, medidos a partir da in-

135
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
tersecção (0, 1) do semieixo positivo Ox, denominado O seno é positivo no 1º e 2º quadrante.
origem do ciclo. O seno é negativo no 3º e 4º quadrante.
O cosseno é positivo no 1º e 4º quadrante.
O cosseno é negativo no 2º e 3º quadrante.

Simetrias no plano cartesiano


O plano cartesiano possui três simetrias:
I. Uma em relação ao eixo das abscissas;
II. Uma em relação ao eixo das ordenadas;
III. Uma em relação à origem do plano cartesiano

A partir do ponto (0, 1) podemos percorrer arcos


na circunferência que serão orientados conforme a
convenção:
I. Sentido anti-horário: positivo
II. Sentido horário: negativo

Simetrias aplicadas no ciclo trigonométrico

No triângulo retângulo OPP1, o ângulo x é agu-


do e os valores de e
ATIVIDADES
.
Pelo Teorema de Pitágoras, no triângulo OPP1, 1) Complete as medidas dos arcos trigonométricos
tem-se que correspondentes.

Sinal do Seno e do cosseno

2) Calcule o valor do sen 150o


3) Calcule o valor de cos 135o
4) Calcule o valor de cos 120o
5) Calcule o valor de sen 120o

136
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
FILOSOFIA é formada para proteger a vida e a propriedade dos
indivíduos.
Introdução à Filosofia e a Construção da Ci- A filosofia contribui para a arquitetura e enge-
nharia de diversas maneiras, fornecendo uma base
dade
teórica para a reflexão sobre a relação entre o ho-
mem e o ambiente construído, bem como para a
compreensão das questões éticas e políticas envol-
vidas na prática dessas áreas. A seguir, apresentamos
alguns filósofos e suas teorias que contribuíram para
o desenvolvimento da arquitetura e engenharia.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

Recomendações de vídeos
Vídeo: Encontro Filosófico - Filosofia e Arquitetura
Site: h�ps://youtu.be/WMWtOD-UCwU
Canal: Univille Play

Questionamentos filosóficos sobre a cons-


trução da cidade

Imagem de autoria própria

Olá, meus queridos e queridas estudantes do


ensino médio, sou o professor Gustavo Henrique e
está apostila é destinada a você que escolheu a tri- Imagem de autoria própria
lha de Matematicidades e se encontra interessados
(as) em explorar as questões filosóficas relacionadas A construção da cidade é uma questão que envol-
à construção da cidade. Aqui, você encontrará uma ve muitos aspectos sociais, políticos e éticos. Alguns
introdução à filosofia e sua importância para entender dos principais filósofos que abordaram estas questões
o mundo que nos cerca. Além disso, exploraremos incluem Platão, Aristóteles, Thomas More e Immanuel
as ideias de alguns dos principais filósofos sobre a Kant.
construção da cidade e seus aspectos sociais, políticos Platão, em sua obra “A República”, argumenta que
e éticos. a cidade ideal deve ser governada por filósofos-reis
A construção da cidade é uma questão que tem que busquem o bem-estar geral da sociedade. Segun-
sido estudada e debatida por filósofos ao longo da do Platão, a cidade deve ser planejada de maneira a
história. Alguns filósofos acreditam que a cidade é promover a justiça e a virtude.
o resultado da necessidade humana de viver em so- Aristóteles, por sua vez, argumenta que a cidade
ciedade, enquanto outros acreditam que a cidade é é uma comunidade política que visa atender às ne-
um projeto político que busca satisfazer os interesses cessidades materiais e sociais dos seus cidadãos. Aris-
dos governantes. Por exemplo, Platão, em sua obra tóteles acredita que a cidade é uma entidade moral,
“A República”, argumenta que a cidade ideal é aquela que deve ser governada de maneira justa e virtuosa.
governada por filósofos justos e virtuosos. Já Aristó- Thomas More, em sua obra “Utopia”, apresenta
teles, em sua obra “Política”, afirma que a cidade é uma visão idealizada da cidade, onde a igualdade, a
uma comunidade política cujo objetivo é a vida boa justiça e a felicidade são valorizadas acima de tudo.
dos seus cidadãos. Outros filósofos, como Jean-Jac- More argumenta que a cidade ideal deve ser gover-
ques Rousseau e Thomas Hobbes, também discutem nada por leis justas e que promovam o bem-estar
as questões políticas e sociais envolvidas na constru- geral da sociedade.
ção da cidade. Enquanto Rousseau argumenta que a Jean-Jacques Rousseau, que em sua obra “O Con-
sociedade é o resultado de uma contratação social trato Social” defendia a ideia de que a cidade ideal
entre os indivíduos, Hobbes acredita que a sociedade deveria ser baseada na igualdade e na liberdade indi-

138
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
vidual. Para Rousseau, o Estado tinha a obrigação de Capítulo 1:
garantir a igualdade de oportunidades para todos os Platão e a cidade
cidadãos, e os cidadãos tinham o dever de participar
ativamente da vida política da cidade, contribuindo
para a sua construção e manutenção.
O argumento de Immanuel Kant sobre a cidade
é apresentado em sua obra “Idea for a Universal His-
tory with a Cosmopolitan Purpose”. Nessa obra, Kant
argumenta que a cidade deve ser uma comunidade
que promova o bem-estar e a liberdade de todos os
seus membros. Para Kant, a cidade deve ser construí-
da com base em princípios de justiça e igualdade. Ele
argumenta que a cidade ideal é aquela em que todos
os cidadãos são livres para desenvolver suas capaci-
dades e realizar seus objetivos pessoais, desde que
não prejudiquem os direitos dos outros. Além disso,
Kant defende que a cidade deve ser cosmopolita, ou
seja, deve promover a cooperação e o diálogo entre Imagem: Escola de Atenas (1509–1511) por Rafael, representan-
do filósofos gregos clássicos famosos em um cenário idealizado
diferentes culturas e nações. Ele acredita que a cidade
inspirado pela arquitetura grega antiga. h�ps://pt.wikipedia.org/
cosmopolita é aquela em que os cidadãos têm uma wiki/Filosofia acessado em 13/03/2023.
perspectiva global e reconhecem a interdependência
entre as diferentes partes do mundo. A filosofia é uma disciplina que estuda as ques-
Mais recentemente, o filósofo americano John tões fundamentais da existência humana, da moral, da
Rawls defendeu a ideia de que a cidade ideal deveria verdade e do conhecimento. É uma disciplina antiga,
ser baseada na justiça social, garantindo a igualdade que remonta aos filósofos antigos da Grécia, como
de oportunidades para todos os cidadãos, indepen- Sócrates, Platão e Aristóteles.
dentemente de sua posição social ou econômica. A filosofia é importante porque ajuda a desenvol-
Para Rawls, o Estado tinha a obrigação de garantir ver o pensamento crítico e a reflexão sobre questões
as condições necessárias para que todos os cidadãos importantes da vida e do mundo, sendo uma disciplina
pudessem realizar seu potencial humano, e os cida- que busca compreender a realidade e responder às
dãos tinham o dever de contribuir para a construção questões fundamentais da vida, como o significado da
e manutenção da cidade, promovendo a justiça e a existência humana, a natureza da verdade, a justiça e
igualdade. a moralidade. Conforme o filósofo grego Sócrates, “a
Esses filósofos e suas ideias sobre a cidade ideal filosofia é o caminho para a sabedoria”. Como tal, a
nos permitem questionar como as cidades são cons- filosofia é uma ferramenta valiosa para compreender
truídas e geridas atualmente, e pensar em alternativas o mundo e os desafios sociais, políticos e éticos que
mais justas, igualitárias e sustentáveis. A reflexão so- enfrentamos.
bre a cidade ideal nos permite refletir sobre questões Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
importantes, como a relação entre a cidade e o meio
ambiente, a promoção da igualdade e da liberdade,
a participação cidadã na construção da cidade e a
criação de espaços públicos de convivência e cultura.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

Obra: Plato de Luca Giordano de 1660. h�ps://www.wikiart.org/


pt/luca-giordano/plato-1660 acessado em 13/03/2023.

139
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Ao longo da história da filosofia, vários filósofos se pode ser apenas uma questão de pagar dívidas,
dedicaram a pensar sobre a cidade ideal e como ela pois isso não considera as situações em que uma
deveria ser. Essas reflexões abrangem questões como dívida injusta foi contraída. Ele então busca uma
a justiça social, a liberdade individual, a igualdade, a definição mais ampla de justiça, que considere a
convivência pacífica entre os cidadãos e a relação en- virtude e a harmonia.
tre a cidade e a natureza. Um dos filósofos que mais se Polemarco: apresenta a ideia de que a justiça
destacaram nesse sentido foi Platão, que em sua obra consiste em fazer bem aos amigos e mal aos inimi-
“A República” propôs uma cidade ideal governada por gos. Ele defende que isso é justo porque os amigos
filósofos, na qual a justiça seria a virtude fundamental. merecem ser tratados bem e os inimigos merecem
Nessa cidade, as pessoas teriam funções específicas ser punidos.
e seriam educadas desde a infância para cumprir seu Trasímaco: apresenta uma visão mais radical da
papel na sociedade. A cidade ideal de Platão era ba- justiça, argumentando que ela não é mais do que o
seada na ideia de que a felicidade individual e coletiva interesse do mais forte. Ele defende que os gover-
só pode ser alcançada por meio da justiça. nantes, que são os mais fortes, fazem as leis para
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. bene�cio próprio e que isso é justo. Sócrates, no
entanto, questiona essa visão e argumenta que, se
PARA SABER + a justiça é apenas o interesse do mais forte, então
O livro I da República de Platão é um diálogo os governantes podem ser injustos entre si.
entre Sócrates e seus amigos sobre o que é a justi- Esses são apenas alguns dos argumentos dis-
ça. O diálogo começa com Sócrates e seus amigos cutidos no livro I da República de Platão. A partir
discutindo se a justiça é uma virtude ou se é apenas dessas ideias, Sócrates busca construir uma defini-
um meio para alcançar outras coisas. A discussão ção mais ampla e profunda de justiça.
então se concentra na natureza da justiça e se ela No livro II da República de Platão é um diálogo
é algo intrínseco ou extrínseco aos seres humanos. entre Sócrates e seus amigos sobre a justiça na
Sócrates argumenta que a justiça é uma virtude cidade.
e que é intrínseca aos seres humanos. Ele defende O tema central dessa segunda parte é discutido
que a justiça é o que permite que as pessoas vivam a questão de se é melhor viver uma vida justa ou
em harmonia e que ela é essencial para a sobre- injusta e chegam a conclusões importantes sobre a
vivência da sociedade. Os amigos de Sócrates, no natureza da justiça. O diálogo começa com Glauco,
entanto, não estão convencidos e questionam se a irmão de Platão, perguntando a Sócrates se a justiça
justiça não é simplesmente uma convenção social. é uma virtude intrínseca ou se é valorizada apenas
A discussão então se volta para a questão da justiça pelos seus bene�cios externos. Sócrates argumenta
individual, e Sócrates argumenta que a justiça na que a justiça é uma virtude intrínseca e que uma
vida individual é a mesma que na vida social. Ele vida justa é superior a uma vida injusta. A partir
defende que a justiça é a virtude que permite que daí, Sócrates e seus amigos começam a discutir
cada parte da alma humana esteja em harmonia a natureza da justiça na cidade. Eles criam uma
e trabalhe em conjunto para alcançar a felicidade. cidade imaginária, a “cidade justa”, e começam
O livro I da República de Platão estabelece as a discutir as suas características. Eles concordam
bases da discussão sobre a justiça na filosofia oci- que a cidade justa deve ter três classes sociais:
dental. Platão usa o diálogo como uma ferramenta governantes, soldados e trabalhadores. Cada clas-
para explorar a natureza da justiça e suas implica- se deve ter suas próprias virtudes e habilidades,
ções para a vida individual e social, lançando as e deve desempenhar sua função para o bem da
bases para a sua visão utópica da sociedade ideal cidade na totalidade.
na continuação da obra. No livro II da República de Platão, há três per-
Os personagens que participam do diálogo no sonagens principais que participam do diálogo:
livro I da República de Platão apresentam uma Glaucon, Adimanto e Sócrates. Abaixo estão al-
série de argumentos importantes sobre a natureza guns dos argumentos importantes discutidos por
da justiça. Abaixo, seguem alguns dos principais cada um deles:
argumentos discutidos: Glaucon: inicia o diálogo perguntando a Só-
Céfalo: O primeiro personagem a discutir a jus- crates se a justiça é uma virtude em si, ou se é
tiça é Céfalo, que argumenta que a justiça consiste apenas um meio para atingir outras coisas, como a
em ser honesto e pagar dívidas. Ele defende que, honra e a recompensa dos deuses. Ele então pede
na velhice, é importante ser justo para poder viver que Sócrates prove que a justiça é valiosa em si e
em paz consigo mesmo e com os outros. que uma vida justa é superior a uma vida injusta.
Sócrates: questiona a definição de justiça apre- A partir disso, Sócrates e Glaucon criam as cidades
sentada por Céfalo e argumenta que a justiça não imaginárias e discutem as características de uma

140
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
cidade justa e uma cidade injusta. Capítulo 2:
Adimanto: é irmão de Glaucon e concorda com Aristóteles e a cidade
ele sobre a necessidade de provar que a justiça é
valiosa em si mesma. Ele argumenta que muitas
pessoas vivem vidas justas apenas por medo da pu-
nição e que, se pudessem agir sem consequências,
escolheriam viver de forma injusta. Ele também
questiona se a vida justa é verdadeiramente mais
feliz do que a vida injusta.
Sócrates: busca provar que a justiça é valiosa
em si mesma e que uma vida justa é superior a uma
vida injusta. Ele argumenta que a justiça é a virtude
que permite que uma pessoa e uma cidade sejam
felizes e que a injustiça leva à desordem e infelici-
dade. Ele também descreve as três classes sociais
que devem existir em uma cidade justa, cada uma
com sua própria virtude e habilidade, e argumenta
que a cidade justa é superior à cidade injusta em
todos os aspectos.
A discussão sobre as cidades imaginárias leva a
conclusões importantes sobre a natureza da justiça Obra: Aristóteles, por Luca Giordano, 1653.h�ps://www.wikiart.
e sua relação com a felicidade. Sócrates argumenta org/pt/luca-giordano/aristotle acessado em 13/03/2023.
que a justiça é a virtude que permite que a cidade
e seus cidadãos sejam felizes, e que a injustiça leva Aristóteles, um dos mais importantes filósofos da
à infelicidade e à desordem, originando a “cidade Grécia Antiga, considerava a justiça como um elemen-
injusta”, onde os governantes não são virtuosos e to fundamental para a vida em sociedade. Em sua
governam para seu próprio bene�cio, explorando obra “Ética a Nicômaco”, ele aborda extensivamente
as outras classes sociais. Essa cidade leva à desor- o tema da justiça e sua relação com a vida em comu-
dem e à infelicidade geral. nidade. A justiça, para Aristóteles, é uma virtude que
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. orienta as ações humanas em direção à harmonia e
à convivência pacífica entre os membros da comu-
Atividades nidade. Já na obra “Política” é defendida a ideia de
Atividade 1: Análise de texto que a cidade ideal deveria ser governada de forma
Leia o trecho abaixo de “A República” de Platão e justa, garantindo igualdade de oportunidades para
responda às seguintes questões: todos os cidadãos. Para Aristóteles, o Estado tinha a
“O Estado é uma coisa grande e nobre, e cada indi- obrigação de fornecer os recursos necessários para
víduo é uma coisa pequena e insignificante compa- a construção e manutenção da cidade, e os cidadãos
rado a ele. Portanto, é justo que cada um contribua tinham o dever de participar ativamente da vida po-
para a cidade como puder e receba dela o que for lítica da cidade, contribuindo para a sua manutenção
necessário.” e desenvolvimento.
a) De acordo com Platão, qual é a relação entre o “A Política” é uma obra filosófica escrita por Aris-
indivíduo e o Estado? tóteles no século IV a.C., na qual o autor busca com-
b) Como Platão justifica a necessidade de contri- preender e analisar a organização e funcionamento da
buição dos indivíduos para a cidade? sociedade humana, bem como as formas de governo
e os princípios que norteiam a vida política. Dentre
Recomendações de vídeos as principais ideias filosóficas presentes na obra, des-
Vídeo 1: A República (Platão) tacam-se:
Site: h�ps://youtu.be/fzh63-NY_Ss A definição do ser humano como um ser social,
Canal: grandes livros cuja natureza é voltada para a convivência em comu-
nidade; segundo o filósofo, o homem é um animal
Vídeo 2: Platão: o Estado Ideal - Parte IV político, pois é dotado de razão e capacidade para
Site: h�ps://youtu.be/gEpEKN0LpJ8 julgar e deliberar sobre o que é justo e injusto, bom
Canal: Edimar Brígio e mau. Assim, a vida política é vista como uma neces-
sidade natural da condição humana, que deve ser or-
ganizada para garantir o bem comum e a justiça. Para
Aristóteles, a vida em comunidade é essencial para a

141
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
realização plena do ser humano e, por isso, a política A noção de que a justiça é fundamental para a
deve ser vista como uma atividade nobre e virtuosa, vida em sociedade, sendo que a justiça distributiva
capaz de promover a felicidade individual e coletiva. se refere à distribuição dos bens e cargos de acordo
A análise das diferentes formas de governo, clas- com a contribuição de cada um, enquanto a justiça
sificadas como boas ou más a partir de critérios como corretiva se refere à punição dos infratores das leis.
o interesse comum, a justiça e a virtude. Aristóteles Segundo Aristóteles, a justiça pode ser compreendida
faz uma análise das diferentes formas de governo exis- em dois aspectos principais: a justiça distributiva e
tentes em sua época e as classifica em três tipos prin- a justiça corretiva.
cipais: a monarquia, a aristocracia e a democracia. Justiça distributiva: Trata-se da distribuição jus-
A monarquia é uma forma de governo em que ta de bens, honras e recursos entre os membros da
o poder é exercido por um só indivíduo, que detém sociedade, considerando o mérito de cada indivíduo.
o comando supremo e governa com base nas leis. Nesse sentido, a justiça distributiva busca garantir que
Aristóteles considera que a monarquia pode ser uma cada pessoa receba sua parte proporcional, de acordo
forma de governo boa ou má, a depender do caráter com suas contribuições e necessidades.
e das virtudes do monarca. Justiça corretiva: Essa forma de justiça é aplicada
A aristocracia, por sua vez, é uma forma de go- quando há uma situação de desequilíbrio ou injustiça
verno em que o poder é exercido por um grupo de entre as partes envolvidas, como em casos de delitos
pessoas que se destacam por suas virtudes e qualida- ou disputas. A justiça corretiva busca restaurar a igual-
des. Aristóteles considera que a aristocracia pode ser dade e corrigir a injustiça, restabelecendo o equilíbrio
uma forma de governo boa, desde que seja formada entre as partes.
por pessoas virtuosas e que governem com base no Aristóteles acreditava que a justiça é uma das prin-
bem comum. cipais virtudes humanas e é essencial para a vida em
A democracia é uma forma de governo em que sociedade, pois promove a harmonia e a cooperação
o poder é exercido pelo povo, por meio do voto e da entre os indivíduos. Além disso, a justiça está rela-
participação ativa na vida política. Aristóteles conside- cionada à noção de “bem comum”, que é o objetivo
ra que a democracia pode ser uma forma de governo último de qualquer comunidade política. A busca pela
boa ou má, a depender da virtude e do caráter dos justiça é, assim, fundamental para o desenvolvimento
cidadãos que a compõem. humano e a prosperidade da sociedade.
Aristóteles também fala sobre outras formas de A defesa da educação como instrumento para a
governo, como a tirania (forma má de monarquia), a formação dos cidadãos virtuosos e capazes de par-
oligarquia (forma má de aristocracia) e a demagogia ticipar da vida política; ao promover a educação, o
(forma má de democracia), caracterizadas pela falta Estado pode garantir a prosperidade e o bem-estar de
de virtude e pelo desrespeito às leis e à justiça. seus cidadãos, bem como a estabilidade e a harmonia
A defesa da democracia como forma de governo, social. Aristóteles argumenta que a educação deve ser
mas desde que esta seja acompanhada da virtude e do uma responsabilidade do Estado, pois a finalidade da
respeito às leis; embora Aristóteles tenha reconhecido educação é produzir cidadãos que possam contribuir
que a democracia pode ser uma forma de governo má para a vida política e social da comunidade. Defenden-
se for exercida por pessoas sem virtude ou em bene- do que a educação deve ser pública e comum a todos,
�cio próprio, ele defendeu a democracia como uma visando à formação de cidadãos virtuosos e capazes
forma de governo boa em sua obra “A Política”. Para de tomar decisões sábias no interesse coletivo. Em
Aristóteles, a democracia é uma forma de governo que a educação, segundo Aristóteles, deve ser com-
na qual o poder é exercido pelo povo, por meio da posta por três componentes principais: a formação
participação ativa na vida política e do voto nas de- moral, a formação intelectual e a formação �sica.
cisões que afetam a comunidade. Ele acreditava que 1. A formação moral envolve o desenvolvimen-
a participação dos cidadãos na tomada de decisões to das virtudes éticas, como a coragem, a justiça, a
políticas é essencial para o bem comum e a justiça, e temperança e a prudência, essenciais para a tomada
que a democracia é uma forma de governo que ga- de decisões éticas e para a condução de uma vida
rante a liberdade e a igualdade de todos os cidadãos. boa e feliz.
No entanto, Aristóteles também enfatiza que a 2. A formação intelectual, por sua vez, se concen-
democracia deve ser acompanhada pela virtude e tra no desenvolvimento do raciocínio e da capacidade
pelo respeito às leis, caso contrário, pode degenerar de pensar criticamente, permitindo que os cidadãos
em demagogia ou em um governo tirânico. E para compreendam os princípios fundamentais da vida
que a degeneração não ocorra os cidadãos devem política e social e façam escolhas informadas.
ser educados na virtude e na moral, para garantir que 3. A formação �sica visa garantir que os cidadãos
a democracia seja exercida de forma justa e para o sejam saudáveis e aptos para desempenhar suas fun-
bene�cio de todos. ções na sociedade.

142
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Aristóteles também destaca a importância da PARA SABER +
educação musical e da arte na formação dos cida- Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo e cien-
dãos, pois acredita que elas ajudam a cultivar emo- tista grego, que teve grande influência no desen-
ções e disposições adequadas, além de contribuir volvimento do pensamento ocidental. Ele nasceu
para o desenvolvimento das habilidades cognitivas em Estagira, uma cidade no norte da Grécia, sendo
e emocionais. considerado um dos maiores filósofos da história
A importância da classe média na sociedade, uma da filosofia ocidental.
vez que esta é formada por pessoas, com uma vida Aristóteles era filho de Nicômaco, médico pes-
equilibrada e conseguem atuar como mediadoras en- soal do rei da Macedônia, e desde cedo foi exposto
tre os extremos da riqueza e da pobreza. Para Aristó- ao conhecimento cien�fico e médico. Aos 17 anos,
teles, a classe média desempenhava um papel crucial ele se mudou para Atenas, o centro cultural da Gré-
na manutenção da estabilidade e da harmonia social. cia, para estudar na Academia de Platão, onde per-
Ele desenvolveu suas ideias sobre o assunto em maneceu por cerca de 20 anos como aluno e depois
sua obra “Política”, na qual analisa a organização das como professor. Após a morte de Platão, Aristóteles
cidades-estado gregas e a importância de diferentes deixou Atenas e viajou para Assos, na Ásia Menor,
grupos sociais. Aristóteles acreditava que a melhor onde fundou sua própria escola e estudou histó-
forma de governo era uma constituição mista, que ria natural, biologia e filosofia. Mais tarde, ele se
equilibrasse os interesses de diferentes grupos sociais mudou para a ilha de Lesbos, onde continuou seus
e promovesse a moderação. A classe média, segundo estudos e pesquisa sobre ciências naturais.
ele, era a mais adequada para promover essa mo- Em 343 a.C., Aristóteles foi convidado por Fi-
deração e estabilidade, porque era menos propensa lipe II da Macedônia para ser o tutor de seu filho,
a extremos de comportamento e ambições políticas Alexandre, que mais tarde se tornaria Alexandre, o
exageradas em comparação às classes mais ricas e Grande. Aristóteles retornou à Macedônia e, duran-
mais pobres. A classe média, sendo relativamente livre te esse tempo, ensinou e aconselhou Alexandre em
das dificuldades econômicas e das tentações do poder, assuntos de filosofia, política e ciência. Depois de
seria mais capaz de tomar decisões justas e racionais alguns anos na corte macedônia, Aristóteles retor-
no interesse do bem comum. Das três classes sociais, nou a Atenas e fundou o Liceu, uma escola filosófica
essa é a que tenderia a ser mais equilibrada em ter- e centro de pesquisa, em 335 a.C. O Liceu era uma
mos de virtudes éticas e morais, segundo Aristóteles. instituição rival da Academia de Platão e tornou-se
Portanto, ele acreditava que pessoas muito ricas um dos principais centros de aprendizado da época.
ou muito pobres teriam maior dificuldade em cultivar No Liceu, Aristóteles deu aulas sobre uma
virtudes como a coragem e a temperança, porque as ampla variedade de assuntos, incluindo filosofia,
circunstâncias extremas de sua vida poderiam levar lógica, meta�sica, ética, política, retórica, poesia,
a excessos ou a carências. Aristóteles também reco- biologia e ciências naturais. Ele escreveu muitos tra-
nhecia que uma classe média forte era importante tados e diálogos, mas a maioria de seu trabalho foi
para manter a estabilidade política, já que a divisão da perdida ao longo dos séculos. As obras que sobre-
sociedade em classes extremamente ricas e extrema- viveram são, na maioria, notas de aula e tratados
mente pobres poderia levar a conflitos e instabilidade. que foram compilados por seus alunos e discípulos.
Assim, a presença de uma classe média robusta ser- Aristóteles faleceu em 322 a.C., em Eubeia, uma
viria como uma espécie de amortecedor, reduzindo ilha na costa da Grécia. Sua influência no pensa-
as tensões entre os grupos mais ricos e mais pobres mento ocidental, no entanto, persiste até hoje. Ele é
e promovendo uma convivência pacífica. considerado o “pai” de muitas disciplinas, incluindo
Sendo assim, para Aristóteles, a importância da a biologia, a ética e a lógica, e suas teorias e ideias
classe média na sociedade residia em sua capacidade continuam a ser discutidas e estudadas por filóso-
de promover moderação, equilíbrio ético e moral, e fos, cientistas e estudantes ao redor do mundo.
estabilidade política. Esses elementos eram funda- Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José
mentais para a construção de uma sociedade justa
e harmoniosa, na qual todos os cidadãos pudessem Atividades
prosperar. Logo podemos perceber que a “Política” de 1. (ENEM - Estilo Adaptado) Leia o seguinte trecho
Aristóteles apresenta uma reflexão profunda sobre a sobre o conceito de “Ética” em Aristóteles:
natureza humana e a vida em sociedade, buscando “Aristóteles acreditava que a ética era uma busca
compreender as formas de governo e as virtudes que prática e racional para alcançar o bem e a felicidade.
devem nortear a vida política, visando sempre ao bem Ele defendia que a virtude, ou excelência moral, era
comum e à justiça. o meio para se alcançar a felicidade (eudaimonia)
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. e que as virtudes eram hábitos que poderiam ser
desenvolvidos e aperfeiçoados através da prática

143
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
e da reflexão.” Capítulo 3:
Com base nesse trecho, responda para Aristóteles, Marcus Vitruvius Pollio (século I a.C.):
a ética é:
a) Um conjunto de regras e normas impostas pela Foi um arquiteto e engenheiro romano que viveu
sociedade. durante o século I a.C. Em seu tratado “De architec-
b) Uma teoria abstrata e inacessível para a maioria tura” (Sobre Arquitetura), ele estabeleceu os três
das pessoas. princípios fundamentais que a boa arquitetura deve-
c) Uma busca prática e racional para alcançar o bem ria equilibrar esses três aspectos que se encontram
e a felicidade. presentes desde a fase inicial do projeto até o termino
d) Uma obrigação moral que deve ser seguida sem da execução da obra, de modo que um edi�cio fosse
questionamento. sólido e durável, funcional e prático e esteticamente
agradável e harmonioso.
2.(ENEM - Estilo Adaptado) Leio o texto e considere A firmitas refere-se à solidez e durabilidade da
o papel que Aristóteles atribui à classe média na construção, logo deve-se considerar a sua capacida-
sociedade e responda à seguinte questão: de de resistir ao tempo, seu próprio peso, vibrações,
Aristóteles chama a atenção para o fato de Sólon e terremotos, intempéries e outras cargas. Isso inclui
outros legisladores serem oriundos da classe mé- a escolha dos materiais de construção adequados,
dia: “Sólon era, pelo nascimento e pela reputação, a resistência estrutural do edi�cio e a qualidade da
um dos principais, mas pela fortuna e pelo nasci- execução da obra. Como exemplo, podemos citar a
mento e pela reputação, um dos principais, mas utilização de técnicas de cálculo avançadas, como a
pela fortua e pelos atos, um dos meio”. Ou, nas análise estrutural em elementos finitos, para garantir
palavras de Política, IV“ É preciso ver ainda uma a resistência de edi�cios de grande porte e comple-
prova disso no fato de que os melhores legislado- xidade. Devido que uma construção bem planejada
res foram cidadãos da classe média: Sólon, como e projetada pode ser prejudicada por falhas na exe-
ele o manifesta por sua obra poética. E também cução, como a má qualidade dos materiais utilizados,
Lycurgo, que não era rei, e Charondas e, em suma, a falta de cuidado com a preparação do terreno, ou
a maioria dos outros”. Milney Chasin, Política, limite mesmo erros de cálculo e dimensionamento. Além
e mediania em Aristóteles. disso, a utilização de materiais sustentáveis e de baixo
Segundo Aristóteles, a importância da classe mé- impacto ambiental também é uma forma de garantir
dia na sociedade reside em sua capacidade de: a firmitas das construções, já que esses materiais são
a) Promover a acumulação de riquezas e o poder escolhidos pela sua durabilidade e resistência. Mate-
político. riais como concreto armado, aço e madeira possuem
b) Promover a moderação, o equilíbrio ético e moral diferentes características e resistências, e devem ser
e a estabilidade política. escolhidos conforme as necessidades estruturais da
c) Defender os interesses das classes mais pobres obra.
e mais ricas. Na arquitetura e engenharia atual, a firmitas é
d) Controlar as decisões políticas e econômicas da uma preocupação constante. O objetivo é garantir que
cidade-estado. a construção seja segura e durável para seus usuários
e para a comunidade em geral. Para alcançar isso, é
Recomendações de vídeos necessário utilizar técnicas e materiais de construção
Vídeo1: POLÍTICA DE ARISTÓTELES: AS COMUNI- apropriados, assim como seguir normas técnicas e
DADES IDEAIS padrões de qualidade reconhecidos.
Site: h�ps://youtu.be/q0pDnS65_9A A utilitas diz respeito à função e à utilidade da
Canal: Parabólica construção, ou seja, sua capacidade de atender às
necessidades do usuário. Isso inclui o planejamento
Vídeo 2: A Política de Aristóteles | 3 Lições da Fi- e a distribuição dos espaços internos, a facilidade de
losofia | Não Seja Medíocre acesso e circulação, e a adequação ao uso ao qual se
Site: h�ps://youtu.be/MGC-Cbinlus destina. Na prática, isso significa que a utilitas está
Canal: SUPERLEITURAS relacionada à capacidade da construção de atender
às necessidades do usuário, como o conforto, a pra-
ticidade e a funcionalidade. Esse aspecto também
está presente desde a fase de projeto até a execução
da obra. O planejamento e a distribuição dos espa-
ços internos, por exemplo, são aspectos fundamen-
tais para garantir a utilitas da construção. Isso inclui
a definição da posição de portas, janelas, cômodos

144
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
e outros elementos, considerando a praticidade e o de modo que o design do edi�cio fosse determinado
conforto do usuário. Além disso, a utilitas também pelas suas necessidades práticas.
está relacionada à facilidade de acesso e circulação
dentro da construção. A adequação ao uso ao qual se
destina é outro fator importante para a utilitas, que
deve considerar a finalidade da construção, seja ela
comercial, residencial, industrial ou outra.
Na arquitetura contemporânea, a utilitas é um
aspecto fundamental para a satisfação do usuário e
para a funcionalidade da construção. Como exemplo,
podemos citar a utilização de técnicas de planejamen-
to e gestão de projetos, como o BIM (Building Infor-
mation Modeling), que permitem uma visão integrada
e multidisciplinar do projeto, considerando a utilitas
da construção desde a fase de concepção.
A venustas diz respeito à beleza e harmonia da
construção, ou seja, sua capacidade de ser estetica-
mente agradável e proporcional. Isso inclui a escolha
dos elementos decorativos, a proporção e a simetria
dos volumes, e a adequação ao contexto urbano e
paisagístico. Na prática, isso significa que a venustas
está relacionada à capacidade da construção de ser
esteticamente agradável e proporcional.
Na engenharia, a venustas é comumente denomi-
nada como aspecto estético, na escolha dos elemen-
tos decorativos, por exemplo, é um aspecto crucial Imagem: h�ps://en.wikipedia.org/wiki/Vitruvius#/media/File:-
para garantir a venustas da construção. Isso inclui a Vitruvius_the_Ten_Books_on_Architecture_Basilica_at_Fano.
escolha de materiais de revestimento, como pedras, png acessado em 09/03/2023.
azulejos, cerâmicas e vidros, além da escolha de cores
e texturas que harmonizem com o ambiente. Além O papel da engenharia na arquitetura: Vitruvius
disso, a venustas também está relacionada à propor- enfatizava a importância da engenharia na arquitetu-
ção e simetria dos volumes da construção, que devem ra, argumentando que a compreensão da matemática,
ser adequados ao contexto urbano e paisagístico. A da mecânica e da �sica era essencial para criar edi�-
escolha da posição e forma dos elementos arquitetô- cios sólidos e duráveis.
nicos, como portas, janelas, telhados e ornamentos, A importância da educação: para ele, a educação
também é um aspecto importante para garantir a era fundamental para a formação de bons arquitetos.
venustas da construção. Ele argumentava que os arquitetos deveriam ser bem
Na arquitetura contemporânea, a venustas é um versados não apenas na arquitetura, mas também na
aspecto fundamental para a qualidade da construção filosofia, na história, na matemática, na mecânica e na
e para a satisfação do usuário. Como exemplo, pode- �sica, de modo que pudessem criar edi�cios que fos-
mos citar a utilização de técnicas de design paramé- sem funcionais, esteticamente agradáveis e duráveis.
trico, que permitem a criação de formas complexas Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
e orgânicas, considerando a venustas da construção
desde a fase de concepção. Desenhos arquitetônicos são representações grá-
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José ficas utilizadas para ilustrar detalhes de construções
e projetos de arquitetura.
Algumas das principais ideias de Vitruvius in- Os desenhos arquitetônicos são uma ferramenta
cluem: fundamental para a comunicação entre os profissio-
A importância da simetria e proporção: Vitruvius nais envolvidos no processo de construção, e a ma-
abordou a importância da simetria e proporção na temática é essencial para a definição de dimensões,
arquitetura, argumentando que esses princípios eram proporções e distribuição de cômodos. Eles são fun-
essenciais para criar edi�cios que fossem visualmente damentais para a comunicação entre os profissionais
agradáveis e harmoniosos. envolvidos no processo de construção, como arqui-
A importância da função: Segundo ele, a arqui- tetos, engenheiros, construtores e clientes. Existem
tetura deveria ser baseada na função do edi�cio. Ele vários tipos de desenhos arquitetônicos, sendo os
argumentava que a forma deveria seguir a função, mais comuns a planta baixa, a elevação e a estrutura.

