Você está na página 1de 92

© 20 l O - Conhecimento Editorial Ltda.

Leni W Saviscki
Enquanto Dormes pelo espírito Vovó Benta
A caridade que também se faz ao apagar das velas no terreiro
Leni W Saviscki

Todos os direitos desta edição reservados


à
CO'.\'HECIMEl'iTO EDITORIAL LTDA
\\~1~1éedconhecimento.com.br
conhecimento@edconhecimento.com.br
Rua Professor Paulo Chaves, 276
Vila Teixeira Marques - CEP 13485-150
Limeira- SP- Fone: 19 3451-5440

Nos termos da lei que resguarda os direi-


tos autorais, é proibida a reprodução to-
tal ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio - eletrônico ou mecânico,
inclusive por processos xqog:ráficos, de fo-
tocópia e de gravação - sem permissão,
por escrito, do editor.

Edição de texto:
ENQUANTO DORMES
Yiargareth Rose Fonseca Carvalho
Projeto Gráfico:
A caridade que também se f_az
Sérgio Carvalho ao apagar das velas no terreiro
Ilustrações:
Banco de imagens

ISBN 978-85-7618-196-5

• Impresso no Brasil • Pmúa en Braeilo


Produzido no departamento gráfico da
EDITORA DO CONHECL'vIENTO
e-mail: vendas@edconhecimento.com.br

Dados lnternacionais de Catalogação na Publicação (ClP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Benta, Vovó (Espírito)
Enquanto Dormes - A caridade que também
se faz ao apagar das velas no terreiro/ pelo es-
pírito Vovó Benta ; [psicografado po,J Leni W
Saviscki - 1' ed. - Limeira, SP : Editora do
Conhecimento, 201 O.

ISB!\ 978-85-7618-196-5

1. Carma 2. Exú 3. Mecliunidade 4. Psicografia l3 edição


5. Reencarnação 6. Umbanda (culto). I. Saviscki,
Leni W ll. Titulo. 2010
10-00854 CDD -299.672
Índice para catálogo sistemático:
1. Mensagens mediúnicas psicografadas dos pretos
velhos: Umbanda: Religião 299.672 EDITORA DO
2. Preto Velhos : Psicologia : Mensagens mediúnicas
psicografadas: Umbanda: Religião 299.672
CONHECIMENTO
Nossa bíblia é imensa e se chama natureza, uma
única e verdadeira obra divina feita exclusiva-
mente pelas mãos do grande Criador do Univer-
so, cujos capítulos e versículos são: a Cachoeira,
a Pedreira, o Caminho, o Lago, o Mar, a Mata, o
Céu, o Fogo, a Terra, a Chuva, o Vento, o Dia, a
Noite, a Vida, a Morte.
Tudo o que precisamos saber está gravado ali
há muito tempo, antes mesmo de surgir a nossa
escrita. Obra do Divino Criador do Universo, ao
qual devotamos absoluto respeito.
Ela, a natureza, é a nossa bíblia; ela é a bíblia
do umbandista.
Tata Caveira - um exu na umbanda
Recebido por Iassan A. Pery
Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Liberdade 12
O camboninho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Os elementais e seus elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Dona Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
O passado 19
Quando as luzes se apagam 21
Trabalhando no Astral 27
A missão , 35
Novas tarefas : 41
Aprendendo e auxiliando 43
Demandas . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
A cruz de cada um 52
Uma ajuda especial 56
Novas aventuras 62
Oportunidades perdidas 75
Tragédias coletivas 79

9
Auto-obsessão
Bendita dor 82
...............................
Tirando dúvidas · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 86
Justiça aos iusto ··························:·······································91
J s .
Tudo fica gravado · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 102
A miséria humana·~·~·~~~~~·~~·~~~··~~~~·························· 105
Introdução
p o 113
uradores e dores . ·········· ·
e
Zé Alguém ····························································· 117
Dinheiro e crise ······························································ 121
..........................
Bengalas · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 125
Por vezes, sentimos que aquilo que fazemos não é senão
Plantio im;~~~·~~~····························································· 129
uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe
......................
Orar é preciso, vigiar é obrigatóri~··············--···················· 134 faltasse uma gota. Madre Teresa de Calcutá
Está faltando Deus 138
O homem de bem ·················· ··· ·· · ·· ·· ······ · ·· ··· · ·· · ·· ··· · ·· · ·· · ··. 141 Uso desta sábia citação de Madre Teresa para justificar a
limitação encontrada ao transmitir, por meio das letras, a men-
Festa de ibeiiada ····························································· 147
sagem caridosa de nossa querida Vovó Benta.
Socorrendo J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Não tem o presente livro a intenção de dar lições de um-
Prisioneiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 banda, mas sim de mostrar que além do que os olhos físicos
veem existe toda uma vida ativa no plano espiritual, envolvendo
Mediunidade.~~.~~~;~~~~~~~~·······································;····· 161 a caridade prestada nos terreiros. Por isso é que sempre vai va-
Evoluindo ··········································· 165 ler a pena a dedicação e a fé do médium, por mais simples que
seja o seu trabalho dentro do templo. O que o tornará valioso é
Primero ce~~~~~;~~· ~·~· ~~~~~~~· ~~ ·~;~~~~· ·~~~~ ·~ ·;~~~ · · · ~ ~~ o amor e a humildade com que ele o desempenha.
Que seja apenas uma gota de água, mas se estas páginas
Umbanda - sem preconceito ··· puderem trazer-lhe, caro leitor, algum alento, alguma luz ao seu
Umbanda tem fundamento! ········· 175 pensamento, confio que estaremos contribuindo para que as
Umbanda de Aruanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 fontes do bem não sequem jamais.
······················································ 180 Saúdo-os em nome de nosso Pai Oxalá! LeniW.S.

11
A paz que seu coração sentia pelo dever cumprido era per-
turbada pelo constante assédio dos inimigos invisíveis, em fre-
quentes noites de insônia. Dor que ainda perdurou no exílio,
longe do país que aprendeu a amar e onde terminou os seus dias.
Quando, enfim, a brandura da morte a buscou, pôde rever
de outras paragens o resultado que o bem oferta às almas dele
Liberdade praticantes. Negros de almas brancas a recebiam em festa e,
junto deles, ainda hoje pode abrandar a dor daqueles que não
compreenderam a lição, mantendo suas almas enegrecidas.
Labuta ainda a princesa, seja arqueando as costas de quem
a recebe, na simplicidade inerente aos pretos velhos, ou como
mentora daqueles que fazem as leis. Conforta os brancos de al-
mas negras, tentando libertá-los da escravidão de seus próprios
egos, na esperança de que se cumpra a Lei Áurea em sua pleni-
Da pena de ouro sobre o branco . . tude. Tantas vezes ainda desce aos porões desta grande senzala,
ordem que libertari papel, matenalizava-se a
a o negro. Isabel t d cortando as correntes que mantêm presos espíritos ainda cris-
do poder real, comandada pelas f ' num a o e amor, usando
das correntes e ferros em bra orças ~e luz, libertava os corpos talizados em suas lembranças escravas.
. . sa, mas nao podia lib rtar Liberdade aos vossos espíritos, abençoados filhos desta ter-
mas aprísíonadas pelo ódio gerado fri e suas al-
saros da gaiola, mas eles esta no so rmento. Soltava os pás- ra que tanto amo! Com respeito e amor, daquela que um dia
sabiam voar. Por isso diante ;am c~m as asas cortadas e já não vestiu a roupagem de princesa.
a lei da sobrevivênci; muitos os pendgos da selva, onde imperava
, se per eram Mensagem transmitida de Aruanda por Vovó Benta, um espírito
A pele negra ainda era negra e mb . que, por necessidade de aprendizado, também foi escravo no passado.
continuava atrelada à ígnorân . , e ora _liberta pela lei,
possuem alma" d" . b eia e ao preconceito. "Negros não
. ' iziam os rancos Talve - ·
pois a dor suportada por seus co . . . , z n~o a tivesse?1 mais,
sura de suas almas nas . h rp~s ja havia consumido a li-
. , quais avenam de p .
fendas pelo tempo afora Er f ermanecer muitas
pesadas dívidas do passadoa a orça do car~a tentando esgotar
entendimento em cada co '_ao encontrar diferentes modos de
raçao.
Embora todo aparato espiritual
da posição assumida alrn d . protegesse Isabel diante
. , as en urecídas no 1
neciam no mundo dos mort ma, que perrna-
os revo 1tas em s d
rebelaram-se na tentativa de t eu mar e lama,
consideravam "seus escravos'~~n er o poder sobre aqueles que
terras, envolvidos com esses t rancos encarnados e donos de
sália; abandonaram o Impe levosos seres, num ato de repre-
de muita dor. ra or, custando ª Isabel momentos

12 13
Leni \\'. Saviscki

li
O camboninho Os elementais e seus elementos

C:3-mbono ou cambone: auxiliar d , . . Sábio é aquele que se esforça para purificar seu próprio
çao que ajuda os guias nas n ~s médiuns de mcorpora- mundo e para fazer amizade com os seres da natureza,
Iiar de culto de extrema imp~~~s1~ades da~ sessões; auxi- derramando amor, gratidão e bênçãos sobre aqueles que,
de umbanda. ancia nas giras do terreiro delicada e incessantemente, servirão à humanidade, se ela
desejar proteção em tempo de crise.
Serapis B_ey
• Encerrava-se o trabalho da ·t
do terreiro apressavam-se d noi e e, enquanto os médiuns
· · em ar ordem a 0 1 1
píritual a movimentaça-0" oca , no plano es- Enquanto tudo se organizava no terreiro e os médiuns se
. recomeçava"
Juju, assim chamado carinhos . preparavam para retornar às suas casas, no ambiente astral
adolescente sorridente e P tatí amente pelos irmãos, era um os preparativos eram agora para a continuidade do trabalho
mediúnica há bem pouco r;:m : 0
qu~ fazia parte da corrente da noite.
bono. Sempre muito atencio P ' e ah_ t:abalhava como cam- Após o encaminhamento de todas as entidades doentes aos
entidades. so, era solicitado para atender as hospitais do plano espiritual, uma limpeza energética se fazia
Nesta dita noite, Juju servira d . necessária. Para tanto, os elementais utilizavam os elementos da
e, ao final dos atendimentos e ajudante para Vovó Benta natureza para reequilibrar o ambiente, movimentando-se num
- Camb inh '.ª preta velha solicitou-lhe· bailado feliz, com seus minúsculos corpinhos fluídicos.
. om o, vou pedir ao filh . .
dormir, tome um banho de . . - o que esta noite, antes de As velas que ainda queimavam nos pontos de força do ter-
lhar com esta preta veiha nmanJerdicao e se prepare para traba- reiro, em nível sutil, eram usinas mantenedoras da energia íg-
' 0 mun o astral
-Mas como se faz isso Vó Benta? A h. - . nea, dando sustentação às salamandras que, com suas línguas
guntou .º menino, um pouco assustado c o que nao sei ... - per- de fogo, invadiam o local a fim de reciclar todos os miasmas
- Fica tranquilo meu menino! Confia nesta nega véia. deixados ali após os atendimentos.
A pequena fonte de água que se mantinha em movimento
era o abrigo e ao mesmo tempo o manancial onde as sereias, as
andinas e as ninfas se abasteciam para higienizar o ambiente.
As flores e ervas sobre o congá eram reavivadas pelo toque

14 15
dos duendes e fadinhas qu e , .
tros elementais preenchiam' aoposrnb
a profilax ia exercida pelos ou-
' a iente com a en ·
usando seus aromas medicam entos ergia vegetal,
N os.
a parte externa do terreiro os ilf .
zavam tudo através do vento tr~·d s ~s re~o~am e higieni-
tade qu e viria amenizar a atm osf~r~ {eeo anuncio da tempes-
cheia se escondia atrás de espessas nuvens rrestre, enquanto a lua
negras. DonaUaria
Ess~ orq~estra toda, regida pelo Senhor dos M
v! s1:a sinfonia num acorde perfeito fazend
tao simples um verdadeiro cenário d 1 a: undos, !oca-
daquele ambiente
cido pelas mãos do Criador do ale uz, ~nçoado ~ enrique-
obra de arte pelas mãos de' ~ t se ~oder~a fazer riquíssima
· um pm or Iudo isso y ·
noite, invisível aos olhos físicos dos h . . . no s1 encio da
sentidos. omens, limitados aos cinco
Como a abelha, que colhe o mel de diversas flores, a pessoa
que é sábia aceita a essência das diversas escrituras e vê
somente o bem em todas as religiões.
Mahatma Gandhi

A noite, que a princípio estava estrelada, agora cobria-se de


densas nuvens e ameaçava transformar-se num temporal.
Dona Maria aguardava ansiosa a chegada de Juju, temendo
que seu menino fosse pego pelo aguaceiro que já se avizinhava.
O vento forte não a impediu de ficar na janela, de olho espichado
para o final da rua. Já tinha acendido uma vela para Nossa Se-
nhora Aparecida, e agora queimava ramos de oliveira, seus ramos
bentos que, na sua crença, afastavam as tempestades.
Ao avistar a figura de Juju, que desembarcava do carro de
um amigo que lhe dera carona, seu coração ansioso serenou.
- Meu filho, temi tanto por sua segurança. Vem temporal
feio e você sabe que não pode pegar resfriado, pois sua bron-
quite ...
- Mãezinha, já estou curado da bronquite. Você esqueceu?
- Tem caldo quente no fogão. Toma logo seu banho e depois
se alimenta.
- Mãe, preciso tomar um banho de manjericão. Prepara
para mim, enquanto me lavo?
Dona Maria não achava muito certo que seu filho, batizado
na igreja católica, estivesse agora trabalhando e seguindo uma

17
16 Enquanto Dormes
religião diferente da sua. Não conseguia encontrar fundamen-
to nas práticas umbandistas; mesmo assim não discordava da
vontade de seu menino, pois havia sido lá, na umbanda, que
encontrara a cura para a doença que ameaçava sua vida.
Lembrava agora de como o filho tivera uma saúde frágil
desde bebê. Já nos primeiros dias de vida, fora hospitalizado
com forte crise asmática e, daí em diante, foram noites inteiras O passado
de plantão ao seu lado, temendo que morresse asfixiado pelas
constantes crises de falta de ar. Quando o marido morreu, a
situação se agravou, pois dona Maria foi obrigada a deixá-lo na
creche para conseguir trabalhar e, assim, sustentá-lo.
Numa de suas maiores crises, já na fase escolar, foi aconse-
lhada por uma vizinha a levá-lo num centro de umbanda para
. da e progredir sem cessar, tal
tomar passes com uma preta velha que receitava um xarope ca- Nascer, morrer, renascer am
seiro, feito com ervas e mel, que resolvia problemas de pulmão. é a Lei. Allan Kardec
Cansada de ver seu frágil menino sofrer, mesmo contra sua von-
tade, acompanhou a amiga ao centro, onde foi bem-tratada e como Juju era colocado agor~,
até gostou dos cantos e da paz que sentiu lá. Mas teve de voltar O espírito que e~carnar,~. daquela enfermidade, no seio
mais vezes, pois a indicação da preta velha era de que o menino propositalmente, por mtei:me ioomproni.isso firmado ainda no
precisava de sete benzimentos e de três garrafas do xarope, que da umbanda para cu~pnr d,:t adquiridos em vida passada,
dona Maria mesmo iria preparar em casa. A entidade ainda lhe Astral, e assim ress_~cir e I os
afirmou, na última visita, que o jovem teria uma missão impor- Pelo preconceito religioso.0 mesmo esp1n , íto havia nascido em fa-
• A •

tante a cumprir na Terra e que aquela doença era o expurgo Naquela existencia, . t ropeu Dotado de gran-
necessário para que seu espírito pudesse, após a cura, cumprir d do contmen e eu ·
mília católica abasta a t ·nteligente e perspicaz, chegara a um
o prescrito. Disse que ele deveria trabalhar na caridade, pois de cultura, extremamen e i . ano e para manter tal poder,
era médium, e que iniciaria esse mandato quando completasse cargo elevado dentro do, c~er~ r~:S seus 'superiores, servindo de
quatorze anos. mantinha-se sempre pro:--i:11 . em não cumpria as ordens da
A princípio, dona Maria ficou bastante angustiada, pois era fiel escudeiro na persegmçao .ª qu ,
. dita as leis da epoca. , .
católica. Porém, bem antes de Juju completar quatorze anos, Santa IgreJa, que v~ . - , oca trevosa da historia da hu-
viu despertar nele a curiosidade pela leitura espiritualista que o No início da Inqmsiçao, e~ lh . o" do clero delatando aos
fez frequentar o centro de umbanda onde acabou sendo convi- t ou como o err ' .
manidade terrena, a u al t' po de poder curativo para
dado a trabalhar como cambono. Desde então não tivera mais juízes aqueles que usavam ~u~oje os benzedores e médiuns
crises; sua saúde melhorara consideravelmente. auxiliar as pessoas, como o sao
curadores. di te das leis supremas, quando ele,
Sua culpa se agravou ~ levara à fogueira a pessoa que
usando impiedosamente do po e~ve na juventude, antes de assu-
o havia curado de uma doença gr
mir O sacerdócio.

19
18 Enquanto Dormes
Seu desencarne naquela existê . .
tos anos no leito da dor expurgativa.d se deu depois de mui-
Além-túmulo uma vez que ' or que permaneceu no
' ' enquanto na carne - lh
o arrependimento necessário. ' nao e trouxe
Mas como o inferno é u di -
um dia acordou em braços amorosos çao consciencial e finita,
temente, abriram-lhe os olhos P ?ue o acolheram e, pacien-
hoje, embora no mundo espirit::1 ae~z. O~ mesmos braços que
Quando as luzes se apagam
p~sso_s na senda mediúnica com ; fin~~1: 1 hamd e guiam seus
direção perdida. . ª e e que refaça a
AgÓra, ali estava O mesmo me · .
à luz, cumprindo tarefa na carida~mo, servmd~ ~umildemente
cambono em terras brasileiras Seu :; na condição ~e simples
tado aos poucos, por meio do trabalh nh~c1mento s~na desper-
0 A umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática
a fim de que desta vez - e e certas dificuldades,
trazidas do Além. .riao se perdessem as lições de humildade da caridade pura, o amor fraternal, a paz e a humildade.
Entretanto, ela também se propõe a produzir, pela magia,
modificações existenciais que permitem a melhora da vida
ao ser humano.
Autor desconhecido

Enquanto o terreiro de umbanda perrriãnecia fechado, sem


nenhum movimento, parcamente iluminado pelas velas que fir-
mavam os sete pontos de forças, sua contraparte astral continua-
va muito movimentada.
O que as pessoas não imaginavam é que, na maioria dos
atendimentos realizados durante a noite, haviam ficado pendên-
cias a ser resolvidas pela espiritualidade no plano extrafísico,
tarefa realizada por entidades que labutam nas diversas linhas
de trabalho do plano espiritual.
Naquela noite específica, um caso especial envolveu toda a
equipe comandada por Ogum Sete Ondas, protetor do dirigente
da casa. Havia chegado ao local um rapaz apresentando sin-
tomas de depressão profunda, quadro que evoluía há bastante
tempo, cujo tratamento psiquiátrico não vinha surtindo resulta-
do. Muito desgastado fisicamente, andava como um sonâmbulo
amparado pelos pais que, desesperados, solicitavam ajuda espi-
ritual ao jovem de apenas dezoito anos.
Durante o atendimento realizado por Nhô Benedito, foi

21
20 Enquanto Dormes
feita uma limpeza , . que arrecadou no passado distante como mestre de magia ne-
chimb o, bem como ~;~:a~;-:ravés das ~aforadas de seu ca- gra que fora. Após o desencarne extremamente doloroso para
forças, além do socorro aos di emergencial de seus centros de seu corpo físico, mas benéfico ao corpo espiritual, que, mui-
. . iversos espírito ,
sua mfimta tristeza e desale t s que, atraídos pela to leve, abandonou o invólucro carnal rapidamente, passou a
, . n o, se agregaram ao
gétíco como carr apatos, sugando-lhe . seu corpo ener- viver numa colônia espiritual do Astral onde eram recebidos
restavam. Mas existia ainda 1 · ':s energias que ainda lhe todos os escravizados na carne. E ele, como tantos outros que
atrelado ao mal ~ma ~gaçao entre ele e um espírito poderiam trabalhar com outras roupagens fluídicas, se assim o
, que merecia mais c · d d
desfeita. Por vingança de uma e . C ~i a o e tempo para ser desejassem, escolheu a que mostrava sua última e tão provei-
fora a vítima, e vice-versa este~::ncia e1:1 ~e o algoz de hoje tosa encarnação.
planeta por escolha própri~ comand.:::t
vivia nos umbrais do Mesmo para quem o visualizava com aspecto de um negro
a quem escravizava encontrara o ou~os desencarnados vestido com simplicidade e pés descalços, era impossível não ob-
e agia, há centenas' de anos o ~n1ereço vibratório do rapaz servar a grandiosidade de sua aura iluminada, característica dos
em seu coração. ' com O ª maldade e ódio retidos espíritos cujo coração emana o mais nobre dos sentimentos.
As constantes baixas vibrató . Agora, adentrando o local onde se encontrava aquela cria-
e desalento que O rapaz sentia :{1-,ªs ?ortuniz~das pela tristeza tura disforme, que de humano pouco possuía em razão do tem-
trazia do passado permitir ' em ~ culpa mconsciente que po que permanecia nos porões do planeta, Nhô Benedito tentou
' am que a entidade · ti ·
se pequeno aparelho magnéti , vinga va rnstalas- um diálogo, acompanhado pelos guardiões, mas sabia de ante-
dando-lhe o poder de controlec~e: cerebro de seu c~rpo astral, mão que seria inútil, pois aquele irmão estava cego pelo ódio e
mentas, mesmo à longa distân . Ã_mas de ~uas açoes e pensa- pela decisão de vingança, mesmo já tendo passado pelo auxílio
se deram durante o desdobr ciat. drnstalaçao e a manutenção fraterno num centro espírita.
il t amen o o sono do ra · .
g an e, acabava sendo induzido a d paz, que, mvi- - Meu irmão, não adianta esbravejar, pois está aprisionado
em bases situadas no Astral inf . escer ao laboratório instalado e a liberdade depende de sua decisão de mudança. Nada se fará
NhA enor.
- o Benedito, suas ordens d b contrariando seu livre-arbítrio, mas asseguro-lhe que não pode-
criatura está "guardada" e usca foram cumpridas. A rá retornar para o lugar de onde veio.
em campos de força ial
lado. Esbraveja e amaldiçoa a t d especi , na sala ao - Ah, ah, ah ... - gargalhava, sarcástico. - Você fala em livre-
s u o e a todos
arbítrio e, no entanto, me aprisiona. Vocês, que se dizem os po-
- alve, Seu Exu! Agradeço su . d .
namento deste"senhor das trevas" ~ aju a_e_esforço no aprisio- derosos da luz, agem como se fossem os donos da verdade. Exi-
com seus comandados possa ' as solicito que, juntamente jo minha liberdade imediatamente ou acionarei meus exércitos,
· ' permanecer con d
guarida, enquanto confabulamos com ele. asco, ando-nos que destruirão tudo isso aqui em poucos instantes.
- e om certeza ' meu m es tre, essa e, nossa tarefa' . - Não gaste seu fôlego com ameaças. As criaturas que você
- Por favor, nada de "mestre" 'T'~= 1--- , •
escravizou e condenou a viver sob seu jugo naquele abismo in-
Ah . . rarnnem sou um ap diz fernal já foram retiradas riaquelas. cavernas lamacentas e estão
umildade característica dos e , . . ren .
egrégora dos pretos velhos se f . spíritos que trabalham na em local seguro, recebendo tratamento a fim de que possam
que trabalhava ali com a deno ª?ª r~ssaltar naquela entidade retornar à vida. E se eu fosse você, faria o mesmo. Aceitaria mu-
da de Nhô Benedito um e fricano es e com a forma plasma- dar de lugar, principalmente de vibração, ou ignora seu estado
' x-a icano e · d
os seus dias sendo castigado t scraviza o _que terminou lamentável, meu amigo?
brasileiras, fato que fez com no /onco p~r_um feitor, em terras - Nunca! Eu tenho um objetivo e enquanto não acabar com
drenar, naquela encarnação :1d seu espmto de~e~or pudesse a vida daquele verme, a quem vocês defendem porque certa-
' a a carga energética negativa
23
22 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
mente não sabem do que ele é e _ lilo e seus ajudantes, adestrados na magia, desmagnetizavam
deve a vida de meus dois filhos apazf nao vou so~segar. Ele me
nem piedade. ' que oram decapitados sem dó 11 retiravam o aparelho magnético que se encontrava acoplado
1·m seu cérebro astral e que fora colocado ali em desdobramen-
- Seus filhos já o perdoaram e . 1 o sonambúlico, possibilitado pela baixa vibratória da vítima.
minhada evolutiva e para seguem felizes na sua ca-
' , seu governo 1 · , Através desse aparelho, ele era, de certa forma, monitorado pelo
enquanto você amarr ado ' e es ja reencarnaram
' nas correntes d 0 0, d·10 · ' inimigo desencarnado.
tinuar uma luta inglória. , msiste em con-
Depois disso, Nhô Benedito despediu-se dos demais, en-
- Ao ouvir isso, o espírito levou um eh tregando a continuidade do atendimento aos trabalhadores de
nao passara, e seus filhos ainda . . oque. Para ele, o tempo
mortos pelo carrasco que exec ~aziam naquele local onde foram outra egrégora da linha de umbanda. Entravam em cena os en-
- Você está blefando. u va as ordens da corte local. v iados de Oxóssi, tratando com energias da natureza os danos
do corpo energético do rapaz, ocasionados tanto pela obsessão,
- Blefando está você com sua r , . . quanto pelos fortes medicamentos que ele ingeria há tempo.
jogo e o que eu lhe d' ' P opna vida. Isso não é um
isse posso provar d d A
Enquanto Nhô Benedito abandonava o ambiente, já trans-
merecer. Ou ignora tamb , ' es e que voce faça por
A • em o seu real estado? Olh . figurado em um oriental para assim cumprir novas tarefas em
a d ecadência de seu corpo espiritual I . e-se e veja
do tempo que permaneceu naq 1 1· sso aconteceu por causa outros ambientes, chegavam ao local dois xamãs atendendo a um
.assobio do caboclo dirigente do templo, acompanhados por pe-
ajudado por seu sentimento de ~~i~ ugar, de energias telúricas,
queninos seres de formas variadas vindos da natureza, trazendo
Foi inevitável o susto Ele a. ' que ~ co1:'osivo.
mem de meia-idade com tra m~a se_ imaginava aquele ho- a energia do elemento ao qual pertenciam.
brindo os fortes músculos O ços onentais, de pele morena co- Já se encontravam ali dois médiuns encarnados em desdo-
estava quase um monstro. . , que v~a agora era assustador. Ali bramento do sono físico que foram convocados por seus prote-
. . , Ja sem rorrnas h Vi tores para auxiliar, doando energia.
d aquele Jeito e sentindo-se se . , umanas. endo-ss
já que seus escravos o deixara: nmguem a lhe dar cobertura, O corpo astral do rapaz jazia sobre a maca, como se dor-
energia a tal ponto quedes . 'desesperou-se, esgotando sua misse, igualando-se ao corpo físico que ficara em seu leito. Vi-
matou, sivelmente enfraquecido energeticamente, tinha uma coloração
Nessa condição, Nhô Benedito a . . escurecida em várias partes, parecendo ulcerações arroxeadas.
seus auxiliares, cortou os 'cordões prov~itou e, Juntamente com
do rapaz encarnado alvo de se , dio. o ligavam ao corpo astral O ambiente era preparado para a cura daquele corpo ener-
do sono, se encontra~a em tra~o t' e que, em desdobramento
da, entregou aquele espírito dig e~ o na sala ao lado. Em segui-
gético e isso se dava usando as energias provindas da natureza,
em combinação com a magia mental dos dois espíritos que ali
em que se encontrava, aos guar~~ese pe:a pelo la~timá':'el estado se encontravam na forma de antigos curadores tribais.
Então, solicitaram aos ajudantes que tirassem o rapaz da
local de refazimento onde a Leí f' ~ o encaminhariam a um
dali em diante. Este era ores e~~ aan~ escolh~r_sua caminhada maca e o colocassem no chão, sobre grandes folhas de bananeira.
Posicionaram-se sentados, um de cada lado do corpo, entoando
o p~eto velho. Ele não seria o:rigad o livre-~bitri~ de _qu: falava
assim não O quisesse mas em ~ ª seg~rr em direçao a luz, se um mantra, ao mesmo tempo em que, usando a energia aérea,
sopravam cada parte do corpo, causando-lhe certo estremeci-
a qu~m obsediava, s~ria r~tira;:x:: ao li"'!e-arbí~o do !rmão
continuasse a interferir de man . d culaçao para impedir que mento. Logo, auxiliados pelos pequeninos espíritos da natureza,
va ressarcir seus débitos em erra anosa naquele que procura- amalgamaram numa tigela de barro um pouco de essência de er-
nova encarnaçao vas misturada ao ectoplasma cedido pelos médiuns, pincelando
Agora era hora de tratar o rapaz enca~nado. O preto ve- nas manchas e descolorindo-as imediatamente.

24 25
Enquanto Dormes Leni W Saviscki

li
Os pequeninos seres, em ordem e sob o comando dos xa-
mãs, movimentavam-se nos centros de força correspondentes
aos chacras do duplo etérico, limpando e reorganizando com
seus elementos as deficiências causadas pelo longo período de
sugação energética pelo obsessor. E assim, em poucos instantes,
o rapaz recuperado acordava em corpo astral, ou seja, tomava
consciência do ambiente e de seu estado. Trabalhando no .\stral
Um pouco assustado, não conseguindo entender onde esta-
va, foi logo acalmado por um dos médiuns em desdobramento
que, por sinal, era seu amigo carnal. Tarefa cumprida, os dois
xamãs se despediam agora dos outros auxiliares e, juntamente
com os pequeninos ajudantes, retiravam-se.
Agora, com sua consciência astral desperta, o rapaz foi con- e os laços entre corpo e espf~to,
duzido a uma cachoeira, onde foi atendido pelas entidades espi- Durante o sono, afrouxam-s traem contato com espmtos
rituais que lá habitavam. No local, além do som natural vindo e este se lança pelo Espaço e en
da água descendo por sobre as pedras e da mata que ladeava o afins. Aluney Elferr Albuquerque Silva
rio, vibrava algo no ar, como se vários instrumentos de percus-
são, em perfeita sinfonia, tocassem ao mesmo tempo formando ado de seu papagaio, · que todas
um eco no ambiente. . d va com o ch aro . 1 .
.Iuju acor a itava de sua gaio a.
hás na mesma hora, gn
Diante do cenário da cachoeira, dois guardiões postavam-se as man , . , af'I d
numa espécie de portal, selecionando os espíritos que ali aden- - Juju, rico que ~ e. - e Vovó Benta estava ao la o
travam. Após liberarem a entrada do rapaz e dos espíritos que o Tendo a nítida impressao qu lhos Sorrindo, abraçou o
ab . rapidamente os o .
conduziam, não sem antes conferir a marca digital que traziam de sua cama, nu "sonho" que tivera.
nas palmas das mãos e cujo código indicava sua procedência e travesseiro, relembrando o "como era natural no sonho voar
ordem de serviço, barravam agora um grupo de espíritos bader- "Estranho"' pe11;sava ~~e, embrava algumas cenas em que
neiros que, fingindo pertencerem a uma falange da umbanda, como se foss~ um passarod . ;cidente, numa mata cerrada. ~m
tentavam entrar no local. se via em meio a um gran_ e va outras pessoas, que pareciam
O rapaz foi recepcionado por duas lindas caboclinhas que ·- havia caído e ele aJuda . mortos? Lembrava
aviao f ·d Ou senam ·
o conduziram a um energizante banho, do qual saiu com apa- médicos a socorrer ~s en ºt°das as pessoas, colocaram-n~s
rência bem melhor, sendo então liberado para retornar ao corpo que assim que medicaram ºortadas para um grande hospi-
físico, uma vez que a noite cedia lugar aos primeiros raios de sol em macas, que foram transp ão parecia com avião, mas
que já iluminavam o horizonte. tal por um veículo estra?hod{i_~:;e o voo, podia ver ainda os
Haveria de acordar em boas condições de saúde e energia voava. Olhando, para ~aixodes edaçados entre os destroços.
e, seguindo os tratamentos indicados, em pouco tempo voltaria corpos físicos la embaixo, J?lo entre a escola, na parte da
à normalidade. O dia transcorreu tranqmd , . ca no período da tarde.
d . nglês e e musi , t o
manhã, e os cursos e i . . , . Juju levou o maior sus o a
À noite, assistindo ao not1C1ari~,. te realidade. O acidente, tal
ver a cena de seu sonho numa ns

27
26 Enquanto Dormes
real, ao retornar ao físico a lembrança é bastante prejudicada pela
qual ele sonhara na noite anterior h . . falta de estrutura e limitação do cérebro físico diante da grandeza
de no e~tremo norte do país. ' avia acontecido de verda-
e da capacidade da memória espiritual, que armazena todas as
= Mae,
Fil_!-io, Pº: cri:e vo~ê está pálido e chorando?
voce nao vai acreditar E h .
vivências das várias encarnações, bem como dos períodos vividos
eu estava lá, socorrendo as pess · u son ei c?m esse acidente; no mundo astral. Muitas vezes, gravam-se no cérebro físico ape-
mostrando na televisão. oas e era tudo igual, como estão nas algumas cenas que vão ser lembradas no decorrer do dia, mas
decodificadas de acordo com o entendimento da pessoa.
A-Xi, isso deve ser coisa da tal mediunidad ' - Agora me surgiu outra dúvida. A senhora falou que os
voce sabe que não gosto muito d. e; Ah, _meu filho,
do, quem sabe é um dom e f isso, mas se voce se viu ajudan- espíritos mais evoluídos ou sutilizados é que lembram dessas
. , se or, que Deus abençoe "viagens". Então, não sou nada disso e como lembrei?
A s mterrogações ficaram late
co~ elas, foi para o leito naquela
Juju, que estava sendo re
:~~~t1 .
c~eça do menino e,
· ss:1:1 que adormeceu,
-Meu menino, você está num corpo jovem, mas seu espíri-
to é muito antigo e tem histórias. Nada do que aprendemos ao
mandato mediúnico, defdo~::d~ pela espmtua~i~ade para o longo de nossa caminhada, nas idas e vindas à carne ou mes-
encontro da preta velha que o ~m
ctr
' nhcorpo espmtual, foi ao mo fora dela, se perde. Tudo fica armazenado no inconsciente
Vi , apa 1 ava e tudo é de proveito para a evolução incessante do espírito.
ovo Benta o aguardava lá ..
"pito" de palha e o tradicional
decia luz. Luz essa que parecia .
g::~o,
balhavam. Sentada em seu ban ~o terreiro, onde ambos tra-
cantarolan~o, com seu
~ arruda na mao, resplan-
Na Antiguidade ou mesmo ontem, o espírito que habita hoje
esse corpo jovem desenvolveu a capacidade mental em esco-
las de grande nível. Naquela época, meu filho, a mediunidade
- Saravá, zi fio! Jorrar e suas alvas vestes. era capacidade natural nos seres encarnados, que depois de a
usarem de maneira equivocada se perderam, momento em que
- Salve, minha mãe r _ resp d . foi necessário impor a limitação. Na atual encarnação, depois
quele espírito a quem am on e~, ajoelhando-se diante da-
ava e respeitava tanto. da drenagem realizada pela doença na infância, aliada à vida
- -:- Salve nossa banda! O menino veio busc regrada que leva, aos bons sentimentos que carrega em seu
nao e? - perguntou a preta velh . d ar as respostas,
, nhosamente as mãos de JuJ· atrsorrm o e aconchegando cari- coração, ao desenvolvimento e trabalho mediúnico no terreiro
, , u en e as suas. de umbanda, está conseguindo os requisitos para que sutili-
- E, V o Ben_ta. Será que eu sonhei ou ... ze rapidamente o duplo-etérico, responsável por repassar as
. - Meu memno, quando O co
sai em busca do refazimento das 1!º fí . ,
~1co a~o~ece, o espírito lembranças do agregado espiritual ao cérebro físico. Quando o
menino dorme, há um afrouxamento desse corpo semimaterial
dendo da necessidade ou da possib~i1~s e viaja ~~r aí. Depen-
cias incalculáveis sem que haja al a e, ~o~e viajar a distân- que faz a conexão dos corpos físico e astral, formando uma
janela vibratória que propicia a percepção sensorial das expe-
que descansa no leito, pois fica ~elet;:xreJUlZO ao :orpo, fí~ico,
que permitem a continuidade da vida b o por cordoes elasticos riências vividas durante o sono físico, na volta do corpo astral.
Dependendo também da ca .d d ' em como o retorno a ela. Essa lembrança é mais lúcida quando o corpo ainda está semi-
pac1 a e de cada · t · desperto, tornando-se escassa assim que acorda pela manhã,
ser consciente ou não · Ela pode 1 emb rar-se quandena ura, isso
d pode pois daí o encaixe se totalizou. Sendo assim, muitas pessoas,
car no esquecimento Os ho
cuja memória espirit~al é n::ns :a;: . , o acor a ou fí-
~volmdos ~piritualmente,
espirituais são mais sutilizados a es a a e o conjunto de corpos
seja por desleixo com a vida diária, por extrema materialidade,
endurecimento das emoções e percepções do mundo espiritual,
se das ocorrências com detalh ' co;seguem, ao ~cordar, lembrar- ou descrença total, ao adormecer ficam, no máximo, peram-
dos corpos de energia que é o~de o~od essa _saida se dá através bulando dentro do próprio ambiente em corpo astral, que é o
' resi e a vida e toda memória
29
28 Enquanto Dormes Leni \Y. Saviscki
- Então, eu realmente ajud~i_ as pessoas naquele acidente
primeiro invólucro do conjunto de e . . .
outros que mal adormecem f' . orpos espirituais. Existem
no isico e o cor · · aéreo?
sado pelos sentimentos que po espiritual, aden- - Você e muitas outras pessoas, cujos corpos dormiam no
umb ralinos à procura dos ~arrega, desce para os amb iente leito. Neste lado da cortina, meu filho, o trabalho é incessante.
Quem pensa que vai morrer e descansar, se engana. Aqui, como
.O homem encarnad o, meu s. memno . , . ·
preciosa energia material eh d d " ' e usina geradora de na crosta da Terra, a vida pulsa, e embora não precisemos do
portante no mundo astral Cama a e ectoplasma", muito im- trabalho remunerado, de certa forma precisamos equilibrar
ah · om essa energia O b , . nossa contabilidade, que geralmente é negativa ao retornarmos
re 12am verdadeiros milagres d e socorro p ,· s ons espíritos
moldar, construir e cura" Da ' ois com ela podem à pátria espiritual. Assim como precisamos de alguém que nos
· d L. mesma forma , . receba, nos ampare e geralmente nos cure das mazelas trazidas
am a se comprazem no mal dºísputam cada g, os ta espíritos que
d .
O quando desembarcamos no plano espiritual, da mesma forma
para
.i.;;
efetuar

suas maldades e sob . d
reviver elas · , essa - energia
LdO muito materializados p . . , ja que ainda es- outros milhões de criaturas o necessitam. Como então haveria
plinados acordam mais c~ns~~ issi muitos encarnados indisci- de ter privilegiados após o desencarne? Deste lado, meu filho,
ou então irritados e com dores os 1 o que quando foram dormir, não existem privilegiados nem títulos que diferenciam um es-
mente dos sonhos que geralme~e ~corpo.Lembram-se parca- . pírito do outro. Aqui, o médico vai trabalhar no hospital, no
meu menino cada um e' o ealment pesadelos. Deste lado pronto-socorro ou na faxina que se fizer necessária, assim como
. ' que re mente é · . ' aquela abnegada alma que foi faxineira na última encarnação,
providos do uniforme carnal n 1 ' ou seja, aqui, des-
cada um mostra através de o qua se escondem durante o dia por necessidade de aprendizado da humildade, pode chegar
. cores formas . ' aqui e trabalhar na administração de algum departamento,
interna. E nega véia tem visto ' ita e sons, a sua realidade
sair do corpo físico bem tr t dmm gente branca de olho azul despertando e aproveitando sua sabedoria ancestral.
a a o e coberto d 1 - Incrível isso! Mas a preta velha havia me dito que eu a
farmar num ser assustado di f e uxo e se trans-
quer trabalhar ou aprend:; o s;rme e enegrecido. Para quem ajudaria. Não me lembro de tê-la visto no meu "sonho".
op~rtunidade. Nós, espírito~ se::e~~o do sono é abe~çoada Sorrindo, ela respondeu:
muito do auxílio dos encarnad rpo carnal, precisamos - Meu menino, esse espírito que agradece ao Pai pela opor-
necessários aos nossos irm - os para os socorros que se fazem tunidade de servir, por já ter recebido tanta ajuda ao longo de
da não galgaram a luz. aos que, mesmo desencarnados, ain- sua caminhada, pode transformar sua forma astral conforme a
necessidade. Aqui no terreiro, atuo com essa "roupagem" para
Você, meu menino, viveu um . . A •

do acidente daquela aeronave. Ess:t: expenenci~ no episódio me encaixar na egrégora de umbanda. Lá, no centro espírita,
se acentuar no planeta nos , . esastres coletivos, que vão sou apenas uma auxiliar a quem chamam de Maria A ... e que,
mica da humanidade encarn;~~~os ~~s _POr necessidade cár- para os dirigentes, ajuda nos atendimentos de socorro. Na ver-
comando sideral em que tudo , ' sa~ episódios monitorados pelo dade, este espírito, que lá no passado se especializou em magia,
. ' e muito org · d Al, atua ali também desfazendo os trabalhos de enfeitiçamento dos
danedade que se faz necessária no 1 , ~a o. em da soli-
e devem auxiliar muito no d P ano físico, os homens podem filhos necessitados, como também na retirada de possíveis apa-
, mun o espirit al d relhos parasitas menos complexos em seus corpos de energia,
os recém-desencarnados . . u ' on e desembarcam
A • na sua maiona em fr
, d vítimas que foram da atuação de magos negros. Em tantos ou-
norancia da realidade que os ce S d ~co esespero e ig-
. d . . rca. en o asslill n- tros lugares, detectada pela vidência de alguns frequentadores,
aju a ~pmtual, precisando então da ' ao enxergam a
das, cuja densidade energéti presença de pessoas encarna- a denominação varia de acordo com suas crenças e necessida-
, . ca, mesmo em corpo astral fi des. Já fui confundida até com Bezerra de Menezes, acredita?
proxima da sua, para que possam aceitar '. caajuda.
. __ y::u e receber a devida :11ais
31
30 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
rriam carmas, débitos pesados junto às leis divinas, cuja reação
Eh ... eh ... eh ... , naquele dia ne a ,. . l' faz de acordo com a ação praticada. Como "o escândalo é ne-
Lá, no acidente aéreo eu era g veia se ~entm muito honrada.
·t , apenas mais d n•ssário, mas ai de quem o provoca", seja por descuido daque-
nos que, vestidos de forma ig 1 . um os tantos espi
médica no rosto ajudav ua ' com Jaleco branco e máscarn le que conduzem ou de toda uma equipe que monitora o voo,
não falta, basta ~os disp:1m~~- socorro. Como já falei, trabalho s ja por falha técnica, mecânica, sequestro ou por qual motivo
tor, e sempre haverá um motivo detonador, acontece o acidente.
- Nossa, dentro de meu pouco ent . Quem estava naquele momento dentro da aeronave? Inocentes?
os pretos velhos após trabalh endm:iento, pensava que
' O o no terre · · Não, ou então a Lei Divina seria como a dos homens, injusta e
Aruanda e lá ficavam ,
ate' a , .
proXlIIla gira.
. iro, viaJavam para
[alível. Agruparam-se naquele momento todos os espíritos que
- Aruanda e apenas a denomin - . precisavam passar por aquela experiência, para seu aprendiza-
uma colônia espiritual onde . d açao usada para identificar
balham na umbanda aqui· r~i em aqueles que também tra- do, seja por resquícios cármicos trazidos de vivências passadas
. na .terra Como - d ou por freio necessário à vivência atual. Tal fato fica claro quan-
em cima de nuvenzinhas , . nao po emos viver
. ' nos, mesmo em corp .. do se descobre que algumas pessoas que viajariam naquele voo,
cessitamos de um local es ífi o espiritual, ne-
precisamos de um endereç~e~h co iara nos~a moradia. Afinal, por algum motivo, o perderam, ou quando se noticia que, mila-
mar que o mundo espiritual s ... e _. .. e~·-· Filho, posso lhe afír- grosamente, alguém sobreviveu ao desastre. Sendo assim, meu
físico, porém muito mais or ~penor e uma cópia do mundo menino, o responsável pelas nossas desgraças ou pelas nossas
aspectos. Da mesma forma ~anizadto e ~elhorado em todos os conquistas somos nós mesmos, ninguém mais. Essa negra velha
pia desorganizada e precári udas es mbe:as m~e~ores são uma có- costuma dizer que da Terra se leva a vida que ali se levou e, con-
S b ª 0 a iente físico sequentemente, cada um terá o desencarne da maneira corno
- e em entendi esse acident , ·
Quem programa tamanh d e aereo estava programado? assim é necessário.
. a esgraça? · - Mesmo as crianças que morrem nesses acidentes também
- Menmo, vamos lembrar das al
sus Cristo:"Nenhum fio de cab 1 P. avras de Nosso Senhor Je- são culpadas?
o Pai o saiba". Tudo o qu e o cai de vossas cabeças sem que - Culpado não seria o termo correto, pois a Lei Divina não
. e acontece no pla f · . vigora de maneira taxativa, uma vez que todos os homens que
concretiza no Astral. Posso garantir no . isico, primeiro se
ora estão aliados ao mal daqui a pouco abrirão seus olhos e
de"desgraça", na verdade foi um mal que ªCI;l~lo a que chamou
extremo materialismo a que se a necess~o. Os homens, no retornarão ao caminho da luz. Digamos que alguns estão ain-
pelo deus-dinheiro Na sua . pegaram, vivem hipnotizados da equivocados e, portanto, precisam de algo que os acorde,
d? "divino", e, qu~do o faz~:or~'; desprezam qualquer busca mesmo que seja drástico. Os espíritos que no momento estão
amda como forma de ali· . P meio de alguma religião é na infância de uma encarnação já tiveram muitas experiências
viar a consciê · ' ao longo da vida, em várias outras encarnações. E se nesta pre-
possível com a simples pres iencia, como se isso fosse
, ença no templo p cisam passar por isso, já no início de sua caminhada no corpo
dem que soo que realmente tem v , : oucos compreen-
físico, com certeza é para drenar algo que trouxeram do passa-
onde reside a vida , e que mais . valalore p f imortal é o espírito ,
e e
do. Quando não, esses espíritos, antes de reencarnar, se dispõem
religiões, mesmo ausentes do culto d ra_ i~ar o que pregam as
se sentar no banco da i . . orninical, do que somente a esse sacrifício provocando o despertamento de familiares que
Deixam-se levar pela buscaa imcessante em atitude sofrem a dor da perda, bem corno da sociedade em que viviam.
d compungida
t . e falsa ·
- É isso mesmo, preta velha! Como cambono, ouço muitas
quecendo-se de viver. Quand b e er mais e mais, es-
" o uscam o que cham d " . histórias de pais que só após perderem um filho é que se dis-
b em ' geralmente afundam-se em , . . am e viver
pam os verdadeiros valores C vícios ~ diversões que detur- põem a acreditar nos espíritos.
. om esse tipo de procedimento
' 33
32 Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki
p. ,
- OIS e, meu menino seria . f, .
tualidade, quanto para o e's , ·t mais ácil, tanto para a espiri-
· pm o encarnado -
h aver a mtervenção do bisturi da dor ' se nao ~recisass
alma. Mas os pais teimam e . para se fazer a cirurgia da
- . . m viver e cria filh
caçao espiritual. Depois choram l ' . r os os sem edu-
vida lhes tira do colo o espírit fiagnmas de s~gue, quando a
O
te para ser devolvido à te ~ cando _corpmho físico iner- 1 missão
se todos abrissem os ouvidos uanto sofnmento seria evitado
imortal. Que a cham d os e compreendessem que a vida é
a a morte e som t
que se perde o uniforme usad ,,, en e uma passagem em
. o na terra e qu d
contmuamos vivos e atuant M . e,_ o outro lado,
você precisa retornar ao coes. fíe~ memno, o dia se avizinha e
em nome de Zambi. rpo sico. Negra velha lhe abençoa
- Ri~o qué café!. .. rico qué café! ... Eu, exu, vos compreendo, mas ainda não me compreendeis.
Ouvindo o papagaio J . · Eu sou livre, livre e feliz. Vós sois presos, presos e infelizes
aconchegando-se nos perfu' udJu alcordou espreguiçando-se e no ciclo das reencarnações sucessivas.
. ma os ençóis h · . Norberto Peixoto
ca os no dia anterior N - . que aviam sido tro-
d - . a oraçao matmal d
pe1 a mae amorosa que havia lhe dado. ' agra eceu a Deus
Da janela de seu quarto, Juju conseguia avistar o horizonte.
Debruçado sobre ela, olhava admirado a lua cheia despontando,
quando mal o Sol abandonara o dia. Vendo tamanha beleza,
despertava dentro dele uma saudade que não sabia do que nem
de onde vinha.
Sentindo-se sonolento, buscou o aconchego da cama e ime-
diatamente adormeceu. Após uma estremecida no corpo físico,
libertava-se o corpo espiritual e, ao lado da cama, na contrapar-
te astral, já estava aquele velho amigo. Sorridente e brincalhão
como sempre, Francisco o abraçou, feliz, e foi logo tratando de
tirá-lo dali, pois tarefas importantes os esperavam.
Em breves instantes os dois encontravam-se com mais al-
guns amigos que participariam da missão a qual Francisco, com
seu bom humor, chamava de "salvando as meninas". Juju, que ti-
nha recebido instruções de Vovó Benta por várias noites durante
o sono físico, participava dessas "excursões" com tranquilidade,
pois sabia que era amparado por espíritos mais experientes.
Embora na vida física Juju fosse ainda um adolescente, em
corpo astral sua mente trazia à tona grande parte de um apren-
dizado milenar que repercutia nele, fazendo-o parecer bem mais

