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NOVAS | | GEOPOLITICAS José William Vesentini gn ’ Copii 0D fone Willa sent “Teatos os drezos deste wags reserves 2 ‘Bitors Comtex (Ectora Psy Lida) Revit Sandee Regina de Souta’Texto& Arte Sendgoe toriais Projet de cape ‘Atfonie Kel Diageo (Globe Toc~ Prodeybes Gris! Teste 6 Arte Servis Bdtoviis Dados nernadionats de Catalogo ma Fut (ce] (Chara Desks do Giro, Brasil TotW, 0 Novas peopl fox Willen Vent. 5.e3, 1 reinyprno.— ‘Sip Fa Cana, 290 Biblugata, SBI S7B-BE-T2AGASLS Geogr politica 2 Geopoltica 3. Potitia savadi 4. Relojsesimersacionie L Tal, eppsain. Tadiens pra catlegosmentinae |. Geapalitias Rees ineemscionnis: Ciencia poltica 327.1 2 Relugdesdepoder Klay intawacansi-Ginca notict 307.108 \ eee Conrante Digetor efor Tame Psy Rua I. Jost Bias 520 Alloa Lapa (5085.03) ~ Sin Jaulo—s1 ase: {115 3830 368 cantedotedtoracrntento.com he srewastormortealowoants a Probie 5 upeoducto toa ox parcial Osinfhaoees cerio precesadas forma de ate SUMARIO Inirodugt As geopoliticas clissicas a 80a C18 sasussnsninninnnennen tS As disputas mandiais de poder so esscacialmeate econtnices' Os choques culturais mercarao 0 século xx1? Ademoeracia liberal tende a dominar todo o mundc? ... A nova (des}ozdom seric castica ou desprovida de sentido? As mudangas no poderio militar eas redefinicdes geoestralsgicas Consideragiies finals «secs Notas INTRODUGAO A guerra é um assunto sério demais para ser deixado nas mndios dos militares, afirma-se comumente”. Talvez até em maior Proporcio, a mesmo parece ocorrer hoje com 2 geopoltica, isto €, com o entendinento do poderio mundial (ou regional), dos conflitos e tenssdes entre Estados ou poves, do equilibrio instvel de foceas no Ambito internacional, Esido se multiplicando em quase todo o nnndo, dentro e fora das universidades, os centeos 1 instiraros de estudos estrasigicos e/ou geopoltticos. Mas cles sio interdisciplinares e ndo mais dominados por estratogistas que Taciocinam em termos de espaco fisico ilecalizecdo, recursos na- turais) ¢ prineipalmente de foiga militar, tal como acartia com as geqpoliticas clissioas, Nos iiltimas anas, a comelacao de forges & © podetio mundial ou regional (por exemple, no Oricnte Médico) objeto de estudos por parte de imimeros cientistas sociais que, individualmente ov etn equipe, avaliam os civersos atores e as intimeras facets das relagdes de poder na suadimensio espacial. *Frave nomualmertesuibufds a Winstos Churchill, rrimcino-minisirsingiésm éeoca ‘dh Sopunda Guerra Mundial e que desempenhou um importantstime papel nx ‘stratégit mibtar das ainda. Estratégia, geoestratégia e geopolitica Cabs aquiumadistinto, masme que relative, entre cotratSgi, gonestntégia © geopolfica. A estalégia, oe Surpiu nv final do s€ewio ev como tina sedefingio da antiga “aric da gaerrd”. preocupa.se estencialmente com a gel [ndeninistragio| da guerrac com a scgaranga publica! E gio que aesvrategia tem uma dimensiis no espacial (quer e como vas cornanday ema tropa, or exemple, oiteomo se cat arenovagao eno Jgica dos ermumentos} © won paite ox dimctsan espacial (onde va Jicar estacionada talou qual tropa, pura onde ela vai se desloear te. Bsst dimensto espacial da estcatigia & 2 pevostraégia, Mia geopoltica, surgida no inicio ¢o século xx, tom como preucupacie fundamental a questin da contiagao de forgas - antes viste como militar, mas toe como coond- inivoternoldgies, cuitral e social — no dmbity testoral, com Enfine no ‘spago mundial, Nagritica,contido, xemprefoi extremamente ffeil sepscura geoestrakégia a geopalfien, # eabém eristem outros complicadores, quc train todas sons nays difcis de seresn delimitades, Um deles & « pepuladizacio, as ditunas décadas — provavehnnie apis & devi A Segunda Gierru ‘Muncial—, ds palaven esiratégio, que passow a signifcarqaiquce tipo ce lano, tcnics ou esustagema:fals-se, par exempio, na “estragia” do {uncde futebol (ode basyuele, na "estraléyi” do bexeador (00 do judoen), na Peratégia” dacmproca para amplar acu merwadu-cte & evident: que ‘see significado fo sense ease naia tern ver ecto signidicad original, ore sens, da esiragia como siseiplina, ete on forme de eorhesimen (6 ligeds aoe aieios mittares, Tarahém com a peopcliica essa iatsigao ‘enn noligica vent ovorrenco, embora mais recentemente, A partir dofinal da década ic 1980, devido As madangee radienis no mapa mica (vistas ple tldia, com cozto, comms redefinigtes goupuliieas), a palivra geopo ‘ica fornou-se mocta, Hoje ela & wsada, em alguns meios, para so refer ‘apraicamente tadas as discussdes politicns @econOmicus infemnscionals ~ cs enconttes relatives av meio ambiente global, as eumitesda oc dh wat cosprotestox conta eles, a Alea o0 Unio Enropein ete — algo queevi- dervemeate torna ssa polivra denprovide de qualquer signiicado presIs0, Atélo de curiosidade, noderiamas lembrar qacalgumas esoolas deensino méciono Brasil chegitama iluirnos sens caniculos adiseiplinageopo- dex" c 0 seu conteido nado mas que “atuaidacs”, com asprofesuores {gruluadis om Fscovia, Geografia ob Sociologia) cistutindocom as alunos (el que sina midia@ que ees considera important 10 {tn renomado scanoniisia cenfessou recentenente! ter se inspimdd aa geopoitcaao utilizar apslavea"glchobagens” [globalones] pura se efeir an emontoado de ron-aonre on impiapstios que frequatement sto éitos, Prineigalmen.e nes meios jomatisiens (ras tambem em algms artigos asadémicos e em congresses 04 encentos cientlicos, que em cetos exe 05 teensformarp-se am verdateiras crvoy), quundo ¢ acum ow pata refere-se& globalizaga ou zo 9010 zenro geopoiitice muuch Watsisso to significa, como ele priprio assinala, que esses temas jam pouco importantes ou qua tudo ¢ que é dite cobre ela sea pouco Sundarmentade tu vaio de contetdo, Per sso mesmo weredilaraos que & possivel Falar em “novas genroliieas", mantendo um significado celwivament preciso delimitado paga a palavea ~ isto 8, come ura camps de evades inter- isciplina qeé se refee & eordlagio de Forges n0 plano aspacic, conn éalesena exCala mundial -,discutiniosvas ideas e sus diferengassinle as 5 l _gronolttieas clézsicas, Ao contrario do que proclamou Yves Lacoste, para quem “a geopolitica ¢ a verdadeira geografia, a geografia fundamental”, arecente revalorizagéio dos estudos geopoliticas v8 esses) objeto(s) como uma problemitica interdiseiplinar. Tal como a questo am- bbiental, estudada sob diversos prismas e na maior pare das vezes de forma interdisciplinar, a problemstica geopelitica no mais ce identifica com uma tinice disciplina (seja ciéncia ou arte: seja a geogzafia, a cigncia politica ou a estratégia militar) ¢ sim como um campo de espidos. As geopaliticas clissicas foram elaboradas peimeiramente por militares (Mahan, Haushofer e virios outrcs) @, em segundo Inga, por juristas (Kjeli¢n) ou ge6grafos (Mackinder), Era dificil distinguir entre geopolitica e geoestratégia, pois no ccrze de sues {eorias havia sempre o problema de guerra @ da forga militar. AS novas geopoliticay, om especial apds a final da guerra fria © da ameaga de um holocausto mucleat, relativizam (qias nie omsitemn) a questio da guetra militar e enfutizam outras “guerras” ou con- fiitos: econdinicos, soeiais, culturais e até simbélicos (na midia € na indéstria cultural, por exermplo). Quase no existem mais militares ente 03 seus principais tedricos. Eles sdo hisloriado- res (Kissinger, Kennedy), sacislogos (Huntington, Fukuysma), ub ‘gecgrales (Taylor, Parker, Agnew), cientistas politicos (Brzezinski, Luntwak), economistes (Thurow, Chmas) ¢ outios. O objerivo deste livro ¢ comentar as novas gaupoliticas que surgizam a partir do final da década de 1980 c que procuram ex- plicar como se dara a disputa pela hegemonia mundial no século xx Tniciamos, no primeito capitulo, com um resume doque foi a geopolitica classicae, principalmente, como e porque ela ingses- sou numa profunda crise, Nos demuais capitalos claboramos uma apresentagao critica das novas ideias geepoliticas que surgirar no mundo pés-guerra fria, Como se poderd dedazir, embora 0 nome“geopaliticc” continue aser utilizade (com a ressalva de que smauitos dos autores mencionados nao fazom amenor questo dasse Fétulo), 0 approach —isto é, o enfoque, aabordagem — atralmente 6 outro, Alm de relativizeeio da guenta mititar, iambémo Estado deixou de ser ¢ sujeito cpistemolégico ocalto: as goopoltticas léssicas nao apenas estavam centticlas no Estado como o tinico ator ou agente, mas cram igualmente feites por ele e paraeele, Bram antes de mnais nada propastas de apdo no sentido de fortaiccer © “seu” Estado; dai elas terem sido coastruidas como "genpo- liticas nacionais"™. As novas geopaliticas, ndio por cuincidéncia surgidas na “era da globafizagio” € entraquecimento (celativo} des Estados nacionais, normalmente niio sdo feitas “para o Es- ado” ¢ tampouco © veem como 0 Unico ator na politica nmunclial Novas atiires ou sujeitos sA0 levadios em consideragio, desdc as sivilizaghes ou grandes cultures até as owc’s, passando pelas em- presas multi ou transnacionais, pelas o:ganizagies internacionais (9x0, une, #80 etC.)