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GELT1101 - Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica Aula 3 - Características Elétricas das Linhas de Transmissão
INTRODUÇÃO
A resistência dos condutores de uma linha de transmissão é a causa mais importante
da perda de potência em uma linha de transmissão por efeito Joule (R).
A indutância, assim como a resistência ôhmica, é um dos parâmetros que mais
afetam a capacidade de transporte de energia em linhas de transmissão.
A presença de campos magnéticos e elétricos ao redor dos condutores, de acordo
com o seu arranjo geométrico, são representados pela indutância em série (L) e pela
capacitância em paralelo (C).
os efeitos da corrente de fuga através das cadeias de isoladores e perdas por
efeito corona são representados pela condutância entre condutores ou entre
condutores e terra (G)
campo elétrico gerado entre os cabos e a terra é representado pela suceptância
(B).
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INTRODUÇÃO
Uma linha de transmissão de energia elétrica apresenta quatro parâmetros distintos
que afetam o transporte de energia:
Resistência; 𝐼𝑚𝑝𝑒𝑑â𝑛𝑐𝑖𝑎, 𝑒𝑚 𝛺/𝑘𝑚 → 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋
Reatância;
Condutância; 𝐴𝑑𝑚𝑖𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎, 𝑒𝑚 𝑆/𝑘𝑚 → 𝑌 = 𝐺 + 𝑗𝐵
Susceptância.
𝑅 𝑗𝑋 𝑍 𝑍
𝐺 𝑗𝐵 𝑌 𝑌 𝑌
RESISTÊNCIA E CONDUTÂNCIA DE
DISPERSÃO
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RESISTÊNCIA
Resistência à Corrente Contínua (𝑟𝐶𝐶 ):
Depende essencialmente dos seguintes fatores:
Natureza do material do condutor, que é caracterizada pela sua resistividade (𝜌);
Dimensões do condutor, sendo diretamente proporcional ao comprimento (𝑙) e inversamente
proporcional à área de sua secção transversal (𝑆).
𝑙 (3)
𝑟𝐶𝐶 = 𝜌 (𝑂ℎ𝑚)
𝑆
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RESISTÊNCIA
Resistência à Corrente Contínua (𝑟𝐶𝐶 ): A resistividade (ρ) de um
condutor, por sua vez, depende de outros fatores ou características:
Têmpera do material: é um tratamento térmico para modificar o endurecimento do material condutor;
Pureza do material: quanto maior o grau de impureza de um condutor de cobre, maior será a
resistividade;
Encordoamento: o encordoamento de filamentos afeta a resistência de cabos condutores, sendo
homogêneos ou não.
Temperatura: a resistividade cresce com aumento da temperatura. Essa variação é linear dentro da
faixa de valores de operação de uma linha de transmissão.
𝑅2 𝑇 + 𝑡2 (4)
=
𝑅1 𝑇 + 𝑡1
Onde a constante 𝑇 é determinada pelo gráfico, e varia com a natureza e a têmpera do material.
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EXERCÍCIO 1
Um condutor de alumínio puro é composto de 37 fios com diâmetro de 0,333 cm
cada um. Calcule a resistência CC em ohms por quilômetro a 75°C. Assuma que:
o aumento da resistência devido ao encordoamento é 2%;
𝜌 do alumínio a 20°C é 2,83. 10−8 Ω. 𝑚;
T para o alumínio é 228;
A área da seção transversal do condutor cilíndrico sólido é igual ao quadrado do diâmetro
multiplicado por 𝜋/4
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Um condutor de alumínio puro é composto de 37 fios com diâmetro de 0,333 cm cada um.