35
34 Enquanto Dormes
adu~to, quando então sumia de cena aquela carinha quase in- deixou-o justamente por ter descoberto que ele, às escondidas
fantil. A cada trabalho realizado no Astral, o menino tornava-se e usando seu dinheiro, pagava trabalhos de magia, embora fre-
mais experiente e isso estava sendo percebido por seus irmãos quentassem juntos uma casa espírita. . .
de corrente no terreiro onde trabalhava, bem como por seus - Observem agora, para aprendizado de todos - d1Z1a Fran-
colegas ~ p~r sua mãe. Muito rápido, Juju deixava de ser aquele cisco ' chamando a atenção do grupo. . ,, .
menmo mgenuo e agora suas conversas haviam mudado com- No ambiente astral do terreiro se movimentavam varias
pletamente. Sua mente física conseguia captar e trazer à tona espíritos com aspecto de guerreiros que, ao sinal de :!:faria Mo-
boa parte da .sabedoria gravada em seu inconsciente, região lambo, se deslocaram rapidamente e, em poucos minutos, re-
onde guar~:m?s toda nossa história de vida desde que adquiri- tornaram com uma caixa que parecia blindada, entregando-a
mos consciencia na forma hominal, senão antes disso. Tornava- à pomba-gira. Antes de abrir a caixa, ela tomou o cuidado de
se comum agora o fato de Juju, em conversas de nível elevado formar ao seu redor uma rede finíssima e transparente, usando
sobre qualquer assunto que fosse, dar respostas surpreendentes 0 ectoplasma do próprio médium que à servia. Quando a caixa
chocando adultos eruditos. ' se abriu, era nojenta a cena que víamos lá dentro. No fundo,
- Hoje vamos auxiliar nossas meninas, mas primeiramente uma peça de roupa íntima da vítima, coberta por penas en-
tem?~ de visitar o terreiro onde se desenvolve uma gira de exu e sanguentadas daquilo que haveria de ter sido uma ave pr~ta,
auxiliar no trabalho deles. Assim, quando a gira terminar tere- pedaços de alguns objetos pessoais que haviam lhe pertencido,
mos o auxílio do amigo "carrancudo"- disse Francisco. além de muitas larvas astrais que se movimentavam dentro de
- De quem? - perguntou, curiosa, Marina, que era nova um boneco preenchido com algo viscoso, que soubemos depois
no grupo. tratar-se de energia sexual. No rosto do boneco, uma fotografia
- Do exu-chefe da casa - respondeu Francisco sorrindo e da mulher.
depois fazendo uma careta de bravo. · ' Sem nenhum comentário a respeito do enfeitiçamento, Ma-
- Ele nunca sorri, mas é boa gente! ria Molambo reconfortou a senhora, aconselhando-a a desligar
- Também, pudera! As encrencas que tem de resolver só seu pensamento do companheiro do passado e que procurasse
sendo carrancudo mesmo. Assim impõe respeito e até medo tomar alguns banhos de descarrego e energizaçâo, como ~~m
quando necessário - falou Juju. ' lhe pediu que não temesse nada, pois acima de Deus nao exis-
- Isso mesmo, bom menino. Vamos lá que o trabalho nos te poder algum. Não recomendou nenhuma oferend~, :1enh~m
aguarda! trabalho especial, apenas lhe disse que voltasse na pro~a gira
A gira estava quase no final; restavam apenas duas pessoas e que, enquanto isso, estaria ajudando-~. Con~ante, apos .º des-
para serem atendidas. Os médiuns, irradiados por seus exus de carrego de Maria Molambo, a mulher saiu, sentmd?-~e mais le_v~-
tr3:1a1h~, tinham atendido mais de cinquenta pessoas naquela Assim que o trabalho encerrou-se no plano físico, a espm~
~oite, nu1:1ero grande para o tamanho do terreiro que, além de tualidade dando continuidade, reuniu-se com os encarnados ah
simples, tinha acomodação limitada para a assistência. A últi- desdobrados em corpo astral e, montando uma estratégia, orga-
ma pessoa atendida na noite era uma jovem senhora com ros- nizaram-se em grupos a fim de que o trabalho obtivesse êxito.
to abatido, que pedia auxílio à pomba-gira Maria Molambo. Para os encarnados, muitas vezes é fácil imaginar que do
Contava ela que desde que deixara o companheiro, há mais de lado espiritual tudo é possível, milagroso, e que basta estalar os
dez anos, toda espécie de dificuldade, principalmente emocio- dedos para as coisas acontecerem. Negativo! Tudo no Universo
nal, a acompanhava. Sabia que ele frequentava um local onde está sujeito a transformações e só pela lei do serviço, do esforço,
trabalhavam para o mal, ou seja, faziam magia negra. Na época, é que se constrói qualquer coisa que seja.

36 Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki 37


Exatamente como ainda aco t
porqu e a faixa vib ratória do A ; re .
no plano terreno - e até
protagonistas é muito próxim ~ a onde se encontram nossos
apoderavam da contraparte astral da caixa em forma de baú
fechado e escuro, onde continha os elementos materiais de en-
- a a crosta - o mal tá [eitiçamento que as levavam a vibrar na cabeceira da cama da
P 1 antão para tentar obstruir O b S ' . es sempre de
mados e dirigidos pelo exu em. endo assim, os grupos for- vítima.
. . .. cercaram-se de tod . Toda vez que a mulher se deitava entristecia. Adormecendo
para evitar possíveis interferenc1as uma v
A • os os cuidados
. nessa vibração, seu corpo astral imantava-se daquela energia
tando resgatar espíritos esc . d ez que estanam ten- e absorvia todos os maus desejos de seu antigo companheiro,
poder nas trevas. rav1za. os _por entidades de grande
impressos na demanda.
Antes de partirem, Maria Mola - - Agora é hora de colocar a Lei em ação.
e explicar a todos O trabalh d ~o fez questão de mostrar Se na caixa havia a energia "roubada" da vítima, impossível
de um túmulo por seus am?g e magia_ 5[11e havia sido resgatado
1 os guardiões e vib seria montar toda aquela magia sem que também ficasse nela
a mulher que buscou ajuda no te . que rava contra a energia de seus feitores. E foi através dela que os dois foram
e A rreiro.
- orno voces sabem a magia ne localizados, aprisionados pelos guardiões e trazidos em desdo-
mago adestrado e ligado' às trevas _gra, _quando realizada por bramento até o terreiro. Sem muita opção de escolha, e com
grande poder sobre a vítima Cl ' mfehz_mente_ pode exercer medo de represália maior, eles desfizeram ali mesmo a magia,
ferência alguma sobre alg , . len. que isso nao teria inter-
desativando-a e conscientizando-se de que aquela e todas as
culpa em relação à sua h' ute!°: pden~ente equilibrado e sem
is ona e vida . outras que haviam realizado tinham cópias imantadas em seu
to d o o mal. Neste caso esp eciífl co usaram ' o que
b. o isentaria
. de corpo espiritual, vibrando negativamente e formando rombos
0
com a energia da pessoa para n' jetos imantados
sígniíícatívos em sua tela etérica.
levando-a a deprimir-se até che' a~ eralmente, trancar sua vida, Não foram libertados sem que antes dessem uma passa-
encomendou tal trabalh g ao desencarne. A pessoa que
, · o esqueceu que h fil dinha no cemitério e invocassem os seus comparsas. Quando
e des~parado pelas forças do bem e nen :1m ho de Deus eles apareceram e perceberam que não havia nenhuma oferen-
-
estava interferindo no 11vre-ar b'1tr . deque,
t agindo
. dessa. forma ,
10 da para que pudessem saciar seus vícios, caíram enfurecidos
, que deve ser respeitada. erceiros, lei suprema
em cima dos dois. Não fosse a interferência dos guardiões, te-
Estalando os dedos e com iss 0 riam sido massacrados, mesmo em corpo astral, pelos próprios
plano astral Maria Mola'mb . agrupando moléculas do
. . ' o cnou diante d 0 escravos, que agora eram levados a um local adequado a fim
onde imprimiu, por sua força ment 1 . gru~o uma tela de que pudessem receber tratamento e, após algum tempo de
momento em que o bruxo e a ' imagens que iam desde o
, seu pagantes d' · · esclarecimentos e desintoxicação de seus corpos espirituais,
ate o processo de invocação d f e mgiam ao cemitério retornassem ao trabalho fraterno, fazendo-se merecedores de
todos puderam observar tas orças maléficas. Desse modo
, , um anto assustad ' nova encarnação.
aquele chamado seres de A • os, que acorreram - Por que não deixaram aqueles dois feiticeiros levarem
submissão ao mago encarn=~arenc1a nada agradável, em total
pelo menos uma boa surra? Afinal, mereciam mais que isso -
deixou no local garrafas abe~que, com? forma de pagamento
reclamava o impetuoso Maurício, que assistia a tudo como se
acesos, além de pedaços de s de b_eb1da alcoólica, charuto;
. carne ammal p t f . fosse a um filme em que, no final, certamente o mocinho tinha
saciar a fome e a sede d 1 '. ra o per eito para
rializados, viciados nesses
aquele es ptobres qummbas ainda mate- que matar o bandido.
. emen os e que , d Todos riam enquanto Maria Molambo esclarecia:
se mantmham presos a eles. ' apos o esencarne - Calma, mocinho, as coisas não são dessa forma! Nosso
Com nitidez, o grupo percebia como aquelas criaturas se trabalho é executar a Lei, mas mesmo esta não é implacável.

38 39
Enquanto Dormes Leni 'N Saviscki
Lemb rem-se de que Jesus sub stituiu a Lei de Talião pela Lei do
Amor. Esses dois espíritos, que estão acostumados a tudo resol
ver com magia, estão se afundando no lamaçal que eles mesmos
forjam no dia a dia. Cada ação maléfica praticada adensa mais
seus corpos espirituais, qu e necessitar ão, ainda nessa encarna
ção, de um expurgo doloroso através de alguma doença física
ou mental incurável. Sem contar que depois do desencarn e, (, Norns tareias
impossível encontrar a luz para aqu ele qu e só trabalhou para as
trevas. O ranger de dentes existe sim, minha gente! Não esque-
çam qu e somos o maior juiz de nós mesmos. Respeitem sempre
o livre-arbítrio, não se esqueçam disso!
- Mas eles usaram o nome de Seu Caveira, quando fizeram
a invocação ... A • 1
t o mel das aparencias.
- Por isso tamb ém haverão de ressarcir, pois, além de prati- Como saboreamos so~egame~~as das ilusões do mundo!
carem espontaneam ente o mal, ainda distorcem e usam o nome Como nos deixamos
· ·
cair nas m - 1
' tentaçoes .
Como estamos su3e1tos as Cenyra Pinto
das entidades da luz para equ ivocar os clientes que lhes pagam .
Exu nenhum pratica o mal e, emb ora usem nossos nomes para
realizar suas baixas magias, com isso esses pobres seres estão se . - es Estamos em local de energias
_ Lembrem-se das mstruço ; . i... d mínio das trevas -
aliando ao qu e existe de mais negativo. Exu nenh um precisa de . dir um temtóno SOJJ o o d
san gue para realizar seu trabalho, elemento apreciado apenas densas e vamos irrva tumeiro semblante fecha o.
u comseucos . d
pelo submundo astral para se manter com as sensações mate- observava ao grupo, ex ... 'amb. te podia ser comparada a a
riais de que ainda dependem. A visão externa do ien ma fachada de clube so-
Sem a contraparte astral, qu e era onde vib rava toda a ener- maioria dos prostíbulos que;sa~si~a pois para o grupo que
gia da magia, os objetos materiais perdiam seu valor naquele cial Mas isso somente na p e . - era totalmente diferente.
. d astral a visao 1 al
túmulo e mais rapidamente seriam deteriorados pela força te- observava do m:un °. al heiro que exalava do oc ,
lúrica. Desfeita a magia, daquele momento em diante a mulher À longa distância sentia-se o ~ e avam a egrégora da casa,
sentiria um grande alívio e certamente sua vida retornaria à bem como as cores fort~ que orr minava os sentimentos de
demonstrando o sensualismo que o
normalidade.
- De minha parte, estão dispensados para cumprir a tarefa quem o frequentava. . las e ortas espíritos desencarna~
da noite. Boa sorte a todos e muito juízo, crianças! - brincou Aglomeravam-se nas Jane p ara sugar as energias ali
d am a vez de entrar P _ . · al
Molambo. dos que aguar av d stava-se no portão prmcip
produzidas. U~ guarda :Uto ~u~o, mudando de ideia c~m a
e tentou impedir a entra abrindo as portas e impedmdo
. _ d que o afastou,
apariçao e exu ... , · turas
or outras ena · ·
que fossem barrados P lcheiroso lembrava 1ocais
O ambiente esfumaçado e ma as excursões de resgate.
do baixo Umbral? onde era;n cor~:~carnados, numa simbiose
Misturavam-se ali encarna os e

41
40 Enquanto Dormes
grotesca. Bêbadas e desnudas, as mulheres insinuavam -se para
os homens que, da mesma forma, agiam como animais no cio,
ou ainda pior que estes.
O guardião cham ou a atenção para alguns espíritos que,
vestidos como médicos e usando seringas e tubos de ensaio,
colhiam ectoplasma, bem como energia sexual exalada pelos
encarnados. Explicou que isso seria armazenado para abastecer lprendendo e auxiliando
seus laboratórios, pois tratava-se de uma preciosa mercadoria
consumida no submundo astral.
O grupo foi distribuído dentro do amb iente de maneira
a formar um círculo ao redor de todos os encarnados. Exu ... ,
dando um forte estalido com seu chicote no chão, criou ondas
de energia que se expandiram no amb iente, paralisando todos
os visitantes desencarnados, além de causar a volta abrupta ao Por que vês o cisco no ºli:º
~e ;eu irmào, mas não reparas
corpo físico dos encarnados que ali se divertiam em corpo as- a trave que está no teu propno. Jesus
tral, durante o sono.
Cada um sabia perfeitamente como agir no momento e, em
poucos segundos, o amb iente astral estava livre da turba de de- Após o almoço, Juju sentiu uma sonolênci~ incoxil ~~m. Sa~
. - a o momento em que devena au iar a es
sencarnados, pois todos haviam seguido um rumo adequado à bia entao que chegar . 't al Deitou-se e logo que adorme-
sua vibração e necessidade. piritualidade, em corpo irdavs u . 'dentemente a fim de levá-lo
· · á aguar ava, sorri ,
O grupo retirou-se do local para dar lugar às equipes de ceu, seu amigo J O d trab lhava para um encontro com
resgate que já chegavam , prontas e equipadas para complemen- ao terreiro de umbanda on e ª
tar o trabalho. Ainda se avistava o casarão ao longe, quando as a preta velha. . ma das danificam também o
'cham as subiam de suas paredes, consum indo em pouco tempo - As pessoas que morrem que~ . .
a construção material. . . al? _ erguntava ele a entidade amiga.
corpo espmtu · P t, · _ explicava amoro-
No dia seguinte, os jornais mostravam em suas manchetes - A matéria só pode afetar a ma ena t' . .
. h _ 0 fogo enquanto ma ena, vai
o terrível incêndio do casarão que, durante a noite, havia mata- sarnente ao seu cambonm o. - pode 'afetar de maneira algu-
do vári as pessoas, entre elas o prefeito da cidade. . físico mas nao
consumir o corp? ' , imortal. 0 que geralmente aco1:tece
- Juju, você viu, meu filho, a tragédia dessa noite? Se bem ma o corpo espmtual, que e . trado no mental da vítima, de
que pouco se perdeu, pois aquelas mulheres eram uma desgraça d es é que fica regis .
nesses esencarn dr que lhe tirou a vida car-
na cidade. . 'f a o doloroso qua O .
maneira trauma ic , d rpo astral ela continua sentm-
O menino foi obrigado a achar graça da expressão ingênua . esmo estan o em co , .
na1 . A ssim, m do nível evolutivo e do entend1me~to
da mãe. Sabia que ela tinh a lá seus motivos para tamanha aver- do as dores. Dependendo , aneira como a criatura vai se
são pelas "mulheres de vida fácil", pois seu marido, enquanto espiritual de cada um, e~ta ~ a mNa Inquisição foram dizima-
vivia no plano físico, havia lhe dado muito trabalh o e gasto todo , esgate carm1co. ' .
portar apos ~ r . essoas acusadas de bruxana. Na sua
seu dinheiro nesses lugares. das nas fogueiras ~~itas P_ . ári. os reencarnados e, por isso,
Juju, mais uma vez, havia "sonhado" com a tragédia ... . . am espintos mission
maiona, er f d ria consumir somente a carne,
conscientes de que O ogo po e

43
42 Enquanto Dormes
jamais o espírito. Muitas delas am Assim que se aproximou dos inúmeros caixões que abri-
res, desligavam-se do corpo fí . ' paradas por seus proteto- gavam os corpos, e que logicamente estavam fechados, abriu-se
das queimaduras e o que e asico sem tempo de sentir as dores a visão espiritual de Juju, que passou a presenciar, ao lado, vá-
vivos se transfo~ava num rm um estpetác~lo dantesco para os rios espíritos conhecidos seus, dos trabalhos realizados no As-
. . omen o sublime de -
piritual no mundo dos mortos. Hoi . asc;~sao es- tral durante o sono. Outros tantos se movimentavam tentando
foram inquisidores naquela época d~etrmvmtos dos espíritos que desligar os corpos de algumas mulheres, que, grudadas aos res-
transformado em cinzas as ve d d e as, e que pensavam ter tos mortais, agitavam-se em pânico, sentindo ainda as chamas
reencarnam com o estigma de ;e:ec:: i~t
não lhes convinham, consumindo-as.
lheitas, meu camboninho, colheitas! camente pelo fogo. Co- Francisco, o seu amigo "feliz", instruía agora alguns dos au-
- Então, quem tirou vidas no d , xiliares a se postarem com o pensamento elevado e formarem
mesma forma no futuro? passa O tera de morrer da uma força superior no ambiente, tentando com isso amenizar
. - Filho, precisamos entender que assim co - . as formas-pensamento, bem como as entidades sem luz que por
penas perpétuas nem castigo divino
rasco també d
. D 1:1º ~ao e:nstem
' pois eus e Pai e nao car-
elas eram atraídas e que se movimentavam dificultando o tra-
' - m po emos curar as ferid balho de resgate dos socorristas.
curando as feridas dos outros antes as que '.1'azemos em nós, Aquilo que era um burburinho e algumas lamentações ini-
vidados e precisemos ressarci; c que a Lei nos pegue endi- ciais transformava-se agora num tumulto. As pessoas alteravam
vo da reencarnação não é voltaram a mesma moeda. O objeti- a voz e os familiares se desesperavam com a notícia de que opa-
mas aprender a lição ignorada nterí pagar contas atrasadas, dre se negara a encomendar os corpos. O ambiente tornava-se
d:sapegar do ego, auxiliando a ti~o:r~o;mente e, dessa forma, denso e quase insuportável para a permanência dos socorristas,
ajudar a melhorar o mundo É . . azer o mesmo a fim de que solicitaram ajuda extra a alguns guardiões da vibratória de
ou parcialmente, o saldo de~ed~~: Jeito que ressarcimos, total
exu.
aprendizado novamente de alg · ªfs, quando nos negamos ao Juju, além de doar com consciência seu ectoplasma e suas
, uma orma o expu g d ,
~ .º se ara .
O corpo físico é O templo e ab .
. por isso, deve ser respeitado e1em
plo, não é divindade Quand
t?; ~osso es?mto na Terra;
al m ª º· Porem, sendo tem-
vibrações amorosas, foi intuído a tomar uma atitude imediatista:
- Por favor minha gente, silêncio! - disse de maneira enér-
gica. - Vamos respeitar estes espíritos que precisam de oração
mos do que é imo~l para e~J:u:arºi~~:e invertem ,e esqu:ce- e boas vibrações, e não de reclamações. Se um sacerdote se
0
estamos nos condenando a perder os d . nt~ que e perecível, nega a cumprir seu dever, discriminando estas almas, não é a
que se devolve à terra o que é da terra ois, po~s. no momento em nós que cabe julgá-lo. Lembrando de quem precisa de nosso
0
vivo, sente-se à deriva já que d ' espírito, que continua amor fraterno, solicito gentilmente que façam comigo a oração
deve comandar nossa existênd:ré :: seu co1:1~dante. E quem do Pai Nosso e, sem julgamento algum em seus corações, ema-
deve ser aprendido ainda pel d sso espírito, exercício que nem luz para os espíritos destas nossas irmãs que precisam ser
,. a gran e ma10na.
E agora, nega veia vai pedir ao camb . socorridas e encontrar a paz, assim como gostaríamos que nos
dirija até o local onde estão veland aninho que acorde e se fosse feito.
daquelas mulheres, pois a espiritu~~are r~tou d?s corpos físicos Como num passe de mágica, envergonhados pela lição que
Sem saber ao certo o que faz e está precisando de ajuda. aquele menino, quase criança, estava dando a todos, de cabeça
não conhecer nenhum parente da:r,;trm tanto de~aje~tado por baixa todos oraram com ele por vários minutos, tempo suficien-
se no meio das pessoas que s . ta mas, o menmo mfiltrou- te para que a espiritualidade pudesse concluir o trabalho de
. · e Jun vam na capela rt , ·
na maioria curiosos. mo uana, desligamento e encaminhamento daqueles espíritos.

44 45
Enquanto Dormes Lerri \\: Saviscki
. conversas nada convenientes para o
Essa é uma das dificuldades que os encarnados impõem aos d ade infenor. Em vez d~ , t . s a quem quer que seja, por que
espíritos socorristas, bem como ao desencarnante durante o ve- m_omento, de, acusações -~:t:ra de mensagens edificantes, com
lório, geralmente por desconhecimento sobre o mundo espiritual. nao recorrer a or~çao e a cantos louvando a Deus?
Os familiares que ignoram ou que conhecem a continuidade da i una música ~1ente suave o~ passagens de espíritos que de-
vida, mas não a admitem - até por conveniência, pois acham que A espiritualidade nos cond_fi ultam o socorro por causa do
"não acreditando" estarão isentos de culpas conscienciais -, fa- · r .
~encarnam na m anci
a e que 1 C
esmo após o socorro, sao
-

zem desse momento um verdadeiro teatro em que o desespero é o ·. d · Tantas vezes, m .


desespero os pais. d lta pelo descontrole emocional que
protagonista. Permitem que a histeria tome conta, sem se darem literalmente puxados e do f ·1·ares e como não podem vol-
conta de que o "defunto" está vivo do outro lado e que o desequi- , d or parte os arm 1 , . t
lhes e passa o P fí . 0 ficam sofrendo, trís es,
alta do corpo sic , -
líbrio emocional o afeta tremendamente de maneira negativa, jus- tar para casa por f. . d- Esse tipo de trauma nao
tamente pelos laços familiares que os uniram até então. . d didos na escun ao. . ,
e sentm o-se per . ficou gravado no seu perispi-
Os parentes, amigos e curiosos presentes, de maneira desres- se desfaz no mundo aSlr~1 ' pois tar como um desajuste na
. . te vai se apresen
peitosa, costumam fazer dessa ocasião um encontro social em que rito e mev1tave1me~ . ítas crianças demonstram
ao Por isso mm
assuntos de toda espécie correm soltos: falam ao telefone em voz próxima encarn aç .
A •

t', esmo verdadeiro pamco ao


alta; relatam à sua maneira, e com direito a comentários, fatos que desde cedo medos, ~obitili~u~-U:n: sua permanência na es:o·
desabonam o falecido; riem, choram ... mas oração? Só quando o se afastarem dos pais, itores geralmente da mae,
sacerdote ou o pastor se fazem presentes por breves minutos, cum- A ·a dos progem , ..
la. Para elas, a ausenc1 . dro desesperador vivido no
prindo o protocolo. Ali mesmo, na outra dimensão, os espíritos desperta em seu inconsciente o qua
trabalhadores fazem de tudo para conseguir"desligar" o espírito pós-desencarne.
desencarnante de seus restos mortais, tentando evitar com isso
que venha a sofrer o trauma de ser levado ao cemitério junto
com o corpo físico ...
O espírito que desencarna não se transforma em santo,
muito menos em fantasma. Não desaparece nem evapora. Ape-
nas se despe do uniforme carnal que não lhe serve mais, para
seguir em corpo fluídico, invisível aos nossos olhos físicos. Mas
esse "seguir" não significa que todos que morrem conseguem
imediatamente se desvincular do plano terreno. Para os que têm
essa dificuldade, são necessários atenção e tempo especial dos
socorristas, que, por sua vez, necessitam do auxílio imprescindí-
vel dos encarnados, principalmente dos familiares e amigos, nas
primeiras horas pós- morte.
É preciso que as pessoas se eduquem também para esse
momento e compreendam que a dor da saudade não se expres-
sa com gritos e cobranças absurdas a quem está renascendo
fragilizado no outro lado da vida. O ambiente de oração, de
boas vibrações, cria uma egrégora propícia aos amparadores
espirituais e evita a atração ou a permanência da espirituali-
47
46 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
que as pessoas estão demandando contra nós?
- Eh ... eh ... zi fia ... Nega véia tem que achar graça, pois essa
expressão "devemos" significa "cumprir com o dever" e isso é
coisa que pouco fazemos quando estamos na carne, não é mes-
mo? O certo é agir como Nosso Senhor Jesus Cristo agiu, ou
eja, ignorar o mal e só praticar o bem. Mas ignorar o mal não
significa desdenhar ou não acreditar que ele exista. É preciso
Demandas que se entenda que toda ação benéfica elimina uma contrária,
quando não, uma montanha delas. Quando a vida coloca os
filhos em situações de confronto com "demandas", é preciso que
se analise não o momento presente, mas o dia de ontem. Nossas
ações do passado criaram feridas que hoje podem ser atrativos
para as moscas. Que fazer então? Curar as feridas, zi fia. Mesmo
que o remédio seja ardido, sempre é melhor do que permitir que
Se não
quer podeopagar
cobrar pelolhbem
mal que fiz que recebeu, com que direito
as feridas permaneçam em nós, abrindo-se, com possibilidade
e eram? de aumentar de tamanho. Qualquer dor que causamos ontem
Site www.reflexão.com.br vem bater na nossa porta hoje, em busca de ressarcimento. Por
isso, não existem vítimas diante das leis supremas. Existem,
Há algum tempo Nazaré trabalhav . , . sim, devedores com saldo negativo, trazido do Além-túmulo.
rente do terreiro de umband S .ª como medmm na cor- - Mas como vamos saber de nossas dívidas, se existe a lei
a ter problemas com outra me nédiun motivos aparentes, começou
mmqu · · ·
trabalho, por mais que ela se esfo e insistia em criticar seu do esquecimento? .
suportou calada as críticas até rçasse em melhorar. Nazaré - Se, de um lado, existe a lei do esquecimento, de outro
sobre o assunto o que i f '1· e que resolveu tentar um diálogo existe a c~nsciência congênita que trazemos de nossos "de-
b · ' n e izrnente resulto veres". Em momento algum irão nos faltar oportunidades de
ais, constatando que sua pre u em agressões ver-
vo, incomodava a companh . raCc no terreiro, por algum moti- praticar a caridade, essa preciosa moeda. Quando descemos à
1 eira. orno último r carne, os alertas para nosso despertamento são diários, e eles
evar suas queixas ao dirigente da . ecurso, resolveu
tudo se harmonizasse outra vez. casa, pedmdo ajuda para que sempre chegam, seja de que modo for. Se nos omitimos, então
vem a dor despertar nossa consciência e sacudir nosso ego. A
. 9uando a colega de corrente foi eh demanda emitida por mente raivosa e vingativa é, infelizmente
dirigente pôde verificar qu amada para uma conversa
0 e e1 a estava equi d , ainda, arma usada pelo ser humano. Mas nenhuma flecha atin-
ores
1 al com relação ao trabalh ali . vaca a em seus va-
. 0 realizado Po · di ge quem está atrás de um forte escudo.
por guns dias para que pudes . r isso, spensou-a
librada em seu orgulho f 'd se repensar suas atitudes. Desequi- - Min.ha mãe, uma dúvida me assalta: se a prática da cari-
N , °,
en a moça passou a diri ·
az~e, mesmo tendo sido afastada do gir ameaças a
dade é a maneira de nos defendermos do mal, por que então os
dos dizendo que estava provid . d trabalho. Mandava reca- médiuns que labutam na seara do bem seguidamente se veem
di . encian o sua derr d
um, pois agora era sua inimiga e . oca a como mé- vítimas de demandas?
Mesmo sendo mulher de fé' N:e f?Da tudo para derrubá-la. - A tarefa mediúnica é compromisso assumido no Além-
ças recebidas e foi pedir auxíli ', are se abalou com as amea- túmulo, justamente como auxílio à alma necessitada de reajuste
V, B io a preta velha· e isso inclui também "como" ele está cumprindo essa tarefa. Um
- o enta, como devemos agir quando0 fi carnas sabendo
49
48 Leni W. Saviscki
11
. N- demorou para Nazaré constatar que,
médium é canal aberto para o plano espiritual. O que vai en- corpo de bo_mbeITos. ao a mulher havia sobrevivido: aquela
trar por este can al é aqu ilo com que ele se sintoniza. Portanto,
entre os fendas graves, um d" , .
. da corrente me íumca.
não basta ser médium ou trabalhar com a mediunidade, pois ele que a ameaçara ao satr _ pulsou forte no peito, pois
continua sendo um espírito endividado, inserido num contexto Nesse mo~ento, ~eu cor:~:~o foi sua surpresa ao ver as
de expurgo e sujeito a todas as leis un iversais. Praticando a ca- lembrou-se do sonho . E qu e a roupa usada pela vítima
ridade, o médium estar á ressarcindo com o bem o mal feito an- imagens do resgate mostrando qu e havia resgatado durante o
teriormente, mas precisa ficar ciente de qu e suas atitudes atuais, .
sono, na noite antenor. .
. ,
era a mesma usada pela pessoa qu
d e agradeceu aos sagrados ori-
ou mesmo os seus pensam entos, criam uma vib ração que é re-
conhecida pelo mun do espiritual. Essa vib ração tem forma, cor, . Nazaré chorou emocio;aa a reta velha bondosa que a havia
cheiro e som, e atrai os iguais. O jardim atrai abelhas, beija-flores xás, abraçando m:~:~c~niava suas aflições, pela oportuni-
e borboletas; o pântan o, os bichos peçonhentos. Assim tamb ém alertado e em que . ado a melhor fórmula medicamento-
os médiun s podem atrair bênçãos ou captar demandas. dade de ter conhecido e usd é O perdão pois por meio dele
Nazaré despediu-se, agradecida pelas orientações e feliz por ºi
sa existente e~ nosso mun ~e do passad~ transformando o
sab er que nada deveria temer, desde qu e permanecesse alerta e conseguiu _se l~ertar de um e~eºuma dor em~bálsamo curador.
vigilante em seus pensam entos e ações. que podena vir ª- ser nova1_:1 , grande presente que o Criador
Naqu ela noite, ela se recolheu ao leito recitan do a oração A Lei de Açao e Reaçao e o dizado Muitos ainda
to espmtos em apren . '
do perdão, dirigida à companheira que a ameaçava. Mal seu nos conce_d~, enquan sorvidos pelos equívocos da matéria,
corpo relaxou e ela se sentiu em um local estranho, onde a parca cegos espmtualment~ e abem como autômatos, teleguiados pelo
luz existente quase impedia que se definissem as formas em mo- desdenham o amanha e_ ag . c· a são portanto oportunidades
vimento. Aos poucos, seu espírito desdobrado foi se adequando ego. Os cutucõ~ que ª vida Pr~~o:sas ~aquezas ~ fortalecermos
ao ambiente e, sentindo-se protegida por alguém ao seu lado, para nos consc~entizarmos, d bem É um momento de cres-
seguiu em frente, caminhando por entre os escombros daquilo nossa personalidade atra;es_ o n~ca de acordar ainda mais
que parecia os restos de uma pequena construção. Ao fundo, cimento, de cura, de evo ~çao, :dormecidos no inconsciente.
.ouviu gemidos de dor e para lá seguiu até observar que uma sentirpento~ nefastos que Jazem ditos "puxões de tapete" são, na
mão de mulher saía de debaixo de um móvel sob os pedaços E preciso entender que os . . al ibilita Como
_ O lano espmtu nos poss ·
de parede que se amontoavam. Com uma força que ignorava verdade, empurroes que P ab do no entanto que em cada
aproveitá-los é tarefa noslsa, s encada ato estar~mos edifican-
possuir, e com a ajuda de mais dois homens que apareceram
do nada, Nazaré retirou os escombros e o móvel, socorrendo a
pensamento, em cada pa avra, :m '
do protótipos de nosso amanha.
mulher que parecia padecer grandes dores pelos danos que seu
corpo apresentava. Aquele ser que a acompanhava agora trazia
consigo uma maca, na qual a mulher acidentada era socorrida.
Ao acordar, nada mais ficou gravado em sua mente, além
da cena descrita. Uma sensação de angústia tomava conta de
seu peito naquela manhã, até o momento em que as notícias do
dia davam conta de que algumas casas haviam desabado num
bairro de terreno bastante acidentado da cidade, em decorrência
das chuvas torrenciais da noite anterior. Infelizmente, houvera
algumas mortes e muitos feridos eram retirados do local pelo
51
50 Enquanto Dormes Leni \\~ Savi.scki
dos que fizeram por merecer as curas do corpo e da alma.
- Minha mãe, a incumbência de dirigente de umbanda,
como denominam popularmente de pai ou mãe de terreiro, é
carma ou mérito? Sinto-me tão culpado quando não posso solu-
cionar os problemas que surgem, mas às vezes também me sinto
muito cansado e, confesso, com vontade de desistir da missão .
- Nega véia costuma dizer que a maioria dos presentes que
.t cruz de cada um ganhamos tem o papel do pacote mais bonito do que o conteú-
do. E esse é um deles. O médium que recebe da espiritualidade
a missão de dirigir um agrupamento mediúnico, o faz, em pri-
meiro lugar, por necessidade de evolução e, em segundo, porque
possui a confiança daqueles que lhe dão tal incumbência.Vamos
falar daqueles que receberam a missão do plano espiritual, an-
tes de sua encarnação na Terra, e não dos dirigentes "feitos" em
A questão mais aflitiva para o , . cursos. Essa é uma das mais difíceis tarefas e que exige dedica-
consciência do tempo perdido. espmto no Além, é a ção total do encarnado, além de uma dose extrema de paciência,
Chico Xavier perseverança, humildade e amor. Mas, ao mesmo tempo, exige
também pulso firme e forte personalidade para impossibilitar
. "l.!1:1 certo tumulto se formava
do imcio da sessão Uma h
n .
a portaria do templo antes que sua colheita seja prejudicada pela invasão das pestes.
· · · sen ora eleg t ' A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente sempre se
Joias finas, mas bastante nervosa . ~n e, portando roupas e
o dirigente, pois afirmava ' exigia :1m atendimento com acentua dentro do terreiro com os médiuns, e muito pouco com
um" resolver. Embora a a!:::e~ c~so nao e~a para "qualquer a caridade direcionada aos consulentes. Todo médium de tarefa
é um espírito endividado que precisa se curar. O terreiro é o hos-
que o dirigente encontrava-se nn e~- portaria lhe informasse
de um tratamento de saúd o a iente, mas se recuperava pital onde ele vai se internar, por um longo tempo de sua vida
que ~i trabalhavam have~i::UJecertam~nte todos os médiuns na Terra. Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes,
possível, uma vez que esta at~nde-la da melhor forma não é mesmo? E aí é que complica!·
O dirigente também não deixa de ser um doente que, além
ai ade maior, ela insistia e fíngi - mstrumentos da espiritu-
lid vam sendo
Juju camb · h ia nao entender. de se tratar, pode estagiar ajudando os médiuns de sua cor-
. ,O onm o que por ali rente "hospitalar". Isso não o coloca como um ser perfeito, do
via o diálogo tratou de '. f i passava no momento e ou
' m ormar O diri - qual não se admitem mais erros; muito menos como alguém que
para a abertura dos trabalhos de . gente, que se preparava
tudo pode, em qualquer hora e em qualquer situação. Dele serão
diatamente, dirigindo-se à portari~ari~ade daquela noite. Ime-
cer a senhora a aguardar ' 'o Jovem tratou de conven- exigidas posturas mais firmes, bem como entendimento mais
. d pacientemente pel t . apurado. Ele deverá aprimorar-se constantemente com estudo e
sena ado por um dos médiuns. o a endimento, que
reforma íntima, exigindo da corrente semelhante compromisso.
No final da sessão depois Tais posturas serão necessárias em função do tamanho de sua
tiraram do local, o di;igente foT\::odos os c~nsulentes se re-
velha que por ali rondou no amhi com Vovo Benta, a preta responsabilidade, e dentre elas está a de cortar o mal pela raiz,
tempo, trabalhando incansavel tente astral, durante todo o priorizando sempre a corrente como um todo, sem privilégios a
, · mente no a 'l' ,
espmtos desencarnados alé d . , u~ 10 as centenas de quem quer que seja.
' em a ajuda a maioria dos encarna-
53
52 Leni \\~ Savi.scki
, • A •Ma-os amigas lhe serão es-
tr luz a consc1encia.
Ao assumir tal posto diante da espiritualidade, antes d(' sempre nos az a d b e olhos atentos a tudo observam,
reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será como Lendidas no amparo ? ~m se fizer prossegue no caminho. A
a das outras pessoas, pois certa mente terá de abdicar de muitas , mesmo qu~.ndo a lilJUSliça ' pesa de um lado só.
A ,ilibrada e nunca
coisas materiais, em favor do lado espiritual. balança de Xangõ e equ . dº álogo instrutivo, sentiu algo es-
O termo pai e mãe agracia o médium com a postura de se Juju, que ate~l? ou;s~t:, teve um insight, em qu~ se viu
colocar como tal , am parando, educando e auxiliando a corrente Lranho. Por um rápido d mblante sério ouvindo as
um homem e se '
como verdadeiros filhos de seu coração, tarefa difícil pois esses adulto e em frente a . d pela preta velha. Isso lhe trouxe
"filhos" não vieram de seu ventre e não nasceram ontem: são mesmas palavras pronuncia als colia misturada a uma culpa
adultos que possuem vícios e personalidade já formada. Cada imediatamente uma certa me an ' .
um com seus egos aflorados, com suas necessidades de refor- que não sabia explicar. . b d feito de suas palavras sobre
, B t que sabia em o e
mulação, e o fato de porta rem a mediunidade já os qualifica Vovo en a, amb ínno lhe deu um abraço,
como devedores em potencial. Certam ente, reeducar um adulto ambos, sorriu e, cham~do ? '~ on '
é muito mais difícil do que educar uma criança. É pepino tor- abençoando-o antes de subir .
to! Observo nos terreiros por onde ando que muito se exige do
dirigente e muito pouco se retribui. Faltam nos médiuns desde
respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente,
que é am or. Humildade, então, meus filhos, é coisa rara! Em
compensação, sobra bajulação, geralm ente usada como meio de
se fazer preferido na corrente.
Nega véia costum a dizer que criança que se cria como bi-
belô, como tal , vai quebrar quando adulto. Todo aquele que não
teve rédea firme na infância para domar suas más tendências
vai chegar no terreiro e expô-las de modo a perturbar a ordem
do lugar. Hora e vez de impor as leis que regem a casa, indepen-
dentemente do que possa pensar a respeito disso o médium em
questão. Se, mesmo indisciplinado, tiver resquícios de humil-
dade, vai receber o chamamento como aprendizado e vai cres-
cer. Mas se, ao contrário, além da indisciplina prevalecer nele a
arr ogância e o orgulho, acolherá como ofensa e, infelizmente, o
remédio será am argo para essa doença.
A tar efa é tão árdua que muitos desistem na metade da
cam inhada, outros se corrompem. Mas, ainda bem que uma
grande maioria volta para casa com sua coroa ilum inada pela
luz do dever cumprido, e estes sim terão o mérito de conseguir
dar um salto em sua evolução. Portan to, continua, filho, conti-
nua. Os louros não serão colhidos aqui, mas acolá. Seja firme,
mas humilde. Nem sempre irá acertar , mas tenha esse propósito
em mente e, quando sentir-se limitado, recorra à oração, que
55
54 Enquan to Dormes Leni \Y. Saviscki
a pessoas carentes, era realmente muito bonita. Toda envolta
numa luz violeta brilhante, a casa parecia uma nave flutuante
interagindo com a construção material. Amplos salões se dis-
tribuíam em ordem, todos coloridos de forma harmônica, onde
um grande número de espíritos desencarnados trabalhavam
dando continuidade ao atendimento que se fizera na parte físi-
a. Outros tantos, talvez dezenas de vezes mais, eram por estes
Uma ajuda especial auxiliados.
Juju e sua turma agora se integravam àqueles trabalhado-
res da luz e, da forma como cada um podia e sabia, auxiliavam
também. E qual não foi o espanto do menino ao deparar-se com
a figura de um amiguinho que desencarnara há vários anos,
num acidente com a família, que se dirigia ao Rio de Janeiro em
férias. Ele estava ali, deitado numa maca, rosto lívido, e mais
parecia hipnotizado por algo. Olhos parados, como se realmente
E, amando-vos uns aos outros com u
ao Meu, sereis reconhecidos co~o m m ~~r semelhante a morte do físico tivesse matado seu espírito também. Seu corpi-
do-vos como Eu vos tenho amado... eus discípulos, aman nho astral apresentava ainda as marcas que o acidente deixara
Jesus
no físico.
Impulsionado pela surpresa, Juju chamou por seu nome:
Juju mal acabou de fazer a .
afundava na cama pelo cansa o ~~ec~ e sentia que seu corpo -Caio!
O menino, ao ouvir seu nome e reconhecendo a voz do ami-
que ,s~u espírito já se desprendia fl dia, ao mesmo tempo em guinho querido, estremeceu, e seu olhar se moveu buscando a
do físico. Agora , já acostum a do com
' utuan~o
suas viagensuavementetr . acima
- presença dele. Juju, pegando em sua mão, mesmo sem saber,
assustava mais; pelo contrári . . s as ais, nao se passou toda a energia animalizada produzida pelos encarnados
Benta, e mais alguns ami os ~~ s~~tia~se feliz por ver que Vovó
de que ele precisava para acordar no novo mundo. Inevitável foi
do leito, para juntos parti~em pmtua~s, o aguardavam ao lado
o abraço caloroso, seguido de lágrimas que rolavam pela face
Cantando uma canção q~:r:am:1s um trabalho espiritual.
ponto-cantado, interagindo com os ~anda se denomrna de dos dois amigos.
Só então, com a presença do amigo e com sua paciente expli-
na forma de crianças nos trabalhos elpmtos ~ue se apresentam cação sobre o ocorrido, Caio compreendeu o que lhe havia acon-
facho de luz que direciona os terreiros, seguiram um
va seu rumo o ende tecido e, principalmente, que continuava vivo em espírito. Depois
d e centro espírita localizado na . · ~eço era um gran- de se despedirem com mais lágrimas, não sem antes firmarem a
pouco, o trabalho havia encerrad:ap1tal do _Ri~ de Janeiro. Há promessa de novos encontros, Caio foi conduzido a uma câmara
parte astral se fazia intensa e.ª continuidade na contra-
de cura onde a energia de muitos encarnados, em desdobramen-
linhas e vibratórias que lab tenecessitada de ajuda de todas as
N u avam no bem e na 1 to do sono, prestavam bons serviços em favor dos desencarnados.
- - oss~, que lugar lindo! ! ! - exclam . uz. , Depois, seu rumo seria o encontro com seus afins em locais de
nao conhecia local. ou Juju, que ate então
O aprendizado, onde daria continuidade à sua evolução.
. ~ parte astral daquele ambiente O encontro da noite, após todos os socorros efetuados, cul-
espiritual de forma bastant . ' ~e prestava o socorro minou na reunião de todos os trabalhadores no salão principal,
trahalh d e universalista além d t d
o e ensinamentos evangéliicos e atendimento
' . e caritativo
o o um
57
56 Leni W Saviscki
tanto dos habitan tes do plano . . não, também físicas. Sendo assim, fragilizados, desorientados
nadas desdobrados que se esptmtual ~anta os ainda encar- e tantas vezes obsediados, inquietam-se sob o pedido de silên-
encon ravam ah
Acomodados em silêncio ouvi d . - cio, pois precisam mostrar e contar que sofrem. O ser humano
muito bonita, em que se exalbva º111 o uma ca~~ao xamânica atual não sabe mais parar, muito menos introspectar-se, razão
na natureza, todos aguardava . Grande Espírito que reside pela qual também sofre. O espelho disso são os consultórios
noite, que responderia às dú~:s p:esença do responsável da médicos e terapêuticos sempre superlotados e, da mesma forma,
assunto previamente escolhid perguntas pertinentes ao os centros espiritualistas. As pessoas não se conhecem porque
U 1 o. não se olham e, se o fazem, não se enxergam. Resta então bus-
m senhor aparentando idade .
apesar da seriedade de seu mb madura, muito simpático car alguém que lhes diga o que está errado nelas ou que lhes
saudado pela maioria dos e se dlante, apresentou-se, sendo receite um remédio, um alívio. Mas, para certas dores, não há
d ncarna os como send , .
e nome bastante conhecido no meio , . o um espírito calmante; há, sim, mudanças de atitude a ser feitas, ou seja, uma
apenas um "pseudônimo" q espírita, embora este fosse reeducação. Quando silenciamos nossa mente, principalmente
ue usou por bom tem
suas mensagens psicografadas através de ?~ para ~assar dentro de um ambiente em que a egrégora espiritual é elevada,
do-se_~ responder às interrogações de to;m ~~:m, Dispon- e conseguimos nos conectar com nosso "eu" superior, já terapeu-
01
um dirigente umbandista que 11. os, ordado por tizamos, com esse gesto, cinquenta por cento de nossas dores.
11 a se encontrava·
. - emas percebido certa dificuldad fr . Nessa condição de quietude, nos tornamos aptos, acessíveis aos
na das casas onde se presta a .d e en enta~a pela maio- espíritos que ali estão presentes para o auxílio fraterno. E diga-
dos consulentes tão necessá _card1 adde com relaçao ao silêncio se que nós, deste lado em que o tempo e a distância inexistem,
, no es e a fila de tr d ,
momento em que se é atendid Q _ _en a a ate o ficamos de plantão e muito além do portão desses "hospitais",
daria? 1 o. ue sugestao Pai Joaquim nos antes que ali chegue o primeiro trabalhador ou o primeiro con-
- Pai Joaquim? - esse foi o m . sulente da fila. Formamos todo um ambiente propício para o
grande maioria. urmunnho que se ouviu da bom andamento do trabalho no plano terreno, e isso demanda
Sorrindo de maneira divertida , . um grande esforço, como também um grande número de tra-
e, antes de responder à pergunta d' ~-e~pmto olhou para todos balhadores espirituais. Mas, para que alguém aprenda algo, é
- Bem meus 1· - o ingente, esclareceu: preciso antes de tudo que haja quem ensine. Já se foi o tempo,
, rmaos agora me ap t .
em que vivi numa de minh res~n o aqui com a forma meus irmãos, em que o terreiro ou o centro espírita eram lo-
1 as encarnaçoes Ma .
d. a d e de evolução ' atuo tambéem na umbanda · s, por necessi-
L' .
cais cheios de mistérios, onde as pessoas chegavam a temer os
time~ta astral é de um preto velho S . a, minha ves- espíritos e a maioria lá comparecia em busca de fenômenos,
atuei em movimento algum d . . abem todos que nunca sem entender nada do que acontecia durante o trabalho. Hoje,
como também sabem e , e m~eira ortodoxa ou fanática é preciso que, além de hospital, sejam também educandários de
autorizados pela Gran~e ~os, espíritos desencarnados, quand; almas, mas não somente de desencarnados em busca de dou-
corpo astral modifi , 1 nerg~a, !emas a plasticidade de um
cave na aparencia e f , trinação. As pessoas gostam de aprender e, com certeza, sairão
sempre a essência e o objetiv d arma, porem mantendo muito mais felizes de um lugar onde lhes foi explicado, sem
. 0 e nossa missão qu ,
a1m ente interessa. Respondendo à i - ' e e o que re- mistérios, sobre o atendimento que receberam. Isso colabora
a casa de caridade que trabalha co:errog~ç~o d~ nosso irmão: também para que tenham discernimento do que é certo e do
um terreiro de umband ª espiritualidade, seja ela que é errado, evitando que caiam em mãos de aproveitadores. É
. a ou outro templo qual ,
pital de almas. Para lá se encaminh q~er, e um hos- urgente que se ensinem aos vivos, a fim de que possam melho-
para suas dores emocionais ta ~m os ne~~ss1~dos de cura rar para desencarnarem decentemente e que, já no outro lado,
' men 1s ou espirituais e, por que
59
58 Gnquanto Dormes Leni \V. Saviscki