¢ pelos “blocas” aw mercadlos zegionais (Unido Europeia, Nafta, Mercosul ctz.). E novos campos de lua si0 agora vistos como importantes para a compreensao das relugdes de poder no espace rmundial, desde a questdo ambiental (embates sobre 0 uso dos oceanas cu cdo espago césmice ao redor doplancta, 4 cinissdo de gases do efeico eswfa, os desmatamentos e a perda ce biodiversidade, 0 que é desenvolvimento sustontivel ete.) até 2s lutas pelos direitos das mulheres, de utinorias é:nica-nacionas, de grupos com diferentes orientagbes soxuais, de poves sem ter sitério cecomhecido, de popuiagoes exclitidas na saciedade global cuem sociedades nacionais ete. 12 Nossa preocupagio bisica nestz obra & encetar um diflogo critico com as principais represeniagées geopoticas do mundo pés-guerra fia. Almejamos com isso apresentar ao leitor uma discussao sobre como serao os principais contlitos mundiais no século xxi—ou melhor, como eles astdio se dando ¢ quais 2s suas perspectivas, pois « ssoulo xx: Ja se iniciou desde pelo menos 199] Entendemes que o sécu'o xx fo! aqucle da Scpanda Revolugto Industrial findlistrias automobilistica, petrnquimica & meciinica, © perréteo come foute de energia essencial, os Estados Unidos como peténcia hegemdnica no plano econdmice etc.), e de duas ordens mundiais sucessivas: una mulipolaridade contflituosa, com &nfase no poderio militar, na sua primeira metade (até 1945), e uma bipolaridade tamhém conflituasa — expressa como guerra rin e comida armamentista, cujo seatido levava atéa ura extermi- nismo’ ~ na sua segunda metade (até por volta de 1991, ceasizo ‘om que a Unido Sovictica sv estacclon € o conflito capitalismo versus socialismo deixou de existir como parte fundamental do equilfbrio de poder em escala mundial). Jé 0 século xo pode ser visto, pelo menos provisoriamente, como aquele da Terceita Re- volugdo Industial (informatica, robética, biotecnologia, sociedade em rede etc.), da glohalizagio capitalista e de uma multipolaridadé complexa, na qual se entiecruzam vatias dispatas ou tensoes (eo némicas, culturais, politice-territosisia, étnicas, ambientais ele.) Assim, esta obra & uma introdugZo ao estude (geopelitico) do séeulo xat. Ui estudo feito pelo comfronto de idcias ¢ teorias (de Huntington, Thurow, Kennedy. Brzezinski ¢ tantos outros). 2 partir das quais — ou, cm alguns casos, contra as quais — nosso préprio pensamento é constmido. Se no final a leitor concordar que cada teoria vé a sua mancira algo que efetivamente ccorre 1a ealidade, que exisiem verdades (nc plural) eafio um tinieo pensa- mento correto, e que as ideias nao apenas explicam o mundo mas também ajudam a redefini-to, entio teremos atingido o principal objetivo deste livro. 1B AS GEOPOLITICAS CLASSICAS EA SUA CRISE* © ADVENTO DA GEOPOLITICA A geopolitica nascea — pelo menos oficiaimente, camo rétulo — com 0 jurista sueco Rudolf Kjelién, que pola primeira vex em pregou esse termo nm ensiic intitulado “As grandes poténcizs”, publica: em 1905 numa revista do seu pats’. Onze anos mais tarde Kjellén reafirma as bases dessa “nova discipline” no seu livro O Estado como forma de vida, editedo em 1916 na Suéeia, Formado em Direito e tende sido parlamentar, Kjellén Iecionava Ciéneia Politica e Historia nas universidades de Uppsala e de Gwiteborg. Sua preocupagao fundamental nessas obras era com 0 poderio mundial e ele defin.u a geopolitica como “a ciéncia que ‘estuda 6 Estado como organismo geografico”’. Como se tratava de um cbjeto semelhante ao da geogratia politica, sistemutizeda! Tedefinida em 1897 pot F. Ratvel (do qual Kjellén foi 1m leitor atento), els procucou estabe:ccer diferengas entre esses duas for snas de conbecimento. Essasdiferencas extariam priveipalmente na abordagem, que seria gecgrdfica no caso dz geogratia poli- tiga (ou seja, uma énfasc nas “relagdes homem/natureza”) ¢ politica no caso de geopolitica (isto, “a perspectiva do Estado pe- rante a dimensdo espacial de sua auagio”). Ele também procurou enfatizer o lugar da geopolitica como intersecgao entre a ciéncia politica, a geografia politica, a estratégia militar e a teoria juridica do Bstado. O conceito de interdisciplinasidade nio era familiar 15 nem a Kjellén nem A sua época, razo pela quat cle cncarava a geogolitica como “ama ciéneia”. Essa distingio operada por Kjellén eutre geopolitica ¢ geografia politica foi bastante questionada; muitos gedgrafonno passado € no presents (Thorncike Jr, Lacoste, Claval e varios outros) viram na geopelitica to somente a gocgrafia politica “aplicada”. Eatretanto, os “grandes nomex” da geopolitica, com ‘a nativel cxcegio de Mackinder, nao foram de geégrafos e sim do estrategistus militares. E a procoupagio bésign da geopoli- tica eldssica nunca foi a de um conhecimento (geograiico cou cientifico) sobre um aspecto da realidade (a dimensgv espacial da politica) sim a de estabelecer bases para que a “seu” Estado se Fortalecesse no cendcie internacional. A.geopolitica logo se expandiu, tendo encontrado no cendrio ‘undial da primeira metade do século xx um solo fertil para crescer. A ordem mundial multipolar que vigorou desde o final do séeulo x1x até a Segunda Guerra Mundial propiciava um climade pré-guerru entre as grandes poténcias do perfodo, com acinvadas disputas por tertit6rios, mercados e recurses na Africa, na Asia ¢ até na Europa, Com o declinio zclative da Inglaterra, grande poténcia mundial na ordem monopolar da segunda metade do si culo xvi ede quasc todo 0 xtx, 0s embates pela hegemonia mun, dial se multiplicavam, Nossa contexto, imimeros pensadores se * engajeram na terefe, apelidada de geopalitica por Kjellén, de compreender © equilfbrio de fergas ao espago mundial & as condigdies pelas quais um determinad Rstado pode se tornat uma grande poténcia. Na visio desses pensadores, de forma inclusive eoerente com a sua época, ¢ fundamental era a quan- dade de recursos — mercados, povos (mio de obra, soldacios), solos agriculturéveis, minérios, espage geogréfico enfim. Dat as geopolitices cléssicas terem sido em geral explicagdes a respeito de importincia cstratégica de determinados tervitries, da necessidade de expansio territorial — ou controle de espagos {rotas maritimas ou areas geoestratégices} ~ como forma de fortaleciments co Estado e de adquirir hegemonia. 16 MAHAN BO PODERIO NAVAL Apesarde ser considerado um dos “eléssicas da geopolitica” — juntamente com Kjellén, Mackinder e Haushoter — 0 almirante norte-aunericano Alfred T, Mahan na realidade nunca fez uso des- se rétuto em seus escritos, que en grande parte foram publicados antes mesmo de Kjellén ter proposta essa nove forma de conhiec- mento. Sua obra mais corhecide, A iy/fuétcia dio poder marinka sobre a historia, foi publicuda em 1890, Ble foi sem duvida © nome mais conhecido da esvratégia naval, tendo Tocionsdo no recém-eriado Naval War College ¢ discutido amplamente o que cle denominoa “poccr mauitimo" (Sea Power). Assim como os demais geopoliticas cléssicas, Mahan acreditava no “fardo do homem branco” (a visdo segundo aqual o Gcidlente deveria coman- dar ou “eivilizar’ 0 mundo, sendo que o ctilonialismo ou o neoco- lenialismo seria alge positive para os demais poves) ¢ catenitia que as guerras eram inevitiveis 1a historia’, A chave pata a hegenonia mundial, segundo Mahan, estaria ne controle das rotas maritimas, essas “veias por once cicculam, fs xcs do coméreio intemaeional™. A posse de grande poder marinho, dessa forma, seria incispensdvel para um Estado que almejasse tornar-se importante poténcia muncial. Obviamente ‘gue Mahan pensava essencizimente no fortalecimento dos Estados ‘Unidos, que na época estavam vivenciando mudangas na sua po- litica externa ¢ se consolidando como uma das grandes poréncias mmundiais de ordem multipolar conflituesa que nascet a partir de enfraquecimento zelativo da Inglaterra. Pela propria posicio geo- grilica (¢ tages bistéricos) dos Estades Unidos - algo que Mahan enfatizou ~, pola auséneia de inimigos potenciais significativos Por terra, e pela importancia do comércio maritima nas trocas econémicas intorsacionais, ampliar o controle dos mares scria¢ grande objetivo da estratégia norte-americana. Toda gcopolitica, ¢ a de Mahan nde foge a cegra, implica uma filosofia da histéria, A leitura mahaniana da histéria, de forma distorcida’, via o poder maritime como o centco das mau- dangas, algo que provavelmente decorreu dasua pripria atividade 