145
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A planta baixa é uma representação do projeto Um layout pode ser criado através do uso de pro-
visto de cima, ou seja, a partir do teto. Ela mostra as gramas de desenho assistido por computador (CAD)
dimensões e a disposição de cada ambiente, incluin- ou so�wares de modelagem 3D, onde o arquiteto
do portas, janelas, móveis, equipamentos e detalhes pode desenhar e representar em detalhes a dispo-
estruturais. sição e a distribuição dos espaços e elementos em
A elevação é uma representação das fachadas um ambiente.
externas da construção, mostrando detalhes como
portas, janelas, varandas e outros elementos de aca-
bamento.
A estrutura é o desenho que mostra como será
a distribuição de colunas, vigas e outros elementos
que irão sustentar a construção. É uma etapa muito
importante do projeto, pois uma falha na estrutura
pode comprometer toda a edificação.
Para desenhar esses projetos, os arquitetos utili-
zam técnicas de desenho técnico, como a utilização
de escalas, cotas, símbolos e convenções gráficas
específicas. Além dos desenhos, a matemática é uma
disciplina essencial na arquitetura, especialmente
no que diz respeito à distribuição do tamanho e
da área de construção e cômodos. Os arquitetos
precisam ter conhecimento sobre geometria, trigo-
nometria e álgebra para calcular dimensões e pro- Fonte: h�ps://www.lucidchart.com/pages/pt/exemplos/planta-
porções, bem como para criar desenhos precisos. -baixa-online acessado em 20/03/2023.
Eles também precisam calcular áreas e volumes para
definir a quantidade de materiais necessários para Outra forma de criar um layout é através do uso
a construção. A distribuição de cômodos também de desenhos em papel, onde o arquiteto pode utilizar
é um aspecto importante do projeto arquitetônico, lápis e régua para desenhar a planta baixa do ambien-
que depende de cálculos matemáticos. Sendo neces- te, incluindo as dimensões, paredes, portas, janelas e
sário considerar a área disponível, a funcionalidade demais elementos estruturais.
de cada ambiente e as necessidades dos moradores Independente da técnica utilizada, é importante
para definir o tamanho e a posição de cada cômodo. que o layout seja bem pensado e planejado, conside-
Devido que a arquitetura é uma profissão que envol- rando as necessidades e preferências dos usuários, a
ve tanto habilidades ar�sticas quanto conhecimentos funcionalidade do espaço, a circulação de pessoas, a
técnicos e matemáticos. iluminação e ventilação natural, entre outros aspectos
Na arquitetura, o layout se refere à disposição importantes.
e distribuição dos espaços e elementos em um am- Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
biente ou construção. O layout pode ser definido em
diferentes etapas do processo de projeto, desde a PARA SABER+
concepção inicial até a etapa de detalhamento. Um Como desenhar a planta do seu ambiente
bom layout deve considerar aspectos como a funcio- Siga o passo a passo que elaboramos e acompa-
nalidade do espaço, a circulação das pessoas, a inte- nhe os exemplos abaixo (você vai precisar de lápis
gração entre os diferentes ambientes, a iluminação ou caneta, papel, régua e trena).
e ventilação natural, e as necessidades dos usuários. 1.Desenhe o formato do ambiente como se
Em um projeto de arquitetura, o layout é geral- estivesse vendo o espaço de cima;
mente representado através de desenhos de plan- 2.Marque as medidas totais das paredes confor-
ta baixa, que mostram a disposição dos cômodos, a me apresentado no exemplo abaixo, em vermelho;
posição das portas e janelas, os pontos de elétrica e 3.Marque todas as portas e janelas conforme
hidráulica, e outros detalhes importantes. destacado em azul no exemplo;
O layout pode ser influenciado por diversos fato- Marque também os elementos fixos que exis-
res, como as dimensões e características do terreno tem no ambiente como, por exemplo, pilar, lareira
ou edi�cio, as normas e legislações locais, o estilo e outros conforme o destaque em laranja no de-
arquitetônico adotado, e as preferências e necessi- senho.
dades dos clientes. Agora você precisa medir a largura das portas e
Por isso, o layout deve ser pensado de forma es- janelas e a distância que estão da parede conforme
tratégica e cuidadosa, de modo a garantir a eficiência, exemplo;
conforto e beleza do ambiente projetado.

146
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Meça também os elementos fixos do espaço, como pilar e lareira, por exemplo;
Agora meça a altura (h) e peitoril (p) das janelas, pé direito (p.d.) do ambiente e informe o nome do
espaço. Veja exemplo destacado em verde;
h – altura da janela
p – peitoril (medida do piso até a janela)
p.d. – pé-direito (medida do piso ao teto)

Também precisamos de algumas informações importantes deste ambiente como tomadas, interrupto-
res, pontos de luz no teto, ponto de água, quadro de energia, entre outros detalhes. Confira abaixo alguns
exemplos marcados em verde.

147
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Imagens e texto retirado do site: h�ps://www.enfiminteriores.com.br/como-desenhar-uma-planta-baixa/ acessado em 20/03/2023.

Atividades
1. Estudantes comecem a planejar o layout, desenhando um esboço inicial no papel. Definindo a posição,
medidas e modelo dos prédios e/ou casas da sua cidade ideal e outras características importantes que você
acredita que as mesmas devam ter.

Recomendações de vídeos
Vídeo 1: Tríade Vitruviana
Site: h�ps://youtu.be/7DuNgkJOICE
Canal: Canal Arquiteta Gabriela Bastos

Vídeo 2: TRÍADE VITRUVIANA | TEORIA DA ARQUITETURA /


Site: h�ps://youtu.be/A5mL1Y3qxOQ
Canal: Jess Moccelinni

Vídeo 3: Como fazer uma planta baixa passo a passo?


Site: h�ps://youtu.be/jg6Idku4pDQ
Canal: Markoni Heringer

148
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Capítulo 4: Segundo Alberti, “O objetivo da arquitetura é criar
Leon Ba�sta Alberti (1404-1472): um ambiente agradável e útil ao homem” (Alberti,
1452). Essa visão humanista levou a uma valorização
da simetria, proporção e harmonia na arquitetura,
que se tornaram elementos fundamentais da estética
renascentista. Alberti também foi um dos primeiros
arquitetos a propor a utilização de desenhos técni-
cos e medidas precisas na construção de edi�cios,
o que contribuiu para a evolução da engenharia e
da construção civil. Ele enfatizava a importância de
se utilizar a matemática e a geometria na concepção
dos projetos arquitetônicos e na execução das obras.
Em relação à construção de cidades, Alberti pro-
pôs uma série de ideias que visavam criar espaços
urbanos mais harmônicos e funcionais. Ele defen-
dia a criação de ruas largas e retas, praças amplas e
h�ps://www.wikiart.org/pt/leon-battista-alberti bem iluminadas e a distribuição racional dos edi�-
cios pela cidade. Segundo Alberti, “A cidade é uma
O arquiteto e filosofo italiano Leon Battista Al- grande casa, a casa é uma pequena cidade” (Alberti,
berti foi um dos principais teóricos e humanistas do 1452), ou seja, os mesmos princípios de harmonia
Renascimento italiano, que além de se destacar como e funcionalidade que se aplicam à arquitetura de
poeta, pintor e escultor, também deixou importantes edi�cios individuais também devem ser aplicados à
contribuições para a arquitetura e engenharia. Suas cidade na totalidade.
ideias inovadoras foram fundamentais para o desen- Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
volvimento da arquitetura, engenharia e construção
de cidades na época e continuam a influenciar a teoria A principais contribuições de Alberti
e prática dessas áreas até os dias atuais. Escreveu
obras importantes como “De re aedificatoria” e “De Uma das principais contribuições de Alberti para a
statua”. A qual ele defendia que a arquitetura deveria arquitetura foi sua abordagem humanista, que colo-
refletir a harmonia e proporção do corpo humano, e cava o homem como centro do projeto arquitetônico
que a beleza arquitetônica deveria ser alcançada por e buscava criar espaços que atendessem às necessida-
meio da simplicidade e da elegância. des e desejos humanos e, ao mesmo tempo valorizava
a simetria, proporção e harmonia na arquitetura, que
se tornaram elementos fundamentais da estética re-
nascentista.

Santa Maria Novella (Florence)


Leon Battista Alberti. h�ps://www.wikiart.org/pt/leon-bat- Via Della Vigna Nuova (Florence) de Leon Battista Alberti 1446 –
tista-alberti/santa-maria-novella-florence-1470 acessado em 1451. h�ps://www.wikiart.org/pt/leon-battista-alberti/via-della-
15/03/2023. -vigna-nuova-florence-1451

149
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Uso de desenhos técnicos e medidas precisas: Os questionamentos filosóficos sobre a ar-
Alberti foi um dos primeiros arquitetos a propor a quitetura de uma cidade e os padrões de
utilização de desenhos técnicos e medidas precisas
divisão social e projetos arquitetônicos
na construção de edi�cios, o que contribuiu para a
evolução da engenharia e da construção civil. Ele en-
fatizava a importância de se utilizar a matemática e a
geometria na concepção dos projetos arquitetônicos
e na execução das obras.
Criação de espaços urbanos mais harmônicos e
funcionais: Alberti propôs uma série de ideias que
visavam criar espaços urbanos mais harmônicos e
funcionais. Ele defendia a criação de ruas largas e re-
tas, praças amplas e bem iluminadas e a distribuição
racional dos edi�cios pela cidade.
Influência na teoria e prática contemporâneas:
as ideias de Alberti continuam a ser relevantes e in-
fluentes na teoria e prática contemporâneas da ar-
quitetura, engenharia e urbanismo. Seus conceitos
de proporção, simetria e harmonia são aplicados em
muitos projetos arquitetônicos modernos, enquanto
sua abordagem humanista e ênfase na funcionalidade
e qualidade do espaço público tem sido abraçada por
muitos urbanistas contemporâneos.

Imagem de autoria própria

Os questionamentos filosóficos sobre a arquitetura


de uma cidade e os padrões de divisão social e projetos
arquitetônicos envolvem uma reflexão sobre como as
escolhas arquitetônicas e urbanísticas podem afetar a
vida e a experiência das pessoas que vivem na cidade.
Alguns dos questionamentos mais relevantes são:

Tempio Malatestiano (Rimini) de Leon Battista Alberti 1450. ht- Como a arquitetura e o urbanismo podem afetar
tps://www.wikiart.org/pt/leon-battista-alberti/tempio-malates- a vida das pessoas?
tiano-rimini-1450

Os filósofos argumentam que a arquitetura e o


As ideias de Leon Battista Alberti ajudaram a
urbanismo conseguem influenciar o bem-estar e a
transformar a arquitetura, engenharia e construção
qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade.
de cidades durante o Renascimento italiano e ainda
Por exemplo, a falta de espaços verdes pode afetar a
continuam a ser relevantes e influentes na teoria e
saúde e o bem-estar dos cidadãos, enquanto a segre-
prática contemporâneas dessas áreas. No Brasil, as
gação urbana pode perpetuar desigualdades sociais.
ideias de Alberti foram difundidas principalmente
através de obras sobre história da arquitetura e do
Como os padrões de divisão social são refletidos
urbanismo.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José na arquitetura?

Recomendações de vídeos Os padrões de divisão social são refletidos na


Vídeo 1: Renascimento: Arquitetura - Leon Battista arquitetura de várias formas, como na segregação
Alberti espacial, no tamanho e qualidade das habitações,
Site: h�ps://youtu.be/-WtoQPHw1LA na localização de equipamentos públicos e na infra-
Canal: Arte e Culturas - Por Marcelo Albuquerque estrutura disponível em diferentes áreas da cidade.
Esses padrões podem afetar o acesso aos recursos e

150
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
oportunidades, perpetuando desigualdades sociais. sempre os valores culturais e sociais são considerados
Como a arquitetura pode ser usada para promo- na construção da cidade. Muitas vezes, as decisões
ver mudanças sociais? são tomadas com base em interesses econômicos e
políticos, ignorando a história e as tradições locais.
Alguns filósofos argumentam que a arquitetura Isso pode resultar em espaços urbanos despersonali-
pode ser usada como uma ferramenta para promover zados, sem identidade e sem conexão com as pessoas
mudanças sociais, como a inclusão social e a redução que os habitam.
da violência urbana. Por exemplo, projetos arquite- Para o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Ro-
tônicos que valorizam a integração entre diferentes cha, é preciso que a cidade seja pensada como um
grupos sociais e incentivam a ocupação pacífica do espaço coletivo, que reflita as necessidades e desejos
espaço público podem contribuir para a construção de suas comunidades. Isso significa considerar não
de cidades mais justas e igualitárias. apenas os aspectos técnicos e funcionais da constru-
ção urbana, mas também os aspectos simbólicos e
Como os valores culturais e sociais são expressos culturais que dão significado ao espaço urbano.
na arquitetura? Um exemplo de como os valores culturais podem
influenciar a construção da cidade é a revitalização
do centro histórico de Salvador, na Bahia. O projeto,
coordenado pela Fundação Gregório de Ma�os, con-
siderou a história e as tradições locais na restauração
de prédios e na implantação de novos equipamentos
urbanos. O resultado foi um espaço urbano mais vivo e
conectado com as comunidades locais, que passaram
a frequentar e a valorizar o centro histórico da cidade.
A arquitetura e o urbanismo são expressões cul-
turais e sociais que refletem as preferências estéti-
cas e os valores de uma sociedade. Por exemplo, a
arquitetura de uma cidade pode refletir a tradição
histórica e cultural da região, ou pode refletir valores
contemporâneos, como a sustentabilidade e a ino-
vação tecnológica. Os valores culturais e sociais são
frequentemente expressos na arquitetura de diver-
sas maneiras.

Aqui estão alguns exemplos:


Estilo arquitetônico: O estilo arquitetônico de um
edi�cio pode ser influenciado por valores culturais e
sociais. Por exemplo, a arquitetura barroca é muitas
vezes associada ao catolicismo e ao poder absoluto,
enquanto a arquitetura moderna é muitas vezes as-
sociada à funcionalidade e à tecnologia.
Uso de materiais e técnicas de construção: os
materiais e as técnicas de construção usados em um
Imagem de autoria própria
edi�cio podem refletir valores culturais e sociais. Por
exemplo, o uso de materiais tradicionais como tijolos
A cidade é um produto cultural e social, moldado e pedras pode transmitir uma sensação de continui-
ao longo do tempo pelas necessidades e valores de dade com o passado e uma conexão com a história e
suas comunidades. Esses valores culturais e sociais a tradição local.
são fundamentais na construção da cidade, pois in- Significado simbólico: A arquitetura pode ser usa-
fluenciam a maneira como as pessoas se relacionam da para transmitir significados simbólicos. Por exem-
com o espaço urbano e com as outras pessoas que plo, um edi�cio governamental pode ser projetado
nele habitam. para transmitir uma sensação de poder e autoridade,
Conforme o antropólogo Clifford Geertz, a cultura enquanto um edi�cio religioso pode ser projetado
é um sistema simbólico que orienta o comportamento para transmitir uma sensação de espiritualidade e
humano e organiza a vida em sociedade. Na cidade, reverência.
essa cultura se manifesta em diversas formas, como Espaços públicos e privados: A organização dos
na arquitetura, na arte urbana, na gastronomia, nos espaços em um edi�cio pode refletir valores culturais
eventos culturais e nas tradições locais. Porém, nem

151
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
e sociais. Por exemplo, em algumas culturas, a privaci- e) Qual é a importância da construção de regras
dade é altamente valorizada e os espaços privados são para orientar o convívio social? Explique.
separados dos espaços públicos, enquanto em outras
culturas, a vida pública é mais valorizada e os espaços Vídeo 2: Verso Expresso Ep. 07 - Arquitetura Social
públicos são mais integrados aos espaços privados. Site: h�ps://youtu.be/jCB8tjVzdWU
Função do edi�cio: A função de um edi�cio pode Canal: Agência Verso
refletir valores culturais e sociais. Por exemplo, a cons-
trução de escolas e bibliotecas pode transmitir uma Após assistir o vídeo 2 responda:
valorização da educação e do conhecimento, enquan- a) Como a arquitetura social pode ajudar as pessoas
to a construção de monumentos pode transmitir uma da sua cidade?
valorização da história e da memória coletiva. b) Qual é o censo atual do IBG sobre brasileiros em
A construção de uma cidade e a sua arquitetura moradas precárias?
pode ser uma forma poderosa de expressar valores c) Qual seria a diferença de se ter um profissional
culturais e sociais, e a maneira como os edi�cios são de arquitetura no auxílio da construção de uma
projetados e construídos pode ter um impacto signi- casa e/ou cidade explicada pela arquiteta Tatiana
ficativo na forma como as pessoas interagem e perce- Fonseca no vídeo “Verso Expresso Ep. 07 - Arqui-
bem o mundo ao seu redor. E por sua vez os valores tetura Social” ?
culturais e sociais são fundamentais na construção da
cidade, pois influenciam a maneira como as pessoas se A estética na cidade
relacionam com o espaço urbano e com as outras pes-
soas que nele habitam. É importante que os projetos A estética filosófica aborda a questão do belo
urbanos considerem não apenas os aspectos técnicos e da arte, buscando compreender como as formas,
e funcionais, mas também os aspectos simbólicos e cores, proporções e outras características estéticas
culturais que dão significado ao espaço urbano. podem gerar emoções e significados na experiência
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
humana. No campo filosófico surgem algumas cate-
gorias estéticas importantes, como o belo, grandioso
Atividades
e pequenez estética está relacionada com a estética,
Assista os vídeos “TED Compartilhando Ideias - Mi-
que é o estudo da natureza da beleza e da arte. Essa
nha filosofia sobre arquitetura” e “Verso Expresso
questão tem sido objeto de reflexão desde a Anti-
Ep. 07 - Arquitetura Social”. Ambos vídeos trazem
guidade, quando filósofos como Platão e Aristóteles
questionamentos para serem explorados em ativi-
discutiram a natureza da beleza e sua relação com a
dades de pesquisa, os estudantes podem devem
moralidade e a verdade.
refletir sobre o papel da arquitetura e do urbanismo
O belo é uma categoria estética que se refere a
na construção de cidades mais justas e inclusivas, e
algo que é agradável de ser visto e que gera uma sen-
a explorar exemplos concretos de como essas ques-
sação de prazer ou harmonia. Na filosofia, o belo é
tões têm sido abordadas em diferentes contextos
considerado um valor importante na arte e na cultura,
históricos e culturais
sendo associado à ideia de perfeição e equilíbrio.
Vídeo 1: TED Compartilhando Ideias - Minha filo- O grandioso, por sua vez, é uma categoria estética
sofia sobre arquitetura. que se refere a algo que é impressionante, majestoso
Site: h�ps://youtu.be/9kbBS-_Yc_8 e imponente.
Canal: Caos Planejado O grandioso é muitas vezes associado à ideia de
poder e magnitude, e pode gerar uma sensação de
Após assistir o vídeo 1 responda: admiração e reverência.
a) Qual é a ideia descrita sobre o que é o caos pla- Já a pequenez é uma categoria estética que se
nejado em relação com a construção da cidade e refere a algo que é delicado, sutil e frágil. A pequenez
como ela se relaciona a sensibilidade social? pode gerar uma sensação de intimidade e proximida-
b) Por que as cidades podem ser consideradas sis- de, e é frequentemente associada à ideia de simplici-
temas caóticos? Justifique a sua resposta. dade e humildade.
c) Quais seriam os problemas segundo o entrevis- O feio é uma categoria estética voltada para aquilo
tado sobre “as favelas não terem acesso ao mundo que desenvolve o sentimento de repúdio e/ou desa-
formal” e qual é a diferença prática de funciona- grado que podem ser associadas tanto nas condutas
mento descrito por ele? sociais como nas construções de uma cidade, logo
d) O urbanismo é dever do cidadão ou do servi- não se apega meramente as questões visuais, pois nos
ço público no processo de construção da cidade e reflete a padrões de comportamentos indesejáveis
como as tecnologias atuais influenciam a cidade na sociedade e a abordagem de problemas sociais
que você vive? e/ou estruturais que nos retiram a tranquilidade do

152
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
sujeito por gerar o descontentamento. Podemos ci- Atividade
tar exemplos como depredação, atos de vandalismo,
acumulo de lixo ao céu aberto por falta de um sistema Os (As) estudantes devem selecionar e analisar
de coleta, etc. imagens de cidades, bairros, construções e monu-
mentos históricos sendo da sua cidade ou de outra
localidade. Após isso os estudantes deverão separar
essas imagens selecionadas em categorias estéticas
(belo, grandioso, pequenez, feio) e apresentar para
a turma, as suas justificativas e analises estéticas
que validaram a construção da seleção e rotulação
de categorias estéticas de imagens.
Ao final das apresentações deverá ser feita uma
roda de conversa em que os(as) estudantes deverão
discutir sobre como os elementos estéticos afetam
a experiência e a percepção das pessoas sobre a
cidade. Os (As) estudantes também podem ser in-
centivados a criar projetos de intervenção urbana
que busquem explorar e valorizar essas categorias
estéticas na cidade.

Fonte: h�ps://mkzarquitetura.com.br/projetos/orion-business-
-health-complex acessado em 16/03/2023.

Ambas as categorias são relevantes na arte e na ar-


quitetura, pois os artistas e arquitetos podem escolher
trabalhar em diferentes escalas para criar diferentes
efeitos emocionais e visuais. Em termos de simetria,
ela tem sido valorizada na arte e na arquitetura desde
a Antiguidade, especialmente na Grécia Antiga, onde
a proporção áurea e a simetria eram consideradas
essenciais para a beleza e a harmonia. A simetria pode
criar um senso de ordem, equilíbrio e estabilidade
nas obras de arte e construções urbanas e rurais. Por
exemplo, edi�cios simétricos podem ser visualmente
agradáveis e transmitir uma sensação de solidez e es-
tabilidade, enquanto jardins simétricos podem ser vis-
tos como tranquilizadores e relaxantes. No entanto, é
importante notar que a simetria não é necessariamen-
te a única maneira de alcançar a beleza e a harmonia
na arte e na arquitetura. Artistas e arquitetos também
podem usar outras técnicas, como a assimetria, para
criar efeitos interessantes e atraentes. A escolha de
usar ou não a simetria depende do estilo, do contexto
e do objetivo do trabalho em questão.
Na cidade, essas categorias estéticas podem ser
observadas em diferentes contextos e elementos ar-
quitetônicos e urbanísticos. Por exemplo, a arquitetu-
ra de prédios históricos e monumentos pode evocar
a grandiosidade, enquanto a presença de espaços
verdes e jardins pode gerar uma sensação de peque-
nez e delicadeza. Além disso, a presença de grafites
e arte urbana pode trazer elementos de beleza para
a cidade.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

153
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Capítulo 5:
Thomas More (1478 -1535)

Fonte: h�p://www.ebooksbrasil.org/eLibris/utopia.html acessado


em 15/03/2023.