LI
a roveitando o tempo para
estejam conscientes de sua condição de vivos ainda. É preciso oor lugares lindíssimos da ~atureza, !enino que estava sendo
. entos valiosos ao -
falar aos consulentes que não é o preto velho nem o mentor repassar ensmam . - naquela encarnaçao.
preparado para uma grande m1ssao
com nome famoso que resolverão suas pendengas, mas que isso
será alcançado por eles mesmos quando admitirem mudar suas Que fumaça cheirosa,Vovô
atitudes, seus pensamentos, e quando aprenderem a silenciar t' Sai de seu cachimbo ,
a se escutar. Todos nós temos um mestre interior muito sábio e, Não sei se é arruda,Vovo,
quando aprendermos a ouvi-lo, nos surpreenderemos com as Ou manjericão ,
Só sei que essa fumaça~ Vovo
mudanças positivas que ocorrerão em nossa existência. As en- Faz bem ao meu coraçao.
tidades que ali estão são seres dispostos ao auxílio, mas acima
de tudo aprenderam a respeitar o livre-arbítrio do outro e por
isso só podem ajudar a quem estiver apto a receber essa ajuda.
Nem Jesus curou a todos, mas somente aqueles que tinham fé
merecimento. Quando os templos entenderem que não se ajuda
"resolvendo" o problema do sofredor, mas que é preciso fazê-lo
compreender como se processa a autocura, quando os templos
se abrirem ao ensinamento dos consulentes, com palestras edu-
cativas, as filas de sofredores diminuirão, dos dois lados da vida.
Nesse exato momento, finíssimos raios dourados emana-
vam da região cardíaca desse espírito, que ampliou sua aura,
agora mesclada com a cor rosa, quase violeta, e, estalando os
dedos, transfigurou-se no preto velho a quem chamam de Pai
Joaquim. Arqueado e sorridente, ele continuou:
- Nego véio é muito falador e gosta de passar os ensina-
mentos que adquiriu na escola da carne, de onde muitas vezes
retornou diplomado, ganhando passe livre para a pátria espiri-
tual, mas em muitas delas rodou e teve de retornar para refazer
as lições. Por isso hoje, este espírito errante acredita que, se
existe crime que se possa praticar contra a evolução de um ser,
é lhe negar informações, é deixar de ensiná-lo, de lhe apontar o
caminho. Por outro lado, cuidado com a imposição. É preciso
respeitar o livre-arbítrio e, se um espírito se nega ao aprendiza-
do, nada lhe imponha, mas também não o carregue no colo. É
assim que o Grande Pai faz com Seus filhos: dá a todos as mes-
mas oportunidades e os deixa livres para escolher, isentando-se
no entanto de estancar sua dor se esta foi sua escolha.
Foi travestido de preto velho que, após o encerramento da
reunião no Astral, aquele espírito trouxe de volta Juju ao seu
corpo físico, que dormia na cama, não sem antes transportá-lo
61
60 Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki
li
1 iodendo perceber que já se encontrava numa dimensão extrafí- 1

'li ·a. Não sabia definir, mas seus sentidos mais íntimos acusavam
11 diferença energética. Sua visão agora clareava e podia situá-
lo em meio a uma imensa multidão de pessoas hipnotizadas,
n ndando sem rumo de um lado para outro. Embora estivessem
< 1 olhos abertos, pareciam desconhecer o ambiente. Seus rostos

< 1 -monstravam uma frieza estranha, como se fossem isentas de


Norns aventuras qualquer emoção. Entre aquela gente toda chamou-lhe a aten-
</to uma jovem para a qual se dirigiu tentando um diálogo:
- Inútil, meu irmãozinho. Ela está adormecida.
Virando-se em direção à voz, Juju exclamou: .
- Até que enfim alguém "fala" no meio dessa multidão ...
Ele sorriu, mostrando uma bela dentadura alva, contras-
! ando com a pele negra. Juju continuou:
Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diant d 1 - Dormindo eu também estou, e no entanto ...
mens, mas Deus conhece os vosso - e os 10-
entre os homens é elevado pe t s Dcoraç?es, po~que -º que Voltando a sorrir, sugeriu que se afastassem daquele lugar
, ran e eus e abommaçao. para poder conversar. Antes que Juju pudesse concordar, ele o
Jesus
puxou pela mão e, em poucos segundos, já se encontravam em
O camboninho Juju, preocupado c . pequena e iluminada sala onde duas confortáveis poltronas e
tecendo foi ter com Vi , B om O que vinha lhe acon- um vaso de rosas amarelas eram toda a decoração ali existente.
' ovo enta que t d"
casa, no final dos trabalhos d
,
'·t
a n01 e.
ª en Ia os médiuns da - Bem, preciso me apresentar. Embora já sejamos velhos
-Vo, por que faz algum tempo - amigos e companheiros; será a primeira vez que trabalharemos
minhas saídas do corpo durante que ~ao me recordo mais de juntos, na qual estará em desdobramento consciente. Sou aque-
espiritualidade se zangou comig o son~. Estou pensan~o que a le a quem chama de seu guardião ou exu ...
está mais me buscando para tr~ ~~r ª go que fiz e por Isso não Sem permitir que continuasse, Juju levantou-se num ím-
_ Eh eh h . fi _ a ar no Astral. peto e o abraçou entre lágrimas misturadas a um sorriso de
O carnbo~inhoe e~~I se~d~ao se preocupe por não se lembrar.
alegria, exclamando, eufórico:
trabalhos que precisam pri!:~:oa~adod para ~ovas lições, novos - Meu Deus ... quanto desejei conhecê-lo!
sua memória astral Q d f e ~ equaçao com seu corpo e Certamente Juju o pegou de surpresa, pois apesar de aco-
sua consciência física.u~quºe ~:a~oss.i;el, Isso será liberado para lhê-lo com um abraço fraternal, num gesto rápido, devolveu-o à
com a luz. Que Nosso Senhor Jesu;~~s~:~r::eça ,conectado poltrona. O menino, voltando à razão e percebendo seu descon-
Durante um mês a situação . nçoe. trole emocional, tratou logo de pedir desculpas. Pensou imedia-
noite em que Juju invadido 1 permaneceu inalterada até a tamente nas tantas vezes em que o havia imaginado: um gran-
nho quente e um l~ito acolhe~~r° ::r.:;s~ço, apenas pedi~ ~ ba- dalhão, com rosto rústico, incapaz de esboçar aquele sorriso que
pensamento a Deus em oração e já sen~~vera tempo ~e din~rr seu agora o encantava; além disso, não o imaginava negro.
ao mesmo tempo em que alg Ia um torpor invadindo-o, - Decepcionado? - perguntou, lendo seus pensamentos.
umas vozes e imag
aparecer em sua mente. ens começavam a - Oh, não, me desculpe!
Um leve estremecimento o fez sentir-se fora do corpo físico, Se Juju estivesse no corpo físico, com certeza mostraria

62 Leni v\~ Saviscki


63
Nesse momento, sua mente, indisciplinada e acostumada a
agora o rosto vermelho de vergonha. Sentia-se como um verda-
deiro calouro em primeiro dia de aula. Seu pensamento O traía
tudo questionar, buscou uma prova a respeito daquele que ali
estava dizendo-se seu exu-guardião. Lembrava-se de algo que
e, por não est:rr ~cos_tumado à linguagem telepática, só percebia
sua ~ansparenc1a diante daquele ser amigo quando as respos-
sempre o caracterizava nas poucas lembranças de trabalhos em
tas vmham recheadas de um amor incondicional: desdobramento, embora delas nunca tivesse trazido a imagem
-;- Sim, meu i:mão, aquele "sonho" de que se lembra, em que
do amigo. Imediatamente o espírito fixou-o nos olhos, fazendo-o
alguem o levou aquele imenso vale, recolhendo a multidão de
sentir como se todo seu ser incendiasse naquele momento, ta-
seres, foi um de nossos trabalhos juntos. manha a energia daquele olhar. Levantando-se, transfigurou-se
Juju lembrava agora aquele desdobramento de onde volta-
num homem alto e forte, com olhar duro e traços rudes, e, de sua
ra com a nítida impressão de que havia realizado um trabalho
musculosa mão, num gesto rápido que Juju bem conhecia, jogou
maravilhoso junto aos umbrais terrenos. Acompanhado de um algo no ar. Ali estava o seu tradicional "chicote" de couro -1:a
ser cuja energia agora identificava, naquele momento não lhe verdade, um laço fluídico -, que o envolveu da cabeça aos ?es
fo_i permitido reconhecer seu rosto. Ali, porém, era impossível aprisionando-o, como fazia aos renitentes seres que ::ecess~ta-
nao se recordar do abraço que havia recebido no final do traba-
vam ser conduzidos aos locais de socorro e que, por nao aceita-
~o, e1:1 que, embalados pela oração da Ave Maria de Schwbert, rem o auxílio fraterno, exigiam tal procedimento.
Juju sentiu um leve torpor invadindo-o e, quando pensou
visu~hzaram o vale tomado de imensa paz, onde os elementais
das aguas terminavam o serviço de limpeza. No alto de imensa
que iria desfalecer, rapidamente desenrolou o objeto, libertando-
P:dreira, vibraram tanto amor que ainda podia sentir a sensa-
·e daquela sensação e voltando ao seu estado normal de cons-
çao de haver transmutado algo dentro de seu ser. ciência. O guardião, por sua vez, retornou àquela figura amável,
- Meu menino, em primeiro lugar quero esclarecer que 0
de estatura mediana, e, com um largo sorriso na face, falou:
- Pensei que não seria necessário esse tipo de "demonstra-
nome "exu" apenas denomina a falange à qual pertenço. Como
s~e, ~~stem inúmeros outros que, como eu, trabalham nessa ção", mas não posso esquecer que dificilmente alguém engan~
vibratória através de tantos outros médiuns como você. um médium bem treinado, não sem pelo menos apresentar mm-
' . Enquanto o ouvia, sua mente rapidamente formulava ques- tas provas convincentes - agora ele praticamente gargalhava,
tionam,entos que ele captava, e sorrindo respondia: divertindo-se com a cara de espanto de Juju.
Olhando aquele ser envolvido numa aura tão grandiosa e
- E claro que poderia ser seu protetor a lhe buscar no leito
ao mesmo tempo denotando tanta simplicidade e humildade,
par~ excursionar no plano astral. Porém, por nossa afinidade
e diante da necessidade que se faz no momento, fui escolhido Juju sentiu-se tão pequeno que, sem perceber, encolheu-se na
J?Or el~s para ser seu anfitrião nesse projeto de trabalho astral. poltrona. Auxiliando-o, o amigo alcançou sua mão, convidando-
E prec1~~ que ~ote tudo o que vai vivenciar, tão logo volte ao
º a acompanhá-lo. Novamente, sem dar um passo, apenas esta-
plano físíco, nao ~ando tempo ao seu cérebro físico para que lando os dedos, viu-se diante de um auditório lotado de seres,
apague as impressoes recebidas. onde imperava o silêncio, interrompido apenas pelo som da Ave
Captando seus questionamentos, o amigo continuou: Maria. Levemente iluminado por uma luz azulada, o ambiente
- Sabe que tem mais um compromisso assumido junto às convidava à paz.
falanges do bem e que há muito reluta em cumprir. Asseguro- Após serem recepcionados por uma senhora de cabelos al-
lhe que nada daquilo a que nos comprometemos em nome da vos e sorriso bondoso, de cujo coração e das vestes irradiava uma
luz ~cará sem o amparo da espiritualidade maior, desde que claridade visível, eles se sentaram. Encantado, o menino aproxi-
estejamos a ela aliados. mou-se, sem conseguir desviar o olhar de seu cardíaco, fazendo

65
64 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
com que ela timidamente o abraçasse conduzindo-o de volta à
encarnados, especificamente durante o d;~dobramento._Muitos
poltrona, onde percebeu, silencioso, o sorriso do amigo. Durante
aqui presentes estão com seus corpos físicos adormecidos no
aquele tempo em que Juju estivera com ele, somente conseguira
leito, poucos encontram-se já vivendo ~o mundo astral, despo-
c?m que lesse seus pe~s~entos, e agora ali, naquele lugar onde jados de sua vestimenta carnal. Todos sao, no en~anto, trabalha-
~-rav~ on~as energeticas de alto padrão, sensível até a um es-
dores, conscientes ou não, dessa grande fratermdade amor?sa.
pírito ~mda tao comprometido como o seu, estava conseguindo
Antes que adentrassem este local, ac~Il.lpanhados por amigos
telepatic~ente saber o que ele pensava naquele momento. Isso
:º~º
o fez_sentir-se um~ criança diante de um enorme pirulito
colando, ou seja, rrnpossivel disfarçar seu deslumbre.
deste plano, puderam observar cenas vi':~as por alguns de nos-
sos irmãos encarnados, durante o sono físico. .
Naquele momento, uma gran~e tela ilm~inou-se e as m:~a-
. Da mesma forma, Juju explicou-lhe que havia ficado fas-
qu:
c~ado pela_ ene_rg_ia-luz saía do cardíaco daquela senhora,
pois ate en~o so tivera noçao do assunto por meio da literatura.
gens que surgiram foram aquelas vistas antenor~ent~ ~or Juju,
em que as pessoas andavam nas ruas em estado hipnótico. Ago-
ra era possível observar que todas mantinham_ ligad~s às_ suas
Agora podia constatar que era algo visível aos seus olhos. Cari-
cabeças um cordão que se perdia no espaço, cuja luminosidade
nh?s~~e~te, o exu apertou sua mão sinalizando que a reunião
terra irncio. as diferenciava umas das outras. , . .
- Vejam, meus irmãos, o estado lamentável da maioria ~~s
, As luzes ~o púlpito acendiam-se dando conta de que al-
seres encarnados, conforme nos mostram seus corpos energétí-
gu:m adentraria para palestrar. Imediatamente os sentidos de
cos. Observem que parecem estar hipnotizados por al~o_ que ~s
Juju acusaram um perfume indescritível no ar e seus olhos fi-
conduz alheios à própria vontade. Se ativarmos nossa visao espi-
caram atentos, na expectativa de que brevemente visualizaria
ritual, ;bservaremos que esse estado hipnótico tem sentido d~ se:.
um "ser iluminadí~sim?" à sua frente. Qual foi a sua surpresa
Nesse momento, o guardião jogou no ar algo que se distri-
ao perceber que, sllenc10samente, seu amigo se levantava e em
buiu como uma chuva energética sobre a plateia ~ten!ª· Ime-
poucos segundos estava lá, diante de todos, pedindo licença
para falar. diatamente, a visão de todos se ampliou extraordmaria~ente
e as imagens passaram a ter nova dime~s~o. Agora po~i~-~e
, De olhos arregalados e ouvidos atentos, mal acreditava que
ele e quem realizaria a palestra da noite. perceber a imensa multidão_ de s~res espirituais, em baixíssi-
mo nível vibratório, que se ligava aqueles corpos desdobrados,
- ~as ... um exu? - embora o admirasse, inevitável foi a
decepçao. como também alguns acoplados em seus centros de força, em
deprimente simbiose, sugando-lhes as energias. Todos apresen-
Nisso, a mente adestrada daquele espírito, captando seu
tavam uma coloração escura, prevalecendo o verme~o e~ _seu
p~nsamento, lançou-lhe um olhar cheio de amor, no qual Juju
baixo ventre, à altura dos órgãos genitais. Era possi:7el divisar
pode perceber que realmente estava ali para aprender e teria de
começar pela humildade. ao redor de seus corpos uma aura ovalada e mal def~mda, ~e cor
opaca, num misto de cinza e vermelho, de ?nde ~~am chispas,
. . - Iv!eus ir~ãos,.; que a presença do Divino Mestre Jesus este-
definindo os pensamentos de baixo teor vibratório emanados
ja irr_adiando bençaos em vossos corações. Para tantos que ain-
daquelas mentes.
da nao me c?nhecem, es~e que vos fala atende pelo nome de ... ,
- O máximo que esses irmãos conseguem fazer, quando
que era a _mi~ha denommação na última encarnação terrena.
aem do físico e adentram o plano astral, é sujeitar-se a and~
Estou ~qui hoje, com a permissão bondosa dos dirigentes desta
em rumo na crosta, hipnotizados que estão pelo poder do ~i-
comum~~de ~stral para transmitir-lhes algo a respeito do traba-
nheiro e pela avareza, escravos da matéria que são. Quando na?,
lho que ja esta sendo desenvolvido por esses espíritos, junto aos
descem aos planos inferiores e deleitam-se em prazeres condi-
66
Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki 67
zentes com suas energias deletérias. Torna-se extremamente 1(, ·om a expectativa de todos, aquele lugar não era assustador
difícil_ a tarefa dos protetores, pelo seu comprometimento COIII 11('111 feio, tampouco parecia muito abaixo da crosta.
energias densas, impedindo a aproximação de qualquer ajudn - Companheiros, esse local está na contraparte astral, no
por parte da luz, que respeita o livre-arbítrio do ser. plano inferior da própria indústria dirigida por nosso irmão em
. Ao estalar de dedos do apresentador, nos fundos do auditó 1•-;l,udo. No plano físico, ele possui um bem instalado e moder-
no eram trocadas as imagens por um monitor comandado por 110 laboratório onde as pesquisas levam a indústria do fumo
~m técnico especializado. Sob sua ordem, agora destacava-s a 1 uma prosperidade financeira cada vez maior, elitizando esse
Imagem de um único ser daqueles apresentados na tela. Seus d:1 vício maléfico como algo permitido e aceito por vossa sociedade
dos p~a referência eram informados ao lado da imagem: sexo 1•11 arnada. Ali, pesquisam-se métodos e fórmulas que levam o
masculino, 48 anos, casado, empresário de próspera indústria cll' 1'11 mante à dependência cada vez maior e, consequentemente,
cigarros, sem religião definida, boa posição social e financeira. :10 consumo do cigarro, fornecendo lucros estrondosos ao fabri-
Ampliada a imagem de seu corpo astral, que detalhava os (';mte. Por conseguinte, geram-se doenças que serão ameniza-
centros de força correspondentes aos chacras do corpo etérico, < la por medicamentos fabricados por laboratórios que também
revelava-se assustadora a desordem desse sistema energético obtêm lucros extraordinários, que, por sua vez, como o cigarro,
bem como a quantidade de minúsculos seres semelhantes a ven ' "i:"to taxados por elevadas alíquotas de impostos, assegurando
tosas que se agrupavam ali, formando uma imagem nojenta. :is im sua continuidade e anuência por parte dos governantes.
- Observe~os que nosso irmão tem acoplado em seu chacrn As trevas não teriam lugar mais adequado para instalar-se.
frontal ~ finissi;110 fio ~e~melho-escuro, tendo em sua ponta Energeticamente encontram ali todas as condições para execu-
uma espécie de camara digital que capta as imagens formadas lar seu trabalho que visa conduzir o maior número de encarna-
?ºr se~s P:nsamentos e as transmite em tempo muito rápido, dos ao vício, às doenças, ao materialismo, ao sexo desregrado e,
~defimvel a vossa compreensão, para um monitor externo loca- consequentemente, à escravidão sob seu comando. Executando
lizado num laboratório sob o comando de seres extrafísicos na a Lei de Ação e Reação, em que o plantio é livre e a colheita
dimensão inferior de nosso planeta. Antes que mostremos esse obrigatória, nosso irmão, dentro do livre-arbítrio que o Senhor
l~gar, ~restem ª!enção na desordem e nas cores viscosas que s dos Mundos concede a todos os Seus filhos, está buscando nes-
ligam as suas glandu~as adrenais, desestruturando suas funções sa sua vivência terrena aquilo que lhe dá prazer, embora isso
a tal ponto que, se nao forem tomadas as devidas providências seja ilusório. Enquanto produz ali o melhor fumo para seu ca-
ª, tempo, somatizará em breve no corpo físico de nosso irmão himbo, livre dos ácidos corrosivos que costuma acrescentar ao
s~r~o problema de próstata, em decorrência de densidade ener- que vende, conta os lucros do dia achando-se isento e acima
gética acumulada. Sigamos agora às imagens que nos levam até de qualquer mal. Porém, diante da Lei Maior, este ser é um
o laboratório. devedor em larga escala, pois seu ato insano, além de egoísta,
. Todos podiam observar que os fios saídos dos aparelhos é exterminador de vidas humanas. A consequência disso é que
mstala~os no_ corpo energético do homem escureciam e engros- seus aliados desencarnados e seus próprios técnicos encarna-
sav~m a medida que baixava o plano vibratório, juntando-se a dos, que desempenham atividades no laboratório da fábrica e
muitos outros fios vindos de outros seres, os quais se enfeixavam são antigos inimigos de outras encarnações, quando adorme-
e eram ordenadamente conduzidos por uma espécie de cano cem, sequestram o corpo energético do irmão em estudo para
~eito de material transparente, desembocando num receptácul; instalar os aparelhos visualizados, escravizando-o a despeito de
mstalado ~ª- parte superior de uma das paredes da construção sua prepotência quando em vigília. Antes mesmo que nosso ir-
do laboratono. Para aguçar mais a curiosidade, e confrontando- mão concretize suas ideias ou seus projetos materialistas, seus

68
Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki 69
mero de seres o que está exigindo das trevas tremendo esforço
pensamentos são captados pelo aparelho instalado em seu fron-
e desgaste de suas falanges, facilitando o socorro dos diss_identes
tal e rapidamente decodificados por processo tecnológico em
cansados da luta. Porém, os que permanecem endurecidos no
poder das trevas. Após processadas e readaptadas aos seus in-
mal são grandes inteligências, seres que cristalizaram o poder
teresse~ ~aléficos, essas "ideias" são devolvidas ao seu gerador,
em suas mentes orgulhosas e egoístas, e estes são páreo duro.
p_e l~s gemos das trevas. Recepcionadas, as ideias são logo mate-
Essa situação obriga a luz a usar de estratégias_extr~m~s, e~-
rializadas e aguçadas pela baixa energia que lhe é introduzida
bora sob bom propósito, nada contrariando as leis, pois sao me-
constantemente em seus centros de força, desorganizando-os.
todos liberados pela Consciência Crística que comanda nosso
Como os irmãos aqui presentes já tiveram oportunidade
mundo. Nessa tarefa de infiltrar-se no mundo das trevas para
de e~tudar nesse mesmo local, o ser humano, quando desar-
verificar possibilidades de auxílio, também atuamos nós, os
momz~do, em desequilíbrio e sem evangelização, é presa fácil
chamados exus. Trabalhando nas camadas mais densas do pla-
nas maos d~quel~s que ainda habitam o baixo Astral, que os
neta, por opção ou por ressarcimento, estamos acost~ados ao
usam para incentivar a obsessiva necessidade de suprir-se de
permanente conflito por sermos os executores da Lei. Quando
bens materiais. Sendo assim, esse tornou-se o seu vício e em-
colocamos essas câmaras clandestinas, atuamos em nome dessa
bora ainda jovem, já é dono de imensa fortuna, a qual esconde
Lei, para que a luz possa, através da visualização e do, c_onhe-
sob a proteção de falsa identidade, em bancos do exterior. Pel;
cimento do trabalho das trevas, executar novas estrategias de
si~ilaridade de ideias e energias, outros tantos se ligam tam -
bem a es~e laboratório, originando o feixe de fios que adentram auxíli~ ao planeta e seus habitantes.
Observava-se agora na grande tela todo o ambiente interno
o local, vmdos da crosta. Vamos agora, através de nossa câmara
do laboratório. Um número bem expressivo de técnicos traba-
clandestina, visualizar o interior das dependências do laborató-
lhava em departamentos organizados e muito bem equipados.
rio e seu funcionamento.
Chamava a atenção o monitoramento de todos os seres portado-
É claro que da mente de Juju, agora jorrava um a inter-
res dos aparelhos, cujos fios eram conectados n:1111 painel ide~-
r~g~ção: "câm~a clandestina"? Imediatamente, captan do sua
tificado por códigos. Ao fim de um corredor havia uma sala cuja
duvida, com disfarçado sorriso, seu amigo elucidou:
porta lembrava os grandes cofres das instituições ?anc:n:ias te~-
_ - O~ trabal?adores da luz, embora protegidos pelo Alto,
renas. A imagem do seu interior causou espanto a plateia, pois
nao realizam milagres. Tudo no Universo funciona dentro da
tudo lá dentro parecia banhado em ouro, pelo brilho. Sentado
lei da ló~ica. Nas trevas estão seres inteligentes, equipados com
em pomposa cadeira forrada em veludo vermel~o, com braços e
tecnologia avançada, que ~e utilizam, para benefício próprio, encosto ladeados de dourado com pedras preciosas encravadas
de artifícios de todos os mveis. Embora só possam atuar em
formando brasões e símbolos, estava um ser indefinido que usa-
ambientes propícios pela vibração energética, não medem es-
va máscara, deixando apenas seus grandes olhos avermelhados
forços para se manterem atuantes e atualizados, infiltrando-se
à mostra. Sobre suas costas havia uma pesada capa negra, bor-
onde houver a menor brecha. Assim, mantêm seus "detetives" dada também em dourado. Nas mãos vestia luvas igualmente
em permanente e atento plantão. O objetivo da luz não é "com-
negras e bordadas. Atrás de grande mesa: o~de ª. riqueza _e os
bate:" as treva_s, mas sempre foi e sempre será, enquanto essa
detalhes denotavam poder, gargalhava satisfeito diante da 1IDa-
dualidade habitar nosso mundo, transmutá-la, mesmo porque
gem de um homem idoso, ali presente e~ corpo astral, ajo~lha-
não podemos prescindir do auxílio paradoxal do Astral inferior
do no chão em transparente desespero. Liberado o som, foi-nos
que, !us~igan~~ muitos seres, os estimula à evolução. Apesar da
permitido ouvir o diálogo que se travava no ambie~te:
aparencia caótica de nosso mundo físico e astral na atualidade
O pobre homem, acuado pelo impacto da falência em sua
terrena, o time da luz atua com melhor e mais qualificado nú-
71
70 Enquanto Dormes Leni \V Saviscki
li
empresa, diante da cobrança dos órgãos governamentais, dos Entre gargalhadas, o ser maléfico respondia que agora o
credores e da possibilidade de ser preso pela Justiça terrena preço era sua alma: _ ~
inquieto pela situação difícil em que ficariam seus funcionários' - Serei seu dono e não ouse buscar a luz. Nao quero ve-lo re-
os quais não poderia mais pagar, e já pensando seriamente e~ zando. Afinal, você nem religião possui - afirmava com desdém.
suicídio, buscou auxílio espiritual no plano terreno, contrarian- Depois disso, foi possível acompanhar o retorno ao corpo
do sua falta de religiosidade, embora fosse pessoa honesta e de físico do homem chantageado pelo mago das trevas. Co~ fo;1,e
boa índole. taquicardia, e suando muito, pensava no pesadelo, mas, intuído
Por falta de conhecimento e pelo desespero instalado caiu por seu guia espiritual, lembrou-se das palavras da ~rece que
e~ m~os de um quiumbandeiro que lhe extraiu boa quantia em havia lido e voltou a recitá-la, agora chorando e ~e~mdo que,
dinhe~ro, ª, qual lhe ~usto~ a venda do melhor automóvel que se realmente existisse o Deus bondoso que as religiões falam,
possuia, alem de lhe induzir a realizar um pacto com uma enti- que esse Deus tivesse piedade de sua desgraça e o ajudasse. E
dade das trevas, a quem o trambiqueiro chamava de"Meu Rei". assim voltou a adormecer. As energias produzidas por sua prece
No desespero em que se encontrava, embora achasse tudo muito sincera formaram um campo de força de extraordinária beleza
estranho, ele aceitou fazer o pacto. As promessas eram de di- em seu quarto, possibilitando· a presença de seu protetor, que
nheiro imediato, de fartura e de solução no campo financeiro. O 0
conduziu a um belo lugar na natureza do plano astral, seme-
trambiqueiro solicitou que ele furasse a ponta do dedo indicador lhante a um jardim de inverno. Seu corpo astral, mergulha~º. em
com uma agulha e pingasse três gotas de sangue numa oferenda. banheira com ervas cheirosas, foi ali tratado com os fítoterápicos
-~ortador de grande poder mental, adestrado em magia ne- que agiam drenando as impurezas produzi~as pelo_ desespero
gra ja de outras encarnações, o farsante trabalhou com esmero em que se encontrava e pelo trabalho de magia que ainda vibra-
junto aos espíritos trevosos para que seu cliente tivesse êxito va negativamente. . .
i1?e~ato~ S~luções milagrosas foram surgindo e a empresa rea- Ao acordar sentia-se revigorado, física e espmtualmente.
giu a falência. Quando tudo normalizava, o empresário iniciou Inspirado por seu guia espiritual, mandou fazer várias cópias da
um P:ocesso de fortes dores no abdome, aliado ao desequilíbrio prece e distribuiu aos funcionários de sua ~~p~esa, convidando-
emocional de sua esposa, que resultou em depressão. Esgotan- os a participar. de uma oração antes de imciar o :trabalho do
do todos os recursos da medicina e em nada encontrando alí- dia. Tudo mudaria desse dia em diante. Agora havia, u_m mere-
vio, lembrou-se do quiumbandeiro, mas algo dentro dele dizia cimento próprio, pois, embora ateu, armazenou cre~itos pela
que precisava livrar-se daquele homem. Nesse dia, caiu em suas caridade prestada às famílias carentes que sempre aJud~_a. O
mãos um papel com a "prece de Cáritas" e, lendo-a, adormeceu. pedido incessante de sua mãe, que já ~abitava o plan~ espmtual
Imediatamente, ao desdobrar-se, se viu levado à sala daquele prestando auxílio fraterno aos socorridos dos umbrais te~en~s,
~~ se dizia "Meu Rei", cena que assistíamos agora. O empre- foi ajuda importante naquele momento. Foi ela _quem o intuiu
sano das trevas com o qual havia compactuado afirmava haver a buscar uma casa espírita para obter conhecimentos. Nada
aprisionado o corpo astral de sua esposa, manipulando-a a seu aconteceu como castigo, mas como necessidade de um desper-
gosto como pagamento da dívida e parte do pacto. O pobre ho- tar para as verdades do espírito e para a existência de Deus.
mem, hipnotizado pela magia a que se sujeitara, visualizava a fi- Mais uma vez a dor agia como bálsamo a fim de curar aquele
gura de sua esposa com a corda no pescoço, tentando o suicídio. espírito que o~trora havia vendido sua me~iunidade, dist?rcen-
Por isso estava ali, ajoelhado aos pés daquela criatura maléfica do seus reais valores e invertendo a polaridade d~ energia que
implorando que libertasse a esposa de tamanho suplício e pro: recebera para curar. Ele era devedor das leis, e foi essa Lei que
metendo pagar qualquer coisa por isso. veio redirecioná-lo agora.

