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Normalmente se diz que após a tempestade vem a bonança. Pode ser. Entretanto, no final da
década de 60 e limiar da de 70, vivenciamos situação oposta, na Pantera.
Em l969 houve de tudo lá para as bandas da Osvaldo Cruz, com empolgação exagerada
especialmente por parte do vice presidente, o saudoso Matosinhos de Castro Pinto, à época
também Deputado Estadual.
Certame de longa duração (16 clubes em dois turnos corridos) e após seu encerramento,
alguns meses antes do final do ano, como sempre ocorreu a famosa “barca”. Foi um Deus nos
acuda. Para agravar, ocorrera a cassação do mandato de Matosinho de Castro pelo movimento
militar e a coisa ficou preta. Quase todos se mandaram. Dividas foram herdadas e contraídas.
Em barracões localizados no terreno que dá frente para a rua Afonso Pena, por aqui ficaram à
espera de acertos, dentre outros, Elcy, Juci, Pinduca, Almiro e Cocó. O departamento de
futebol profissional foi desativado. Restou a herança.
Na memória dos mais antigos, a figura folclórica e polêmica do radialista ZÉ DE NÔ, aquele que
valorizava o gol, nascido em Joaíma, apaixonado por futebol e que se arriscava e atrevia em
promover jogos. Ao lado do também radialista Aylton Dias, promoviam jogos interessantes nos
finais de ano e no aniversário da cidade. Quem não se lembra de Agnaldo Timóteo, Waldick
Soriano e artistas outros, cantando nos intervalos de jogos ou após encerramentos, no
Mamudão?
Pois é, com o propósito de ajudar a Pantera arrecadar “algum” para saldar compromissos, ZÉ
DE NÔ empresariou excursões do clube a várias cidades do Espírito Santo(Linhares, São
Mateus, Ecoporanga, etc) e divisa de Minas com a Bahia(Nanuque, Carlos Chagas, Serra dos
Aimorés, etc). Na maioria das vezes, em períodos chuvosos.
A situação era tão calamitosa que sequer ônibus eram fretados para os transportes da
delegação. Estes se davam através de DUAS KOMBIS. A kombi de João Nunes ”Cavaleiro
Negro”- o JOTA, à época em atividade como goleiro(dos bons) e a outra kombi pertencente a
um sargento do Tiro de Guerra. Maravilha. Poucas não foram as vezes em que as kombis eram
arrastadas por seus ocupantes, em decorrência do barro, buracos e atoleiros. Talvez aí a
justificativa e explicação da presença em cada kombi de uma “garrafinha” de água que
passarinho não bebe. Apenas para esquentar...
De maneira discreta, porém notada e percebida, verificou-se que na kombi do JOTA, nela se
acomodavam os notáveis – leia-se Zelito, Bil, Cotinha, Dozinho, Dé, Lubumba, Amarelo,
Paulinho Mariante, etc., enquanto que na kombi do sargento acomodávamos em companhia
dos “mulatinhos” e mais simplórios. Detalhe: Paulinho Mariante sempre dizia para o “mano”
Mário Roberto: “...vai na kombi do sargento. Você é ainda muito novo. Não pode ouvir
determinadas conversas.” É minha gente. O Democrata tem história.
Na juventude tudo é graça. Tudo é festa. Longas viagens em duas kombis. Grande parte das
estradas ainda não asfaltadas. Períodos chuvosos. Incertezas de rendas satisfatórias por
ocasião dos jogos. Hospedagens nem sempre dignas. Teria valido a pena? Acreditamos que
sim.
Se dariam por satisfeitos com o tradicional lanche noturno servido por ZEZÉ e NAIR – Bar
Guaxupé, constante de copo duplo de vitamina e um misto quente?
Mas, no passado, com muito orgulho e galhardia, delegações democratense o fizeram por
inúmeras vezes, demonstrando amor ao clube, embora com inegável processo seletivo dos
ocupantes da kombi A. A kombi de João Nunes Ferreira – o JOTA – 0 CAVALEIRO NEGRO.
Aquele que fez história no Clube Atlético Pastoril, notabilizou-se no Esporte Clube Democrata e
consagrou-se no Coopevale Futebol Clube. Coisas de boleiros.
(*)Ex-atleta