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SASKIA SASSEN
I l)lIi\'cnidild(! lI<.. n.llllllhin

.:J
No inicio do eMenda de 60, n organização da nlividade
econômicn entra em uma fase de profunda trnnsformação. A mu­
---_/ dança se expressa pela nlternçiio dR estrutura da economia mun­
dial e no mesmo tempo f15SUme formas específicas cm determi­
nados lugares. 05 aspectos conhecidos desta transformação é o
de.mante!amento de antigos centros de poder industrial nos Es­
tados Unidos, no Reino Unido, mais rcC'entemente e cada vez mais
no Japão. assim como a acelerada industrialização em vários paí

i-iJWYJ lõ'CS do Terceiro Mundo. Um aspcC'to menos familiar. talvez, seja


, .-  
n rápida internacionalização da indüstria financeira na décaua
de 80, que incorporou uma multiplicidade de centros finaneeiros
/l ,. .(;'e. ......- - n_ em uma rede mundial de trnnsações. Finalmente, avanços na tec­
?d _ P 3_ ._..
(pUXlJY1oO-:r:Ç nologia da informática e das telecomunicações facilitaram a dis­
persão de tais centros no mundo lodo e, ao mesmo tempo, a sua
•• 0 •••••

participação em mercados internacionais.


Contudo, importantes questões acerca da regulação, do geren.
cialllento e dn prestação de serviços de t.al dispe.rsão espacial,
embora completamente integradas à organização da atividade
econõmica, deixnram .de ser examinadas e de ser respondidas.
Nas décadas subseqüentcs it Segundn Guerra Mundial, havia um
regime internacional bacado na predomináncia dos Estados Uní­
dos na econo.mia mundial e nas regras para transRçàes globais
incluídas no acordo Bretton.Woods, de 1944. Todavia, no início
da década de 70, AS condições que dMam suporte a este regime
foram se desintegrando. O colapso criou um vazio 110 lugar que
havia sido preenchido. talvez como última manifestação de uma
predominância nacional, por grandes empresas industriais e ban­
cos multlnacionnis norte:americanos. Neste período de transição,

• g"Lc texto, prcp(iradn parll 14cr opn'!'1cntudn nn ConfrCnci8 sohre Cid3de


c.' ;llpi\Çf) u toIcr pre:O;l'pillClfl,!ln! Bdn i-1ori1.lll\t!l, 15.16 de t1W1.!lln de 1991, hBSCiR.C
n'l Iivl''' da Ifolllllrll, n." (;1"Iml (,'ity: Nf'lI' 'flrk, l.ulltl111I, 7iJky'" l'rinl'elnn Uni.
vcrily I'rc!l!t, I q!11

'"
IR8 SASKIA HAi1.fN A CHIAm: l:I.OIlAI. 189

O gerenciamento da ordem económica internacional, em grande nológicos, os custos de implnntaç;10 dos sistemas são cada vez
extensão dAsorden.Rdo, escapou ao controle do centro de operações mais elevados e n tendêncin é fi de que R' telecomunicações sejam
destas empresas. Com o início da dé.cada de /lO, os grandes bancos deenvCJlvirins em conjunto com usunriQs maiores, que soo tipi
multinAcionais cios Estodos Unidos enfrent.ftram fi grave crise da ('i1111enh' n', rl11preIlS com' t.,riu'ntles 111ercnrios nacionnis e muno'
. dívida externa do Terceiro Mundo. e as ind\íst.rias, norte-amcri-
i ' , , " "
dinil" l( 11t(l115, lmW .. , Emhora l,ujR llmll eRtreiln conexi\o' entre
i',) 'I' l j anas an!arglrf.1m ..gr:ndes perdas o merendo de ações para n 'I) l'rodnwl1tn dul'l nH!rlHlu,s iternHciol)ni!' pHl\"O as IiIlHnçus,e os
" f" j,J"conc.'-orréncin estrRngeirA,; Ainda assim, R economia' internacional' .negõcios, 11 telldêncin e a de que'_m elllp''$I..fJnH)jo1s StJ C'on.cen
 símpleomente nilo 'oe despedaçou. A geografia e a composição da' trem elll l'id,udes lJ'lOires e que 'hajn" d'fse'tJJblvimonlri de inrrR1
,economia mU,ndial transformaram-se de modo tal 'que produziu ,etruturo!' dl telecnmunicnções em 'tilifl" cidndes. Empresas com
uma complexa'.dunlidade: uma organização da atividade econô. mercados lIIundiais ou processos de produ'iin mundial obtêm fn­
, mica 'espacialmente dispersa mas ainda mundial"mente integrada. ,cilidades pnra AS telecomunicações Avançudns, Além disso, fi oce-