72 73
Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
Ao desligar o projetor, o amigo pediu que todos pudessem
refletir sobre o que tinham visto naquela noite, ou melhor, sobre
a influência maléfica exercida pelo" deus-dinheiro", que escravi-
za os seres humanos, levando-os a cometer insanidades e sobre
o perigo de aliar-se às forças negativas, em tentativa desespera-
da de manter posições conquistadas, ou então para conquistá-
las. Após a explanação, cada um exprimia em prece um agrade- Oportunidades perdidas
cimento a Deus pela oportunidade de conhecimento, momento
em que o salão iluminou-se pela luz emanada do coração dos
presentes, acentuando-se novamente aquele magnífico perfume
que Juju havia sentido no início.
Saindo do anfiteatro, a cabeça de Juju fervilhava de per-
guntas. Bondosamente, seu amigo guardião tentava acalm ar
sua curiosidade, prometendo-lhe outras oportunidades para Feliz aquele que transfere o que sabe e realmente
maiores esclarecimentos. aprende o que ensina.
- Como a maioria das pessoas encarnadas, você tamb ém Cora Coralina
pensava que exu fosse um ser quase primitivo que, além de feio
e ignorante, tinha de ser alcóolatra e fumante, destinado a vi- O terreiro de umbanda, como um hospital de almas ou
ver e trabalhar 'nas camadas inferiores da Terra, quando não, pronto-socorro emergencial, recebe uma quantidade razoável
nas encruzilhadas, recebendo oferendas sanguinolentas - disse de encarnados nos dias de sessão ou "gira", mas s~ment~ ?s
sorrindo em tom de brincadeira, ao se referir a tantos médiuns espíritos que lá trabalham é que podem vislumb~ar a imensidão
que, a pretexto de manipular os elementos usados pelos exus, de desencarnados que se movimentam no ambiente, em busca
fumam e bebem durante as giras, sustentando assim seus pró- de ajuda. Ordenados e amparados por seus ~utores, chegam ~s-
prios vícios ou das entidades dependentes deles, que vêm lhes tropiados e com aparência assustadora, pois, em su~ maioria,
sugar nesses momentos. representam aqueles que esgotaram su~s f?r~as na _v~da anda-
Assumindo sua ignorância, Juju nada respondeu, apenas rilha do pós-morte. Então, retornam a pátria espiritual dela
abaixou a cabeça envergonhado. Sorrindo, o exu amigo abraçou não tendo conhecimento algum. Sem noçao da contmmdade
o menino dizendo-lhe que sabia de seu respeito e amor pelo da vida, quando não de sua condição de espírito desencarna-
trabalho de todos os seres espirituais e que brincava com ele, do continuam a sentir os desejos, ambições, gostos e dores da
para descontrair. vida física e, nesse caminho, definham suas energias. Q1:1-ando
- E agora se prepare, pois o recreio acabou, mas a noite conseguem algum vislumbre de consciência de_ sua realidade,
ainda não. Vamos ao trabalho. Descendo! permitem a ajuda dos benfeitores que os encammham ~ al~um
Estalou os dedos e daí em diante não foi permitido a Juju tra- local sagrado onde medianeiros encarnados poss~m ajudá-los
zer lembranças para o nível físico, ao acordar pela manhã. Apenas através do choque anímico, permitindo o total desligamento da
a sensação de um caloroso abraço, aquele que ele já conhecia bem. matéria. Nesses momentos, os chamados centros espíritas ou de
umbanda tornam-se "oásis" em desertos e, como pontes entre o
Céu e a Terra, permitem a passagem de volta para _c~sa.
Naquela noite chuvosa e fria, a maioria dos médiuns do ter-

74 75
Enquanto Dormes
reiro faltou, ressentidos pela dificuldade de deixarem conforto
O
ampliando-lhes a percepção e a irradiação energética, o que
dos seus lares. O dirigente, preocupado com o atendimento dos promoveu um trabalho eficiente e rápido. ;.
doentes que se apinhavam ali, cujo espaço se tornava a cada dia Harmoniosamente, a sessão encerrou-se no horano costu-
menor, ajoelhou-se em frente ao congá e, assumindo sua tristeza meiro e todos os necessitados foram atendidos.
di~te dos guias espirituais, deixou correr duas lágrimas para Desdobrados em corpo astral, dois observadores, descon-
aliviar seu peito angustiado. Pensou em como havia sido o seu tentes com O final feliz, esbravejavam do lado de fora ~o ter-
dia e nas atribulações a :rue já estava acostumado, mas que agora reiro. Sua programação e o intenso trabalho para desviar os
pesavam um pouco mais por causa da saúde, que já lhe falta- médiuns da casa naquela noite, no intuito de enfraquecer. a
va. Pensava também nas dificuldades financeiras, no aluguel da corrente e consequentemente infiltrar suas "entidades" no, rr:eio
casa, que es~va vencido, e nos tantos obstáculos que ocorreram dela, havia falhado. Teriam que redobrar esforços na proxíma
em s~u ambiente de trabalho naquele dia. Sem contar, na visita investida.
que viera de longe e que deixara em casa esperando por sua vol- Quando as luzes se apagaram e a porta _do terreiro. fechou,
ta. Nada disso o impediu de fazer uma prece no final do dia, de esvaziando-se a casa material, no plano espmtual organizava-se
tomar um banho de ervas e seguir a pé até o terreiro, enfrentando 0
ambiente energético para receber logo mais os mesmos mé-
o temporal que se avizinhava. diuns, agora desdobrados pelo sono. , .
Sentia-se feliz em cumprir sua tarefa mediúnica. Mas como Passava da meia-noite no horário terreno, e os médiuns,
assumira abrir um "hospital de almas" juntamente com outros agora em corpo de energia, voltava~ ao mes~o lo_cal do qual
irmãos que se responsabilizaram perante a espiritualidade em há pouco haviam saído. Seus benfeitores espirituais os aguar-
servir à caridade, sabia que sozinho pouco podia fazer. davam silenciosos, ouvindo um mantra sagrado. Tudo estava
Pedindo perdão aos guias pela tristeza em ver o descaso muito limpo e perfumado por ervas e flores. Um a um, ao ~den-
dos m~diuns, ~e à menor dificuldade escolhiam cuidar primei- trar era conduzido a uma treliça de folhas verdes e convidado
ro de si a servir aos necessitados, solicitou que se redobrasse no a d~itar-se, recebendo ali um banho de energias r~vi_gorantes. Já
plano espiritual a ajuda e que ninguém saísse dali sem receber preparados, seguiram em carav~a para_~s hospitais do Astral,
amparo. e lá como verdadeiros enfermeiros, auxiliaram por horas a fio
, _Olha~do ~ imagem de Oxalá, que mesmo ofuscada pelas muitos espíritos que momentos antes haviam estado com eles
lagnma~ irradiava sua luz azulada, sentiu que algo brilhava no terreiro e recebido os primeiros socorros.
b~m maior que a lamparina aos pés da imagem. Era uma ener- No final da noite, o canto de Oxum os chamava para lava-
gia e1:1 forma ?e fios dourados que se distribuíam a partir do rem a "alma" em sua cachoeira, e assim o fizeram, para some~te
· coraç~o d~ Cnsto e que cobriam os poucos médiuns que ora- depois retornarem aos seus corpos físicos ~ descan_s~em no leito.
vam silenciosos, compartilhando do momento e entendendo a O camboninho e sua turma de amigos assistiam no pla-
tristeza do dirigente. no astral à gravação desse episódio em ocasiã~ propícia que
Agindo como um bálsamo sobre todos, iniciaram a abertu- lhes foi oferecida, com a finalidade de estudos onentados pelos
ra ~~s trabalhos com a alegria costumeira. Quando o dirigente amigos espirituais.
espiritual se fez presente através de seu aparelho transmitiu se- - Vá Benta mas ... e aqueles médiuns que faltaram ao ter-
gurança à corrente, com palavras amorosas e firmes, Nesse ins- reiro naquela noite? Eles perderam de viver tudo isso?
tante, falangeiros de todas as correntes da umbanda "baixaram" - Nem todos filho meu! Nem todos! Alguns deles faltaram
e, utilizando de todos os recursos existentes no plano espiritual por necessidades 'extremas e não por desleixo e, assi1:1_sendo, se
,, . . ' propuseram, antes de dormir, auxiliar o mundo espmtual. Por
usaram ao maxirno a capacidade de cada médium disponível,

76 77
Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
isso foram convidados a fazer part d
- Mas e aqueles que e a caravana.
. ' mesmo podend
ram a preguiça vencê-los foram ·t ? o comparecer, deixa
A . ' acei os
- preguiça, bem como qual ue . , . ,
buto do ego e não do espí ·t q r outro vicio, e um atri
m o, mas que fl t
grandes e valiosas oportunidades ~e e e neste. Perdem-si
dos ao ego e suas exigênci O pela 1:11sensatez de dar ouvi
ias. tempo z fi 0 , Tragédias co\etims
gra a e dele se faz que b ' i , e oportunidade sa
- d O em quer cada o · ''
nao retorna mais pois o t um. mmuto passado
amanh-a nos dirá. , ' que fiz empo renova-se cons tantemente o
, O emos no onte .
e nosso desconhecido por . _ m e esse tempo que virú
. ' isso nao sabemos . d
P?r aqui servindo ou se em al um se am a estaremos
ªJ1:da de _outros que poderão a1! a o~tro lugar clamando por
pois precisam cuidar de suas vidas. nao terem tempo para nós, O escândalo é necessário, mas ai de quem provocar o
escândalo\ Jesus

Há bastante tempo aquele templo de umbanda havia intro-


duzido a palestra esclarecedora, antes de iniciar o atendimento
ao público. Como maneira de ajudar a dirimir dúvidas, foi colo-
cada uma urna junto à porta, onde as pessoas poderiam suge-
rir temas para as palestras. O dirigente as recolhia, selecionava
as que se assemelhavam e, solicitando mtuição aos mentores
espirituais da casa, preparava os esclarecimentos. Percebia ul-
timamente que as pessoas estavam bastante preocupadas com
as calamidades e os desastres coletivos que vinham ocorrendo,
trazendo muita dor e perdas às famílias.
Para uma das palestras, a preta velha Vovó Benta solicitou
ao dirigente da casa que gostaria de apresentá-la, irradiando
sua médium. E assim se deu sua manifestação:
Tem coisas acontecendo neste mundão de meu Deus que,
como diziam os mais antigos,"até Deus duvida". Os filhos
da Terra, cegos e surdos pelo brilho e grito da matéria,
insistem em andar sobre o solo do planeta como robôs
automatizados.
Do mundo espiritual, berço de todos os espíritos, encarna-
dos ou não, sempre foram jorrados tanto avisos como leniti-
vos, no intuito de lhes acordar para a realidade. Desde Moi-

79
78 Enquanto Dormes
sés até Jesus, fora outros tantos "enviados especiais", sempre - os at·mgiu
nao 1
diretamente ' lhes sirva de alerta
-
conscien-
d abi
a luz se fez sobre o planeta, mas a humanidade insiste no
erro e na escuridão com plantios desastrosos, colheitas ca-
lamitosas.
~:s-
. 1 Que não seja motivo nem hora de acusaçoes ~c 1-
ou de procurar culpados, mas sim um estrem~c1me~to
para acordar a quem dorme, de acertar o que esta erra o.
Como o tempo da programação cósmica para as mudanças Que seja o momento de acordar para as palavr~s de Allan
se esgota, os "estremecimentos" se fazem necessários. Estão Kardec: "Homens, por que lamentais as calamidades que
todos assustados pelos últimos acontecimentos, que não vós mesmos amontoastes sobre vossas cabeças? Menospre-
poupam nem as terras de Santa Cruz, eleito berço do Evan- zastes a santa e divina moral do Cristo, não vos espanteis,
gelho. E as mentes não entendem por que aqui também pois, que a taça da iniquidade tenharransbordado de todas
acontecem as catástrofes apocalípticas. Pergunta que todos as partes". A

saberão responder se voltarem a atenção para o dia a dia, A dor não seria necessária se aprendessemos a amar.
para a rotina que se faz em suas vidas, na busca incessante
de apetrechos materiais, nos modismos que, a pretexto de
absurdas necessidades, lhes ocupam parte do dia e preen-
chem suas mentes à noite.
Primeiro precisam ganhar, depois acumular, depois man-
ter... e por isso, o verbo conjugado é sofrer. O medo de per-
der o que se tem toma conta e, com ele, mesmo tendo tudo
demais, deprimem-se como se tudo lhes faltasse.
Este espírito que vive no mundo dos mortos e que por ter
errado muito hoje procura lhes ajudar a acertar afirma que
"tudo lhes falta" quando o coração está vazio. Hoje se com-
pram até "amores" em liquidação ... Amores que não são
amores, mas vazios que se tentam preencher com um senti-
mento que, embora exista dentro de cada ser, está mascara-
do pelo "visual" que precisa ser perfeito para que as pessoas
tenham valor, sejam aceitas. E esse visual tão preocupante é
deteriorável, perecível. Em questão de segundos pode se ex-
tinguir, sumir, morrer. Somente o que não perece, não morre
nunca, não deixa de existir e que é eterno de verdade, é a es-
sência que sai dessa casca física e continua sua jornada no
Além. Enquanto na Terra, não há grifes para cobri-la, não
há outdoor para expô- la ... ninguém é capa de revista, nem
desfila nas passarelas se"só"tiver uma linda essência. Nin-
guém ganha prêmios nem votos por ser"bonito por dentro".
Quando o homem sai do físico, seja devagarinho ou abrup-
tamente, seja com aviso da doença ou sem aviso nenhum,
desnuda-se de tudo o que o corpo lhe proporcionou numa
fração de segundo. E aí sim, são vocês mesmos, deixando
na Terra tudo o que julgavam necessário para descobrir no
Além que estão agora sós, mas amparados graças a Deus.
De bolsos vazios e pés descalços, terão de sobreviver obri-
gatoriamente daquilo que seus corações estiverem cheios.
Que aquilo a que denominam tragédias coletivas, e que

80 Leni \\'. Saviscki 81


Enquanto Dormes

1 1
sempre que tinha oportunidade encontrava um jeito de abraçar
ou se mostrar amiga da dirigente do terreiro, tecendo-lhe elo-
gios descabidos e sem lógica. Fora isso, era uma velha conhecida
de todos, pois fazia intensa "propaganda" dos trabalhos da casa.
Isso acontecia há muito, "incomodando" de certa forma a
dirigente, que tentava amenizar a situação convencendo a si
mesma que certamente se tratava de pessoa carente que procu-
1uto-obsessão rava demonstrar seu carinho, mesmo exagerando.
Nhá Dita, nessa noite, observou que a moça, de maneira
mais acentuada que normalmente, estava acompanhada de se-
res artificiais bastante significativos. Formas-pensamento que
haviam tomado "vida", pela constante injeção de energia que
lhes era dada. A seu tempo, a dirigente acomodou-se e buscou
a irradiação de Nhá Dita para que pudesse atender, juntamen-
Nossos pensall1:entos são as sombras de nossos sentimen- te com os outros médiuns, a tantos consulentes que buscavam
tos, sempre mais obscuros, mais vazios, mais simples que
estes. alento às suas dores. E, a pedido da preta velha, o carnbono
chamou a moça que estava sendo observada anteriormente, o
Friedrich Nietzsche
que a deixou de peito estufado de contentamento.
Nhá Dita, em seu traje de preta velha, observava os traba- Mal sentou-se à frente de Nhá Dita, desfilou logo um rosá-
lhos que se desenrolavam no terreiro, sentadinha em seu toco rio de agradecimentos_ é_ elogios, tanto à entidade quanto ao seu
num canto do templo. A médium que lhe daria passagem par; aparelho. A preta velha só sorria e balançava a cabeça, enquanto
que pudesse atender os"filhos da terra", como costumava chamar mandingava com seu galho de guiné, tentando desfazer um pouco
os consulentes, estava ocupada em dirigir e organizar os médí daqueles monstrinhos que pairavam ao redor de seu corpo espi-
ehi . mns ritual. A moça não parava de falar, o que não ajudava em nada
que rec iam seus guias para o trabalho da noite. Espírito com
uma ba~agem volumosa de aprendizado conquistado a duras pe- o trabalho da entidade. Por isso, Nhá Dita gentilmente lhe pediu
n~s, bur~ado sob o ferro e o fogo, ela agora observava, sorrindo que se calasse por um instante e apenas orasse. Embora de boca
a ingenuidade das pessoas que, como crianças, precisam sempre fechada, acostumada que estava a tagarelar, sua mente não sos-
de promessas e de trocas para que se sintam preenchidas e felizes. segava e só pensava no que poderia dizer a mais de elogios para
Estando no mund? espiritual, ela e os outros seres que se qualificar a dirigente, de quem se dizia admiradora. Como nossos
encontravam no lado invisível do terreiro podiam enxergar 0 pensamentos geram energia, a dificuldade em auxiliá-la continu-
que os encarnados insistiam em esconder deles mesmos. Algu- ava e Nhá Dita chamou auxílio. Aproximando-se, Exu Brasa, fiel
mas ~essoas aguardavam com serenidade o momento de serem escudeiro que atuava na linha dos guardiões daquele templo, já
atendidas. Outras, embora exibissem um sorriso, refletiam em sabia o que fazer. Do fundo de um bornal, apanhou duas bra-
su~ aura cores e~curas ~ exalavam cheiros e formas grosseiras, sas acesas e com suas mãos, que agora ficavam incandescentes,
coisas qu: lambem vertiam de seus interiores. Mas uma pessoa encostou-as naquelas formas-pensamento que, como balões, mur-
em especial chamava a atenção da preta velha: uma moça que charam e se consumiram pelo fogo.
estava sem~re sentada na primeira fila e que nunca faltava a Nesse momento, a moça, ressentida energeticamente pela
nenhuma gira de caridade. Cantava os pontos em voz alta e falta dos artificiais da qual era dependente, pois, ao mesmo

82 83
Leni W Saviscki
tempo que os abastecia com seus de d necessidade de se colorir com falsos brilhos, sem necessidade de
tamb ém era por eles suprida e sor enados pensam ento, purpurina ou lantejoula ... É só deixar brilhar a luz do coração.
Sentiu ligeira falta de ar d m seu ~go, estremeceu e tonteou. - Nhá Dita então lhe explicou sobre as formas que havia
, sen o socorrida pel amb
v~lha sorria serenamente pois fi 1 oc ono. A pr ta criado e em como elas lhe prejudicavam a evolução; em como
ajudar a criatura Ela pors na mente estava conseguindo essa sua mania de bajular as pessoas que admirava na verda-
. ' ua vez preocupada
c al ara a boca e a mente ' com o mal-estar de as afastava dela, embora seu intuito fosse criar admiração e
. _ , esquecendo por mom t , . '
aju
b 1 açao, o que mudou se dr- , . en os seu v1c10 simpatia. E a bondosa preta velha o fez com tamanho carinho e
Nhá D' , upa ao energetico
- ª ita ta precisando dizer u · · amor que de seu coração espiritual saíam fios dourados direcio-
Me~o zonza ainda, ela respondeu~as coisas pra zi fia. nados aos chacras daquela criatura que, cabisbaixa e envergo-
- - Sim, nega véia, me diz o que está a nhada, deixava as lágrimas correrem pelo rosto.
tão b,em e agora que cheguei n fr contecendo ... eu estava Apesar do inchaço dos olhos, seu rosto estava sereno quan-
A . a sua ente passo mal
s vezes, Zl fia, passar mal no co , . . .. do saiu do terreiro e seu coração aliviado. Carregava nas mãos
curar o corpo espiritual A filh - rpo físico pode significar o papel com o nome do remédio que haveria de tomar todas as
vrou de certas "cargas" ~ue ª nao pass~u mal, apenas se Ji noites, antes de dormir. Era a receita de Nhá Dita, que haveria
Ah carregava consigo
- , mas bem que desconfi · t · · de curar sua alma doente, seu emocional desequilibrado. Ela
- E tem mesmo, zi fia! e1... em gente me fazendo mal ... precisaria beber da água do Evangelho. Este foi o remédio re-
. - Eu sabia ... as pessoas me inveiam comendado.
dida, e quer saber mais . . J , porque sou bem-suce- - Nhá Dita quer mais um galho de erva? - perguntava-lhe
- , me mveJam ate porqu .
mae deste terreiro... e sou amiga dn
o cambono.
- Filha, as pessoas não a invei - - Sim, zi fio, agora esta negra velha vai descarregar o apa-
de você mesma lhe fazendo mal jam e nao tem ninguém fora relho para que ele possa continuar no seu trabalho anímico,
- Não entendi' · enquanto me junto com os outros seareiros de Aruanda e, deste
- É isso mesmo, filha, você está . lado da vida, continuamos a nossa tarefa. Mas antes preciso di-
seus pensamentos desordenados
sam a elogios a sua pessoa· o;
sufocante aqueles a quem ' P
tºm se auto-_obsediando com
suas a~itudes que só vi-
sso _fica bajulando de forma
zer ao camboninho que nunca se esqueça de ser sempre aquilo
que realmente é, sem querer demonstrar o que não sente só
. quer conquistar a at - Oh para agradar as pessoas, pois, se com isso engana os filhos da
se mais, filha. Será que está sendo" . " ençao. serve- Terra, não conseguirá nunca enganar a quem está deste lado
exercendo um modo falso d _amiga das pessoas ou está
, e conquista? Filha da cortina ...
está aqui para julgá-la mas 1 · , negra velha não Fica na paz de Jesus, zi fio!
criaturas, quero ajudá-la a eJuec: amor que_tenho a todas a
possa ser mais feliz, com naturali seus ~entimentos para que Nhá Dita já vai subir
sendo artificial e criando artifl . ~ade. Agindo dessa forma, está Nhá Dita já arriou
d i ciais ao seu redor T: t ,
e que suas dores de cabeça C · ano e verda- Ela é filha de Zambi
física foi detectada na-o e' em?aumentado e nenhuma causa Foi Ele que chamou ...
-É... , mesmo.
- E ntão, filha, pense a respeito .
filhos deste grande Pai . e veja que cada um dos
. que nos cnou é natu 1
perfeito, com toda capacidade d ra mente um ser
e amar e de ser amado, sem

84 85
Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
Na volta para casa, ela pensava na grandeza daquela alma, mé-
dium por natureza, que, como Jesus, não deixava de auxiliar a
quem quer que fosse, a qualquer hora. A benzedeira a fez repen-
sar sobre essa humildade, sobre esse amor fraternal, sobre essa
caridade "incondicional" que infelizmente ainda só é encontrada
nessas "pessoinhas" especiais cuja cultura é efêmera, mas cuja
sabedoria é imensa.
Bendita dor Naquela noite, antes de dormir, incluiu a bondosa senhora nas
suas orações e meditou profundamente sobre sua caminhada. Ela
também era médium e há pouco, depois de muito relutar e de ser
visitada pela dor, aceitou a missão e iniciou seu trabalho de carida-
de num local adequado. Agora, as perguntas vinham em sua mente:
- Como estou agindo como médium, diante da responsa-
bilidade que assumi no Astral? Quais as condições que eu im-
Aquele que voa, também já rastejou.
ponho a quem vem buscar conforto comigo? Será que é meu
Autor desconhecido
guia que estabelece condições, quando me nego a dar auxílio
Domingo ensolarado e a dor caus d . desculpando-me com meus apertados horários, ou será que é
dava sossego a Maria L .
., _ mza.
A ªª por um torcicolo não
massagem e a b l d , meu ego que se sobrepõe? E assim Maria Luiza adormeceu, pe-
quente ja nao resolviam Lemb _ o sa e agua dindo perdão ao seu próprio espírito pelas tantas vezes em que
zedeira que "costurava" ~erva r:~~~se então daquela velha ben- se deixava levar pela preguiça e pelas desculpas.
afastada. Relutou durant ido e que morava numa vila Criando urna egrégora favorável pelo sentimento de perdão
domingo e que a pobre ~~~::; todo º. dia lembran~? que era e pelo amor que irradiara à bondosa velhinha, assim que seu
atendia durante a semana int . meredcia ~escanso, ja que ela corpo físico adormeceu uma luz se fez visível no quarto e, de
eira gran e numero d
A dor aumentava e a segu d -f . e pessoas. dentro dela, uma senhora de cabelos longos e brancos corno a
obrigações impossíveis de se re~iz:r :ira a espera~a _com muitas neve surgiu sorridente. Estendeu suas mãos para Maria Luiza
lar. Desajeitada, mas confiante foi ,ºm aquela rigidez museu- que, em corpo de energia, levantou-se ainda um tanto confusa.
cebeu com um largo sorriso e ~ i tte d_ona Bastiana, que a re- - Vamos, filha, vamos até um local adequado para con-
foi logo se desculpando por tirl-~: ~meiro abraço. Maria Luiza
versarmos.
como resposta algo que a s d e seu descanso, recebendo Era tanta ternura que emanava daquela voz suave que Ma-
. urpreen eu:
- Filha, quando eu passar par ria Luiza não relutou e seguiu. Pouco tempo depois, em um lin-
de descanso nem cansaço _
.
ª º. outro lado, não· haverá dia
.. . e sorrm - Se a do recanto da natureza, estavam as duas sentadas num banco
misso de ajudar as pessoas fiz . . ssurni o compro- acolchoado por folhas verdes e cheirosas.
oito anos de existência na-o e . isso durante os meus setenta e - Filha querida, embora hoje não se lembre, em outro tem-
. , vai ser agora qu d .
precisarei ser ajudada quem sab t, ' . an o sei que breve po, fornos mãe e filha e nos auxiliamos muito, desenvolvendo
que vou escolher a quem
O
eª/ p~ra levar comida à boca
em frente ao meu altarzinhou f quan o ajudar, Vem, filha, vamo;
um amor incondicional entre nossos espíritos. Por motivos que
não vêm ao caso, em outras encarnações você se perdeu, usando
M . L . azer essa benzedura r
ana uiza saiu de lá reconfort d . . mal os dons de cura recebidos do Supremo Criador. E a dor se
palavras daquela senhorinha se t' d a a pela :n_ergia e pelas fez necessária para frear os maus hábitos que a levaram à per-
' n m o grande alivio na sua dor.
87
86 Leni W Saviscki
Luiza se sobrepôs à da entidade e assaltou-lhe um pensamento:
dição. Em outra encarnação a colhe·
de um a sensibilidade e tr ' íta dolorosa veio em formn "Está colhendo o que plantou" ... De imediato, a irradiação da
. x ema e desequilib d .
e sentir o mundo espiritual D" . ra a que a fazia ""' bondosa entidade anulou aquele pensamento e atuou forte, fa-
internada num sanatório o~d i;gno_sticada como loucura, l'ol z ndo-a ver somente a essência daquela criatura. Com palavras
aflição e dor. Talvez por isso ~ ermmou seus di~s em gra nc h recheadas de ternura, a preta velha ressaltava suas qualidades,
saber da missão mediúnica ' 1 a, nesta encarnaçao, ao sen I i I' e• valor'i.zando o bem e reativando sua autoestima. Quanto às con-
sua renitência em aceitar D,;f guns ~edos afloraram causando 1 rariedades, elas deveriam ser vistas como aprendizado, como
pela benzedeira, espírito ;mig~P:ifs~s1talmente, a dor e a busrn 1 ições necessárias para se melhorar sempre.
plo, a fez repensar Somos que agora, com seu ex 111 Envolvida de tal forma na energia que a entidade espiri-
. · navegantes do mes b íual irradiava para a consulente, a médium não se conteve e
querida. E, no vai e vem das ondas d mo arco, ~11111
somos levados a nos reencontr ar com oseste mar · chamado vida, abraçou-a, sentindo-se na mesma hora abraçada pela entidade.
afins 1 Novamente, como no caso da benzedeira, quem precisava
pe1 a dor. Ora no mundo espiritual , : seja pe o amor ou
ainda tentando nos harmoni d: ora no físico, estamos todo da lição era Maria Luiza, pois a moça só estava ali como ins-
, izar iante das 1e·1 o - trumento. Ao término do trabalho da noite, antes de se retirar
d emos e parar ou retroceder J , ~- que nao po
seguir o Seu exemplo Esta ·. esus e nosso guia e nos chama :1 de cena, a preta velha passou-lhe carinhosamente as palavras:
. . · rei, sempre que po , 1 . - Filha, todos nós temos uma essência e várias cascas que
a e auxiliando-a. Segue filh ssrve , orientando
"d ' a, segue sua cami h d d a encobrem. Precisamos deixar de julgar' as pessoas pela casca,
can ade que nos possibilita r . , . m a a entro da
Sem medos, pois erros passadessar~ir débitos e crescer no amor. valorizando sua essência. Todos têm coisas boas dentro de si e
. os sao vento qu f · mb às vezes só é necessário que alguém os lembre disso. Inclusive
ca d a dia o Sol nasce de novo t d . e 01 e ora e a
Maria Luiza acordou p~1:%:h~ v;da : espe~ança. nós. Não percamos a oportunidade de exaltar o bem para que
daquele abraço recebido do es , ·t :ntindo amda o calor ele possa vigorar, possa crescer, a despeito do mal.2
paz a invadia e seu dia trans pm do amigo. Uma sensação d
, . correu e maneir t . l Os verdadeiros guias e protetores que atuam na umbanda, por serem espíritos
A noite ' enquanto se d"mgia . . ao templ da umb ranquila. treinados e conscientes do trabalho de caridade que realizam, observam, pela energia
trabalhava, pensava no sonho lembran o . e anda onde das pessoas atendidas, o que se passa em seus corações, independentemente de
detalhes, e seu espírito se fort~ecia ~o ai~da de pequeno seus relatos. Isso sem considerar que, quando necessário, têm acesso ao histórico
daquele espírito usando isso para auxiliá-lo. Ao sentar-se em frente ao médium
portante, porque após um te na fe. S_ena uma noite im- que dá passagem à entidade espiritual, muitas vezes a pessoa necessitada se retrai,
berada pelo dirigente da mpo de aprendizado havia sido li- justamente porque sabe que o médium conhece sua vida, sua história. Porém, cabe
ao médium educar-se e exercer, pelo menos durante a irradiação de seu protetor ou
frente do congá orou ~ervcoasa para atender os consulentes. Na guia, o amor incondicional que o isenta de julgamentos, além de deixar que somente
. ' i rasamente pedi d . , a irradiação da entidade espiritual possa atuar naquele momento. A expressão
~ humildade, mas sobretudo sab d . m o aos onxas amor "O menor se fará maior, quando humilde" cabe bem nesses casos. O médium,
liar sem julgamentos já qu e on~ para que pudesse auxi- para exercer com lealdade sua missão, tem por obrigação anular-se diante da
mé~~ns. E quando 'o ate:d:e~~:s~1~~te c~mo ~ maioria dos espiritualidade nos momentos da caridade prestada. Anular seu ego, isentar-se de
julgamentos e irradiar amor são posturas pelas quais deverá pautar-se para ser
espírito amigo da linha d miciou, irradiada por um realmente um instrumento de auxílio nas mãos da luz.
. os pretos velhos · t d" 2 Muitas vezes, certos médiuns, sobrepondo sua vontade e personalidade às do
b anqumho, esqueceu dos reveses d . ' sen a mha no seu protetor, literalmente aproveitam a oportunidade do aconselhamento para deixar
mente apenas àquilo que a protet a lh v1da dando lugar em sua fluir suas frustrações e "xingar" ou assustar o consulente. Quando não, faz uso de
E e ora e passava uma "suposta sabedoria", receitando fórmulas mágicas que deixam o consulente
. n ao, sentou-se na sua frente . desavisado, com séria dificuldade de conseguir os "ingredientes". Há que se ter
Luiza, conhecia e que levava u
se dos reveses da vida a moç ::t . ;ma moça que ela, Maria
v1 a desregrada. Queixando-
rolavam de sua face Por a . ava enquanto grossas lágrimas
muito cuidado por parte dos dirigentes em educar e frear tais atitudes dos médiuns.
A espiritualidade de luz não isenta de chamar a atenção em relação aos erros das
pessoas, mas sempre o faz de forma educada e amorosa, jamais julgando atitudes
. um mstante, a consciência de Maria ou proibindo o que quer que seja, em respeito ao livre-arbítrio.

89
88 Enquanto Dormes Leni "'~ Saviscki
Mais uma noite Maria Luiza dormi .
pertence àqueles de consciê . tranquil u Esentindo a paz <Ili
iencia
pertamento havia começado 1 a. pensar que o d(•
como uma dor. Bendita dor!

Tirando dúlidas

Se Allan Kardec tivesse escrito que "Fora do espiritismo não


há salvação", eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus
ele escreveu "Fora da Caridade", ou seja, fora do amor não
há salvação. Chico Xavier

No encerramento dos trabalhos da noite, durante a oração


(mal, o dirigente do grupo foi intuído por seu guia a condicionar
o médiuns a se prepararem para seguirem juntos, em desdo-
bramento sonambúlico, a um encontro de aprendizado no plano
piritual.
Acostumados e preparados, foi relativamente fácil a saída
do corpo físico e, posteriormente, o encontro no Astral. Segui-
ram em caravana conduzida por amigos espirituais que os en-
aminharam até amplo salão localizado na contraparte astral
de um templo de umbanda localizado em uma capital. O local,
iluminado por luzes coloridas de um azul-céu, dava uma sensa-
ção de paz e aconchego a quem chegava. O som de uma música
e fazia ouvir, mas de tal suavidade que mais parecia um mur-
murar de cantiga de ninar.
Logo o salão encheu-se de espíritos que se dividiam entre
ncarnados em desdobramento e desencarnados. O programa
começou rigorosamente no horário marcado, com duas pales-
tras ministradas por dois palestrantes renomados das rodas
espiritualistas e que se encontram reencarnados na Terra. Os

91
90 Enquanto Dormes
temas for~m relacionados à reforma íntima . do Caboclo das Sete Encruzilhadas, desmistificando os"mistérios"
mentas e as dores causadas 1 d . do ser, aos senti- que envolviam até então as religiões existentes e deturpadas. A
encerrar o evento, foi solicit;~;sa esaJ~s_tes emocionais. Para umbanda veio de modo simples para alcançar o coração dos sim-
hoje na umb anda como Vovó Benta: espírito que se apresenta ples, dando-lhes oportunidade da religação com o Criador.
perguntas, elucidando dúvidas d qu~ respondesse a algumas - Sendo assim, a umbanda pode ser considerada uma evo-
dido por todos. os assistentes, 0 que foi aplau-
lução das outras religiões?
Imediatamente iniciaram-se -A umbanda não é mais que ninguém; é apenas um cami-
estavam sedentos e ansiosos por ~:;:erguntas, d~ todos que ali nho. Tudo evolui, sempre. Nada está estagnado neste mundo de
mente sobre a umbanda: endar duvidas, principal- meu Deus, graças a Ele. Embora, às vezes ela ainda seja inti-
_- Vovó
É Benta , com. o a senh ora definiria a umbanda? · tulada de "baixo espiritismo" por alguns, a umbanda é regida e
nossa casa, zi fio ... eh eh UM · dirigida do Alto por espíritos luminares, sob o comando direto
que renasce em terras brasileira . com a ~ANDA, religião dos orixás, que são as emanações do próprio Criador. Justamente
tualidade faz de "reunificar" s n~ma tentativa que a espiri- por se apresentar aqui na Terra de maneira tão simples, é que
fragmentaram através dos t os ensmE,amentos sagrados que se demonstra sua evolução, tentando assim sustentar a verdade que
empos o resgat d .
grandes mestres ancestrais que i e a magia dos os homens insistem em desaprender: o orgulho e o materialismo
cidade dos espíritos guias e protet a se apresentam na simpli- são as vendas que os impedem de enxergar a luz. Entretanto, é
dos encarnados. e ores, usando a mediunidade necessário que os filhos que labutam dentro da umbanda não se
-~ qual seu objetivo aqui na Terra? esqueçam que a evolução é contínua. Por isso, se fazem necessá-
- E de alentar, ensinar e socorr , . rios a busca diária de aprendizado e de crescimento.
planeta Terra no plano fí . er os espíritos residentes no - Alguns umbandistas acham a umbanda melhor do que as
, sico e astral enfr .
. forças trevosas, visando à melhoria
dos seres.
d . aqu~cen~o assim as
ª vibraçao e a evolução outras religiões.
- Eh ... eh ... zio fio. Nega véia só pode dizer que não é isso
- ~so não é r~a!~zado pelas outras religiões? que os guias ensinam. Neste mundo, criatura nenhuma, nem
. - odas as religiões foram criadas . . nada que foi criado por alguma dessas criaturas, é melhor que
liar na evolução da humanidade ma co~ o. objetivo de auxi- nada. Tudo o que existe "ainda" é necessário e está de acordo
no caminho do materialismo g ' s a maiona delas se perdeu com a vontade de quem tudo comanda. Cada filho de Deus está
o "religare" que tenta subsisti'. raçats ao orgulho dos homens. É num patamar evolutivo diferenciado, mas isso não o diminui
. . r no empo A umb d
~mversalista, abrangente e não do , .· an . a, por ser diante Dele. A maioria se encontra ainda na infância; por isso
simplicidade nas formas de a gma!ica, caractenzada pela precisa de tutores que os guiem, eduquem e sustentem em suas
men~ o mediunismo herdadJ~:~:~:a~o, e tendo como ferra- necessidades. Esses educadores são as religiões que, dentro de
precisam consertar erros pretéritos d mentf por aqueles que
ferramenta útil e apta à neces 'd d entro da magia, torna-se
suas peculiaridades, atraem para suas fileiras os afins, com seus
ensinamentos. Ninguém pode se arvorar da verdade, pois isso é
- Por que el ~ . . si a e presente do planeta
a 101 cnada se J. á h · · de foro íntimo e o que hoje para mim é a verdade, ontem contes-
outras religiões? ' avia nesse tempo tantas tei e até abominei. Todos nós, nessa caminhada, já passamos por
- Justamente porque a · · várias religiões, raças e países e só por isso evoluímos.
tornando-se elitizadas e dog:~~~:s d~as _se perdeu no caminho, - Mas filhos de outras crenças a criticam, achando-a me-
mo, as hostes de luz, os grandes ma · ~tão, num ~sforço supre-
sagrados orixás fizeram des , gos rancos, onentados pelos nos evoluída.
, cer as terras do Cruzeiro a orientação - A evolução não se. apresenta na forma como pressupõem

92 93
Enquanto Dormes Leni W. Saviscki
- Eh ... eh ... zi fio! Quem é nega véia, um espírito falido que
alguns. Julgam-na assim baseados na . . . ainda tenta acertar o passo, para julgar quem é bom ou ruim?
de que essa nega véia nas sua simplicidade; apesar
amada terra, por vez~s fic::~tr~td~Jas pelos terreiros de 'ln Mas como sou muito "enxirida", vou dizer aos filhos que toda
em alguns médiuns que se denominan a com º. que presencia vez que abraçamos uma causa nossa obrigação é sempre rea-
nome da umbanda, cometem certos~ umband1sta~ e que, em lizar o melhor em favor dela. Posso afumar que não basta só
o homem é falível no seu latente or ul~ganos. Tu~o. isso porque acreditar nos orixás, usar roupinha branca e rodar nas giras ...
na visão generalizada de lhg o e materialismo. Talvez eh ... eh ... eh ... O coração do homem é quem define o que ele é. E
quem o a de fo · d ' se na umbanda se ensina a prática da caridade, o amor e o per-
o todo por esses deslizes de al uns E ra, ai~ a se conceitue
que os filhos de fé que labutam · Par:ª que isso mude, urge dão, isso deve fazer parte da vida real de quem faz parte dela. A
umbanda saiam do casulo da ig na~ ~eiras da n~~sa sagrada melhor maneira de ensinar é pelo exemplo, pois mesmo aquilo
lução, estudando m · form d norancia e se habilitem à evo- que se faz por trás das cortinas não fica invisível aos olhos de
' an o-se atualiz d
transformando-se intimame t N h an o-se. e sobretudo Deus. Ser bom, correto, honesto, justo e caridoso não é privilé-
gio nem mérito, é obrigação de todos os homens. Muito mais de
água limpa sem a contamin n e. en um canal SUJO transporta
ar.
- Vovó Benta pod quem prega esses preceitos.
, . , ena nos falar sobre "evolu - "?
· - Para sermos considerados "bons", teríamos de seguir à
. - E a lmha reta que iniciamos lá t , çao .
cnaçao ainda em outros . E' ª ras, quando da nossa
remos. a suce - d
risca os ensinamentos contidos no Evangelho de Jesus?
- Exatamente. Diria que essa é a definição que deveria
tos _que nos leva ao aprendizado - ssao e erros e acer-
bunlamento da dor É a . ' senao pelo amor, mas pelo se aplicar a todos os homens que vivem neste planeta, já que
, . · nossa passagem po t d , . exemplos e ensinamentos não faltaram ao longo do tempo, atra-
necessanos, deles saindo sempre lh r o os os estágios
lhorando o mundo ao nosso redo;e ores em algo e, assim, me- vés da descida à carne de tantos espíritos iluminados, dentre
eles Mestre Jesus. O que falta ainda, e muito, é boa vontade, sa-
- Pode-se
de seus medir a evolução de urna religião
membros? . . - pelas atitudes bedoria e discernimento para sair desse estado caótico em que
a maldade ainda impera, por força do egoísmo. Por isso é que a
- Com certeza, pois quem faz a r . _ _
participantes. Assim sendo h re igiao sao seus membros dor ainda busca ensinar.
- Dentro da umbanda, o título de mago, de sacerdote ou de
sequência, transformam p~a :.~~~irque se _melhoram, por con-
Sem repulsa àquilo que Ja . , me serviu
0
. deambiente ogà dá mais poder a quem o possui do que aos médiuns comuns?
. rumo onde , ·estagiam.
A. - Os homens criam tantos títulos ... O Pai os vê como filhos;
cias, mas apenas citando corno 1 . em vanas vrven-
tianisrno, nome esse que uma elizíào o, vejam o chamado cris- os vê espíritos simples e puros, como Ele os criou. Essas más-
de se apoderar do próprio Crist~e ~1:-a,º se apoderou na tentativa caras que usam por aqui só servem para iludi-los ... eh ... eh ...
eh ... Com títulos, alguns pensam que são mais importantes do
baseadas numa Bíblia d t d.
e urpa a pelos ho
verdades escritas e até os propnos, . seres que
q ·
gnou suas ideias que foram
mens.- ueunaram as que os outros, o que só serve para inflar os egos e é nessa trilha
com suas ideias na tentati d . nao concordavam que está o perigo da perdição. Para ser um bom umbandista,
, ' va e mterrorn - um bom católico, um evangélico ou qualquer outro religioso, é
tarnbern de permanência no , per a evoluçao, corno
mudou até então. Conserv - poder. Se~ulos se passaram e nada preciso cumprir as obrigações e seguir os ensinamentos de sua
.
A a se a mentira sobre o , · religião. E nega véia sabe que todas ensinam a Lei do Amor. Os
sobrevivência ' mas eles colhem por cons espmto e sua
A •

to de suas fileiras de adeptos / d d equenc1a: ~ esvaziamen- títulos que o seguidor vai adquirir dentro da umbanda devem
religião se não se dispuserem' a~- an o ao extermínio da própria servir apenas para organizar e dinamizar as atividades do local,
-Vi , B irar a venda dos olhos nunca para engrandecer a ninguém. Como diz o ditado popular,
ovo enta, como poderíamos definir
auur um"b orn umbandista"?
.
95
94 Enquanto Dormes
quanto maior a altura, maior pode ser o tombo, eh ... eh ... eh ... Os so perdendo seu tempo em discussões estéreis, quando poderia
mais endividados diante das leis é que precisam de fardo maior utilizá-lo para a caridade, querendo com isso apenas firmar seu
para carregar. ego. E isso, infelizmente e para a tristeza de seus mentores, é o
- Por que a umbanda se apresenta tão diferente dentro dela caminho mais curto para a decadência, abrindo portas para o
mesma? rebaixamento vibratório e, consequentemente, para o negativo.
. - A umbanda é universalista e não possui codificação. Além Disputas inúteis que devem ser evitadas, dando lugar ao diálo-
disso, nasceu nesta abençoada terra onde a diversificação de go fraterno. Os guias espirituais, quando atu_am irradiando_s~us
cultura é grandiosa e pacífica. Essa riqueza toda contribuiu médiuns na orientação, constantemente estão a repassar lições
também para que fosse escolhida a "terra do Evangelho" como de humildade. Quem fala é o primeiro a escutar e quem orienta
berço da umbanda. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando deveria ser o primeiro a exemplificar. Que ouça quem tem ouvi-
se apresentou através de seu médium, determinou como seria dos de ouvir. E a quem pertence a verdade?
essa nov~ religião em seus fundamentos e apresentação no pla- - Essas discussões contribuem de alguma forma para o
n? matenal, mas el~ mesmo sabia que seria impossível padro- crescimento moral ou intelectual de seus participantes?
mzar: cad~ templo. E importante que se cumpra sempre, mesmo - Quando a discussão é pacífica e tem o objetivo do apren-
na diversidade de culto, a essência da umbanda, que é a cari- dizado sempre será saudável e produtiva. Porém, quando re-
dade. Que se promova a Lei do Amor e que cada filho de fé que cheada de orgulho, ernpáfía e egocentrismo, desrespeitando a
ad~ntrar o templo umbandista possa se melhorar, respeitando maneira de pensar ou de agir da outra parte, arvorando-se de
a vida de todos os seres que caminham com ele. Isso é o que a dono da verdade, sempre estará arrecadando para o evento
unifica. . energias iguais que se comprazem com a discórdia. Neste senti-
- Existe uma umbanda pura ou melhor que as outras? do há que se ter atenção. O crescimento moral e intelectual vem
- Zi fio, a umbanda é uma só. Um com a Banda! A diversi- do' esforço em nos melhorarmos dia após dia. E isso, inevitavel-
dade de culto _v~ria de acordo com as tendências dos filhos que mente, ainda incluí os entrechoques necessários a nossos pares,
~rab~ham e dirigem o templo, advindos de outras religiões e que desde que deles tiremos lições úteis.
mevitavelmen~e t~azem consigo e introduzem ali seus aprendi- - Essa diversidade interna então prejudica a religião como
zados e preferências. Isso não diminui o mérito da caridade re- um todo?
~izada ayavés dos aparelhos mediúnicos, desde que essa diver- - Dependendo da forma de manifestação, ela só virá enri-
s1da~e nao _ve~ha a ferir o respeito, a ordem e principalmente quecer. Se olharmos não só na horizontal, mas verticalmente,
a Lei da Cnaçao, em que se deve priorizar sempre e somente 0 ampliaremos nosso entendimento. Nenhum filho de fé p_ensa da
'.'bem"_de to~o~ os seres vivos e da própria natureza. E quando mesma forma, todos são individualidades corri conhecimentos
isso nao existir no culto, que seja dado a ele qqalquer outro e vivências diversos. E como os grupos são constituídos de ho-
nome, menos umbanda. A melhor prática de umba~da o melhor mens com liberdade de pensamento e de ação, é inevitável que
templo é onde a luz, e somente a luz, comanda. ' as diferenças existam. Mesmo dentro da mesma facção, cada
- Observamos nos dias atuais muita discussão entre os um- um terá uma história de vida, um nível evolutivo maior ou me-
bandistas no sentido de cada um defender suas verdades. nor, o que faz com que se acentuem as diferenças. E elas devem
. - Na visão dessa nega véia, ainda há muito para essas servir para rever o que pode ser melhorado, sempre.
cnanças aprenderem ... eh ... eh ... eh ... Cada pirulito tem uma cor - O que dizer das pessoas que veem a umbanda como um
e, e~ora o saba~ seja o me~~o, elas insistem em afirmar que 0 remédio para seus problemas?
seu e o melhor. Vejo tanto médium com um potencial maravilho- - Antes do amor fraternal ou mesmo incondicional, é pre-

