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Ey capitulo Il A VINGANGA DA GEOGRAFIA ada dos primeiros anos no Iraque te- ye o efeito de fi a, tio depreciado pelos idealistas os 1990, de que os legados da geografia, da Historia e da cultura jos resultados que se pode obter, qualquer levem tomar cuidado pois isso pode erroc Sar ObOrdao realists nos ani yém de fato impor limites que seja o lugar. Os opositores do Iraque, porém, d jo levar a analogia com o Vietn’ longe demais - constituir um convite ao isolacionismo tanto quanto 0 é para 0 apa- ziguamento e, nas palavras de Fouad Ajami, especialista em Oriente Médio, para o preconceito facil das baixas expectativas. Nao nos esque- amos de que a conferéncia de Munique deu-se meros vinte anos apds a mortandade em massa da Primeira Guerra Mundial, o que torna com para ni preensivel a propensio de politicos realistas como Neville Chamberlain a evitar, a todo custo, um novo conflito. E 0 tipo de situagio perfeits para as maquinacées de Estados tirdnicos alheios a tais temores, come * Alemanha nazista e 0 Império do Japio. - oul ne Be de ap Munique trata de sua superase eee ae i a le be seus perigos. $6 quando ambs! thores chances de oe is me nae ove politica certa Ge ee citncia das limitacoes es moos autoridades sibias nao so tem - seu pais mas sabem que a arte da estadistic? AVINGANGA DA UEOGHATIA consiste ent trabatharo ¢ abathar o mais proxinn possivel dow limite ssa a borda,! som ultra Vim outras palaveas, 0 ve ' 0 Verdtadeine reatisme & nabs anna arte do que nia cidneia, em que Oo Lemperamento do estar lo esta HY participagaa to sy ceativa quanto seu inteleeto, Embora as na ' pad Cio signi eee » realism remonten hit 24 As intutigdes sem enganos de'Tieidlides acerca do comportan nano na Guerra do Pelop hur tierra do Peloponesa, o realismo moderne tales tenha sido mil anos, sintetizado de Mancina mais completa por Hans J, Morgenthau, em 1048, em AA politiaa entre as nagdes: a luta pelo poder ¢ pela fx pequena pausa junto a esse livre, obra de unt reluygiado alemio que lecio Fagamos un nava na Universidade de Chicago, a fin de preparar o terreno par minha discussio mais geral a respeito da geogralia, jd quueo realismo é crucial para amente acle, adevida apreciagio do mapa ~e, com efeito, le aenos, N A Corgenthaw inicia sua tese assinalando que o mundo "6 resultado nerentes 4 natureza humana’, Ea natureza humana, como tie se a de forg: cidides salienta, é motivada pelo medo (phobos), pelo intoresse (kerdos) © pela honra (dova). "Para methorar o mundo”, escreve Morgenthan,"¢ nao contra elas", As imperfeito que possa ser, im, 0 realismo as (orgs preciso trabalhar com ess ‘o material humano existente, por ma rico, ¢ nao a principios a de visar ao bem abs historia do Iraque, explicada acei hstratos, ¢ alme- “Apela para o precedente hist luto.” Por ja a consecugio do menor mal, em ve a recorreria & propr constelagdes de grupos étnicos, ¢ no a exemplo, um realis por meio de sua cartogratia & acia ocidental, para averiguar que tipo de fue preceitos morais da democ aps a derrubada es imediatas de concretiz: turo o Iraque teria condiga engdes pouco tem a ver com de um regime autoritirio. Afinal, boas inte Morgenthau, Chambe de poder pessoal do que a maio- Jain, explica ele, estava resultados positivos, ¢ menos motivado por consideragde buscou sinceramente assegurar a tia dos demais politicos britini paz ¢ a felicidade de todos os ¢ acarretaram softimentos indizive mais despudor ssultaram em um efeito moral snvolvidos. Nao obstante, stas politicas Winston Churchill, por is a milhs raddas consideragdes de poder outro lado, era movido pe 1as politicas re pessoal ¢ nacional, mas scretirio de Detesa americano, inigualavel. (Paul Wolfowitz, ex-VIEe™ x « sancoes ao defender a invasio ‘es intengoes ao do Trague - ado pelas melhor ati ‘ivel da «i fi moss plas me eria uma melhora imensurivel da iy" cla pr — i o is, mas seus atos tiveram 0 cfeito oposty is, a ue acreditando q " Jos direitos humanos 0 P3 dos direitos pretendia.) Ampliand : a democracia na 0 esse ponto, o mero fato de determinad, 0 implica que sua politica externa si, Jo ser um: melhor ou mais esclarecida do