) :'I J;,;li11aa. !-e se çeWa.1 q","'rienta:minh..,.re.se:'toção, ''l.de qlH ::"
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': 'I,r .f-: lerção d? lercml!l-.  nilcpi.roe,",a jntcrnlw1cionn,i\Ç. or. .,
, " a, clInblhação da dlsperoill>. espacial e dâ Integração .mundlal - . num aCefl;lvp.IS os faclhdndtS essenCn1S paril o avnnço . {jAs 'tele. "
sob: à condição de' continutdade da concentraçà'o do,donlinio e CIo comunicaçÕes, A principal drna,dh ;pnrn ClS serviços de teleco.
conrole econômicos -' ten contribuído no desempenho de um I11Ullic.'açl'o e proveniente dll intiüstrins de informnçÃo intensiVA
papel estratégico das maiores cidades mi atual faoe da economia tlue. por seu lado, tendem n se s.'edil',r nEls cidades mniorps; de.
munuil;!.' Muitns vez';s devido a suas longas histórias corno cen. tentoras. de lni racilidncl(.
l.ros múndiais de negócios e transoçiles baricárias;'estas cidades Nesln per$pctivl\. n primeira pnrtt! ue:;le texto exnmiun as
fcona.hjecorn potos de ,com!'/l¥.n,.orl:anizaço da eco; . ',o . principais caraCte.rfsticns econõmicas dl1s cidades glolmis, A se.
.' noml8 mundl81 ,cpmo lugares.chave!. .. ' praças de' metcado fua,:' i.".: ...' ';', ",f..,'Und pnrte-.exufllina as conseqüências !:'ocinis e 'J>olílicn desse" "":
". - '- ,- •. " - ,-, ,.,! .';"" ,
damentnis'para:as indústrias que lideram neste 'período,' finan . dt'!i'l'l1volvimepto., \
ceira's e de serviços especiaJizndos'p8r8 empresas e-como campos.
para a produção de inovações nas indústrias. Estes cidades vie.
I - A cidades na economia mundial
rAm n concentrar tão VRstos recursos e as in'dústrins de liderança
exerc'ernm tilo pesada influência na ordem econâmica e_social des-
I
! 1. Centros r.lundiais tle Comando
tas cidades, que aCRbararn por criar a possibilidade de um novo
!
tipo de urbanizaçil, de uma noa cidade. Eu achamo de cidade. ,

,;1,
Em que sentido n pnsiçào que estas cidndes ocupam nR econo.
globa!. Os maiores exemplos na década, de '80: são Nova .York, I min mundiill de huje difere da posiçõ.o dR cidndes que foram
Londres 'e Tóquio. Um número limited de cidades emerge como hiswi-icmnente centros de ntividaries financeiras e ele neg6cios?
pont.osinternacíonnis para investimentos, para escritórios, para . Q\l8ndo M»x \Veber fez a nnálise dos cidades medievnis, eIRh
n prestação de s'etviços e de consultaria, financeira a vários mer­ mela junto AO modelo da Liga Hanseática, concebeu seu traçado
cados do mundo todo: Estn lógica de análise sugere que.i. Europa como a troca de produç"o excedente; oua vi silo erA a de que A
de hoje' terá mais adiante fortelecido o papel de várias grandes cidnde medieval poderia ser retiraua de seu traçado externo e
cidades européias,' entre elas, Paris, Frankfu'rt e Madri. continuar fi dar suporte n si mesma, aindo que em uma escala
A tecnologia da informática lorna possível a dispersão geográ. reduzida. O núcleo moderno das cidades globais nada mais é do
fica e a integração simultânea de muitas atividades, Mas as con­ . que o trAçado entre lugares auto.suficientes da Liga Hanseática,
dições distintes sob as quais tais facilidades são disponíveis pro. tal como Weber compreendeu.
movem n centraliznção de usuári<{l:;. mais avançados nos centros
, .

Hoje, R dispersão territorial da ntivi,dade econâmicu' em escalas


de telecomunicações mnis nvançados, Ainda que alguns poucos nacionul e mundial crin n necessidndi1 rle expan'sno do controle e
ccnt.rd urbanos 1118is novos tenham tido oesso aos avanços tec- do gerencimnento ,centrAis, desele que tnl dispersão ocorra sob
190 RAHI< I A HAHSf';N A "mAr"; "LOIlAI. 191