7 comb professor na Escola Naval ¢ da jncumbéncia aque se propos, de pensar as condigées para o fortatecimento do seu Estado: no cendrio mundial. Se como tesrico Makan no foi rauito pro- fundo®, como “conselheira do principe” ele parece ter sido muito ouvitlo, Nao apenas os Estados Unidos tomaran-se, desde os primadrdiosdo sécuto xx, a grands pot@ncia maritima do planets ~ a“baleiz”, nos dizeres de Raymond Aron’ -, como uma impor- tate ideta de Makan tomou-se realidade: a construgio de cial do Panamé, unindo as oceanos Adintico e Pacifico, conclufda coincidentemente no ano de sua morte, 1914. - A VISAU GEOESTRATEGICA DE MACKINDER Halford J. Mackinder. apesar de tarnbém no ter feito uso do r6nulo geopotitica, é considerado o grande tedrico da geopolitica clissica. Kjellém foi o criador do nome, mes um pensador limit do, que nai deixou importantes ideias ou teorias. E aquele que se tornatino nome mais famoso da geopolitics, a general Haushofer, € normalmente visto apenas como wm aplicador e adaptaler, para o Estado slemio, de ideias mahanianas e, principalmente, mackiaderianss. Alicergado na idein de que a geogratia & 0 pivot (base, sus- tentéculo) da hist6ria, Mackinder construiu tod uma tweoria que fem na geocstratégia a chave para a hegemonia mundial. Tido como “o propugnador do poder tertestr2"”—em oposigao 4 Mahan, visto como “o evangelista do poder maritime”? —, Mackinder ction conceites que foram repteduzidos por praticamente todos 08 demais geopoliticns ¢ se tornaram clissicos: pivot area, world island, anel insular. anel interior ou marginal e, principalmente, heartland. Suas obras principais forum 2 conferéncia OQ pivot geogrifico da Hisiéria! e Democracia, ideais ¢ realidade, livro editado ern 1919", ‘Como os ocesnos € mares cobrom cerca de tts quattos da superficie temestre e, mas terras emersas (onde logicamente vivem os powos é existem os Estados) destaca-se um conjunto ou “con: tinente”, o Velho Mundo {Africa e Burésia), que abrenge cerca de 58% do total (64% se excluirmos a Antértida), Mackinder 18 hierarquizou esses espagos como se eles tivessern um velor in- wlseco € permanente para © poderie mundial. Ele chameu de “ilha mundial” (workdistand) esse grande bloco detetras (o Velho Mundo), no qual, de acordo com os seus estudes (algo que provavelmente sea verdadeiro na medida em que af vive & maior parte da populacdo mundial), teria ccortido a imensa maioria das guerras da hisiéria ca himanidade. E dentro dessa “ilha mundial” haveria uma dea centyal bisica, a pivotarea, que seria umaimenst regidio contral localizeda em paste na Europa e emt parte na Asia, No coragio dessa pivot area cxistitia a repiae geoestratégica do planeta, a heartland (“ierre-cotagio”) ~ que corresponde apto- xximadamente ao que chamamos hoje de Europa oriental -, cuja posse scria « condigto basica para a hegemonia muncial. Aimpor- tfncia dessa regio estaria na combinagiin de ty8x caracteristicas: a prescuga de uma porgio impoctanie dt maior planfcie do mundo, que se prolongaria desde as estenes russas até a Alemanha, 08 Patses Beixos € 0 norte da Franca, © que seria coberta de pas- tagens (grassland), 0 que Livoreceria 4 mobilidade de povos & ‘guerreiros; a presenga de alguns dos maiores tios do mundo {sic}, a sua nstuireza mais ou menos fechade em relagio &s incusses matinhas. Nas célebres pelavias do autor, “Quem controla a heartland (‘tera-coragio’] domina a pivot area e quem domina a pivet area controla a “ilha mundial’, € quem controla a “itha mundial’ domiva o mando." © heartiand iterte-carecéo}de Nckinder owe: Pucl Lira Hole eta opt 19 Exse raciocinio fundamenta-se no que Aron chamou de squenatizacdo Zeogralica”™, que consiste em tentarcomproender ¢ histéria, aotadamente as guertase os conflitos entre 08 povos, a partir de caractertsticas territoriais. Essas ideias, quo afinal de Contas foram levadas a sério aié pelo menos a Segunda Guerra Mundi, tatvez tenham tide nma boa base de sustentagao (0 gue néo significa que sejam ou tcnhium sido totelmente verdadeiras) na época em que Mackinder viveu, aquela do Estado teritorial mlitarizado (o Estado pés-napoleOnivo), com a guerra senulo ainda desenvolvida, na terra on no mar (mas ado ainda no ar ¢ nite ‘menos com apoio no espaco césmico) com hese Tio ma tecnologia de preciso, como nes dias de hoje, e sim no atimero de soldades, navios ¢ amamenios. HAUSHOFER E 4 EXPANSAO DA GEOPOLITIK _Poile-se dizer, sein nenhum exageso, que foram Karl Haushofer £4 Zeitschrift fir Geopotitik [Revista de Geopolitical, publicada ra AAleananha de 1924 até 1944 por ele chefiada, que tornaram a ‘s20politica famosa ¢, inclusive, definitam os seus “clissicrs”. Sem esses personagens, que logicamente foram impulsionadas por de- teuninados aspectos do climaa imtelectual da Repablicads Weimar Cz Alemanba aazista (Berlim come anova Pacis" nos anos 20¢ 30,resontinenio alemio contra taaden de pds Privo Oke Te Mundial, misticismo, radic: agin nacionalista, enfase ng raga € na busca do seu “espago justo” ete.). a geopolitica provavelmonte teria conhecido um destino diferente, soria tao somente maisuma des indineras proposies malogrades para “uma nova ciéncia” (tais Comna “cigacia do Estado’ a “ciéacia ambiental”, a polemologia, @ espacinlogia, a dromotogia e tantas outras).. ‘Mas essa revistn ~ que, além de Haushofer,contou comacolabo- ‘rayio de variosintelechtais: militares, geGgrafes, ciontistes politicos, historiadores ¢ cconomustas, sendo que alguns eram renoma- dos professores universitérios - aleangou um enome sucesso. Passoude uma titagem inicial de mil exemplares pormés, em 1024, Pata mais de cinco mil nos anos 30, serdo que por volta de ur uarto dos Ieitores era consid por assinantes do exterion!®. 20 Cube lembrar que até aqui na América do Sul certos pensadores, notadamente militares, reproduziam ou adaptavam intimezas ideias divulgadas por essa revista. Fazendo ceo & ideologie nacional- socialista ~cm especial a partirde 1931, quando essa linha editorial foi explicitamente afinmada e alguns dos colaboadores originis, mais preocupados com a imagem académica ov cientifica, se recusaram a continuar participando ~, a Revista de Geopolitica abordava temas comoo “espaco vitel” para a Alemanha (isto é, 4 “necessidade de novos territérios” para a nagio alema, especial- mente na “Europa central’ — conzeito imporiante na Geopolisie— © também na Africa), a nova ordem europeia ou mundial ideals, a superioridade da raga ariana eo seu destino etc.!6 Haustoter fez largo uso das ideias de Mackinder, adaptando-as paraum prismna slemio. Seo gedgrafo inglés ponsavana perspecti- va do poderio britanice, o militar alemao, que classificow o texto de Mackinder de 1904 como “uma chca-peima geopolitice”, fez tuna ieitura as avessas ¢ tecrizou sobre as condigées para se fortalecer » Estado getmanico, Mackinder era dciongor do império briténico @ até mesmo antigerminico e antirrusso: a seu ver 9 maior perizo para. Inglaterra seria urna eventual alianga Alemanha/Russia, as duas poténcias europeias que juntas poderiam facilmente controlar a heartland, Havshofer, citando a frase “E proviso aprender com, 0 imimigo", minimizava as diferengas ideolSeicas entre o nazismo alemao ¢ o comunisme russo e enfatizava a necessidade dessa “alianga natural” entre.os dois Estadas para se contrapor ao entio poderose imperio bricanico! Hanshofer eshogan un “cedem mundial idea!”, resultado de uma desejavel aliaaga entre Alemanha, Riissia e Japao (cvi- dentemente contra a Inglaterra, a Franga ea China; e sem mexer ‘com os Estados Unidos € J per aMenicana no nave cortinen- te}, que consistitia na divisdo de mundo em quatro “bloces” ow Zonas continentais: a zona de influéneia aleméi, que abarearia a Europa (menos Réssia), a Africa c o Oriente Médio; a zona de infuércia dos Estados Unidos (0 continente americana); a zoma de influgneia da Réssia (a imensa Russia mais o sul da Asia, ou seja, uma saida para 0 oceano Indico); e a zona de influéneia de Japao (Exteemo Oriente, Sudeste gsifitico e Oceania)". 