As ideias de Thomas More, apresentadas em sua


obra “Utopia”, influenciaram vários pensadores em
São Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527). suas construções de cidades utópicas. A obra teve
grande impacto na época e foi uma influência impor-
Outro filósofo que se dedicou a pensar sobre tante para a formação de ideais utópicos e socialistas
a cidade ideal foi Thomas More, que em sua obra nos séculos seguintes e por abordar uma reflexão so-
“Utopia” publicada em 1516, apresentou uma cidade bre o idealismo humano e a organização social. Um
na qual todos os cidadãos eram iguais em termos de dos pensadores que foi influenciado por More foi
riqueza, status social e educação. Nessa sociedade Tommaso Campanella, que escreveu “A Cidade do
imaginária ideal os habitantes vivem em harmonia e Sol”, uma obra que descreve uma cidade ideal na qual
igualdade, as pessoas trabalhavam apenas seis horas as pessoas vivem em harmonia e felicidade, dedican-
por dia e dedicavam o resto do tempo para atividades do-se ao estudo, à ciência e à contemplação divina. A
culturais e de lazer. A cidade ideal de More era basea- cidade é governada por um conselho de sábios que
da na ideia de que a felicidade só pode ser alcançada tomam decisões coletivamente.
em uma sociedade justa e igualitária. Outro pensador influenciado por More foi Francis
A obra é considerada uma crítica à sociedade da Bacon, que escreveu “Nova Atlântida”, uma obra que
época, Morus utiliza a narrativa de um viajante que vi- descreve uma ilha fic�cia onde a ciência é valorizada e
sitou a ilha para apresentar as características da socie- os cientistas são respeitados. A ilha é governada por um
dade utópica e compará-la com a sociedade inglesa, colégio de sábios que buscam constantemente aprimo-
destacando as falhas e injustiças do sistema político rar o conhecimento e melhorar a vida dos habitantes.
e social inglês. As ideias de Thomas More tiveram um O filósofo Jean-Jacques Rousseau também foi influen-
grande impacto na época e foi uma influência impor- ciado pelas ideias de More em sua obra “O Contrato
tante para a formação de ideais utópicos e socialistas Social”, na qual defende a criação de uma sociedade
nos séculos seguintes e por abordar uma reflexão so- justa e igualitária, na qual os indivíduos renunciam a
bre o idealismo humano e a organização social. seus interesses pessoais em bene�cio do bem comum.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
A sociedade utópica é:
• governada por um sistema socialista, com dis- PARA SABER+
tribuição igualitária de bens e recursos, sendo Principais ideias da obra “A Cidade do Sol”
baseada na justiça e na igualdade. Foi escrita pelo filósofo italiano Tommaso Campa-
• O trabalho é compartilhado entre todos os ha- nella em 1602. O livro apresenta uma utopia constan-
bitantes e não há propriedade privada. temente iluminada pelo sol governada porum sistema
• As crianças são educadas pelo Estado, sendo político e social perfeito. Somos apresentados a uma
incentivadas a trabalhar desde cedo. A religião série de diálogos entre um viajante e um grupo de ha-
é tolerada, mas a liberdade religiosa é limitada bitantes da cidade. A cidade é dividida em sete anéis
para evitar conflitos. concêntricos, cada um representando uma das sete
virtudes que os habitantes devem possuir: sabedoria,

154
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
coragem, justiça, prudência, temperança, fidelidade Capítulo 6:
e amor. Immanuel Kant (1724-1804):
A cidade é governada por um conselho de sábios,
escolhidos por sua sabedoria e capacidade de gover-
nar com justiça. Não há propriedade privada na cida-
de, e todos os bens são compartilhados igualmente
entre os habitantes. Não há crime na cidade, e os
habitantes vivem em paz e harmonia. Além disso, a
cidade valoriza a ciência e o conhecimento, e há um
grande foco em descobrir as leis da natureza e apli-
cá-las para melhorar a vida dos habitantes. A cidade
também é uma comunidade religiosa, e a religião
desempenha um papel importante na vida dos ha-
bitantes, que buscam viver conforme os princípios
cristãos de amor e compaixão. E para que isso seja
concretizado os habitantes são educados desde a in-
fância para adquirir essas virtudes sendo incentivados
a trabalhar em conjunto pelo bem comum.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

Principais ideias da obra “Nova Atlântida” “


Foi escrita pelo filósofo inglês Francis Bacon, publi- O filósofo alemão Immanuel Kant escreveu sobre
cada postumamente em 1627. A obra apresenta uma a importância da beleza na arquitetura em sua obra
visão utópica de uma sociedade ideal, governada por “Crítica da faculdade do juízo”. Ele argumentava que a
um sistema político e cien�fico perfeito. A obra se divi- beleza arquitetônica dependia de uma harmonia entre
de em duas partes, a primeira descrevendo a jornada a forma e a função do edi�cio, e que a arquitetura de-
de uma tripulação em busca da ilha de Bensalem, e a veria ser projetada para permitir a livre circulação de
segunda apresentando a sociedade perfeita que habi- pessoas. Nesta obra de Kant é abordada as questões
ta essa ilha. A obra nos apresenta a uma visão utópica relacionadas à estética e à teleologia, examinando a
de uma sociedade ideal, governada por um sistema faculdade do juízo em relação ao belo, ao sublime e
cien�fico e político altamente desenvolvido, onde a aos propósitos da natureza. As principais ideias abor-
ciência é valorizada e os cientistas são respeitados, e dadas nessa obra são:
a religião desempenha um papel importante na vida
dos habitantes. A obra destaca a importância da edu- A Estética sobre o Belo e o Sublime
cação, da pesquisa cien�fica e do desenvolvimento
tecnológico para o progresso da sociedade. A primeira parte da “Crítica da Faculdade do Juízo”
A ilha de Bensalem, onde se passa a história, é go- trata da estética, focando nas experiências do belo e
vernada por um sistema cien�fico e político altamente do sublime. Kant argumenta que nosso julgamento
desenvolvido. A ciência é valorizada e os cientistas são sobre a beleza é baseado na forma como um objeto
respeitados, tendo uma posição de destaque na socie- se relaciona com nossa faculdade do juízo.
dade. Há instituições de pesquisa avançadas, como a 1. O Belo: Kant define o belo como uma experiên-
Casa de Salomão, que é uma espécie de universidade, cia desinteressada e universal, que surge a partir da
onde os cientistas se dedicam a estudar a natureza e harmonia entre a imaginação e o entendimento: “O
a desenvolver novas tecnologias. belo é aquilo que, sem nenhum conceito, é conheci-
A sociedade de Bensalem é governada por um do como objeto de uma satisfação necessária” (Kant,
conselho de anciãos, escolhidos por sua sabedoria e 1790). Essa definição destaca a natureza subjetiva e
habilidade para governar com justiça. A religião tam- universal do belo, indicando que o juízo estético não
bém desempenha um papel importante na vida dos depende de conceitos ou interesses particulares, mas
habitantes, e há uma ordem religiosa, a “Ordem da é uma resposta comum a todos os seres humanos.
Salvação”, cujo objetivo é promover a paz e a har- 2. O Sublime: Em contraste com o belo, o sublime
monia entre as nações. Outro destaque da obra é a é uma experiência que envolve uma sensação de gran-
descrição de uma série de invenções tecnológicas, deza ou infinitude que transcende nossa capacidade
algumas das quais são bem avançadas para a época de compreensão: “O sublime é aquilo que, mesmo
em que a obra foi escrita, como a lente para visão à em comparação com a medida geral, é grande” (Kant,
distância, uma máquina para navegar embaixo d’água 1790).
e uma máquina para voo. O sublime pode ser dividido em duas categorias:
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. o matematicamente sublime, relacionado à grande-

155
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
za incomensurável em termos de quantidade, e o si mesma, ele defende a ideia de que os seres huma-
dinamicamente sublime, relacionado à grandeza em nos podem atribuir um propósito moral e cosmopolita
termos de poder ou força. Ambas as formas do subli- à natureza, guiando suas ações e desenvolvimento: “A
me evocam uma sensação de respeito e admiração ideia de um propósito da natureza, que serve como
pela natureza e pela capacidade da mente humana uma regra a priori para o nosso juízo sobre o mesmo
de contemplá-la. objeto, não pode ser senão a representação da natu-
reza como um sistema conforme o princípio da fina-
Teleologia: Os Fins da Natureza lidade interna de tudo que nela existe” (Kant, 1790).
Essa ideia sugere que, embora a natureza possa não
ter propósitos intrínsecos, os seres humanos podem
atribuir um sentido moral e cosmopolita à natureza
para orientar suas ações e buscar o progresso moral
e a harmonia global.

A “Crítica da Faculdade do Juízo” de Immanuel


Kant é uma obra complexa e profunda que explora
as facetas da estética e da teleologia. Ao analisar o
belo, o sublime e a ideia de finalidade na natureza,
Kant fornece uma visão abrangente da maneira como
a faculdade do juízo funciona e se relaciona com a
razão, o entendimento e a imaginação. Essa obra é
fundamental para a compreensão do pensamento de
Kant e continua a influenciar discussões filosóficas
sobre estética, ética e a relação entre seres humanos
e natureza.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

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A segunda parte da “Crítica da Faculdade do Juízo”


explora a teleologia, ou seja, a ideia de que a natureza
possui propósitos ou fins. Kant analisa o modo como
a faculdade do juízo lida com a aparente finalidade
na natureza e como isso se relaciona com a razão.
1.Juízo Teleológico: Kant argumenta que, ao ob-
servar a natureza, nossa faculdade do juízo tende a
buscar um propósito ou fim para os fenômenos na-
turais. Ele afirma que essa tendência é inerente à
maneira como a mente humana funciona: “O juízo
teleológico não é um juízo da natureza, mas um ju-
ízo sobre a natureza a partir de um ponto de vista
particular que a razão vê como necessário tomar” Immanuel Kant por J.L. Raab
(Kant, 1790).
2. Finalidade e Causalidade: Kant sustenta que é A visão Cosmopolita de Kant em “Ideia de uma
necessário adotar uma perspectiva teleológica para História Universal com um Ponto de vista Cosmo-
compreender a natureza, mas isso não implica que a polita”
natureza realmente possua propósitos em si mesma.
A ideia de finalidade é uma ferramenta que a mente Se trata de uma reflexão profunda e visionária
humana utiliza para ordenar e compreender o mundo sobre o curso da história humana e seu propósito. Ao
natural: “O princípio da finalidade da natureza é, pois, sugerir uma visão cosmopolita, Kant argumenta que
um princípio particular da razão, para o uso sistemá- a história deve ser entendida como um processo de
tico do juízo” (Kant, 1790). desenvolvimento e progresso, guiado por leis naturais
3. A Ideia de um Propósito Cosmopolita: Embora e direcionado a um objetivo maior: a formação de
Kant não afirme que a natureza possua propósitos em uma sociedade global justa e harmoniosa. Suas ideias

156
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
continuam a inspirar debates sobre ética, política e exerce uma função não destrutiva da cultura” (Kant,
o papel da humanidade no mundo, mesmo séculos 1784). Essa tensão entre a sociabilidade e a resistência
após sua publicação. Essa obra de Immanuel Kant, foi é uma característica essencial da natureza humana,
publicada em 1784 e apresenta uma visão ambiciosa que impulsiona a humanidade a buscar constante-
e abrangente sobre a história da humanidade em que mente a melhoria e o progresso. Esta resistência é
Kant defende a ideia de que a história humana segue o grande instrumento do plano da natureza” (Kant,
um plano racional e que está orientada para um pro- 1784). Portanto, o conflito e a competição são vistos
pósito universal que seria a realização da sociedade como forças motrizes para a evolução humana e o
cosmopolita, isto é, uma sociedade global e harmo- alcance da sociedade cosmopolita.
niosa. Portanto, se levanta a questão sobre qual é a
natureza e proposito da história? A terceira tese “Formação de Estados e leis” é:
Kant argumenta que a história deve ser vista como Kant discute a importância das leis e do Estado para
um processo de desenvolvimento e progresso, guiado garantir a segurança e a ordem na sociedade. Ele afir-
por leis naturais: “Esta história deve ser concebida ma que a criação de um Estado racional é essencial
segundo a ideia de um curso regular da natureza hu- para o progresso humano e a realização do propósito
mana, ou melhor, segundo as leis que governam essa universal. Além disso, Kant defende a ideia de uma
natureza” (Kant, 1784). constituição republicana como a forma ideal de go-
Kant apresenta nove verno para alcançar esse objetivo.
teses para explicar sua vi- “O problema da instituição de um Estado, por mais
são da história e que juntas di�cil que pareça resolvê-lo, pode ser solucionado
formam a base para a visão mesmo para um povo de demônios” (Kant, 1784).
histórica e cosmopolita. Al- Para Kant, a evolução histórica leva à formação de
gumas das mais importan- Estados e leis, que visam a proteger a liberdade e os
tes são: direitos dos cidadãos.

A primeira tese “Desenvolvimento das faculda- Na quarta “A ideia de uma constituição cosmo-
des humanas”: Kant acredita que a natureza tem um polita” e quinta tese “O Propósito Cosmopolita”
plano para desenvolver as faculdades humanas ao Kant acredita que a humanidade deve caminhar
máximo, e isso só pode ser alcançado através do con- em direção a uma constituição cosmopolita, na qual
flito e da competição: os povos e Estados cooperem para o bem comum:
“Todas as disposições naturais de uma criatura “Uma liga de povos, que se mantenha permanen-
estão destinadas a se desenvolverem completamente temente, deve ser estabelecida, e que garanta a cada
e de acordo com um propósito”(Kant, 1784). um, o seu direito” (Kant, 1784). Em que o propósito
“O meio de que a natureza se serve para realizar o na visão de Kant é profundamente cosmopolita, pois
desenvolvimento de todas as suas disposições é a sua ele enxerga a história como uma marcha em direção a
própria insociável sociabilidade” (Kant, 1784). uma ordem mundial justa e pacífica. Ele acredita que
Esta ideia central indica que a natureza tem um a humanidade deve superar as barreiras nacionais e
plano específico para a humanidade, e que todas as culturais e trabalhar em conjunto para o bem comum.
suas ações estão orientadas para a realização desse “Chegaremos, portanto, a um estado cosmopolita, no
plano. Kant afirma que os seres humanos possuem a qual cada membro, embora esteja ligação de um pla-
capacidade de desenvolver suas habilidades e talen- no oculto da natureza para realizar uma constituição
tos, mas que a história humana é marcada por confli- política perfeita internamente e, para tal fim, também
tos e antagonismos. Ele escreve: “Na espécie huma- externamente perfeita” (Kant, 1784).
na as disposições naturais para a sociabilidade são O “propósito cosmopolita” de Kant expressa sua
combinadas com uma resistência geral que ameaça crença na capacidade da humanidade de progredir em
constantemente dissolver a sociedade” (Kant, 1784). direção a um futuro mais iluminado e justo. Embora
ele reconheça que o processo histórico seja marca-
Na segunda tese “Guerra como catalisador do do por conflitos e sofrimento, Kant vê esses desafios
progresso” :É destacado o papel do conflito e da com- como etapas necessárias na evolução da humanidade.
petição no desenvolvimento das sociedades humanas.
Kant sugere que esses elementos são necessários para Na sexta tese ”sobre a importância da educação
impulsionar a humanidade em direção ao progres- e da cultura”, Kant destaca a importância da cultu-
so, ele sustenta que a guerra, apesar de seu aspecto ra e da educação no desenvolvimento humano. Ele
destrutivo, impulsiona a humanidade a se organizar afirma que a humanidade deve buscar constante-
e desenvolver instituições políticas: “A guerra, pois, mente o conhecimento e a sabedoria para alcançar
enquanto disciplina dos povos na sua brutalidade, a realização plena de suas capacidades. Na sexta tese,

157
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Kant escreve: “O homem, que não é senão um animal, sociedade cosmopolita. Kant afirma que a humanida-
torna-se cidadão do mundo, quando o seu talento, de deve superar os conflitos e as divisões nacionais e
pela cultura, se desenvolve até se tornar um poder culturais para alcançar uma ordem mundial baseada
universal” (Kant, 1784). Aqui, Kant argumenta que a na cooperação, na justiça e na paz.
educação e a cultura são essenciais para expandir as Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
capacidades humanas e promover o desenvolvimento
moral e intelectual. Ele acredita que a aquisição de
conhecimento e sabedoria é fundamental para que
os indivíduos possam agir conforme os princípios
universais de justiça e igualdade, necessários para a
construção de uma sociedade cosmopolita.
A sexta tese de Kant é um elemento essencial de
sua visão da história humana e de seu propósito cos-
mopolita. Ao enfatizar a necessidade de desenvolver
as capacidades humanas por meio do conhecimento
e da sabedoria, Kant fornece uma base sólida para
a realização de uma sociedade global harmoniosa e
justa, conforme delineado nas últimas três teses de
sua obra “Ideia de uma História Universal com um
Propósito Cosmopolita”.
Heróis da Paz Kant esculpido em estátua equestre
As últimas três teses (7ª, 8ª e 9ª) abordam a pro-
gressão em direção à realização da sociedade cosmo- PARA SABER +
polita. Kant enfatiza a importância de uma constituição Biografia de Immanuel Kant
civil (7ª tese) e a necessidade de criar instituições po- Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo ale-
líticas que garantam a justiça e a liberdade (8ª tese). mão, fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que
Ele também destaca a importância de estabelecer uma procurou determinar os limites da razão humana.
liga de povos que garanta o direito de cada nação (9ª Sua obra é considerada a pedra angular da filosofia
tese). Esses passos são cruciais para o desenvolvimento moderna.
de uma ordem mundial baseada na cooperação e no
respeito mútuo entre as nações, superando os conflitos Infância e Formação
e as divisões que marcam a história humana. Na nona Immanuel Kant nasceu em Königsberg, na Prús-
tese, Kant enfatiza que o propósito último da história sia Oriental, então Império Alemão, no dia 22 de
humana é a formação de uma sociedade global justa e abril de 1724. Filho de um artesão de descendên-
harmoniosa, na qual os Estados cooperem entre si e os cia escocesa, era o quarto de nove filhos. Passou
indivíduos vivam em paz e prosperidade. Isso requer a grande parte de sua vida nos arredores de sua ci-
superação das divisões nacionais e culturais e a criação dade natal. Dos pais luteranos recebeu uma severa
de uma ordem política global baseada em princípios educação religiosa. Na escola local estudou latim
universais de justiça e igualdade. e línguas clássicas.
Essas três últimas teses destacam a visão de Kant Em 1740, com 16 anos, Kant ingressou na Uni-
sobre a progressão em direção à realização da socie- versidade de Königsberg, como estudante de Te-
dade cosmopolita. Ele acredita que a criação de cons- ologia. Foi aluno do filósofo Martin Knutzen e se
tituições civis, instituições políticas justas e uma liga aprofundou no estudo da filosofia racionalista de
de povos são passos cruciais para o desenvolvimento Leibniz e de Christian Wolff. Mostrou interesse tam-
de uma ordem mundial baseada na cooperação e no bém por matemática e �sica. Em 1744 publicou um
respeito mútuo entre as nações. Essa ordem mundial trabalho sobre questões relativas às forças cinéticas.
permitirá que a humanidade supere os conflitos e as Em 1746, após a morte do pai, trabalhou como
divisões que têm marcado sua história, avançando em preceptor, o que lhe permitiu entrar em contato
direção a uma sociedade global harmoniosa e justa. com a sociedade de Königsberg e ganhar pres�gio
A perspectiva de Kant sobre a história é otimista e intelectual. Mesmo fora da universidade não parou
baseada na convicção de que a razão e a moralidade de estudar e dedicou-se à publicação de sua primei-
podem prevalecer sobre a ignorância e a barbárie. Ele ra obra filosófica, “Pensamento Sobre o Verdadeiro
acredita que, apesar dos obstáculos, a humanidade Valor das Forças Vivas” (1749).
está destinada a alcançar um estado cosmopolita de Em 1754, Kant retornou à universidade e após
paz, liberdade e justiça universal. E que segundo ele concluir os estudos universitários foi nomeado
o objetivo final da história humana é a realização da docente-livre. Lecionou Filosofia Moral, Lógica e

158
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Meta�sica. Publicou diversas obras na área das Ci- Capítulo 7:
ências Naturais e da Física. Finalmente, em 1770, Martin Heidegger (1889-1976):
Immanuel Kant ocupa a cátedra de Lógica e Me-
ta�sica na Universidade, cargo que exerceu até o
fim de sua vida.

Pensamento Filosófico de Kant


O pensamento filosófico de Kant se distingue
por três períodos distintos: Em seu período inicial,
Kant sofreu a influência da filosofia de Leibniz e de
Christian Wolff e na �sica de Newton, como fica evi-
dente em seu trabalho: “História Geral da Natureza
e Teoria do Céu”.
No segundo período, gradativamente, Kant se
deixou influenciar pela ética e pela filosofia empírica
dos ingleses, sobretudo de David Hume. Segundo o
próprio Kant, ele “despertou do sono dogmático.”
Passou a adotar uma postura crítica ante a estreita
correlação entre conhecimento e realidade. Nessa
época publicou; “Sonhos de Um Visionário” (1766).
No terceiro período, Kant desenvolveu a sua
própria “Filosofia Crítica”, que começou, em 1770,
com sua aula inaugural como professor de Filoso-
fia, intitulada: “Sobre a Forma e Os Princípios do
Mundo Sensível e Inteligente”, conhecida como O filósofo alemão Martin Heidegger escreveu so-
“Dissertação”, quando ele estabeleceu as bases bre a relação entre o homem e o espaço em sua obra
sobre as quais se desenvolveria sua obra filosófica. “Construir, habitar, pensar”. Ele argumentava que a
Fonte: h�ps://www.ebiografia.com/immanuel_kant/ arquitetura e o ambiente construído têm um papel
Acessado em 10/03/2023.
fundamental na formação da identidade e da cultura
de uma sociedade.
Atividades
Martin Heidegger aborda a relação entre o ser
humano, o espaço e a arquitetura, explorando o sig-
Pesquisa 1: Pesquisa sobre a obra de Kant
nificado de “habitar” e o papel fundamental que o
Estudantes que pesquisem sobre a obra “Ideia
de uma história Universal de um Ponto de vista ambiente construído desempenha na formação da
Cosmopolita” de Kant e identifiquem os principais identidade e da cultura de uma sociedade. Heideg-
argumentos apresentados pelo autor sobre a cida- ger começa questionando a essência do habitar, sus-
de e Façam um mapa mental da obra com as suas tentando que esta é uma atividade primordial do ser
próprias palavras. humano. Para ele, habitar significa estabelecer uma
relação com o espaço e o ambiente, conectando-se
Pesquisa 2: Estudo de caso com o mundo e criando um sentido de pertencimento:
Divida a turma em grupos e peça que cada grupo “Habitar é a maneira como os mortais estão na terra”
escolha uma cidade para estudar. Peça que os estu- (Heidegger, 1951).
dantes pesquisem sobre as características da cidade Ao explora a relação entre a arquitetura e o ato de
escolhida e discutam se ela atende aos princípios habitar. Ele argumenta que construir e habitar estão
defendidos por Kant. Eles devem apresentar suas intrinsecamente conectados, e a arquitetura é uma
conclusões em um relatório escrito e uma apresen- expressão do desejo humano de criar espaços que
tação oral para a turma. reflitam e acomodem sua cultura e identidade: “Cons-
truir é, em si, já habitar” (Heidegger, 1951). Heidegger
Pesquisa 3: Debate enfatiza a importância do ambiente construído como
Realize um debate em sala de aula sobre a cidade um elemento que molda a vida cotidiana e a experi-
ideal. Divida a turma em dois grupos e peça que um ência humana. Para ele, a arquitetura e o espaço têm
grupo defenda a posição de Kant sobre a cidade, um papel ativo na criação de um sentido de identida-
enquanto o outro grupo deve apresentar argumen- de e pertencimento para os indivíduos e a sociedade
tos contrários. O debate deve ser moderado pelo na totalidade: “A arquitetura é a expressão do modo
professor e os (as) estudantes devem fundamentar como o homem está no mundo e se relaciona com
suas posições com base em pesquisas e leituras
ele” (Heidegger, 1951).
sobre o tema. Ao final, a turma deve votar em qual
posição foi mais convincente.

159
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Martin Heidegger e a relação entre o homem Assim, Heidegger defende que a construção do
e o espaço espaço e a arquitetura devem ser pensadas de forma
integrada, de modo que possam refletir as necessi-
dades e desejos das pessoas que os habitam. Através
da atividade de construir e habitar, os seres humanos
podem criar espaços que promovam a liberdade, a
igualdade e a justiça, permitindo que todos possam
realizar seu potencial humano de forma plena.
A filosofia de Heidegger pode ser aplicada à com-
preensão da relação entre o homem e a cidade ao
destacar a importância do espaço como elemento
constitutivo da existência humana. Suas ideias sobre
o “Ser-no-Mundo” e a crítica à tecnologia podem aju-
dar a repensar como a cidade é construída e habita-
da. Para ele o homem não é uma entidade isolada e
separada do mundo, mas está sempre inserido em
um mundo de objetos e de outras pessoas. Segundo
Heidegger, a existência humana é sempre uma exis-
tência no mundo, e essa relação com o mundo é fun-
damental para a compreensão da existência humana.
Dessa forma, o homem não é visto como um sujeito
isolado, mas sim como um ser que se relaciona e se
constitui a partir de sua relação com o mundo.
A noção de “Ser-no-Mundo” foi desenvolvida por
Martin Heidegger em sua obra “Ser e Tempo” (Sein
und Zeit), publicada em 1927. Nessa obra, Heidegger
busca compreender a existência humana (Dasein) a
Imagem de autoria própria partir da análise da maneira como o ser humano se
relaciona com o mundo ao seu redor. Segundo Hei-
Martin Heidegger é um filósofo alemão que se degger, o ser humano não é uma substância isolada,
destacou por suas reflexões sobre a relação entre o mas um ser que se encontra sempre inserido em um
homem e o espaço, especialmente em sua obra “Cons- contexto, em um mundo. Essa inserção no mundo é o
truir, habitar, pensar”. Nesta obra, Heidegger argu- que ele chama de “Ser-no-Mundo”, que implica uma
menta que a arquitetura e o ambiente construído têm compreensão prévia do mundo e dos outros seres
um papel fundamental na formação da identidade e que nele habitam.
da cultura de uma sociedade. Segundo Heidegger, o A construção da cidade, como espaço de convi-
homem não é apenas um ser que habita o mundo, mas vência e interação entre os seres humanos, pode ser
um ser que constrói o mundo através de sua atividade vista como uma expressão concreta da noção de “Ser-
de construção. A atividade de construir é essencial -no-Mundo” em Heidegger. Para ele, a cidade é um
para a realização do ser humano, pois permite que o lugar onde o ser humano pode encontrar um sentido
homem transforme o mundo à sua volta de acordo para sua existência, ao se relacionar com os outros e
com suas necessidades e desejos. com o ambiente que o cerca.
A arquitetura, por sua vez, é uma forma de cons- Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
trução, com um papel central na formação da cul-
tura e da identidade de uma sociedade. Através da PARA SABER +
arquitetura, os seres humanos constroem espaços Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo
que refletem seus valores, crenças e modos de vida, alemão conhecido por suas contribuições para a
que permitem a expressão de sua individualidade e filosofia existencialista e fenomenológica. Ele nas-
de sua identidade coletiva. ceu em Messkirch, uma pequena cidade no sul da
Para Heidegger, a arquitetura não deve ser vista Alemanha, e estudou teologia e filosofia na Uni-
apenas como uma forma de utilidade ou de funciona- versidade de Freiburg.
lidade, mas como uma forma de arte que permite a Heidegger iniciou sua carreira acadêmica como
expressão da essência da humanidade. A arquitetura assistente de Edmund Husserl, um dos fundadores
deve ser projetada para permitir a livre circulação de da fenomenologia, e mais tarde tornou-se profes-
pessoas, a criação de espaços públicos de convívio e sor na Universidade de Freiburg. Seu trabalho mais
a promoção da vida em comunidade. famoso, “Ser e Tempo”, foi publicado em 1927, sen-

160
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
do considerado um dos mais importantes trabalhos Capítulo 8:
filosóficos do século XX. Qual é a importância da
Em “Ser e Tempo”, Heidegger argumenta que instituição escolar na cidade ideal?
a filosofia deve se concentrar na compreensão da
existência humana em sua totalidade, em vez de se
limitar ao estudo de objetos isolados ou conceitos
abstratos. Ele introduz a ideia de que a existência
humana é caracterizada pela busca por significado
e propósito, e que nossa compreensão do ser é
profundamente influenciada pela forma como in-
terpretamos o mundo e a nós mesmos.
Heidegger também é conhecido por suas refle-
xões sobre a natureza da linguagem e sua relação h�ps://www.canva.com/design/DAFdvzID4Y0/dDbcKOnKQqxIb-
com a existência humana. Ele argumenta que a DYgnpQOrg/view?utm_content=DAFdvzID4Y0&utm_campaig-
linguagem não é apenas um meio de comunica- n=share_your_design&utm_medium=link&utm_source=sha-
ção, mas também uma forma de revelação que nos reyourdesignpanel
permite compreender o ser e nossa relação com o
mundo. Ao longo de sua carreira, Heidegger man- A instituição escolar desempenha um papel fun-
teve ligações com o Partido Nazista, o que gerou damental na cidade ideal, pois é responsável pela
críticas a seu trabalho e sua reputação. Ele nunca formação das novas gerações de cidadãos. A cidade
se desculpou publicamente por suas conexões com ideal é aquela em que todos os indivíduos têm aces-
o partido, mas afirmou que seu trabalho filosófico so a uma educação de qualidade, que lhes permite
era independente de suas crenças políticas. desenvolver plenamente suas capacidades e poten-
Embora controverso, o trabalho de Heidegger cialidades, e contribuir para o bem-estar da sociedade
exerceu uma grande influência na filosofia existen- na totalidade.
cialista e fenomenológica. Ele é considerado um dos A escola, portanto, é um espaço privilegiado para
pensadores mais importantes do século XX e suas a formação de cidadãos críticos, autônomos e parti-
ideias continuam a ser objeto de estudo e debate cipativos, capazes de compreender e transformar a
na filosofia e em outras disciplinas. realidade social, política e econômica em que vivem.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. Além disso, a instituição escolar pode desempenhar
um papel importante na construção de uma sociedade
Atividades mais justa e igualitária, ao proporcionar oportunida-
des iguais de acesso à educação a todos os indivíduos,
1. Qual a importância da filosofia de Martin Heideg- independentemente de sua origem social, econômica
ger para a compreensão da relação entre o homem ou cultural.
e o espaço e qual é a crítica de Heidegger à tecno- Na cidade ideal, a instituição escolar deve ser um
logia e de que forma isso afeta a relação entre o espaço de inclusão e diversidade, que valoriza e res-
homem e o espaço? peita as diferenças culturais, étnicas, religiosas e de
gênero. A escola deve ser um ambiente acolhedor,
2. A noção de “Ser-no-Mundo” desenvolvida por democrático e participativo, em que os(as) estudan-
Heidegger destaca como o homem está sempre tes e alunas possam desenvolver suas habilidades e
inserido em um mundo de objetos e de outras competências, ao mesmo tempo, em que são incen-
pessoas, ou seja, não existe uma separação entre tivados a participar ativamente na construção do co-
o homem e o mundo, o homem está sempre imerso nhecimento e da cultura.
nele. De que forma a noção de “Ser-no-Mundo” Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
desenvolvida por Heidegger pode ser aplicada à
compreensão da relação entre o homem inserido Paulo Freire (1921-1997)
no espaço (mundo) digital ou ideias da criação de
um metaverso? O filósofo, educador e pedagogo brasileiro Pau-
lo Freire escreveu sobre a importância da educação
3. Qual é a importância da arquitetura na filosofia como prática da liberdade. Ele defendia que a arquite-
de Heidegger e de que forma isso se relaciona com tura e o ambiente construído podem ser usados como
a relação entre o homem e o espaço? ferramentas para a promoção da justiça social e da
inclusão, permitindo que as pessoas tenham acesso
aos recursos e oportunidades necessárias para o de-
senvolvimento de suas capacidades.

161
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
cesso de aprendizagem ocorra de forma mais
significativa. Freire acreditava que a educação
não poderia ser desvinculada da vida, e que
o ambiente educativo deveria ser um espaço
de encontro entre os alunos e o mundo. Dessa
forma, o acolhimento também está relacionado
com a possibilidade de os alunos se conecta-
rem com as suas experiências pessoais e com
as realidades sociais e culturais em que estão
inseridos.
3. O ambiente educativo deve ser crítico e refle-
xivo: Freire defende que o ambiente educativo
deve ser um espaço de questionamento e re-
flexão crítica sobre a realidade. Os (As) estu-
dantes devem ser incentivados a refletir sobre
suas próprias experiências e a relacioná-las
com a realidade social, política e econômica
Imagem de autoria própria mais ampla.
4. O ambiente educativo deve ser dialógico:
A obra de Paulo Freire. “Educação como Prática da Para Freire, a dialogicidade é essencial para
Liberdade”, aborda especificamente a relação entre uma educação libertadora. O ambiente edu-
arquitetura, ambiente construído e a educação é foi cativo deve ser um espaço de diálogo aberto
publicado originalmente em 1967, o livro é uma das e respeitoso, em que os (as) os(as) estudantes
principais referências teóricas do pensamento freiria- possam trocar ideias e aprender entre si.
no e aborda a educação como uma prática política e 5. O ambiente educativo deve ser flexível: Freire
social, capaz de transformar a realidade e promover defende que o ambiente educativo deve ser
a emancipação dos sujeitos. flexível e adaptável às necessidades dos (das)
No capítulo 6, intitulado “A arquitetura do am- estudantes. Os professores devem estar aber-
biente educativo”, Freire discute a importância do tos a mudanças e inovações, e devem estar
espaço �sico e da organização dos elementos arquite- dispostos a experimentar novas abordagens
tônicos na construção de uma educação libertadora.
pedagógicas e didáticas.
Ele argumenta que o ambiente construído deve ser
projetado para favorecer a comunicação e o diálogo
Freire defende que o ambiente educativo é um
entre os sujeitos, permitindo que estes sejam sujeitos
elemento essencial para a construção de uma educa-
ativos na construção de seu próprio conhecimento.
As principais ideias filosóficasabordadas nesse capí- ção libertadora e democrática. Um ambiente educati-
tulo são: vo acolhedor, democrático, crítico, reflexivo, dialógico
1. O ambiente educativo deve ser democrático e e flexível pode contribuir para o desenvolvimento de
participativo: para Freire, a educação não deve estudantes e alunas mais conscientes, críticos e au-
ser imposta de cima para baixo, mas deve ser tônomos.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
construída em conjunto com os(as) estudantes.
O ambiente educativo deve ser democrático
e participativo, permitindo que todos tenham Atividades
voz e sejam ouvidos. Freire acreditava que a
educação não deveria ser uma relação hierár- 1. Qual é o papel da instituição escolar na cons-
quica entre o professor e o aluno, mas sim um trução de uma cidade ideal? E como a escola
diálogo horizontal entre sujeitos igualmente pode promover a inclusão social e a igualdade
participantes e ativos no processo educativo. de oportunidades na cidade ideal? Justifique a
2. O ambiente educativo deve ser acolhedor: sua resposta.
segundo Freire, é importante que o ambiente 3. De que maneira a escola pode contribuir para
educativo seja acolhedor e afetivo, de modo o desenvolvimento de cidadãos críticos e par-
a promover a confiança e a segurança dos ticipativos na cidade ideal?
(das) estudantes. Isso contribui para que os 4. Quais são os principais desafios enfrentados
estudantes se sintam à vontade para expres- pela instituição escolar na construção da cidade
sar suas ideias e opiniões, e para que o pro- ideal?