condições. de concelllrHÇrio cconômicn contínUll. A dispersão local poder.so-ia di7.er, de uma nOVA lógica. para a aglomeração. Uma
e internacional do loco de crescimento e 11 internacionalização do questão-chuve se' apresenta em relação fi quando os avanços da
"mndo finnnceiro traz para o debate questões que dizem respeito telecomunicap'\o serÃo Aplicndos para estas funções centralizo.
ti inco,"pornçAo de tal crescimento no processo oe geração de lucros doras.
que contribui para n concentraçÃo econômica. Isto quer dizer que, A economia epncial da inovação tecnológica parece seguir o
embora. em princípio, fi descentralização territorial da atividade mesmo padrno ele di.persno e de a/::lor';oraçi\o CCastell, 1989).
econlhnica possa ter vindo Acompanhada por uma descentraliza­ Umfl nnÁlise mais abransenle pode ser encontrada no mais re.
çào correspondente no domínio e, conseqüentemente, na apropria­ cente livro de Castell, The /Il(nrmntimw/ CiI)' 11989J. Ele afirma
ção dos lucros, houve pequeno movimento nesta direção. Mesmo. que é preciso reestruturar os processos, nos moldes de como a
que as grandes empresas tenham aumentado o volume de sub. industria eletrônica produz uma lógica locacional, caracterizada
contratos com firmA. menores e muitas empresas nacionais, em pelo fortalecimento, não obstante A crise urbana e a baixas na
palses recentemente industrializados, t.enham crescido rapida. economin, de centros pnra innvnção.de alto nível, que comandarão
mente, esta formn de cre!'cimento ultimanente foz parte de uma e est.un;,n no seio de um sistemu de produçli.o" espalhado no mundo
codein, na qual um mimero limitado de corporações continua a lodo. Secunclarimnp.ntc, uos meios de inovAçflo" continuarão a se
cont-rolar o prollutn final e fi tirar proveito de lucros 8!'!'ociados desenvolver coda vez mois, porém sem ter uma função de invo.
com vendas nn mercado mundial. Até mesmo o proceso de in. vaçõo mos. sim de ucscentrRlizaçno de alGuns aspectos do processo
dustrializaçi\o Ibcal, em distantes áreas rurais, faz parte hoje des. de inovaiio. Assimt a produção interna continuará a existir, to.
t.a cadeia. Isso tudo não é evidente apenas em relação a empresas, davia com muito mai5- Qualidade, através da automação de ope­
é também evidente em relação  lugares. Nesse sentido, a inter­ rac,ies ToUncirAf' e do aumento de processos inLernos de fabricaçiio
nacionalização e a expansão do' mercado financeiro mundial pro. avançados. Entãot fi divisão espacial de trabalho permanecerá
piei aram o crescimento de um grande número de mercados fi. como um traço distinto das indústrias de tecnologia da informação
nnoceiros menores, um crescimento que tem alimentado a expan. ICastells, 19119, capItulo 21.
são da indústria como um todo. Todavia, o nível máximo de con. A transformação espacial e técnica da atividade econômica in.
trolo o de gorenciamento da indústria permanece concentrado em clui R dispersi\o geográfica de fábricas, de escritários e de empre­
POUCOl'; centros financeiros direlores, ef-peciairnente em Nova sas prestadoras de serviços e a promoção acentuada do uso de
York, Londres e Tóquio. Esta vantagem vai para uma parcela servio,. Altamente especializados, freqüenlemente relacionados
desproporciona) em relação a todos os transnções financeiras, Que com o desenvolvimellto dn microeletrônica. Esses dois processo,
é a que tem crescido rapidamente desde o inIcio da década de dispersão e espcciali1.ação de serviços, interagem e se sobrepõem.
80. A dinâmica fundamental pressuposta aqui é a de que quanto A disperSÃo mundial de fábricos, de escritórios e de empresa!'.
mais El economia for globalizada, maior serri. fi convergência de prestadoras de serviços devem coordenar planejamento, adminis.
funções centrais nas cidades globais. tração interna e distribuição, mnrke/ing e outras atividades dos
A nitidez das densidades demográfic>ls extremamente altas nos centros de operações. Como as grandes corporações dirigem-se
centros expandidos destas cidades é n expressão espacial desta para fi produção e R venda de serviços prestados no consumidor,
lóg;ca. A noçno amplamente aceita de que a aglomeração torna-se um grande leque de atividades, anteriorment.e desenvolvidas por.
obsoleta, enquanto os avanços da t.elecomunicação mundial po. empresas de serviços ao consumidor sem suporte adequado, é des
dem levar à máxima dispersão, é apenas parcialmente correta. locado para os ceatros de operações' dos novos proprietários in­
Eu digo que é exatamente porque a dispersão espacial foi facili. corporados. Um padrão paralelo de expansão de planejamento
tada pelos avanços da telecomunicação que a concentração de ati. central de alto nível e de operações de controle ocorre nos gover­
vidades centralizadorns se expandiu imensamente. Não se trata nos, realizado em parte pelos desenvolvimentos técnicos que tor
de' mera continuidade de velhos padrões de aglomeraçào mas, nam i!õso possível e em pnrte pela crescente complexidade de ta-