96 Leni \\~ Saviscki 97


Enquanto Dormes
ciso que o homem aprenda sobre o am , [az isso de maneira simples por meio da benzedura do preto ve-
com o tempo aprende-se a amar o , ~r egoísta. Amando-so, lho, da chamada à razão pelo caboclo e da alegria das crianças,
dade, assim como Jesus o faz A proximo e to~a a humani que procuram mostrar a pureza ainda existente no âmago de
no atendimento amoroso ofere~idi pe~ssoas. que amda busca lll todos os filhos da Terra. Claro, a melhor postura seria a cons-
alento somente para seus mal . Pd os g~nas de umbanda u lll cientização de ambas as partes, dos que trabalham na umbanda
de si próprias num mundinho ~s ~~n. a estao estagiando dent ro e dos que se beneficiam dela, no sentido de buscarem ali a sua
te, se sentem 'vítimas end ~dn ivídualista. Inconscientemen evolução, a sua religação com o Todo. Porém, cada um tem sua
. , ureci as que estã0 d
mitada visão, e precisam se curar d'isso Tanto b entro de sua li maneira de buscar isso, e muitos, como não aprenderam a evitar
ouvem a mesma orienta ão .. uscam e tanto a doença, ainda precisam do remédio para curá-la. Cada coisa
como se diz em Aruand ç itas um dia aprendem a lição. E
, a, mm as vezes quem b _ ' a seu tempo!
tosqueado. E buscando ajuda , . vem uscar la, sai - Por que a maioria das pessoas só vêm buscar o milagre
estão desenvolvendo e ed dpropria que eles, sem perceber
ucan o o amor fr t ' dentro da umbanda?
grande aprendizado para O d ª erno. Pode ser um - Por falta de conhecimento ou talvez oportunidade de
- Não seria de bom alvi::e~ento na caridade. aprendizado. Costumo falar aos filhos do terreiro que a um-
nuassem buscando o atendi :v1tar que essas pessoas conti banda não faz milagres, faz caridade dentro do merecimento de
e nada aprendem? imen o, uma vez que estão viciadas cada um. Talvez esteja faltando conscientização disso ao povo
- Nega véia aconselha que eles se· , que ainda busca nos guias espirituais o feitiço milagreiro e que,
que tenha quem eduque para qu h . jam ed~cados. E preciso por mais triste que possa ser, seus olhos brilham de satisfação
da não é local para fenôm e aja aprendizado, e a umhan- quando lhes pedem uma oferenda material ou lhes cobram va-
. enos; antes diss 0 ,
deve priorizar a educação, iuntam , e uma _escola onde S(' lores monetários. Esclarecer é o remédio preventivo.
entra a importância do est~do d e;te Jºm o serviço do bem. Aí
visando sempre esclarecer não e~ o os templos de umbanda
- Trabalhar em nosso autoaperfeiçoamento pode ajudar es-
tas pessoas?
também os filhos que bus so a corrente mediúnica como - Essa velha matraqueira costuma dizer que ninguém tem
, cam socorro Ori ta - .
as boas leituras os farão des rt · ien çao e mcentivo o poder de mudar o outro, mas pode e deve mudar a si próprio
E pe ar. e que essa mudança seja sempre para melhor. Repito o que já
- quando essa dificuldade se d , , .
corrente, como proceder? ª nos propnos médiuns da falei: a melhor maneira de ensinar é pelo exemplo. O dia quan-
- Como se procede com um filh . · do nasce nos fornece nova chance, e quando termina leva com
ensinar com paciência ajuda do em seus primeiros passos: ele aquilo que :fizemos, irreversivelmente. Por isso, a encarnação
· ' r a mu ar o foco d · -
a importância da doação em detri a visao, mostrar é oportunidade ímpar de reajuste íntimo na escola evolutiva.
sidades. E como se faz a um . ímento de_ suas próprias neces- Quanto mais cedo se aperfeiçoarem, mais cedo sairão da roda
exemplificada:
. se houver renitência
m encia non depois
apre da
d'12lição
dt ensinada
, e reencarnatória. Mas enquanto nela estiverem, abençoem o corpo
aplicar o corretivo necessário e , n ~ o, dai se deve físico que lhes permite adquirir novos aprendizados e ao mesmo
que re$em o templo. ' qu sera determmado pelas leis tempo drenar os desajustes cármicos do corpo espiritual.
-;- E mais grave para um umb d' . ·- -Até quando será permitido que vigore no mundo a ma-
remedi~ curativo e não preventiv~~sta ver a religião como um ledicência?
- Z1 fio, o umbandi ta , que para outra pessoa? -Aos homens estão sendo dadas três chances: a primeira, o
,. s e uma pessoa comu h
Nega veia não condena essa ostu . m ... e, ·:·eh ... eh ... alerta; a segunda, o estremecimento; e a terceira, a dor. Se mes-
doença. A umbanda veio p ra. Que seja remedia e não a mo assim ele não acordar, seu destino será o ranger de dentes.
mesmo para alentar os desvalidos, e
99
98 Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
, tremores. Porém, importa agora n_ão
- E o que significa, na realidade, este ranger de dentes? está se dando entre dores e d mo futuro mas intens1fi-
- É o inferno do espírito, é o momento em que inevita pararmos o trabalho, preocupa :P~~anças e ac;lmar as dores
velmente ele desperta do outro lado da cortina e percebe que caros esforços para renovarEa~ é a nossa tarefa, pois somos os
terá as companhias a que se ligou quando na vida terrena, em dos que sofrem atualmente. s
ambiente criado por suas próprias energias. Mesmo este estado trabalh~dores da úl~ma ho~~a pelo coral de vozes infantis que
não sendo eterno, ali permanecerá até que esgote o quantum Apos uma oraçao, can d vibração de amor
. t nvolvendo a to os numa ~ .
necessário, dando ao seu espírito condições de ascender a locais se fazia presen e, e f . de extrema importancia
-se o encontro que o1
mais amenos. e paz, ence1:o_u R vados todos os encarnados retorna-
- Quanto tempo isso pode levar? para os part1c1pantes. , ~no ' to os desencarnados reini-
ram aos seus corpos físicos, enquan
- Contem-se os males praticados e some-se o bem que St'
ciavam novas atividades no plano astral.
deixou de fazer. Agora diminua a isso o arrependimento verda-
deiro. Na contabilidade divina, nada escapa e tudo é justo.
- Poderia nos falar sobre o fim dos tempos?
- Primeiramente quero lhes responder com outra pergunta:
a vida criada por Deus tem fim? É claro que não. Sendo assim,
não há o que temermos em relação àquilo que nada mais é do
que "acontecimentos necessários à evolução" dos mundos. Sem-
pre houve e sempre haverá, em todos os globos, reestruturação
e transformações na matéria de acordo com aquilo que foi se-
meado por seus habitantes. De quando em quando, um planeta
que se encontra saturado precisa desafogar ou limpar a casa, a
fim de que os novos habitantes possam sobreviver nele. Conse-
quentemente, os velhos e viciados serão transferidos para locais
a eles adequados. Nosso planeta está estremecendo, saturado
com as energias densas que seus habitantes deseducados insis-
tem em emanar no seu éter, somado ao lixo que acumulam na
matéria, destruindo toda a natureza. Tudo é questão de plantio
e colheita, equem planta ventos ... Não há o que temer em rela-
ção à vida, mas há o que se mudar em relação a hábitos, pensa-
mentos e sentimentos. O poder tão cobiçado pelof homens, pelo
qual guerreiam e se corrompem, fica tão efêmero e nulo diante
das forças revoltas da natureza, mas, mesmo assim, sofrendo as
catástrofes, eles continuam cegos e brigões. Haverá mudanças
cada vez maiores e urge aos homens mudarem também, a fim de
que possam aproveitar a bonartza que se dará após o temporal
com a casa limpa outra vez. E haverá paz para quem promoveu
a paz. Não haverá fim de mundo, mas fim de um tempo ruim
para iniciar um novo tempo, uma nova consciência, e isso já
101
100 Enquanto Dormes Leni W. Saviscki
lhor advogado da cidade, que cobrava o preço de um boi por um
bife apenas, mas como para ele dinheiro não era problema ...
A moça, que sempre fora humilhada e havia sido demitida
sob acusação de roubo para justificar as falcatruas do patrão,
r •voltou-se e resolveu criar provas falsas para se vingar.
Chegado o dia do julgamento, Raul foi condenado, pois as
provas foram bem elaboradas e convincentes. Embora pudesse
r correr da sentença, ele enlouqueceu e, aconselhado por um
Justiça aos justos nmigo, foi ter num templo de umbanda, onde pretendia buscar
li solução do problema, por meio de macumba. E mais, queria
mesmo acabar com a vida daquela que ousara desafiá-lo.
Diante do caboclo, desfilou seu rosário e até fez verterem
algumas falsas lágrimas:
- Preciso de um trabalho forte, pois sou inocente. Nunca
1•ncostei um dedo naquela moça, até porque ela é feia demais
O bem
toda que praticares em alg um 1ugar e, teu advogado 1,111
parte. para os meus padrões. Estou sendo injustiçado.
Emma1111c•I O caboclo de Ogum que o atendia, vendo através da cor de
sua aura a inferioridade espiritual daquela criatura, bem como as
Juju sempre chegava cedo ao ·01npanhias que o assessoravam no lado energético, perguntou:
abordado por um senhor muit b temp!º· Naquela noit 111 foi - Se o senhor se acha injustiçado, por acaso saberia me
0
tomável importado q . , em-vestido, dentro de um .
, ue J a aguardava a ab rt ' dizer se na sua vida diária age com justiça?
guntou
. sobre horário d e imcio
. , . e como 1e dura da . casa. Pl'I - Lógico! Sou um homem de bem.
O
pois
d nunca havia visitado um 1 ugar assi e Fe 1 evena se port ,·11·, Falou isso, mas estremeceu diante da pergunta.
e uns trabalhos porque sua vida im .. a ou que preci avn - E porventura sua consciência não tem nada a lhe acusar,
cadamente, o menino lhe fo esta~a meio complicada. Edu não nesse caso, do qual é inocente mesmo, mas nos outros tan-
· · . rneceu as mform -
imciar as tarefas que antece d.iam a, gira
. açoes e entrou: para• Los que ao longo de sua vida tem resolvido sempre do jeito mais
Quando as portas se abriram . fácil? - voltou a inquirir o caboclo, acrescentando:
tes, aquele senhor era o pri . dafíh a entrada dos consulen - Filho de Deus, a justiça dos homens pode ser falha, mas
"E imeiro a fila
u, aqui neste lugar? A e · existem leis que agem no Universo e podem tardar, mas sem-
reclamava Raul com seus. b qu t_ ponto chegou meu desespero" pre conduzirão os homens à retidão. Não se planta ventos sem
· ~ o oes sentado · ·
assistência
· aguardando O imcio
. , . '
da g· d naabprimeira
O
fila dn' colher tempestades. Reveja seus atos e entenda por que alguém
mformações do camboninh ira e c o, conforme usou a mesma espada com a qual foi fcrj_d.Q _para lhe ferir. Ela
N- o. não está agindo corretamente, mas, como semelhante atrai se-
. ao era um lugar próprio para um h
social. Tudo ali era muito s. 1 ornem de sua class melhante, as leis imutáveis usaram da mesma ferramenta para
encontrara nenhuma pe lIDP es e ~obre. Ainda bem que não atingi-lo. E isso está sendo usado para que possa acordar en-
. . ssoa conhecida 0
rana mconvenientes. , que certamente lh quanto é tempo e mudar o rumo de suas atitudes.
t
- Como o senhor pode me acusar, se não me conhece? Sabia
Acostumado que estava
dia Raul se viu às voltas c a tudo resolver com dinheiro um que posso abrir um processo por difamação ...
, om um proc . di '
assedio sexual e estupro esso JU cial, acusado de
·
'por sua ex-secretária Contr t a ou o me- 103
Leni \\'. Saviscki
102
- Sei. Tanto sei que estou lhe falando de leis. Sabe, filh o,
quem está aqui lhe aconselhando através deste médium, que t
pessoa humilde e semianalfabeto, é um espírito que errou muito
quando encarnado. Errou tanto que precisou da força da LPi
para frear-lhe. Embora letrado, era injusto, medíocre, desrespci
tava as leis e a sociedade. A dor veio várias vezes como aviso,
até que uma condenação por algo injusto o fez terminar os dias Tudo fica grarndo
num cárcere. Desencarnado, airida a Lei o levou a refletir e pas
sou por maus momentos, até que acordou. Este sou eu. Revi
tudo o que havia aprendido e usado mal. Fui para as escola
de reaprendizagem no mundo astral e me comprometi a traha
lhar de forma humilde, junto aos humildes e nesta egrégora clt•
Ogum, onde a justiça é a tônica. Aqui do outro lado da matéria,
a mera condição de ouvintes,
exercemos a Lei de forma justa e implacável, pois não temos
N_ão nos confof~t:~~e::. Como classificar o aluno que
mais a matéria para acobertar nossos atos. Por isso, filho dt• diante das ver_ a . amais aprender, ou o homem
Deus, acorda enquanto é tempo e não desafie mais a Lei. estuda indefimdamente sem J
- Vim aqui para resolver meu caso e não para escutar con que desaprova sem expenmentar?.
· Emmanuel
selhos idiotas, pois estes eu tive na faculdade por parte daqueles
professores medíocres e pobres. Fica aí com suas diretrizes que . andado por Francisco, do qual
eu vou é procurar quem me ajude de verdade, pois tenho muito Naquela noite o grupdo chom oniz ar se com orações e boas
. . art h veria e arm - .
dinheiro para pagar por isso. Juju fazia P e, ª a que pudesse cumpra com ta-
- Vai, filho, procura seu caminho, mas não esqueça que a leituras antes de adorme~;r, parramada no plano astral.
liberdade exige de nós responsabilidade. As leis de Deus são reía muito importante e Jª 1:~go o enc~ntro se deu em ambicn-
justas e ignoram o poder monetário dos homens. Após a saída do corpo sic 'tal Era um jardim muito bem
Então, ele saiu dali, procurou e achou quem lhe fizesse él te especialmente preparado parla' .. da Irmandade das Mensa-
fr · s de um co egio
macumba; alguém que, como ele, estava tão endividado com él cuidado pel as eira ·t d plano físico Ali, onde exube-
. d s ta Maria si ua o nO ·
Lei Universal, que o atraiu por magnetismo, o que de nada mais geiras e an ' d'1 . . s enfeitavam e perfumavam os
adiantou, pois já estava emaranhado nas malhas da Lei. Foi rantes flores e plantas me fci~tai para que no plano etérico, os
. ambiente per ei o , .
condenado em última instância e teve bom tempo para refletir canteiros, era . - o só as formas de que cmdavam,
dentro do cárcere, no quanto foi fácil ganhar din eiro injusto t' elementais harmom~~ssem ~ªrmar uma egrégora luminosa que
na rapidez com que o perdeu, tentando se defender. Culpou a como também permitissem o
tudo e a todos e maldisse a Deus. Não entendeu que a oportuni- atraía os bo?s espíritos. do local depois de calorosa oração ao
dade de sair daquele emaranhado lhe havia sido presenteada t' Envolvido pela P~ d' ' - ao anfiteatro onde outros
. partm em ireçao '
que preferiu seguir seus próprios instintos. Criador, o grupo abalhadores da luz já se encontravam,
O conselho dos guias é dado, mas não existe insistência. grupos de estudiosos e tr ados em desdobramento
d quanto encarn ·
O aprendizado sempre se dará por vontade própria, como bem tanto desencarna os d tela branca de projeção estava
disse Jesus: "Não se jogam pérolas aos porcos!". sonambúlico. No palco, ,grrl e se desse o evento. Uma música
exposta para que, atraves e a,

105
104 Enquanto Dormes
a~iente convidava a todos ara O . A • • os lados, mas também muitos espíritos baderneiros incitando
ate que uma voz se fez ouvir~ sll~nc10, e a mtrospecção, um grupo de encarnados alcoolizados que, enquanto aguarda-
interlocutor: em que nmguem presenciass 0
vam, fumavam e faziam comentários maliciosos.
Na porta, dois guardiões trabalhadores do local pediam re-
Irmãos meus que a paz do C . t forços para conter a possível invasão dos mal-intencionados. Ao
é
so encontro motivado el ns o ~steja com todos! Nos
soar de uma sirene que os assustou, foram cercados por outros
dentro de nossa carninha~a :vn~c:sid;de de conhecimen 1''
da luz, obreiros do bem rn ºt ud va .. ornos trabalhadores guardiões que, com suas armas, inibiram a continuidade da festa
. , as o os ainda peque - programada. Alguns deles bateram em retirada temendo serem
d e areia na imensidão do d rt nos graos
bedoria para que possamo e;e o, sedentos da água da ;1 aprisionados; outros grudaram-se nos encarnados e os intuíram a
ção, cujo arquiteto é nossi paz_e~f ~rte da grande_ constru se retirarem do local junto com eles, para não correrem o risco de
amigos-irmãos, solicito hurnil:~ aior. Sendo assim, meus perder seus tutelados para a luz, o que foi prontamente atendido
bas~ante atenção nas imagens eente a to~o~ que prest 111
as lições, certas ou erradas s· qu ~resen?iarao aqui e que por aqueles que eram, na verdade, médiuns das trevas.
cara todos. Antes de iniciar irvam e pararnetro para edu Quando a porta se abriu, percebia-se no ambiente físico
- , quero esclarecer que mb um certo desleixo com a higiene e a conservação do local, o
a gravaçao dessas imagens t , e ora
templos espiritualistas onde ev~n os ten~arn se dado em que propiciava que elementos de aparência bem desagradável
rnediunidade, isso não' quere ~~e:Z a canda~e através da se instalassem também em nível energético, consoante todo
os rnédiuns, nem os locais onde elestr saberao quem são esforço da espiritualidade em manter um ambiente acolhedor
to, tornamos O cuidado de abalharn. Para tan
pois o que nos interessa ne:~:!~u~ ro~to dos personagens, e equilibrado.
do trabalho em si. Os métodos de o e apena~ a condução Visualizava-se agora a defumação, cujo objetivo é realizar
oferecido aqui, no plano es iritual apres~ntaça~ que nos cl a profilaxia energética das pessoas e do ambiente, por meio da
daquele que esta-o t Pd , se diferencia bastante queima do carvão, aliado às ervas. Até onde era possível, dissol-
acos urna os na m t, . A .
darão mostrando o plano f'isico . ou seja.ª ena. t,s .imagens t• veram-se as energias deletéreas, mas muito mais teria sido pos-
rnitanternente a imagem astral ~e f , : ~ ma ena, e conco-
sível se, com isso, houvesse firme e consciente força mental da
disso, terão acesso à imagem em t ode visiv_~l também. Além
tro dimensões, bem corno ao som o os os ângulos, em qua- corrente mediúnica, que cantava o ponto da defumação, alheia
ambiente. Solicito a todos de ant:;~s odores ,:xi_stentes no às palavras pronunciadas, mais interessada em observar quem
que verão e ouvirão. Apenas ob ao que nao Julguem o entrava na assistência.
- . servem o que su ·
encias conseguem abso . as consci- A abertura da gira se deu com oração feita com bastan-
todas as questões. Inici::rpe prtostenorrnente discutiremos
· ' 0 anto, a apresentação. te comoção pelo dirigente da casa e por alguns médiuns que
vibravam em cada palavra raios de luz que saíam de seus car-
A primeira imagem foi da inseri ã al díacos e se espalhavam no ambiente. Isso colaborou imensa-
mostrava que a primeira lição se d _ç o no to da porta, a qual mente para que o ambiente astral ficasse propício à acolhida
Na parte material, vários art:%.~isu~:-:~plo de wnbanda. dos guias e protetores comprometidos com o trabalho de ca-
vam a porta, representando fi uras e , J os a ferro forra-
empoeirados e enferrujados de~ Ot d s~~olos, todos muito ridade daquela casa.
Podia-se observar agora, de maneira bastante curiosa, além
As paredes externas estav~ mal ~~ ~ visível falta de higiene.
do ambiente material, todo o movimento existente em nível espi-
pelo tempo, e parte delas cobertade a as, bastante danificadas
Afi e musgo. ritual, principalmente o processo de rebaixamento vibratório de
la de pessoas se estendia algumas entidades espirituais, necessário para que pudesse se efe-
a elas eram em número b ,_mas os_ desencarnados ligados
em maior. Muitos doentes em ambos tivar suas presenças no ambiente astral terreno, ainda tão denso.

106 107
Enquanto Dormes Leni \V Saviscki

11
O início dos atendim entos logo se deu, e então a corrente boca fossem ditadas pelo espírito amigo, providência para que
cessou_ as orações cantadas. Cada médium, conectan do-se com ele adquirisse confiança, sentindo a presença de seu protetor.
seu g~ia e ~e maneira bem individual, iniciou aqu ilo que cha- No entanto ao longo do trabalho, propositalmente o espírito
mam indevidamente de "incorporação". 1 ficava mais' afastado e, embora atento, somente interferia no
A~go que ch~mou a atenção de todos que assistiam às ce- aconselhamento quando julgava necessário. Isso fazia com que
nas foi o burburmho que se iniciou na assistência tão logo a 0
médium, além de atento e concentrado no atendimento, pu-
cor:r~nt~ p~ou de c~n~~ e que tomou vulto quebrando assim desse exercitar o conhecimento armazenado em seu mental. O
o silêncio tao necessano a manutenção do equilíbrio energético médium, que intuitivamente havia se apercebido disso, quando
do lo~al. Uma ou duas pessoas silenciavam e oravam; por isso sentia dificuldade em responder às interrogações do consulente,
mantmham ao seu redor uma aura de luz dourada ao mesmo aquietava-se, mentalizando seu protetor e sentindo i:11ediata-
tempo em qu~ propiciavam, com sua energia, condi~ões de aju- mente a resposta fluir de maneira sábia. Porém, podia-se ob-
da aos socorristas que se esforçavam ao máximo para auxiliar servar que nem todos os médiuns eram assim tão disciplinados.
os desencarnados que chegaram em grande número junto com Em alguns, percebia-se a dificuldade que causavam aos prote-
os encarnados invigilantes. ' tores na conexão mediúnica, seja por falta de estudo e enten-
. . . Os médiuns, na sua maioria irradiados pelos seus guias, dimento dos assuntos espirituais, seja pelo desregramento em
micia:7am as consultas. Agora era focalizado um médium em sua vida diária ou até mesmo pela falta de higiene, tanto física
especial, a fim de que pudéssemos observar como se dava 0 quanto mental.
processo de ligação da entidade espiritual com seu instrumen- Após uma hora, encerrou-se a apresentação daquela no~te
to encarnad_o, bem_ como ele recebia as intuições e as repassa- e iniciaram-se as perguntas e o debate tão necessano a respeit~
va ao ~t~ndido. F01 esclarecido aos presentes que tratava-se d do assunto em foco. Uma observação interessante a todos foi
um m_e~mm estudioso e vigilante, o que facilitava a conexão sobre a importância da higiene física para o ambiente espiri-
energética de seu protetor espiritual. Todos puderam perceber tual. O local, que desde a porta de entr~da deno~va desle~x?
que desde que ele a~entrou o local silenciou sua mente, per- em relação à limpeza, acumulava tambem, em n~vel energétí-
~anecendo em oraçao e conversação mental com a espiritua- co, condensações de matéria fluídica bastante nociva, o que 1:1-
lidade. S~a aura demonstrava equilíbrio energético, emanando fluenciava negativamente no ambiente todo. Uma comparaçao
uma ~laridade com matizes azul e rosa. Quando O protetor se interessante foi feita por um dos assistentes, quando falou que
aproximou conectando-se a sua mente, a fim de transferir-Ih a situação era como se entrássemos num banheiro para nos hi-
confiança e p~, seu rosto se iluminou num sorriso, permitindo gienizar, mas encontrássemos lá o chão sujo, a água barrosa e
que, de maneira suave, seu corpo pudesse obedecer à irradiação as toalhas malcheirosas.
que se dava em seus centros energéticos. Foi também enfatizada a importância do "asseio" geral do
?~rante o atendimento, embora consciente, lnicialmente médium para o trabalho de caridade, não bastando soment~ a
o médium se anulava deixando que as palavras saídas de sua "boa vontade" mas sobretudo a "vontade boa" de mudança m-
tima. Alguns poucos, além da higiene física deficiente pela falta
_1 Nota do editor; No sentido s~mântico, a palavra "incorporação"parece ser usada do banho antes do trabalho, com o corpo impregnado de suor
mdev;damente, ja que um espírito comumcante não pode entrar no corpo físico
do medrnn:. durm;te o transe. No entanto, alguns teóricos espíritas afirmam ue ,1 e energias trazidas do dia todo, quando n~o, da noite também,
mco:.pora~~o se da quando uma entidade, ainda que sob o controle de seu "apaielh; ainda vestiam roupas malcuidadas. Percebia-se em alguns a fal-
mediúnico _, tem a liberdade de movimentar por completo O corpo do médium ara
aL
efeito de psicofonía, _!)asse e outras manifestações, modificando temporariament~ ta de higiene mental, com formas-pensamento em verdadeiras
mesmo sua fisionomia. Sob esse aspecto, descarta-se a teoria em favor da prática simbioses, sinal de que eram cul~ivadas há muito tempo, o que
como ocorre em tantos outros verbetes da língua portuguesa. '

108 109
Enquanto Dormes Leni vV Saviscki

1 1
dificultava a limpeza pela .defum -
profilático, uma vez que eram ali;~~~~u qualquer,ou~ro recurso energia transitam e trabalham absorvendo o que vem do Alto,
ym orientador, entidade que atuaas pel~s propnas menl(>.-;,
mas em grande grau de dependêriciã da energia gerada em
vosso ambiente físico. Cada palavra, cada pensamento, cada
mamfestou-se, aproveitando o en . n_a línha dos caboclos, atitude tem uma repercussão, em maior ou menor grau, no
presentes em desdobramento: seJo, e onentou os tutelados al i plano astral, que vos responsabiliza da mesma forma pelo
que possa resultar.
Ama~os filhos, vosso templo não exí " ,, A alegria de servir à caridade não condiz com a irrespon-
p1aneJado e construído no plan tr~te ao acaso . Ele foi sabilidade de transformar o que é sagrado em ambiente
no plano físico. Portant o as - bem antes de exi 'li, desorganizado. Que se mantenha o que é preparado muitas
o, a construçao rnat ial - ,
nas um amontoado de tijolos telh . en nao e ape horas antes de vossa presença, pelo tempo que se fizer ne-
está impregnado de matéria ;st :sd cimento ... Aquilo tudo cessário mesmo depois que vos retirais do ambiente.
~~ente de energia resp1ande:e:te edcor, de som e príncí Que vossas mentes irrequietas e vossos corpos ansiosos
físicos não conseguem m , ª qual vossos olhos possam se fazer dignos não só de adentrar este ambiente

tro dele é sagrado, pois s!~surar be1ez~. Cada objeto de,i sagrado, mas sobretudo de mantê-lo adequado e digno do
;:tº
que também são sagrados
ao lixo serviram para o "sag :~o~d
e exclusivo para os rituai~,
os restos que destinais
carregue na natureza, é retir:~a e deles; ~tes ~e se des
trabalho tão grandioso que ali se faz.
Paz em vossos corações! Serenidade em vossas mentes, esta ·
é a tônica!
ser reaproveitada pelos respon , d~ matena sutil que podo
Portanto, meus filhos mesmo :tve1s no mundo espiritual. O instrutor ainda chamou a atenção de todos para o mé-
por vos ter servido antes d ~ i_nerece ser reverenciacl, >
se dirá então do châo que e ser reJe1tado e despachado. Que
dium que durante o andamento do trabalho sentiu-se mal e pre-
vos suporta t, · cisou de atendimento. Seu mal-estar não era físico, pois, sendo
vos cobre, das paredes qu d ~ a ma en~, do teto que
.
E mais, acaso tendes id ,. e vos eiendem das int , . . bastante jovem ainda, gozava de boa saúde. Mas, apesar de to-
empenes:'
, . era, meus filhos amad d .
tancia do "congá"? "r, d os, a impor- dos os avisos da espiritualidade, insistia no seu desregramento
. ien es acaso noçã d "
ele representa dentro do t , 1 ? , ao o sagrado" que diário fora do templo, atraindo assim entidades de igual teor
Cad , emp o.
a Partícula que compõe a rnaté . d vibratório. Era dado a noitadas de bebedeiras e festas em que o
está impregnada de energia ena e cada objeto dek-
amparam para qu consagrada pelas hostes que vos abuso de todos os sentidos prevalecia.
, e possam tr ·r ,
dos que direcionam a e1 ansrm Ir e/ou transferir a to-
e apenas um olhar al . , Esse médium, em vez de toma-se útil à corrente mediúnica
d e um alento. Por isso tud , go muito alem
peito"por cada objeto do 1 o,almeLus fi!J1os, vos solicito "res- e à espiritualidade, toma-se um entrave ao bom andamento
oc avai voss - da caridade. Muito ajuda quem não atrapalha, e seria de
e Ji mpai vossas mentes antes d~ t as_ maos, serenai
pois algo de maior, além do ocar nos obJetos sagrado , bom alvitre que o dirigente, observando a repetição desse
está. Não deturpai essa en qu_e vossos olhos podem ver, ali tipo de atitude, tomasse a providência salutar de desligá-
lo da corrente, passando a fazer parte da assistência. Ele
maquinal ou porque vossa ~:~:: _nou:ie de ".:ossa pressa
ainda precisa da tão propagada "reforma íntima", que só
c~nceber o dup1o-etérico de tudo is ao ~da iiao consegue
nao possuem a beleza ou a sofisf so. _:½UI to menos porque nos é proporcionada quando tomamos consciência de que
tumados a exibir nos objeto icaçao a que estais acos- o mundo é uma escola do bem, em que só passam de ano os
Sendo o templo que slhque tendes em vossos lares. alunos disciplinados e estudiosos, e não um local de férias ·
vos aco e um 1 al constantes onde vale tudo.
deve ser vossa postura dentro dele Ad oc . sagrado, sagrada
te serena com corpo Iim · entrar a ele com a rnen- Por isso, de nada adianta uma corrente com grande número
, po e com o - . de médiuns, quando, destes, poucos realmente estão cons-
Como pudestes observar, além d 1 coraçao ~ traje nupcial.
em estado mais sutil está o P ano matenal, acima dele cientes de sua responsabilidade. Melhor um número reduzi-
, a construção a tral d ' do, mas com pessoas que objetivam, além de seu crescimen-
tece e a energia se transfo Ali s . on e tudo acon-
rma. , seres CUJOS corpos são de to e evolução, auxiliar o irmão com amor e respeito. O corpo

110
Enquanto Donnes Leni \\'. Saviscki 111
que nos é ~~do na Terra é abençoado vaso onde Deus coloca
nos;o espmto, que para Ele é uma flor do Seu jardim Cab
fn~ regar com respeito e cuidado para que, enquant~ vita~
iza a, possa exalar o melhor perfume possível.

Depois de outros comentári .


encerrou-se o evento com um c~~~ ~epleorguntasDmteress_antes,
f ·d uvor a eus Pai pro-
;:d o fº~~m grupoA de_ cria~ças de uma colônia espiritual cha-
l miséria humana e o mlor da compai\ão
a , ~ IIIl da Infância Feliz, onde eram acolhidos e cuidados
os espm os que desencarnavam ainda na infância e que . .
na orfandade. viviam
Juju acordou o1:_vindo ainda os acordes daquela melodia
amad: e ~m~ sensaçao de agradecimento pela vida e pela tão
~a a maezmha tomou conta de seu coração Ele lev A miséria por falta de dinheiro é a menos dolorosa.
foi acordá-la com muitos beijos e abraços o que a d~tou-se e Vovó Benta
presa, mas muito feliz, logo pela manhã. ' eixou sur-
Tomava seu banho cantalorando enquanto sua mãe . Nhô Benedito, fumegando seu "pito" e batendo o pé ao som
: cama, drezava agradecendo a Deus pelo presente preci;s:nqdu: do ponto cantado, atendia os filhos de fé, aconselhando e ma-
e conce era, fazendo-a mãe de um filho _,wo
_;; espec1ial . giando, fazendo a sua caridade naquele terreiro que o acolhia
através de um médium.
O camboninho Juju, curioso como ele só, gostava de escu-
tar as histórias, tanto dos consulentes quanto dos pretos velhos,
não para repassá-las adiante, pois acima de tudo tinha ética e
disciplina em seu trabalho, mas para seu próprio aprendizado.
Naquela noite veio ter com o preto velho uma mãe desespe-
rada, pelo filho que havia se perdido nas drogas. O preto velho
escutou-a, mandíngou e, em nível astral, tomou suas providên-
cias junto a outros espíritos para que a ajuda ao menino fosse
dada, dentro dos limites da Lei. Sabia ele que não seria fácil
ajudar o necessitado, escravizado não só ao vício, mas principal-
mente a várias entidades trevosas, às quais se ligava por ques-
tões não resolvidas num passado distante. Aconselhou a mãe a
não perder a fé em Deus, a orar muito e principalmente a não
abandonar seu menino, pois ele era, antes de tudo, um doente
que precisava de ajuda.
Por fim, solicitou que ela buscasse auxilio numa clínica
para dependentes químicos que havia na cidade e que era di-
rigida por uma comunidade evangélica. Tanto a mãe quanto o

113
112 Enquanto Dormes
ambiente ao seu redor era degradante, malcheiroso e ene-
carnb oninho estranharam a atit grecido. Além da deformação de alguns órgãos de seu corpo
um a casa de umb anda e J. ta ude do preto velho, pois ali er energético, afetados pela droga, os espíritos a ele ligados
nh ar a1 guem, para a cura' numus 1 mente
al um , ~reto velho encaml como vampiros mais pareciam espectros humanos.
No final dos atendim t doe e_vangehco! Mesmo os desencarnados não conseguiam perceber a pre-
ar en os a noite Nh B A
sença dos socorristas espirituais, tal era a densidade ener-
icença do dirigente do local e se ' . o enedito solicitou
gética que os separava. Aproveitando-se disso, um traba-
aos fi~os da corrente mediúnica ;an1festou para esclar ('1•1
lhador da egrégora dos exus, acostumado a lidar com esse
na candade, quando este na- , so ~e a grandeza do trabalho tipo de espírito nas faixas mais densas do planeta, usando
io Fa1 ou dos tantos filh o ed revestido por d.íscriminação
. . reli
gumsa.temp 1 o religioso, mas que
D
os e eus qu
de uma espécie de spray, adormeceu os desencarnados e os

ze1?,. contribuíam com s~a lu; :m·t ~ nunca frequentaram


º, ~ais do que os que o ra
pro,:0-mo. E o faziam por despren~~xiho fraterno para ajudar o
retirou cuidadosamente, desfazendo a ligação quase sim-
biótica com o rapaz e entregando-os aos auxiliares, que os
conduziriam a um hospital no plano astral, pois também
e nao por obrigação religiosa. ímento e amor incondicional, eram doentes necessitados de cura.
No plano físico, embora totalmente drogado, o menino se
Ao encerrar' como era de costu ressentiu com a retirada dos "amigos" de seu campo ener-
real, colhida em suas andanç me, _contou-lhes uma história gético e cainbaleou, caindo desmaiado. Aproveitando-se da
as na cammhada evolutiva:
situação favorável, pois nesse estado o agregado espiritual
afrouxa e desloca-se ligeiramente, alguns dos médicos espi-
Não muito longe daqui conh . .
bora não se encaixasse em eci Mana. Moça de bem em rituais ali presentes realizaram ligeira limpeza, na tentativa
preceitos evangélicos de Je ne~huma :eligião, seguia º" de reanimá-lo. Seus centros de forças foram higienizados
~ava sempre resolver as qu!~ões ~~m~ia hm?ilde, procu e terapeutizados com os amálgamas que já faziam parte
fel sua apurada intuição recebida :eis da vida por meio dos primeiros socorros da equipe. Passes magnéticos foram
~ ava com Deus. ' apos as orações, em que aplicados ao longo de sua coluna vertebral e em seu centro
nervoso, dinamizando energias ali deixadas pelos minúscu-
No caminho do trabalho M .
lescente que, cambaleante ana deparou-se com um ado los companheirinhos elementais da natureza.
pela droga. Com vestes suja~ ~ar:c: visivelmente alterado Dois guardiões foram destacados para protegê-lo energetica-
peça ~e ~o~pa que trazia nas !:s escalços, a:I_:astava urnn mente de possíveis aproveitadores, até que acordasse. E, as-
~e misericórdia e sentiu vont daos. Seu coraçao se encheu sim que retornou à consciência, sentiu-se relativamente bem,
iss~ fosse possível. De imedia~o e de abraçar o menino, S<· coisa que há muito não sabia mais o que era. Levantou-se
vena estar triste ar· e sentiu vontade de voltar para casa, pois tinha sede, fome
l' . , iena d o sem, pensou em como ele d e- e queria um banho, intuído que estava pela ajuda recebida.
agnmas brotaram e nesse rumo ... De seus olhos as
· , e moment - ' Ao deitar-se naquela noite, sentindo a cama macia e limpa,
mais nada, orou. Pediu a Deus o, n~o podendo fazer
bom q1:-e socorresse aquela . t q~e enviasse algum anjo Maria não pôde deixar de lembrar do menino que tanto a
dor, pms era visível seu sofi:ª unnha e que aliviasse sua emocionara durante o dia. Rezou por ele, desejando que
alguém o ajudasse a sair daquela vida. E assim o fez repe-
Mana fez isso com tanta com e1;1t~.
ceber _ou acreditar que fosse pm:'ªº ~e, mesmo sem per- tidas noites, deixando que o amor emanasse de seu coração
a traves de ondas sem . possível, acionou energias que e o alcançasse nessa hora. Como nada fica sem resposta
' ovírnentaram , no Cosmo, as orações de Maria alcançavam seu objetivo e
en ereço certo. como um telégrafo com
d em poucos dias o menino, após ter sido atropelado na rua,
A moça seguiu seu caminho
f
de espíritos trabalhadores d' ªs enquanto isso falange .
socorro e aproveitand a ~z, recebendo o pedido d
foi acolhido numa instituição evangélica de recuperação de
drogados e alcoólatras. E lá a oração de Maria chegava to-
o a energia d e dos os dias em forma de alento e força, dando meios para
encontraram o menino que e amor gerada por ela
:;; de espíritos ,iciado; e ap:: ª:°:i"panhado por uma , ;
0 que a espiritualidade que ali atuava pudesse auxiliá-lo de
oga, que na sua parte etérica ei a ores, embriagados pela
era por eles aproveitada. O
115
114 Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki
maneira mais ostensiva. Era matéri d . . .
se tratava do mais sublime d ª. e primeira linha, poi«
teressado e incondicional. os sentimentos: o amor de in
Aos poucos, ele foi se recuperand ,
internato, optou por trabalhar noº e,,ªP?S longo tempo d1•
seu sustento e auxiliando os t propno loc~l, ganhando
Nunca soube quem . d ou ros companheiros.
. 0 aju ara realmente
dificuldade de raciocínio res lt d . e, mesmo na sun
ele não se esquecia de agrad u a oDde1xado pelas drogas, Curadores e dores
pelado um dia. ecer ª eus por ter sido atro
Então, meus filhos, este velho es , ·t .
a todos vocês que aproveitem ~m o quer deixar bem claro
de auxiliar, nunca deixem d es e exemplo e nunca deixem
- e orar pelos que fr .
nao podem imaginar o bem que e t - f so em, pois
g~em merecimento pela aparênc:/~º azendo. N1:11cajul
ajudar, pois o Universo m · te· . ~ca se esquivem d<·
iro se movirnent d Eu sou a Luz, a Verdade e a Vida.
preendem sua vontade. E se lhes falt a quan ? em- Jesus
lembrem-se de que podem aiudar arem outras condições,
e sem esforço algum. Esqueiam , -~~smo ~~ pensamento
usem o amor e a vontade. ro u os religiosos, apenas - Juju, eu sei que você não se considera um católico, mas eu
O que deixa este velho es , ·t f liz .. gostaria tanto que fosse comigo na procissão do Senhor morto!
no é o fato de saber que ::~;st:m a~ ':s:tar o plano terre-
Amanhã é Sexta-feira Santa, o dia em que Jesus foi morto na
º ser humano, existem també illlse:1as q~e degradam
crísticas enriquecem de b' - em coraçoes cujas energias cruz, e faz muito bem demonstrarmos nosso respeito a Ele, bei-
ençaos o planeta. jando sua imagem e rezando - solicitava a mãezinha, que seguia
Pai Benedito despediu-se da c ., . sua crença católica.
seu rumo, deixando a todos pens f orrente me~mmca e seguiu -Tá bom, mãe, se isso te faz feliz, eu vou - respondeu Juju,
ciência um tanto pesada. ª ª
rvos e, muitos, com a cons- já de saída para o terreiro de umbanda.
No final do atendimento da noite, o camboninho, pensativo,
dirigiu-se respeitoso a Vovó Benta e resolveu tirar suas dúvidas:
- Vó Benta, por que a maioria das religiões comemora a
Páscoa e a Sexta-feira Santa e nós, umbandistas, não o fazemos?
- Ah, meu menino, talvez porque nem os católicos saibam
o significado real da data, embora a comemorem, como também
os umbandistas, não entendendo, achem desnecessária a come-
moração. Mas esta negra velha, desde os tempos de encarnada
como escrava, sempre se afinou muito com as energias crísticas
representadas por Nosso Senhor Jesus Cristo e até hoje se ajoelha
aos pés da cruz, na Sexta-feira Santa, e mentalmente beija os pés
de Jesus. Não porque O veja ainda na cruz, mas como respeito à
dor que Ele entregou-se para nos mostrar o caminho, a verdade
e a vida.

