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Quatro Condições Para Viver em Comunhão Com Deus

“Reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas” (Pv 3.6)

No começo Deus criou Adão e Eva. Eles eram inocentes de qualquer pecado e viviam em
comunhão com seu Criador (Gn 3:8). Contudo, eles pecaram ao comerem o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal e ficaram espiritualmente separados de Deus (Gn 2:16-17;
3:11-12). Além de perderem sua comunhão com Deus, eles também foram expulsos do
Jardim do Éden.

A Bíblia é a história do desenvolvimento do plano de Deus para restaurar a comunhão dele


com o homem. Deus não deseja estar afastado do homem e assim ele providenciou, através
de Jesus Cristo, um meio de o homem ser restaurado na comunhão com seu Criador. A
comunhão divina é um privilégio, mas precisamos entender como é estabelecida e mantida.

A palavra grega mais freqüentemente traduzida como "comunhão," por definição e uso bíblico,
dá o sentido de participação num interesse ou projeto comum.
No Novo Testamento, a palavra é sempre usada em assuntos espirituais, nunca para
atividades sociais. A palavra envolve, usualmente, dois elementos: relação e ação.

Quando duas ou mais pessoas têm um interesse espiritual em comum por causa de sua
relação espiritual, elas têm comunhão ao participarem desse interesse comum. Sem essa
relação, a participação em algum interesse ou trabalho não constitui comunhão no sentido
bíblico da palavra. Duas pessoas que são cristãs têm uma relação de comunhão; ambas
pertencem à família espiritual de Deus.

Quando elas co-participam de responsabilidades espirituais, elas têm comunhão entre si e


com Deus. As palavras "comunhão" e "irmandade" são confundidas, às vezes, mas
"comunhão" quase sempre significa co-participação, enquanto "irmandade" ressalta a relação.

O relacionamento com Deus é a base para o nosso relacionamento com o próximo, com os
irmãos. Estão intimamente relacionados (1 Jo 4.20-21).

Estar em comunhão com Deus é a maior dádiva que alguém pode possuir, quando estamos
em comunhão com o Pai sentimos segurança, não temos medo de ofertar a nossa vida em
favor das pessoas que sofrem, temos certeza de que tudo coopera para o bem daqueles que
amam a Deus.

A comunhão com Deus é como um casamento, quando o casal deixa o primeiro amor e cai na
rotina, quando um dos dois perde aquele sentimento de "querer agradar" e esquece como foi
bom o início do namoro, e começam a se distanciar... Eles vão perdendo a comunhão um com
o outro. Viver em comunhão é estar sempre em contato, é o amar como no início.

O apóstolo João escreveu o seguinte: "Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e
vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.

Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1
Jo 1:5-7).
O homem não pode caminhar na escuridão, isto é, viver no pecado, e ter comunhão com
Deus. A pessoa que nunca pecou está caminhando na luz, como estavam Adão e Eva antes
de seu pecado no Jardim.

Deus jamais nos esquece, jamais deixou de fazer o bem pra nós, porém quando nós nos
esquecemos do primeiro amor, perdemos a comunhão com Ele.

O que significa a nossa vida de comunhão com Deus com base em Pv 3.1-12.

Vejamos agora As quatro condições para “Viver em comunhão com Deus"

1. Tenha confiança no Senhor


A base dessa confiança é a sabedoria que nos é transmitida pela Palavra de Deus (Provérbios
2.6). Quando esperamos confiantemente pelo Senhor e nele confiamos, sem nos estribarmos
nos nossos próprios conhecimentos, ele coloca os nossos pés sobre a rocha e firma os nossos
passos nos seus caminhos (Sl 40.1-3). A nossa vida passa a ter a firmeza do monte Sião que
não se abala (Sl 125.1-2).

A vida fundamentada na confiança em Deus tem condições de crescer em graça diante de


Deus e dos homens (Pv 3.4; Lc 2.52). A palavra graça além de significar favor imerecido,
significa também beleza, encanto. A vida do crente é bela, frutífera, atrativa (At 2.47).

A busca dos ensinos do Senhor nos leva a termos intimidade com ele e a vivermos a
verdadeira felicidade (Pv 3.32, 16.20).

2. Seja Submisso ao Deus soberano


Reconhecer Deus em todos os nossos caminhos (Pv 3.6), significa nos submetermos à sua
soberania em todas as áreas da nossa vida (família, negócios, lazer, espiritualidade.). Significa
buscar Deus em primeiro lugar na certeza de que as demais coisas nos serão acrescentadas
(Mt 6.33). Na vida do cristão não há separação entre o sagrado e o profano. Em tudo o que
somos e fazemos, Deus é o Senhor soberano e a ele devemos prestar contas.
Dessa forma, o Senhor endireita todas as nossas veredas e nos guia por caminhos certos,
sem erradas (Sl 23.3).