1!J2 I\I\I;\ H,\HSI,:N
A CIIlAIJIo: 111.llllAl. 193
. rcflls reguladoras c administrntivas, FinnlmenLI!, n novn concen. bricas, escril6rios e empresas prcstndorns de serviços sob condi­
lrnçno de UIll consider'óvt!1 cnmponentl" cip. ntividadr e tra'J1f1ções ções de continuidade da coocentraçào económica;
de investirnentll estrnngcirp nus principais l'idúde!õ' lem alimen. b) a produção de inovações financeims e a riaço de mercados,
tado rnai ainda este mic!£'o cconômico de cOIlt.rnl de clunlidnde ambas essencinis à internacionalização e a expansão da indústrin
e ns funçõt!s dos scrvi'os, .Em 5umn. AO Indo rins tendências cle financeira. Há duas Atividades distintas aqui: uma que corres­
descentralizaçno tüo bom documenludas, hi tendências de cen. ponde li produçÃO de serviços avançados e outro, li indústriA fi­
tralizaçào novas e menos belll documentadas. nanceira,
Controle ( gerencinmento ccntrnlizados sobre uma formnçfln A dinlimlcA.cl1Rve que AtraveSSA estlls váriaS atividades e que
de fábricns, nscritórios e empresas prestadorns de serviços dis. organiza A nnálise da posiçÃO das cidades globAis na economia
persa geograficamente nnu ocorre inevitavelmente COl11O parle ri£' mundial é a capacidade parA o controle global. Este último lor­
um "istell1n lI1undinl", lsso requer o desenvolvimento dt uma na.se essencial se fi disperSÃo geográfica da atividnde econâmicn
gn111R 1l1uito nmpln de sen'iços allamente eper:ializndos P. de fun. - seja de fábriCAS. de escritórios ou de merendos financeiros ­
ções de g'p.renciamento H d controle no níl'el nuhimo, É isso o estiver sob concentração contínUA de domínio: e de aproprioçiio
que t'onslilui os COmlJa)lellts pôlrn n "cnpélcidnde d control .. glo­ de lucro. Esta capacidade para o controle global não pode sim­
hal" (Sasen, l!JHHI. Com o' pole-ncinl paro a Cilfl:lcitlutlp. de controll'
plesmente estllr subsumidA aos aspectos estruturais do globali­
glolml, nlg-ulIllIs l'idades lornum.fW micleos de UIIl vasto sislcl1w zação da atividade económica. É preciso ser produzido. É insufi­
ue comunienç-õlls e de mercndo, A\'unços mt industria clelrõnica ciente pre-ssupor, ou tomar como certo, o poder Rssuslc-"lcior das
e dA" telecomunicações transformnram geograficnmente cidndes grandes corporações, Os governos, inclusive, se deparam com um
distnntes em centros de l'oll1unicnçAo global e de gerenciamento ambiente cada vez mais complexo1 onde equipamentos altnmente
n longa distância,
sofisticados de gerenciamento e controle centralizados SÃO neces­
Em resumo. H disperSl\O espacial de produção e n reorganização sários. Esta'provavelmente é umn das razões peJas quais a so­
dn inuustrinfinancpira crinnttn novas formas de centrnlização ciedade nasceu 11 custa de de.envo!ver capAcidodes poro controlor
pnrn o gmoenCill11lent.o e n ng'ulllção tle umu redo glohal de l'AmpOS vastos ,territórin {um lema completo em si mmolo
d prouuçi'io (' IlIcl'l'udosfinanceiros, A dispersão cSflHcial do pro. Através de um enfoque di"ig;do sobre a produçiio destll capa.
I
dução, em algl.ll1l" cnos internacionalmente, tem estimulado o cidade, eslou pretendendo desvinr o foco de atençào da questão
cresciniento' de núcleo!:' de serviços centralzado para seu gereni '1
, familiar que é o poder dAS grandes corporações, acim" dos go.
ciamen.to e regulnplo e os avanços das telecomunicações têm ró,. vernos e das economias, ou da questão da concentração superin.
 cilitRdo tnnto A disper!'iio qUHnto n prel'laçno tlt' serviço5- celltrn. corporada de poder atrAvés de conexóes com entidodes dirigen!.es
liznc1u.  .. ou organizações tais como o FMI. Ggstaria de me ater A um as­
peelo que tem recebido menos atençAo e que poderia ser referido
2. Campos de produçiio " prnçAS de merCAdo pArA O CApitAl
global
como a prática de controle glebAI: o trabalho de produzir e de
reproduzir' a organiZAção e o gerenciamento de um sistema de
UltrnpnssnncJo o domínio elA literAtura existente acerca de cio produção global e umo prAça de mercados financeiros global, Am­
uades, pressuponho que os cidAd ... globais são ui" tipo 'especificó bos sob condições de 'concciltrnção econômicn, Meu foco de atenção
de campo de produçno e considero SUAS funções"dc comando ren. nAo está no poder, mas nA produção: a produção de insumos que
trai como um processo de produçào. Há campos para: . constituem a capacidade para a CApacidade de controle global c
n) a produçüo de r.rviçnf', especiAlizados neces:irios parn as a infra-estruturo de empre{:os envolvidos nesto produção. [.so
orgullizltçõe's complexas, incluindo principalmente o gerenciamen­ possibilita Que eu me concentre nas cidades e na ordem social
to no nível mais elevado, controle e operações de serviço neces­ urbana relacionada com estlls atividAdes.
nrios para p. flp.rcorrer uma rede cpRcin)mentedipersn cip. fá.
FornUllmente, o desenvolvimento dn corpornçl1o modernn, e sua
,.