116 117
Enquanto Dormes

11
• 1
À essa altura da conversa, a corrente toda, em silêncio, es- Salve os filho: des~e ::rre~r~da" e não podia deixar passar
cutava atenta à proveitosa instrução. Negra velha ~ muito en;~~ dar uma mensagem. Até por-
- Em qualquer local religioso onde um ou mais se reúnem esta oportumda~e semX n ô que é o regente oficial desta
que o faço a pedido de ~ g_ 'amente em nome dos espí-
para orar e fazer o bem, Ele sempre estará. Como seria de bom . d · dade Primeir ,
casmha e can ·. , agradeço pelo momento
proveito se todos os fiéis das igrejas ou dos templos conheces- t abalham Junto a vos, .
ritos que r . ram propician . . d o auxílio a tantos necessi-
.
sem a real história de Jesus e, sobretudo, buscassem saber sobre de luz que ena : _ d Xangô esta negra precisa vos
1
o Seu Evangelho, esse código divino da Lei Maior. Ah, meu tados. Com a perm1ssah~ t~. ob;e a falta de humildade
contar uma pequen~ is ona s
menino, o mundo seria tão melhor! Mas deixo aqui o meu since- ·, egou na vida. ·

te: .:º·
ro desejo de que vocês, independentemente do rótulo religioso, que ja carr . d- este espírito ocupava um
Nos idos tempos da escra; e o exibia não só entre os
mas considerando-se cristãos, tragam à frente deste congá os corpo físico de formas :t:~am até um olhar seu, como
li

filhos de fé para falar sobre o Mestre amado. Tenham certeza de negros da senzala, que ho . ho e seus capatazes brancos.
que esta negra velha estará sentada na primeira cadeira, feliz e também p~ovocava o smmºa~;a e isso transparecia desde o
sorridente, ouvindo a tudo, abençoando-os em nome Dele. A sensualidade e~a sua f 1 lhar A juventude e a bele-
Depois disso, Vovó Benta fez sua ronda pelo terreiro, lim-
,
andar ate a ma
nelfa de a ar e o ·
d m para si ciúmes e inveja
. . ,,
za de sua pele negra arreca ava
pando com seu galho de arruda todos os médiuns, e subiu, es-
talando os dedos. das outras mulh~res. f . dido por cobra venenosa e, por li
. negrinho m mor . d
Um dia, um . d h' iene seu pé apodrecia e
Antes da oração final, o dirigente da casa, intuído pelos falta de remédios e ~u~dados ead1; de trabalhar na lavoura
guias e respeitando o desejo da preta velha, solicitou aos mé- infecção. Eu era a umca poup am de efetuar a higiene do
·m me encarregar .
diuns e a suas famílias que pudessem comparecer ao terreiro e, sen do assi , édio que as negras haviam
, d · 0 e passar o rem 1h
na tarde do dia seguinte, Sexta-feira Santa. Buscaria alguém pe o menm . ·t e me neguei ao traha o.
capacitado para falar sobre Jesus. E assim se fez. feito. Aquilo me enoJav:n:~1 ;orreu e então começou o
Em pouco tempo o m . a chorando e se lamen-
No final da tarde do outro dia, alguns médiuns comparece- meu inferno. Em sonhosl, eu.ao qv~e eu possuía foi-se indo
d r e toda a a egn . · h
ram trazendo seus familiares para ouvir sobre Jesus e Seu renas- tan do de o , . uanto colhia frutas para smhazm ~,
cimento, através da passagem da Páscoa. Um palestrante, irra- embora. Um ~ia, enq e meu pé infeccionou. Reme-
diado por seu guia espiritual, explanou sobre a vida do Mestre pisei num espmho venenoso . a dor e o inchaço. Meu
. guia amemzar .
e sobre sua trajetória terrena de forma iluminada. Após a prele- d10 nenhum canse . mais ainda eu sabia o
remorso aumentava, pois agora, ,
ção, foi feito um pequeno ritual com os elementos e a distribui-
que era p~decer ;~ ~~nJtf~bre alta, senti a presença ~o
ção de grãos de uvas imantadas, simbolizando a comunhão entre Numa noite, no em . te de água, um pano muito
os irmãos ali presentes. Uma atmosfera de brandura e paz se fez menino morto. ~le trazia ~~~~orriso no rosto. Olhei para
no ambiente, podendo-se sentir a presença dos espíritos benfei- alvo em suas m~os e um pois o negrinho flutuava
tores assistindo ao evento, bem como o amparo àq eles que, do seus pés e eu nao ts .rx~::;~~-se até meu leito e c~me-
outro lado, ali buscavam conforto para suas almas. Já era hora numa nevoa trans ~c1 a. roporcionou alívio imediato.
çou a lavar ~eu_ pe, o que rolava um lamento negro que
de encerrar, quando a médium sentiu as vibrações fortes de sua Enquanto fazia iss~, canta ala quando ainda éramos
protetora e a necessidade de lhe dar passagem. Era Vovó Benta, costumávamos ouvi~ na senis mais idosos Ao terminar,
que trazia a bênção de sua presença sempre tão bem-vinda: crianças, can~ado pe os ne;r.. u minha ferida purulenta,
o negrinho aJoelhou-:'e e e1Jt e me disse: "Bentinha,
1 O Evangelho Segundo o Espiritismo foi publicado pela Editora do Conhecimento deixando ali ,:ma _sa~ivba c~~a~v~~guinho vai fazê pedidô.
em cinco versões de capa belíssimas, contendo um texto muito mais fácil de ser amanhã sunce vai ta oa. ,
assimilado do que todas as outras edições existentes.

119
118 Enquanto Dormes Leni \\: Saviscki
Num esquece de rezá pras almas dos nego desamparado 1•
cumeça a benze".
Me curei da ferida no pé e atendi ao pedido daquele es
pírito. Comecei a benzer, embora isso não aliviasse minha
culpa por tê-lo deixado morrer. Carreguei-a Além-túmulo,
Porém, mesmo ajudando aquele povo, a vaidade que a bc
leza me dava obscurecia minha visão e fechava meus ouvi
dos. Não havia ainda curado a pior ferida da minha alma: Zé 1\gném
o orgulho. Quando cheguei no mundo dos mortos, m1•
mostraram uma cena: Nosso Senhor Jesus Cristo lavando
os pés dos discípulos na véspera de sua paixão e morte.
Por isso, meus filhos, longe de me comparar à figura trans
cendente de Nosso Senhor, eu quero, neste dia, pedir licença
a todos para lavar vossos pés em frente a este congá. E, lavan-
do vossos pés, quero lavar as feridas que ainda carregais na . h o Céu é a obediência; o segundo,
alma, para aliviar a dor daquela que ainda carrego comigo. O primeiro camm o para
é o trabalho. Chico Xavier
E assim, provocando lágrimas de comoção, Vovó Benta so-
licitou um alguidar com água, colocou nele folhas de manjeri- , senhora que, vivendo num mun-
cão, e lavou, secou e beijou os pés de cada médium da corrente. A umbanda e como uma f rto apieda-se da pobreza e,
A médium, sendo consciente, conseguiu captar da enti- . d 1 riqueza e con o , . . d
do ilurmna o pe a . . d até ela para aliviar as ores
dade toda a necessidade que ainda trazia de curar sua alma . imphcidade, esce
vestmdo-se com s serdadas pela sorte. .
ferida numa encarnação em que não se permitiu salvar uma que assolam as ~lmas_ de ali ta das religiões, tanto aceita alen-
vida, embora já tivesse evoluído e estivesse trabalhando nesta Talvez a mais umvers tisd que batem à sua porta, quanto
egrégora de luz, que é a linha dos pretos velhos. tar indiscriminad~enteda i;~ho todos os espíritos que tra-
Com esse gesto humilde, a boa preta velha fez todos pen- acolhe em suas fileiras e ão se incluem somente os
sarem nos mendigos malcheirosos que se encontram nas ruas balham para a luz. E, nes~e gru~~' ~mbém grande número de
das cidades e que nos causam repulsa. Quantos deles não serão iluminados mentores e gu;~::ncarnados e, ap?s ultrapassa-
espíritos que já nos socorreram ou nos servirão de socorro num espíritos que erraram qu b rvam seu equivoco e pedem
futuro próximo? ~ rti da morte o se
rem a tenue co ma ' E' . que O doutor passa a ser
O orgulho e a empáfia nos tornam cruéis diante da vida e rtar o passo. assim - d
uma chance de ace f 112
· a condiçao de solda o, e
. 0 g· strado assume e
dos seres. Aqui, escolhemos a dedo quem merece nosso olhar, enfermeiro, ma i . h mildade descer ao lamaça1 e es-
nosso sorriso, nossa atenção, nosso respeito. De cert da mesma o famoso político aceita com u , nos que talvez, ele mesmo
forma, seremos tratados acolá. tender as mão aos de~ormados espm '
Curadores de dores ... é o que deveríamos ser. Porém, muito tenha ajudado ~ decair.. d d eles tenham boa vontade, a~~':-
mais somos nós, julgadores e criadores de marcas, que serão as . Embora haja necessi a e, e ítas vezes os impossibill-
. 0 dos altares mm .
dores a ser drenadas num próximo corpo, se tivermos a sorte de zes dos vitrais e o our .d dos"casa de Deus". Por isso,
gares consi era mb d
tê- lo no futuro. taro de atuar em 1u h ildes terreiros de u an a,
· ' vontade nos um ,
sentem-se mais ~ . trabalhadores escassos. La encon-
onde o trabalho e imenso e os

121
120 Enquanto Dormes
di . Iano espiritual integra-se
as ordens de quem vos rige no p auxiliar na ~aridade.
tram sempre falanges com as quais podem adequar suas ener a esta corrente de trabalho, para vos
gias. Ajudando aos estropiados, curam a si próprios e evoluem.
demonstravam o nítido preconceito exis-
E, evoluindo, alcançam um dia a condição de guia de luz, ainda Olhos arregal~d~s or"achismos" e não por conheci-
assim prosseguindo no trabalho, pois o aprendizado é incessant . tente em alguns medmn~ que,~ ssa entidade que, para eles, era
Assim chegou certo médium à corrente do terreiro, chama- menta, desabonavam atalgura g~a a entidade sorriu divertida e,
do que foi pela dor. Estudava os primeiros passos do desenvol- . t , g· Captando ener 1 ,
m1 o1o ica. trazia consigo, pediu que o acompa-
vimento mediúnico, sentindo-se um tanto deslocado dos compa- cantando um ponto qu~ sorriso no rosto, pois o azedume e o
nheiros que, com a maior desenvoltura, trabalhavam com seus nhassem comyalmas e d bom trabalho na caridade nem
guias. Seu coração, embora sofrido, irradiava amor e, a seu jeito, julgamento nao fazem parte 0
prestava a caridade. Os dias passavam e naquela gira de preto combinam com a umbanda.
velho ele sentiu uma vibração forte a envolvê-lo já na abertura
Seu Zé Pilintra, onde é que o senhor mora
do trabalho. Lembrou-se de seu sonho na noite anterior, em que
Seu Zé Pilintra, onde é sua morada ,,
se via dançando em local iluminado pela lua cheia, ao som das
Eu não posso lhe dizer , ,
palmas de uma multidão vestida de branco. Porque você não vaf compreender... e ... e ... li
Tudo corria normalmente, até que foi abordado pelo diri- Eu nasci no Jurema ,
gente do templo, pedindo que ele se dirigisse à frente do congá Minha morada é bem pertinho de Oxala.
e elevasse seu pensamento aos guias espirituais, pois havia uma
entidade que precisava trabalhar naquela noite e o escolhem Agora mais sério, explicava aos médiuns:
como aparelho.
Um sorriso maroto, uma alegria estampada no olhar, t' Sou~~ daqueles espíri~:t::~~~::~=~:.u::;~~o:~
seus pés deslizavam numa dança compassada que lembrava demomo e em o~~os videntes visto que não possuo apa-
um exímio mestre-sala dos carnavais cariocas. Sua maneira de servado p~l~s me iuns -'derado um "irmão de luz".
, . pmtual para ser consi di
rencia es , . tos um pecador que se en -
saudar o congá e o dirigente foi uma reverência respeitosa, mas Fui como tantos outros espm , . trabalhar para
totalmente diferenciada dos demais espíritos que chegavam ali . d, diante das leis maiores. HoJe, posso . d
vi ou . . hada graças à acolhida amorosa a
para trabalhar. recomeçar minha ?8:md d divina que me socorreu, após
Com total desenvoltura, a entidade conduzia seu aparelho umbanda, graças a on a e energético em locais
razoável temporada de esgotamento - "de luz"
mediúnico e, naquela dança alegre, andou pelo terreiro sendo 1 iritual. Portanto, nao sou ,
saudado pelos pretos velhos que, em seus tacos, trabalhavam adequado_s ..do p r~,esJão sou santo e minha história de
mas optei pela uz . d - é um bom exemplo, mas es-
na caridade. E auxiliou-os nas magias necessárias ao bom an- .d quanto encarna o, nao .
vi a, en . h desta vez, pretendo construir
damento dos atendimentos, socorreu e amparou com seriedad , tou refazendo meu camm o e,
sem, no entanto, perder a graça de seus gestos descontraídos C' uma nova história. d perguntas e mais perguntas
a alegria de quem é feliz naquilo que faz, característica des a S ei. que na cabeça
.
de ca a um
. "Se sou um exu, por que me
fiz
estão sendo feitas agora. Ih ? Z, Pilintra é malandro
corrente de trabalho do Astral. gira de preto ve o· e
No final dos trabalhos, com a permissão do dirigente, apr - presente numa . J . ?" Enquanto se discute esse
dos morr~s do Rio de t ane:o ~ tempo é precioso quando o
sentou-se à corrente mediúnica, reverenciando-os: tipo de coisa, se per e emp ,
trabalho nos aguarda. fal ge para a qual fui atraído ener-
Boa noite a quem é da noite e bom dia a quem é do dia. Este Estou trabalhando na an
que vos cumprimenta é Zé Pilintra que, a partir de hoje, com
123
Enquanto Dormes Leni W Saviscki
122
. g_eticamente. E assim, como nem
namente foi um dia escra todo preto velho ohrigulo
senta como Zé Pilintr f :º'al nem todo espírito que se aprr
01 m andro de
mun d o ffsico
, com as ªcaracte , ti morro. Atuamos 1111
tencemos, para melhor ide t~s c~s da falange a que p1•1
não é importante. O obi ti_n 1 dcaçao, o que evidenterncule
c an· d a d e lenitiva, esta sim je vo e nossa at
im ort - ou seja, li
uaçao,
Para
" muitos ' Zé Pilintra e, pconside
povo da rua", espíritos id f fi
ª: d
ra o pertencente 1111
Dinbeiro e crise
trabalhadores da luz Entendin i cados como '.'ocasionai "
· mentos dif ·
eu es digo que nom - . erenciados à parlo
lh es sao ímportant ,
es amos encarnados e est . es apenas enquanto
-t , e que aqui t'
nao se transformou apó es a como Zé Pilinlr i
visão da vida. Sempre~-ª morte, apenas mudou o foco t' li
e b nnc
· alh ona, mesmo noi uma pessoa aleg_re, d escontraídn
Ili
vez por isso me adequei a !s:~~~os ma!s difíceis, e 1111 Buscai primeiro o reino de Deus e o resto lhes será dado
nem mulherengo como tent ho. Nao sou alcoólaun
Jesus li 1
Por isso lhes peç~ res "t bam enquadrar todos os "Z(,s" por acréscimo.
li
de caridade. E se assi~e~~ f em com_o_ acolhida nesta c:i~11
te dos trabalhadores que or permitido, quero fazer p.u
A

inte , di vem exercitar O b


rme o deles que preciso e ue
. ,
. em, pois e prn
O noticiário era preocupante. Todas as manchetes, em to-
meus erros do passado. q ro crescer, ressarcindo dos os canais de rádio ou televisão, noticiavam a terrível crise 'I
mundial que se abatia sobre as grandes potências, criando um 'li

Sorrindo, reverenciou a t d . medo coletivo na humanidade.


xando no ambiente uma al º. os, sau~ou o congá e subiu dei Como não poderia deixar de ser, mesmo sabedores de que
egna contagiante. '
"nada é acaso" ou mesmo castigo, mas sim colheita de plantios pre-
Agora pra sua banda vai sub· téritos, alguns médiuns, ao se reunirem antes da gira daquela noite,
Meu Deus, ele já vai embora ir... comentavam preocupados sobre o assunto. Alguns haviam perdi-
Boa noite, meu senhor ... do algum dinheiro investido em aplicações, outros tinham seus em-
Boa noite, minha senhora. pregos ameaçados, e assim por diante. Até Juju estava preocupado,
pois trabalhava numa empresa de exportação e lá havia comen-
tários sobre possíveis demissões, em virtude da queda das ven-
das. E como inevitavelmente são nossos pensamentos que geram
as energias que nos permeiam, esses comentários e sentimentos
criaram certa dificuldade energética no atendimento de caridade.
A espiritualidade se desdobrou para promover uma harmonia e,
assim, não permitir que os aproveitadores do plano astral inferior
interferissem negativamente no ambiente, por atração magnética.
Ao final do trabalho, o dirigente sentiu-se irradiado por
seu guia espiritual, que se manifestou da seguinte forma aos
trabalhadores:
125
124 Enquanto Dormes
,,

Meus irinãos e companheiros de . . Por isso, chegamos ao caos e ele nos sacode as consciências,
tuação mundial decorrente da cricammhad~, diante da si nos mostra os equívocos cometidos até este ponto do cami-
dar meu humilde conselho· . se financeira, venho lhex nho. O poder que o dinheiro deu ao homem até então tinha
. . assim como a ág
d rece, cheira mal , junta 1 arvas e evapora ua que apo outro objetivo e não o de espezinhar, matar ou explorar os
quando armazenada em . . em pouco tempo menos favorecidos. O.homem precisa acordar, e como rele-
recipiente a cé ab rt
~em renovação, acontece o mesmo u e o, sem uso <' gou isso, eis a dor batendo à sua porta.
inclusive com a do d. h . com todas as energias O que acontece com as grandes potências que mergulha-
. m eiro, que quand •
movimento, perde seu real ohi r' o estagnada, sem ram numa crise financeira sem precedentes foi provocado
promove a decadência do ho je rvo e, em vez de auxílio, pela ganância e mau uso da energia do dinheiro. Isso é um
d mem.
11o as as criaturas humanas reenc somatório do carma coletivo da humanidade materialista,
os mesmos direitos e deveres em ~ad~s no planeta têm movida pela necessidade de evolução e despertamento. É o
te para assegurar aos h re açao ~ moeda. Ela exis- chamamento que vem de cima ou do centro do Universo.
nobre e salutar mas P o~ens a evolução. Seu objetivo r Enganam-se as criaturas que pensam que o dinheiro tudo "'
- ,
mao em mão assegurand
ara isso precisa q ·
ue se movimente d<· compra e lhes dá poder acima do bem e do mal. Acima de "'
a moeda a retríb . - d o o progresso e a evolução. Sendo nós, há um poder maior e absoluto que a tudo comanda, que
uiçao o esforço d0 trabalh
homem, ela é abençoada. ' o, do suor elo visa somente ao bem de todos e que está atento e podendo Ili
Tantas vezes as pessoas amaldi . . interferir quando o livre-arbítrio dos homens extrapola os li-
o das desgraças humanas . çoam o dinheiro, acusando- mites permitidos. Existem no Cosmo, no Universo, leis imutá-
quando isso lhes causa t~:.1s~;a falta dele ou no excesso, veis e justas, cujos olhos nunca fecham e cujos ouvidos estão "
roubo, o latrocínio etc. Porém aele c?mo o sequestro, o atentos a cada fio de cabelo que cai da cabeça de cada um.
mas sim ao mau uso dele elo h le n~o podemos culpar, O Brasil, esta grande pátria de oito milhões e meio de quilô-
Tanto não sabe mover es~a o~em amda muito egoísta. metros quadrados, foi designado por Jesus, o Mestre e Go-
za como aquele que o e d energia aquele que o despre- vernador deste planeta, como a pátria do Evangelho, como
n eusa· aquele - .
quando o tem, gastando com c '. ?11e nao o valonza o coração do mundo, o celeiro do Universo. li
le que o retém de maneira ab o_isas superfluas, como aque- Ismael, um preposto de Jesus, na condição de espírito evo-
A . _ usiva.
Lei de Açao e Reação que e ilibr . luído, foi conclamado pelo Mestre para ser o anjo tutelar da
que o miserável de hoje pode t qu . d a o Unn:erso nos revela pátria do Cruzeiro, comandando esse projeto de luz. Antes
rico de hoje o é por merecime~~os~; o mau nco _de ontem. O do descobrimento do Brasil pelos portugueses, o Divino
dendo de como agirá com ~or provaçao, e, depen- Mestre, desolado com os acontecimentos do Velho Mundo,
Na matemática da vid ;ssa energia~ cri8:á seu amanhã. enrodilhados em guerras e pela distorção que haviam dado
perigosas· a subtr - a, u~s- operaçoes sao carmáticas e ao Seu Evangelho, assim elegeu uma terra, ao sul das Amé-
. açao e a adiçao ou se· 0 "f
para acumular para si" D ' ja, :rar dos outros ricas, onde havia em seu céu o símbolo de Sua redenção - o
benéficas: o dividir e o . ltíuli no entan~o, sao evolutivas e Cruzeiro do Sul.
mu P tear ou sej "dí trib ·
donsp que me são
co" d
confiado , a, is uindo os
s, consequentemente os multi' li
Meus irmãos, apesar de todas as distorções e do egoísmo de
, romoven o o progresso. , P . alguns homens, nossa gente é pacífica e trabalhadora. As re-
O homem ' nos d'ias de hOJe · em seu mat ialí ligiões se multiplicam, dando suporte à fé e levando o Evan-
ado, na sua ganância de "t' ,, d . en ismo desenfre- gelho de Jesus ao coração daqueles que os têm humildes.
queceu sua origem divin er_ em ~tnmento do "ser", es- Esta terra é abençoada! Em noites estreladas, quando olha-
deus-dinheiro tornou-se~ :~~~so re~i~e todo o equívoco. O rem para o céu, vislumbrem o Cruzeiro do Sul, lembrando
e conquistas, a despeito de o .~bJetivo cl_e todas as lutas que é a insígnia do Mestre sobre as terras de Santa Cruz.
retomará" o qu , que O que veio do pó ao pó Busquemos vivenciar as lições de amor e, em tempos de
· e e perene e et , , . '
corpo. O caixão não tem erno e seu espírito e não seu crise mundial, prossigamos sem medo, não permitindo que
que divisa a vida materi~r;tas, e _d? outro lado da cortina se instale a crise da fé e do amor, pois a todas as outras
Para lá, cada um vai levar" a_despmtu8:1 a moeda é outra. sobreviveremos, saindo ainda mais fortalecidos.
a vi a que viveu na Terra".

126 127
Enquanto Dormes Leni W Saviscki
Que O Mestre nosso Oxalá ab
dos! Que Ism;el e suas fal;;ges ~~e noAss~ pátria ; a nós to-
conscientização e ajuda , neste em preen
amclim
~xito,
entoatr!ves de nos a1
tão grandioso

Inegável o alento que as al dO , .


pírito trouxeram a todos quantos se d b :ábio e generoso es-
com a crise presente em suas vidas eC e at~am na preocupação
a sede, os mentais se acalmaram . º:11º agua que vem suprir Bengalas
foi-lhes permitida uma noit . e, ass~, relaxando da tensão,
da matéria para viajarem e::~is proveito:ª' desprendendo-se
tetores espirituais. rpo astral Junto com seus pro-

Sede a vossa vida diária, o vosso púlpito.


Francisco de Assis

A noite estrelada, com a suave brisa trazendo o cheiro das


flores naquele início de primavera, tornava-se muito mais linda
e convidativa ao passeio noturno. E esse "passeio" muito mais
interessante quando realizado acima do chão, voando pelos 1 1

céus da cidade.
Os "voadores" estavam novamente em missão, durante o des-
dobramento do sono físico. E, orientados pelo guia da missão,
antes de se dirigirem ao local onde se realizaria o trabalho com-
binado, aproveitando a beleza primaveril, voaram por sobre a
cidade, extasiando-se com o írescor da noite e observando tanto o
que se passava em nível físico, como também em nível espiritual.
Mas como o trabalho e o tempo são preciosas oportunida-
des de evolução, os amigos procuraram cumprir a tarefa com-
binada e, assim, em clima de alegria e entusiasmo, chegaram ao
local destinado. Um grande barracão, localizado em uma fazen-
da no interior do sul do país, estava acolhendo cerca de cem pes-
soas, numa espécie de seminário que já durava uma semana. Um
homem de meia-idade chefiava o grupo, ou melhor, o conduzia.
Com a permissão dos guardiões do local, adentraram com a
ordem de, a princípio, apenas observar os acontecimentos, podendo
interferir somente se fosse necessário e com ordem do instrutor.
As pessoas que ali estavam enclausuradas, na sua maioria

129
128 Enquanto Dormes
. . d ntro e voltassem para casa.
mulheres, vestiam -se todas iguais, com uma longa túnica de cor que desistissem . º, e~co Imou e tudo foi reorganizado. Ape-
marr om e um capuz cobrindo a cabeça. Todos estavam agora Quando o ep1sod10 se aca desfez e então retornamos
sentados no chão, em posição de lótus, e eram servidos de uma sar dos traumas sofridos, 0 grupo se, · - E foi lá que
d havíamos saido em rmssao.
bebida de cheiro forte, pelo chefe do grupo, de forma bem ri- ao templo, local de on le melhor sobre o ocorrido.
tualística. À medida que ingeriam o líquido, logo se percebia a nosso instrutor nos esc areceu
mudança radical que se acentuava em seus corpos, denotando "li queles irmãos que, equivo-
Fomos convidados a auxi ar a aminhando
leve tremor e certa agitação. Logo após, o grupo todo era indu- , . d fatores estavam se enc
cados por uma ~er:ie ; vedor;s da Lei, deixaram-se levar
zido, por palavras bem elaboradas pelo chefe, a obedecer suas
parla u~Pt;:1~!ª;;~~ i~consciente, mas propositalme~~e
ordens, que eram, segundo ele, "ditames de Deus"e, qual zumbis pe a cu , , . e foram suas vítimas no preten-
hipnotizados, todos obedeciam cegamente. instigada pelos espmtos 'qu di a sede de vingança. Por força
· d guardavam o o o e · h
Ele ordenava que efetuassem um juramento de fé à seita, to e am a . d nessa seita e se encamm a-
de atração, estavam re~m os
em que se comprometiam a obedecer às ordens vindas de Deus,
submetendo-se a qualquer sacrifício que lhes fosse solicitado,
inclusive com a própria vida, se assim houvesse necessidade,
vam a um suicídio coletivo.
Seu líder ficará bo~ tempo semfr~~d~r
grave fratura de femur cr~i~ ::::,f~ f ão da
:~r sua
livr~ da influência hipnótica
para a purificação de seus espíritos. postura. E o grupo, assus a , . tuído a buscar uma reli-
No ambiente espiritual, grande número de entidades se q~e ele exerci~:::: ~~~:,;ir:s;rito. Por isso, me~s com-
comprazia com a situação que se encaminhava para um trágico giao ~: lhes d . da atentem para vossos sentimentos
final, conforme a programação efetuada por senhores das trevas panhemnhos e J~~a ·t' s" que recebem no sentido de co-
'm para os convi e ·d
e t amb e . tar coisas novas em suas V1 as.
que intencionavam levar aquelas criaturas ao suicídio. h mesmo expenmen .
n e:er ou 1 bo vem travestido de cordeiro para nos
Quando o discurso do chefe se tornava mais agressivo e Muitas vezes, o . 0 _ d quais nem sempre podemos
radical, comandado que era por uma entidade trevosa, o gru- enrodilhar em situaçoes as
po de auxiliares da luz, orientado pelo amparador, colocou em fugir em tempo.. iritual mas cuidado com quem e
Buscai o conhecimento _esp , . lidade não podem
ação o programado a fim de evitar a calamidade. Os guardiões d f - o O discermmento e a raciona
on e o ara . . . dade em momento algum. Eu, par-
· entraram no ambiente de forma surpreendente, prendendo os ficar longe dessa cunosi ditei que toda religião é sagrada e
radicais obsessores, enquanto lá fora movimentaram-se ener- ticularmente, sempre acre ei Deus Também com-
gias para apressar o temporal que se avizinhava da região. Um ta "religar" o homem com .
tpe;e~:o;ea verdadeira fé não pode ~er cega; ou é rartan cio~~
tufão muito forte, acompanhado de raios e trovões, se fez sentir . les "crença . Custa-me, po ,
e, sem tempo de se refugiarem, o teto do barracão foi arrancado ou não passa de uma sirnp li ·- "ain da" insistem em
d qu e as re g10es
entender os ab sur os . "fiéis"
e a chuva veio forte, molhando a tudo e a todos, tirando-os do . itir mentir) aos seus ei .
afirmar (ou ~ena o_rm º~ez or convenções, falta de von-
torpor ocasionado pela droga ingerida, Quem devena ensinar, tal p itir Há pouco tempo, com
Inevitavelmente, algumas pessoas ficaram feridas pelos tade ou orgulho, prefere se orm . ondendo a um senhor-
destroços do telhado e uma delas foi o líder da seita que, preso tristeza, pr~enciei ~ sa;r~i~~;:::Cbre a continuidade da
embaixo de uma viga, gemia pedindo socorro. Alguns minutos zinho humilde que e P . · a· "Eis o mistério da
, rt desta maneira evasiv .
e a tempestade acalmou, possibilitando que as pessoas que vida apos a ~o isté . "a Igreja vem caindo em descrença,
fé". E nesses mis enos . ão de saber de evoluir.
estavam bem pudessem socorrer os machucados, que foram
pois as pessoas têm s_ed::c~!:z;ç a verdade, ~olocam tudo
levados ao hospital da cidade mais próxima. Enquanto isso, Outras vezes, para ~ao ·t d ,, exaltando e dando todo
alguns participantes refugiados num velho casebre próximo nas costas de Jesus ressusci a o ,
dali eram assistidos e intuídos pelo grupo de "voadores" para
131
130 Enquanto Dormes Leni \\: Sm~scki
. d falso título, como o de mé-
poder ao Seu sangue derramado. Maneira de manter a ig- ganhando dinheiro usan o umprofissionais habilitados que
. lo Ou mesmo .
norância, que facilita o poder de poucos. Aproveitam-se da dica, por exemp · di do burlando as leis e a
boa fé de criaturas necessitadas, e na maioria humildes e fazem mau uso de seu apren za ,
ignorantes, para justificar o que quer que seja. Milagres ética de classe. . d E as religiões são representa-
externos que não exigem mudanças internas. Expulsam Assim são os hom~ns ... aibnl a. 1 O"religare"e o"dai de gra-
s· eis o pro ema. " ,,
como demônios os espíritos necessitados de socorro, numa das por h oro en , ,, anulam em nome do ego .
encenação convincente, e ainda os denominam de exus. E d g aça recebestes se ·
ça, o que e r , 1 XXI esquecida de sua on-
eles, que se denominam "profetas de Deus", aparecem no Esta é a h_:1m_anidad::~:;aºno m~terialismo a qu_alquer
noticiário concordando com a lei do aborto. gem e essência, que unidade de reajuste e evoluçao. ,
Infelizmente, não faltam fanáticos que se debruçam nas E - custo, perdendo a op_o~ d para crer é preciso conhecer! E
crituras Sagradas, interpretando-as conforme sua distorci- Meus irmãos de carmn ~ a, a essência de sua religião, seja
da visão, e que saem a pregar o fim dos tempos, impondo necessário est1:dar e co~ ec~~ nela as respostas, procure em
medo aos ignorantes e humildes, como se não lhes basta - ela qual for. Nao encon ran ua verdade e o seu fundamen-
sem as dificuldades do dia a dia. outra, mas busque semprle a~ xiste um degrau adequado
Mas, pior que estes, são os autointitulados "sacerdotes", P da ser em eva uçao e 'l
to. ara ca ·t e ali crescer naquele instante ...
"pai" ou "mãe" no santo que se portam qual milagreiros, em que possa se si _uar . . . do daqueles que dirigem Ili
usando inescrupulosamente o nome dos orixás e exus, co- Sejamos mais racion'.31ds, exigm1 ·caço-es desses "mistérios" e
. · s devi as exp i ,
brando consideráveis quantias para separar casais, conse- nossas 1greJ~S a ,, É direito que nos assiste e que e Ili
guir passar em concursos, preferencialmente sem estudar; dos ditos "milagres . . um - . e o bitalamento de ideias
incentivado pela luz. A ignorancia 1"
derrubar o inimigo, roubar o cargo do colega mais bem- I'
sucedido, contrariando a Lei e o livre-arbítrio. Quando não, · tiva das trevas. d
só recebem mcen ·t nào só um exemplo o ,j
trab lho desta n01 e ,
ainda tiram a vida de irmãozinhos do reino animal, para Tiremos do a d f er mas sobretudo do que nos ,,
fazer o que chamam de "troca de vida". Absurdos que con- estrago que o mal po e t rabalhandc para a luz. Façamos
fundem e iludem as pessoas menos avisadas que, por total adernas fazer de bom, r 'li
ignorância, passam a generalizar essa confusão toda como ~m mundo melhor nos melhorando.
sendo umbanda.
Umbanda, meus caros irmãos, tem fundamento, não tem
mistério e não terceiriza os "pecados"nem as nefastas von-
tades de seus fiéis às entidades que nos assistem. Umban-
da magia sim, mas com os elementos da natureza e jamais
contrariando as supremas leis do Universo, muito menos
o livre-arbítrio das pessoas. Umbanda esclarece, ensina e
compreende. Umbanda não faz milagre, não faz mal a qual-
quer filho de Deus, não cobra por atendimentos ou reza ,
não suja os reinos sagrados da natureza nem os cruzamen-
tos das cidades. E umbandista pode se considerar aquele
que usa sua mediunidade para fazer a caridade e que prio-
riza, em sua vida, a própria reforma íntima.
Que não se confunda, portanto, o que é sagrado com o pro-
fano! Que se respeite essa religião, mas, sobretudo, que os
umbandistas o façam por merecer, ou então que procurem
uma vertente que melhor se adapte ao seu entendimento.
Seguidamente os noticiários nos mostram criaturas huma-
nas que driblam as autoridades por certo tempo, atuando •

133
132 Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
tantos matizes de cores luminosas jorrando e se entrelaçando
rumo ao alto, que mais parecia um espetáculo pirotécnico.
Quando o grupo adentrou, a maioria dos idosos já dormia
em seus leitos pelo avançado da hora. Mas o impressionante
1

mesmo era ver que, mesmo desdobrados ou fora do corpo fí-


sico, eles vagavam pelos corredores. Alguns iam até a capela 1
rezar, outros tentavam fugir pela porta e poucos haviam saído 11

Plantio impensado do ambiente, levados por seus protetores espirituais. Num dos
quartos, ao lado do seu corpo, um homem demonstrava grande
irritação. Mãos cerradas, rosto tenso, gesticulava e tentava fa-
lar com seus fantasmas. Um dos instrutores que trabalhava na
linha dos caboclos e atendia pelo nome de Tucuruí, esclareceu:

Amigos, este homem, ainda na meia-idade, foi vitimado por


um câncer em suas cordas vocais e por isso perdeu a possi-
Sdiois bons quando estais totalmente conscientes de vosso bilidade de expressão pela fonia. Desde então, acelerou um
scurso. estado depressivo por não aceitar aquilo que considerava
Khalil Gibran uma injustiça de Deus. Azedou o humor de tal forma que
se tomou insuportável à convivência familiar. Até então, ele
Os mentores amigos do grupo "voadores" co f h exercera a atividade de locutor de rádio e a doença, afe-
denominado, ao qual pertencia o camboninho JuJ·umhoa ~ m am tando justamente as cordas vocais, veio como um desas-
gramad · · , viam pro- trado boicote que o impediu de continuar fazendo o que
.d o uma visita especial naquela noite. Iriam a um asilo de
mais gostava, justamente nos dias em que havia conseguido
~ os_os, a fim ~e estudar e avaliar um pouco da vida de al uns uma promoção na empresa. Ele nunca se conformou e, sen-
irmao~ que ah resgatavam débitos pretéritos vivendo seus g'lt·- do um homem materialista e sem religião, o primeiro que
mos dias terrenos. ' u i culpou pela sua desgraça foi Deus. Embora toda dedicação
~orno de praxe, na hora combinada todos foram auxili d da amorosa esposa e de seu esforço em buscar auxilio es-
a deixar seus corpos ~sicos e se dirigirem ao terreiro, na\~! piritual para uma eventual cura, ele se negava a colaborar,
contrilaparte astral. Apos os preparativos e instruções rumaram preferindo a revolta e o isolamento. Após a morte da esposa,
os filhos, sem paciência, o colocaram no asilo, visitando-o
ao as o. ' apenas uma vez ao mês. Obrigado que foi ao silêncio, po-
t Observando de
. , . longe o ambiente fl 'd' d
m ico a construçao - deria e deveria aproveitar esse restante de encarnação para
ornavam-se visrveis os matizes diferenciados dos raios ~ meditar e buscar compreender o seu mundo interior, onde
emanavam ~o local. No setor da enfermaria, onde ficavam :_ residem as respostas ao resgate por que está passando. Mas,
lado~ os mais ad?~ntados, uma névoa densa envolvia o teto for- por causa da raiva, que faz questão de cultivar, não é pos-
man .º uma esp_ecie de tapume que impedia de entrar ali ;té a -sível maiores ajudas por parte de seus tutores espirituais.
Assim, ele mesmo programa novos débitos para encarnação
energia solar. O mstr~tor orientou o grupo esclarecendo que isso futura, uma vez que a dor não tem só objetivo de resgatar
era ~erado pelos sentimentos de dor e desolação das P d . ou drenar erros pretéritos, mas é, principalmente, a opor-
ambiente.
d ·d Mais adiante ' na ala onde se local· izavam os quartoso
essoas tunidade de um "acordar" os talentos ocultos, a capacidade
os i osos, as cores vm::iavam conforme a emoção de cada um interior que jaz escondida e que, por meio dela, pode vir à
de seus ocupantes. Porem, havia uma emanação radiante bem tona. (Juando -aproveitada como ensinamento, o resultado
no final de uma das alas: era onde se localizava a capela. Eram
135
134 Leni \\~ Saviscki
do reconhecimento de seus feitos. Esquecem-se os irmãos
é um salto evolutivo; é o crescimento do .. encarnados que todo bem realizado não passa de mera obri-
a compreender a necessidade d espírito que passa
. e se manter no bem s I gação, sem motivos para exaltação ou publicidade, muito
aproveitasse esse momento d f . eee
enderia que o silêncio a qu e ~rma mai~ pacífica, compre- menos de disputa. Quando se praticam atos considerados
lhe ensinar sobre a impo~ e_s va condicionado veio para caridosos, que sejam de bom grado, com o coração livre e
sendo ela um dos sentidos d:à~: iov~or da voz e ~e co~o, limpo de cobranças, para que possam gerar energia "cons-
somente para construir jamais d me~, devena usa-Ia trutiva". Ou o contrário pode estar se dando, sem que o fei-
ria que, outrora famos~ tribun~ara est~mr. Compreende- tor perceba. Sabemos que "tudo" é energia. Condensada ou
convencimento usou de sua pala e possuidor do poder de solta no espaço cósmico, está disponível para manipulação
ao fanatismo d~ uma seit vra ~ara arrastar multidões constante dos seres pensantes. Portanto, o simples fato de
"pensar" já constrói ou destrói. Constatamos, pela observa-
1
ext~~quiu dinheiro e bentJeº:e~~e ~~c~i~ ~tEmtº-1ª qual
ção, pela energia gerada em qualquer trabalho realizado,
espírito, usando, como arma mortifer . 1; :1 ~u seu
E que mesmo alert d a, sua propna língua. que muitas vezes as mãos constroem aquilo que o pensa-
tua! sobre o erro ~e ~s~~~t::;ente por seu guia espiri- mento imediatamente destrói. Ou seja, enquanto se realiza
resposta: "Nesta . d t d endo, sempre dava como um trabalho manual, se ao mesmo tempo nosso coração e
. . VI a o o mundo tem que se , d b ' nosso pensamento não estiverem envolvendo aquilo num
esta f01 a maneira que eu ac h ei. para m· " Obar em , e
sentimento elevado de amor e gratidão, é melhor que não o
que essa frase tem sido muito usada elas: . servam~s
façamos, pois ali estará sendo impregnado pela nossa ener-
vem o aqui e agora "Se dar bem" e· f~ ul s pessoas que VI-
? . · a orm a A que ? gia, que ficará refletindo no ambiente. E tudo que reflete, a
esoas
orno. Pouco mteressa. E assim v .
agindo como um arra tã
. . - preço.
ai uma multidao de pes- nós retoma também e sempre em primeira mão.
Diria inh s o, apenas para "se dar bem" Nossa lição de hoje, aqui neste lugar onde tantos irmãos
eu, na mi a pseudosabed · · · · terminam seus dias terrenos na tentativa de resgate e tam-
pude adquiri-la nem b ona, que mfelizmente não
em ancos escolares nem 1· bém de aprendizado da paciência, resignação e humildade,
mas nas experiências que vivi na em . ivros,
lavrador, que as pessoas perderam c;11e como um simples é essa relacionada ao irmão em foco. Façamos o que nos
do espiritual, fazendo o balan o d ~mo. Hoje, no mun- compete em cada jornada terrena, mas não o façamos sim-
quais me é permitido Iemb ç ~s vidas encarnadas das plesmente por fazer. Construamos com as mãos, colocando
importante para minha evorlar uç' a:oºnfs~go perceber que a mais nelas nossos corações, considerando que tudo que delas sai
01 essa em que ltí são sementes. Sejamos lavradores e semeadores no dia de
d a terra me sustentava o pão A di 1' . o cu vo
só a natureza é capaz de ex~mp~: ne a a ~u~lldade que hoje, pois amanhã se dará a colheita.
rar a semente desab h p car, a paciencia de espe-
saboroso fruto. Apre:~ ~~~::cer, flo:rescer _e retomar num De mãos dadas, o grupo fez ali, junto àquele irmão sofre-
pessoas criadas no interior Aco~e :nda vigoram entre as dor, fervorosa prece pedindo a Jesus que, por intermédio de
arando a terra curei me d· °
:in com O amanhecer e Seus mensageiros, não faltasse a ele o amparo e novas opor-
las iluminando' as no:tes a pregmr. Observando as estre-
tunidades de entendimento ainda na atual encarnação. Depois
diante da_ grandeza da Criciç~~:e~~ C~~::r sl~~s pe~enos
naquela epoca, hoje tudo é automá . . _m ~ 1;1ais que de outras visitas, de produtivas conversas que possibilitavam
precisam "ter" . . ático e muito fácil, Todos que isso acontecesse e da ajuda a muitos doentes, o grupo re-
' quase rnnguem se preocupa " "
tem que ter retomo imedi t I . em ser . Tudo tornou. Havia muito o que repensar sobre o uso indevido de
reconhecido e exaltado a o e_ ucratívo e, de preferência,
criando uma nova reli ?..º~ muitos. Adoração ao deus-ego,
nossos sentidos e isso se fez no silêncio de cada um, no "voo"
trabalhamos no giao._ ~or vezes, no silêncio em que de volta para casa.
d mundo espiritual, nos assusta ainda O ai
e com que se trabalha no mundo . . . ar-
ridade. Filhos de boa índ I d ma_tenal, inclusive na ca-
laboriosas, mas que infe: e, etcoraçao amoroso e de mãos
zmen e se perdem na necessidade