Calcule a resistência CC em ohms por quilômetro a 75°C. Assuma que:
o aumento da resistência devido ao encordoamento é 2%;
EXERCÍCIO 1
𝜌 do alumínio a 20°C é 2,83. 10−8 Ω. 𝑚;
T para o alumínio é 228;
A área da seção transversal do condutor cilíndrico sólido é igual ao quadrado do diâmetro multiplicado por 𝜋/4
DADOS SOLUÇÃO
Passando de cm p/ m
𝑑 = 0,333 𝑐𝑚 = 0,333. 10−2 𝑚
𝜌 = 2,83. 10−8 Ω. 𝑚 37𝜋(𝑑)² 37𝜋(0,333. 10−2 )²
𝑆= = ∴ 𝑆 = 3,2224. 10−4 𝑚2
T=228 4 4
37𝜋(𝑑)² 𝑙 1 (Ω. 𝑚) Ω
𝑆= 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 = 𝜌 = (2,83. 10−8 ) ∴ 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 = 8,7823. 10−5
4 𝑆 3,2224. 10−4 𝑚2 𝑚 Passando de m p/ km
X 10−3
𝑙 8,7823. 10−5 Ω −2
Ω
𝑟20°𝐶 = 𝜌 (𝑂ℎ𝑚) 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 = ∴ 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 = 8,7823. 10
𝑆 10−3 𝑘𝑚 𝑘𝑚
𝑅2 𝑇 + 𝑡2
= 𝑅2 𝑇 + 𝑡2 𝑟𝑐𝑐75°𝐶 228 + 75 228 + 75 Ω
𝑅1 𝑇 + 𝑡1 = ∴ = ∴ 𝑟𝑐𝑐75°𝐶 = 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 ∴ 𝑟𝑐𝑐75°𝐶 = 0,1073
𝑅1 𝑇 + 𝑡1 𝑟𝑐𝑐20°𝐶 228 + 20 228 + 20 𝑘𝑚
𝑟75°𝐶 =?
Ω
Aumento da resistência em 2% 𝑟𝑐𝑐75°𝐶 𝑎𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 2% = 1,02 × 0,1073 = 0,1094
𝑘𝑚
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RESISTÊNCIA
A frequência das tensões CA produz um efeito na resistência do condutor devido à
distribuição não uniforme da corrente. Este fenômeno é conhecido como efeito
pelicular.
À medida que a frequência aumenta, a corrente tende a ir em direção à superfície
do condutor e a densidade de corrente diminui no centro.
O efeito pelicular reduz a área efetiva da seção transversal usada pela corrente, e
assim, a resistência efetiva aumenta.
Além disso, embora em quantidade muito pequena, um aumento adicional de
resistência ocorre quando outros condutores de corrente estão presentes na
vizinhança imediata.
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RESISTÊNCIA
Ao serem percorridos por uma corrente alternada, os condutores produzem um campo
magnético variável em sua volta, cuja orientação é dada pela regra da mão direita.
Este campo, quando considerado seus efeitos no interior do próprio condutor, gera uma
corrente parasita, que faz com que a corrente alternada no condutor passe pela periferia do
mesmo.
Quando mais intenso for o campo magnético, mais elevadas serão as correntes parasitas,
deslocando mais a corrente do condutor para sua periferia. A profundidade de penetração
pelicular “d”, é dada pela equação:
2. 𝜌
𝑑=
𝜔. 𝜇
Onde “ω” é a frequência angular da corrente, “μ” a permeabilidade magnética do material
e “ρ” é a resistividade do material.
RESISTÊNCIA
EXERCÍCIO 2
Pelas tabelas de características elétricas de condutores encordoados de alumínio puro, o
condutor Marigold tem resistência CC a 20°C de 0,05111 ohms/km e resistência CA a
50°C de 0,05940 ohms/km. Verifique a resistência CC e determine a relação entre as
resistências CA e CC.
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Pelas tabelas de características elétricas de condutores encordoados de alumínio
puro, o condutor Marigold tem resistência CC a 20°C de 0,05111 ohms/km e
resistência CA a 50°C de 0,05940 ohms/km. Verifique a resistência CC e
EXERCÍCIO 2 determine a relação entre as resistências CA e CC.
DADOS SOLUÇÃO
CONDUTÂNCIA DE
DISPERSÃO
Ionização do ar em torno dos condutores devido ao campo elétrico dos mesmos
Como o ar é uma mistura particular de nitrogênio (79%), oxigênio (20%) e várias
impurezas, a descarga é significativamente condicionada pela natureza
eletronegativa das moléculas de oxigênio, que podem facilmente capturar elétrons
livres para formar íons negativos e, assim, dificultar processo de avalanche de
elétrons.
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CONDUTÂNCIA DE
DISPERSÃO
Os elétrons livres próximos à superfície do condutor ganham energia do campo
elétrico, suficiente para sua aceleração. Estes munidos de energia cinética, chocam-se
com os átomos de oxigênio, nitrogênio e outros gases presentes (Tal fato é
denominado ionização por impacto), dando-lhes essa energia que faz os átomos
mudarem para um estado mais elevado.
