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A educação em saúde
ARTIGO
com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da
saúde. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 ago;26(2):147-53.
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RESUMO
O artigo destaca aspectos da promoção da saúde e da educação em saúde que permitem argumentar sobre a
pertinência do trabalho desenvolvido com grupos na comunidade. O trabalho em grupo possibilita a quebra da
tradicional relação vertical que existe entre o profissional da saúde e o sujeito da sua ação, sendo uma estratégia
facilitadora da expressão individual e coletiva das necessidades, expectativas, e circunstâncias de vida que
influenciam a saúde.
RESUMEN
El artículo destaca algunos aspectos de la promoción de la salud y de la educación en salud que permiten
argumentar sobre la pertinencia del trabajo desarrollado con grupos en la comunidad. El trabajo en grupo
posibilita la quiebra de la tradicional relación vertical que existe entre el profesional de la salud y el sujeto de su
acción, siendo una estrategia facilitadora de la expresión individual y colectiva de las necesidades, expectativas
y circunstancias de vida que influyen en la salud.
This paper highlights a few aspects of health promotion and education that enable reasoning over the
pertinence of the work developed with groups in the community. Group work makes it possible breaking the
traditional vertical relationship between the health professional and the subject of his/her action. It is also a stra-
tegy that facilitates the expression of individual and collective needs, expectations and life circumstances that
influence health.
a
O artigo parte de discussões acontecidas na disciplina Educação, Saúde e Enfermagem do Curso de Mestrado em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
b
Mestre em Enfermagem, Profa. substituta da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
c
Mestre em Enfermagem, Profa. da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai (URI).
d
Mestranda do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
e
PhD em Educação em Saúde pela University of London, Profa. Adjunta da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS).
Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. La educación en Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. Health education
salud con grupos en la comunidad: una estrategia facilitadora de with community groups: a strategy that facilitates health promotion
promoción de la salud [resumen]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre [abstract]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 ago;26(2):147.
(RS) 2005 ago;26(2):147.
Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. A educação em saúde
com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da
148 saúde. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 ago;26(2):147-53.
positivo. Para atingir tal objetivo deve-se pro- Apesar dos avanços nas propostas do
mover a reflexão e a conscientização crítica modelo radical, este ainda é alvo de críticas.
sobre os aspectos da realidade pessoal e co- A principal questão levantada pela literatura
letiva, estimulando e buscando a identificação é referente à ênfase na promoção da autono-
coletiva das origens dessa realidade. A partir mia dos sujeitos da ação educativa(14). Não se
disso pretende-se desenvolver planos de ação questiona a possibilidade de oferecer opções
para a transformação da realidade(11). aos indivíduos, mas a oportunidade que estes
Estas idéias nos remetem à teoria cons- têm de escolher livremente alguma(s) desta(s)
trutivista que apregoa que o conhecimento não opções. Estabelece-se, então, um paradoxo en-
é algo terminado. O construtivismo pressupõe tre apresentar opções a serem escolhidas pelos
que o conhecimento se desenvolve a partir da sujeitos da ação educativa e a possibilidade
interação do sujeito com o meio social, contra- destes escolherem autonomamente, tendo em
pondo-se ao behaviorismo que preconiza que vista que entendemos que nossas decisões es-
o conhecimento nasce com o indivíduo e é tão alicerçadas no contexto de nossas vivên-
dado pelo meio(12). cias. Assim, faz sentido dizer que o ambiente
Os pressupostos do modelo radical têm impõe limites às nossas escolhas cotidianas, e
origem nas idéias de Paulo Freire. Este des- que estas não ocorrem no vácuo, pois são de-
taca a importância do modelo educativo que finidas com referência ao contexto material e
trabalha com o desenvolvimento da consciên- social em que são concretizadas(6). Portanto,
cia crítica, processo facilitado pelo trabalho estimular a autonomia e a consciência crítica
conjunto da análise coletiva dos problemas dos sujeitos do processo de educação em saú-
vivenciados pelos indivíduos e a busca de so- de não garante que estes poderão desenvolvê-
luções e estratégias conjuntas para a mudan- las em sua plenitude.
ça da realidade. A idéia é que a educação in- Freqüentemente, os profissionais que for-
vista em um indivíduo mais crítico e questio- necem informações de saúde a indivíduos ou
grupos, acreditam que os sujeitos (possam e
nador(7).
devam) seguir as orientações recebidas, igno-
Ao trabalhar de acordo com esses pres-
rando a existência de importantes fatores in-
supostos, a educação em saúde radical apos-
tervenientes que dificultam o exercício da auto-
ta em um projeto no qual o educador em saú-
nomia individual. A mudança de comporta-
de tem o papel de facilitador das descobertas
mento, que se espera, resulte das ações de
e reflexões dos sujeitos sobre a realidade, fa- educação em saúde, acontece em um proces-
cilitando o processo de construção ou recons- so complexo que inclui fatores subjetivos e
trução dessa realidade, juntamente com os in- objetivos, como por exemplo, o contexto so-
divíduos da comunidade. Para isso, o educa- cial, econômico e cultural, bem como as mo-
dor em saúde deve levar em conta, no seu tra- tivações individuais.
balho educativo, a relação entre a vida dos Na perspectiva das autoras deste arti-
indivíduos e a estrutura da sociedade em que go, o modelo radical de educação em saú-
eles estão inseridos, estimulando-os a agir co- de, ainda que com limitações, é a forma mais
mo sujeitos de suas próprias vidas(13). adequada para o desenvolvimento de ações
No cotidiano dos serviços de saúde, há para educação em saúde com grupos na co-
uma sobreposição das abordagens tradicio- munidade. Ao trabalhar com base neste enfo-
nal e radical de educação em saúde, prova- que o profissional pode ser capaz de instru-
velmente em função das complexidades do mentalizar os participantes do grupo, estimu-
modelo radical e das dificuldades de se colo- lando sua consciência crítica e o exercício da
car em prática os seus pressupostos inova- sua ‘autonomia’ frente às decisões de saúde
dores. no âmbito individual e coletivo.
Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. A educação em saúde
com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da
152 saúde. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 ago;26(2):147-53.
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