194 SARIIIA SASSI'N A CIlJ.A,fJf:: t:l.nllAL H15

sólida participação em mercAdos murdiais e países estrangeiros, recer n centralização das funções de gerenciamento c prestação
tem realizado planejnmento, administração iJ1trna, desenvolvi. de serviços que fomentou o hoom econômico, desde o início até
mento e pesquisa de produto cada vez mais importantes e com­ meados da década de 80, em Nova York, Londres e Tóquio, A
plexos. Entretanto, precisamos nos ater ao Que ocorre no processo explicação deste fenômeno precisa f;er aprimoraria de várias ma­
de produção. Diversificação de linhas de produto, fusão de em­ neiras. Serviços avançados são na maiorin das vezes serviços pres­
presas e perda de divisas das atividadE:s económicas requerem tados no produtor; ao contnirio de outros tipos de serviços, eles
práticas altamente especializadas <Chandler, 1977). Tudo isso nno dp.pendem das ndjacêncins para servir aos consumidores. An­
também tem Haumentado R dependência da corporação em ser. tes de tudo, economiza-se com a utiliznção de tais empresns es­
viços ao produtor, o que, em compensação, tem fJcelerado o cres­ pecializadas quondo elas se encolltrnt próximas n outras que
cimento e o desenvolvimento de níveis mais alto de especializa­ produzem insumos essenciais ou cujo proximidade torna possível
ção entre empresas prestadoras de serviços ao produtor" (Stan. juntar a prOdUç'l:lO de determinados seriços oferecidos. Além dis­
back e Noyelle, 1982:15), O que uma vez eram recursos de apoio so, n cOI\('entração promove necessidades e expectativas nas pes­
. para as grandes corporações tornaram-se insumos cruciais nas soas, como estar empregadas nestes novos serviços Que exigem
tomadas de decisões junto às empresas incorporadas. Uma em­ muit.a prática. Elas são at.raídas por nnlHnidades e f!sliloc; de viver
presa com uma multiplicida<!e de fábricas dispersas geografica­ que os grandes centros urbanos podem oferecer. Os escritórios
mente contribui para o desenvolvimento de novos tipos de pJa­ de cont.abilidade podem servir seus clientes à distância, mas a
nejamento em termos de produção e distribuição nos arredores natureza de seus f'erviços depende da proximidade t'om especia­
da empresa. O desenvolvimento de multi-sedes industriais, de listas, advogados, programadoras. Nest.e sentido, então, pocle-f'c
serviços e de bancos criou uma demanda que se tem expandido falar de campos de produrão.
formando um leque amplo de atividades de serviços especializados No caso da indüstria financeira, pressuponho que esta dinâ­
para gerenciar e contolar redes globais de fábricas, postos de mica seja tão importante quanto, mas há dUHs fases distintns.
serviços e filiais de escritórios. Embora, em alguma extensão, es­ No final de Hl82, houve fi cril"e da dívidn externn do Terceiro
sas atividades possam ser realizadas na própria instituição, urna MunLlo. Os wandes bancos multinacionais dominavam os mer­
grande parte ,não pode. Altos níveis de especialização, a possibi­ cados financeiros tanto em termos de volume Quanto de natureza
lidade de exportor a produção de alguns desses serviços e da de­ das transações firmadas. Após 1982, este predominínio é cres­
manda ser aumentada por grandes e pequenas empresas e pelo centemente ameaçado por outras instituições financeiras e por
governo, são condições que tanto deram origem como tornaram maiores inovações que.' produzem. Tudo isso provocou a transfor­
possível o desenvolvimento de um mercado de empresas de ser­ mação nos componentes que dirigiam a indústria financeira, a
viços autónomas que produz componentes para o que eu referi proliferação de instituiçôes de finnncimcnto e a rápida interna­
como capacidade de controle global. cionalização de mercados financeiros. A praça de mercados e as
Por outro lado, isso significa que as pequenas firmas podem vantagens da aglomernçno assumiram novO significado nos anos
çomprar componentes desta capacidade, tois como consultas de AO e levarnm simultanenmente:
gerenciamento ou novidades relacionadas com a legislação inter­ a) à incorporação de uma nmlLiplicidade de mercados do mundo
nacional. E isso é possível para firmas e governos de qualquer. todo em um sistema global qe alimentou o crescimento da in­
parte do mundo. Em suma, enquanto a grande corporação é in. dústria, após a crise da dívida externa de 1982, e
dubitavelmente o agente-chave na indução do desenvolvimen­ bl a novas formas de concent.ração, especificamente a centra­
to desta capacidade e sua primeira beneficiária, não é a única lização da indústria em poucos centros financeiros dirigentes. En­
usuária. tretanto, no caso da indústria financeira, um foco de atenção vol­
O crescimento de serviços avançados para as empresas, junto tado exclusivamente nos bancos multinacionais excluiria preci­
com suas características particulares de produção, ajuda a escla- samente oS setores da indústria, onde .llluitas das inovações do
196 SASKJA SASSEN A elllAIlE GI.ORAL 197