A prosperidade ensinada no livro de Provérbios é o resultado de vidas inteiramente submissas


aos propósitos de Deus. Quando isto acontece, ele nos guia com segurança até ao alvo final
das nossas vidas. As decisões e ações humanas não invalidam a providência divina, como
afirmou José a seus irmãos: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem”
(Gênesis 50.20).

3. Adore a Deus com os seus bens


Temos no nosso texto um mandamento claro: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as
primícias de toda a tua renda” (Provérbios 3.9). Esse mandamento é reiterado diversas vezes
na Bíblia (Malaquias 3.10; Mateus 23.23) e exemplificado pela prática dos nossos pais na fé
(Gênesis 14.18-20; 28.20-22). Por isso, está incluído na literatura da sabedoria.

Ao mandamento, corresponde uma promessa: “e se encherão fartamente os teus celeiros, e


transbordarão de vinho os teus lagares” (Pv 3.10). Essa promessa é reiterada em Malaquias
3.10 que nos desafia a fazer prova do Senhor. Essa promessa é um estímulo para a nossa
fidelidade e não um incentivo a um ato interesseiro de adoração.

Já disse alguém que a fé honra a Deus e Deus honra a fé. A nossa contribuição deve ser ato
de fé, de culto, de gratidão por todas as bênçãos que já recebemos e o reconhecimento prático
da soberania de Deus sobre as nossas posses.
4. Mantenha uma vida disciplinada
É um ato de sabedoria a nossa submissão à disciplina de Deus (Provérbios 3.11. Sem
disciplina não há prosperidade em nenhuma área da nossa vida.

O motivo dessa submissão é que somos filhos de Deus (Pv 3.12). Sem disciplina seriamos
bastardos, não filhos (Hb 12.7-8). A disciplina revela o caráter do nosso Deus como pai
amoroso e justo.

A disciplina, quando aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. No entanto,
produz o resultado de santidade e paz (Hb 12.9-11).

Somos ensinados pela Palavra que o pecado faz separação entre nós e Deus e nos priva
dessa comunhão bendita. Mas ele, pela sua graça, vem ao nosso encontro e sela a aliança
conosco no sangue do seu Filho, o Cordeiro que tira o pecado do mundo e que nos reconcilia
com o Pai. A nossa comunhão é com o Pai e o seu Filho (1 Jo 1.1-3).

Com exceção de Jesus, todas as pessoas responsáveis têm pecado! Paulo concluiu em sua
carta aos Romanos, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (3:23). Jesus
obedeceu a vontade do Pai perfeitamente (Hb 4:15), mas todos os outros homens, tanto
judeus como gentios, têm pecado e assim não podem ter comunhão com Deus, baseados nas
suas próprias obras perfeitas. Quando o homem peca, seu pecado o separa de seu Criador e
ele não pode gozar da comunhão com Deus (Isaías 59:1-3). O profeta Amós perguntou,
"Andarão dois juntos, se não houver entre eles um acordo?" (3:3). Deus não será parceiro no
pecado. Se andarmos nas trevas, teremos de andar sem Deus!

Felizmente, Deus providenciou outro meio para o homem ser justificado. Para todos os que
têm pecado, a comunhão com Deus só é possível através da fé, isto é, através do evangelho.
Somente aqueles que foram perdoados de todos os pecados passados podem ser
participantes com Deus. Podemos ser perdoados de nossos pecados através do sacrifício de
Jesus Cristo, uma manifestação da graça de Deus (Rm 3:21-26; 4:5-8, 23-25; 5:1-2; 6:17-18).

Quando somos batizados em Cristo, deixamos o império das trevas e somos transportados
para o reino da luz (Gl 3:26-27; Cl 1:13). Tornamo-nos partes da família espiritual de Deus e
estabelecemos uma relação de comunhão com o Pai, com Jesus Cristo e com todos os
cristãos que constituem esta irmandade (Jo 3:3-5; 1 Pe 1:3; 1 Jo 1:1-3,5).

Uma vez que tenhamos estabelecido esta relação espiritual com nosso Pai do céu,
tornamo-nos participantes de nossa salvação com ele. Tornamo-nos participantes da divina
natureza, isto é, temos que ser santo como aquele que nos chamou é santo (1 Pe 1:15-16; 2
Pedro 1:4; Hb 12:10). Tornamo-nos participantes dos sofrimentos de Cristo quando
suportamos a perseguição por sua causa (1 Pe 2:21; 4:13; 2 Co1:5). Tornamo-nos
participantes com nossos companheiros cristãos na meta comum de glorificar Deus (Ef
3:20-21; 1 Pe 2:9).

