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O CUSTO
POLÍTICO
DE “SAIR
DO ARMÁRIO”
A orientação sexual de um político
pode servir de arma de arremesso?
Ou até pode beneficiá-lo, dependendo
do partido em que milita? Mariana
Mortágua, candidata à liderança do
Bloco de Esquerda, é o último de uma
série de casos, em Portugal. Saiba
quem foi já prejudicado e quem pode
sair beneficiado
— P O R R I TA R ATO N U N E S
Q
Quando Mariana Mortágua
disse, pela primeira vez, de
passagem, que era lésbi-
ca, fê-lo para esvaziar uma
“perseguição política”, que
assumiu que iria “continuar
e até subir de tom” à me-
dida que se aproxima a sua
provável eleição como lí-
der do Bloco de Esquerda.
“Seja porque sou mulher,
seja porque sou de esquerda,
seja porque sou uma mulher
lésbica, seja porque sou filha
de um resistente antifascista,
seja porque, aparentemente,
tenho o dom de incomodar
algumas pessoas com muito
poder, sei que, infelizmente,
para algumas pessoas, vale
tudo na política”, lamentou,
na semana passada, durante
um debate televisivo no pro-
grama Linhas Vermelhas, da
SIC Notícias.
A deputada bloquista as-
sumiu a sua homossexua-
lidade para evitar ruído, o
que sugere – por muita na-
turalidade que se coloque
no anúncio público – uma
preocupação com a hipótese
de a orientação sexual de um
político ser usada contra si,
especialmente com o cres-
cimento de movimentos e
partidos populistas. A per-
ceção do eleitorado é mais
difícil de aferir, dizem po-
litólogos à VISÃO, mas não
será de descurar que, para
certos votantes, como os do
BE, esta “coragem seja digna
de valorização”, interpreta
José Filipe Pinto, professor
de Ciência Política da Uni-
versidade Lusófona.
Em Portugal, houve ape-
nas dois políticos que as-
MARCOS BORGA
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