Os átomos para voltarem à sua condição original, cedem energia em forma de
calor, luz , energia acústica, radiações eletromagnéticas.
A tensão crítica pela qual se inicia o efeito corona é chamada tensão crítica de
corona (Vc)
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO
A distribuição do campo elétrico ao longo de um
isolante é não-linear e produz campos elétricos muito
altos perto do final do isolador.
Campos altos geram corona e descargas na superfície,
que são a fonte do envelhecimento do isolante.
A principal função na aplicação de anéis e toróides anti-Corona, é atuar como dissipadores
do gradiente de potencial em extremidades de isoladores de equipamentos.
Sua aplicação objetiva racionalizar a distribuição do campo elétrico que envolve a conexão
ou haste do isolador/equipamento.
Acima de 230 kV, cada fabricante recomenda que anéis de corona de alumínio sejam
instalados na extremidade da linha do isolador. Os anéis de corona são usados em ambas as
extremidades.
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO
A condutância entre condutores ou entre condutores e terra considera a corrente de
fuga nos isoladores de linhas aéreas.
Desde que a fuga nos isoladores de linhas aéreas seja desprezível, a condutância
entre condutores de uma linha suspensa é considerada como zero.
A condutância de dispersão (g) pode ser obtida através de:
∆𝑃
𝑔 = 2 . 10−3 (𝑠𝑖𝑒𝑚𝑒𝑛𝑠/𝑘𝑚) (5)
𝑉𝑓𝑎𝑠𝑒
Sendo ∆𝑃 a soma das perdas de energia por dispersão em uma fase da linha em
kW/km.
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO
As perdas por dispersão englobam as perdas devido: ao Efeito Corona e as
perdas nos isoladores.
As perdas nos isoladores são provocadas pelo escape de corrente elétrica
através do material pelo qual é fabricado o isolador (por ex.: vidro ou
porcelana), porcelana), como também ao longo de sua superfície. Dentre os
fatores que influenciam as perdas nos isoladores, podemos citar:
qualidade do material;
condições superficiais do isolador;
geometria do isolador;
Frequência da tensão aplicada;
Potencial elétrico ou tensão na linha;
Condições meteorológicas, etc.
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO
Estimar ou calcular as perdas nos isoladores não é tarefa simples e exata, além
disso dependerá essencialmente das condições meteorológicas de determinada
região, aumentando substancialmente sob chuvas fortes.
Felizmente, tais perdas são suficientemente pequenas, a ponto de serem
desprezadas para efeito de análise de sistemas elétricos.
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO Q
r
R
CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO Q
r
R
Nas linhas em médias e altas tensões, a escolha das secções dos condutores
geralmente se baseia num equacionamento econômico entre perdas por efeito Joule
e os investimentos necessários dos condutores.
Entretanto, nas linhas em extra alta tensão (EAT) e ultra alta tensão (UAT), o controle
do efeito Corona (e suas manifestações) pode ser o elemento dominante para
orientar a escolha das secções dos condutores.
A literatura da área indica 3 manifestações do efeito Corona que mais trazem
preocupações nos projetos das linhas, sendo:
Radiointerferência; problemas de comunicação via rádio.
Ruídos auditivos; poluição ambiental sonora.
Perdas de energia elétrica; problema econômico.
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO Q
r
R
A partir da equação, concluímos que quanto maior o raio dos condutores, menor será
o gradiente de potencial na superfície dos condutores. Por outro lado, o aumento do
raio (ou bitola dos condutores) traz como consequências:
Aumento significativo dos gastos financeiros com condutores elétricos;
Aumento da flecha de cada condutor devido ao aumento da massa (peso) do próprio condutor.
𝐶 𝑄
𝐸𝑟 = 18. 106 = 18. 105
(𝑘𝑉 𝑚)
103 𝑚. 10−2 𝑚 𝑟
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CONDUTÂNCIA DE DISPERSÃO
De modo geral, as manifestações do efeito Corona ocorrem simultaneamente e se relacionam
diretamente com o gradiente de potencial dos condutores.
A determinação das perdas de energia por efeito Corona não é exata (longe disso), e
baseia-se em expressões analíticas empíricas observadas por pesquisadores que divergem
muito sob condições de chuva, neve ou de tempo seco.