137
136 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
abe ao menino escolher a quem ouvir.
- Tenho feito minhas preces, meus banhos de ervas, minhas
obrigações de médium. Não sei onde estou dando brechas para
que o negativo me influencie.
- Os procedimentos externos são importantes e auxiliam
em nossa energia e proteção, mas existem coisas mais sutis que
influenciam e são usadas pela "mão esquerda", durante o sono
Orar é preciso, rigiar é obrigatório da noite, como o pensamento ou as atitudes aparentemente ino-
centes geradas durante o dia. Pense, minha criança, em algumas
brincadeiras da "rede"1 que vêm absorvendo o seu tempo nos
últimos dias e que sabe perfeitamente que não são saudáveis ao
seu espírito.
Imediatamente Juju lembrou-se de sua curiosidade em vi-
sitar alguns sites de relacionamento da internet em que se de-
Vosso corpo é vosso templo. senrolavam brincadeiras bastante pesadas em relação ao sexo e
Vovó Benta que lhe atiçavam sensações nunca sentidàs até então.
Seu embaraço foi amenizado pela risada gostosa do guar-
Apesar de todos os avisos d . dião e pelo conselho de que evitasse continuar buscando isso,
constantes alertas do dirig t d os guias e protetores, e do
en e a casa para O " · · ·" procurando conhecer algumas garotas de sua idade; talvez uma
tu des diárias de cada médi um da corrente 1 vigiai d nas ati- namorada com quem pudesse vivenciar de forma correta as
de faltarem constantemente ao trab lh ' a guns eles, além
mostravam-se desconfortáveiis, irri
. ·t aªd.iços
o, quando emoções e sensações normais de sua idade.
e can compareciam
d ' Depois de realizar uma limpeza energética no menino, o
Naquela noite em especial o camb . sa. os.
mente estava alegre e disposto' . omnho ~uJu, que geral- guardião da luz pediu licença ao dirigente e dirigiu-se aos mé-
mou a atenção de todos os i 'p_arec~a aborrecido, o que cha- diuns da corrente:
atendimentos da gira de exu ~:~s e cor:r_ente. Ao final dos
Minha experiência nas lides junto às camadas inferiores do
Xangô, Seu Quebra-Pedra ~h os guardiões da serventia de
. , amou o memno par nosso planeta me ensinou que a erva daninha é de fácil
versa e limpeza energética A f d d . a uma con- remoção ou extermínio, quando ainda se faz tenra e prestes
estava acontecendo e cari h en i a e sabia de antemão o que a brotar. No entanto, ao amadurecer, além de enraizar-se
, , m osamente mas firmemente no solo, pode dar sementes. E tantas vezes uma
caractenstica
.
de seu trabalh0, d.mgiu-se
. . ' a ele· com a segurança
lavoura inteira se perde pelo descuido do semeador. Levan-
-A criança está precisando de ajuda? . do isso em alta conta, a nós, que trabalhamos convosco des-
. - . Salve, senhor! Na verdade , n-ao sei. o que tenh H, al te lado da vida, compete-nos alertar quando a vossa visão
dias -smto tristeza e irrit -
A crian
.
. açao, sem motivo aparente.
o. a guns se toma turva ou embºaçada pelos vários sentimentos que
ça precisa saber que seu es , . tO . , , ainda residem em vós e urgem cura. Não podeis esquecer
dante e que traz consigo um hº t, . pm ja e velho an- que a hora é derradeira e necessita de olhar atento e deta-
participaram. Alguns mesma , isd?n:1 e~ que outros espíritos lhado na lavoura a que vos comprometestes. Olhar atento
, o a istância 0 ao broto que sai da terra, para que não se confunda o joio
b. rando por suas vitórias e a ·1· d ' acompanham vi-
f 1· uxi ian o quando n , . com o trigo. As trevas agem de maneira sutil e é preciso
m e ízmente, outros ainda doentes ec~ssano. Mas,
torcem da mesma forma e as . b em seus sentimentos não
' sim, uscam atrasar sua evolução. l Internet.
139
138 Leni W Saviscki

que estejam atentos. Cuidem-se d .
envolvê- los fora das climensões e en~r?ias que poderão
plÓ, local extremamente g -~atenais do vosso tem
que vos parece "inocente" uarneci o. Atentem para aquilo
sobre pessoas, a princípi~
que não deixam d
ci= P~ exemplo co:°1entários
m dade intencional mas
melindres. Pensai:e~~~ sce1;1entes plantadas na lavoura do~
na energia, ena forma d
ançado no Cosmo pode es alb
1solo e, quan o
favorável Não vos t p. ar-se e brotar onde achar
Está faltando Deus
dessa sement~ nem o cha-ºorneis, p~~anto, nem o lançador
que a ira acolh 11 11
demos em que a "rede" lan ada tem er. empos mo-
a qualquer tamanho d . ç A !!- malha que se adapta
, . e isca. tençao poi d
tecmcos adestrados conh ecemes ab emm , is ·o outro
1 lado
.
bem a tecnologia existente em vo 1 ampu ar muito
são ignorantes e sabem o d sso P ano. As trevas não
o ponto fraco de suas vi'ti?me vos _aperta o sapato. Estudam
as e eis que nes Deus nos concede a cada dia uma nova página de vida
homem terreno ' a sensualidade est,a sen, do se momento
o al · do· no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por
sado. Cumprem-se as Escrit vo mais vi-
:-1
seja necessário sabemos ura_s e, 1;1esmo que o escândalo
foco. Vigiar, vi~ar e vi . na? h~ ~antagem em serdes o
e pensamentos e d ~ . pnn~ipio, vossos sentimento
nossa conta. Chico Xavier

alertas e .' epois vossas atitudes. Que se ouçam o - Juju, meu filho, veja que absurdo o que está acontecendo
antes ques: ;::~e:: s:~ ~ores sejam re_tirados de cena, neste mundo. As pessoas estão maldosas demais. Onde já se viu
mitir que a erva daninha se clim na!ural. Nao podemos per- um pai abusar da própria filha? Está faltando Deus nos homens
t . ssemme em nosso cam ·
o cr:1e o trigo precisa crescer para garanti 0 ali po, vis- - reclamava dona Maria diante do noticiário de televisão.
fammtos. Não sou de me· r_ imento dos
isso não apenas um avi·soiastpalavras, por isso considerem -:- Falta é vergonha na cara dos homens, mãezinha - respon-
en re os tantos eb
uma ordem daqueles que têm a obri - que rec em, mas deu Juju calmamente, enquanto se preparava para dormir.
local sagrado. Escolham definitiva gaçao de zelar por_ esse Após uma breve prece, Juju solicitou aos seus protetores
a Deus ou a Mamon Que se mente a quem servir, se que, enquanto seu corpo físico descansasse no plano físico,
_ · compreenda a me
o coraçao,
· mas em perfeito equilíh
i no n:agem
. com a razao N- com
h' eles pudessem levá-lo em corpo espiritual a algum trabalho ou
mais tempo para desdenhar do propno , . tempo. . ao a aprendizado no plano astral. E assim se fez. Mal adormeceu,
viu-se abandonando a veste carnal e sendo convidado por um
Com uma gargalhada e batend amigo espiritual. Juntos, dirigiram-se com outros espíritos a
plano astral, brotavam faíscas ue o sua~ pedr~s, de onde, no
:p
biente, despediu-se Seu Queb ra e drdestrmam miasmas
a, prometendo doam-
voltar.
um socorro que se fazia urgente. O local era a favela de uma
grande metrópole onde a polícia havia entrado em confron-
to com traficantes, na tentativa de libertar do cativeiro um
empresário sequestrado. Duas pessoas e um policial foram
atingidos e mortos por balas perdidas, além de dois bandidos
baleados. O empresário havia sido libertado, mas seu estado
era lastimável. Os dias de cativeiro haviam afetado sua saúde,
que merecia cuidados imediatos, uma vez que ele era cardíaco

141
140 Enquanto Dormes

e ficara sem seus medicamentos que importa é a beleza do corpo e a sensualidade é o jogo. E,
A equipe espiritual provídencíav 0 d . quando a desgraça já aconteceu e se veem nas mãos da Justiça,
sencarnados de seus corpo f . ª esligamento dos d<• de que adiantam "pedidos de desculpas", como se eles fossem
do em conta a maneira tr: isi~ts, tar~fa bastante difícil levan pessoas boas que tiveram apenas um pequeno instante de mal-
viam desencarnado e tamb~ma ica e mesperada com que ha dade. E também a justiça dos homens, infelizmente, tem sido
' em procurava am · ~ ·
dos encarnados evitando . ~ emzar os arumos tão corrompida que, por vezes, mais atrapalha do que ajuda.
vada que estav; pelas trev~e a violência se alastrasse, incenti Não tendo muito mais a fazer; aguardemos pela Justiça Divina.
Foram horas de árduo trabalho Neste caso de hoje, certamente haviam contas a ser ajustadas
luz, mesmo em menor número tenta::;;ue o~ _trabalhadores da pelos espíritos envolvidos. Mas quem disse que teria de ser des-
das trevas que se achavam "se' h "d auxiliar, a contragos Lo ta forma? Imperou o livre-arbítrio de seres em cujos corações
n ores o local
No retorno, lembrando-se do co , . . - Deus não pôde entrar, pelo menos naquelas horas derradeiras.
salientou ao grupo que ela tinha m_entano de s~a_mae, Juju Esse cenário cruel instiga propositalmente nos homens a revolta
tava faltando Deus nos homens r~zao quan~o dizia que e.s e a raiva, momento em que todos se arvoram de juízes e, sem
recebiam Dele o ·
,
' pois, ª despeito
ignoravam dando f ,
de tudo que
que percebam, acabam se rebaixando ao mesmo nível dos ban-
tando a deixa Francisco u , . orça as trevas. Aprov i
didos, pois prevalece-lhes o sentimento de vingança.
colocação: ' ' m dos instrutores do grupo, fez sua
- E eu me coloco dentre os revoltados - disse Marcos, um
- Concordo com sua mãe Juiu F 1 . dos componentes do grupo em serviço que estava em desdobra-
na casa do pobre que quer s ' . J . a ta Deus sim. Falta Deus mento do sono. - Nem tanto pelo fato em si, mas pela falta de
, , er nco a todo custo d .
e pobre de valores. Está faltando D : ~ o nco, que pessoas preparadas para fazer o bem vencer o mal. Vocês viram
mais família pois já nasce d eus na família, que não (> o batalhão de espíritos desajustados que estavam no local? Em
num susto. E~tá faltando D esagregada, geralmente formada
contrapartida, os guerreiros da luz; em número reduzido, ficam
ciedad~ que inverteu os val:~:;~::i;~ade como um todo. ~o naturalmente limitados. Ainda bem que temos o amparo do
na policia ... e pasmem! Está faltando Dtando Deus_ n_~ Just~ça,
Alto, que nos dá segurança.
nas religiões E quando falta D eus nas religiões. Sim, - Marcos, mesmo que fôssemos somente dois, estaríamos
ele quem fo~, é certo que a es~~:i:9 coração do homem, seja seguros, pois nossos superiores jamais nos abandonam quando
sores, dele tomarão conta É c rt ao, e todos os seus asses- estamos no trabalho construtivo. Mesmo que não pareça, temos
resultado é este a que os enca e ~ que ~le se torna frágil. E o suporte o tempo todo, para qualquer eventualidade. Mas você
noticiário, quase que com natrn~-~s ass~ste~ todos os dias no não deixa de ter razão quanto ao pequeno número de trabalha-
e técnicas humanas falham d_urt 1 dade, mfel~mente. Métodos dores disponíveis para o auxílio fraterno. Infelizmente, mesmo
ian e a perversidad d tr
quando elas encontram terreno :t:' rtil e a~ evas, entre os médiuns, existe uma evasão noturna que poderia ser
e o ódio. Mas nunca falham a sab e d p~a plantar a vingança mais bem aproveitada. Por exemplo: hoje mesmo, conforme ha-
e ona nem O d' ·
quan d o os deixam atuar Ocorr amor rvmo víamos combinado anteriormente, deveríamos estar em vinte
os homens permitem· home e que as :revas só penetram onde
pessoas neste grupo de trabalho e, no entanto, estamos em dez.

se fossem "príncipes do gueto" s :rue ;s~?


poder" a qualquer custo· men~~oque estão_ acostumados a "tudo
se_:1-do- criados como
bem", mas aqueles que sabem usar rr erois nao sao mais"os do
O motivo de tal evasão? Talvez a falta de conscientização de
que, assim como na morte, durante o sono, seremos levados
com quem e para onde nos afinarmos. Mas não nos cabe julgar
melhor. Os "bons" têm que ser" :el~or as armas, que batem
e sim trabalhar.
já nascem adolescentes e na ad~~~:cê os.' te~ força. Meninas que - Bem, voltando à ocorrência desta noite, apesar da dor
ncia viram mulheres. Tudo

142 143
Enquanto Dormes Leni \V Saviscki
. de tais artifícios quando necessár~o, ~as
a luz podia usar d lei· As trevas meus írmaos,
vivenciada pelos familiares dos desencarn antes, houve algo que a total or em e · ' ·
dentro d e um tratégia de guerra e com mm-
merece nosso aplauso: a doação dos órgãos. Pessoas que pode estão utilizando toda um~ e\Tzada eles agem com segu-
rão viver e ver, por meio deste gesto fraterno. ta sabed~ria; embora m; ~o~ ide el~vada envergadura no
- Pena mesmo eu tenho "dos mano", que tiveram prejuízo rança. N~~ lhes faltda' a ·c~ bem como religioso, e isso os
meio político e aca erm ,
com as"boca de fumo"-falou sorrindo Juju que, diante do olhar
fortalece, dia_ a dia. buraco sem fundo se forma, su-
de reprovação de Francisco, tratou logo de pedir desculpas.
o caos e evidente e umt d os humanos materialistas
- Falando sério, Francisco, esse problema do tráfico tem gando de forma arre~a ~o~r: céticos. Torna-se cada vez
solução? Da maneira que cresce, me parece sem controle - per desavisados, desacre~ta , itos mais elevados na cros-
guntava Juju. mais difícil o acesso e espm 't· que se faz no planeta
d · dade energe ica . .
- É muito sério mesmo e se os homens não se conscientizarem ta terrestre. A ~ns~ ortável asfixiante para a maioria
com urgência do quanto estão se deixando comandar pelo sub criou uma barre1T_a msup ítos ;inda atuam pela extrema
dos nossos supenores. Mu esmo assim protegidos por
mundo astral, as consequências serão desastrosas e imprevisíveis. necessidade de socorr~r e, md deiros "c;mpos de força"
An tes de voltar ao corpo físico, o grupo dirigiu-se para uma certos recursos que saort ve~o \ar que está bastante difí-
praia a fim de restabelecer as energias. Lá encontraram um vc blindados. Deduzam, pod anqu~ possuem ainda um corpo
lho e amado conhecido - Negro Ambrósio - trazendo alguns cil, até para os enc_'.3-rn:e ~~a vida equilibrada e saudável.
espíritos recém-desencarnados para higienização energética. denso, a manutençao na-o caracteriza assombro ou
· que lhes passo
Aproveitando o ensejo, Francisco pediu que ele transmitisse ai Tu ? isso
d as "alerta" e esclarecimento para os
motivo para alarme, m to negro velho serve de bom
guma mensagem ao seu grupo, e assim se fez: que serve
m à luz No momen ,
·
.
. ·t m que eu que amda posso
· s que so 1ici a ,
grado a su~eno~e . de suas energias, lhes esclareça a
Meus irmãos, em corpo energético vocês podem avaliar chegar mais proximo tomada neste momento.
como o que lhes chega hoje, em nível de consciência física, respeito da postura a ser meus irmãos lembrando
· d que nunca '
por mais estarrecedor que lhes pareça, nada é se compara- Unam-se, mais O ' fácil mas um batalhão
do ao plano espiritual. A desordem está declarada em to- que um soldado sozinho pere~eforc~m e mantenham a
das as nações e em todos os níveis, e o comando das trevas unido pode vencer a guerra. fi Nào se deixem afun-
está enlouquecido, jogando com todas as armas, desres- 'f ca do grupo a m. , .
estrutura energe i táo remando na matena.
peitando o livre-arbítrio e as leis. Extrapola-se, neste ins- d lama em que es . -
dar no mar_ e - - o neste momento. Direc10nem
tante terreno, o pacto que havia entre a luz e as trevas de Falsos atrativos nao 1~!::des sempre baseados na lógica
manter um limite de atuação e, como havia de se esperar, suas mentes_ e suas a I ndo em cada feito, a orientaçao
eles avançam as barreiras estipuladas como linha de trin- do amor umversal, busca ' dificuldade de essa luz
m que mesmo na .
cheira. Por isso, não há mais como estar em cima do muro, da luz. E s aib a ' . estamos em espírito liga-
e quem está sendo manipulado para criar a desordem está d nsas barreiras,
atravessar as - e les que realmente optaram pe1 o
em pleno acordo energético com os mandantes. Para eles, dos aos coraçoes daque . omentânea e do que vem
não há o que perder nesta guerra, uma vez que desconhe- bem. Diante da ~mergenfciarmmem estratégias e planos, não
pe l a frent e, é preciso que O · ·t al
cem qualquer ética e estão completamente cegos, hipno- . . d. . d l mas coletivo e espm u .
tizados, servindo de medianeiros para o mal. Muitos dos em nível matenal ou m iv_i u~ 's e precisamos da energia
que fecharam o pacto com as trevas, e a elas servem, estão rra meus irmao ,
Estamos em gue . , 1· , . as encarnadas. Fortaleçam-se,
robotizados e adormecidos em espírito, e já nem se pode e do trabalho de ínte igenci t
dizer que são canais ou médiuns, mas servem de fantoche - abandonem por nada neste momen o.
nao nos
para aqueles que não mais possuem a matéria e querem
, . ·g grupo se emocionou
se manifestar através dela. Eis por que este negro velho Diante da rogativa do espmto arm o, O
lhes diz que ultrapassaram os limites. Até então, somente
145
144 Enquanto Dormes Leni \V. Saviscki
,\
e abraçando-o
volta pra casa. Francisco a grad eceu, para depois seguirem ( h

O homem de bem

É uma pena que os cervos não possam ensinar a velocidade


às tartarugas. Kalil Gibran

Os "voadores" foram convidados a participar de mais uma


apresentação no anfiteatro que se localizava na contraparte as-
tral do próprio templo onde trabalhava a maioria dos médiuns
que compunham o grupo. Quando o grande telão se i}uminou,
o cenário era de um templo de umbanda no início de uma gira
de caridade.
- Novamente essa criatura na assistência\ Se ele solicitar
falar comigo, arranjem uma desculpa e não permitam - dizia
por entre os dentes o dirigente da casa, ao carnbono.
A pessoa a quem ele se referia era um moço que frequen-
tava o local e que solicitava ao dirigente que o aceitasse como
trabalhador da casa, mesmo que fosse no serviço de limpeza. Já
andara por muitos lugares, mas, quando chegou ali, seu coração
bateu mais forte. Parecia ter voltado para casa.
Para o dirigente, o problema era que, mesmo que o moço
demonstrasse humildade em aceitar qualquer serviço, sabia que
era um estudioso da umbanda, coisa que ele não era e também
não incentivava seus médiuns a fazer, pois assim temia perder
o poder de mando. No seu entendimento, os ensinamentos e
fundamentos da religião deveriam ser passados de pai para fi-
lho e não aprendidos em livros. Além disso, gostava de médiuns

147
146 Enquanto Dormes
sobre ele. Assim que conseguiu se desprender do corpo físico,
que fosse,m dóceis, ~bedientes às suas ordens, e observou que 0
convidou-o a seguir consigo e se dirigiram para um local onde o
moço, ale1:1 de vestir-se de maneira diferente, era obstinado, 0
que podena lhe trazer problemas no futuro. médium deveria observar uma cena.
Tratava-se de um asilo de idosos e lá estava ninguém me-
Mas a espiritualidade, sempre atenta, não se cansa de dar nos que o consulente daquela noite, o moço rejeitado por ele.
novas chances de aprendizado e melhoramento aos renitentes Sentado no jardim junto a vários idosos, falava-lhes de Jesus
enca~ados e, naquela noite, providenciou uma ao "acaso". Por e de Seus ensinamen\os sobre o perdão, a tolerância e o amor
descmdo do cambono que conduzia os consulentes para atendi-
incondicional, acalentando-lhes a alma sofrida. Tanto o rapaz
mento, o rapaz acabou sendo levado à frente do dirigente que
quanto os anciões também estavam em desdobramento do so~o
atendia irradiado por seu protetor, um caboclo de Ogum. '
físico, no plano astral do asilo. Podia_-se observar que fazia
Quando o méd~um se _deu conta de quem estava ali, pigai aquilo com tanto amor, que de seu peito exalavam pequenos
re~u e, mesmo sentmdo a irradiação do caboclo se intensificar raios luminosos em direção aos idosos, melhorando-lhes tanto
deixou que sua antipatia falasse mais alto. Agindo animicamen-
as dores sentidas no corpo físico, quanto diminuindo as sensa-
t~, uma vez mais arrumou desculpas descabidas para se desven-
cilhar da presença do moço. ções de abandono e tristeza. . , .
Os olhos do dirigente ficaram marejados de lágrimas e, sem
. ?, caboclo, diante dessa atitude, retirou-se deixando de nenhuma palavra, ele aproximou-se do rapaz, ajoelhou-se aos seus
irradia-lo, e enquanto o consulente afastava-se tristemente de
pés e, segurando suas mãos, pediu-lhe perdão por seu orgulh? e
cab_e?a baixa, o dirigent~, não sentindo mais a presença do guia arrogância. Choraram juntos e, abraçados, . c~da ~ envolvi~o
espiritual, bateu-cabeça e deixou de atender o público.
numa emoção diferente. Assim, em corpo espiritual o Jovem podia
Num misto de alívio, por ter se livrado do "intruso", e ao lembrar-se daquele antigo mestre, tão amado por ele mas que, por
mesmo tempo remorso, por perceber que não era essa a vontade 1
força das circunstâncias, o havia abandonado e~ ~poca rem~ta. \1
de seu guia, encerrava os trabalhos quando um médium pediu li- Retirando-se dali, antes de voltar ao corpo físico, seu gma es-
cença para ~ec:ber uma _entidade que precisava lhe passar um re- piritual o abraçou ternamente, aproveitando para lhe esclarecer: 1

cado. Permissão concedida, manifestou-se um caboclo de Ogum: \1

Filho querido, reflete sobre aqueles que já chegaram diante


Filho meu, acalma tua consciência e ora com fé antes de de ti solicitando a mão amiga, o amparo espiritual, o en-
adormecer. Melhora tua energia, pois eu preciso que me sina~ento. E que, por não ver neles o modelo de discípulo
ouças no silêncio do teu sono. que almejas, os subtraístes de tua vida sem nem mesmo
ter a coragem de olhar nos olhos desses espíritos carentes
Nada mais falou, retirando-se. e dizer- lhes "não".
O dirigente tentou acalmar a culpa e orar, mas adormeceu Saiba meu irmão, que todo aquele que bate em tua porta
é alg~ém a reivindicar algo que podes dar; se não o pão
sabendo qu~ sua conduta havia sido contrária à que seu velho pai
da matéria, pelo menos o aconchego da alma, a pala~a, o
lhe passara Junto com a consagração de sacerdote de umbanda. ensinamento, o burilamento que já tens e que a ele ainda
. No ~ado ~spiritual, por necessidade extrema, o caboclo ha-
faltam.
via_prov~denciado ,um campo de força magnético que O envol- O que te é agradável e fácil, aquele que contigo concorda _e
vena assim que_saisse d~ ~orpo, com a finalidade de não perdê- segue cegamente os teus ditames, e 1?º~ isso merece ~u~ consi-
lo para a atraçao magnética negativa que naturalmente agiria deração e respeito, não será o que vai ajudar-te na rmssao.
Largado ao desprezo daquele por quem nutria confiança e
admiração, pode o discípulo, novamente, perder-se por Ial-
1 ~ater-cabeça quer dizer: reverenciar respeitosa e humildemente uma entidad
espiritual, abaixando-se aos seus pés, ou diante do congá, tocando a cabeça ao chão.
149
148 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
. . a os outros com palavras maldosas,
ta de rumo, pois só precisava daquele incentivo inicial para mo que quem preJ~d~~ d de de alguém com seu orgulho e
depois seguir seu caminho, e talvez nunca mais o verias. E quem fere a suscetib1h a diante da ideia de causar um
assim estaria cumprida a missão. desprezo, quem não rec~~ de ainda que amena, quando
Por certo, o fato de tê-lo afastado para longe de tua vaida- sofrimento, uma contrarie a dever de amor ao próximo e
de e presunção, a fim de evitar possíveis incômodos, não t<• Poderia evitá-la, falta com seu
redime da obrigação assumida com aqueles que o coloca- • · do Senhor
não merece a cleme~cia , dio nem rancor, nem desejos de
ram em teu caminho. Se for deficiente do corpo ou da alma, O homem de bem nao tem o , doa e esquece as ofensas,
é um irmão teu. Se tuas mãos e tua boca foram abençoados vingança. A exemplo de J~s~s~p;~rque sabe que será per-
para a caridade, não escolhe a quem ofertar, pois a mesma e só se lembra dos bene c1~ d É indulgente para com
peneira que usas será usada pelas mãos do Universo para doado conforme ~ouver pere~~~- que também precisa de
te colocar no merecido lugar, depois da cortina. as fraquezas alheias, porqu al de Jesus: "Que aquele
Reflete, irmão meu, e pela inteligência e capacidade de que indulgência, e record~~stfitati~;:sprimeira pedra!". Nã,o
fostes dotado, revê teus conceitos em vez de criticar aque- que estiver sem peca ' d f ·t alheios nem em coloca-
les que não te agradam o ego. Repensa se o que fazes está urar os e e1 os .
se compraz em proc . d de o obriga a isso, procu-
a satisfazer adequadamente tua consciência. los em evidência. Se a necessi a o mal Examina suas
e possa atenuar · •
Descartando hoje o que te parece impróprio ao teu bem-es- ra sempre o b en: ~u alha sem cessar para combate-
tar, poderá estar afastando a única mão que possivelment próprias imperfe1çoes e trab . ham de forma a que
ainda, num tempo não muito longe, te ofertaria amparo no f rços se encarmn
las. Todos os seus es o . h, nele algo melhor do que
lamaçal que o orgulho certamente te lançará. possa dizer, 1:1 º dia seguinte, que a
Não olvides das oportunidades e, se as perdeu, nunca é no dia antenor.
tarde para recomeçar. E nesse recomeço, priorizes a quali-
dade de tua caridade e não a quantidade de seguidores que . . ara o médium; talvez um r~-
Aquele foi um dia diferente P d . dali em diante haveria
arrecadastes. O bem não tem olhos de julgar e geralmente . dado dentro e si e
a porta por onde se apresenta não é larga. nascer. Algo havia_mu da ele livro.
Que, ao acordar na matéria que te conduz o espírito por de ler, todas as nm~es, trechosalh;;:o templo, seus olhos busc~-
sobre a Terra, possas refletir sobre o que presenciastes e Em todos os dias Ade _trab 1 unca mais apareceu. Mais
sobre minhas palavras. Além da paz, busca a sabedoria. vam o moço na assist~ncia, mas e e n
Sabes que temos por ti consideração e amor. Da mesma uma vez o havia perdido.
forma, doa aos teus estes mesmos sentimentos.

Tão logo acoplado ao corpo físico, o médium acordou lem-


brando-se com detalhes de todo o "sonho", e chorou e orou até
amanhecer. Sua consciência se digladiava entre o orgulho e a
necessidade de consertar suas atitudes. Por intuição, buscou o
empoeirado Evangelho Segundo o Espiritismo que guardava
junto aos poucos livros que possuía e o abriu ao acaso, dando-se
com estas palavras:

O homem de bem é bom, humano e afável para com todos,


sem distinção de raças ou crenças, porque vê irmãos em
todos os homens. Respeita nos outros todas as convicções
sinceras e não condena os que não pensam como ele. Em
qualquer circunstância, a caridade é seu guia. Diz a si mes-

150 151
Enquanto Dormes Leni vY Saviscki
como também os espíritos chamados de ibejis, acoplados a estes.
Depois do primeiro instante de fascinação, a menina passou a
observar cada um daqueles "amiguinhos" que se diferenciavam
pela luz e beleza.
- Que menina linda vem nos visitar - falava Mariazinha,
receptiva e sorridente.
- Oi, quem é você?
Festa de ibeijada - Sou Mariazinha e gostaria de te ajudar. Me contaram que
anda tristinha ... querendo morrer.
- É ... foi o tio que te contou?
-Também ...
- Ah, amiguinha ... agora eu não estou mais triste, pois o tio
me trouxe aqui onde tem muitas crianças, doces e todos esses
balões.Tem até bolo de aniversário. Eu nunca ganhei um, sabia?
g:~~~i vir a mim as criancinhas, pois delas é o reino dos - Hum, então vou te servir um pedação deste bolo gostoso
que tem o poder de devolver a alegria e o doce a todos os cora-
Jesus
ções tristes e amargurados.
Mil ena agora se deliciava com o bolo ( cópia energética do
- Uau ... que lindo! Veja quanto bar .
amiguinhos têm aqui!!! ao colondo .. · E quantos existente no plano material), o que a levou a adormecer em
corpo astral e, ali mesmo, no ambiente espiritual do terreiro,
Os olhos da menina brilhavam ao
onde fora conduzida durante o coma entrar naquele ambiente, em departamento específico para tais tratamentos, foi levada
Enquanto seu corpo inerte sobr 1 . por se~ amigo protetor. a relembrar, através de seu mental, de uma vida em que plan-
vários aparelhos, ma'ntinha uma ~daeito hosprt'.3-la~, acoplado a tou essa colheita dolorosa, bem como de seu comprometimento
espiritual era retirada daquele amhi tquta~e artificial, em corpo antes da atual reencarnação. Isso era possibilitado pelo fato de
,. . ien e nste para qu d estar ali, naquele corpinho infantil, um velho espírito endivi-
receb er auxílio Junto a um terreiro de e pu ~sse
va uma festa de ibeijada. umbanda onde se realiza- dado com as leis. Antiga freira, responsável por um orfanato
- Tio, quero aquele balão ... me d,ª um pirulito?
. . que acolhia órfãos, usou de sua autoridade e amargura para
guaraná? Posso tomar maltratar e, por vezes, escravizar as pobres crianças que eram
Milena, ali naquele local não a . a ela destinadas pela Igreja. ·
depressiva e triste que há vári d' p~entava m~is a menina De maneira amorosa, Mariazinha, aquele espírito que se
desistira de viver. Por isso eni~u ~~ a oecera e _srm~l~smente apresentava com uma imagem infantil durante a ibeijada, jun-
gando ao coma. Cansada de maus-trat estafo d:
mam7ao, che- tamente com o "tio" - protetor de Milena -, agora faziam seu
ter a quem recorrer resolveu o~ pe a mae adotiva e sem espírito relembrar, para que isso alertasse sua consciência, for-
não tinha seis anos.' que quena morrer quando ainda talecendo nela a vontade de lutar pela vida com mais alegria,
mesmo diante das dificuldades, prosseguindo sua jornada en-
Agora Mil ena sorria feliz entr ·
se aglomeravam em meio ao, ib -~ as cnanças encarnadas que carnatória, tão necessária para seu próprio reajuste.
refrigerantes Estando em c s eJis. e_ a todos aqueles doces e Enquanto a festa no terreiro prosseguia alegre, com os ibe-
· orpo espiritual n - d' .
pelos encarnados mas percebi itid ' ao po ia ser vista jis curando e brincando com a meninada, Milena foi levada de
' ia m i amente tanto os médiuns
153
152 Leni \V Saviscki
volta ao seu corpo físico. Muitas coisas agora se diferenciavam
em nível mental, emocional e energético, sendo repassadas ao
seu corpo físico bastante debilitado. No dia seguinte, ao ama
nhecer, as enfermeiras constataram que Milena recuperava seus
sinais vitais, não necessitando mais ficar ligada aos aparelhos,
para em breve já voltar a se alimentar e sorrir.
Sua saída do hospital era aguardada por uma "tia" do Con- Socorrendo
selho Tutelar que a levaria até um abrigo infantil, pois a mãe
perdera a guarda da menina. De agora em diante, sua rotina
seria assim: alternando-se entre algumas tentativas de adoção
e sua volta aos abrigos, até que, na adolescência, um casal es-
trangeiro lhe possibilitasse a chance de ter um lar, estudar e S('
profissionalizar.
A linha das crianças que atua na umbanda, denominada ns o conhecimento sobre sexo está
de ibeijada, yori ou Cosme e Damião, é trazida ao plano terreno Para a maioria dos home ~ . ári. as em que surgem o
,
restrito as suas man _ifestaçoes pnm· dão moral.
'
por meio da irradiação dos médiuns pelos protetores que, em desequilíbrio, a viciaçao e a devassi André Luiz
forma plasmada de crianças e agindo como tal, se apresentam
no terreiro brincando e distribuindo alegria aos consulentes. Es-
píritos portadores de grande sabedoria e elevação, possibilitam . , dio bem conhecido de vocês
HoJ· e assistiremos a um episo . tas _ dizia Francisco
pelas brincadeiras infantis que as pessoas afrouxem seu emo- - , · os protagoms _ ,
todos já que foram os propn , e oderão visualizar nao so
cional, a fim de que eles atuem em nível energético. Oferecem grupo _ Antecipo-lhes, porem, qu p também terão acesso
doces que contêm a energia necessária para agir de certa forma ao · · · am como
como um remédio. a parte física da qual p~;~:~sso ~sa a dar-lhes uma noção da
às imagens do plano espm na caridade. , .
Relembrando as palavras de Jesus: "Deixai vir a mim as grandiosidade do trabalho . ples mas confortáve1s, os
criancinhas, pois delas é o reino dos Céus", que nada mais sig- oltronas sim ' ,
Acomodados em P físico e mais alguns espi-
nificavam do que a pureza de que se revestem as crianças, con- b nto do sono , d'
médiuns em desdo rame ncontravam para apren 1-
dição tão necessária ao nosso aprendizado adulto, elas exaltam
ritos desencarnados, no:vamente s~a~o astral do próprio templo
principalmente a facilidade natural em esquecer ofensas, como
zado no anfiteatro localizado no .Ã.ssim que se iniciou a apresen-
também em manifestar suas emoções, sem máscaras.
de umbanda onde trabalhavam. lamação geral de admiraçao,
Nas festas ou giras de ibeijada, além dos consulentes encar- .
tação das imagens, houve uma ac1
nados, a espiritualidade aproveita para trazer muitos outros em
pois passaram a reconhelce~se ~~;~da no local, cujo tema foail
desdobramento do sono, ou que se encontram em coma, para rece-
Ao final de uma pa es ra 1· peza do ambiente astr
ber auxílio energético, como também espíritos desencarnados que . . . " e de uma Iffl G'
"Sexo: energia divina ' ibratória de Pomba- ira
se acham ainda adoentados, principalmente em nível emocional.
pelas entidades que trabalhamencerramento,
na v uma me'd'mm co -
Portanto, a festa é total e completa: uma festa de alegria, de cura, quando a corrente preparava o tindo fortes dores no corpo,
de transformação. E assim, através de Mariazinhas, Joãozinhos, . . t e estava sen 1 t
municou ao dirigen e qu . t nso em toda sua museu1 a ura.
em meio a balas de coco e brincadeiras, nossos sábios protetores
e guias nos permitem a ajuda evolutiva de que tanto carecemos. além de náuseas e u~ tremor, m e que precisamos auxi·1·iar um
Acho
- Sei que isso nao e meu.

154 155
Enquanto Dormes
desencarnado
. - exclamou a moça. ela absorvia da médium a energia necessária para o momento.
Sem titubear, o dirigente ediu Com elegância e sabedoria, as pomba-giras retiravam toda a
sarnento ao Alto e cantasse u p que a corrente firmasse pen imundície que se acumulara em seu corpo energético ao longo
m ponto de Ogu D .
d ou-a numa cadeira e pedind . _ m. epo1s, acomo de sua permanência no submundo astral. Rosa Caveira, sopran-
da casa, mentalizou ; conexã~ ~erm1~~~0 aos guias espirituais do baforadas de uma cigarrilha, fazia com que a energia emana-
que se deu imediatamente. a en 1 ade com a médium, o da da fumaça, contendo os elementos absorvidos da terra pelo
" ~~dia-se observar agora que a en . fumo, a adormecesse, desprendendo as larvas de seu corpo que,
sem1-mcorporação" já ta tidade, mesmo antes da imediatamente, eram recolhidas pela equipe de limpeza e devol-
, . ' es va quase "acopl d "
medium, por isso repassava as sens - a a ao corpo da vidas ao seu devido lugar. Gargalhando, emitia um som que no
plo-etérico da médium ligei açoes desconfortáveis. O du Astral agia como forte onda vibratória que quebrava cascões
. , rramente afastado ib. .
a entidade desencarnada se " aconchegas " ' poss 11itava que energéticos grudados ao seu redor.
sorvendo a energia ectoplasmática s~ ness~ abertura ab Após alguns minutos, a entidade se acalmou e, adormecida,
encarnados e tão necessári. f produzida umcamente pelos foi levada pela equipe de socorro a um hospital no plano astral,
. a ao re azirnento d
quase ammalizado. Além disso d. . e seu corpo astral desfazendo-se assim a ligação com a médium, que recebeu das
tarse que mantinha presa em s~ po ia ~ss1m manifestar toda ca
entidades um banho energético.
doutrinação naquele ambi t du elmoc1onal e ser auxiliada pela Interrompendo a exibição das imagens, Francisco iniciou
A . ien e e uz.
imagem da entidade desencarn d
constrangimento aos estudantes
da mulher era horripilante e l :e ~ ~ ca~sa~a um certo
assistiam àquilo. A fígurn
em que o objetivo do produt~r é rava aque;e~ filmes de terror,
as explicações:
-Meus amigos, como vocês perceberam nas imagens, a en-
tidade auxiliada foi trazida até o templo naquela ocasião, jus-
tamente porque ali iria se criar ambiente propício pelo tema da
esquelética, sem cabelos po , causar pamco na tela. Alta, palestra. Nossa irmã socorrida tem uma história bastante triste
não cobriam mais nada 'em ssuia apenas alguns trapos que já de lutas inglórias no campo do sexo, em várias de suas encar-
lentas e fétidas brotavam d seu c~rp9. Feridas enormes, puru- nações. Após a última desencarnação, sua energia a atraiu para
Um enxame de pequenas e seu orgao sexual e de seus seios. lugares onde o vampirismo sexual impera; por isso o estado
moscas entrava e , d
e de sua boca. saia e suas narinas deplorável que se encontrava seu corpo energético.
. Retorcendo-se qual uma cobra - E para nosso aprendizado, poderia nos ser explicado
assim se expressou: ' ofegante e entre gemidos, como foram essas lutas? - indagou um dos aprendizes.
- Me ajudem.. eu não aguento · · · - Resumidamente, a vida dessa nossa irmã de caminhada,
fogo incessante que me . mais isso.. este desejo, este como a de tantos outros espíritos falidos (e, dentre esses, nós
. queima, me consome
Agora podia-se observar que o exu Gi - ... que também temos nosso passado de quedas), tem sido uma
lhava com o dirigente aproxim ra Mundo, que traba- busca do equilíbrio perdido ainda na antiga Roma, em meio
deixando-o totalment~ irradiad~~~~~omou conta da situação, aos nobres da época. Embora escrava, aquela linda moça era
de pomba-gira, a vibração se fez mais ando u:i: ponto cantado dotada de uma ambição fora do comum, e seus olhos brilhavam
ça dessas entidades que imedi t fort~, fac:htando a presen- mais que as joias que ambicionava, ao vê-las sobre as mãos
diuns, juntando-se ao exu e f~:-rnamente 1rra~1aram várias mé- e pulsos das mulheres a quem servia; ambição que a levou a
entidade sofredora O que P ·t· ando um círculo ao redor da vender o próprio corpo, prostituindo-se vulgarmente, além de
' errru m o soco ·
. Enquanto Seu Gira-Mundo c rro ernergencia], roubar, mentir e até matar. Morreu assassinada de forma bru-
deixando-a assim desafoga on~ersava com a entidade tal e padeceu por muito tempo na erraticidade. Resgatada no-
r seu emocional através da catarse'
'
156 157
Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
vamente, coi:np:ome~eu-se em reencarnar na pobreza; porém, através da passividade e doutrinação. Depois de certa idade, por
quando se v11: !nsenda na matéria, acordou a amb ição que a necessidade, passei a trabalhar num centro de umbanda e la os
fez voltar a utilizar o sexo para ganhar dinheiro. Novamente 0 médiuns só podiam receber protetores e guias, alegando. ~e
desenc~ne d~ ~aneira trágica, agora por doença venérea. U~a os sofredores eram encaminhados diretamente pelos guard1oes.
vez _ma1~, solicitou oportunidade no celibato e, naquela encar- - João Pedro compreendo sua surpresa. A maioria dos diri-
naçao, vivendo como freira de caridade num monastério usava gentes umbandistas, por falta de conhecimento d? :mund? espi-
do flagelo ~e. suas carnes para suprim ir os desejos incontidos, ritual, deixa passar grandes oportunidades de a~10 aos rr~aos
causand? sena auto-obsessão, que a levou ao suicídio. Por mais sofredores. Concordo que o foco principal das giras de caridade
de um seculo peramb ulou pelo Vale das Sombras e, quando res- é O atendimento pelos guias espirituais, mas existem momentos
gatada pela ~uz, passou por vários processos de reabilitação no em que há extrema necessidade do choque aní~ico ~a e~tida-
Astral superior. Nova reencarn ação: agora em família abastada de com O médium, como foi o exposto. A energia animalizada
e num c~rpo masculino, desde cedo manifestou aversão pelo produzida pelos encarnados é matéria preciosa e insub_s~ituível
corpo, pois sua alma vibrava ainda no feminino. Isso lhe cau- para o mundo espiritual. Muitas vezes, nos centros espmtas, _os
so~ d_iscriminação e constrangimentos sérios no seio familiar r mentores são impedidos de se manifestarem por preconceito
principalm ente nos relacionamentos, pois sentia-se atraído pelo dos dirigentes, alegando que só "médiuns especiais" têm _e1:ergia
mesmo sexo. Dessa forma, abandonou a família e se estab ele- condizente para que um mentor de luz possa dar passividade.
ceu em J:ªÍ:' dista~t~, onde remodelou o corpo com aplicação Perde-se assim, oportunidade de reequilíbno da energia do me-
de hormomos femininos e algumas cirurgias plásticas, 0 qu dium, corno também de receberem bons e instrutivos conselhos
o transformou numa mul~er. A família, que o sustentava por de seus dirigentes espirituais. Deste lado, os trabalhadores da luz
lo~go tempo em seus caprichos, o abandonou assim que seus optam pela necessidade e veem na mediunidade excelente canal
pa~s d~sencarnaram. Sem dinheiro para o sustento e vivendo em de auxílio fraterno a quem já desencarnou, independentemente
pais distante, sem preparo nenhum para o mercado de trabalho de rótulos religiosos. Porém, sempre serão respeitadas as leis do
. resolveu empregar-se numa boate, a princípio como garçonete. local, impostas pelos encarnados.
Sem dem?r~, ~ovamente a prostituição como suposta solução - Se me permite, Francisco, gostaria também de esclarecer
de sobrevivência. O resultado é este que vocês presenciaram. sobre a entidade em· estudo. Por que ela se apresentou manifes-
. E em estado similar ao dela, outras centenas foram aten- tando ainda forte desejo sexual, como se dependesse disso para
didas naquela noite pelas guardiãs pomba-gira, aproveitando 0 respirar se suas vidas terrenas foram sempre direcionadas por
ectoplasma doado pela assistência e pelos médiuns. essa en~rgia? Não deveria ter drenado isso na c~rne? .
~bservem que o palestrante, no início, incitou as pessoas - João Pedro , a maneira como ela conduziu essa energia ..
a recitar _uma oração e solicito~ que doassem boas energias, em suas encarnações marcou negativamente seu corpo esp1::-
bons sentimentos a todas as entidades que ali se encontravam tual criando dependência viciosa. Na verdade, ela nunca utili-
necessitadas de ajuda. Isso possibilitou que a energia animali- zou' essa energia dentro do equilíbrio e da função para a qual
zada dos encarnados servisse de medicamento àqueles corpos ela foi criada. Ela a usou desregradamente como ferramenta de
deformados pelas próprias atitudes. trabalho ou, então, num outro extremo, a sufocou quando na
- Eu estou surpreso com o que presenciei - falou João encarnação celibatária.
Pedro, qu~ participava pela primeira vez no grupo de estu- - E agora, o que acontecerá com esse espírito? O ~e o
do_s ..- Na ultima encarnação, trabalhei por algum tempo como aguarda no futuro, pois, provavelmente, se reencarnar, vai vol-
medium de um centro espírita e lá socorríamos os sofredores tar a errar novamente.