A manutenção de nossa comunhão com Deus exige que continuemos a andar na luz, como
ele está na luz (1 Jo 1:7). Andar na luz não significa perfeito conhecimento das Escrituras.
Nossa comunhão com o Pai não foi estabelecida na base do perfeito conhecimento das
Escrituras, nem é mantida nessa base. Um dos exemplos de conversão a Cristo no livro de
Atos é a do carcereiro de Filipos (At 16:19-34).

Ele ouviu a mensagem da salvação e obedeceu ao evangelho na mesma noite, estabelecendo


a comunhão com Deus. É óbvio que ele não tinha perfeito ou completo conhecimento da
Palavra de Deus inteira.

Contudo, aqueles que estão em comunhão com Deus precisam estudar a Palavra e crescer
em conhecimento. A palavra de Deus está disponível para nós e não podemos usar a
ignorância como uma desculpa para a desobediência. Os novos cristãos precisam
alimentar-se com o "leite," isto é, as bases da Palavra e, com o crescimento, estarão aptos a
aceitar a carne da Palavra (1 Co 3:1-2; Hb 5:11-14).
O filho de Deus tem que estar sempre pronto para se arrepender de qualquer pecado
cometido em sua vida e confessá-lo, buscando o perdão (1 Jo 1:9).

Caminhar na luz também não significa uma vida sem pecado. Pelo contrário, João escreveu,
"Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1:7). Ao mesmo tempo em que
estamos andando na luz, estamos sendo purificados pelo sangue de Jesus, indicando que o
cristão que anda na luz pecará ocasionalmente.
De fato, João afirmou que o cristão que declara não ter cometido pecado está enganado e a
verdade não está com ele (1 Jo 1-8). O apóstolo João, certamente, não estava encorajando o
pecado, mas em vez disso estava observando que os cristãos pecarão e podem ser
perdoados desses pecados ( 2:1-2).

Ele também afirmou que o cristão não pode continuar no pecado (1 Jo 3:7-10; Rm 6:1-11). O
filho de Deus tem que estar sempre pronto para se arrepender de qualquer pecado cometido
em sua vida e confessá-lo, buscando o perdão (1 Jo 1:9).
Deus deseja que seus filhos tenham comunhão uns com os outros. A comunhão com outros
homens depende de nossa comunhão com Deus. Como foi observado anteriormente, quando
nos tornamos filhos de Deus, também nos tornamos parte de uma irmandade espiritual. Há um
sentido no qual todos os filhos espirituais de Deus compartilham uma fé comum e uma
salvação comum (Tt 1:4; Jd 3).

No primeiro século, os grupos locais de santos se encontravam para adorar a Deus e para
trabalhar juntos pela causa de Cristo. Eles partilhavam o ensinamento do evangelho, tanto
pessoalmente como pelo sustento dos pregadores do evangelho (Gl 6:6; Fp 1:3-5; 4:15).

Eles partilhavam a educação mútua. Eles tinham comunhão na celebração da ceia do Senhor
(At 2:42; 1 Co 10:16), no canto de louvor a Deus e na oração. Os cristãos primitivos
compartilhavam suas coisas materiais como os santos que tinham necessidade (Rm 15:26; 2
Co 8:4; 9:13). O escritor de Hebreus observou que aqueles cristãos que deixavam de
congregar com outros cristãos para participar de tais atos de comunhão estavam no pecado
(Hb 10:24-25).

Assim como Deus não terá comunhão com o pecado, também nós precisamos recusar
participação no erro. Paulo escreveu, "E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas;
antes, porém, reprovai-as" (Ef 5:11). Os cristãos em Corinto aceitavam como fiel um irmão em
Cristo que estava cometendo fornicação e Paulo repreendeu-os, observando que eles
precisavam disciplinar o irmão que estava errando (1 Co 5).

Quando os da igreja se afastaram do irmão pecador, eles estavam reconhecendo


publicamente o fato que ele já tinha quebrado sua comunhão com Deus e que eles também
não podiam mais ter comunhão com ele. O apóstolo João escreveu que não podemos dar
apoio ou encorajamento àqueles que ensinam falsas doutrinas ou nos tornaremos
participantes do erro deles.

Adão e Eva perderam sua comunhão com Deus por causa do pecado, mas, graças a Deus,
através de Jesus Cristo podemos novamente gozar da comunhão com nosso Criador. O que
foi perdido no Jardim do Éden pode ser conseguido mais uma vez em Cristo.

Que bênção e que privilégio caminhar diariamente com Deus agora, esperando aquele dia
quando poderemos viver eternamente em sua presença, no céu!

Viver em Comunhão é viver O amando e fazer a Sua obra com o mesmo amor do início de
tudo.

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