2 gen ort: Paal Ta Mitorede a Gopaigne pS Diseutiu- muito a respeito das ligagdes — reais ou imagi- ndtias ~ das ideias de Hsushofer comm a politica expansionig da Alemanha nazista. O proprio geopciticn, que se suiciden ona 19146 mano ingerénoisestangeirano seu espaco de dominagsn do sistema global". Reiterando do si b asus ideia de que a guerra mili Sseiez mek diel et on ew 2 ecient : “as — © euiomme influgncia da midia : bg ia da midia —, bi ris pene uparay0ixOnica com 1914 dizendo.que hoje na seria nova fora de alwagiO americimo. Ele foi ¢ Sea ispute agora ago ym aL saviélica, e sim cx fa repels Couto an Sain os vais Comerciais—lapto, Unido Europela ros A competisfin agora nao secia mais idvatégice ou hele ganhos monctérios, 32 ‘Mas foi Lester Thurow, professor de economia no srr — Massachusetts Institute of Technology = ¢ ex-assessor do pres dente norte-americano Bill Clinton, quem melhor deseavelveu a ideia de que as “guertas econdmicas” passararna dominar omun~ do apés o final da guoeea fria, substituindo os conflitos militares. ‘Sua obra de grande impacto, Head to Head [Cabega a cabegal, publicada em 1992, logo apés o esfacelamento da ex-Unido Sovittics, afirma que © canton agora dixon dese" ilar pra Re trmar cconsirico (. Em ik teams ons, soaltonioo mires topteestan um dacpordicio de necurne. -ASommpctyces econinacassitovasamneate o eonlrany. Na competigin eco- émica o made nio ex mais dividilo em purvetus virgo O jogo sera fiomalmamcats competitive e cugperiro. E porsivel ter amiga @shsdo € wo ensamo quero vence* Sua pergunta bésica €: quem vai dominar o mundo no sécu- Jo «xt? Ele afirma que 0 sfeuls xr¢ foi britinico eo século xx, orte-americano 2, na sua opinide, 0 século xxIna0 tera umatnica poténcia dominante ¢ seri mercado pela disputa entre txts centros mundiais de poder: o Japdo, a Europa (a seu ver. lidereda pela Alemanha) ¢0s Estados Unidos’. Mas essa competigio atual no & mais camo as do passada, tais como, no inicio do sSculo x, quando a disputa implicava acrasar com o adversdtic, quando as econamias nacionais eram zelativamcate independentes umas das outras. Agora, com a crescente interdependéncia ene as econe- ias, a questin é concerrare ao mesmo tempo $8 associar, erescer conjuntamente, pois a crise nura desses lugares afeta os demaise, lnversamente, « expanstio numa Srea tem um efeito positive sobre as outtas, Por esse motivo, a disputa atval ndio mais consistiria em produzir maior quantidade de arnamentos cu anexar novos territévios (seja militar ou idcologicamente, como na época dla guerra friaj, ¢ sim em produzit mais ¢ melhores bens ¢ servigos, ainpliando a produtividade, o nfvel tecnolégico e educacional, 0 padrio de consumo da populacge enfin. Depois que Thurow publicon esic Livro, cajas ideias encon- Iraram c20 na micia, alguns econtesimentos (¢ varias eriticas) fizeram com que ole se dispasesse a atnalizar e om parte reelaborar Sua interpretagdo do mundo, embora sem alterar 6 ideia central. 33 A evonomis japoaesa, uma verdadeita locumotiva mundial nos anos 1970 € 1980, ingressou numa. tecessiio na década de 1990, Sopasso que achinesa, estagnada durant: muita tempo, aleangou as maiores (axas de crescimento de iodo o mundo nessa década. Eas varias guerras sangrentas dos anos 19%0, com destaque para as dos Balcés, em pleno comeao da Europa, fomecerain atipla mumigdo para os criticos dessa ideia da obsolesctncia dos con, Bios milstares, Assim, num aove liveo, The fcure of capitalism, de 1996, Thurow procurou tapar as lacuna do seu pensamento, argtmentando nunca ter afirmedo que ox conflitus militares aca. beram, mas apenas que seo as competichies econémices que agora ckcicem o destino dos povos, dando alguma atengio (mas née ‘muite) & China © 8 ex-U83s e. principalmente, enfatizando o que Cle denominon “as cinco placas tectonicas” que estiio +0, moexendo Salterandoa geoprafia politica do globo: x tiansigio problemdiica dlo Socialisme para o capitalismo em nagdes que ahrangen um tego da humanidade, Siobalizagio da sconoiia, as mudangas tecrol6gicas que diminuem a importincia dos recursos naturais © alé docapital ¢ valorizam 9 conhecimente (o “poder cerebral”), 2 maltipolaridade (isto & a aus¢ncia de wma poténeia mundial Gominamte que determine as regras do jogo) » as mudancas de- mogréficas no sentido dz uma populagio mundial cada vez mais cmvelhecida e com significativos fluxas mnigratérios que vio et tegides polnes para as desenvolvidas® Deoma fomia que paderiamus chamarde “ocidentalaéntrica” — na qual se enxerga o mundo sob a dtica do que normalinonte Se apelida como o Osidentc, ou seja, Estados Unidos, Canada, Eurepa Ocicentz!, Australia e Nova Zeldadia -, Thurow v3 as perspectivas mundiais para © século ou como “o fturo de capi. (alisme” (da economia de mereudo, da globalizagio capitalists, Gaideologia do peogresso), descartando completamente quelquey outro catnino ov opstio para um mundo de paz 8 elevade pare de vida, wm mondo sem c20s afinal. Na sua opinito, desde yee ‘© Suesso passou a ser definido como a elevacdo nos padrées de ‘vidados povos que aenhum sistemaecondmica. vonseguinuemular ‘© capitalise, Tedos os soncorrentes do capitalismo no século AX ~ 0 Nazifascisma e 0 comunisme — fracassaram © 0 limico 34 perigo realmente série para o futuro do eapitalismo serie cle pes. Dei as desigualdades eax injostics que mutasvezeso moseado ‘ovasiona; dai o autor argamentar que ocapitalismo tem que: rer emer Throw nfo €soment ue aednsc, mas antes de tudo uni geopolitico, um pensador pragmatico que no final a: ‘contas esti aconsclhando o sca Estado a trilhar um descrsinedo cartinho. © objetivo principal de sua obraé chamar a atericaio autoridades ~2 do empresariado ~ dos Estados Unidos para o aus ele chama de “um novo jogo, que vai éecidir os ramos do amor no séeulo a” Blernenciona oexermplo de Colombe, que & borlo de um bom navio “capitalista” velejou por raares incertone aju 7" a construir um novo mando, cconclai cate segundo livre Giron que “agora que compreendemes as forges tectnicas gue este altesando a geografia politica da Terre, voltemos 20 problema constragiio de um navio capitalista que nos lever em seguranca até mma nova era” is dizer que cabe agora aus norte-americanes on ee esse nova jogo compettivofSoopertvo: eit om perigee ‘na sua opiniio, nfo consistem mais em ideologias a Rematvas. ao cups si no descontentement, gered peas desigual- dade, migraine inti que esi prodvzndo em algun ineas 9 crescento do racism e do neonazismo) e promover as condigdes para o seu pats continucr liderando o mundo 1 novo séoulo, quais seiom: invest mals e melhor em pesauiss © desenvolvimento, cm projetos de inftacstruture, eta reformas nos programa de pensio &assisténcia médica para os idosos, em educugdo-¢ quallficagio da forga de trabalho! OS MEGABLOCOS OU MERCADOS REGIONATS i ito da disputa pelo Uma das idetas mais populares a respeit ut é fria ¢ a dos mogubloces ou “blocas oder no mundo pés-guorrs fia Ja l Fepionas’, Blando fem propsamente ua patermidade ou um “te6- sivo prineipal, al como ocorre com outrasideius similares (anova competiciofcooperagie econdmica, 0 chague de civilizagies, a 35 ge0economia substisuindo a gcopoltica ou 6 fim da histéria, por exemple). Bla se desenvolveu, antes mesmo do final da guoma ftia, por micio de intimeras discusses — € os ensaios que foram publicados a partir delas ~ ocorridas no seio de orgeinizagoes infemacionais — notadamente na cee (atwa! Unido Enropoia) — ¢ também na mdia. Essa interpretagio consiste basicamente na ideia de que sao Os megablocos, ¢ niio mais os Estados nactonais, que darninam £ Cendsio mundial ou as relagdes de poder no espago planctdcio, Normalmente se divide o mundo em trés “bloces tepionsis”™ Preponderanies: 0 americano (liderado pelos Estados Unidos), oenropes, que incluiria a Africa (comandado pela Alemanhe) 2 astético oa “oriental”, que ineloiria a Occania (capitaneada Belo lapio elou pela China), Também se especula a reapeito de um “bloco” liderdo pela Russia (a cis: - Comunidade dos Estados Independentes) ¢ de um potencial ou hipotético “loco islamico”. O momento em que essa interpretacao se consolides wjuda.a elucicé-ls. Foi por volta de 1980-1990, quendo parctia ja certo o final du bipolaridade ¢ da dispute entre os “blocne da guerra fria”:0 capitelista liderado pelos zu, co socialisia, {iderado pels ex-tmss. Assim vendo, a piimeirt reagdo de algung {ol ade identiticar “novos blocos” no espago mundigl. Bcomo ‘HH existia um crescimento cconemico da Europa Ocitental s te Japio, gue desde os anos 1970 costitufam junto com os BUA 4 chamaia“tciade” do mundo capitalista#!, ns mais natural que substituir os dois “blocos” da guerra fria pelos trés “bloces” ue aparentoments dousinariam © mundo pés_guerra fria, Um dos principais furdamentos dessa interpretagao foi 0 sucesso da integragan europeia, cujo exemplo foi parciatmente imitado em vasias pertes do mundo (Nafla, Metcostl, Apec, 1s fentativas de se ertar a Alca— Area de Livre Comércio nas Amné. Fess ete.). Nos axos 1980 alguns autores, e imimeros jornalistas, pilavam em “fortaleza europeia”, sugerindo um progressive fechamento do centinente com o avangar da integeigio. A parti, lai, muitos comegaram a interpretar como “natural” a founagio de morcades regionais nos diversos continentes, vendo nese Proceso 0 nascimmento de uma nova ordem geopolitica mundial 36 r iagbes de paises ao reder deum Bs- plural", marcada pelas associagoes itd nucleo cu