novo crescimento e da produção ocorreram e que, uma vez mais, e internacional. Conforme a hipótese levantada antes, este mesmo
deixariam de fora um exame do amplo leque de atividades, em. processo contribuiu para o crescimento da indústria de seÍVíços que
presns e mercados que constituem a indústria financeira dOR produz insumos especializados para concorrer no processo de produção
anos 80. global e mercados globais de insumos e produtos finais. Estas indús­
Nessa persp'ectiva, há algumas razões para prestarmos mais trias (assessoria jurídica e serviços de contabilidade, consultorias de
atenção à praça de mercados e aos. campos de produção do que gerencisrQento, serviços financeiros) estão maciçamente concentradRS
às grandes corporações e aos bancos. Em primeiro lugar, ft maio­ em cidades tais como Nova York, Londres e Tóquio.
ria dos estudos acerca da internacionalização da economia tem. Precisamos saber tanto como este crescimento altera RS rela
se concentrado nas grandes corporações e bancos multinacionais. ções entre as cidades globais como também o que os antigos cen.
Em segundo lugar, limitar o foco de atenção em corporações e tros de liderança industrial representaram em suas nações. A
bancos siificaria dar mais atenção ao seu poder do que ao vasto globalização realiza uma triangulação de forma tal que, por exem.
campo de atividades econõmicas, muitas delas marginais à cor. pIo, Nova York desempenha ntualInente um papel nas fortunas
. poraçi\o mas necessárias à produção e à reprodução deste poder, de Detroit que nilo desempenhou quando llquela cidade e.ra o cen­
ativiuUlles principAlmente concentradas nas -maiores cidndes. Em tro de liderança da indüstria automotora e esta última era uma
terceiro lugar, no caso das finanças, a atenção direcionada aos indústria exclusivamente norte-americana tanto cm termos de
grandes bancos multinacionais poderia deixar de lado precisa­ concentração geográfica quanto de domlnio de mercado? Ou, no
mente este setor da indústria institucional, onde os componen. caso do Japão, precisamos perguntar, por exemplo, se há uma
tes-chaves do novo crescimento foram inventados e postos em cir­ conexão entre a crescçnte substituição" de produçilo da cidade da
culaçi\o. Finalmente, uma atenção exclusiva às corporações e aos Toyota (Nagóia) para o estrangeiro (Tailãndia, Coréia do Sul, Es­
bancos omite determinado número de questões que dizem respeito tados Unidos) e o desenvolvimento, pela primeira vez, de um noYo
ao impacto social, econômico e espacial destas atividades,nas cio centro de operações da Toyota em Tóquio.
econtõm. . Se este for o caso, como isso altera a relação entre cidades
Este enfoque traz à luz as posições de diferentes tipos de cio maiores tais como Chicago, Osaca, Manchester, antigos centros
dades na organização atual do mundo econômico. Um número de liderança industrial no mundo e nos mercados nacionais e in.­
limitado das maiores cidades são os campos de produção para os ternacionais em geral: elas perderam terreno também em suas
serviços especializAdos e produtos financeiros vendidos nos mer­ funções, por exemplo, de centros financeiros. Tanto Chicago quan­
cados nacionais e mundiais. E um grande número de outras ci­ to Osaca foram, e continuam sendo, importantes centros finan­
dades grandes perderam seu papel como centros de liderança de ceiros. Teriam elas perdido terr'Ono nessas funções como resultado
exportações da indústria, exatamente devido à descentralização de seu declínio nos mercados industriais internacionais ou resis.
da produção. tiram paralelamente à transformaçilo rumo a funções forçosamen­
te de serviços? A conexão entre estes antigos centros'de liderança
industrial e os mercados nacionais e outras cidades maiores mu.
II - Impactos
dou? Uma cidade como Chicago esteve e permanece no seio de
I' um sólido complexo agro industrial, uma vasta economia regional.
1. A interdependência de cidades'
Como o dec1lnio deste sistema econõmico regional afetou Chicago?
Uma questão que se apresenta diz respeito ao impacto da glo. O que o novo crescimento embutiu nos serviços ao produtor e nos
balização das maiores indústrias, das automotoras às das finan. serviços financeiros vinculados aos diferentes nfveis da hierarquia
ças, nos sistemas urbanos nacionais. Cidades como Detroit, Li­ nacional urbana?' E em que extensão a descentralização da in.
verpool e, egora cada vez mais, Nagóia e Osaca, têm sido aretadas dústria manufatureira alterou a base econômica das cidades me­
pela descentralizaçi\o de suas indústrias-chave no nível nacional nores na hierarquia urbana nacional?
198 SARlUA SM.I';N A CIDAllf; GWRAI. lD9