que a de um Estady me necessidade de arregimentar as emocgoes Populares’ ditatorial; po ns wees pode deixar de prejudicar a racionaay, eae saterna = si”. Democracia € omer nao so conceitos “Todas as nagoes sofrem a tentagéo ~ € poucas se mostra. ram dispostas @ oferecer-lhe resistencia muito longa eee travestir suas préprias iniciativas e aspiragoes particulares ge Propésitos morais do Uma coisa é saber que as nagGes esto sujeitas a lei moral’, assinala, “ao passo que fingir saber com certeza 0 que € bom eo queé mau nas relacées entre os paises é outra bem diferente”. ‘Ademais, os Estados tém de operar em um universo moral muito mais restrito do que o dos individuos.“O individuo”, escreve Morgenthau, “pode pensar com seus botées (...) ‘Que a justica seja feita, mesmo que o mundo sucumba’, mas 0 Estado nao tem o direito de dizer 0 mesmo em nome daqueles que mantém sob seus cuidados”.? O individuo é responsavel tio somente por seus entes queridos, que lhe perdoarao eventuais enganos, desde que suas intengdes sejam boas. O Estado, contudo, deve resguardar o bem-estar de milhées de estrangeiros dentro de suas fronteiras, que, de Sua parte, ndo se mostrardo tao compreensivos caso alguma politica fracas- se Ass . ¢. Assim, 0 Estado deve ser bem mais atilado do que o individuo. A natureza humana — aquele resse e hi é que ele riame! nece: sindnimos. universo. veem deflagrar-se, Co alistas de superestimé-lo quando ° * ~omPreendem que a tendéncia 4 dominacao ¢ um elemento nat ‘ural de toda © qual 7 a a dwelas entre os Estados, Mf alquer interagdo humana, sobretudo n* lo: = *genthau cita John Randolph de Roanoke,” NT: poli © pelo compen, americano (1773, 833) da rt ( on 179961829) ¢ une eXSEatrCo,Teve 13 Bits COnhecido pela oratéria bile “m0 Senado (1825. 395) "#09 na Cimara dos Deputados (en Avian NOGA DA GtoGMATIA ” que teria dite que "%6 0 power prade Hasitaro poser whe poder", Por cons syuinte, Me Heat Ltn eh pave pan wo HiLernacionais sejann, en yealiotiae nae aC rei LAND que 140 pom de tin reflexe do ataclonsmnenl wnenibios ony altina instincia, o que determina individual a equilibrio de poder entre sean que é H quentoven dla yuerea © da pa davia, conforme Morgenthau, oe quilibrio do shtema de poder & em sie por definigio, lnstivel, nic medida en que todas as nage 2m a porsibilidade de equivocare en atu na : vatliagoes do equilibrio de poder, devern empenharse em compen F " vl Foi ex cebidos visand FP SCUS CFOS, ‘ indo comsantemente a uma superioridade de der snente assim que a Primeira Guerra Mundial fot deflagrada quando a Austria dos Habsburg, a Alemanha guilhermina © a Rass cyarista Lentar uustar o Equilibrio de poder a seu favor ¢ incorres sin, assim, em graves erros de célculo, Morgenthau esereve que, em tiltima instancia, 56 a existéncia de uma conseiéncia moral universal strofe natural”, ¢ nado como uni que encara a guerra como uma "cath extensiio natural da politica externa de cada um ~ pode restring; ocorréncia de um conflito armado.* (¢ Z (Beye durante algum tempo, ter nos tornado r porém, a definigio de realism unos assim? Por exemple, sumentos realists acre= NOS, violencia no fraque, entre 2003 © 2007, todos ale 1, otF assim nos acreditamos, ist ‘Tendo em vist la por Morgenthau, maioria dos sera correto consider i que do Iraque com ar} que se opuseram & Guerra ariamente existe Want relagaio entre de- ditam também que nao neces: Je? E Morgenthau, nio nos ¢ 4 Guerra do Vietna tanto na rem todos nos sentimos mats i esqnegamos, que fan mocracia ¢ moralidac a ética quanto no damentou sua oposigio é 0 realista com qu intelectual por tod qos de prestigio confer Scowcrolt Ademais, © Jo da agudeza dos de um interesse nacional, ‘a vida, nunca manifestou vontade, Académico me demonstraran estar sedento por poder ¢ &a estilo contide, outros realistas, como Kissinger © escritos & de J Huntington. O fato &, ssano Ha Vi esprovid quase insipido, de seus endo hi como negat, Kissinger ou de um Samuc ariedade de Morgenthau, cate que se supde que 0 realismo, me s internacionais sto pque as reli se desconforto, Os realistas entende 7 2 A VINGANGA DA GEOGRAFIA a realidade mais teste ¢ limitads do que ® ave gover