central Alguns dos adapts Sessa inepreagao, esugernnoaieporinsa deseo mereades regions eines os homogencizando, nio pertebendo as suas diferengas € ven o t x i zt ti te camint arti do prisma da Uniao Europeia, 0 nice qu Cee inn ani mam falar numa “nova geografia sczional do mundo” ou até mes: “plocos iaternacianais de po oo ; o ‘Do ponto de vista geopelitico essa ideia de lavas de Po: wet ¢ davies, pos ests meres regions nent de recone na mir pare vere Naa, Ape, AH) Que fi ti iti nor ais ue ut ssuem uma coestio politice-diplomética mex : frereadoregional = tem ura ttagao essecilrento comercial, ‘nos essuntos politicos ¢ militares, eles ~ com a xcegio patil da Unite Europeia— no atuam coryuntamente como sujeitos. Estados Unidos, por exemple, ndo tém a menor propa tt consulzar seus parceiros do Nafta (e muito menos da virtual Alea) a0 lideraren incursGes militares tais como a guerra do Gol ee 1991, ou os bombardeios sobre a Sérvia em 1999, entre cut Os. mesmo a Uniao Europeiz, 0 exempionts acaba iodo ue sia é to, o Unico 1m "bloeo" (o, pelo menos até o momento, ex {ato), normalmente tom uma atuagao gecpolitica alvidide come Reino Unido de um lado (que quase. sempre ae amas ado i i ‘a out y ridos nos conitos mundiais)e a Franga doo i ue cerios limites, ¢ o Estado mais curocéntrico e relativamente antinorte-2mericano). | ivi Admai, osavangos no process Ge potalizaso waivizatn fechados. Existe sem: esses mercadox pretensamenre i ghobalizacio com regionalizago (que. Ine complementar nie do da interdependéncis evo sta), OU Seja, @ expansiio da inte: ies ‘igual em todas as partes do globo & sir pe Geers imei _ forma mais acelerada — re tapas, primeiramente — © de fssonados en alg merc regional em especial se fore economia desenvalviis. res merc segiomis so ware: lidade a farma pela qual a glcbalizaczo avanga ¢ no tua nove divisiio do mundo ou un fechamento dos continentes em “blocs alternatives. Come afirmou tm ex-secretério geral zdjunto 6a ov 37 Nd aguets que especvlann a rsp. Frown, am ovesiaoanc neuer een no HE confitas ivemmaciunais am que esses nigante no Bae POR nag 2 enpeao, nato s pol "m esperial ne Cranga) € em determi i ela infuzncindos colturslmente no esconderi on one ee ; ralmente, niio esconderia ym i cian mato, sai, come todas as ycopolitioas, s6 que ce forma bert rete dade {cincasve ro consceme prs alguns de sets dvagedns) a fentativa de influenciar a realidade? Nio seria bastoamenc ime ape a ei fescte politice-militar da Unita Buropeia? I. como “natural” uma foemaga : a " vemagio de blcwos Rentals 1¢ dividem entre sic enundo € constroem uma unidade nie wu ae cconémica nas também politico-militar, niio implicaria lmesiratageina para afluenciar«opinito bles (ous autores sentido de que esse é o iniee caminho para o futtre? ° ae OSISTEMA-MUNDO E A SUA LOGICA EAMENDO E A SUA LOGICA A fova geogratia politica do mundo, como hase fundamental ochamado “sisterne eect eee ‘sistema global", oy sistoma- ‘aga, Uiiao, due possot diferentes verses. O que hi de cotnum ene sei éf crenea a0 enttesmecimento do Estad-nogio, cue weria le Ser 0 ator privilegiads no ial xc nid de cendtio mundial — adv: dai a superagao do conceito de grande potéacia seuco ave 3 alone denen 8 rclagdes cle poder seria o sistema, lobed, Sse sisiema-mundo € o capital : consine ees ipttalismo, ou melhor, ele ones bosicamente na economia cialis muni zada {tepoltea iste a dsputs por pos no especo muni 7 iderada um coroldry zi ine se considera io da eompetigio elou dominen Provavelmente o mais influente te6rico dessa linha interpre- tativa seja Immannel Wallerstein, um historiador e economista norte-amecicano que desde o final dos anos 1960 vera realizando uma andlise, inspirada no marxisimo ¢ aa escola historiogrifica trancesa dos Annates (F. Braudel ¢ outros), a respeit do eapi- talismo como sistema global e que teve ampla tepercussio — ¢ seguidores fi¢is ou ctflicas — em vérias partes da mundo. Pare ale existem as “poténcias hegeménicas”, como ele denomina, 0 que significa que os Estados tems um certo papel a desempenhar, mas quem comande de fato as mudangas € a Légica do sistema ‘Una des asinuturas bésiens du econo: mando copitaisa é a arensto c @ dacclmia cicives de “hegemmoniag’ wy imetior do sistcmermnunda. A histcia dda tercira dassas hegemonins, adus Estados Unidos, iiciou-se em 1873, no ccomege dy chomada ‘grands depressin’ do séeale 0x, momenta em que Se pode seman qoe 4 kegemonia bitiniea lerniaoa. Nesses tormos, pademos concluir que seriz a economis (¢ nao a gcopolftica) que determinaria «(s} Estado(s) que teria(m) ues pa- pel hegemdnico a desemperhar no interier do sisteme-mundo. ‘Essa imecpretagao implica uma geomettizagto do espago mundial. Existe 0 centro do sistema —no qual sobressai{em) a(8) poténcia(s) hegemOnica(s) — ¢ as civersas periferias, mais recen- temante eriou-se 9 conecita de “semiperiferia” para se referir a determinados paises {Coreia co Sul, Brasil, India) quc pertencem {A periferia do sistema capitalists, mas possuem um nivel de indus- maltzagao elevacio e em alguns casos exercem o papel de subpolos ou subcontros (alguns ainda falam em “poténcias regioaais”) no seu entorno, Pode-se dizer qua existe praticamente uma “escola” dos adeptos da teoria do sistema-mundo, que inelui pensadores de diversas drens des cifncias sociais, inclusive gedgrafos. Peter J. Taylor & 0 antor que ha mais tempo ¢ de forma siswernatica vem tentanto renovar a abordagem yeogeifico-politica do es- paco mundial fazendo uso dessa teoria”. Segundo ele, toma-se ‘nocessério ir além da perspectiva do Estado nacional na aborda- gem da geoprafia politica e, nessa direc, a andlise do sistema mundo seria uma contuibuigzo vatiosa, Afirmendo que existem 38 fordamentalmente ués niveis de escaia yeogrifica —localaubano, Bo dhal a experiéneia ou 0 vivide seria a ténica; 0 nacional, que seria carsctctizado pelo ieoidgico: e « global, que seria 6 nivel Ga reatidade sistemdtica -, Taylox v8 a teoria do ststema-muundo como um instrumenio para s¢ evitar a separagiio entre os sts nlNeis, ou seja, pats se er uma coeréncia ns abotdagem do local, do nacional e do mundial", Fssa Gnfise na totalidade, essa husca de coertncie entre as aries ou niveis, ¢ @ ideia complementar io que a “sbondagern tradicional”, de inspiragae liberal ¢ centrada no Estado, fragmenta & realidade € uma tecorréncia a ossa interpretagio do sistema, mundo. Walicrsteia chega a falar numa “ciéneia baconianal Cartesiananewtoniana”, que seria a hase do sistema mundial vapitalista ~ ele até torjon o termo “geovvltars", por analogie com geopolitica, para se zoferir a essa cultura global do sistema © os sous conflitas/resisténcias -, ¢ que deverinmos substituir Por uina “nova ciéneia™”. Mas o grande problema dessa cons ttugio teGrica ¢ pretender deshivir as partes do todo — a Iégica Jo sistema-mundo precsde as «goes dos atores (Estados, empreses, associagbes intemacionais) ~e com isso perle-se « contingéncia das ages humanas, perde-s¢ entim a politica entendida como o emtectuzamento conflituose de ag6es/projetos de srupgs com vistas a0 exorcicio do poder. Na realidade, Wallerstein 2 vécios outros peasadores com 688 trago cm comun—¢ wmaespécic de-\geopalition is avessis", gue nko esti preocupsdo com quem vai dominaroespaco mundial ano aéculo xxi, e multe iMenos Com 3% condigées para o seu Estado manter on reforgar @ sua hegernonia no Ambite global, mas sim com # uecessidade de impiodir 0 sistema, de encontrar alieraa. tivas 4 economia-mundo. Ele setia entio im dos representantes Gaquilo que alguns getgrafos denominaram ancigenpotitica, on . Sejas ponsadores ou movimentos sociais {desde que tenham, coma Supostemente ocorre com os zapatistas, com ws ecologistes radi. ais 03 com os islamicos xiltas, um discarso entissistémico) gue “cesafiem o poder dos Estados (¢ das elites que neles mandam) € das orgenizactes globais neles alicercadas™, Sé que normal mente essas Go festejadas “resisténcias amtissistémmicas” sho 40 frais © om alguns ents st mismo fndamentsistas. Quem faranie que oferecam alfernat.vas| melons do gue asdosistens As Iutas pela amplingdo éos direites humancs, Singh 1 contre o trabalho infantil, contra Giscriminagio Gmica ou sexta, alo ian, cout da escola piblion ou destatsraentos, pola methoria i gio social da rendh et. so menowprezadas ou —somente guido podem se7 vistas como “revolucionérias” ~ eno eins pr Wallerstein e cuttes que raciocinam em terms : ode-seiclstveqestioar sexi gun fundamento paras nog de "reitncias anes”, salvo tle pr sesimos ensos(agueles alicenacos om degre religion). é iments ou resist8ne Emais provavel que esses movime: = ‘apatetes, em Chips Gsuldo Mésieo), dene ones magrado ériva xis lidotes, Jutern de fato For m aretdrica de alguns