162
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
5. Como a escola pode trabalhar a diversidade Capítulo 9:
cultural e a valorização da identidade de cada “A Filosofia e a Cidade” é uma obra do
aluno na cidade ideal? filósofo brasileiro José Arthur Gianno�
6. De que forma a escola pode estimular o diálogo
e o debate crítico na cidade ideal?
7. Quais são as estratégias que a escola pode ado-
tar para tornar-se um espaço mais democrático
e participativo na cidade ideal?
8. Como a instituição escolar pode trabalhar a edu-
cação ambiental na cidade ideal?
9. De que maneira a escola pode contribuir para a
promoção da saúde e do bem-estar dos alunos
na cidade ideal?
10.Qual é o papel da instituição escolar na forma-
ção de cidadãos éticos e responsáveis na cidade
ideal?

Observação: Estudantes, vocês podem usar a sua


realidade social e a da escola que você frequen-
tar para pontuar os problemas existentes e quais
soluções você desenvolveria na sua cidade ideal
para os problemas levantados por você.
Imagem de autoria própria

José Arthur Giannotti é um importante filósofo


brasileiro que se dedicou ao estudo de diversas áreas
da filosofia, incluindo a filosofia política, a filosofia
da linguagem e a filosofia da ciência. A obra desse
filósofo foi publicada em 1984. Ele discute a relação
entre a filosofia e a cidade, explorando questões como
a função da cidade na vida humana, as diferenças
entre a cidade antiga e a cidade moderna, a aliena-
ção urbana e a possibilidade de transformação social
através da cidade.
Giannotti argumenta que a cidade é um espaço
essencial para a realização da vida humana e que a
filosofia tem um papel importante na reflexão crítica
sobre a cidade e na busca de alternativas para os pro-
blemas urbanos. Ele critica a tendência moderna de
alienação urbana, em que as pessoas são desconec-
tadas umas das outras e do meio ambiente em que
vivem, e defende uma abordagem mais participativa
e engajada da cidade.
Além disso, Giannotti discute a importância da
história e da cultura na construção da cidade e na
formação da identidade urbana. Ele argumenta que
a cidade é um espaço de conflito e de luta política,
onde diferentes grupos sociais buscam afirmar suas
identidades e interesses.
“A Filosofia e a Cidade” é uma obra que busca
explorar a relação entre a filosofia e a cidade, discu-
tindo questões importantes como a função da cidade
na vida humana, a alienação urbana e a possibilidade
de transformação social através da cidade. Giannotti
argumenta que a cidade é um espaço essencial para
a realização da vida humana e que a filosofia tem um

163
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
papel importante na reflexão crítica sobre a cidade e Ele analisa as diferentes formas de poder pre-
na busca de alternativas para os problemas urbanos. sentes na sociedade, destacando a importância da
Ele também destaca a importância da participação democracia como uma forma de poder que permite
ativa dos cidadãos na construção da cidade e na a participação ativa dos cidadãos na construção do
promoção de uma sociedade mais justa e igualitá- destino coletivo. Ele argumenta que a democracia
ria. Por meio de uma abordagem crítica e reflexiva, é um valor fundamental que deve ser promovido e
Giannotti contribui para a compreensão da relação defendido, pois permite a expressão das diferentes
complexa entre a filosofia e a cidade, fornecendo vozes da sociedade e a busca por soluções mais justas
uma visão ampla e esclarecedora sobre essa ques- e inclusivas. Ei questiona a ideia de que a política é um
tão fundamental da vida em sociedade. Algumas das campo neutro e objetivo, destacando a importância
principais ideias que permeiam o pensamento de da reflexão crítica sobre o poder e suas formas de
Giannotti incluem: manifestação na sociedade. Para ele, é importante
questionar as relações de poder presentes na polí-
Crítica à modernidade: tica e buscar alternativas que promovam uma maior
igualdade e justiça social.
Giannotti é crítico da ideia de progresso da moder- Para de José Arthur Giannotti busca contribuir
nidade e de sua tendência à dominação e à alienação. para a construção de uma sociedade mais justa e de-
Segundo o filósofo, a modernidade trouxe consigo a mocrática por meio da reflexão crítica sobre o poder
ideia de progresso ilimitado, a crença na razão como e suas formas de manifestação na sociedade.
a solução para todos os problemas e a busca pelo
controle da natureza e da sociedade. Filosofia da linguagem:
Entretanto, Giannotti argumenta que essa ideia de
progresso é problemática, pois muitas vezes resulta A filosofia da linguagem
em formas de dominação e alienação. Ele destaca, é uma das áreas de interes-
por exemplo, a exploração do trabalho e a opressão se de José Arthur Giannot-
das minorias como consequências negativas do pro- ti, pois se trata um instru-
gresso da modernidade. Além disso, Giannotti crítica mento fundamental para a
a tendência da modernidade de reduzir a vida a uma reflexão filosófica, permi-
lógica utilitária e racional, o que pode levar à per- tindo uma análise crítica e
da de sentido e de valores humanos essenciais. Para reflexiva sobre os conceitos
ele, é importante questionar essa ideia de progresso e ideias que fundamentam a vida em sociedade. Gian-
ilimitado e buscar alternativas que promovam uma notti se interessa pela linguagem como instrumento
sociedade mais justa e igualitária, em que a vida seja de comunicação e poder, destacando a importância
valorizada em sua complexidade e diversidade. de uma linguagem clara e acessível para a promoção
da democracia e da participação ativa dos cidadãos na
Reflexão sobre a política: vida política e investiga as diferentes maneiras como
a linguagem pode ser usada para controlar ou liberar
as pessoas.
Segundo o filosofo, a linguagem é um instrumento
fundamental para a comunicação e para a construção
da realidade social. Além disso, Giannotti questiona
a ideia de que a linguagem é neutra e objetiva, ar-
gumentando que a linguagem é sempre influencia-
da pelas relações de poder presentes na sociedade.
Destacando a importância de uma reflexão crítica
sobre a linguagem e suas implicações na construção
da realidade social.
Imagem de autoria própria
Análise da ciência:
Giannotti defende a importância da política para
a construção de uma sociedade justa e igualitária e Para Giannotti, a ciência
analisa as diferentes formas de poder presentes na é uma forma importante de
sociedade. Para ele, a política é um campo funda- conhecimento, mas deve-se
mental para a construção de uma sociedade justa e questionar sua objetividade
igualitária, e é essencial para a realização da vida hu- e sua capacidade de resolver
mana em sociedade. os problemas da humanida- Imagem: produção autoral

164
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
de. Para ele a ciência não é neutra e nem objetiva, Capítulo 10:
pois a ciência pode ser influenciada pelas relações de Jacques Derrida (1930-2004)
poder presentes na sociedade. Além disso, Giannot- “Não há verdade fora da linguagem.”
ti argumenta que a ciência não pode ser vista como
a solução para todos os problemas da humanidade,
devido a sua incapacidade de responder a questões
relacionadas à ética, à justiça e à liberdade. Sendo
necessário a utilização de uma abordagem interdisci-
plinar e responsável pelo conhecimento, que permita
a reflexão crítica sobre os diferentes aspectos da vida
em sociedade.
Logo, a análise crítica da ciência é importante para
a promoção de uma sociedade mais justa e iguali-
tária, em que o conhecimento seja usado de forma
responsável e consciente para a promoção do bem-
-estar coletivo.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

Recomendações de vídeos
Vídeo: José Arthur Giannotti responde para que Fonte: h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Derrida acessado
serve a política | 1996 em 20/03/2023.
Site: h�ps://youtu.be/PwUzgnSouAQ
Canal: Roda Viva Jacques Derrida foi um filósofo francês do século
XX, conhecido por sua teoria da “desconstrução”. Ele
argumenta que a cidade ideal é impossível, pois todas
as instituições políticas são permeadas por contradi-
ções e conflitos internos. Derrida acredita que a justiça
é alcançada quando os indivíduos questionam e desa-
fiam as normas e valores estabelecidos.A filosofia de
Derrida questiona a noção de verdade e afirma que
todos os textos e instituições políticas são permeados
por contradições e conflitos internos.
A teoria da desconstrução de Derrida questio-
na a noção de que as palavras possuem significados
precisos e definitivos. Em vez disso, ele argumenta
que as palavras são indefinidas e instáveis, e que as
diferentes interpretações de um texto são igualmente
válidas. A desconstrução é um processo de análise
crítica que busca expor as contradições e conflitos
internos de um texto ou instituição política. Derrida
também questiona a noção de autoridade e poder. Ele
acredita que as instituições políticas são permeadas
por hierarquias de poder e que essas hierarquias são
perpetuadas através do uso da linguagem, ou seja,
para Derrida a cidade é uma construção social e po-
lítica que é perpetuada através do uso da linguagem.
A desconstrução, portanto, é uma forma de desafiar
e subverter essas hierarquias de poder. O que nos
leva a questionar a noção de igualdade e liberdade
na cidade. Segundo o pensamento de Derrida a jus-
tiça é alcançada quando os indivíduos questionam e
desafiam as normas e valores estabelecidos, e que a
cidade ideal é aquela em que os indivíduos são livres
para exercer sua autonomia e liberdade.

165
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Giorgio Agamben (1942-) “A política é a esfera
da vida humana na qual a vida é posta em jogo.”

Imagem de autoria própria

Fonte h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Giorgio_Agamben acessado


Questão da Autoridade e Poder: em 20/03/2023.
Além da teoria da desconstrução, Derrida tam-
bém questiona a noção de autoridade e poder. Ele Giorgio Agamben é um filósofo italiano contem-
acredita que as instituições políticas são permeadas porâneo, conhecido por sua obra “Homo Sacer” em
por hierarquias de poder e que essas hierarquias são que segundo o filósofo existe uma categoria de pes-
perpetuadas através do uso da linguagem. soas excluídas da proteção da lei e dos direitos hu-
A desconstrução é uma forma de desafiar e sub- manos. Essas pessoas podem ser perseguidas, presas
verter essas hierarquias de poder. Ele questiona a no- ou mortas sem que isso seja considerado um crime. A
ção de que existe uma verdade absoluta e afirma que expressão “homo sacer” vem da antiga Roma, onde
as diferentes interpretações de um texto ou instituição uma pessoa podia ser declarada “sacer” e expulsa
política são igualmente válidas. da comunidade, tornando-se alguém que poderia ser
morto sem que isso fosse considerado assassinato.
Questão da Igualdade e Liberdade: Agamben argumenta que a categoria de “homo sacer”
Jacques Derrida questiona a noção de verdade persiste na modernidade, sendo aplicada a grupos de
absoluta e afirma que as palavras são indefinidas e pessoas excluídos da proteção da lei, como os prisio-
instáveis. A teoria da desconstrução é um processo neiros em campos de concentração, os refugiados e os
crítico de análise que busca expor as contradições e imigrantes ilegais. De acordo com Agamben, a figura
conflitos internos de um texto ou instituição política, do “homo sacer” é um exemplo da forma como o
e desafiar as hierarquias de poder estabelecidas, uma Estado moderno pode excluir e oprimir certos gru-
forma de desafiar as hierarquias de poder estabeleci- pos de pessoas, e é uma ameaça à democracia e aos
das e por isso devemos indagar sobre a condição de direitos humanos.
igualdade e liberdade na cidade. A teoria de Agamben é uma crítica às práticas de
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
exclusão política e social e um alerta para a necessi-
dade de proteger os direitos humanos de todas as
Recomendações de vídeos
pessoas, independentemente de sua origem ou con-
Vídeo 1: DOSSIÊ CULT195 | Jacques Derrida
dição. As teorias filosóficas de Giorgio Agamben têm
Site: h�ps://youtu.be/JstTXJMbb-0
sido influentes em muitas áreas, incluindo a filosofia
Canal: TV Revista CULT
política, a teoria do direito, a teoria da democracia e a
Vídeo 2: Derrida - Desconstrução - Não há nada
teoria da biopolítica. Para ele,a cidade ideal é aquela
fora do texto
em que os direitos humanos são protegidos e respeita-
Site: h�ps://youtu.be/9rVoVBN2Ghw
dos, e que a justiça é alcançada quando os indivíduos
Canal: Sublime Filosofia
são livres para exercer sua autonomia e liberdade. Al-
gumas de suas principais teorias filosóficas incluem:
A teoria do “Estado de exceção: Agamben argu-
menta que o Estado moderno pode, em emergências,
colocar certos indivíduos ou grupos fora da proteção
da lei, criando um “Estado de exceção”. Esse conceito
é uma crítica à forma como o poder político pode ser
usado para oprimir e excluir determinados grupos.
A teoria da biopolítica: Em que é apontado que o
Estado moderno consegue controlar e regular a vida

166
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
das pessoas, criando uma forma de “biopolítica”. Essa ( ) Agamben acredita que a cidade é uma forma
teoria é uma crítica à forma como o poder político é de controle e dominação sobre os indivíduos.
usado para controlar a vida e a morte das pessoas. ( ) Para Agamben, a cidade é uma forma de
A teoria da democracia radical: Em que Agam- criação de identidades e subjetividades coleti-
ben acredita que a democracia precisa ser radicalizada vas.
para proteger os direitos humanos e garantir a liber- ( ) Agamben propõe que a cidade seja trans-
dade e a igualdade para todas as pessoas. formada em um espaço de experimentação e
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. criação de novas formas de vida.
( ) A ideia de Agamben sobre a cidade se baseia
PARA SABER + na eliminação completa das diferenças entre os
O que é a vida nua para Agamben? indivíduos.
Para Agamben, a “vida nua” é um conceito cen- ( ) Agamben argumenta que a cidade deve
tral em sua filosofia política e jurídica. Ele usa o ser um espaço de liberdade e autonomia in-
termo para se referir a uma forma de vida que não é dividual.
protegida pela lei e que, portanto, pode ser exposta
a violências e arbitrariedades do poder soberano. A 2: Qual é a crítica de Agamben à cidade moderna?
investigação desse filósofo aborda a relação entre Explique a ideia de estado de exceção proposta
o poder soberano e a vida nua ao longo da história, por Agamben e como ela se relaciona com a
desde a antiguidade até a contemporaneidade, e cidade.
mostra como essa relação se manifesta em dife-
rentes formas de governo, como a monarquia, a 3. Como a ideia de homo sacer se relaciona com
democracia e o totalitarismo. Ele argumenta que a política contemporânea? Justifique a sua res-
a vida nua é um conceito central para entender o posta.
poder soberano, porque é a partir dele que o poder
consegue exercer sua autoridade e controle sobre Recomendações de vídeos
a vida dos indivíduos. Vídeo 1: Aula 11 - Agamben - Parte 1
Ocorrendo quando a vida humana reduzida ao Site: h�ps://youtu.be/PcGy9r6yHr0
seu elemento biológico mais básico, ou seja, aquilo Canal: Prof.Marco Antônio Alves - UFMG
que é comum a todos os seres vivos: a capacida-
de de respirar, comer e se reproduzir. É uma vida Vídeo 2: “Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida
despojada de qualquer valor político ou social, uma Nua I”, por Giorgio Agamben
vida que não tem direitos nem proteção legal. A Site: h�ps://youtu.be/u2Z6ws8Ldt8
vida nua é, simultaneamente, a base sobre a qual Canal: do Carvalhal
se constrói a soberania do Estado, mas também
é o espaço onde o poder pode ser contestado e
desafiado. Em outras palavras, a vida nua é uma
condição que pode ser usada tanto para o exercício
da opressão quanto para a resistência política. Por
isso, Agamben vê a vida nua como um espaço de
luta política e como uma possibilidade de emanci-
pação daqueles que estão subjugados pelo poder
soberano. Seu objetivo é repensar a relação entre
a vida humana e a lei, e mostrar como a vida nua
pode ser um ponto de partida para uma nova for-
ma de política e de justiça, uma vez que aqueles
que são excluídos da proteção da lei podem usar
sua própria vulnerabilidade para desafiar o poder
soberano e suas estruturas opressivas.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.

Atividades

1: Verdadeiro ou Falso
Instruções: Marque com V (verdadeiro) ou F
(falso) as afirmações abaixo relacionadas às
ideias políticas de Giorgio Agamben sobre a
cidade.

167
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Capítulo 11: O que é a justiça como equidade para John
John Rawls (1921 – 2002) Rawls?

A justiça como equidade é uma teoria da justiça


que propõe que as instituições sociais e políticas de-
vem ser organizadas de tal maneira que permitam
a igualdade básica de oportunidades para todos, e
John Rawls foi um filósofo político conhecido pelas que as desigualdades sociais devem ser justificadas
suas obras “Uma Teoria da Justiça (A Theory of Justi- somente se elas beneficiarem a todos, especialmente
ce, 1971)”, “Liberalismo Político (Political Liberalism, os menos favorecidos.
1993)” e “O Direito dos Povos (The Law of Peoples, A ideia central da justiça como equidade é que os
1999).” princípios de justiça devem ser escolhidos por indi-
De todas essas obras, iremos dar ênfase nas ideias víduos racionais e livres, que estão posicionados na
filosóficas de Rawls abordadas na obra “Uma Teoria “posição original”, um estado hipotético de ignorância
da Justiça” (A Theory of Justice), na qual ele desen- onde as pessoas não conhecem suas características
volveu uma teoria política baseada na ideia de justiça pessoais ou sociais, como sua renda, habilidades, gê-
como equidade. Embora Rawls tenha explorado vá- nero, religião, etc. Na posição original, esses indivídu-
rias ideias sobre a cidade ideal em sua obra, ele não os escolhem os princípios que regerão a sociedade,
defendeu uma visão específica sobre como a cidade e para garantir que esses princípios sejam justos e
ideal deveria ser. equitativos, Rawls propõe dois princípios básicos:
Em vez disso, Rawls propôs um método para pen- 1. O princípio da liberdade: cada pessoa deve ter
sar sobre a justiça política que ele chamou de “posição um conjunto igual de liberdades básicas, compa�veis
original”. Nesse método, as pessoas imaginam-se em com as liberdades de todos os outros membros da
uma situação hipotética antes de nascer, na qual elas sociedade. John Rawls, defende que as liberdades bá-
não têm conhecimento prévio de sua posição social, sicas são aquelas necessárias para que os indivíduos
econômica ou política. A partir dessa posição original, possam exercer seus direitos políticos e ter uma vida
Rawls argumentou que as pessoas escolheriam prin- digna. Essas liberdades incluem, por exemplo, a liber-
cípios de justiça que garantiriam a igualdade básica dade de pensamento, de expressão, de associação,
de oportunidades e que permitiriam desigualdades de religião e de movimento. Ele argumentava que as
sociais apenas se elas beneficiassem a todos. liberdades básicas são necessárias para permitir que
Embora a teoria de Rawls não se concentre es- as pessoas possam buscar seus próprios planos de
pecificamente na cidade ideal, ela tem implicações vida e escolher como querem viver.
para a organização política das sociedades, incluindo Para Rawls, o princípio da liberdade é o primeiro
a cidade. A partir de sua teoria, podemos inferir que princípio da justiça, uma vez que é necessário garantir
a cidade ideal seria aquela que permitiria a todos ter as liberdades básicas antes de poder justificar qual-
uma oportunidade justa e igual de desenvolver seus quer outra desigualdade social ou econômica. Assim,
potenciais e contribuir para o bem comum. Essa cida- o princípio da liberdade é fundamental para garantir a
de ideal também seria caracterizada por instituições igualdade de oportunidades e permitir que as pessoas
justas e por uma distribuição equitativa dos recursos possam desenvolver seus potenciais e contribuir para
e oportunidades. o bem-estar da sociedade. No entanto, existe a possi-
bilidade de as liberdades básicas entrarem em conflito
em algumas situações. Nesses casos, ele propõe que
as liberdades devem ser equilibradas por outros prin-

168
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
cípios de justiça, como o princípio da diferença, que PARA SABER +
permite desigualdades sociais e econômicas, desde O que é equidade e como ela se aplica na so-
que elas beneficiem a todos, especialmente os menos ciedade?
favorecidos. Equidade é um conceito que se refere à distri-
2. O princípio da diferença: as desigualdades so- buição justa e imparcial dos recursos e oportuni-
ciais e econômicas devem ser organizadas de modo dades na sociedade. A equidade busca assegurar
que sejam ao mesmo tempo, para o bene�cio de to- que todos tenham as mesmas chances de alcançar
dos; vinculadas a cargos e posições abertos a todos, seus objetivos e desenvolver seus potenciais, in-
em condições de igualdade equitativa de oportuni- dependentemente de suas características pessoais
dades; e que beneficiem mais os menos favorecidos ou sociais.
da sociedade. Na sociedade, a equidade pode ser aplicada em
Em outras palavras, o princípio da diferença pro- diversas áreas, como na educação, na saúde, no
põe que é possível justificar desigualdades sociais mercado de trabalho e na distribuição de recursos
e econômicas desde que essas desigualdades se- públicos. Por exemplo, um sistema educacional que
jam para o bene�cio de todos e, em especial, para busca a equidade deve garantir que todas as crian-
aqueles que estão em piores condições, como, por ças tenham acesso a uma educação de qualidade,
exemplo, criar um sistema de cobrança de impostos independentemente de sua renda, gênero ou raça.
tabelado na riqueza em que quem é mais rico numa Isso pode envolver o fornecimento de recursos adi-
sociedade deverá pagar mais tributos e a população cionais para escolas em bairros mais pobres ou o
mais carente pagaria menos. O princípio da diferença oferecimento de programas de assistência finan-
é, portanto, uma tentativa de conciliar a igualdade de ceira para estudantes de baixa renda.
oportunidades e a justiça social com a necessidade Da mesma forma, um sistema de saúde que
de incentivar a produção e a inovação na sociedade. busca a equidade deve garantir que todos tenham
Rawls argumenta que as desigualdades sociais e acesso a cuidados de saúde adequados, indepen-
econômicas são inevitáveis em qualquer sociedade, dentemente de sua renda ou condição de saúde.
mas que elas podem ser justificadas se forem organi- Isso pode envolver o fornecimento de serviços de
zadas conforme o princípio da diferença. Isso significa saúde gratuitos ou subsidiados para pessoas de bai-
que as pessoas devem ser recompensadas por suas xa renda, ou a criação de programas de prevenção
contribuições para a sociedade, mas as desigualdades de doenças para grupos mais vulneráveis.
devem ser limitadas por um “véu de ignorância” que No mercado de trabalho, a equidade pode ser
impede que as pessoas escolham desigualdades que aplicada para garantir que todos tenham as mes-
as favoreçam diretamente. mas oportunidades de emprego e de promoção.
Conforme o princípio da diferença, as desigualda- Isso pode envolver a implementação de políticas
des devem beneficiar mais os menos favorecidos da de igualdade salarial para homens e mulheres, a
sociedade. Isso significa que as desigualdades devem criação de programas de formação profissional para
ser justas somente se permitirem que aqueles que pessoas de baixa renda ou a inclusão de pessoas
estão em piores condições possam melhorar suas com deficiência no mercado de trabalho.
condições de vida. Dessa forma, o princípio da di- Ao desenvolver a equidade, as desigualdades
ferença busca assegurar que a desigualdade social e sociais e econômicas podem ser reduzidas e as
econômica não seja prejudicial para os menos favo- oportunidades podem ser ampliadas para todos,
recidos da sociedade. independentemente de suas características pes-
A ideia defendida pelo princípio da diferença se faz soais ou sociais.
na proposta que as desigualdades sociais e econômi- O que é a justiça social e para o que ela serve?
cas devem ser justificadas se forem para o bene�cio A justiça social é um conceito que se refere à
de todos e, especialmente, dos menos favorecidos busca de igualdade e equidade na distribuição dos
da sociedade, mas devem ser limitadas para garantir recursos e oportunidades na sociedade. A justiça
que as oportunidades sejam equitativas e justas para social busca garantir que todos tenham acesso a
todos. uma vida digna, independentemente de sua origem
Esses princípios de justiça como equidade devem social, gênero, etnia, religião ou qualquer outra ca-
ser aplicados a todas as instituições sociais, incluin- racterística pessoal.
do as leis, a política, a economia e as relações inter- A justiça social pode ser entendida como a luta
nacionais. A teoria da justiça como equidade é uma contra a discriminação e a desigualdade social. A
das mais importantes e influentes teorias da justiça justiça social reconhece que as desigualdades so-
política do século XX. ciais e econômicas existem e que são injustas, e
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José. que é preciso buscar soluções para corrigir essas
desigualdades. Visando garantir que todos tenham

169
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
acesso a condições dignas de vida, incluindo acesso 2. Complete as frases abaixo com as palavras.
à educação, saúde, moradia, trabalho e segurança Palavras: diferença, digna, equidade, posição
e que promova a igualdade de oportunidades, para original.
que todos tenham as mesmas chances de desen- A teoria da justiça como __________ é uma das
volver seus potenciais e alcançar seus objetivos. mais importantes e influentes teorias da justiça
Para alcançar a justiça social, é preciso reconhe- política do século XX.
cer e enfrentar as desigualdades existentes na so- O princípio da __________ propõe que as de-
ciedade, como a desigualdade de renda, o racismo, sigualdades sociais e econômicas devem ser
o sexismo, a homofobia e a discriminação contra organizadas de modo que sejam para o be-
pessoas com deficiência. É preciso também apoiar ne�cio de todos e, especialmente, dos menos
políticas públicas que visem a equidade e a justiça favorecidos da sociedade.
social, como programas de assistência social, cotas Para Rawls, as liberdades básicas são aquelas
para grupos sub-representados em universidades necessárias para que os indivíduos possam
e empresas, e políticas de inclusão social. exercer seus direitos políticos e ter uma vida
Os estudantes de ensino médio podem con- __________.
tribuir para a justiça social através da educação e O método da __________ consiste em imagi-
conscientização sobre as questões sociais e políti- nar um estado hipotético onde as pessoas não
cas que afetam a sociedade. Podendo participar têm conhecimento prévio de sua posição social,
de movimentos sociais e de organizações que pro- econômica ou política.
movem a igualdade e a justiça social. É importante Rawls argumenta que as desigualdades sociais
que vocês estudantes compreendam que a justiça e econômicas são inevitáveis em qualquer so-
social não é apenas uma questão de “bondade” ciedade, mas que elas podem ser justificadas
ou “caridade”, mas sim uma questão de direitos se forem organizadas conforme o princípio da
humanos fundamentais e de justiça política. __________.
Texto autoral: BARBOSA. Gustavo Henrique José.
3: Responda às perguntas abaixo e justifique as
Atividades suas respostas.
a) Qual é a importância da posição original na
1. Verdadeiro ou Falso teoria da justiça como equidade de Rawls?
Instruções: Marque com V (verdadeiro) ou F (fal- b) Explique como o princípio da diferença pode
so) as afirmações abaixo relacionadas às ideias ser aplicado para justificar as desigualdades
de John Rawls em “Uma Teoria da Justiça”. sociais e econômicas em uma sociedade.
( ) A justiça como equidade é uma teoria da c) Por que a teoria da justiça como equidade
justiça que propõe que as desigualdades é importante para a construção de uma so-
sociais devem ser organizadas de modo que ciedade justa e igualitária?
sejam simultaneamente, para o bene�cio
de todos e, especialmente, dos menos fa- Recomendações de vídeos
vorecidos da sociedade. Vídeo 1: John Rawls | FILOSOFIA
( ) O princípio da diferença propõe que as Site: h�ps://youtu.be/uFbkArj-XFA
liberdades básicas devem ser garantidas Canal: Conceito Ilustrado
para todos os indivíduos em uma socie-
dade, independentemente de sua origem Vídeo 2: John Rawls e o Véu da Ignorância
social ou econômica. Site: h�ps://youtu.be/hu6oM55C5DE
( ) O método da posição original consiste em Canal: A Filosofia Explica
imaginar um estado hipotético onde as pes-
soas não têm conhecimento prévio de sua
posição social, econômica ou política.
( ) Conforme o princípio da diferença, as desi-
gualdades sociais e econômicas são inevi-
táveis em qualquer sociedade e devem ser
justificadas, mesmo que beneficiem apenas
os mais favorecidos.
( ) A teoria de Rawls não se concentra espe-
cificamente na cidade ideal, mas tem im-
plicações significativas para a organização
política das sociedades, incluindo a cidade.

170
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
GEOGRAFIA

SEMANA 01

HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias


e do capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos huma-
nos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a
compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201A) Enunciar as etapas sócio históricas e espaciais do Modo de


Produção Capitalista, utilizando dados e textos (sociológicos, históricos, geográficos e/ou literários), mapas ou
outras fontes que tratam dos eventos políticos, sociais, econômicos, geográficos, demográficos, ambientais
e culturais, relativos a esse movimento para compreender os impactos e transformações territoriais - nas
paisagens naturais - e econômico-culturais decorrentes desses processos.

Objeto de conhecimento: Origem do capitalismo.

A produção capitalista do espaço geográfico

Sistema Capitalista
• Obtenção de lucro
• Acúmulo de capital
• Desigualdade social
• Propriedade privada
• Economia de mercado
• Lei de oferta e procura

171
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 02

HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e


caracterizar as dinâmicas das populações, das mer-
cadorias e do capital nos diversos continentes, com
destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas,
grupos humanos e povos, em função de eventos
naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos
e culturais, de modo a compreender e posicionar-
-se criticamente em relação a esses processos e às
possíveis relações entre eles.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201A)


Enunciar as etapas sócio históricas e espaciais do
Modo de Produção Capitalista, utilizando dados e
textos (sociológicos, históricos, geográficos e/ou
literários), mapas ou outras fontes que tratam dos
eventos políticos, sociais, econômicos, geográficos,
demográficos, ambientais e culturais, relativos a
esse movimento para compreender os impactos
e transformações territoriais - nas paisagens na-
Assistir ao filme: A ilha das flores turais - e econômico-culturais decorrentes desses
https://www.youtube.com/watch?v=LETSDS- processos.
8qm9U
Objeto de conhecimento: Capitalismo e suas fases.
1: Apresentar as características do sistema capi-
talista e confeccionar cartazes explicativos sobre
o tema. Sistema capitalista: suas fases e transforma-
ção do espaço geográfico
2: Aponte as vantagens e desvantagens que o sis-
tema capitalista apresenta e exemplifique seus 1ª FASE: O capitalismo comercial/ mercantil
argumentos. • Séc. XV à XVIII
• Grandes navegações
• Colonialismo
o Especiarias
o Metalismo
• Inglaterra, Portugal e Espanha.