ernos. Afinal, embora nosso Proprio corer pear ee aa nido por leis, porque um governo legitimo ee faowsod foro mundo em geral encontra-s¢ ainda em estado tt , NO qi = A viata hobbesiano pare P' ‘ . be wee de civilizacao, jazem 4s forgas mais sombria humana; assim, a pergunt2 central nas relacdes internacionais, “Quem pode fazer 0 que 4 quer?” “Q realismo é estranho @ tradicao americana’, disse-me certa vez Ashley J. Telli, pesquisador sénior do Carnegie Endowment for International Peace em Washington. “E um posicionamento consciente- eu foco em interesses, €m porém, nao fenece jamais, pois é um re- por trés da fachada regidas por um assuntos int unir os injustos.* Com efeito, i da pait para os realistas, €: vez de valores, mente amoral, dado s vez de valores, em um mundo degradado. O realismo, flexo acurado do comportamento real dos Estados, de sua retérica baseada em valores.” Os realistas valorizam menos a liberdade que @ ordem: jira s6 adquire importancia uma vez que a segunda esteja estabele- ainda que de dimensdes totalitéries, mostrou- a seu vera prime cida. No Iraque, a ordem, se mais humana que sua auséncia, tal como se seguiu. E, uma vez que a governanca do mundo sera sempre de dificil definicao, pois nunca se chegaré a um acordo fundamental com relac3o aos modos de aprimorz- mento social, o mundo esté fadado a ser governado por diferentes tipos de regime, e, em alguns lugares, por ordens étnicas e tribais. Os realis- tas, desde os antigos gregos e chineses até, em meados do século XX, © filésofo francés Raymond Aron e seu contemporaneo espanhol, José Ortega y Gasset, sempre acreditaram que a guerra é naturalmente inerente a diviséo da humanidade em Estados e outros agrupamentos.° Com efeito, a soberania e as aliancas raramente ocorrem em um vacuo; sao decorrentes de diferengas com outros. Enquanto os devotos da glo- balizacdo salientam o que unifica a humanidade, os realistas tradicionais sublinham 0 que nos divide. aim as ie etc a principio, dos textos dos realistas. Os map2s nem sempre di; ve é ipre dizem a verdade; com frequéncia so tio subjetivos quant qualquer fragmento de Prosa. ‘ Os nomes e; = i uropeus de v: xtensdes da Africa demonstram, nas pal: P astas €} avras do falecido gedgrafo britanico John AvIN GANGA DA GeoGraria a Brian Harley, como a cartografia Pod ! : ' ‘© Constituir-se em um "di poder” ~ nesse caso, de imperialismo latent re nee ; : ‘¢. A projecio de Mercator terior que nem sempre corresponde 4 ri so, 0s Mapas so neutros em termos mo: ponentes de uma educacgao muito mais py outras palavras, mapas podem ser ferra; porém, deixam de ser cruciais Para qu mundial. “E sobre a fundagio relativa: ealidade.? Materialistas como ais; historicamente, sio com- russiana do que britinica.8 Em imentas perigosas. Nem por isso, alquer entendimento da politica ian mente estavel da geografia que se ergue a Piramide do poder nacional”, escreve Morgenthas? - a no fundo, o realismo consiste no reconhecimento da mais obtusa, incémo- da e determinista das verdades: a da geografia. A geografia é 0 pano de fundo da propria histéria humana. A despei- to das distorgdes cartograficas, pode ser tao reveladora das intengdes no longo prazo de um governo quanto suas reunides mais secretas.!° A po- sigdo de um Estado no mapa € o primeiro elemento que o define, mais até que sua filosofia de governo. Um mapa, explica Halford Mackinder, transmite, “em uma tnica olhada, uma série inteira de generalizagoes”. ‘A geografia, prossegue ele, transpée a lacuna entre as artes e as ciéncias, interligando 0 estudo da Histéria e da cultura com fatores ambientais, que os especialistas em humanidades as vezes negligenciam.!! Por mais absorvente e fascinante que 0 estudo dos mapas - qualquer mapa — pos- sa ser por si mesmo, a geografia, como 0 proprio realismo, é de dificil inal, os mapas fazem uma critica a toda e qualquer ideia de ‘dade humanas, na medida em que nos recordam os di- que tornam os homens tao profundamen- conflitos — aceitagio. Afi igualdade e uni versos ambientes do planeta, te desiguais e desunidos sob tantos aspectos, acarretando com 0s quais 0 realismo lida quase exclusivamente. Nos séculos XVIII e XIX, antes do