de seus lideres, soci e caresto de injutiga denire do cxpitalisino. Mas 28 ls deny do sstoma, sua reforma no seni ds amp espago de democracia, é algo que a prtort Wallerstein considera 0 nfo revolucionario. . seo ners een mas ue frac pense ipo salon nd que afl de conasapenas ners na dena oiedade 7 ‘a ponta, legivel ¢ viet transparente de ponts a ponta, ‘ fas partes? Neo dea de ser provcupante que Wallerse a recent cro tnkado quo “sistema lel et em clo devicora uma pceas "endénia bela nes marge de aces" " a tas © gucrras nesta , prevendo a coloste de sangronias revolt fe “desmoronamento do eupcatismo textams do consti “Gomo uma um cu “ova ssteutura” tendo por modelo “Como u sid um hospital fnefona: itternament, ees slosesiautoutivios, mas pemnitem grande autonomia para seus profissionais”!. GLOBALIZACAOQ E DESCENTRALIZAGAO SAO SINONIMOS? de plots Paza alguns autores 0 avango no processo rio entraquese os grandes atores do cendrio mundial ema especial os Estados, « favoreec os atores menotes (regides, lugares, peqgiens empresas, individuos). Apesar deter algo. em comum com a teoria 4L do sisterna-mundo (a énfase no globel e a erenga no enfracueci= mento dos Estados nacionais), csta interpretagdo 6 praticamente ‘posta dquela: o sistema global aqui 6 vista como algo extrema Teate positivo , mais do que isso, comoa garantia da humanidade, ara um mundo de prosperidade e diminuigio do auteritarisiio ¢ dos confitos militares. Os adeptos dessa intompretactio, que possui ‘atlas nuanyas, constituem na realidade os forjadores do temo “globalizagzo” tal como ele vem sendoutilizadodesceos ance 1980, 106, comno uma crescente interdenondéacia de todas as economias ‘acionais numa ede ou sistema global {o mercado znundial, que se toma mais importanto que o% nacionais) imapulsionada por novas ‘ecuologias, notadamente pela telemética®, Oceonomista, emproséirio © ex-assessor do gnverno japonds Kenechi Ohmae fornecen a suz versio dessa teoria nos livros the boriertess world (Um mundo sem fronteirasl, de 1950, ¢ brincipalwente The end of Nation State [0 fim do Extado-nagao}, de 1995. Sua idcia bésica € que 0 mercado nacional com as suas “fronteiras” ou bameiras alfendegivias, com a sua mocda nacio. nal ¢ 0 seu “espago econdmica” (sobre o qual o Estado nacional exeree uma regulamontagZo, isto é, impée regras), & algo cada ‘Yer menos importante na atualidade ¢, mais ainda, constitai um entrave a0 progresso. O verdadeiro “motor” do desenvolvimento econdiuice hoje seria o que ele denoming “Eistados-regises", ou Seja, economias regionnis tais como a du norte da Itilia, do alto Rono (regido de Baden-Wirtemberg), de Hong Kong/sul da China, Ga extromigade sul de peniusula da Coreia, da resid deTéquioe aadjauoncias, de Osaka e regio de Kansai, do estado de Sic Paulo, di Bay Area ao vedor de San Francisco (Califérnis), a regiaa francesa de Rhéne-Aips (cujo centro & Lyon) ete." A cconomia global, sezundo Ohmae, estaria alicergada ora quatro “is” — 98 investimentos (sistema financeito), as jpdistrias (cimpresas, cada ver mais transnacionalizadas), as informagées (tecnologias em rede: informética, tclecomunicagces ete.) € os inxdividoos (consumidores). Esses quatro fatores setiam hoje em dia basicamente mundiais, méveis ¢ até mesmo independentes «dos governos navionais. Como os mereudoa glcbais de todos esses 42 +39" faneionariam perfeitamente por conte prépria, ° papel ce i cermedios” dos Bind ncionas és arnou obsolete Men Go pis-guora fii, segundo abtor, ainda procura fun uma liga jf superada, aquela dos Estados yegulammontanxdo-as sass Ceonons (aommalmerteatepalhurds odmsne das pias reeiesconiricas)e delberano ro cenéio murda porme9 Chi, de Unio Buropeia ou do Nafta, algo gue eam 0 temps sridativamente derolido pela expansio do sistama global, ee Os stvais mapas-méndi seriam uma “us carlos " ‘na visio de Kenechi Obmae, pois ainda mostram a super ice torrestye dividida em centenas de Estados mais one Tronteras peliieas, S6 que e#ses mapas ect 0 mostra neil, aquuilo que move o mundo: os Estados-regides seria mostrar, por exemplo, a Catatunha (¢ nao a Espadt ta ou Liga Lombarda (centrade em Milio)e a regio franca 3 0 ne lado dos Alpes (ccnrada em Lyon), qué funcionaiam ce forme inlegrada ¢ quase que A margem das politicas de Rema se Paris; ou a rey chinesa de Shenzhen (onde a renda per ca é de seis mil détares), fo-temente intograda a Hong Kong ¢ e quase nada a ver com o restante da China {onde arenda per co ita & de 320 dBtares); ou entaio a Texto do “Tingle do od erescimento”, ne sudeste asiitico, que integra aoredor ore éeMaraas ages de Cnc Puke! (aa Tan, ésia) ¢ Kenang (na sia) . a Baneee Pheer evidentemente éuma: Gescentralizagdio pal scammer anovemia psa economiasreg ona 8 pole soonémiea contrada no Esto vacioal seria apens, em nor ow menor gran, um empecilho, uma hurocracia gue aap we dinamismo dos Estadas-regides mais ricos soho pretexto leer tigir descquilipries”. Ohmae Pee que: tS oe & presperidade, a sun base & regional” — e nilo naci reais ade Tequioe # ce Osake) corregam on sistensim rue 0 Japie —¢ o mesmo ocorretia com praticumente todos os pes do globo, onde normalnence hé wma (ou aguas) exiles) dindmicas(s) ¢ intimeras que vivem & custa dela(s)"’. Inclusive, 4B ele argumenta, as regides estagniadas seriam beneficiadas por esse provosso de esvaziamento do govemo central ¢ foralecimento dos Estados-regiées, pois elas estariam zcomodadas devido 408 subsi- dios que recebem e com isso nao se preccupam em mudat esse «tuaddro, Mencionandoo exemplo do Japa, Ohunae diz.que existem 10 pals 3.300 cidades (¢ municipios) ¢ que a imensa maiocia tem tum orgamente desproporeional & base de azrecadagio local, algo que sé € possfvel pelos fundos redistr?buidos por Téquio. Com esse sistema, diz ele, gasta-sc o dinheiro de forma normalmente perdulasia, pegando altos salétios para prefeitos e vereadoros & investindo om obras indicis (au até contraprodutivas) do ponto de vista do bem-estar social ou da modernizagio da ecenomia local”, Dessa forma, us “ariérias econémicas” do Estado-nagiio estariam obstruitics ®, para se corrigir isso, « governo centyal de- voria scr mais liberal, menos intecvencionista, dencando as regides com maior autonomia de decisées, com a liberdade de fixaren # sua propria politica eccnémica. Eo que ele chama de “oscilago do péndulo”, uma nova forma de organizagio que “‘Tiberard energias” € deixard os verdadeiros impulsionadores da economia global — os Estudos-regides — mais livres dos entraves que dificultam a meltoria da qualicade de vida das pessoas comuns”, Um outro autor famosissimo que vai nessa mesma diregaio de Ohmrae, mas com importanies mangas, é John Nalabit,, economise (9 administrador de empresas que se define como umn “analista das tendéncias do mundo’ e que coastaatemente profere palestras Para, ideres cmpresariais e politicos do mundo desenvolvide. Sua obra mais conhecida, Ciehal Paradox [Paradoxo giobal), de 1994, foi rraduzida € lida em Praticamente todo 9 mundo, tendo recebido muitos elogios da grande imprensa. A ideia prin- cipal dessa obra € a seguinte: com a erescente interdependéncia on globalizagio, paradoxalmentc (isto &, ao coutrérip do que nonmalmente se imagina), no sin os “grandes atores” que soem ganhando (as grandes empresas, os Estados nacionais imensos) € sim cs pequenos (as pequenas e médias empresas, os Estadcs menores, os indi viduos}. Nus suas palavras, até por valte dos anes 1980s grandes empresas ¢ os paisos com maior torctério & popu lego fevavam vantagem na competigic econémiea porque ainda 44 i | | prevalesn economia do scala" Mat ptr de entao, cots 0 feralecimento dorercado global os pequenos ators ganiania ruedida em que “o exerofeo do poder esti madando de ve pars horizontal, dz uma forma hierdrquica ou piramidal para uss toms on teenologias © a globalizagio faciliariam a vide dos pequenos, peis 0 importante agora nio é tanto 0 vetame we capital e sim a velociade, 2 fentilidhde, 0 que ele denomins “economia de escope”, que subsiira «economia de scala, no qual © importante seriam as inovagdes constantes com vistas ao mercado, Downsizing [redugao}, reengenharia, organizagdo em edes e empresa ou esenonti virial 3 “nove econornis = para Naisbitt, todas essas novidades indispenséveis dificultan, a vid das gransles empresas que, para sobreviver, ceriam cue se dividir ou dar mais poder ds ila propria nopa0 de maiz & filial estaria superada pela ideia de “empresas coligedas”. Seria 8 “deseconomia de excl, tenro originalmente sao pa ides congestionadas, guc chegou até o nivel or Sel FE ONE Ee Inais ficil para uma pequena cmpresa conseguir expréstimos, expandir-se para 6 exterior (08 cntraves burocritieos ¢ a neces- sidade de volumosos cepitais j a0 seriam «Ho importantes), obte: informagées de primeira mito, modemizor a sus tecnologia ¢ recielar-se para acompanhar ou (re}eriar os mercados, pois haveria aela menos gigantismo c interesses corporativos atra- vvamcsnelo as mudangas", | Nulspitge considers un iconecTast. Segunde ee, aimiensa smaioia das pessoas pensa, deforms cosrenté com algicaeco- bnica e poittica que prevaleceu até os anos 1980, que eam ofar- talecimento do mcreadoglobal as grandes empresas os grande ‘mercados regionais levario vantagem. Sim, aindacxistem grandes fuses au compras de ume eropresa poroutra maior, ele admite Mas por tris desses accntecimento® que chamam 2 etengao ds nifdia - as fusies © a aparente concontragéo dos mercados — exists una progressiva descentraizagBo: para gadaroro gh "que surge, millkares de pequenas ¢ médias emp - fam se mulkgicando eexpancindo a sua parcel do mercado 45 Ele cita 0 exemplo dos Estados Unies, once as quinhentas maio= tes empresas representavam 20% da economia nacional em 1970 esomentt 10%.em 1993; e,a0 contririo do paysado, hoje mais da zmotacle das exportagbes ncrte-americanas ji seriam goradas por empresas médias on pequenas, isto é, que empregam no méximo 19 funcionérios™, Mais importante que as finsSes, na sua opinitio, sersam as “aliangas estratégicas” ou os joint-venueret, nos quais as mas tabalhain em conjunto, com vistas a um projeto, mas mantém 4 saa sutonomia, : 6 ta geografia politica do mundo. que Naisbitt assinala as. modangas mais incsperadase radicais. Quando 3 ono foi fundada, €m 1945, contava com $1 membros, ele lembra; em 1960 ja tinhe sem Estadas-uagoes; em 1984 eam 159 ¢ em marco de 1993 havia 184 paises associados. Aa: contririo de autores cldssicos do século a1x (como Ratzel), que no acreditavam ax viabilidade de “pequenos Estados” imaginavam uma progeessiva centraliza- so poltico-tervitorial, com a existéneia no futuro de pousos ou apenas um imonso Estado, Naisbitt afirma que no final do século XIx teremos “mil paises” na superficie terrestre. Taso porque uma unicade politico-torritorial pequena seria mals eficaz na gestioda economia (menos buroceacia € mais agilidade) e principalmentc mais democratica, com maior participacao do cidadio e el uagio de imimeros intermedisrios on representantes. Ele néio dd 4 minima importdncia para a Fotmagio dos megahlaces (Unite Europeia, Nafta, Mercosul ete.) pare as moedas tnicas, a intepta- 40 polftica owas (emergentes”) confederagdes -, afiemando que tsxo tudo nfio passa de equivocos destinados ao fracasso, Gover- hos centals cada vez maiores so coisas do passado, conclui. © atual literalismo econémico ¢ politico conduziria o mundo 2 una fragmentagio articutads, uma descentralizagio do poder econdmico e do peder politico. , Existe semi dtivide um projeto (ou ideal) politico — e geo- Politico — por trés da interpretagao de Naisbitt. E uma leiura da demovracia, tanto no Ambito organizacional quanto tw espacial, Priraciro, as cléssicas nogbes politicas de direitae de esquerda estariam superadas, O dilema aival seria entre uma opgao glabal ¢ uma opgao local ou tribal. “No velho munda, voeé tinha de 46 ireita, No novo mundo, voc$ escalhe eseol conan ou, ¢ Fao am ou out", Pars ele @ i Bovrone define pelo lugar Rice (a cidede ou o bairzo) ¢ sim ia identiicagai # uma tbo, que inclusive pode ter uma hase aeactcl ~0 loeal de moradia (se houver identidades ere coma, baannen de comunidade) — mas que se define cada ver mais em Termos funcionais, profissionais (existiria a “ibe dos cor Caos histodadonas, por azemple, qe sempre = rene om congressos ¢ dialogam entre si) Cu ais virtuais (a “uibo? deste guentadones de um dotominado chat maTnternet, por exerplo) Bos nves global e kcal ou tba) me seria exces ou compeiidores ¢ sim serepoanersrs: 0: ano do lta ae uma multiplicagao do tribal ea ser TRaetinica, descentilizada) do que antes era eonhecide come mea, a demborscia nasceu originalmente antes de tudo come patisipagto deta cdc na gest ch si chad alg que hoje seria novamente permitide pela rede de ccmapetars, Por isso, no lugar do slogan evclogista “Pense slot iments a8. lcalment, Nasi ima goe 0 comet sain Per localente [como tbo} caja globalmente [iste &, com toda arepercussio ae sscomunicogies mundias ee eee perme], Menclonard o exemple do municipio ‘onde mom (Telluride, nos an te ds) qe ccs sia, seu ea Cae des + Prefeitura, ¢ guakjuer um ma caesar fine render on canine Naw ie n ct “i para sé caminhar novamer Oo Serenata crt, com exlacesind es represents © decdindo ces pris a gest da sa cidade, Ess serra sua visto, a melhor forme para se resolver a “crise da pol vic na qual os Fides racionals deixsm deter tua inyportinci” Dessa frm, tanto gor res sonics faneoessiale de mor Alenibiidede e aida) ccmo peltcas (abuses da demeraa direta), as pequenas unidades: peti eortenntorsis seriam mai aadequadas 20 novo cenério mania. ; anand problema dessa interpretagio que pods ser vit fom ultaliberal - no no sentido “nedliberal” do mercado decidindo ay udo, mas sim pela percepcag do que é cu deveria set o individue, ocidadio enfim, 0 dnico ageme legdimo dapolfticae inclusive da politica econdmica ~ & que ela omite as anomes desigualdacies internacionais ¢ também os conllitos entre ¢8 povos € Fstados, u seja, u questio da violéncia, Se 0 mundo todo fosse como os Estados Unidos oa « Europa Ocidental, talver esse fuscinante ideal tivesse alguma viubitidade. Afinal, cle pressupde uma popullicao tals ow menos homogénea (cultural ¢ economicamente), que tenha um alto nivel educacional ¢ de consumo, inclusive com © acesso a tecaologias modemas, Mus como conciliar esse ideal com a dura realidade da enorme pobreza aus patses subdescnvolvidlos, com 0s choques culturais, com a marcan:e presonga de elites con. servadoras e que vivem eur simmbiose com as buracraciasestatais? 1. como contiliar essa interpretagio do enfraquccimento ou final do Estado-nagao (tanto em Naisbit: quante em Ohmac) cam a bresenge ainda signifcztiva do poderio militar ¢ dos perigos — que infelizmente nao acabaram — de guerras de conquistas ou de exterminios? AS DISPARTDADES NORTE/SUL LEVAM A CONFLITOS? Para alguns, 0 maior problema e a fonte mais inhportante de Porencials conflitos na nova ordem mundial é a ctescente dispa- tidade entre 0 Norte ¢ o Sul, entre uma minoria de nagéecs ricas € uma imensa maioria de paises subdesenvolvidas. So virins os bropagadores dessa ideia, desde marxistas até fundeanentelisias de diversos matizes, pessando inclusive por liberais, Um dos mais importantes erautos dessa visa ¢ 0 historiador inglés Paul Kennedy, um liberal de escquerda* méicade nos Estados Unicos desde 1983 © que em 1988 publicou a obra Ascengda e queda das grandes poiéncias. Apis esecever esse livto que ji virou um clissico © que sascitou indmeres debates, inclusive al- gumas icidas criticas, Kennedy encetou umu andlise prospectiva ara o século xx, procurando agora enfatizar nio mais 0 poderia Tatlitar, tal como tinha feito no livre anterior, e sim os “novos desafios” de mundo ueste século que se intcia: a “nova revolugo 4g ial", como aumento ca produtividade e o desemprego era indus bloteenolagia e seus problemas (c promessas); a "nova explosio demogréfica’; a glotalizaglo (vista sob o prisma das Clocomoaicugdes e do sistoma fimnceiro internacional); 0 enfra- {juseimento do Estado nacional, ¢ os perigos pa o meio amet Jubal”, Se né obra aaterior es conflites mundiais exam vi Sempre cob a otia cas eventusis “grandes povencias” — nae por sesso enna um clogo con: MacKnder agora perspec € outra: o futuro da humanidads e 0 perigoso crescimento das de- siqualdaes ntemacionais, cm espesal de abismo que *epsaria stados do Noste daqueles do Su . : “ “cemey ndo esti (io preacupado em demunciat as desigual- dades internacionais, algo que j ful realizado por uma imensa sama de autores ¢insttuigoes”, sh em mosirar por que prove velments cles vz0 sc agravat no agetle toa @ quai #80 0s petigos que isso azarveta, Ao analisar os grandes desafios que os povos enfrentam nesta virada de sécalo, ele reiteradamente demonstra ae petiaments tos cles cenrovem de wr forma oo de ou. tage agravar esas fisparkaces ene © Nore ¢ oS O a8 problema demogrilico, diz ee, €antes de nido dos patses pobres, 8 umma da suas provdvels consequéncias, us migragécs em: massa para regides ol paises rico, vai produ mis intolerineta ¢ cacisto nestestlkimes,erianco um clims de discérdia. A nove revolugio industrial ¢ a robstica, continua, s0 impréprias para os paises do Sol (que poxsuem alto crescimento demogratico ¢ necessidade ds prosorvar emproges,algan de cassia de capita pera as nevessérins inovagéies “ecnoldgicas) ¢ no final das contas vo ampliar drasticamente a produtividade do trabalho nas econo- raias desenvolvidas ¢ com isso agravar as j4 colossais diferencas entre elas ¢ 0 resto do mundo. E nao escuecendo que os avangos faa robstica tomam.a forga de tabalho desquelificadae com baixos salérios, tipica de reas periféricas, algo obsolete ¢ no limite até desnecessirio (uma vez que os rcbésestariam sendo cada vez mais aperfeigoados ¢ baratescias, 0 que conduzisia a uma eliminacao da inportneia do fates mio dobre. arts, 0 gue ris wn vez acentus os problemas des pafses do Sul. A bioteenologia, 49 Por sua vez, iri diminuir radicalmente a necessidade de solos agticulturdveis ou de minérios e, com isso, tornac muitas econo. | mias subdesenvolvidas (aquelas que exportam matérias-primas) * quase intiteis para o mereado mundial, E a expansic do sistema i figanceiro imternacionel implica novos € enormes perigas para ‘8 econoraias frdgeis, pois clas podem ser arruinadas (ou terem 28 suas moedes desvalorizadas) do dia para a noite de acordo com os instéveis humeres dos investidores dos paises ticas. Isso sem, contar com os avangos nas telecomunicagics, que de acordo com Kennedy somente beneficiam uma minoria—os paises ricos, que abrangem pouco mais de 10% da populagio mundial, e as elites minoritirias dos paises pobres -, projucicands a grande maioria da humanidade ao criarfalsos consensos, ao divulger urn consumismo inacessivel para as massas, ao destrnir tradicionais valores de solidariedade", i Até na recente valerizacio de problemitica ambiental o au. | tor enxerga uma nova facta dos conilites entre 6 Norte ¢ o Sul. ‘Mencicnando o cxemplo da industrializago stusl da China e da fndia, que estio sc twmande os maiores emissores de didnida de carbono (e de alguns ovtres gases nocivos) na atmostera, 0 autor | questiona se si justas és reclamagdes dos patses ticos, dye fize- cami o mesm2o no passado, pergunta se esse nip seria o prego a Dagar pera aumentar o rv e os niveis de vida nagucles paises, | mesmo raciocinio € usado para questioner as presses dos | paises viecs contra os desmatamentos na AmazOula, levaundo-se cm conta que os norte-ameri¢anos ¢ os europous destrufram grande parte de suas floresias no sSculo xxx © que atualmente i um norte-amecicano consome ca média 15 vezes inais energia do que um brasileiro. Kennedy, contudo, ado é um adepto do “progresse a qualquer prege”, da desconsiderago pela questid ambiental. Ele apenas, de forma coereate com a linha mestra que adotoy nesse trabalho, fustiga a hipocrisia das autoridades dos paises desenvolvides, que nfo fazem a sua parte e estariam interessadas de fato em impedie que a sua atual supremacia fosse ameagada por um desenvolvimento das economias periféricas. $0 Nas suas palavras: «leva de vot, ms un ve, pars polite, «evi © ws rages Mesa) Cann sont an sant ones dee neste vd, 9 aqeinerte global an sige acftentaro pblea de woh cmindo dividdo em Hens e pees.) Como a a pela de vigads Ress vont feteignd ox danos css atmesera ns rigs pode tee serincfitos em td o planeta A qulip ambien, com 9 amenga dk rrigagioer mats sigilica que ~ aver pc primera vez ee So faz pode pegacar6 Nor! E légico que o autor nao é um partidario da “guerra entre as mmundos geoecondmnicos”, se € que isso seria possivel, ou seja, do enfrentamento militar entre os Estados do Norte ¢ ox do Sul. Ble & mais um critico da “inconfabilidade do sistema” ou do mercado Fivrc, ¢ sugere reformas no sentido de regulamentar ¢ darmais conflabilidade ao sistema plobal®. Ele vécom umacerta desconfiangaa globalizagiie com o entraquecimento dos Estades nacionais — jé que isso agiavaria 2s desigualdades e tomaria 0 mundo mais instivel -, ¢ texmnina o ‘ivro fazendo um apele as liderangas politicas no sentido de realizar profundas reformas: 1a expansio da educacio, da pesquisa tecnolégica ¢ em especial da posigio das mulheres nos paises pobtes, nas neyociagics internacionais ~ que devem ser mais democréticas ¢ senstveis, 8 diminuigao das desigualdados ~ 4 respeito do aquecimento global, da regulamentagdo do sistema financeiro internacional, do crescimento demogritico ¢ das migrages. Apesar de ser um tipico sckolar anglo-sexénico preecupado em fundamentar suas afirmativas ¢ evitar uma visivel tomada de posigiio politica, Kenmedy conelni num tom alarmista que: E a enfreatemos nfo unano7a Eclare quecimn o deaparcrimenta da guerra fia entre: ferdem mundial” [pscmca] ¢ sim ura glareta comturbade € faturado, cujos ‘problemas merecem a atencio srt day peliicas 2 das povas (..) Se 28 desi no forem estos. humans <6 pder clara mesina elas penturbagice c pelos desastresque podem estar 4 nossa capers © principal repare que se pode fazer a esse tipo de interprets- sBo que vé ns nova.ordem, em especial nz globalizagdo, um agra. ‘Yamento constante da pobreza e das des! gualdaées internacionais, € 0 seu alto aivel de generalizagto. Norte ¢ principalmente Sul 5h fo duas nogées gonecondmicas demasiado genéricas, que se tomers populares na midia a partir dos anos 1980, mas que nio forocem uma ideie precisa de como omundo se divide sob oponto de vista da gerago de riquezas. Elas so titeis sim, em especial para o grande pilica ¢ para alunos de alvel elementar ou médio, ois afinal de contas z goneralizagtio do real ¢ necessériaem ccrtos casos. Mas do ponto ¢e vista ciemtifice, em espacial quando se quer enconear stores no cendtio mundial, on mesmo quando se quer conhecer mais profimdamente as desigualdades internacionais, essas nogéies pouco ajudam. Seria possivel, por exemplo, colocar num mesmo grupo —o chemado Sui — a Nicarégua ¢ 0 Haiti juntos com Cingapura ou com a Coreig de Sul? Ou Mogambique e Tanziinia juntos com o Mexico ¢ ¢ Brasil? Ser4 que nd existem algumas economias do Sul que estia se saindo bem nessa nova fase de globalizagiio ¢ re- volugdo tcnjeo-cientifica? Pade-se realmente dizer, sem cai nm discurso mezamente panfletizio, que a pobreza ou a miséria que existe em imimeras repides do mundo foram de Cato produzides (ou necessariamente esto sendo agravadas) pela globalizagio? E existe algum ator ou grupo denominado Sul que atus em con Junto nas discussées internacionais sobre o meio ambiente, sobre © Conselha de Segurance da ov ou sabre o sistem financeirm mundial? E cvidente que nfo. De acordc com cada assunto, 08 ‘grupos em oposigio se redctinem. Quando se trata de reformmlar aonve principalmente o seu Conselho de Seguranga, de um lado costumam estar Brasil @ Tndia (pleiteando a entrada do novos membros permanentes, cu sefa, eles prdptics) ¢ de outro lado (entre os Estados que descartam essa alteragio} normalmente esto a Chinae alé a Argentina. E quanio se trata de velorizar 4 biodiversidade ~ isto é, a8 florestas tropicais ~ de um lado estan determinados paises que possuem ama mepadiversidade biolS- gica (Brasil, Costa Rica alguns outros), mas ndo todos os paises subdesenvolvidos (sequer a maioria), e de cutre lado certas eco- nomias que dominam amplamente a biorecnologia (notademente 98 Estados Unidos), mas nunca um “Norte” eoesa. 52 OS CHOQUES CULTURAIS MARCARAO 0 SECULO XxI? YUNTINGTON E.0 NOVO PARADIGMA Samuel P. Huntington, diretor do Instituto de Estudos Bstra- tgicos de Harvard e professor de relagdes interacionais, além de conhecido estrategista da época da Guerra do Vieina (cle props em 1969 uma “utbanizasdio fergada” da populagdo sul- vietnamita come forma de combater os guertilheiros e © apoio popuilar a eles, que era maior ne campo que nas cidades), pro- ‘yosou um grande alvorago em 1993 quando publicou na revist Foreign Affairs um ensaio intitulado “Choque das civilizagbes © antigo inaugorou uma nova interpretagio sobre a geopolit mundial e logo foi traduzide em quase todo o mundo, suscitando oma onda de discussoes, A dein fundamental desse exsaio & simples: no mundo 96s~ guerra fria 08 confiitos nao sic mais ideoldgicos (capitalisme Yersus socialismo) e nem mesmo econdinicas como apregoavam varios autores (BUA versus Europa versus Japao, ou o Noite versus o Sul, ou ainds as disputas entre 03 “blocos regionais”), mas fundamentalmente cultursis: a civilizagao ocidenta} contra 2 islamica, esta contra hinduista, esta contra e chinese-confuciaas etc, Nas suse palayras: inka ese ade. que fone lordamental de conto nessenovermunto wy ser ercuivattdeltpnnemscostnce agro vss aut 2 a fone predomlnante de conditesrco de widen cull As magter-Estde contiaunizo a ser os rgemes mais paderesos tos avontecimentos globais, 53 ‘mas os prineipais conflins ocomerie cate nagiies © grapes ie diferentes iilizayOas. O choque de civivzagacs dominnea x politics global. As inhas Ae cist ete as civilizagdes serio as linhes de batalha dy futuro! Baseado em autores como Amnold Toynbee, para quem ahis- téria da humanidade sempre foi antes de tudo uma “historia das

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