2ª FASE: O capitalismo industrial


• Séc. XVIII à XIX
• Revolução industrial
• Produção em massa
 Liberalismo
 Taylorismo
• Máquina a vapor – carvão mineral
• Inglaterra: têxtil, siderúrgica e naval
• Trabalho assalariado
• Independência das Américas
• Imperialismo de mercado
• Nacionalismo
• Pioneiros: Inglaterra, Estados Unidos e França

3ª FASE: O capitalismo financeiro


• Final do século XIX
• Formação de empresas grandes, industriais e
comerciais

172
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
• Bancos e empresas financeiras • Imperialismo estadunidense- controle indireto
• Monopólios e oligopólios • Patrocínio a golpes de estado
• Exemplos reais de Oligopólios: • Apoio à ascensão de ditadores favoráveis aos
 Empresas aéreas: TAM, GOL, AZUL. Estados Unidos
 Empresas de telefonia móvel e celular: Vivo, • Controle militar localizados e temporais. Ex:
Claro, Oi, Tim. Cuba de 1899 a 1902
 Empresas de Gases Industriais e hospitalares • Bancos integraram a economia como agentes
- White Martins, Oximil, Air Liquide. financiadores
 Montadoras de veículos: Fiat, Chevrolet, • Empresas incorporam ou criam bancos para
Volkswagen, Ford. lhes dar suporte financeiro
 Indústria de Bebidas: Guaraná Antártica, Co- • Sociedades anônimas de capital aberto
ca-Cola, Guaraná São Carlos, Tubaína. o Empresas que negociam suas ações em bolsas
• Ciência e capital: Estados Unidos e Alemanha de valores
são pioneiros • Holding: Uma sociedade gestora de participa-
 Siderurgia ções sociais (SGPS), mais conhecida em inglês
 Química como holding, é uma forma de sociedade criada
 Petroquímica para administrar um grupo de empresas (con-
 Elétrica glomerado). A holding administra e possui a
*petróleo e eletricidade possibilitaram uma maioria das ações ou quotas das empresas
nova revolução industrial e o avanço na indús- componentes de um determinado grupo. Essa
tria rumo à vida moderna forma de sociedade é muito utilizada por mé-
• Neoliberalismo: Conjunto de ideologias liberais dias e grandes empresas e normalmente visa
e mínima intervenção do Estado melhorar a estrutura de capital, ou é usada
• Neoimperialismo: expansão imperialista na como parte de uma parceria com outras em-
África e na Ásia presas.
 Conferência de Berlim (1884-1885) divisão • Mercado dominado por grandes corporações
das terras africanas entre as potências euro- • 1933- Franklin D. Roosevelt- New Deal (novo
peias acordo ou novo plano) intervenção do Estado
na economia com base nas ideias de John May-
nard Keynes, o Keynesianismo
• Cartel: seria o acordo firmado entre empresas
do mesmo ramo, a fim de estabelecer o preço
de uma mercadoria x, controlando o produto.
Ex: OPEP, cartel do cimento no Brasil e do aço
nos Estado Unidos.
• Truste: Conglomerado de empresas de um só
dono, atuando em setores diversos da econo-
mia.
Ex: grupo Bradesco, grupo globo, grupo Silvio
Santos e Grupo Votorantim.
• Holding: Forma de oligopólio, no qual é criada
uma empresa para administrar um grupo delas
que se uniu com o intuito de promover deter-
minada oferta de produtos e serviços.
Ex: DECA- Oferece bidês, chuveiros, pias, mic-
Divisão do continente africano entre
as principais potências europeias tórios entre outros
• Poll: Forma embrionária de cartel, onde várias
• Consolidação da DIT- Divisão internacional do empresas mantêm serviços comum a todos
trabalho: colônia → países industriais Ex: escritório de assistência técnica
• Potências fora do eixo europeu: Estados Unidos • Conglomerados � multinacionais (em especial
na América e Japão na Ásia pós-Segunda Guerra Mundial seguindo a ten-
• Expansão imperialista japonesa: dência expansionista capitalista)
o Guerra sino-japonesa (1894-95) – tomada de • Segunda Guerra Mundial e decadência das an-
Taiwan tigas potências europeias - perca das colônias
o Ocupação da península da Coréia - 1910 africanas e asiáticas. Estados Unidos e União
o Manchúria na China- 1031 Soviética são as novas potências mundiais.

173
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
• Mundialização da economia capitalista coman- SEMANA 03
dada pelas multinacionais

4ª FASE: Capitalismo informacional HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e


• Terceira revolução industrial – Revolução téc- caracterizar as dinâmicas das populações, das mer-
nico-cientifica – Revolução informacional cadorias e do capital nos diversos continentes, com
• Começa a se gestar no pós-segunda guerra e destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas,
se consolida nos anos 1970 e 1980 grupos humanos e povos, em função de eventos
• Empresas e instituições tecnológicas: robôs, naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos
computadores, satélites, aviões a jato, cabos e culturais, de modo a compreender e posicionar-
de fibras ópticas, telefones digitais, internet, -se criticamente em relação a esses processos e às
etc. possíveis relações entre eles.
• Potencialização da produção industrial e siste-
mas financeiros Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201A)
• Crescente importância do conhecimento Enunciar as etapas sócio históricas e espaciais do
• P & D- pesquisa e desenvolvimento- liderança Modo de Produção Capitalista, utilizando dados e
no mercado textos (sociológicos, históricos, geográficos e/ou
• Revolução industrial literários), mapas ou outras fontes que tratam dos
o 1.º- carvão eventos políticos, sociais, econômicos, geográficos,
o 2.º- petróleo e eletricidade demográficos, ambientais e culturais, relativos a
o 3.º- conhecimento esse movimento para compreender os impactos
• Parques tecnológicos ou tecno polos e transformações territoriais - nas paisagens na-
• Aceleração do fluxo de capital turais - e econômico-culturais decorrentes desses
• Globalização em estágio planetário processos.
Crise financeira e neoliberalismo em xeque
Liberalismo → Keynesianismo� Neoliberalismo Objeto de conhecimento: Divisão Internacional do
→ grande intervenção do Estado (crise no mer- Trabalho (DIT) e as fases do capitalismo.
cado imobiliário subprime)
• Clientes ninjas
• Liberação de crédito para os “ninjas” Divisão Internacional do Trabalho
• Repasse do “junk” (lixo gerado pelo subprime)
• Formação da “bolha” A divisão de atividades e serviços entre os inú-
• Execução de hipotecas e queda no valor dos meros países do mundo recebe o nome de Divisão
imóveis Internacional do Trabalho (DIT).
• “A bolha estourou” Há países que são exportadores de matéria-pri-
ma e de mão-de-obra barata. Caracterizados por
uma industrialização tardia, eles têm, quase sempre,
economias frágeis e sofrem grande número de crises
1. Juntem-se em trios; econômicas. E há países de economia mais forte, in-
dustrializados, cujas crises econômicas ocorrem de
2. Escolha uma das quatro fases do capitalismo; maneira esporádica.
Os países de economia frágil necessitam receber
3. Agora é a hora de criar um INFOGRÁFICO, con- investimentos dos países mais ricos. Então, para atrair
tendo recursos visuais e as principais informações esses investimentos e melhorar suas economias fra-
sobre a fase do capitalismo escolhida. Obs.: O in- gilizadas, oferecem amplas isenções de impostos, leis
fográfico pode ser confeccionado em cartolina ou ambientais frágeis, entre outras facilidades.
digital (em app como power point, paint, canvas... Ao longo do tempo, diferentes combinações das
atividades produtivas entre os países implicaram em
diversas formas de Divisão Internacional do Trabalho.
A DIT expressa, portanto, essas diferentes fases da
evolução histórica do capitalismo: começando pela
relação entre metrópoles e colônias - e chegando às
relações em que países desenvolvidos se agregam a
países subdesenvolvidos ou não industrializados.

174
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Origem da Divisão Internacional do Trabalho Essa nova fase do desenvolvimento do capitalis-
mo ficou conhecida como capitalismo financeiro - e
No final do século XV, o ciclo de reprodução do ca- causou novas modificações na Divisão Internacional
pital estava assentado, principalmente, na circulação do Trabalho. Nessa época, os países subdesenvolvidos
e na distribuição de mercadorias entre metrópoles e começaram a ser financiados pelos países detentores
colônias. As regiões do mundo passaram a desenvol- de capital, e muitas empresas passaram a instalar fi-
ver funções diferenciadas, uma vez que cada uma se liais em diferentes nações do mundo, o que acabou
especializou em fornecer produtos manufaturados, transformando muitos países subdesenvolvidos - que
matérias-primas, metais preciosos, etc. eram apenas produtores primários - em exportadores
Os diferentes papéis assumidos pelos países inau- de produtos industrializados, alterando as relações
guraram a divisão internacional do trabalho, inicial- comerciais que predominavam no mundo.
mente caracterizada pela exportação de manufaturas Outro fato a ser destacado é que o modelo de
pelas metrópoles e pela produção de matérias-primas produção começou a ser substituído, uma vez que
pelas colônias. o fordismo não dava mais conta da demanda e não
A necessidade europeia de expandir seu capital atendia mais às exigências do mercado internacional.
mercantil resultou na conquista de novas terras. A
partir desse momento, várias partes do mundo foram Terceira Divisão Internacional do Trabalho: Su-
submetidas a uma dinâmica de produção e circulação perada a destruição provocada pela Segunda Guerra
comandada pelos europeus. Ou seja, a Europa impu- Mundial, a economia mundial voltou a crescer num
nha funções econômicas a vários outros países. Foi o ritmo mais acelerado do que antes. As empresas dos
início de um domínio que se estende até os nossos países industrializados assumiram proporções gigan-
dias. tescas, tornaram-se grandes conglomerados e se ex-
pandiram cada vez mais pelo mundo, encarregando-se
Primeira Divisão Internacional do Trabalho: Com de globalizar não apenas a produção, mas também o
a consolidação do sistema capitalista no século XVIII, consumo.
ocorreu uma intensa transformação no processo Assim, desde a década de 1970 assiste-se uma
produtivo, a Revolução Industrial. Nesse período, a modificação substancial na Divisão Internacional do
Divisão Internacional do Trabalho sofre modificações, Trabalho, ocasionada por dois vetores principais: o
causadas pelo surgimento de um novo modelo de pro- processo de reestruturação empresarial, acompanha-
dução, no qual as fábricas tomam o lugar da produção do de uma nova Revolução Tecnológica, e a expansão
artesanal. Essa nova fase irá se estender da Revolução de investimentos de grandes empresas no exterior.
Industrial até a Segunda Guerra Mundial. Gradativamente, grandes empresas construíram
Com a primeira Revolução Industrial (1780-1820), filiais em vários países (inclusive subdesenvolvidos e
a Inglaterra surgiu como o país da industrialização, recém-independentes, na Ásia e na África). Esse pro-
transformando-se na grande oficina do mundo ao cesso, intensificado pela globalização, transformou
longo do século XIX. A combinação entre seu poder muitos países subdesenvolvidos - que, no passado,
militar e as formas superiores de produção industrial eram meros produtores primários - em exportadores
colocou a Inglaterra em uma posição de hegemonia de produtos industrializados, alterando as relações
na economia mundial, assumindo o centro do capi- comerciais que predominavam no mundo.
talismo mundial. Essas empresas tornaram-se, assim, multinacio-
Nesse momento, o mundo está dividido em países nais ou transnacionais. É o que explica, fundamen-
que se especializaram em fornecer matérias-primas talmente, o fato de alguns países subdesenvolvidos
e países que, utilizando essas matérias-primas, for- terem se industrializado nesse período. No entanto,
necem produtos industrializados. De forma geral, os esse processo de industrialização é desigual, uma vez
primeiros ficaram atrelados ao subdesenvolvimento que os tipos de indústria e tecnologia empregados
- e os demais, especializados em produzir produtos de não são os mesmos das matrizes.
maior valor, desenvolveram-se e tornaram-se líderes Cada vez mais indústrias poluidoras tendem a se
do sistema capitalista. instalar nos países subdesenvolvidos, pois elas con-
somem grandes quantidades de matéria-prima e de
Segunda Divisão Internacional do Trabalho: A energia, além de necessitarem de muita mão-de-obra.
partir do início do século XX, a Inglaterra passou a Em outras palavras, as empresas transnacionais têm
registrar sinais de fragilidade na sua condição de po- buscado seus próprios interesses, sem considerar as
tência hegemônica, agravada por duas guerras mun- consequências sociais, econômicas e ambientais que
diais e pela crise de 1929. Depois da Segunda Guerra ocorrem nos países onde suas filiais estão instaladas.
Mundial, os Estados Unidos assumem, então, a posi-
ção de nação hegemônica.

175
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
As letras A e B, na representação esquemática
da Nova Divisão Internacional do Trabalho, po-
deriam ser substituídas, respectivamente, por:
a) metrópoles e colônias.
01. Observe as colunas abaixo e relacione as infor- b) países desenvolvidos e países subdesenvolvi-
mações. dos industrializados.
c) países subdesenvolvidos e países desenvolvi-
Coluna 1 dos.
I. Primeira Divisão Internacional do Trabalho d) países desenvolvidos e países subdesenvolvi-
II. Segunda Divisão Internacional do Trabalho dos não industrializados.
III. Nova Divisão Internacional do Trabalho e) países periféricos e países centrais.

Coluna 2 04. A chamada Divisão Internacional do Trabalho é


1. ( ) Exportação de cana-de-açúcar do Brasil dividida em duas fases distintas. A primeira delas,
para Portugal no século XVII. chamada de clássica, exprime uma relação entre
2. ( ) Produção e exportação de café no período A) países capitalistas e países socialistas.
da República Velha. B) países desenvolvidos e países não desenvolvi-
3. ( ) Exploração de ouro no território brasileiro dos.
por Portugal no século XVIII. C) países exportadores de petróleo e países não
4. ( ) Instalação da fábrica da Susuki no Brasil. desenvolvidos.
5. ( ) Compra de produtos industrializados bri- D) países socialistas e países com economia pla-
tânicos pelo Brasil no final do século XIX. nificada.
E) países socialistas e países produtores de bens
02. (VEST Rio - adaptada) primários.
Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as
multinacionais otimizam mercados, recursos na- 05. Na fase clássica da Divisão Internacional do Traba-
turais e políticos em escala mundial. Uma nova lho, as antigas colônias da América Latina, como
forma de acumular lucros, uma nova divisão in- o Brasil, estabeleceram uma relação de forneci-
ternacional do trabalho. mento de
A nova divisão internacional do trabalho apresen- A) tecnologia da informação para as nações capi-
tada no texto tem como causa a seguinte atuação talistas.
das multinacionais: B) bens industrializados para os países desenvol-
a) importação de matérias-primas do 3º mundo vidos.
b) aplicação de capitais em atividades agropas- C) bens primários para os países desenvolvidos.
toris nos países periféricos D) material bélico para os países pouco industria-
c) exploração de novas fontes de energia lizados.
d) implantação de filiais em países de mão de E) armamentos militares para as potências glo-
obra barata bais.

03. (UFSM) 06. A nova Divisão Internacional do Trabalho surgiu


no contexto geopolítico da Nova Ordem Mundial
e marca a relação comercial entre os
A) países socialistas e países capitalistas.
B) países socialistas e países de economia plani-
ficada.
C) países desenvolvidos e países de economia
planificada.
D) países desenvolvidos e países de economia de
mercado
E) países desenvolvidos e países subdesenvolvi-
dos industrializados.

07. Na nova Divisão Internacional do Trabalho, os


países desenvolvidos exercem uma função de
SENE, E. & MOREIRA, J.C. “O Espaço Geográfico: Geografia superioridade na cadeia comercial. Essa carac-
Geral e do Brasil”. São Paulo: Ed. Scipione, 1998. p.42.
terística é dada pelo

176
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A) emprego de máquinas e equipamentos na agri- III. O Brasil, apesar das significativas transforma-
cultura. ções no seu parque industrial que ocorreram nas
B) domínio de tecnologias de produção e infor- últimas décadas, continua sendo um país expor-
mação. tador de matérias-primas, como cana-de-açúcar,
C) comércio concentrado na produção de bens minério de ferro, soja, etc.
primários. IV. Apesar da internacionalização crescente, o
D) investimentos na mineração de metais precio- Brasil não participa da DIT, uma vez que possui
sos. tanto um parque industrial variado, cuja tecno-
E) extrativismo vegetal para fabricação de bens logia de ponta é predominante, como uma forte
secundários. agricultura.

08. A Divisão Internacional do Trabalho marca as re- É correto o que se afirma em


lações comerciais entre os diferentes países do a) II e IV, apenas.
globo. Nas últimas décadas, as trocas comerciais b) I e II, apenas.
globais foram intensificadas, mediante o desen- c) III, apenas.
volvimento de d) II e III, apenas.
A) redes de transportes e comunicações. e) I, II, III e IV.
B) ligações ferroviárias de longa distância.
C) criação de legislações protecionistas. 10. Leia atentamente o seguinte excerto sobre glo-
D) mecanismos de produção sustentáveis. balização:
E) grandes áreas de produção agrícola. “A fábrica global instala-se além de toda e qual-
quer fronteira, articulando capital, tecnologia,
09. Observe a figura abaixo. força de trabalho, divisão do trabalho social e
outras forças produtivas. Acompanhada pela
publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a in-
dústria cultural, misturadas em jornais, revistas,
livros, programas de rádio, emissões de televisão,
videoclipes, fax, redes de computadores e outros
meios de comunicação, informação e fabulação
dissolve fronteiras, agiliza os mercados, genera-
liza o consumismo”.
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro:
Editora Civilização, 2002. p. 19.

Considerando o processo de globalização, analise


as afirmações abaixo e assinale com V as verda-
deiras e com F as falsas.
( ) A tecnologia é apontada como um dos prin-
cipais fatores responsáveis pela consolidação
da globalização no século XX.
A figura ilustra a Divisão Internacional do Traba- ( ) O processo de globalização vai além do cam-
lho (DIT). De acordo com Milton Santos (1996), po econômico, possuindo também um forte
a DIT corresponde às funções produtivas desem- componente cultural.
penhadas por cada Estado-nação no sistema in- ( ) Provoca a desterritorialização e a reterritoriali-
ternacional. Em relação ao Brasil, em que pese zação de coisas, pessoas e ideias, promovendo
a condição ainda subordinada no que se refere o redimensionamento de espaços e do tempo.
à sua participação na divisão do trabalho (agora ( ) No mundo globalizado, os trabalhadores
ainda mais internacionalizada), analise as asser- perderam espaço para as máquinas devido à
tivas abaixo. necessidade de produzir-se mais e de forma
I. Devido ao fortalecimento de seu parque industrial, mais eficiente a um custo mais baixo.
a participação do Brasil no cenário internacional
como país exportador de matérias-primas (carne A sequência correta, de cima para baixo, é
bovina, cana-de-açúcar, minério de ferro, soja, etc.) a) V, F, V, F.
tem declinado no comércio internacional. b) F, V, F, V.
II. A participação do Brasil na DIT permanece es- c) F, F, V, V.
tritamente agroexportadora, tendo o agronegó- d) V, V, V, V.
cio como principal setor produtivo.

177
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 04 • Pobreza absoluta: refere-se às condições míni-
mas de sobrevivência, definível em termos qua-
se idênticos em qualquer lugar do mundo. Um
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS203) Compa- exemplo de um indicador de pobreza absoluta é
rar os significados de território, fronteiras e vazio a percentagem de pessoas de um determinado
(espacial, temporal e cultural) em diferentes so- lugar com ingestão diária de calorias inferior ao
ciedades, contextualizando e relativizando visões mínimo necessário (aproximadamente entre 2
dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden- mil e 2500 quilocalorias).
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/ • Pobreza relativa: baseia-se na confrontação
campo, entre outras). com a realidade da sociedade em que se vive,
ou seja, condição na qual um indivíduo possui
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS202B) In- uma renda abaixo da média de sua socieda-
terpretar o acesso à tecnologia no espaço mundial, de. Por exemplo, na Itália, é considerado po-
utilizando mapas temáticos, informações esta�s- bre aquele que dispõe de uma renda inferior
ticas disponíveis na internet e diferentes tipos de à metade da renda nacional (quantia que, em
textos para relacionar o desenvolvimento tecno- alguns países subdesenvolvidos, pode chegar
lógico e fatores econômicos, sociais e ambientais. a ser sinal de riqueza.

Objeto de conhecimento: Globalização e a desi- Pobreza e desigualdade


gualdade social.
A pobreza tem sido considerada um indicador de
ajuste econômico desigual entre os países desenvolvidos
e os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
Características do subdesenvolvimento Embora em diferentes níveis, a pobreza não deixa
de ser uma forma de exclusão social. resulta- do da
São muitas as características atribuídas em seg- distribuição desigual dos bens essenciais para uma
mentos diferentes aos países subdesenvolvidos. Em vida digna. A desigualdade na distribuição de renda.
geral, as principais delas correspondem à realidade processo comum nas sociedades capitalistas é um dos
socioeconômica da maioria deles. fatores que mais favorece a formação de bolsões de
Economia primário-exportadora. Baixo nível de pobreza no mundo A disparidade na distribuição da
industrialização. Dependência econômica, política, renda é provocada sobretudo pela concentração da ri-
tecnológica e cultural em relação aos países desen- queza nas mãos de uma parcela restrita da população.
volvidos. População economicamente ativa emprega- De modo geral, as causas da fome e da subnutrição
da, principalmente nos setores primário e terciário. encontram suas raízes na desigualdade social. no dese-
Crescimento populacional elevado. Elevados índices quilíbrio e nas mudanças dos mercados internacionais,
de analfabetismo, desnutrição e mortalidade infantil pois o fato de existir alimento disponível para a popula-
Baixa renda per capita e expectativa de vida Médio ção não é garantia de que todas tenham acesso a ele.
ou baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Outros indicadores também estão diretamente
Concentração de renda com alto grau de desigualda- relacionados à pobreza:
des sociais e elevado nível de pobreza e miséria. Me- • Baixo índice de escolaridade: ligado à falta de
nor taxa de urbanização e crescimento desordenado recursos financeiros, comum a grande maioria
das cidades. Elevado endividamento externo. da população dos países subdesenvolvidas;
• Problemas habitacionais: parte da população
0 que é pobreza? dos países subdesenvolvidos vive em moradias
que se encontram em lugares marginalizados,
Considera-se pobreza a circunstância econômi- desprovidos de infraestruturas de serviços bá-
ca na qual um indivíduo carece dos recursos básicos sicos (água tratada, esgoto, etc.) ou extrema-
para satisfazer as mínimas necessidades de assistência mente precárias e às vezes, até sub-humanas;
médica, alimentação, moradia, vestuário e educação. • Saúde: as doenças são decorrentes, em ge-
Embora não exista uma definição única de po- ral. de problemas como a má alimentação, as
breza, pois o termo tem um significado bastante condições de moradia precárias e o ineficiente
dinâmico. esse conceito é o mais empregado pelos atendimento médico-hospitalar, entre outros,
estudiosos no assunto. Ao longo do tempo, diversos que elevam a mortalidade infantil e compro-
métodos de medição foram sendo adotados por di- metem a esperança de vida da população.
ferentes instituições para definir pobreza. Magalhães, Cláudia Maria Borges Bazan,
Gonçalves, Marcos Rogério
Em geral, pode-se distinguir a pobreza em dois Geografia: Ensino Médio – 2ºsérie – volume 3.
níveis. Curitiba: Expoente, 2014.

178
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

01. Apresente três características de cada grupo de países:

PAÍSES DESENVOLVIDOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

02. Caracterize o subdesenvolvimento.

03. Apresente fatores históricos atribuídos ao subdesenvolvimento no mundo.


Resposta esperada: O subdesenvolvimento resulta da dinâmica capitalista de produção, na qual os atuais
países subdesenvolvidos passaram por um grande processo de exploração por parte das potências mundiais.
Em geral, esses países sofreram colonização de exploração. Após a independência política, mantiveram a
dependência econômica e tecnológica dos países desenvolvidos.

04. A charge a seguir faz referência a um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos. Qual é esse
problema? Explique-o.

179
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 05 mentos². Os motivos para este quadro preocupante
estão relacionados, principalmente, à expansão do
agronegócio e ao uso predatório do solo. A produção
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS203) Compa- de grãos, como a soja, e a pecuária são apontadas
rar os significados de território, fronteiras e vazio como as principais atividades responsáveis pelo des-
(espacial, temporal e cultural) em diferentes so- matamento. Para se ter uma dimensão do problema,
ciedades, contextualizando e relativizando visões cerca de metade da área original do Cerrado deu lugar
dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden- a pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/ de usos. Quase 42% do bioma deu lugar a pastagens e
campo, entre outras). aproximadamente 18 milhões de hectares de Cerrado
foram convertidos em áreas para a agricultura³.
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS202C) Ana- Coincidência ou não, os estados com maior incre-
lisar os impactos do desenvolvimento tecnológico mento do desmatamento em 2019 (exceto o Mato
no meio ambiente, avaliando os dados cien�ficos Grosso e incluindo o Piauí), fazem parte da denomi-
de desmatamento, poluição, ritmo de consumo dos nada região Matopiba⁴. A sigla de cada estado, Mara-
recursos naturais para debater os limites éticos e nhão, Tocantins, Piauí e Bahia, deu o nome Matopiba,
ecológicos na relação ser humano e natureza. cujo plano de desenvolvimento foi oficializado pelo
Decreto n.º 8.447, de 6 de maio de 2015⁵. Apontada
Objeto de conhecimento: Globalização e impactos como a grande fronteira agrícola da atualidade, res-
socioambientais em Goiás. pondendo pela maior parte da produção de grãos e
fibras do país. Além do impacto da prática agrícola
em si, critica-se essa expansão pela complexidade so-
Ameaças ao Cerrado cioambiental da área, pois abrange 46 unidades de
conservação, 35 terras indígenas e 781 assentamentos
Enormes áreas con�nuas de Cerrado vão pouco da reforma agrária⁴.
a pouco se tornando áreas fragmentadas e, quando Além disso, há ainda os desmatamentos realizados
não, dão lugar a cidades, pastos e grandes monocultu- com fins de produção de carvão vegetal. Essa prática,
ras. Aquelas paisagens cheias de biodiversidade, com ao contrário dos países industrializados, continua sen-
árvores contorcidas, flores exóticas, frutos cheios de do largamente praticada no Brasil e não somente com
cores e sabores, com grande riqueza cultural e social, madeira de reflorestamento, pois aproximadamente
vão se transformando em campos monocromáticos, 50% é proveniente de matas nativas, em especial de
com grandes impactos sociais e ambientais. áreas de Cerrado. No país, a produção de carvão ve-
Essa imagem traduz o que a riqueza do Cerrado getal em sua maioria se destina ao consumo interno
brasileiro vem se transformado. O bioma mais ame- impulsionado pela indústria siderúrgica. Dados de
açado do país – a savana mais biodiversa do plane- 2005, apontam que de um total de 5,5 milhões de
ta – vem sendo brutalmente devastada por diversos toneladas de carvão produzidas no país, 35,5% foram
fatores, como a expansão da agropecuária, a instala- provenientes de vegetação nativa do bioma⁶.
ção e operação de hidrelétricas, a caça e captura de As monoculturas de eucalipto e de pinus também
animais, a expansão urbana, mineração, poluição e o ameaçam a vida no Cerrado⁷. Resultado de uma polí-
extrativismo predatório de espécies da flora. tica de incentivo ao “reflorestamento” em larga esca-
Dados da Embrapa de 2007 afirmam que, até la iniciada na década de 60, na qual muitos estados
aquele período, a porcentagem de cobertura vegetal inseridos no bioma a usufruíram, especialmente na
natural do bioma era de 60,5%, distribuída de maneira região norte de Minas. Com usos na siderurgia, na
bastante heterogênea. Ou seja, quanto mais para a fabricação de papel e celulose, e na indústria move-
parte sul, principalmente quando chega no estado leira, essas espécies têm alta produtividade, e, para
de São Paulo, há mais áreas degradadas, ao passo isso, demandam maior aporte de água e nutrientes,
que a porção norte está mais conservada, seja pela podendo interferir no lençol freático, secando nascen-
dificuldade de acesso ou pela distância dos grandes tes e diminuindo consideravelmente a biodiversidade.
centros urbanos¹. Além disso, há o impacto socioambiental dessas mo-
Cabe mencionar que anualmente há incremento noculturas, uma vez que muitas dessas áreas de “re-
de áreas desmatadas no bioma. De 2001 a 2019, foi florestamento” foram implantadas sem considerar as
registrado o desmatamento em mais de 283 mil km² especificidades ambientais e as comunidades locais,
do Cerrado. Somente em 2019, foram desmatados 6,5 inclusive populações tradicionais e povos indígenas.
mil km². Os estados com maior taxa de desmatamento Outro fator de risco para o bioma são as queima-
nesse período foram Tocantins, Maranhão, Mato Gros- das, que fazem parte naturalmente da ecologia do
so e Bahia, responsáveis por mais de 70% dos incre- Cerrado há milhares de anos, mas que, com a ocupa-

180
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ção humana, passaram a ser usadas como ferramen- sidade e água para todo o Brasil, encontra-se grave-
ta para a caça e o manejo do solo⁸, utilizadas para mente ameaçado. Mais do que conservar, é urgente
desmatamento, formação de pastagens e plantio de recuperar o que já foi devastado, agir contra todas
culturas. Porém, frequentemente se descontrolam, essas ameaças, garantir meios de fortalecer os povos
alterando sua ocorrência natural no bioma, impac- do Cerrado, seus verdadeiros guardiões, agindo de for-
tando negativamente a biodiversidade a curto e lon- ma a garantir o desenvolvimento sustentável do bio-
go prazos. Segundo dados do Inpe⁹, em 2019 foram ma. Caso contrário, possivelmente veremos grandes
detectados quase 1,5 milhão de focos de incêndios consequências em todo o país e por muitas gerações.
no bioma, em sua maioria nos estados de Tocantins Disponível em: h�ps://ispn.org.br/biomas/cerrado/
ameacas-ao-cerrado/. Acesso em: 30 de março de 2022.
(23,1%), Maranhão (19,1%) e Mato Grosso (18,4%).
O impacto de todas essas ameaçadas ocasiona
diretamente a fragmentação e degradação de ecossis- Referências:
temas, diminuição da biodiversidade de fauna e flora,
(1) SANO, Edson Eyji; ROSA, Roberto; BRITO, Jorge
invasão de espécies exóticas, diminuição da qualidade
Luís Silva; FERREIRA, Laerte Guimarães. Mapeamento
e da quantidade de suas águas, degradação de nascen-
de cobertura vegetal do Bioma Cerrado: estratégias e
tes, erosão dos solos, interferências nos meios de vida
resultados. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2007.
de comunidades locais, povos indígenas e populações
33 p. Disponível em <h�ps://www.infoteca.cnptia.
tradicionais que ali habitam, além, de contribuir para a
embrapa.br/bitstream/doc/570887/1/doc190.pdf>.
emissão de gases de efeito estufa e, por consequência,
Acesso em 21 jan. 2020.
para as mudanças climáticas.
Em 2003, o Governo brasileiro publicou uma lista (2) Incrementos de desmatamento – Cerrado.
com espécies da flora brasileira ameaçadas de extin- Terra Brasilis/ Prodes (Desmatamento). Disponível
ção, das quais 132 possuem ocorrência no Cerrado. em <terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/
Conforme mencionado na seção sobre a flora, devido deforestation/biomes/Cerrado/increments>. Acesso
às peculiaridades do bioma, há um alto grau de en- em 21 jan. 2020.
demismo (espécies que só existem naquela região), (3) KLINK, Carlos A.; MACHADO, Ricardo B. A
conferindo um risco maior à sua biodiversidade. Por conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade
outro lado, no lugar das nativas, se espalham des- Vol. 1, no 1, jul. 2005. Disponível em <h�ps://
controladamente plantas exóticas, como algumas www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Texto_
gramíneas africanas (capim Gordura, andropogon e Adicional_ConservacaoID-xNOKMLsupY.pdf>. Acesso
braquiária). em 17 dez. 2019.
Segundo o Livro Vermelho da fauna brasileira
ameaçada de extinção¹⁰, o Cerrado é o segundo bioma (4) Sobre o Matotpiba. Embrapa. Disponível em
com maior quantidade de espécies da fauna amea- <https://www.embrapa.br/tema-matopiba/sobre-
çadas de extinção, perdendo somente para a Mata o-tema>. Acesso em 21 jan. 2020.
Atlântica. Foram apontadas 288 espécies ameaçadas (5) BBRASIL. Decreto nº 8.447, de 6 de maio de
de extinção no bioma, dentre elas, a arara-azul, o lo- 2015. Dispõe sobre o Plano de Desenvolvimento
bo-guará e o tamanduá-bandeira. Agropecuário do Matopiba e a criação de seu Comitê
Os que acabam por sentir mais de perto esses Gestor. Disponível em <h�p://www.planalto.gov.br/
impactos são certamente os povos do Cerrado. As ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/d8447.htm>.
comunidades locais e os povos indígenas, embora de- Acesso em 21 jan. 2020.
sempenhem importante papel na proteção da biodi-
(6) DUBOC, E.; COSTA, C. J.; VELOSO, R. F.; OLIVEIRA, L.
versidade e na manutenção dos serviços ecossistêmi-
S.; PALUDO, A. Panorama atual da produção de carvão
cos, passam muitos desafios para seguirem seus meios
vegetal no Brasil e no Cerrado. Planaltina, DF: Embrapa
de vida e perpetuarem sua cultura. Imagine o cenário
Cerrados, 2007. 37 p. Disponível em <ainfo.cnptia.
do que já vem acontecendo, populações tradicionais
embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2009/28620/1/
e povos indígenas, cujos meios de vida e formas de
doc_197.pdf>. Acesso em 21 jan. 2020.
produção e sobrevivência dependem diretamente dos
recursos do bioma, muitas delas ainda sem a garantia (7) VIANA, Maurício Bora�o. O eucalipto e os efeitos
de posse de suas terras, acabam pressionadas pela ambientais do seu plantio em escala. Consultoria
expansão do agronegócio, pela especulação imobili- Legislativa da Câmara dos Deputados: 2004. Disponível
ária e grilagem de terras, gerando muitos conflitos, em <h�p://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/
expropriação de terras, escassez de recursos naturais bdcamara/1162/eucalipto_efeitos_boratto.pdf>.
e, por consequência, pobreza, doenças e problemas Acesso em 21 jan. 2020.
sociais. (8) PEREIRA, Allan Arantes. Mapeamento automático
Certamente, o coração, de onde pulsa biodiver- de queimadas no bioma Cerrado utilizando

181
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
sensores orbitais. Tese (doutorado em Ciências e que, desse percentual, 3% sejam derrubados
Florestais). Universidade Federal de Lavras. Lavras/ a cada ano, estima-se que, em 2030, o Cerrado
MG: 2017. Disponível em <h�p://repositorio.ufla. brasileiro irá transformar-se em deserto.
br/bitstream/1/15258/1/TESE_Mapeamento%20 II - Sabe-se que a eventual extinção do Bioma
autom%C3%A1tico%20de%20queimadas%20no%20 Cerrado, dada a pobreza que o caracteriza, não
bioma%20Cerrado%20utilizando%20sensores%20 causará impacto sistêmico no conjunto dos bio-
orbitais.pdf>. Acesso em 21 jan. 2020. mas brasileiros.
III - A substituição de agrotóxicos por bioinsetici-
(9) INPE – Programa Queimadas. Banco de dados de
das reduz a contaminação dos recursos hídricos
queimadas. Disponível em <h�p://queimadas.dgi.
no Bioma Cerrado.
inpe.br/queimadas/bdqueimadas>. Acesso em 21
jan. 2020.
É correto o que se afirma
(10) ICMBio. Livro Vermelho da fauna brasileira a) Apenas em I
ameaçada de extinção. Brasília, DF: ICMBio/MMA, b) Apenas em III
2018. Disponível em <www.icmbio.gov.br/portal/ c) Apenas em I e II
component/content/article/10187>. Acesso em 21 d) Apenas em II e III
jan. 2020. e) Em I, II e III.