As tendências mais amplas apontam para o item anterior, no R questão trabalho. Os insumos precisam ser produzidos assim
que diz respeito à descentralização de fábricas, de escritórios e como os prédios que abrigam os trabalhadores precisam ser cons­
de empresas prestadoras de serviços e à expanso de funções cen­ truidos e limpos. O rápido crescimento da indústria financeira e
trais como conseqüência do necessidade de gerenciar tal organi. das empresas de ,serviços altamente especializados geram não
zação descentralizada de empresas, que podem muito bem ter apenas empregos. técnicos e adn)inistratios de alto nível, mas
criado condlçõef; que contribuíram paro o crescimento de subcen­ também empregos não efõpecinlizados e com baixos salários.
tros regionais, versões em ef:caln reduzida do que significam Nova Há também a criaçfi.o indireta de empregos de baixa renda,
York, Londres e Tóquio em escala mundial e nacional. induzida pela presença de um setor altamente dinAmico com uma
'ruis desenvolvimentos também levantam questões acerca da distribuição de rendo polarizado. Isso ocorre no âmbito do con­
emergência de uma hierarquia global elementar de cidades assim sumo (ou reprodução social). A expansão da força de trabalho de
como acerca da relação d uma cidade globul com seu Estado-na­ alta renda, aliada à emergência de novas formos culturais de
ção. As novas formas internacionais de atividade econômica colocam viver o dia-a-dia, provocou um processo de agrupamento de pes­
um problema acerca da conexão entre Estados-nações e cidades glo. soas com altos rendimentos que depende, em última análise, da
bais. Considero a possibilidade de uma descontinuidade sisWmica disponibilidade de um vasto suprimento de trabalhadores de bai­
entre o que usualmente costuma.se pensar como crescimento na. xa renda. O aumento de restaurantes caros, moradias luxuosas,
cional e as evidentes formas de crescimento nas cidades globais nos hot.éis luxuosos, lojus de alimentos especializados, butiques, la­
anos 80. Estas cidades constituem antes um sistema do que .sim. v.andarias francesas e Unturarias especiais, que ornamentam a
plesmente competição de uma contra outra. O que contribui para nova paisagem urbana, ilustra esta tendêncin.
o crescimento na rede das cidades globais não contribui necessaria­ Um segundo desenvolvimento que atingiu proporções signifi­
mente para o ercscimento das nações. Por exemplo, o crescimento cativas é o Que chamo de decadência do setor mnnufatureiro, um
nas cidades globais tem sido alimentado pelos déficits do governo proceso no qUAl. uma parcela de lojas associadas a este selar
no nível nacional e pelo declínio dos maiores centros industriais nos declina e deteriora os salários enquanto confeitarias e serviço.s
Estados Unidos, no Reino Unido e no Japão. domésticos industrializados proliferam. Esse processo inclui a de­
cadência de empregos nos indústrias existentes e dos padrões de
2. A ordem social e politica da cidade global oferta de empregos em algumas novas indústrias, principalmente
O que seria o ipacto deste tipo de crescimento econôrnico na na montagem eletrônicH. É digno de nota que este crescimento
ordem econômica e social mais abrangente destas cidades? Há vasta da decadência do selor mnnufatureiro tem sido muito forte em
Jjteratur acerca do impacto de uma dinâmica, alto crescimento do cidades como Nova York e Londres.
setor manufatureiro nos países altamente deSenvolvidos, que mostra A expansão de empregos de baixa renda como uma função de
como isto fez elevar os salários, reduziu a desigualdade e contribuiu tendência de crescimento implica fi reorganização da relação ca­
para a formação de uma classe média. Há muito menos literatura pital-trabalho. Rever tal processo é importante para se distinguir
acerca do im pacto da economia de serviços. as características de empregos em suas locações setoriais. Isso
. A prestação de serviços para os negócios de alto nível, da con­ significa que setores altamente dinâmicos, de crescimento tecno .
tabilidade à especialização na tornada de decisões, não é analisada logicamente avan.çado, podem muito bem deixar empregados de
usualmente conio produção ou como processo de trabalho. Tais baixa renda num beco sem saída. Além disso, a distinçÍio entre
serviços normalmente são vistos colno um Upa de resultado, ou características setoriais e padrões de crescimento seLarial é cru.
seja, de conhecimento técnico acúmulado de alto nível. Nesse sen­ cinl: aetores atrasados tais como o mnnuratureiro decadente ou
tido, uma atenção insuficiente tem sido dada ao recrutamento de ocupações em trabalhos com baixa renda podem ser parte de ten­
empregados, de alta renda e de baixa rendd, envolvidos na pro­ dências de crescimento maiores em uma economia altamente de­
dução destes serviços. Uma maior atenção à produçã traz à tona senViJlvido. Assume-se freqüentemente que os setores atrasados
200 RARI(JA SASSI.;N A emAllE OI.onAL 201