159
158 Enquanto Dormes Leni \\'. Saviscki
- Não saberia responder à sua
departamento não me compete p~rgunta, uma vez que esse
terá todo amparo divino e provaverveln:
mentee certo
t ,que mais uma vez,
nos planos espirituais e depois d , era um longo estágio
fias, o gue deverá limitá-la. evera ter um reencarne de atro-
. - E, assim dá para compreender o A

turmhas que nascem com sérias d f


clamou Juju.
P<:_rque de tantas cria-
e ormaçoes e atrofias ... - ex-
Prisioneiros
- De_ fato, mas não podemos general' . . .
podem vir de plantios dife t - izar; pois colheitas iguais
. ren es, nao nos esqu .
E assim, após mais algumas er eçamos disso.
rou-se a proveitosa reunião devol p ~untas e respostas, encer-
respectivos corpos físicos. ' ven o os encarnados aos seu
A criatura enfurecida é um dínamo em descontrole, cujo
contato pode gerar as mais estranhas perturbações.
André Luiz

- Até o santo está atrás das grades! - exclamava Juju, sem


esconder um sorriso maroto.
Nessa noite, o grupo visitava um presídio situado em cida-
de do interior do país, pois foi convocado pelo serviço de alerta
dos guardiões a auxiliar no desligamento de alguns espíritos
que desencarnariam ali, numa rebelião.
· O ponto de encontro se dava no único ambiente do esta-
belecimento em que os espíritos trevosos não tinham acesso,
ou seja, na capela do presídio. E mesmo ali, a imagem de São
Sebastião, considerado o protetor dos presidiários, estava atrás
das grades por motivo de segurança.
- Juju, o santo não está preso. Por questão de segurança, a
direção do presídio o enjaulou para evitar que usem a imagem
como arma, depois de quebrada. Toda precaução é pouca, pois,
se existe um lugar onde a imaginação é adestrada na busca de
soluções de fuga, é aqui mesmo. Convido a todos para que re-
forcemos nossa proteção e possamos nos colocar na condição de
auxiliares aptos, junto aos guardiões da luz, fazendo uma prece
ao Supremo.
Enquanto a prece era proferida por Francisco, criava-se
uma egrégora com feixes de luz que fluíam da capela e se irra-

161
160 Enquanto Dormes
1
diavam ao Alto, como um farol Isso n - , . . lhida ou retirada de cena naquele episódio e seria encaminhada
tantos am igos espirituais que é<l' ~o so sinalizava a outro, de acordo com as necessidades de cada um. Muitos foram reco-
da luz, como também era 'd1_ocorna um auxílio por parte lhidos em câmara especial no plano astral do próprio presídio,
0 co 1go de ace · .
amparo de mentores das faixas . l sso que permitia o até que pudessem se livrar da influência hipnótica de seus as-
F mais e evadas
ora da capela, a energia ib . .' · seclas. Outros seriam encaminhados aos centros espíritas e de
diferente. Como uma nu que v rava infelizmente era muito umbanda para atendimento nos dias adequados.
vem negra antes d
. uma espessa camada de fo e uma tempestade, Após o auxílio prestado aos desencarnados, o grupo se
i nnas-pensament b .
contraparte astral Entid d b d . o enco na o local na
· a es a erneir r·d
trevosas, se movimentavam de cela e as, a ic~a ~s pelas força,"!
afastou do presídio, dirigindo-se para o templo de umbanda,
onde aproveitariam o restante do tempo para discorrer sobre o
carnados à revolta m cela, ínstigando os en
, O que aumentava a te - d . . aprendizado da noite.
presos, que já estavam drog d nsa~ a maioria dos - Por que acarinha triste, Juju? - perguntava Francisco.
condidas. ª os e com armas improvisadas es - Não consigo entender por que as pessoas insistem em vi-
Grande número de guardiões da lu . , ver na criminalidade, se sabem que ficarão encarceradas e terão
estratégicos para auxiliar no i, z ja ~e postava em locais um final de vida trágico. O cárcere me dá pânico e não o vejo
p que tosse possível
assava da meia-noite quand , . como um modo de educar alguém; pelo contrário.
ouviu-se um estrondo e g ·t o, apos a troca da guarda - Juju, como sempre falam os espíritos mais evoluídos, o
n os numa cela fi '
do corredor. Toda guarda do resídi que cava aos fundos homem não erra porque é ruim, mas porque ainda é ignoran-
para o local enquanto uma dp I io se locomoveu rapidamente te. Ignorante das leis, do amor, da vida. Enquanto o espírito
' ezena de p ·d· , ·
suas celas e os pegava por trá d re~i ianos se soltava d<• não se educa, e isso quase sempre ocorre na dor, continua a se
as, espreverndo E
cada e agora que fi s. ra uma embos encarcerar, seja na carne ou fora dela. Concordo-que o modelo
- m cava preso eram o d , ,
nao contavam com o ines d s guar as. Porem el s de prisão usado pelos homens, na sua maioria, não educa nem
. pera o. Quando al '
mesmo mstante uma viatura da I' . cançavam a rua, no salva ninguém. Tem sido uma faculdade do crime, onde quem
atirando contra os fugitivos i, . pdo ial c1a passava pelo local e agiu entra primário sai diplomado. Mas a nós não compete julgar e
.renn o guns e mata d d .
A guarnição espiritual atuou de f . n o ois deles. sim auxiliar. Até porque ninguém está lá injustamente.
das fossem mortos, pois essa era a orma a e':tar que os guar - Ah, mas eu conheço casos de pessoas que passaram anos
mas não pôde evitar prog~amaçao dos trevosos, de suas vidas na cadeia injustamente, por erro judicial - disse
. O mesmo em relaçao aos .d., .
que existiam cláusulas da Lei Maior . presi ianos, j{i Marcos, que era estudante de direito.
. Por outro lado, a multidão de q;e precisavam se cumprir. - Marcos, aos olhos humanos até pode parecer, mas asse-
projetado e insuflado o motim esencarnados que havia guro-lhe novamente que ninguém é injustiçado diante das leis
tar às suas furnas subterrân , agora t~ntava, sem sucesso, vol- supremas. Esses "pseudoinocentes" passam por isso justamente
em algumas celas. Então fo eas atraves d?s dutos localizados para que seus espíritos aprendam as lições desdenhadas no pas-
da luz, que haviam col;cal~~e~:;reend\d?s pelos guardiões sado. Vou lhe dar um exemplo: veja essas pessoas que aprisio-
olhos deles que os recolh magnetícas invisíveis aos nam de forma abusiva bichos pelo prazer de terem um animal
. ' eu qua1 cardum d . .
unpropérios, chamavam por . e e peixes. Gritando "doméstico". Cães enormes acorrentados em espaços mínimos,
seus superiores que d' .
d erosos
- . e que nessa hora tr ataram de salvar s se , iziam . po- sem o mínimo de conforto e, por vezes, passando fome e sede,
nao se importando com seus sold d ua propna pele, sem os cuidados de que necessitam à sua saúde e que acabam
dos espíritos imorais e se a os ~scravos, atitude própria morrendo no maior sofrimento, sem constrangimento nenhum
Assim m comprometimento com o bem
' grande leva de espíritos em total desord em foi.. reco- de seus donos. Será que isso não gera carma? O animal precisa

162 163
Enquanto Dormes Leni \\~ Saviscki
de liberdade, de espaço, de cuidados e também de amor, uma
vez que está evoluindo, e nós, supostamente seres "racionais",
somos responsáveis por eles. Lembrando também desses clu-
bes de tiro, onde seus associados usam abusivamente as aves
para treinar suas pontarias. Matam o bichinho pelo prazer de
matar, como meio de diversão, alheios ao seu sofrimento. E os
criadores de gado de corte, que retiram o bezerro de sua mãe e Uediunidade na adolescencia
o confinam num local apertado, onde não podem movimentar-
se, tomar sol, e com dieta líquida, para abate precoce e venda
da chamada carne de vitela? Homens que ignoram ou fingem
ignorar o sofrimento desses irmãos, em favorecimento de seus
caprichos egoístas. Tudo fica marcado no corpo espiritual, gra-
vado na tela holográfica, e retorna conosco em nova encarna-
ção, em que teremos de expurgar de alguma forma, para nosso alharei meu espírito sobre toda a
aprendizado. Não podemos fugir da Lei de Ação e Reação a Nos últimos tempos,fileshp ofetizarão; vossos jovens terão
carne· vossos filhos e as pr
que estamos sujeitos, que realiza a justiça independentemente . _ ' s velhos terão sonhos.
visoes, e vosso (Atos, capítulo 2, versículos 17 e 18).
das leis humanas. A mesma dor que os animais sentem, quando
aprisionados e maltratados, sente o homem. Talvez eles mais
que nós, já que podemos nos expressar e buscar a proteção da -J . hoi e sua tia Anastácia esteve aqui pedindo que você
UJU, .
lei, mas eles tantas vezes morrem agonizando e isolados, sem ajude a Maria Eduarda, sua pnma. , _ e?
ajuda de ninguém. Meus irmãos, talvez esta seja a maior lição Ah '? E no que eu posso aJuda-la, ma . .
que o espírito possa aprender atrás das grades, mesmo quando - 'e. . , tada pois está vendo c01sas ...
- A memna está assus '
se achar injustiçado. _ Que coisas, mãe?
-Fantasmas! . d
i
0
Juju não conteve:~ ;~~~::~a ~a menina, pois ela está
- Credo em cruz, o.Já nem dorme sozinha em seu quarto:
adoecendo de tanto m:d~.N- estou debochando, apenas achei
_ Desculpe, mamae. ao f ta ma Mas e O que ela acha
engraçado a senhora falar em an s .
que posso fazer? t .abalha lá no centro e lida com
A

- Ah, meu filho, voee que r. .


essas coisas... . ,, la' se faz caridade através
- - "essas coisas
- Mãe ... nao s~o al ~spíritos e somos ajudados
da mediunidade. AJudamos guns .
por outros. er falar contigo· é preciso que
tá bem filho mas e1 a qu '
- Es ' .' lta à noite após o jantar, para
ajude a menina. Pedi que vo sse '
que você pudesse falar com as duas.

164 165
Enquanto Dormes
Agora até dona Maria foi obrigada a rir junto com Juju.
À noite, Anastácia e fil - Titia, o fato de você ir no centro de umbanda buscar ajuda
ter com
vasse o JuiJU. A rnae,
- preocupada
ª ha desolicita
doze anos d e idade
· vieram
nome da menina no centr ' o divad que o sobrinho I(• e esclarecimento, que, aliás, não está recebendo em sua igreja,
r assem de incomo dar sua doce M pe . n o que essas coisa
. .; não quer dizer que precisa mudar de religião nem se esconder.
Par É como se o seu médico não estivesse dando conta de acertar o
P icou que sentia constantement lari~ Eduarda. A menina
e, por vezes, ~té percebia algué~ apguem a lhe seguir os passos diagnóstico de sua doença e lhe encaminhasse a um especialis-
urante a noite Outr assar pela porta d ta. Nem por isso ele deixa de ser seu médico.
d pesadelos ~ as vezes, acordava em prantos o quarto,
com Na semana seguinte, no dia marcado, quando Juju chegou
por ela e pedindo aj::_sempre via seres horrendos·::::::: do trabalho, as duas já o aguardavam para seguir com ele até o
centro de umbanda. Chegando lá, apesar do nervosismo, ambas
- Tia Anastácia, não é tão sim 1 . foram re·cebidas amorosamente na portaria, onde receberam
centro e tudo se resolve" · por outro
tã p es
ladassim: "eu levo seu nome no
o complexo como vocês estã
posso é orientá-las a resolver
- Ah, filho, eu fa o al '
::~:,i o, o quadro também não ,
Eu não posso resolver, o qu::
, e que façam sua parte
uma mensagem para ler enquanto aguardavam o início da pa-
lestra. O ambiente era acolhedor e, ao ouvir a Ave Maria como
música ambiente, Anastácia já sossegou seu espírito.
necessário... ç qu quer coisa que pedir' pag 0 0 que · for Após as orações e firmações iniciais, em forma de cantos
animados, o palestrante da noite foi apresentado e, com o tema
Novamente
formação da tia. Juju não conteve o nso,
. diante da falta de in- "Ninguém morre", iniciou eloquente e valiosa explicação sobre
a sobrevivência do espírito. Anastácia e sua filha absorviam
- Bem, sei que a senhora , , . tudo como quem bebe água fresquinha quando a sede é muito
tas reservas com a umband Ce católica praticante e que tem .
nhece a minha religião, e / omp~do? porque sei que não:. grande. Inevitavelmente, ao saírem do local, depois do passe
a respeito dela. Pois bem e:I':,~~abe sao informações distorcidas recebido e de tantas elucidações, ambas estavam muito diferen-
a casa de tes de quando ali chegaram. A sensação que elas descreviam a
l · - caridade e , P ara
' que vocês
apenas um trabalhador daque-,
Juju, na volta para casa, era de que tinham lavado a alma, pois
onentaçao segura e, talvez encaminh possam receber ajuda real
, no momento assustam a ' . - amento dessas entidad , sentiam-se leves e haviam desfeito a imagem preconceituosa
A lh pnma, terao de · . es que
mu er e a menina se olha
de e medo pelo fato de terem
- E, alem disso, titia es 1
qu:: ir numa gira de caridade
~pressando contrarieda:
ate aquele lugar".
que tinham da umbanda.
Na semana seguinte, voltando ao centro, foram atendi-
das por uma preta velha que, por coincidência, se chamava V ó
de umbanda e a umb d, f areço que eu trabalho num Anastácia, a qual as recebeu cantarolando e foi logo passando
n d an a az carid d L, a casa
~ a por qualquer auxílio prestad ªEe. a nunca se cobrará um galho de arruda ao seu redor.
- Saravá, minhas filhas! Em que essa preta velha pode ajudar?
nao tem nada a temer i d , o. também esclare o
de que já na primeira v::. s:n1:t;felo contrário. Tenho ~: - Boa noite ... a senhora nos desculpe se não sabemos nos
portar como se deve ... é que a gente não é dessa religião ... e vie-
gostar do local. Na semana e v m:1-a _paz muito grande e vai
~cho que seria o dia ideal ;;'ara em : dia de palestra instrutiva mos aqui buscar ajuda ... - gaguejava Anastácia.
- Acalma seu coração, filha! Aqui é uma das casas de Deus,
d; ::~:i:;:~ã~e:!C::~:~;~:!~:~r:'mn::s:n:: nosso Pai, e recebemos a todos os filhos com alegria e amor
- Juju, podemos ir ·u . açao que buscam no coração. Ninguém aqui discrimina qualquer religião; somos
nesses locais. E queira b;,'.:'
contigo? Não sei como ~e portar todos irmãos e ficamos felizes quando podemos ajudar a quem
Deus me livre de ele me excomungar!
que nosso padre não saiba di sso. quer que seja.
167
166 Enquanto Dormes Leni W. Saviscki
- Obrigada'· · ·. A con t ece que mi. h filh so sacerdote e ele me orientou a encaminhá-la para um psiquia-
blemas: ela tem visto e ouvid f tas a a está
. o an smas quer d' com uns, pro. tra, pois, além das visões, já teve algumas crises de nervosismo
d os mortos. E isso tem lhe d
causa o medo ' izer... espíritos
' e de agressividade. Isso me assustou por demais, pois minha
- Hum., entendo. E agora a · · menina sempre foi dócil.
filha está com medo? - e qui na frente da nega veia, a - Sossega, sua filha não é doente, graças a Deus! Se ela
- N- . P rguntou para a menina
ao, senhora ... agora estou calma . ouvir os conselhos dessa negra velha e tiver fé em Deus, tudo
- Eh ... eh ... pois é, filha, essa e ~ , voltará ao normal em sua vida. Mas não se esqueçam de que
de morto. Morto que não qu_ os fala e um espírito Deus nos ajuda e ampara, mas precisamos fazer nossa parte.
, morreu pois som t d .
Apenas saimos
. , da matéria e sob revivemos
'. . os o os imortais'· Nada de buscar milagres, mas sim realizar as transformações
- P01s e ... escutamos isso na 'com a graça do Pai. necessárias para que o milagre aconteça.
- Então, minhas filhas
tuada sensibilidade às energia~
de mediunidade.
:u.~;
. palestra ~a semana passada.
m~mna tem é uma acen-
spin ums, que pode se chamar
O que Anastácia e Maria Eduarda não sabiam era o que
havia acontecido em nível espiritual, no plano astral, enquanto
conversavam com a preta velha. Os espíritos socorristas traba-
- Ah, mas ela não é espírita so , . lhadores da casa, a pedido da entidade, haviam desligado do
depressa a mãe. . . . mos católicas - esclareceu campo magnético da menina alguns desencarnados perturba-
- Eh ... eh ... essa nega veia també t . ,. dos e brincalhões que, aproveitando a abertura mediúnica da
quase fui freira na mm · h a u'lt·1ma encarn
em o1 -católica
, 0 a vida toda .. · menina, lhe passavam muitas das sensações e influenciavam
clarecer às filhas é que a medi .d d . açao. que preciso es- suas atitudes e pensamentos. Além disso, a preta velha solicitou
. - mm a e mdepende d li ·-
e posiçao social. Ela é inerente ao es , . e re giao, raça que uma das entidades espirituais em especial, que se encontra-
nasce com ela aqui na Terra pi~to que, por necessidade va em estado bem lastimável, permanecesse em local adequado
• .11 para cumpnr tar f . '
neiro entre os dois mundos . . e a, servir de media- para que depois pudesse se manifestar através de um médium
' 0 espiritual e o mat ial E
que possamos, por meio da carid d en . serve para e fosse doutrinada.
liando, pois somos todos ainda da e xrestada, a~xiliar nos auxi- Após a bênção de Vó Anastácia, mãe e filha se retiraram
cometidos ao longo de nossa J. edve ores ~a Lei por equívocos levando consigo alguns livros espiritualistas para leitura. A me-
v, A , . orna a evolutiva
nina sentia-se calma e aliviada, como se tivessem lhe tirado um
o nastácía chamava agora o ..
desse auxiliar as duas le d ca1;11onmho para que pu-
. · , van o-as ate a bihlí peso dos ombros.
indicando-lhes alguma ob ras 11.teranas , . pa ioteca da casa ' Quando os atendimentos da noite se encerraram naquele
~u dessem melhor compreender ue o ra que, pela leitura, templo de caridade, a preta velha solicitou ao dirigente da casa
na Eduarda era uma b~ - ~ que se passava com Ma- que providenciasse um médium para dar passagem ao espírito
ençao e nao um p bl .
l essem todas as noites ant d d . ro ema. Indicou que necessitado que aguardava comunicação. Feita a ligação, ma-
Evangelho de Jesus e ~rass:~ _e trmrr, ~gumas páginas do nifestou-se aquele que havia sido o pai de Maria Eduarda, de-
mento. jun as, pedmdo luz e esclareci-
sencarnado num acidente automobilístico quando ela ainda era
- Filha, leia, instrua-se partici e d um bebê. Ele não compreendia e não aceitava sua condição de
preenderá como lidar com' P . as palestras e assim com- desencarnado; por isso, permanecia na casa que lhe pertencera,
. sua mediunid d
preconceito. Pelo contrário filh a e, sem medo e sem perto das pessoas que amava. Por várias vezes havia sido so-
oportunidade além de d ' ª: quando entender isso como corrido, mas, somando sua revolta aos chamamentos de Maria
, ' po er auxiliar m 1·t d
estara construindo os degraus d ~ ~s e nossos irmãos, Eduarda, que sentia muito a falta de um pai, acabava retornan-
- E ela vai melhorar, vai se a:::!~ºi~~ ~~~lsueçlhão. do ao plano terreno. Porém, por meio do atendimento à filha,
os ao nos-

168 169
Enquanto Dormes Leni \\: Saviscki
foi providenciado que ele se conscientizasse de como a estava
prejudicando com sua presença. Agora, amorosamente acolhido
e doutrinado pelo dirigente da casa, finalmente cedeu e aceitou
seguir sua caminhada no mundo espiritual, até porque seu cor-
po energético não tinha mais condições de continuar assim.
O choque com a energia animal do médium na incorpora-
ção e o fato de ter conseguido falar e ser ouvido possibilitaram a Ernluindo
ele uma catarse necessária para que pudesse ser definitivamente
encaminhado a um hospital, onde se reabilitaria e assumiria
então sua condição de espírito desencarnado.
- Salve, camboninho! Esta preta velha agradece ao filho por
ter encaminhado de maneira correta essa criança que estava so-
frendo, tratada como sendo doente. E matamos uma porção de
coelhos com uma só cajadada, eh ... eh ... É assim mesmo, meu Ninguém pode começar de novo, mas qualquer um pode
menino. Quando a água bate onde não deve, todos os filhos de fazer um novo fim. Chico Xavier
Deus aprendem a nadar... eh ... eh ... Só me entristece constatar
que, apesar de todas as informações que possuem, os dirigentes
das religiões que se dizem cristãs não proporcionam amparo es- Era um dia especial para Juju e para todahcor:rente._d~a~~::
piritual aos seus filhos de fé, preferindo transferir para a medici- . .. . as da umbanda, aviam s1
la noite, os ibejis, ou clrh1anç . al em atendimento à corrente
na algo que não lhes compete. Mas tenhamos fé que ainda há de
chegar o dia em que todos entenderão o Evangelho de Jesus na ma ?:
d
?ara
um traba o especi
ontos cantados vibraram no ar, o cam-
me~mmca ~' qua~do os p ma alegria inexplicável e uma energia
sua essência, compreendendo que a vida palpita ainda mais viva
deste lado, onde estão os chamados mortos. E que a interferência
existente entre os dois mundos é muito maior do que a maioria
bomnho f01 toma O por u
vi1?rante tomou conta de se~
saiu a pular, ba~e~ palmas
:~~io:~o
. h g do iniciando o memno nO
os outros médiuns, ele
terreiro. Sua "crianç!-"
. p trabalho de irradiaçao
.
dos homens supõem. Continuemos esclarecendo as mentes igno-
rantes das verdades espirituais, meu filho. Talvez esta seja a ver- ~avia ~ de d~ de umbanda. E entre sorrisos, peraltices e b~mca-
dadeira missão dos médiuns e das religiões espiritualistas neste a~ en l udé . les trabalharam reorganizando a energia dos
deiras sau aveis, e
momento, pois, dando-lhes a conhecer a importância da reforma 'd"uns em desequilíbrio. . "
de sentimentos, pensamentos e atitudes, estarão se melhorando e me 1 t 1 Vovó Benta que se considerava ma-
Na contraparte as ra ' . ' final como não pode-
curando muitos outros a eles ligados pelos laços que se perdem drinha" do camboninho, estava feliz. E, no ' . .
no tempo. E o sofrimento vai sendo extinto nos dois mundos. ab O seu menino e se mamfestou.
Saravá, filho! Que Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria de Nazaré ria deii~ d~ s;~,fiolrdi~ta alegria sente nega véia ao ver que
possam abençoá-lo, bem como a sua tarefa de medianeiro. - 'e ' . -· tanto zelo. Que Nosso Senhor Jesus
cumpre sua rmssao com
- Saravá, vozinha! Obrigada pelo seu amor incondicional
a todos nós. Cristo o abenç~e!h ~ 1 Estou muito feliz - falava Juju, entre
- Salve, mm a mae.
lágrimas. ,. tá' em terra vai dar seu pitaco
M ·á que nega veia es , . .
para-os ~;h~s desta corrente, pois os vejo apreensivos demais.

170 171
Enquanto Dormes
' d
. ente de riqueza ou pobreza. E hora ~
Muitas vezes, os espíritos deixam de se manifestar, mesmo maioria, mdependentem A' da e amparo do lado de ca
quando o apelo dos filhos por respostas se torna uma con reequilíbrio de todas as força~. . JU ibração condizente. Volto a
stante. Quero explicar-lhes que não se trata de falta de atençan é uma constante, desde que aja v_ A hora é extremamente
. deem-se as maos.
nem de amor. Nós, como vocês, temos regras e leis a cumprir. insistir com os filh os. · U 'ão entre todos e reformu-
Temos superiores a obedecer, senão a respeitar. Respondendo importante sob todos os_ aspectosN . mo Senhor Jesus Cristo os
aos questionamentos diários das mentes inquietas e sedenta . - tônica' Que oss . d
lação interior sao a , · S ibam que contmuo sen o
por um alento à dor que bate a porta, posso apenas lhes dizer · · gualavel amor. a d t
ampare com seu mi d m bem guardado en ro
que: o que há para se expurgar está mais latente do que nunca a parceira da lide que carrega a ca a u
nestes dias atuais. Todos os que optaram pela mão direita es do coração.
tão, de alguma forma, em tratamento em nível astral e mental.
Nem sempre o remédio é menos amargo que a dor, mas "sem Saravá!
Preta velha já trabalhou
pre" vai ter resultado benéfico. Os pares, por atração, estão S(' Preta velha já vai embora
reencontrando para que se faça o natural preenchimento das Fiquem com Deus
lacunas desde a separação, há milênios. Esse reencontro provi E Nossa Senhora.
dencial faz com que se fortaleçam, proporcionando também um
salto evolutivo para ambos. Quando esse aspecto, que é antes
de tudo uma cura, se concretizar, novamente seguem em busca
de seus destinos, sem mácula para os que souberem aproveitar
essa maravilhosa chance.
Por outro lado, para quem não souber aproveitar e der ên-
fase aos defeitos da outra parte, em detrimento das qualidade ,
ou não se qualificar em auxiliar para que haja a transforma-
ção, esse encontro poderá ser desastroso. Isso pode se dar em
família, entre amigos ou entre pares que se unirão por questão
sentimental, independentemente de sexo. Sem espaço para o
egoísmo, é hora do tudo pelo"todo". Nos grupos em que se reú-
nem os espíritos simpáticos que vêm se juntando através dos
tempos, há muito o que depurar ainda, mas quando a afinidade
tiver como causa maior o bem, é hora do salto definitivo para
a luz. Em todos, porém, deverá existir mão firme a direcionar
as mentes mais volúveis. Os que vieram para repassar ensina-
mentos não suportarão calar mais. São energias que explodem
de seus mentais com tamanha força que suas bocas se abrirão,
falando aos povos as verdades enrustidas pelo tempo. Se o er-
rado está escancarado e é aceito, em contrapartida, não há mais
freio para o certo, que deverá ser disseminado ao vento. Nas
questões materiais, as dificuldades surgirão, tentando equacio-
nar e queimar os excessos cometidos até então: excessos da
173
172 Enquanto Dormes Leni W Saviscki
Primeiro centenário da umbanda no Brasil Umbanda - sem preconceito
1908-2008

Como ocorreu no evento ºd - Vó Benta, ao completar o primeiro centenário da umban-


Encruzilhadas em que as h. pro~ovi O pelo Caboclo das Sete da oficializada em terras brasileiras, percebemos que ao mesmo
promovendo t~do o ampar:rarqmas da luz ~e ~ovimentaram, tempo em que uma banda deles promove a conscientização das
umbanda" em terras brasileir~:r~~?ncretizaçao do "projeto massas e desmistifica a religião, outra banda a coloca de ma-
tar o primeiro centenário elas , 1 · em agora, ao se comple- neira distorcida, usando-a inclusive como meio de promoção
voura para onde foi tran;plant:p I~ suas luzes sobre a la- pessoal. Que teria a nos dizer sobre isso?
Jesus. Hoje de forma mais ab a a a1:7ore do Evangelho d' - Salve, meu menino! Tempos bicudos esses ... eh ... eh ...
,' rangente amda J. ,
1 ançada ha cem anos frutifi ca undanteme, ta que a sement
ah · . eh ... Negra velha e mais os manos que labutam na egrégora da
ca, sendo levada também p tr . n e e se rnultipli- umbanda, que para nós é sagrada, às vezes observa um tanto
não faltam são rnensageirosil ou . os contmentes. Assim, o que admirada as "peraltices" que esses homens-crianças fazem ao
orientações e ensinamentos q um~nad~s a derramar sobre nó se verem com o pirulito nas mãos. Sempre se soube que quem
fé deste povo bravio E ue vem_ a ubar a lavoura fértil da brinca com fogo, hora ou outra acaba se queimando. E tem gen-
· mesmo que amd ·
perseguições e rivalidades entr h a existam preconceitos, te sapecando as penas, zi fio, eh ... eh ... eh ... A magia da umban-
até entre os adeptos desse novo e os . ~mens e s~as religiões, e da, embora sem os mistérios que muitos tentam lhe imputar, faz
ra maior que supera e cresce d c;mm o, sobr:vive a sementei- brilhar as pupilas de antigos magos que, hoje na carne, recebe-
Pai: a árvore da fraternidade C e orma agradável aos olhos do ram a oportunidade dadivosa de se redimirem e lhes exalta os
do Caboclo· "Urnb d , h · _umpre-se, portanto, a solicitação egos mal domados. Desdenhando da oportunidade e confiança
· an a e umildade ·
nossa bandeira". 'amor e candade; esta é a que seus mentores lhes concederam, usam essa energia nova-
Encerrando este trabalho co . _ mente para andar na contramão e, sendo assim, é inevitável que
ta, deixo-lhes algumas mensa' en ma pe~rmssao de Vovó Ben- antes do fim da estrada sejam atropelados. A estes, em tempos
templo, na comemoração do ce~tes ;e_ceb1das no seio de nosso de reajuste cármico sob a regência do orixá Xangô, os espe-
religião respeitada a que de . nano daquela que se faz uma ra a balança que penderá para um lado só, demonstrando que
nommamos umbanda.
burlar as leis sagradas desequilibra o ser, bem como tudo que
o rodeia. O "dai de graça o que de graça recebestes" perdeu seu

174 175
valor diante de algumas consciências enredadas no materialis-
mo, auxiliadas que são pelos seus afins espirituais. Negra velha
fica pensando muito sério nisso. Essa gente deve pensar que o
caixão tem gavetas para transportar para outro lado o lucro
da venda do "sagrado". O que pode enganar aos homens e a si
próprio não se oculta aos olhos do Divino e, embora sempre
se achem desculpas convincentes ao uso mercantil da mediuni- Umbanda tem fundamento!
dade e de seus atributos, ninguém está isento da prestação de
contas. Além do dinheiro, o poder, a fama! Duas das maiores
provações do homem enquanto na carne. Finda-se um ciclo, zi
fio. Finda-se o tempo de "brincar", pois termina por aqui a in-
fância da humanidade residente no planeta Terra. Umbanda
coisa séria para gente séria. O Sagrado é sagrado! Antes que as
badaladas do centenário ressoem nos céus da terra de Santa Os pretos velhos, e~ sua linguagem simples, costumam d~:.
Cruz, eis que os Maiorais permitem a movimentação que se faz que "as abóboras se ajeitam conforme o andar da carroça '
na crosta, incitados pelas trevas. Já foi dito que nestes tempo , :~ando isso para exemplificar a ev?luçã<:_ d_os ??mens;a Terra~
os bons se tornariam melhores e os maus destilariam seu vene- Tudo que existe, pré-existe alem da m~~a: Nan;s s1J~a
no mortal. O que estava adormecido nos porões do inconsciente de tudo se renova e essa constante renovaçao e que d
e que, até então, se camuflava atrás das máscaras, agora se faz in~istência dos espíritos superiores em ímolantar nos, mrn ~s
visível. Por força disso, sai à tona o verdadeiro "eu" de cada a Lei do Amor. O planejamento sideral preve com secu ~s e
ser. Impossível continuar jogando a sujeira embaixo do tapete, antecedência todos os acontecimentos que se desenrolarao no
pois, para Xangô, a justiça é justa e, sob seu comando, a lei plano físico incentivando sempre o progresso. . d S 1
se faz cumprir. Aos que assumiram o compromisso de labutar A impl~ntação da umbanda nas terras do, Cruzeiro . o u
nas lides da umbanda, seja por força cármica ou por missão, não se fez de maneira diferente. Pré-existente a sua mamfesltat-
principalmente àqueles a quem foi confiado dirigir, muito está es deste povo de cu u-
ão física precisou adequar-se aos mo ld .
sendo exigido; porém, em muito estão sendo auxiliados. Obser- ç . A' ias +;:;o diversificadas constituindo-se, assim, numa
ras e vivenci = ' . .. , ·
ve que as colheitas não são mais para outros tempos, pois não "nova religião" que surgia para atender imcialmente as necessi-
haverá outras oportunidades nesse mesmo nível. A lavoura bem
dades dos mais humildes. S
adubada dá frutos imediatos nos novos tempos. Na rapidez em Hoje cem anos após a manifestação do C~oclo das ete
que tudo se dá, o amanhã, por vezes, está sendo hoje mesmo, no Encruzilhadas os templos diversificam a maneira de exp~:s:
pôr do sol. Atente, zi fio, fique esperto! Não deixe que a noite o sua reverência' aos orixás, mas sem d_eixar de presta~ c: : d:
pegue desprevenido, de calças arriadas ... eh ... eh ... eh ... - essência do culto-, mostrando assim quanto a u an
Saravá, zi fio, negra velha vai cuidar da vida, pois nessa
roça tem muita erva daninha para ser capinada! caráter universalista. inflA • s de todos os
Inevitável que o culto inicial sofresse uencia ,
tr . á existentes e ligados ao espiritualismo, como tamb~m
;e º:o~orme a consciência dos homens, se~,ª _às ve~es,,cond~ido
de ~aneira distorcida. E quando se fala em distorçao 'referlIDO- .

177
176 Enquanto D0TI11es
Refletiu a luz divina, em todo seu esplendor!
nos ao que contraria aquelas regras ditadas pelo Caboclo ao seu Salve a Umbanda Sagrada!
médium Zélio, um a vez que o culto umb andista não é codifi cado. Saravá aos filhos de fé!
Pela já existência de tantos cultos de influência africana
que tamb ém cultuavam os orixás, com sincretismo ou sem ele, Tucuruí, um caboclo de Oxóssi
mesclaram e incorporaram , em alguns terreiros, práticas trazi-
das pelas pessoas na medida em que estas se transferiam para a
umb anda. Outros, vindos do espiritismo, trazem das obras bási-
cas, salutares ensinam entos, e algumas práticas que inevitavel-
mente são inseridos. E assim nossa umb anda, que é sagrada, vai
crescendo não só em número de adeptos, mas principalm ente
tornando-se uma religião respeitada, provando, de maneira coe-
rente, que não se trata de prática 'de feitiçaria feita por ignoran-
tes, como queriam ou ainda querem fazer crer alguns adeptos
de correntes radicais e fanáticas.
Umb anda hoje é justificada, ensinada e compreendida por
pessoas de todas as culturas e níveis. Umb anda tem escola, lite-
ratura e fundam ento.
Mas, deixando de lado as crendices, bem como as práticas
diferenciadas, o que vale e valerá sempre é a caridade prestada
aos filhos de fé; é o alento às almas adoentadas que nos chegam
desvairadas, após percorrem tudo o que o mundo material po-
deria lhes conceder. E aí a umb anda, tão mal compreendida e
até apedrejada, torna-se o oásis no deserto, mesmo que para o
· beneficiado ela seja esquecida logo após acalmar suas dores.
Do lado espiritual, sabemos que a cada dia mais se juntam
à nossa corrente espíritos de grande envergadura, dando a segu-
rança necessária a essa egrégora que visa ao engrandecimento
do ser humano, do espírito imortal, sem discriminação alguma.
Para melhor compreender a síntese umb andística, é preciso
ter olhos para ver. Olhos que vejam tamb ém na vertical, para
compreender que nestes tempos em que a humanidade e a ci-
ência se voltam para defender a natureza, tentan do resgatar o
planeta Terra defasado pela ganância, a umb anda, que cultua e
respeita essa natureza, tem um papel importan te.
Não há mais razões, graças a Deus, para esconder a luz
debaixo do alqueire. Tenham orgulho de se mostrarem umb an-
distas e cantarem aos orixás em frente aos vossos congás, acen-
dendo as cem velas deste aniversário:
179
178 Enquanto Dormes Leni v\~ Saviscki
Nesta grandiosa engrenagem da Lei Divina, somos a peça
mais insignificante, porque, se não cumprirmos fielmente a nos-
sa parte, outro por certo haverá de vir e tomar o nosso lugar.
Por isso, o discernimento, a boa vontade, o desprendimento, a
humildade e a tolerância devem estar acima de toda razão cega
que nasce de uma fé ociosa, de improfícua contemplação.
Umbanda não é mistério, é caridade.
Umbanda de .truanda Umbanda é filosofia, mas acima de tudo é amor.
E foi por ouvir o gemido sufocado de milhões de criaturas
e corações anônimos abraçados à dor de seus problemas e afli-
ções que Jesus, em Sua Infinita Misericórdia, enviou à Terra o
Caboclo das Sete Encruzilhadas, para fazer refletir novamente
junto aos homens a humildade singela de Seu imenso poder.
O Evangelho de Jesus, trazido à humanidade pelo bene-
Árvore frondosa de luz t · mérito espírito do professor Rivail não foi muito compreendido
Tua lei é caridade teu p~d~t;aiz cresceu do amor de Oxalá! entre as classes elitizadas que promoviam um espiritismo exclu-
elos e na sabedoria do; anciã escansa na hwnildade dos cabo- sivista à época. E dos morros da cidade do Rio de Janeiro, como
tradição esotérica R es, n?~so~ mestres ancestrais da antiga em qualquer morro de periferia do mundo onde se desenvolve a
· epousa no silencio dos -

Traz por verbo uma cascata de 1


:i~
necida por portentosas entidades gu diã ' ~oraç~es _de 1~, guar-
se confirmou junto aos filhos de pem:., s:p:s~:ºc:d~ não
, açao ...
vida urbana desorganizadamente, forçados pela pobreza e pela
miséria, ouviram-se as preces e as lágrimas dos excluídos, dos
párias da redenção planetária, que até ao Sagrado Coração do
da, água bendita do espírito, cristali:, :os -~ar:nos de Aruan- Cristo se elevaram, para receberem a resposta de suas preces
tar o deserto das aflições hum e VI u es, a desseden- por um frágil menino de dezessete anos, nascido na cidade de
A anas.I
. proximam-se os tempos em São Gonçalo, e que viria a ser o marco do renascimento da um-
velada a quem tem os olhos que sua sagr~da face será re- banda nas terras do Cruzeiro do Sul.
Porque trazes em teu mant ~ara ve: ~ os ouvidos para ouvir! Organizou-se então, nos céus do Brasil, terra da promissão,
rência deste amor que nivel: t~~isn~~%h~es ~:tade a transpa- para onde Jesus, em Sua misericordiosa esperança, fez trans-
Todas estas verrugas brotadas eus: plantar a árvore bendita de Seu Evangelho redentor, um pode-
para que permaneça somente a uil:m teu _corpo serao curadas, roso exército de entidades abnegadas. Então, espíritos libertos
conspurcável e através d q que e da tua natureza in- de carmas e com muita sabedoria, foram convocados para tra-
dade seja restaurada. os prepostos de Cristo Jesus, tua ver-
balhar em favor da nova ordem mundial.
O calendário assinalava 15 de novemb O Imaculado Coração de Maria Santíssima não se fez espe-
quecível. Apesar do es íri . ro de 1908, dia ines- rar para oferecer em Seu manto de amor, junto com os prepos-
fragilidade do homem ~nc!::ar c~n~ciente de su~ missão, a tos de Seu filho imortal, a Sua contribuição dadivosa, inaugu-
tério Sagrado que tudo pe tr o se e ruçava na fe deste Mis- rando a umbanda através da Tenda Nossa Senhora da Piedade.
nela confia por atributo den: a J:~
fazer valer a Sua Lei, e
sabe~oria. Como dizem os e:a: el~ e e por m1_1a ausência de
Ó irmãos queridos! Abençoados irmãos que renasceram
nesta terra de tantas sementes espirituais, ainda me emociono
humildes e a nega aos soberbos. g os, Deus da Sua Luz aos ao recordar o crepúsculo daqueles idos anos de 1908. Nossa

181
180 Leni \\~ Saviscki
Oxalá chegará o dia em que os homens fin~ente com-
mesquinhez e nossa presunção atrapalham a visão do espírito
preenderão e aceitarão a verdade de que tudo está em t~d:, e o
que somente quer enxergar a verdade. O orgulh o e a pretensão,
. e' tanto quanto o menor. O micro e o macro coexis em e
travestidos com a mortalh a da falsa modéstia, perturbam a intui- 111a1or . , d com
interagem, e todo o infinito Umverso e nada se compara o
ção, que do Alto desce em pétalas de luz para ilumin ar os pensa-
mentos e realiz ar as obras de caridade. Deusl ·
Assim, meus filhos, estudem, estudem e e~~udem, pois - a
Ó umbanda, teu nome também é simplicidade!
verdade lhes fará livres! Tudo o que º. hom~rr: Jª cotece nao
Nunca tivemos a intenção nem o pensamento de fundar uma
significa nada diante daquilo que ele ainda vira a con ecer.
nova religião, nem qualquer nova interpretação das leis sagradas
ou dos mistérios sagrados. Apenas nos pediram para arregaçar Pai João
as mangas e estender as mãos. E fizessemos isso de boa vontade,
por amor aos nossos irmãos de caminhada, a fim de que nossos
próprios problemas se superassem por meio da dedicação since-
ra em favor das aflições anônimas, de maneira simples, despoja-
dos do ego e da vaidade das apresentações mirabolantes.
A umbanda não nasceu para dar espetáculos circenses! A
missão da umbanda não é realizar milagres, mas esclarecer as
consciências. E o esclarecimento da mentalidade das massas é a
maior caridade que se pode realizar, pois como os homens serão
verdadeiramente felizes quando, ao compreenderem os ensina-
mentos de Jesus, colocarem em prática a imutável Lei do Amor
universal em sua vidas!
A Grande Senhora da Face Velada descortinará seu véu de
mistério quando seus filhos, compreendendo verdadeiramente a
sua missão, perseverarem na humildade e na simplicidade: dois
pilares mestres de sua grandiosa obra redentora.
E quem quiser compreender-lhe os desígnios mais altos e a
presciência que rege suas leis, terá que se aproximar, pelo amor,
dos irmãos sofredores, pois está neles a chave da compreensão
de todos os mistérios de Deus.

Saravá umbanda!
Salve meu irmão das Sete Encruzilhadas!
Salve o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria
Santíssima!
Saravá a corrente das santas almas benditas do Cruzeiro Divino!
Saravá a corrente astral de umbanda!

Um irmão na caridade'
1 Mensagem psicografada pelo médium João B. G. Fernandes.

183
182 Enquanto Dormes Leni \V. Saviscki
A umbanda é como uma bondosa senhora que, vivendo num
mundo iluminado pela riqueza e conforto, apieda-se da pobreza e,
vestindo-se modestamente, busca as almas deserdadas pela sorte para
aliviar- lhes as dores. A mais universalista das religiões não nasceu
para dar espetáculos nem para realizar milagres, e sim para praticar a
caridade ensinada por Jesus, alentando indiscriminadamente a todos
e esclarecendo consciências encarnadas e desencarnadas. É assim que
os trabalhadores da luz descem de Aruanda, muitas vezes travestidos
de humildes pretos velhos, para auxiliar a evolução no plano terreno,
instigando os homens à reforma íntima. Vovó Benta faz parte dessa
hierarquia de espíritos benfeitores, retomando desta vez à literatura
espiritualista como quem desce aos porões de uma grande senzala
para cortar as correntes que aprisionam espíritos ainda cristalizados
em" antigas lembranças escravas". E faz isto tão bem, que é impossível
não se emocionar com seus relatos de vovó "mandingueira".
Nesta obra Enquanto Dormes, aquela que um dia foi princesa, e
também escrava, relata com detalhes o que acontece quando as luzes
do terreiro se apagam e os médiuns voltam para casa. Na contra-
parte astral, o trabalho da noite recomeça dando prosseguimento às
mais complexas tarefas em que a participação da corrente mediúnica,
em desdobramento do sono, é importantíssima. Em seus relatos, Vovó
Benta conta com a presença do jovem personagem Juju, antiga alma
que retoma ao palco terreno na condição de simples cambono, a fim
de redimir-se aprendendo através da caridade muitas lições de hu-
mildade. A cada capítulo desta obra um novo ensinamento é jorrado
pelos "magos do amor" para nos acordar da escuridão, a fim de que
não seja necessário a intervenção do bisturi da dor para a cirurgia de
nossa alma.
ISBN 978-857618196-5

9
1 1
788576 181965
11

Você também pode gostar