03. O Cerrado é considerado um hotspot. Assinale a


alternativa que define o que é um hotspot:
a) Área de conservação nacional.
b) Área destinada à utilização do solo para fins
01. (FUVEST) A partir da década de oitenta do século agropecuários
XIX, programas agrícolas promoveram o desen- c) Área do planeta com grande biodiversidade
volvimento da região Centro-Oeste do Brasil. Isso que se encontra ameaçada.
foi realizado com grande aplicação de capital e d) Área com solos pouco férteis que necessitam
utilização de técnicas agrícolas avançadas. Pode- de correção.
mos afirmar que a substituição das formações
do Cerrado pela agricultura mecanizada, entre 05. Sobre o desmatamento do Cerrado, assinale V
outras características, para as proposições verdadeiras e F para as pro-
a) foi favorecida pela grande fertilidade de suas posições falsas:
terras planas, próprias dos chapadões. I. ( ) O processo de devastação do Cerrado con-
b) aumentou a tendência natural de processos solidou-se ao longo da segunda metade do sé-
erosivos por interferências antrópicas, como culo XX em virtude dos avanços das atividades
a compactação do solo. agropecuárias. Esse processo, no entanto, vem
c) desnudou extensas áreas de mares de mor- regredindo, e boa parte do Cerrado já foi recu-
ros, provocando assoreamento de rios, como perada.
o Araguaia. II. ( ) As principais causas do desmatamento
d) gerou poucos impactos ambientais, tendo em do Cerrado são o aumento das queimadas e o
vista a substituição de uma cobertura vegetal desmatamento para viabilizar a produção agro-
por outra. pecuária.
e) eliminou as queimadas naturais e antrópicas III. ( ) Apesar de quase 70% do Cerrado ser for-
na região com o uso de irrigação por goteja- mado por reservas e unidades de conservação, o
mento. desmatamento vem aumentando consideravel-
mente.
02. (ENEM) A ocupação predatória associada à expan- IV. ( ) O desmatamento do Cerrado provoca ex-
são da fronteira agropecuária e acelerada pelo tinção de espécies animais, reduzindo a biodiver-
plantio da soja tem deflagrado, com a perda da sidade.
cobertura vegetal, a diminuição da biodiversida-
de, a erosão do solo, a escassez e a contaminação Assinale a alternativa correta:
dos recursos hídricos no Bioma Cerrado. Segundo a) FVFV
ambientalistas, o Cerrado brasileiro corre o risco b) FVFF
de transformar-se em deserto. c) VFFV
A respeito desse assunto, analise as afirmações d) VVFF
abaixo.
I - Considerando-se que, em 2006, restem ape-
nas 25% da cobertura vegetal original do Cerrado

182
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
05. Toda a importância do Cerrado para a manuten- d) Ameaça a importantes rios brasileiros, como o
ção da biodiversidade e como berço dos prin- Rio São Francisco e o Tocantins, cursos d’água
cipais rios brasileiros não tem sido motivo para que não se restringem às áreas desse bioma
frear a degradação desse domínio. Existem dados e são extremamente importantes para outras
que afirmam que, dos estimados 200 milhões de regiões do Brasil.
hectares que eram cobertos por essa vegetação, e) Faz com que os agricultores possam experi-
hoje restam pouco mais de: mentar técnicas menos degradantes ao meio
a) 90%. ambiente, como as que integram a lavoura com
b) 40% a floresta. Conseguem nessa modalidade asso-
c) 70% ciar a atividade econômica no meio rural com
d) 7% a vegetação nativa.
e) 57%
08. Sobre as causas da crescente degradação do Cer-
06. A respeito das características do Cerrado, avalie rado, avalie as afirmações abaixo.
as questões abaixo: I) A vegetação é derrubada para liberar solo para
I) Leva o �tulo popular de “savana mais rica do o plantio de grãos, cana-de-açúcar e para a cons-
planeta”. trução de pastagens para o gado.
II) Possui outras formações vegetais além da sa- II) Grande parte das árvores do cerrado é desti-
vânica, como formações campestres e florestais. nada à produção do carvão vegetal, o que confi-
III) A diversidade de espécies vegetais e animais gura um problema ambiental duplo: a retirada da
é bastante restrita. vegetação original e a queima de madeira, que
IV) Nas regiões de cerrado, é possível encontrar emite CO₂.
diversas nascentes dos mais importantes cursos III) O fogo natural e o fogo criminoso no Cerrado
d’água do país. são uma das principais causas da diminuição da
V) Conhecido popularmente como “caixa d’água biodiversidade nessa vegetação, especialmente
do Brasil”, nesse domínio, estão abrigados os lei- nos longos meses de estiagem.
tos dos mais importantes rios brasileiros. IV) A construção de barragens para abastecer
com energia as cada vez mais populosas cida-
Estão corretas as alternativas: des faz com que imensas áreas de cerrado sejam
a) I, II, IV e V. alagadas. Com a água, vai significativa parte da
b) II, IV e V. biodiversidade do Cerrado.
V) O êxodo rural e a intensa urbanização têm tra-
c) I, II, III e V
zido como necessidade a construção de estradas
d) I, II, IV e V.
e rodovias para o transporte da produção e das
e) I, III, IV e V.
pessoas. Essas grandes obras também obrigam
a retirada da cobertura vegetal do Cerrado.
07. A degradação do Cerrado traz consequências sig-
nificativas. As proposições abaixo listam os efeitos
Estão corretas as afirmativas:
causados por esse fato, exceto.
a) I, II, IV e V.
a) Diversas espécies vegetais têm sido estudadas
b) II, IV e V.
para uso medicinal. Muitas também já pos-
c) Apenas a V.
suem uso eficaz comprovado na recuperação
d) I, II, IV e V.
de solos degradados. Podem atuar como bar-
e) Todas as alternativas.
reiras contra o vento, proteção contra a erosão
ou para criar habitat de predadores naturais
de pragas. A degradação do cerrado elimina
um importante parceiro da agricultura.
b) O Cerrado abriga uma infinidade de nascentes.
Com a degradação de sua vegetação, essas fon-
tes de água ficam sem proteção e podem secar,
contribuindo para a diminuição na oferta de
água potável e para extinção de cursos d’água.
c) A perda da biodiversidade e o risco de extinção
de muitas espécies de animais, algumas delas
endêmicas (só existem nessa região), tais como
a raposa-do-campo e o lobo-guará.

183
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 06 san, coordenadora adjunta do Programa de Políticas
e Direitos do Instituto Socioambiental (ISA).
Segundo relatório do Programa das Nações Unidas
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS203) Compa- para o Meio Ambiente (Pnuma), o Cerrado é o bioma
rar os significados de território, fronteiras e vazio mais afetado nas Américas pelas queimadas e pela
(espacial, temporal e cultural) em diferentes so- produção de culturas como a soja e a cana-de-açúcar.
ciedades, contextualizando e relativizando visões O processo de expansão da fronteira agrícola, com a
dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden- exploração predatória, como a produção de carvão
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/ vegetal e a pecuária, vem reduzindo gradativamente
campo, entre outras). a extensão do bioma nas últimas décadas.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS202C) Ana- Patrimônio nacional


lisar os impactos do desenvolvimento tecnológico
no meio ambiente, avaliando os dados cien�ficos Para especialistas, o reconhecimento do Cerra-
de desmatamento, poluição, ritmo de consumo dos do como Patrimônio Nacional é fundamental para a
recursos naturais para debater os limites éticos e conservação do bioma. A Constituição de 1988 con-
ecológicos na relação ser humano e natureza. cedeu o �tulo à Floresta Amazônica brasileira, Mata
Atlântica, Serra do Mar, ao Pantanal Mato-Grossen-
Objeto de conhecimento: Globalização e impactos se e à Zona Costeira e estabelece que essas áreas
socioambientais em Goiás. e seus recursos naturais devem ser usados “dentro
de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente”.
Agronegócio faz do Cerrado o bioma mais Tramita desde 2003 no Congresso Nacional uma
proposta de emenda à Constituição que pretende in-
ameaçado das Américas
cluir o Cerrado e a Caatinga ente os biomas conside-
rados, patrimônio nacional. A PEC já foi aprovada no
Com mais da metade de sua área degradada, o
Senado e aguarda, desde 2010, apreciação do plenário
Cerrado ainda aguarda o �tulo de Patrimônio Nacional
da Câmara dos Deputados.
pela Constituição Federal, como já obtido por outros
“Não faltam elementos para reconhecer a impor-
ecossistemas do Brasil, ajudando em sua preservação.
tância do Cerrado como um ambiente fundamental
No Dia Mundial do Meio Ambiente, especialistas aler-
para garantir a qualidade de vida dos brasileiros, por
tam para os danos irreversíveis que o intenso processo
outro lado, ele está sempre em desvantagem, as po-
de degradação pode trazer não só para o bioma, mas
líticas de conservação do Cerrado não são implemen-
também para a sociedade, ao pôr em risco a disponi-
tadas ou faltam políticas”, avalia a bióloga Nurit.
bilidade de água e a regulação do clima.
“Ainda há um grande desconhecimento por parte
O Cerrado se estende por mais de 2 milhões de
da população brasileira do que é a realidade de ocu-
quilômetros quadrados do território brasileiro, equi-
pação do Cerrado e como este processo nos afeta.
valendo a quase 24% do país. Depois da Amazônia, o
O reconhecimento como patrimônio nacional tem
Cerrado é o maior bioma da América do Sul. Contudo,
um peso importante para sua proteção, não é uma
a área com vegetação íntegra do bioma já foi reduzida
questão local. A conservação do Cerrado tem reper-
a cerca de 20% de sua cobertura original.
cussões e bene�cios para o Brasil inteiro”, completou
Um estudo do Ipam (Instituto de Pesquisa Am-
a professora Mercedes, do Departamento de Ecologia
biental da Amazônia) mostra que em 15 anos o des-
da Universidade de Brasília (UnB).
matamento no Cerrado foi mais intenso que na Ama-
zônia. De 2000 a 2015, o Cerrado perdeu 236 mil qui-
Fragmentos
lômetros quadrados, enquanto a perda na Amazônia,
bioma duas vezes maior, foi de 208 mil quilômetros
As consequências da degradação poderão, no fu-
quadrados. Só no ano de 2015, o volume desmatado
turo, inviabilizar o próprio agronegócio. A mudança no
do Cerrado correspondeu a mais da metade da área
ambiente alterou o regime de chuvas e de produção
devastada da floresta amazônica.
de alimentos no ecossistema que tem a maior produ-
“A gente vê a expansão do agronegócio de ma-
ção agrícola e pecuária do país.
neira desenfreada no Cerrado, como se isso fosse
“Metade do Cerrado foi destruída, mas o que so-
totalmente natural. Esse é um dos motivos de tentar
bra dos outros 50% não são áreas inteiras, são áreas
chamar a atenção para essa situação do Cerrado, que
fragmentadas, pequenas ilhazinhas de cerrado. E as
é um bioma que está se esvaindo rapidamente, sendo
áreas fragmentadas não conservam aquela diversida-
convertido em pastagens e áreas agrícolas de uma
de biológica, a mesma flora e fauna das áreas inteiras,
maneira desordenada”, alerta a bióloga Nurit Bensu-

184
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
mesmo que essa área esteja protegida por uma uni- um sistema de monitoramento da cobertura vegetal
dade de conservação”, explica a bióloga Nurit. e outro de alerta de detecção do desmatamento.
“Essas áreas muito fragmentadas não têm condi- Sobre a captação de recursos, o ministério escla-
ções de sustentabilidade ou de continuar mantendo rece que em breve o Brasil poderá pleitear pagamento
as funções ecológicas que geram serviços importan- por resultados alcançados na redução do desmata-
tes para o ser humano, como a disponibilidade de mento no Cerrado, assim como já é feito para a Ama-
água e regulação do clima”, completou a professora zônia. O Fundo Amazônia dispõe de R$ 2,5 bilhões em
Mercedes. pagamentos e já investiu cerca de R$ 1,7 bilhão em
As áreas desmatadas do Cerrado são responsá- projetos de combate ao desmatamento.
veis ainda pela elevada emissão de gases de efeito
estufa. Segundo estudo recente do Observatório do Alta biodiversidade
Clima, em 2016, o desmatamento do Cerrado emitiu
248 milhões de toneladas brutas de gases de efeito Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Cerra-
estufa, volume que corresponde a mais que o dobro do abriga 5% da biodiversidade do mundo. É a savana
da emissão da indústria e equivale a 11% de todo o com a maior diversidade de árvores e onde vivem
carbono que o Brasil lançou no ar no mesmo ano. 12 mil espécies de plantas nativas, além de mais de
2,5 mil espécies de animais, entre mamíferos, aves,
Meta de redução peixes, an�bios e répteis, e cerca de 67 mil espécies
de invertebrados. No entanto, 20% das espécies na-
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de tivas e endêmicas já não são encontradas nas áreas
Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que a área desma- protegidas do Cerrado, onde pelo menos 137 espécies
tada no Cerrado entre 2013 e 2015 foi de quase 19 mil de animas estão ameaçadas de extinção.
quilômetros quadrados, uma média atual de 9,4 mil O ecossistema tem cerca de 60 unidades de con-
quilômetros quadrados por ano. Antes de 2008, essa servação, que protegem cerca de 8% da área total
média era de 15,7 quilômetros quadrados. Segundo do bioma. Ele também é considerado o berço das
o Ministério das Cidades, que coordena o Programa águas, pois concentra as nascentes das três maiores
de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros, bacias hidrográficas da América do Sul e a cabeceira
o resultado mostra redução de 37% no ritmo de des- de importantes rios, lagos e córregos responsáveis
matamento. pela distribuição de água no Brasil.
O ministério ressaltou que o percentual se apro- Apesar do grande volume de água, alguns estados
xima da meta de redução em 40% do desmatamen- e o Distrito Federal estão enfrentando grave crise hí-
to do Cerrado estabelecida pela Política Nacional de drica. “Se não tiver de fato uma política de conserva-
Mudança do Clima até 2020. Mesmo com a redução, ção voltada para manutenção de recursos hídricos, a
a pasta informou que “o governo continuará atuando gente vai sofrer. Não se trata de inventar a roda, tem
até conter todo o desmatamento ilegal no bioma”. soluções que poderiam ser feitas a curto prazo e com
Diferentemente da Amazônia, o monitoramento efeitos positivos. Uma delas é evitar desperdício, pen-
da degradação do Cerrado não é avaliado anualmente, sar num uso mais sustentável da água na agricultura,
mas, segundo o Ministério do Meio Ambiente, ainda em outro modelo de agronegócio que combine con-
este ano serão lançados os dados referentes a 2016 servação e produção, além de usar menos agrotóxicos
e 2017, e o Cerrado passará a contar com dados anu- que poluem a água”, explica a especialista Bensusan.
ais. Também está em fase de testes o chamado Deter
Cerrado, que fará monitoramento em tempo quase Importância social
real do desmatamento, além de auxiliar nas ações
de fiscalização. A vegetação do Cerrado está presente nos esta-
O governo federal aprovou, em dezembro de 2016, dos de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso
a 3ª fase do chamado PPCerrado, plano de prevenção do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Ron-
e controle do desmatamento. O programa, que será dônia, Paraná, São Paulo, Distrito Federal, além de
implementado até 2020, prevê o ordenamento fundi- ocorrências no Amapá, Roraima e Amazonas. Na área
ário e territorial, monitoramento e controle, promo- de Cerrado, vive cerca de 40% da população brasileira
ção de cadeias produtivas sustentáveis e instrumentos e diferentes comunidades tradicionais, como indíge-
normativos e econômicos. nas, ribeirinhos, os chamados geraizeiros (do Cerrado
No âmbito da fiscalização, o Ministério do Meio do norte de Minas Gerais), quebradores de babaçu e
Ambiente informou que nos últimos 5 anos foram quilombolas.
instaurados cerca de 2,3 mil processos de infração “Os povos do Cerrado são muito importantes, por-
contra a flora. Foram feitas ainda ações de prevenção que têm formas de vida tradicionais ligadas à nature-
e controle de incêndios florestais, sendo implantado za, e mantêm essa vegetação e essa fauna. À medida

185
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
que os modos de vida dessas populações colapsam,
a ameaça ao Cerrado duplica, porque essas pessoas
têm que migrar para outras formas de uso da terra e
dos recursos naturais que são mais predatórias, além
da própria ameaça ao modo de vida dessas pessoas”, Pesquisa e produção de texto.
analisa a bióloga Bensusan.
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os
Políticas de conservação impactos socioambientais decorrentes de práticas
de instituições governamentais, de empresas e de
Um grupo de ativistas e pesquisadores socioam- indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, se-
bientais está elaborando um conjunto de recomen- lecionando, incorporando e promovendo aquelas que
dações de conservação do Cerrado para ser entregue favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o
aos candidatos à Presidência da República. As medidas consumo responsável.
serão definidas na próxima quarta-feira (7) em reunião
prevista para listar os principais pontos abordados no Debate – O Racismo (no Brasil)
Seminário Estratégia Nacional para o Cerrado, que h�ps://www.youtube.com/watch?v=d7elBP-bCIQ
ocorre nesta terça-feira na Câmara dos Deputados.
As medidas são reunidas em três eixos: conser- O Apartheid
vação da vegetação e dos recursos hídricos, defesa h�ps://www.youtube.com/watch?v=mW1jat9F_8E
dos direitos das comunidades e povos tradicionais e
o desenvolvimento de um modelo de agronegócio Música: Zumbi
sustentável. Entre as recomendações, estão a revisão Intérprete: Ellem Oléria
das metas do Plano de Mitigação das Mudanças Cli- Fonte: Musixmatch
máticas e a criação de fundo de captação de recursos Compositores: Jorge Ben
para o Cerrado. Letra de Zumbi © Musisom Ed. Musical Ltda.

Estudos Zumbi
Ellen Oléria
Os pesquisadores também estão trabalhando
Angola, Congo, Benguela
em conjunto com a Universidade de Brasília (UnB),
Monjolo, Cabinda, Mina
que começou a desenvolver este ano um projeto de
Quíloa, Rebolo
sensoriamento remoto para estabelecer conexões
Aqui onde estão os homens
entre informações de segurança hídrica, energética
Há um grande leilão
e alimentar e as comunidades tradicionais que vivem
Dizem que nele há um princesa à venda
no Cerrado.
Que veio junto com seus súditos
O projeto vai consolidar na forma de mapas di-
Acorrentados num carro de boi
ferentes informações do bioma, por exemplo, a va-
Eu quero ver
riabilidade do clima nos últimos anos e as projeções
Eu quero ver
futuras de mudanças climáticas com os possíveis im-
Eu quero ver
pactos sobre a cadeia produtiva. Os primeiros resul- Angola, Congo, Benguela
tados devem sair até o fim deste ano e serão levados Monjolo, Cabinda, Mina
pelos cientistas aos gestores públicos para basear as Quíloa, Rebolo
decisões sobre o tema. Aqui onde estão os homens
“Hoje, a questão central do Cerrado é fazer uma De um lado cana-de-açúcar
boa gestão territorial que permita você ter o desen- Do outro lado, cafezal
volvimento da agricultura sem ocupar novos espaços Ao centro, senhores sentados
e, ao mesmo tempo, garantir a segurança de forne- Vendo a colheita do algodão branco, branco, bran-
cimento de água, alimentos e a utilização racional co, branco
dos recursos energéticos nessa ocupação”, explica a Sendo colhidos por mãos negras
professora Mercedes Bustamante, coordenadora do Eu quero ver
projeto. Eu quero ver
Disponível em: h�ps://ecoa.org.br/agronegocio-
faz-do-cerrado-o-bioma-mais-ameacado-das-
Eu quero ver
americas/#:~:text=Segundo%20estudo%20recente%20 Eu quero ver
do%20Observat%C3%B3rio,no%20ar%20no%20mesmo%2-
0ano. Acesso em 30 de março de 2022. Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer

186
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Zumbi é senhor das guerras HISTÓRIA
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega
É Zumbi é quem manda HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e
Zumbi é senhor das guerras caracterizar as dinâmicas das populações, das mer-
É senhor das demandas cadorias e do capital nos diversos continentes, com
Quando Zumbi chega destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas,
É Zumbi é quem manda grupos humanos e povos, em função de eventos
Eu quero ver naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos
Eu quero ver e culturais, de modo a compreender e posicionar-
Eu quero ver -se criticamente em relação a esses processos e às
Eu quero ver possíveis relações entre eles.
Angola, Congo, Cabinda, Monjolo e
Quíloa, Quíloa, Rebolo Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201B)
Ê-ê-ê-eu Identificar o conceito e o papel político do Estado
Eu quero ver Moderno avaliando os eventos de cunho político,
Eu quero ver espaciais e econômicos entre os séculos XVIII a XXI
Eu quero ver, eu quero ver Angola que permitem a construção histórica do Capitalis-
Zumbi mo para posicionar-se de modo crítico diante das
Eu quero ver, ê-ê-eu transformações populacionais e as desigualdades
Eu quero ver, eu quero ver resultantes desse processo.
Ai, ai, ai, êh!
Angola, Angola Objeto de conhecimento: Estado Moderno E Ori-
Eu quero ver gens do Capitalismo.
Zumbi

Fonte: Musixmatch A formação do Estado moderno


Compositores: Jorge Ben
Letra de Zumbi © Musisom Ed. Musical Ltda.

Você já imaginou qual a origem dos poderes dos


reis?

Na Europa Ocidental, durante a Idade Média, o


poder estava dividido entre o rei, a Igreja e os se-
nhores feudais, os quais exerciam o poder sobre seus
feudos de forma autônoma e descentralizada. Quem
concedia a terra (feudo) era denominado de suserano;
o que recebia a terra (feudo) era denominado vassalo
e quem trabalhava na terra eram os servos.
No final da Idade Média, ocorreram algumas re-
voltas sociais, entre elas, as revoltas dos camponeses,
como as Jacqueries, na França (1358). Além das revol-
tas sociais, houve conflitos religiosos, como as reformas
protestantes: luterana, anglicana, calvinista, as quais
ocorreram no início do século XVI, na Europa Ocidental.

187
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Estes fatos, representativos de um processo his- povo e pelo rei distribuidor de �tulos e de bens
tórico, criaram uma situação de insegurança para as da coroa. Dava-se, porém, uma reação da nobre-
classes dirigentes (clero e nobreza), o que possibilitou za tradicional, chefiada em parte pelo duque de
o fortalecimento do poder político central (do rei), na Bragança; era visado principalmente o infante D.
Idade Moderna. Outro fator determinante em rela- Pedro (que foi mais tarde regente no período de
ção à formação do Estado moderno foi o interesse da menoridade de D. Afonso V). Por sua vez, a nova
burguesia em diminuir o poder da nobreza, pois esta nobreza, ou alta burguesia, reivindicava e obtinha
visava ao desenvolvimento do comércio. Para isso, a a administração das cidades mais importantes e do
burguesia passou a apoiar financeiramente a política próprio Estado. Dom João I reuniu as Cortes vinte
de centralização dos poderes do rei. Desta forma, al- e três vezes, salvaguardando sempre, entretanto,
gumas monarquias da Europa Ocidental aumentaram a sua autoridade real.
suas atribuições políticas, reduzindo a participação do Sob o ponto de vista da política exterior, a di-
clero e da nobreza nos governos. nastia de Aviz estava ligada à Inglaterra desde 1373
Em alguns lugares, como em Castela, a monarquia por um tratado de amizade ofensiva e defensiva,
conseguiu debilitar o poder das cortes, passando a renovado em Windsor em 1386, quando o duque
legislar de forma direta, fazendo algumas conces- de Lancaster veio reivindicar a coroa de Castela e
sões para obtenção de tributos. Em outros, como na casou sua filha Filipa de Lancaster com o rei D. João
França, o rei impôs sua administração direta sobre I. Quanto à paz com os castelhanos só foi restabe-
algumas províncias, porém tolerou a continuidade das lecida oficialmente em 1411.
cortes com seus privilégios. Na Inglaterra, no século Coube ao reinado do primeiro Aviz inaugurar
XVII, foram estabelecidos princípios de um governo o período de conquistas e descobrimentos que
representativo, em que os grupos dominantes (clero, fizeram a glória da dinastia. Razões de ordem
nobreza e burguesia) negociavam seus problemas com econômica, social, religiosa e política levaram os
o parlamento, o que favoreceu o crescimento econô- conselheiros de Dom João I a persuadi-lo a que
mico moderno do país. No decorrer do processo de empreendessem os portugueses uma cruzada con-
formação do Estado moderno, destacaram-se algu- tra os infiéis de além-mar. Era um pretexto para
mas monarquias nacionais, como: Portugal (D. João I dar vazão ao ardor combativo ainda reinante no
[1357-1433], dinastia de Aviz, início no ano de 1385); espírito cavalheiresco da nobreza. Em realidade,
França (Carlos VIII [1470-1498], de 1483- 1498); Es- era visado o objetivo militar de ocupar Ceuta para
panha (do casamento do rei de Aragão, Fernando II reprimir os ataques mouros na zona do Estreito de
[1452- 1516], com a rainha de Castela, Isabel [1451- Gibraltar e livrar as galés dos tributos e da pirataria.
1504], em 1469). (CARVALHO, 1974, p. 159)
Destes Estados modernos, deu-se a origem das
monarquias absolutistas, que aos poucos constituíram Texto 2
um governo centralizado, onde a autoridade do rei, Espanha
dentro dos limites de um território, exercia o mono-
pólio da justiça e da arrecadação de impostos, além Fernando e Isabel optaram pelo estabelecimen-
de possuir exército próprio. to de um poder real inquebrantável em Castela,
Este processo não foi uniforme em toda a Europa, onde as condições eram mais propícias. Aragão
pois Estados como a Alemanha e a Itália tiveram sua apresentava obstáculos políticos muito mais formi-
unificação territorial e política somente no século XIX. dáveis para a construção de um Estado centraliza-
Os relatos de alguns historiadores poderão ajudá-lo do. Castela tinha uma população cinco ou seis vezes
a compreender melhor a formação dos Estados mo- maior e a sua riqueza mais ampla não era protegida
dernos na Europa: por barreiras constitucionais comparáveis. Assim foi
posto pelos dois monarcas um programa metódico
Texto 1 de reorganização administrativa. As ordens milita-
Portugal res foram decapitadas e anexados os seus vastos
territórios e rendimentos. Castelos baroniais foram
Com o advento de D. João I, a dinastia de Aviz demolidos, expulsos os senhores das zonas de fron-
inicia os seus dois séculos de monarquia portugue- teira e proibidas as guerras privadas. A autonomia
sa (1385 -1580). São rápidas as transformações so- municipal das cidades foi quebrada com a instala-
ciais e políticas que então se efetuam. A derrota ção de corregedores oficiais para administrá-las;
do partido castelhano determinou numerosa imi- a justiça real foi fortalecida e ampliada. O Estado
gração de nobres cujos �tulos e bens foram distri- tomou a si o controle dos bene�cios eclesiásticos,
buídos a uma nova burguesia. Esta sustentava a separando o aparelho local da Igreja da alçada do
nova situação política, achando-se amparada pelo papado. As cortes foram progressivamente domes-

188
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ticadas pela omissão efetiva da nobreza e do clero HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e
de suas reuniões, depois de 1480; uma vez que o caracterizar as dinâmicas das populações, das mer-
principal propósito para convocá-las era o aumento cadorias e do capital nos diversos continentes, com
dos impostos para financiar os gastos militares (nas destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas,
guerras de Granada e da Itália). Os rendimentos grupos humanos e povos, em função de eventos
fiscais elevaram-se, a receita de Castela cresceu naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos
de 900 mil reales, em 1474, para 26 milhões, em e culturais, de modo a compreender e posicionar-
1504. O Conselho Real foi reformado e dele excluída -se criticamente em relação a esses processos e às
a influência dos grandes do reino; o novo corpo possíveis relações entre eles.
consultivo foi provido com funcionários bacharéis
ou letrados, recrutados na pequena nobreza. Secre- Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201C)
tários profissionais trabalhavam diretamente sob Compreender o pensamento Iluminista do século
as ordens dos soberanos. XVIII, utilizando textos filosóficos do período e as
Fernando instalou vice-reis nas três provín- correntes de pensamento da época para entender
cias (Catalunha, Valência e Aragão) a fim de que os/as influenciadores/as dos movimentos sociais e
exercessem a autoridade em seu nome e criou o políticos que surgiram posteriormente.
Conselho de Aragão, quase sempre estabelecido
em Castela. Objeto de conhecimento: Mundo Moderno e Ilu-
(Adaptado de ANDERSON, 1985, pp. 63-65). minismo

ATIVIDADES
ILUMINISMO
1. Após analisar os textos 1 e 2, relacionados com
a formação dos Estados modernos de Portugal
e Espanha, organize suas ideias fazendo uma
síntese. Registre no caderno e apresente à tur-
ma suas conclusões.