expressam tendências de declínio. Da mesma forma, há uma ten. diçõcs e os padrões, subsumidos 'no 'priciro processo, sugerem
dência a se considerar que as indústrias avançadas, tal como a uma transformação nas conexões econômicas entre cidades glo.
financeira, têm excelentes empregos de colarinho branco. Na rea. bais, os Estados.nações onde estão localizados e a economia muno
lidade, elas incluem um bom número de empregados com baixos dial. Antes da fase atual, havia estreita correlação entre setores
salários, desde faxineiras até controladores de estoque. de maior crescimento e, açima de tudo, crescimento nAcional; hoje,
A nova estrutura da atividade econômica provocou mudanças vimos aumentada assimetricamente: as condições que promovem
na organização do trabalho que são refletidas por acentuada troca o crescimento nas cidades globais incluem como componentes sigo
de empregos, com forte polarização .ocorrendo na distribuição de nificativns o declínio de outras áreas dos Estados Unidos, do Reino
rendas e na distribuição de ocupaço dos trabalhadores. As in. Unido e do Japão, e a acumulação da dívida do governo e da
dústrias de maior crescimento apresé'ntam umn grande incidência dívida da empresa incorporada. O qURrto processo, diz respeito
de empregos com altos e baixos salários de escala do que as in. às novas condições de crescime-nto que contribuíram para a cria­
dústrias mais antigas, agora em declínio. Cerca da metade dos ção de elementos de uma nova classe alinhada às cidades globais.
empregos nas empresas prestadoras de serviços ao produtor é de A estrutura' ocupncionnl das 'indústrias de maior crescimento,
renda mais baixa e a outra metade está nas duas categorias dos caracterizada pela concentração localizada dos setores de maior'
ordenados mais altos. Por outro lado, uma grande parte dos ope. crescimento nas cidades c.Jobais em combinação com fi estru­
rários do setor manufatureiro esteve na categoria média durante tura ocupacional polarizada destes setores, criou e contributu
o p6s.guerr8, período de alto crescimento destas indústrias nos para o crescimento de um estrato de trabalhadores de altos
Estados Unidos e no Reino Unido. .' salários e de baixos salários. Isso se deu de forma direta, atra.
vés da organização de trabalho e estrutura ocupacional dos se.
tores de maior crescimento, e agiu indiretamente, através dos
III - Conclusão
empregos requisitados para atender aos novos trabalhadores
Em síntese, pode. se identificar quatro grandes processos para com altos salários, tanto no trabalho como na casa, assim como
o trabalho, na formação de cidades globais. Primeiro, a dispersão para atender as necessidades de expansão da força de trabalho
geográfica de indústrias, que contribuiu para o declínio dos ano com salários baixos. A combinação de altos níveis de especu­
tigos centros industriais, criou uma: demanda para a expansão lação e a multiplicidade de pequenas firmas como elementos
do gerenciamento e do planejamento centralizados e os necessá. centrais do complexo finânceiro e prestação de serviços ao pro­
rios serviços especializados, componentes-chaves de crescimento dutor suscita uma questllo relativa à durabilidade deste modelo
nas cidades globais. O movimento de amplas corporações em di. de crescimento. Até que ponto os maiores bancos assumem urna
reção à prestação de serviços ao consumidor, e a complexidade . vez mais o principal papel na indústria financeira? E até que
crescente da atividade governamental alimentaram mais 8 de­ ponto a competição e a preponderância dos llderes da escala
manda para os serViços especializados e a expansào do garancia­ caminham para a fusão e pala a aquisição de pequenas em'.
menta e do planejamento centralizado, embora não alimentasse presas? Finalmente, e talvez o mais importante, até que ponto
necessariamente o decllnio de determinadas localidades, como no as fontes de lucros gerados por esta forma de crescimento eco.
caso da dispersão da indústria. Segundo, o crescimento da indús. nômico estão se esgotando?
tria financeira, e especialmente de setores-chave desta indústria
beneficiados pelas pollticas e pelas condições que prejudicaram
outros setores industriais, principalmente o manufatureiro. O Referências bibliográficas
efeito disso, novamente, foi alimentar o crescimento dos serviços CASTBLI ...'). M. - 1'11 t,,(nmrntimrnJ City. IJ'lndrolt, B1ackwcll, 191:m.
especializados localizados em cidades maiores e enfraquecer a SASS;N. S. - Thp. {lInhol City: NC'w Yorlr. IÃlrrdOlI. Tokyn. I'riOCl'lflR Univcrsily
base econâmica de outros tipos de localidades. Terceiro, as con. I'n'!4!C, I !JI"H.
202 SASKlA SAS.qEN

SASSEN.8... Th MobiJily o{ LAbor ond Ctlpikti:.A Sludy i" Intcmationol ln­
IJedmcnt tUld lAbor Flow, Nova York, Cambridge UnivoniLy PreM. 19S8.
STANBACK, T. M. e NOYELLE. T. J. Citk., in 7'rn.n,ilu,n: Ch(lnging Job Slrue.
lurclf in Atln'ltn, Dctlvcr, nuffnln, Phomi..T, Cnlumbus (Ohio', Nos/lUille, Choro
A QUESTÃO REGIONAL:
lntk. Nova .Icrl'lcy, Allcnheld, Osmun, 19R2. A DIVERSIDADE NA HOMOGENEIDADE
(Comentário ao Texto de Liana da Frota Carleial)

TreduçAn AnKela Mario 1'ijiwa.


março de 1993. LUIZ ABLAS
rgNUSP e FIPE

o texto "A Quest.o Regional no Brasil Contemporâneo"


apresenta um interessante. arrazoado sobre a questão regional,
intercalando aspectos teóricos/metodológicos com evidências em­
píricas em uma busca permanente da compreensão de um pro­
blema controverso e complexo.
A questão regional é tratada em um .. forma adequada nas duas
partes centrais do trabalho, onde são considerados aspectos re­
lacionados à territorialidade, ao espaço, à região e ao regionalis­
mo. Como poucas observações podem ser feitas diretamente às
formulações, acredita-se que muito mais produtivo será o apro­
fundamente do debate em uma forma complementar.
Ao final de uma das partes do trabalho a autora se refere às'
formulações apresentadas por Corragio sobre a lema no seu trabalho
011 Social Spaeene... alld lhe COlleepl or RegiO/l, como da "maior
relevãncia" sendo que "o texto onde ele elabora a questão é de
uma riqueza enorme bem como está asentado numa discussão
metodológica cuidadosa e ampla". O trabalho referido reveste-se,
realmente, de uma importância ainda ndo totalmente cC?mpreen­
di da pelos pesquisadores da área. Por essa razão, nos presentes
comentários serão buscadas algumas linhas de argumentação que
permitam incorporar mais adequadamente as formulações desse
autor nas considerações presentes no'texto em debate.
Inicialmente, pareceria importante. resgatar alguns aspectos
do trabalho de Corragio procurando incorporá.los no tema res.
peitando a fonna como ele é apresentado pela autora. A idéia de
espacialidade, por exemplo, pode ser mais explorada vindo a con.
trapor.se à utilização do termo espaço, este, em si mesmo, am­
bíguo qURndo se trata de trabalha"i- com categorias humanas e
socinis. Parn o autor espaço é uma determinação constitutiva,
uma condição de existência de um objeto ou lima relação, sendo,
'lU1

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