2. Discuta com seus colegas as semelhanças na


organização destes Estados.

3. Para finalizar, escreva uma narrativa histórica


conceituando o Estado moderno.

Fonte: História / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006.


– p.400 ISBN: 85-85380-36-5. Secretaria de Estado da
Educação. Superintendência da Educação. Disponível em:
<h�p://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/
livro_didatico/historia.pdf> Acesso mar. 2023.

O Iluminismo se iniciou como um movimento cul-


tural europeu do século XVII e XVIII que buscava gerar
mudanças políticas, econômicas e sociais na socie-
dade da época. Para isso, os iluministas acreditavam
na disseminação do conhecimento, para enaltecer a
razão em detrimento do pensamento religioso. Vale
ressaltar que os iluministas não eram ateus, porém,
eles acreditavam que o homem chegaria a Deus por
meio da razão.
Grandes pensadores, de diversas áreas, fizeram
parte dessa corrente com o intuito de acelerar o pro-
gresso da humanidade. O precursor do iluminismo
René Descartes (1596 – 1650), considerado o pai do
racionalismo, dissertou em sua obra “Discurso do Mé-
todo”, que para se compreender o mundo, deve-se
questionar tudo. Essa nova forma pensar se opunha
ao raciocínio da época, já que naquele período histó-

189
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
rico, os governos autoritários e a igreja católica não fato incompa�vel com a sociedade civil e que ela não
permitiam questionamentos. pode mesmo, por consequência, constituir uma forma
O pensamento iluminista foi importante para o de poder civil. O grande fim para o qual os homens
desenvolvimento da ciência e do humanismo – que entram em sociedade é gozar dos seus bens na paz e
pregava a centralidade e racionalidade humana. Vá- na segurança. Ora, estabelecer leis nesta sociedade
rias obras foram desenvolvidas nesse período, e uma constitui o melhor meio para realizar esse fim. Portan-
em especial sintetizava a ideia de disseminação do to, em todos os Estados, a primeira e fundamental lei
conhecimento pregada pelos iluministas: a Enciclopé- positiva é aquela que estabelece o poder legislativo;
dia. A Enciclopédia, editada por Denis Diderot (1713 do mesmo modo que a primeira e fundamental lei
– 1784), continha milhares de artigos e ilustrações natural que deve reger o próprio poder legislativo é a
de diversos cientistas, filósofos e pesquisadores de salvaguarda da sociedade e (enquanto seja compa�vel
campos de conhecimentos distintos. Essa obra teve com o bem público) a de cada um dos seus membros.
35 volumes e foi muito importante na exposição dos Este poder legislativo constitui não somente o poder
conhecimentos humanos em um formato ordenado e supremo do Estado, mas permanece sagrado e imu-
metódico, com o intuito de apresentar uma alternativa tável nas mãos daqueles a quem a comunidade uma
aos ensinamentos impostos pela religião. vez o entregou. E nenhum edito, seja qual for a sua
Os iluministas também questionavam os poderes forma, ou o poder que o apoie, tem a força obrigatória
absolutistas dos governos, pregando assim maiores de uma lei, se não for aprovado pelo poder legislativo,
liberdades individuais e políticas. Na economia, não escolhido e designado pelo povo. Sem isso, a lei não
diferiu, nesse período, as ideias desenvolvidas por comportaria aquilo que é necessário para constituir
Adam Smith (1723 – 1790) foram aceitas como uma uma lei: o consentimento da sociedade. Com efeito,
forma de substituir o modelo mercantilista, pois os ninguém consegue impor leis à sociedade sem o seu
iluministas tinham uma crença em que esse novo meio próprio consentimento e sem ter recebido dela a in-
econômico seria ideal para um maior progresso, liber- vestidura.
dade e justiça social. (Adaptado de LOCKE, Ensaio sobre o poder civil, 1690,
Fonte:h�ps://www.politize.com.br/ apud: FREITAS, 1976, p. 202-203).
iluminismo/#:~:text=O%20Iluminismo%20se%20
iniciou%20como,em%20detrimento%20do%20
pensamento%20religioso. Documento 2
Da constituição da Inglaterra
Teóricos do Estado-nação
Há, em cada Estado, três espécies de poderes: o
A partir das ideias do filósofo e político inglês Jonh poder legislativo, o poder executivo das coisas que
Locke (1632- 1704), foi possível construir as bases do dependem do direito das gentes, e o executivo das
Estado-nação na Inglaterra. Entre suas obras desta- que dependem do direito civil.
caram-se: ensaio sobre o entendimento humano e o Pelo primeiro, o príncipe ou magistrado faz leis por
Segundo tratado sobre o governo civil, as quais ser- certo tempo ou para sempre e corrige ou ab-roga as
viram de embasamento para as transformações das que estão feitas. Pelo segundo, faz a paz ou a guerra,
instituições políticas daquele país, com a participação envia ou recebe embaixadas, estabelece a segurança,
da classe social burguesa. previne as invasões. Pelo terceiro, pune os crimes ou
Outras ideias também serviram de referência para julga as querelas dos indivíduos. Chamaremos este
a constituição do Estado-nação, entre elas, a dos pen- último o poder de julgar e, o outro, simplesmente o
sadores: Charles-Louis Secondat, o barão de Montes- poder executivo do Estado.
quieu (1689-1755), que escreveu O espírito das leis A liberdade política, num cidadão, é esta tranqui-
(1748), onde criticava as monarquias absolutistas e lidade de espírito que provém da opinião que cada
defendia a separação dos três poderes: executivo, le- um possui de sua segurança; e, para que se tenha esta
gislativo e judiciário; e Jean-Jacques Rousseau (1712- liberdade, cumpre que o governo seja de tal modo que
1778), que em seu livro Do contrato social (1762), um cidadão não possa temer outro cidadão.
sustentava uma sociedade democrática, baseada na Quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de
igualdade entre os indivíduos, “a vontade geral”. magistratura o poder legislativo está reunido ao poder
Para ampliar seus conhecimentos, você pode ana- executivo, não existe liberdade, pois pode-se temer
lisar alguns documentos destes pensadores. que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas
estabeleçam leis tirânicas para executá-las tiranica-
Documento 1 mente. Não haverá também liberdade se o poder de
Jonh Locke defende o parlamentarismo julgar não estiver separado do poder legislativo e do
executivo. Se estivesse ligado ao poder legislativo, o
É claro que a monarquia absoluta, considerada poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria
por alguns como o único governo no mundo, é de arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse li-

190
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
gado ao poder executivo, o juiz poderia ter a força ATIVIDADES
de um opressor.
Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o 1. Organize em um quadro as principais ideias de-
mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do fendidas por: Locke, Montesquieu e Rousseau.
povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o Compare as diferenças e semelhanças.
de executar as resoluções públicas, e o de julgar os
crimes ou as divergências dos indivíduos. 2. Leia o texto e comente: Por que a formação
(MONTESQUIEU, 1982 [1748], p.187) do Estado-nação espanhol ocorreu tardiamente
em relação à França e à Inglaterra?
Documento 3
Da democracia 3. Em grupo, discuta com seus colegas essas
ideias, depois retome a leitura dos textos e
Parece que não se poderia ter uma constituição escreva uma narrativa histórica explicando o
melhor do que aquela em que o poder executivo porquê destes pensadores defenderem um
estivesse junto ao legislativo. Isso torna o governo Estado democrático.
insuficiente em certos aspectos, porque as coisas
que devem ser distinguidas não o são, o príncipe e o Fonte: História / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006.
– p.400 ISBN: 85-85380-36-5. Secretaria de Estado da
soberano não sendo senão a mesma pessoa, formam
Educação. Superintendência da Educação. Disponível em:
um governo sem governo. <h�p://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/
Não será bom que aquele que faz as leis as exe- livro_didatico/historia.pdf> Acesso mar. 2023.
cute, nem que o corpo do povo desvie sua atenção
dos desígnios gerais para emprestá-la aos objetivos
particulares. Nada mais perigoso que a influência dos
interesses privados nos negócios públicos; o abuso da
lei pelo governo é mal menor do que a corrupção do
Legislador, consequência infalível dos desígnios parti-
culares. Então, o Estado alterado em sua substância,
torna-se impossível qualquer reforma. Um povo que
jamais abusasse do governo, também não abusaria
da independência; um povo que sempre governasse
bem, não teria necessidade de ser governado.
A rigor, jamais existiu e jamais existirá uma demo-
cracia verdadeira. É contra a ordem natural governar
o grande número e ser o menor número governado.
Não se pode imaginar que permaneça o povo continu-
amente em assembleia para ocupar-se dos negócios
públicos.
Quantas coisas di�ceis de reunir, supõe esse gover-
no? Em primeiro lugar, num Estado muito pequeno é
fácil reunir o povo, onde cada cidadão passa conhecer
todos os demais; segundo, uma simplicidade de costu-
mes que evite a acumulação de questões e as discus-
sões espinhosas, com igualdade entre as classes e as
fortunas, pouco ou nada de luxo. A virtude por princípio
da república, pois todas essas condições não poderiam
subsistir sem ela. Não há forma de governo tão sujeita
às guerras civis, às agitações intestinais quanto a forma
democrática ou popular, porque não existe outra que
tenda tão forte e continuamente a mudar de forma,
nem que exija mais vigilância e coragem para ser man-
tida na forma original. É sobretudo nessa constituição
que o cidadão deve armar-se de força e constância, e
ter presente no coração, todos os dias da vida, o que
dizia um palatino virtuoso na dieta da Polônia: prefiro
a liberdade perigosa à tranquila servidão.
(ROUSSEAU, 2005 [1762], p.149-151).

191
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS201)Analisar e norteou os ideais dos revolucionários surgiu do dia
caracterizar as dinâmicas das populações, das mer- para a noite. Entretanto, nem Luis XVI, nem a Igreja
cadorias e do capital nos diversos continentes, com estavam preparados para o que se iniciou em 1789 e
destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, se estendeu até o último ano do século XVIII. Pode-
grupos humanos e povos, em função de eventos mos mencionar 4 como sendo as causas principais
naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos da revolução:
e culturais, de modo a compreender e posicionar- • O pensamento iluminista;
-se criticamente em relação a esses processos e às • A influência da Revolução Americana na eco-
possíveis relações entre eles. nomia e no imaginário da França;
• A desigualdade entre diferentes grupos sociais;
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS201D) • Uma grande crise econômica que gerou fome
Analisar as relações de dominação do capitalismo e mortes.
europeu do início do século XIX, pesquisando em
sites as fontes históricas e/ou textos filosóficos, Todas essas razões estão ligadas entre si, mas va-
sociológicos, geográficos, cartográficos, imagens, mos entender o que foi cada uma.
e outros, relacionadas com a Revolução Francesa
para refletir sobre os conflitos de classe da época. O Iluminismo e o Século das Luzes

Objeto de conhecimento: Revolução Francesa e O Século das Luzes, como ficou conhecido o século
Mundo Trabalho. XVIII, foi um período com grandes mudanças na forma
como as pessoas por toda a Europa, lidavam com o
conhecimento, e foi o momento do despertar de uma
REVOLUÇÃO FRANCESA: ETAPAS, CAUSAS E das correntes de pensamento mais importantes da
CONSEQUÊNCIAS história: O Iluminismo.
O Iluminismo surgiu no começo do século, e teve
grande influência sobre os intelectuais e a burguesia
daquele período em toda a Europa. Esse movimento
defendia valores do humanismo e da razão, colocan-
do o ser humano e a busca pelo conhecimento cien�-
fico como as fontes das quais deveriam emanar todo
o poder e as decisões da sociedade. No pensamento
iluminista, não havia mais espaço para monarcas com
poderes absolutos nem para a crença religiosa como
a fonte para justificar estruturas de poder.
Os ideais iluministas eram disseminados facilmen-
te por todo o país, com textos circulando por gazetas
Em 1789, acontecia na França a revolução que e folhetins. Essa corrente de pensamento prosperou
marcaria o fim da Idade Moderna e início da Idade entre os intelectuais da Europa desde a França, com
Contemporânea. A Revolução Francesa causou a que- pensadores como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, e
da de uma monarquia, o enfraquecimento da Igreja Montesquieu, até a Itália, Alemanha e Inglaterra, onde
e o fim da aristocracia. Entretanto, essa foi apenas viveu John Locke, o “pai do Liberalismo”. Esses nomes
uma das revoluções que ocorreram no mundo entre são conhecidos até hoje como baluartes da liberdade
os séculos XVIII e XIX, mas por que ela é considerada e dos direitos individuais dos cidadãos.
um marco da história francesa e mundial?
Vamos entender, mas para isso, primeiro preci-
A influência da Revolução Americana
samos compreender o que não ia bem no reino da
França em 1789 para que a revolução acontecesse.
A segunda metade do século XVIII não foi marcada
Veremos que durante as décadas anteriores à Revo-
apenas pela Revolução Francesa, mas por uma série
lução, alguns fatores sociais, políticos e econômicos
de revoltas e revoluções ao redor do continente eu-
serviram de fagulhas para o “espírito da Revolução”
ropeu e na América. Antes de a revolução na França
e foram essenciais para culminar nos acontecimentos
começar em 1789, a mais notável havia sido a Re-
que conhecemos como a “Revolução Francesa”.
volução de Independência das colônias americanas.
Essa revolução foi apoiada por Luis XVI, que en-
As causas da Revolução Francesa
viou tropas francesas para ajudar George Washington
e companhia na empreitada americana de se tornar
A Revolução Francesa não aconteceu sem aviso na
independente da Grã-Bretanha, o principal rival políti-
história da França, tampouco a forma de pensar que

192
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
co e econômico da França naquele período. A emprei- ATIVIDADES
tada francesa, apesar de bem vista pela população,
trouxe um prejuízo financeiro e dívida tão grandes 1. Analise os documentos 1 e 2 e registre suas
para a coroa que obrigou Luís XVI a fazer sucessivos conclusões:
aumentos de impostos ao longo das décadas de 1770 - período em que foi produzido;
e 1780, período em que a França já passava por uma - conteúdos;
grande crise econômica, que veremos em breve. - contexto em que foi produzido.
Fonte: h�ps://www.politize.com.br/revolucao-francesa/
2. Informe-se e elabore uma síntese biográfica
As Guerras Revolucionárias e Nacionais sobre Napoleão Bonaparte.
A Revolução Francesa (1789), fez aparecer, si-
multaneamente, um dos primeiros Estado-nação e Documento 3
o primeiro exército nacional. A partir de então, os
soldados, imbuídos do status de pertencimento a uma
nação, não faziam mais as guerras do rei, mas as da
pátria. Era a nação em armas, integrada pelos filhos da
pátria, que nutriam grandes exércitos, utilizados para
manter a ordem e combater os inimigos externos.
Napoleão Bonaparte (1769-1821), soube utilizar
como ninguém o exército francês com um novo e mais
agressivo sentido de mobilidade – seus soldados di-
ziam que faziam a guerra com cavalos mais do que
com as baionetas – e obteve vitórias por toda a Euro-
pa, à custa de grandes perdas de vidas humanas (as
suas guerras vão matar um de cada cinco franceses
nascidos entre 1790 e 1795). Foi derrotado, ao final,
por inimigos que haviam aplicado os seus próprios
métodos. Conheça um pouco sobre a trajetória de
Napoleão através da historiografia.
A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix
Documento 1 (1789-1863)
Tela que simboliza os ideais da Revolução Francesa

Guerra, guerra, guerra...: as primeiras grandes


O francês Eugène Delacroix (1798- 1863) é con-
vitórias de Napoleão na campanha de Itália (1796):
siderado o pintor romântico por excelência. Dela-
“Soldados! Haveis em 15 dias alcançado seis vitó-
rias, tomando vinte e uma bandeiras, cinquenta e croix apostou na força e na cor luminosa. Tinha
cinco canhões, várias praças fortes e conquistada preferência por cenas de violência e paixão. Tratava
a parte mais rica do Piemonte. Haveis feito 15.000 os temas de suas obras com audácia, tornando-os
prisioneiros, morto ou ferido mais de 10.000 ho- eletrizantes pelo brilho e contraste de cores. Sua
mens.” tela reúne o vigor e o ideal romântico em uma obra
(Alocução de Bonaparte às suas tropas. In: Las Cases, que se estrutura em um turbilhão de formas. O
Memorial de Santa Helena apud FREITAS, 1976, p.118). tema representa os revolucionários de 1830 guia-
dos pelo espírito da Liberdade (simbolizados aqui
Documento 2 por uma mulher carregando a bandeira da França).
Esta é provavelmente a obra romântica mais conhe-
Waterloo: última batalha e grande derrota de cida e foi o primeiro quadro político na história da
Napoleão (1815, junho): “Eram 8 horas da noite. pintura moderna.
A fuzilaria extinguia-se pouco a pouco, e as nossas O Romantismo caracteriza-se por defender a li-
tropas tinham perdido a maioria das suas posições. berdade de criação e privilegiar a emoção. As obras
Para todos os que sabiam o que era a guerra, a bata- valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso,
lha estava perdida... A estrada achava-se já cheia de a religiosidade cristã, a natureza, os temas nacio-
fugitivos de todas as armas e de todos os graus, que nais e o passado.
gritavam ‘Estamos traídos! Salve-se quem puder!’, (Adaptado de ARGAN, 1992, p.55-57).
e atropelavam tudo na sua passagem. A desordem
chegara ao auge...” Identificação do documento 3:
(Coronel Trecfon. Canhedo de Campanha, 1815 apud
- tipo;
FREITAS, 1976, p. 120).
- autoria;

193
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
- época; HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS203) Compa-
- personagens históricos representados. rar os significados de território, fronteiras e vazio
(espacial, temporal e cultural) em diferentes so-
A quais acontecimentos históricos o quadro se ciedades, contextualizando e relativizando visões
refere? dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden-
tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/
No período entre 1815 e 1850, a França e outras campo, entre outras).
regiões da Europa foram marcadas por movimentos
revolucionários. Estes eram apoiados pela burguesia, Objetivo de aprendizagem: (GOEMCHS203B)
cujo objetivo principal era conquistar o poder políti- Aprender o conceito de território e fronteiras em
co e fazer valer os princípios liberais propostos pela Goiás no início do século XX, utilizando dados geo-
Revolução Francesa. Contavam também com o apoio gráficos tais como mapas, gráficos, fotos e imagens
popular, pois a maioria da população, principalmente para compreender a construção socio histórica e
os trabalhadores, vivia em condições miseráveis, sem geográfica de Goiás.
direitos, oprimidos e sem liberdade.
Fonte: História / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. Objeto de conhecimento: História de Goiás, Coloni-
– p.400 ISBN: 85-85380-36-5. Secretaria de Estado da
zação, Bandeiras, Territórios e Fronteiras em Goiás.
Educação. Superintendência da Educação. Disponível em:
<h�p://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/
livro_didatico/historia.pdf> Acesso mar. 2023.

O pontapé da história de Goiás se deu com a che-


gada dos bandeirantes, vindos de São Paulo, em busca
de ouro, no final do século XVII e início do século XVIII.
O contato entre nativos indígenas, negros e os ban-
deirantes foi fator decisivo para a formação da cultura
do Estado, deixando como legado as principais cida-
des históricas, como Corumbá de Goiás, Pirenópolis
e Goiás, antiga Vila Boa e primeira capital de Goiás.
O nome do Estado tem origem na denominação da
tribo indígena “guaiás” que, por corruptela, se tornou
Goiás. Vem do termo tupi “gwaya”, que quer dizer
“indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça”.
De acordo com a história, Bartolomeu Bueno da
Silva, conhecido como o Anhanguera, foi o primeiro
bandeirante a ocupar Goiás. Entretanto, o Estado era
conhecido e fazia parte da rota dos Bandeirantes já no
primeiro século da colonização do Brasil. As primeiras
Bandeiras eram de caráter oficial e destinadas a explo-
rar o interior em busca de riquezas minerais, e outras
empresas comerciais de particulares organizadas para
captura de índios.
A Bandeira saiu de São Paulo em 3 de julho de
1722. O caminho já não era tão di�cil como nos pri-

194
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
meiros tempos. Três anos depois, os bandeirantes vol- das foram, principalmente, a soja, o milho e, mais
taram triunfantes a São Paulo, divulgando a descober- recentemente, a cana-de-açúcar. Tais culturas foram
ta de cinco córregos auríferos, minas tão ricas quanto selecionadas devido ao seu maior potencial exporta-
as de Cuiabá, com ótimo clima e fácil comunicação. dor e maior encadeamento com a indústria.
Pouco tempo depois, os bandeirantes organiza- Em meio a essas transformações, em 1988, o
ram uma nova expedição para a exploração do novo norte do Estado foi desmembrado, dando origem ao
território, tendo Bartolomeu, agora como superinten- Estado do Tocantins.
dente das minas, e João Leite da Silva Ortiz, como A partir da década de 1990 houve maior diversifi-
guarda-mor. A primeira região ocupada foi a do Rio cação do setor industrial por meio do crescimento de
Vermelho, onde foi fundado o arraial de Sant’Ana, atividades do setor de fabricação de produtos quími-
posteriormente chamado de Vila Boa e mais tarde cos, farmacêuticos, veículos automotores e produção
de Cidade de Goiás. de etanol. Fator responsável pela atração desse capital
A época do ouro em Goiás foi intensa e breve. foram os programas de incentivos fiscais estaduais
Após 50 anos, a mineração entrou em rápida e com- implementados a partir da década de 1980.
pleta decadência. Por outro lado, só se explorou o O dinamismo econômico provocado por todos
ouro de aluvião, isto é, das margens dos rios, e a téc- esses processos ocasionou também a redistribuição
nica empregada era rudimentar. da população no território, por meio de um intenso
Goiás pertenceu até 1749 à capitania de São Pau- êxodo rural. As novas formas de produção adotadas,
lo. Após esta data, tornou-se capitania independente. intensivas em capital, foram as principais responsáveis
Com o declínio do ouro, o governo adotou medidas pela mudança da população do campo para a cidade.
administrativas que não trouxeram resultado satisfa- As cidades que receberam a maioria desses migrantes
tório. Não havia um produto tão vantajoso que pu- do campo foram a capital, Goiânia, as cidades da região
desse substituir o ouro, até então, sinônimo de lucro do Entorno de Brasília, como Luziânia e Formosa, e
fácil. Com a economia fragilizada, a sociedade goiana as cidades próximas às regiões que desenvolveram o
regrediu a uma economia rural e de subsistência. agronegócio, como Rio Verde, Jataí, Cristalina e Catalão.
Assim como no Brasil, o processo de indepen- Goiás também se tornou um local de alto fluxo
dência em Goiás se deu gradativamente. A formação migratório nas últimas décadas, sendo considerado
das juntas administrativas, que representam um dos um dos Estados com maior fluxo migratório líquido
primeiros passos neste sentido, deu oportunidade às do país. As principais razões para esse alto fluxo mi-
disputas pelo poder entre os grupos locais. gratório são a localização estratégica, que interliga
A partir de 1940, Goiás cresce rapidamente, gra- praticamente todo o país por eixos rodoviários, o di-
ças a alguns fatores como a construção de Goiânia, o namismo econômico e também a proximidade com
desbravamento do mato grosso goiano, e a campanha a capital federal, Brasília.
nacional “Marcha para o Oeste”, que culmina na dé- Fonte: <h�ps://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.
cada de 50 com a construção de Brasília, e imprimem html> Acesso em mar. 2023
um ritmo acelerado ao progresso de Goiás.
Já na década de 1960, o Estado passa a apresentar FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS
um processo dinâmico de desenvolvimento. Nos anos
mais recentes, Goiás passa a ser um grande exportador
de commodities agropecuárias, com destaque para o
rápido processo de industrialização. Hoje, está inserido
no comércio nacional, aprofundando e diversifican-
do, a cada dia, suas relações com os grandes centros
comerciais.
O processo de modernização agrícola na déca-
da de 1970 e o posterior desenvolvimento do setor
agroindustrial na década de 1980 representaram uma
nova página para o desenvolvimento do Estado de
Goiás. A expansão desses setores ampliou as expor-
tações e os elos da cadeia industrial goiana.
Apesar da suposta “vocação natural” do Estado
para agricultura, o papel interventor do setor público,
tanto federal como estadual, foi vital para o processo
de modernização da agricultura e desenvolvimento A Economia do Ouro no Brasil
do setor agroindustrial. Porém, há registros de que o
setor público foi essencial para a estruturação dessas O elemento que legitimava as ações de controle
atividades no território goiano. As culturas prioriza- político e econômico da metrópole sobre a colônia

195
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
era o Pacto Colonial, este tornava a segunda uma ex- Os dados oficiais disponíveis sobre a produção
tensão da primeira e por isso nela vigoravam todos aurífera na época são inconsistentes por não serem
os mandos e desmandos do soberano, inclusive havia resultado de trabalho esta�stico, contribuindo para
grande esforço da metrópole no sentido de reprimir uma certa disparidade de dados obtidos em obras
a dedicação a outras atividades que não fossem a ex- distintas, mesmo assim retratam uma produção �-
tração aurífera, tais como agricultura e pecuária, que mida ao ser comparado a Minas Gerais. A produção
inicialmente existiam estritamente para a subsistên- do ouro em Goiás de 1730 a 1734 atingiu 1.000 kg,
cia. A explicação para tal intransigência era simples: o pico de produção se dá de 1750 a 1754, sendo um
aumentar a arrecadação pela elevação da extração. total de 5.880 kg. Há vários relatos de que o ano de
A metrópole Portuguesa, em contrapartida, ca- maior produção foi o de 1.753, já de 1785 a 1789,
bia apenas o bônus de receber os tributos respalda- a produção fica em apenas 1.000 kg, decaindo nos
dos pelo pacto colonial e direcionar uma parte para anos seguintes.
manutenção dos luxos da coroa e do clero e outra,
uma boa parte desse numerário, era canalizada para Agropecuária nos séculos XIX e XX
a Inglaterra com quem a metrópole mantinha alguns
tratados comerciais que serviam apenas para canalizar A característica básica do século XIX foi a transição
o ouro para o sistema financeiro inglês. da economia extrativa mineral para a agropecuária,
Um dos fatores que contribuiu para o sucesso da os esforços continuados do império em estabelecer
empresa mineradora foi sem nenhuma sombra de dú- tal economia acabaram se esbarrando, nas restrições
vidas o trabalho compulsório dos escravos indígenas legais impostas inicialmente, como forma de coibir
e africanos, expostos a condições de degradação, tais tais atividades, a exemplo da taxação que recaía so-
como: grande período de exposição ao sol, manuten- bre os agricultores, e também em outros fatores de
ção do corpo por longas horas mergulhado parcial- ordem econômica, como a inexistência de um siste-
mente em água e em posições inadequadas. Além ma de escoamento adequado, o que inviabilizava as
disso, ainda eram submetidos a violências diversas, exportações pelo alto custo gerado, e cultural, onde
que os mutilavam fisicamente e psicologicamente de predominava o preconceito contra as atividades agro-
forma irremediável. Sob essas condições, em média pastoris, já que a profissão de minerador gerava status
os escravos tinham uma sobrevida de oito anos. social na época.
Desse modo a agricultura permaneceu orientada
A Produção de Ouro em Goiás basicamente para a subsistência em conjunto com as
trocas intra regionais, já a pecuária se potencializou
A partir do ano de 1725 o território goiano inicia devido à capacidade do gado em se mover até o des-
sua produção aurífera. Os primeiros anos são reple- tino e a existência de grandes pastagens naturais em
tos de achados. Vários arraiais vão se formando onde certas localidades, favorecendo a pecuária extensiva.
ocorrem os novos descobertas, o ouro extraído das Nesse sentido, os pecuaristas passam a atuar de for-
datas era fundido na Capitania de São Paulo. Os pri- ma efetiva na exportação de gado, fornecendo para
meiros arraiais vão se formando aos arredores do rio a Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, e Pará.
vermelho, Anta, Barra, Ferreiro, Ouro Fino e Santa Texto adaptado de: h�p://www.sgc.goias.gov.br/ upload/
Rita que contribuíram para a atração da população. arquivos/2015-08/executor---poder-executivo-de- -goiAs_-
À medida que vão surgindo novos descobertos, desenvolvimento-regional-princípios-de-qualidade-e-
gestAo-estratEgica.pdf
os arraiais vão se multiplicando por todo o território.
Fonte:h�p://www.sgc.goias.gov.br/upload/
Toda essa expansão demográfica serviu para disse- arquivos/2014-01/amineracao-em-goias-e-o-
minar focos de população em várias partes do terri- desenvolvimento- -do-estado.pdf
tório e, dessa forma, estruturar economicamente e
administrativamente várias localidades, mesmo que ATIVIDADES
sobre o domínio da metrópole Portuguesa, onde toda
produção que não sofria o descaminho era taxada. 1. Faça um mapa mental inserindo os principais
Apesar de todo o empenho que era direcionado acontecimentos da História da formação de
para a contenção do contrabando, como a implanta- Goiás.
ção de casas de fundição, isolamento de minas, proi-
bição de utilização de caminhos não oficiais, revistas 2. Escreva como se deu a formação da economia
rigorosas, e aplicação de castigos penosos aos que mineradora em Goiás.
fossem pegos praticando; o contrabando se fazia pre-
sente, primeiro devido à insatisfação do povo em rela- 3. Leia o trecho abaixo e responda:
ção à grande parte do seu trabalho, que era destinada “Agropecuária nos séculos XIX e XX: A caracte-
ao governo, e, em segundo, em razão da incapacidade rística básica do século XIX foi a transição da
de controle efetivo de uma região enorme.

196
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
economia extrativa mineral para a agropecuá- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS203) Compa-
ria, os esforços continuados do império em es- rar os significados de território, fronteiras e vazio
tabelecer tal economia acabaram se esbarran- (espacial, temporal e cultural) em diferentes so-
do, nas restrições legais impostas inicialmente, ciedades, contextualizando e relativizando visões
como forma de coibir tais atividades, a exemplo dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/seden-
da taxação que recaía sobre os agricultores, e tarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/
também em outros fatores de ordem econô- campo, entre outras).
mica, como a inexistência de um sistema de
escoamento adequado, o que inviabilizava as Objetivo de aprendizagem: (GOEMCHS203B)
exportações pelo alto custo gerado, e cultural, Aprender o conceito de território e fronteiras em
onde predominava o preconceito contra as Goiás no início do século XX, utilizando dados geo-
atividades agropastoris, já que a profissão de gráficos tais como mapas, gráficos, fotos e imagens
minerador gerava status social na época.” para compreender a construção socio histórica e
Fonte:h�p://www.sgc.goias.gov.br/upload/arqui- geográfica de Goiás.
vos/2014-01/amineracao-em-goias-e-o-
desenvolvimento- -do-estado.pdf Objeto de conhecimento: Cultura e Globalização,
Indígenas Quilombolas, Ribeirinhos, Ciganos.
O trecho acima trabalha com a economia:
a) Europeia do século XX. O que é Cultura?
b) Agropecuária do século XIX e XX em Goiás. Por Daniela Diana
c) Brasileira do século XX.
d) Americana durante todo o século XIX.
e) Estados Unidos e União Europeia.

Cultura é um conceito amplo que representa o


conjunto de tradições, crenças e costumes de deter-
minado grupo social. Ela é repassada através da co-
municação ou imitação às gerações seguintes.
Dessa forma, a cultura representa o patrimônio
social de um grupo, sendo a soma de padrões dos
comportamentos humanos, e envolve: conhecimen-
tos, experiências, atitudes, valores, crenças, religião,
língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tem-
po, conceitos de universo.
A cultura também pode ser definida como o com-
portamento por meio da aprendizagem social. Essa
dinâmica faz dela uma poderosa ferramenta para a
sobrevivência humana e tornou-se o foco central da
antropologia desde os estudos do britânico Edward
Tylor (1832-1917). Segundo ele:

“A cultura é todo aquele complexo que inclui


o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei,
os costumes e todos os outros hábitos e capaci-
dades adquiridos pelo homem como membro da
sociedade”.

197
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Cultura na Sociologia Como exemplos de cultura material temos os ele-
mentos arquitetônicos (igrejas, museus, bibliotecas)
A cultura na sociologia representa o conjunto de e os objetos de uso pessoal e coletivo (obras de arte,
saberes e tradições de um povo. Estes são produzi- utensílios, vestimenta).
dos pela interação social entre os indivíduos de uma
comunidade ou sociedade. 5. Cultura Imaterial
A partir das necessidades humanas vão sendo mol- Diferente da cultura material, a cultura imaterial é
dados e criados padrões e comportamentos que geram formada pelos elementos intangíveis. Ela representa
uma determinada estrutura e organização social. o conjunto de saberes, tradições, técnicas, hábitos,
Vale lembrar que nenhuma cultura deve ser con- comportamentos, costumes e modos de fazer de um
siderada superior à outra. O que existe são diferenças determinado grupo.
culturais entre os diversos grupos. Ao fazer juízo de Considerada um patrimônio cultural transmitido
valor sobre algum aspecto externo à sua cultura, po- entre gerações, temos como exemplos as lendas fol-
demos estar sendo etnocêntricos. clóricas, as feiras populares, os rituais, as danças, a
O etnocentrismo ocorre quando consideramos culinária, etc.
nossos hábitos ou condutas superiores aos de outrem
e isso pode gerar preconceitos não fundamentados. 6. Cultura Organizacional
A cultura organizacional, também chamada de
7 Tipos de Cultura “cultura corporativa”, reúne um conjunto de elemen-
tos associados aos valores, missões e comportamen-
1. Cultura de Massa tos de determinada organização.
A cultura de massa é o conjunto de ideias e de Dentro do contexto da globalização e dos estudos
valores que se desenvolve tendo como ponto de par- mercadológicos, esse tipo de cultura foi criando pa-
tida a mesma mídia, no�cia, música ou arte. Ela é drões de funcionamento e operações, por exemplo,
transmitida sem considerar as especificidades locais dentro de uma empresa.
ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o con- 7. Cultura Corporal
sumismo entre os indivíduos, sendo um comporta- A cultura corporal analisa o comportamento dos
mento �pico do capitalismo, que foi expandido de seres humanos em seus mais diferentes grupos. Ela
maneira drástica a partir dos séculos XIX e XX. reúne as práticas relacionadas ao movimento, como
danças, jogos, atividades, comportamento sexual e
2. Cultura Erudita festividades.
Diferente da cultura de massa, a cultura erudita
é resultado do conhecimento adquirido por meio da Elementos da Cultura
pesquisa e do estudo nos mais diferentes campos. Associada aos valores materiais e espirituais,
Não é ofertado massivamente, está disponível a os elementos culturais são:
poucos e representa uma forma de diferenciação so-
cial permitida pelo acesso ao conhecimento. Como 1. Elementos da Cultura Material
exemplos, temos: exposições ar�sticas, apresentações Associada aos elementos tangíveis, concretos e
teatrais e concertos. palpáveis construídos pelos seres humanos.

3. Cultura Popular Como exemplos de cultura material podemos


A cultura popular está intimamente relacionada citar as construções e os objetos: museus, igrejas,
com as tradições e os saberes, os quais são determi- obras de arte, vestuário, utensílios, etc.
nados pelo povo, por exemplo: as festas, o folclore,
o artesanato, as músicas e a dança. 2. Elementos da Cultura Imaterial
Em oposição à cultura erudita, ela ocorre de forma Relacionado com os elementos intangíveis e
espontânea e orgânica. Portanto, não está associada espirituais de um grupo, a cultura imaterial repre-
aos equipamentos culturais, como os museus, cine- senta os saberes, os modos de fazer e os valores
mas, bibliotecas, etc. partilhados entre os membros de uma sociedade.
Como exemplos, podemos citar os rituais, as
4. Cultura Material lendas, as festas, a linguagem, a culinária, etc.
A cultura material representa o conjunto de pa-
trimônio cultural e histórico formado por elementos Características da Cultura
concretos que ao longo de tempo foram construídos • determinada pelo conjunto de saberes, com-
pelo ser- humano. portamentos e modos de fazer;

198
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
• possui um caráter simbólico; Aculturação
• é adquirida por meio das relações sociais de Por Daniela Diana
um grupo;
• é transmitida para gerações posteriores;
• Não é estática, sendo influenciada por novos
hábitos.

Cultura Brasileira

A cultura brasileira resulta da mistura de raças


e etnias que constituem o País desde a colonização.
A diversidade cultural brasileira foi influenciada
por quatro grandes grupos:
• Colonos portugueses;
• Os índios que já viviam antes da chegada de
Pedro Álvares Cabral (1467-1520);
• Os negros africanos que foram escravizados; A aculturação é um conceito antropológico e so-
• Os europeus que chegaram principalmente ao ciológico que está relacionado com a fusão de elemen-
fim do período de exploração da mão de obra tos pertencentes a duas ou mais culturas.
não remunerada. Ela é determinada por um processo dinâmico de
mudança social e cultural que acontece pelo contato
Diferente da maioria dos países que passaram (direto ou indireto) entre grupos sociais distintos.
pelo processo de colonização, o Brasil é marcado Esses grupos são influenciados por elementos di-
pela miscigenação, condição que influencia direta- versos, e assim, vão criando novas estruturas. Como
mente na cultura. exemplo, podemos citar a fusão entre a cultura grega
e romana que gerou a cultura greco-romana.
Há comportamentos resultantes da mistura de Lembre-se que cultura é um conceito muito am-
múltiplos grupos. Podemos ver essa realidade em plo que envolve conhecimentos, valores, costumes,
festas, regras de etiqueta e crenças. modos de fazer, práticas, hábitos, comportamentos
e crenças de determinado povo. Ela não é estática,
A língua portuguesa, que é um importante ele- estando, portanto, num processo con�nuo de modi-
mento da unidade nacional, também está entre os ficação.
pontos de destaque da cultura brasileira.
Em consequência das dimensões geográficas, Aculturação no Brasil
os diferentes grupos que se estabeleceram no País
influenciaram a língua de maneira particular. Assim, No Brasil, o conceito de aculturação pode ser
há entonações e expressões que apontam as mais exemplificado pelo encontro entre portugueses e ín-
variadas regiões. dios no período das grandes navegações.
Embora seja a mesma, a língua é pronunciada de Como sabemos, essa aculturação foi imposta. Ou
maneira diferente no Sul, no Sudeste, no Norte, no seja, quando os portugueses chegaram aqui, eles for-
Nordeste e no Centro-Oeste. Todas diferem do por- çaram os indígenas a abandonarem as suas crenças.
tuguês falado em Portugal. Um exemplo, é a catequização desses povos por meio
Fonte: < h�ps://www.todamateria.com.br/o-que-e- dos jesuítas.
cultura/> Acesso em mar. 2023.
Além dos portugueses, devemos lembrar que
a escravidão negra foi um fator determinante para
ATIVIDADE a criação da cultura brasileira tal qual conhecemos
hoje. Com isso, podemos concluir que a aculturação
Escreva um texto trazendo sua compreensão sobre entre essas três culturas originou a nossa: a cultura
cultura. Utilize exemplos do seu cotidiano, da sua brasileira.
cidade e região. É fácil notar diversos elementos portugueses, indí-
genas e africanos que até hoje pertencem à nossa cul-
tura. Culinária, objetos e palavras são alguns exemplos
de que a aculturação ocorreu e ainda ocorre em terras
brasileiras com os diversos grupos de imigrantes.

199
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Aculturação e Globalização Transculturação e Endoculturação

Atualmente a globalização é um processo que tem A transculturação é um conceito que se aproxima


proporcionado maior interação entre diversos povos ao de aculturação. Ele é caracterizado pela adoção de
do mundo. Junto a isso, podemos mencionar o avanço formas e padrões culturais de uma cultura diferente.
tecnológico, o qual facilita a quebra de barreiras entre Esse processo ocorre de maneira gradual, até chegar
os diversos grupos sociais. ao de aculturação, caracterizado pela mescla ou im-
Na era da comunicação mediada pela velocidade posição de outra cultura.
das informações, as pessoas têm incorporado alguns Outro processo cultural semelhante ao de acul-
elementos culturais e sociais advindos de outros gru- turação é a endoculturação, também chamado de
pos. enculturação. Trata-se do processo pelo qual apren-
Se por um lado a “globalização cultural” poten- demos, adquirimos e interiorizamos valores, normas
cializa a perda da identidade cultural, por outro, ela e comportamentos ao longo da vida.
diminui a xenofobia entre os povos do mundo.

Tipos de Aculturação ATIVIDADE

Basicamente há dois tipos de aculturação, as Pesquise e escreva sobre um exemplo histórico em


quais dependem do tipo de contato entre as cul- que ocorreu um processo de aculturação.
turas envolvidas.
Aculturação Direta: acontece por meio de pro-
cessos que envolvem colonização, guerras, imigra-
ção, etc.
Aculturação Indireta: ocorre de maneira in-
direta, por exemplo, os meios de comunicação
(televisão, redes sociais, jornais, etc.) que afetam
indiretamente os modos de pensar e agir de deter-
minados grupos sociais.

Aculturação e Assimilação Cultural

Como já vimos acima, a aculturação pode ocorrer


de maneira direta ou indireta. Junto a isso, podemos
ainda incluir outros aspectos relacionados a esses.
Ao aprofundar nos tipos de aculturação temos
um processo que surge da assimilação de diversos
elementos culturais; e outro, de maneira destrutiva,
em que a cultura que fora dominada é em partes, ex-
tinta. Ambos processos vão depender de como ocorre
essa interação.
A primeira é desenvolvida pela influência cultural
e social de diferentes grupos, no entanto, sem que
haja extinção de elementos de ambas.
Nesse caso, ela ocorre de forma pacífica e enri-
quece o patrimônio cultural, por exemplo, a influência
da globalização nas culturas atuais.
Já no segundo modelo citado, a aculturação acon-
tece por meio da imposição. Um exemplo notório é a
colonização da América, em que os europeus impu-
seram de maneira hostil os seus costumes aos povos
que aqui viviam.
Feita essa observação, podemos concluir que a as-
similação cultural é um conceito intimamente relacio-
nado com o de aculturação. Isso porque ele permite
a inclusão de características e elementos culturais de
outros grupos sociais.

200
Projeto
de Vida
PROJETO DE VIDA
AULA 13: Por onde começar?

Objetivos de Aprendizagem

Refletir sobre facetas da personalidade como


autoconfiança, tolerância ao estresse e tolerância à
frustração utilizando narrativa autobiográfica escrita
para reconhecer os próprios pontos de atenção e ha-
bilidades na construção do Projeto de Vida.

Nessa Aula:

Em relação aos temas trabalhados na aula de hoje


você assume uma postura autoconfiante? Em que si-
tuações você mais consegue expressar sua autocon-
fiança? Explique:

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estão


Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

>> Mário Quintana << Expressões ar�sticas são uma boa forma de falar
sobre medos, dificuldades e frustrações para desen-
volver autoconfiança. Você tem facilidade para se
expressar dessa forma?
Quais as suas maiores dificuldades quando precisa
escrever?
Benjamin Franklin mantinha uma rotina de escrita.
Leonardo Da Vinci enchia cadernos e mais cadernos
com pensamentos e desenhos. Bruce Lee andava com
um bloquinho de notas no bolso e o usava para escre-
ver meditações e reflexões. E a lista continua: Isaac
Newton, George Washington, Anne Frank, Virginia
Woolf, C.S.Lewis.
Se todas essas pessoas possuíam o hábito de es-
crever seus pensamentos, provavelmente existe uma
boa razão.
O nosso mundo ultra conectado pelas telas nos
fez perder o contato com a escrita e ela é um impor-

202
PROJETO DE VIDA
tante elemento para aprendermos a lidar com nosso Na próxima página você irá encontrar a sugestão
cotidiano. A linguagem escrita é uma parte do código do período de um ano, mas poderá usá-lo por tempos
que utilizamos para interpretar o mundo. Por ser um maiores ou menores.
importante organizador ajuda no autoconhecimento
e na consolidação do Projeto de Vida. 1. O primeiro passo é você escolher as diferentes
Aproveite a escrita para também interpretar o seu cores que irão representar suas emoções e colorir,
mundo interno. como no exemplo ao lado:
Tente levá-la para seu dia a dia: para além das 2. Ao longo de um tempo, no final de cada dia,
aulas do Projeto de Vida! você irá avaliar rapidamente como foi seu dia.

A ideia é que ao avaliar o que ocorre com você


AULA 14: O valor da afetividade diariamente, mesmo que pouco, você consiga refletir
como foi o seu dia e saia do piloto automático.
Objetivos de Aprendizagem Ao longo do tempo essa é uma grande oportuni-
dade para identificar a frequência e a intensidade de
Refletir sobre o valor da afetividade e da expres- alguns comportamentos e sentimentos e poderá te
são dos sentimentos interpretando papéis (debate ajudar a escolher o que fazer com eles.
simulado e/ou encenação de conflito) para analisar
a importância de expressar o sentir na concretização
do Projeto de Vida.

Nessa Aula:

Você conhece o calendário de emoções?

É uma técnica utilizada para ajudar na aquisição


de autoconhecimento.

203
PROJETO DE VIDA

AULA 15: Não me define!

Objetivos de Aprendizagem

Promover uma reflexão sobre a qualidade da re-


lação que temos com o nosso corpo utilizando mo-
delos de comportamento (pessoas e/ou situações) O termo “body positive” vem da junção das pala-
para estimular o fortalecimento da autoestima e da vras “corpo” e “positivo”, ou seja, uma forma de ter
autoimagem. um olhar positivo sobre o corpo, seja ele como for.
Assim, este movimento pode se resumir na ideia
Nessa Aula: de que não importa o que a sociedade diga do seu
corpo, e sim, importa o que você pensa sobre ele.
Não é um processo fácil passar a enxergar como
belo aquilo que a sociedade, de uma forma geral, não
costuma valorizar. Porém, é possível, com o tempo,
mudar a postura e se sentir mais confiante.
Confira alguns pontos que norteiam o movimento
body positive:
• Não se comparar às pessoas.
• Refletir sobre as próprias qualidades.
• Repensar amizades que criticam o seu corpo.
• Dizer não ao discurso de ódio.

204
PROJETO DE VIDA
• Evitar seguir perfis, em redes sociais, que exi- causa do nosso sofrimento: procuramos remédio e
bem o padrão vigente. acabamos com a dor! Não podemos falar das angús-
• Seguir perfis de Body Positives, de pessoas fora tias, das perdas, dos lutos porque sofrer é sinal de
do padrão vigente. fraqueza e somos ensinados/as desde muito cedo que
não podemos mostrar para o outro os nossos erros.
Para além dessas dicas, com base na aula de hoje, Contudo, perder e não ser invencível, é algo que
quais são os cuidados que você pode ter para cuidar nos torna humanos. A melhor maneira de lidar com
e valorizar melhor o seu corpo? a realidade é admitir nossa vulnerabilidade em vez
de tentar ocultá-la. Encarar os problemas de frente
torna mais fácil vencê-los e nos ajuda na construção
1)
de relacionamentos saudáveis

2)

3)

AULA 16: O luto me muda. Eu mudo e luto!

Objetivos de Aprendizagem

Refletir sobre o sentimento de luto identificando


através de rodas de conversa o papel da perda na
vida de cada um para ressignificar o tempo da dor e AULA 17: Eu estarei lá pra você.
as suas potencialidades no cotidiano.
Objetivos de Aprendizagem
Nesta Aula:
Refletir sobre a relação com o outro no tempo
presente e a importância disso no seu crescimento
pessoal baseando-se em análises de caso para pro-
mover um momento de interação e fortalecimento
das relações interpessoais.

Nesta Aula:

Uma das maiores dificuldades do nosso tempo é


admitir que sofremos. Somos uma juventude influen-
ciada pelas redes sociais, quando tentamos mostrar o Leia o texto da próxima página.
lado bom de tudo e de todos/as o tempo todo, aca- Pensando na aula de hoje, você consegue listar
bamos não admitindo que às vezes podemos sentir as cinco pessoas que mais influenciam no seu cresci-
dor. Em um mundo cada vez mais rápido e imediatista, mento pessoal? Qual a importância delas na sua vida?
no mínimo incômodo não chegamos a questionar a Como você pode fortalecer essas relações?

205
PROJETO DE VIDA

206
PROJETO DE VIDA
AULA 18: Família é comunicação Leia o quadro a seguir.

Objetivos de Aprendizagem

Reconhecer as mudanças no mundo relacionadas


ao padrão familiar discutindo dilemas (apresentados
em reportagens, livros e/ou filmes) para refletir sobre
a importância da comunicação na construção de um
ambiente familiar saudável.

Nesta Aula:

Já ouviu falar nos direitos assertivos?

São um conjunto de direitos que permitem a cada


um de nós sermos nós mesmos, agir e expressarmo-
-nos perante os outros, sem distinções de cor, sexo,
idade ou status social. É importante considerar que
os direitos vêm definidos em termos abstratos, e que
devem ser particularizados de acordo com as nossas
situações individuais.
Não é obrigatório concordarmos com todos eles,
a listagem constitui apenas um auxiliar para cada um
de nós construir o seu “guia de ação” na comunicação
assertiva - assunto da aula de hoje.
Mas ao fazê-lo teremos obrigatoriamente que
aceitar que não são direitos exclusivamente nossos,
mas sim aplicáveis a todas as pessoas com quem in-
teragimos.
Não podemos defender direitos sem aceitar a
responsabilidade que vem junto com eles: defender
os nossos direitos considerando sempre os direitos
dos outros.

207
PROJETO DE VIDA
Quando você pensa na sua relação familiar qual A importância da família e da escola.
desses direitos você tem mais dificuldade de garantir O que você pensa sobre isso?
para você e para os outros? Por quê?

AULA 19: Todos nós juntos.

Objetivos de Aprendizagem

Problematizar o papel da família na base educa-


cional discutindo dilemas (apresentados em reporta-
gens, livros e/ou filmes) para fazer uma revisão analí-
tica dos valores e regras da família e da comunidade
escolar.

Nesta Aula:

AULA 20: Os dois lados da moeda.

Objetivos de Aprendizagem

Problematizar o papel social e as responsabilida-


des da mulher e do homem nas relações familiares
discutindo dilemas da juventude local (emprego, gra-
videz na adolescência etc.) para refletir sobre o papel
desses elementos no seu Projeto de Vida.

208
PROJETO DE VIDA
Nesta Aula: AULA 21:
Só existe escolha com informação!

Objetivos de Aprendizagem

Discutir o planejamento familiar e métodos con-


traceptivos utilizando-se de estudos de caso para
refletir sobre as ansiedades, resistências e conflitos
em relação ao uso de métodos de planejamento fa-
miliar.

Nesta Aula:

Falar sobre questões de gênero é ainda muito


polêmico e recente, envolve questões ligadas à reli-
gião, à cultura e ao que se considera moral e ético na
sociedade. Como as expectativas sociais, os papéis e
estereótipos destinados a homens e mulheres inter-
ferem na construção do seu Projeto de Vida? Tente
definir e escrever um pouco sobre isso!

Mapa Mental

O mapa mental nada mais é do que uma forma


visual de apresentar ideias. São desenhos criados
para facilitar seu entendimento sobre determinado
assunto, oferecendo a possibilidade de espacializar
as ideias no papel, facilitando a memorização. Serve
como ferramenta para organizar de forma coerente
um quebra-cabeça complexo. Por fim, pensando tam-
bém no lado cognitivo, é interessante expressar as
ideias não somente a partir de palavras, mas de um
gráfico, de uma tabela ou de uma imagem.

Como fazer?
A organização do mapa mental deve ser pensada
como se fosse uma árvore.
Primeiro, a ideia central, o tronco da árvore, e
só posteriormente, você irá avançar para os galhos
e folhas, em uma espécie de detalhamento e desdo-
bramento das ideias iniciais.

209
PROJETO DE VIDA
Assim, uma primeira etapa é colocar a ideia cen-
tral no papel, o tema do seu mapa mental depois insira
as várias ideias que aparecem sobre o assunto.
É importante que você puxe setas, linhas ou agru-
pe tudo dentro de um espaço determinado do papel.
Isso ajuda nosso cérebro a espacializar as ideias, além
de servir como uma duplicidade de informação, faci-
litando a memorização
A partir disso, comece a organizar os subtópicos.
Agora, com o pensamento organizado, é possível
preencher seu mapa mental com imagens, desenhos,
tabelas, gráficos, fórmulas e observações. Lembrando Sobre o tema da aula de hoje elabore um mapa
que sempre vamos detalhando cada vez mais o con- mental refletindo sobre as seguintes questões:
teúdo. Isso envolve pesquisa. ● Objetivo de se ter um planejamento familiar.
É nesse aspecto que o mapa mental ou resu- ● A razão para fazer um planejamento.
mo com suas próprias palavras é muito importante, ● Qual(ais) problema(s) que pode(m) ocorrer.
pois obriga o cérebro a entender aquele conteúdo e ● Qual(ais) solução(ões).
transformá-lo em palavras ou imagens. Isso é o que
denominamos estudo ativo, e é fundamental para
desenvolver suas habilidades e fixar o conteúdo.
Abuse e use das cores da caneta ou do marca-tex- Referências
to como simbologia. Mas tenha o cuidado de seguir
determinada lógica que facilite a associação das suas [1] GARCIA, Luiz Fernando. Pessoas de Resultado: O
ideias! Reorganize o que está escrito para melhor en- Perfil de Quem se Destaca Sempre. 4ª Ed. São Paulo:
caixar as imagens e aproveitar os espaços vazios. Gente, 2003.

Do que você precisa para fazer um mapa mental? [2] MACHADO, Nilson José. Projeto de vida. Entrevista
 Folha A4 ou caderno. concedida ao Diário na Escola-Santo André, em 2004.
 Canetas coloridas.
 Tema principal, tópicos e subtópicos. [3] MARCELINO, Maria Quitéria dos Santos; CATÃO,
 Charges, desenhos ou imagens que possam te Maria de Fátima Fernandes Martins; LIMA, Claudia
ajudar a sintetizar o conteúdo. Maria Pereira de. Representações sociais do projeto
 Não tenha medo desenhar! de vida entre adolescentes no ensino médio. Psicolo-
gia: ciência e profissão, v. 29, n. 3, p. 544-557, 2009.
Pratique! Faça muitos mapas mentais. Com isso,
cada vez mais, você irá desenvolver sua capacidade [3] MORAN, José. Metodologias ativas para uma
de produzir os melhores mapas mentais. aprendizagem mais profunda. Metodologias ativas
para uma educação inovadora: uma abordagem teó-
rico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018, 02-25.

[4] NOVOA, A. Professor se forma na escola. Nova


Escola. São Paulo, n. 142, p. 13-15, mai. 2001.

[5] NOVOA, A. (Org.) Profissão professor. Portugal:


Vamos treinar? Porto, 2. ed., 1995.

[6] WALLON, H. As origens do pensamento na criança.


São Paulo: Manole, 1999.

[7] Youtu.be/fDZ5EnSxLTE. Acesso: 15 de fevereiro


de 2020.

[8]Material do Educador: Aulas de Projeto de Vida. 1º


e 2º Anos do Ensino Médio. ICE: Instituto de Corres-
ponsabilidade pela educação.

210
PROJETO DE VIDA
PROCESSO DE com os colegas, e muitas outras são alguns dos exem-
AVALIAÇÃO QUALITATIVO plos possíveis.
Por fim, a cada aula de Projeto de Vida você, estu-
Caro/a Estudante, dante poderá realizar sua autoavaliação, percebendo
suas próprias dificuldades de forma mais concreta,
A disciplina Projeto de Vida está incluída como desenvolvendo seu autoconhecimento e entendendo
parte obrigatória do currículo de ensino médio, sendo as relações construídas ao longo da vida, entenderá
a carga horária distribuída em uma hora/aula para a que esses são fatores importantes para a realização
1ª, 2ª e 3ª séries. A organização pedagógica desse pessoal e profissional de todo ser humano.
componente curricular tem o objetivo de estimular,
motivar e desenvolver o senso crítico e a percepção de
sua realidade, como de suas implicações nos aspectos
e contextos socioculturais, possibilitando a definição
de metas e estratégias para alcançar seus objetivos de
vida, sendo um direcionamento, não cabe reprovação.
O Projeto de Vida parte de uma proposta interdi-
mensional, aliando aspectos cognitivos e não cogni-
tivos em busca de uma educação com significado, de
forma integral e tornando o estudante capaz de seguir
sua trajetória fazendo boas escolhas com consciência,
autonomia e responsabilidade.
Para desenvolver essa metodologia é necessário
promover o acolhimento da diversidade constitutiva
em vocês, jovens estudantes e o desenvolvimento da
sexta competência geral da BNCC na construção do
Projeto de Vida conectado ao Projeto de Protago-
nismo Juvenil. Nessa perspectiva, com a orientação
do professor registra a contribuição das atividades
integradoras desenvolvidas em sala de aula e o que
julgar necessário para a construção de seu Projeto
de Vida.
O processo de desenvolvimento será analisado a
partir da frequência e verificação de comportamentos
observáveis em relação ao investimento do quanto
você está efetivamente se dedicando a essa constru-
ção cotidianamente, bem como ao desenvolvimento
de habilidades, como autoconhecimento, autonomia,
autorregulação, compromisso, iniciativa, planejamen-
to, resolutividade, responsabilidade pessoal e social
dentre outros.
A proposta de avaliação do Projeto de Vida não
tem atribuição de nota, pois trata-se de um modelo de
avaliação qualitativa, que por sua vez, refere-se ao que
não pode ser mensurável. O intuito do registro é obter
elementos complementares às observações a respei-
to das motivações, comportamentos e necessidades
do estudante, bem como sua opinião e expectativas.
Nesse tipo de avaliação, os dados gerados não são
números, pois seu caráter é exploratório.
Estudantes o olhar atento do docente durante as
aulas de Projeto de Vida possibilitará o acesso a infor-
mações valiosas, que poderão alcançar o estudante
de forma individualizada, percebendo as potenciali-
dades (competências e habilidades), as evoluções ou
regressões, possibilidades de avanços, proposta de
novos planejamentos e atividades, relacionamento

211
PROJETO DE VIDA

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PROJETO DE VIDA

213
PROJETO DE VIDA

214
PROJETO DE VIDA
ORIENTAÇÃO DO PROCESSO base nos valores dessa escala os estudantes poderão
DE AVALIAÇÃO QUALITATIVA perceber como estão evoluindo no decorrer de cada
bimestre.
O processo de avaliação do desempenho e da Acreditamos que o processo de avaliação de de-
auto avaliação dos estudantes poderá ser realizado sempenho, a auto avaliação dos estudantes e a ava-
a partir das três fichas propostas para os estudantes liação qualitativa dos mediadores sendo realizada de
e uma ficha para o(a) professor(a). Cada estudante forma con�nua poderá contribuir significativamente
deverá ter as três fichas de auto avaliação durante no processo do autoconhecimento dos estudantes
os 04 bimestres para que possam responder. No final colaborando com a maturidade dos estudantes para
da avaliação realizada pelos estudantes o mediador a construção do projeto de Vida.
irá recolher as fichas e colocar num arquivo. A cada
bimestre o mediador poderá propor a ficha 1 com
outras questões e aplicar as fichas 2 e 3.

A FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCONHECIMEN-


TO/REVENDO SUA VIDA PESSOAL será utilizada por
todos os estudantes da turma para que eles possam
com base nas questões propostas se auto avaliar. Essa
ficha poderá ser usada para os quatro (04) bimestres,
com as mesmas questões ou com outras questões
que o mediador achar pertinente. Serão cinco (05)
questões para que os estudantes analisem como ele
está de acordo com os conceitos REGULAR, BOM e
ÓTIMO. Também poderão listar os pontos que preci-
sarão melhorar. Na parte que propõem a nota o estu-
dante irá se avaliar numa escala de 0 a 10, o intuito é
que cada estudante possa se auto avaliar dessa forma
será possível que cada um possa acompanhar se está
evoluindo ou não, de acordo com sua avaliação.

Na segunda FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO há três questões de auto avaliação
para serem respondidas pelos estudantes utilizando
a escala de 0 a 10, sendo: SIM, SEMPRE com valor da
escala corresponde de 8 a 10; ÀS VEZES com valor
da escala corresponde de 4 a 7 e NÃO, NUNCA com
valor da escala corresponde de 0 a 3. O mediador irá
utilizar a mesma ficha no decorrer de cada bimestre,
dessa forma o estudante poderá perceber como está
seu desenvolvimento nas questões levantadas. Neste
caso é importante que os estudantes elenquem os
pontos de atenção que precisarão ficar atentos du-
rante a construção do Projeto de Vida.

Na terceira FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO os estudantes irão avaliar sua assidui-
dade, disciplina, iniciativa, Responsabilidade, produ-
tividade e descrição. As seis questões também serão
respondidas com base na escala de 0 a 10 sendo: SIM,
SEMPRE com valor da escala corresponde de 8 a 10;
ÀS VEZES com valor da escala corresponde de 4 a 7 e
NÃO, NUNCA com valor da escala corresponde de 0 a 3.

Ao finalizar a auto avaliação das três fichas, os


estudantes poderão somar todos os resultados, sen-
do que esse número/total poderá chegar a 100. Com

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