advento da ciéncia politica como especialidade académica, a geografia era uma disciplina honrada, ainda it nomia que nem sempre formalizada, em que 4 politica, a cultura ¢ a econom eram com frequéncia concebidas em referéncia a0 maPé topografico. De acordo com essa logica materialist, as montankas ¢ tribos tém mals eéricas. Ou melhor, as montanhas importincia que o mundo das ideias t sae nstituem uma primeira ordem © 0 seres humanos que delas nascem ©o" 30 AVINGANGA DA GEOGRATIA te reafidade; as ideias, por mais engrandecedoras ¢ fortalecedoras que sem segundo lugar. armos 0 realismo em meio Guerra do Iraque, esconforto ao fazé-lo - ¢ por mais breve que adesio -, 0 que na verdade abracamos, se nao no sentido prussiano da ntidos vitoriano e edu- sejam, vém apen: A meu ver, ao abrags por maior que Fosse nosso d tenha sido o periodo de nossa sem nos darmos conta, foi a geografia, palavra, explicito e imperialista, ao menos nos se ardiano, menos risticos. Foi a vinganca da geografia que marcou 0 pice ndo ciclo do periodo pés-Guerra Fria, sucedendo-se a derrota poderio aéreo e pelo triunfo do intervencionismo hu- rizou o fim do primeiro ciclo. Fomos devolvidos, do segu da geografia pelo manitario, que caractei assim, aos principios mais fundamentais da existéncia humana, em que, no lugar do aperfeigoamento continuo do mundo que haviamos antes vislumbrado, 0 que aceitamos foi o embate seguinte pela sobrevivéncia ¢, por associaco, as severas limitagdes com que a geografia nos onerou em lugares como a Mesopotamia e o Afeganistao. Mesmo no seio dessa triste aceitacao, contudo, ha esperanga: pois, ao nos esmerarmos na leitura dos mapas, podemos, com o auxilio da tecno- logia, como atestou a Primavera Arabe, estender algumas das restrig6es que o mapa nos inflige. Esse é 0 objetivo do meu estudo - proceder a uma apreciago dos mapas tal que, num aparentemente contrassenso, nem sempre precisemos nos ater a eles. Afinal, nao é sé a estreiteza de visio que conduz ao isolacionismo; também 0 excessivo desgaste dos recursos acarreta uma reacio isolacionista. Ch \ J odavia, € preciso primeiro reconhecer a centralidade mesma da disciplina geografica. “A natureza impde e o homem dispée”, escreve © ge6grafo inglés W. Gordon East. Sem duivida, os atos humanos sio limi- tados pelos parametros fisicos impostos pela geografia.!2 Sao, contudo, contornos extremamente amplos, de modo que a agéncia humana dis~ poe de uma area de manobra mais que suficiente, De fato, os arabes, 20 que parece, sao tao capazes de priticas democraticas quanto qualquet outro grupo, por mais que a disposi¢ao espacial das tribos libias ¢ 4a5 cordilheiras do Iémen siga desempenhando papéis centrais no dese" volvimento politico desses paises. A geografia mais conforma do que ving HANGA DA . BHOGRA na qoumiind NOE, Por \ lett HOTLINE, sindnimne de anveomo at propria distuibuig (atatisma ty Ao das py \wt otra lado, as: Los podetes ¢ a Condinicn e mili qui ray HNPOTLATLE Ninvit ar, consti- dot, bem come instiy © professor de Vale Nicholas nator, dos atos dos Estados Spvkman, slo potiodo da ranle estrateista a eguinda Guerra Mans AW xeorratla nio discute, simpl holandlésamericand aly comegey hal, esereveu em LED qu 1 prossegute: lesmente Agoogtatia d ow ae lunclamental dos fatoros da politica externa dos Estados, ‘Sot ais : 'Wo8, Por Sor_O Mais permanente. Ministros vm © vo e& dite Os : até ditadores morom, mas as cordilhoiras seguem inalteraveis. GoorgoV fashington, tendo dofendido 13 estados com um exér- cito em andrajos, foi sucedido por Franklin D, Roosevelt com os recursos de um continente inteiro a seu dispor, mas o Atlantica continua a separar a Europa dos Estados Unidos, e os portos do Rio Sdo Lourengo ainda 10 bloqueados pelo golo no inver- no, Aloxandre 1, Czar de Todas as Russias, legou a Josef Stalin, um simples membro do Partido Comunista, ndo s6 seu poder, mas também sua eterna luta por acesso ao mar; e Maginot & Clomenceau herdaram de César e Luis XIV as preocupagdes com relagao & fronteira germanica aberta."® rntar, a despeito até do HL de Setembro, que © } poderiamos acresce Oceano Atkintico ainda faz. diferenga ~ 6 de © Unidos uma politica distinta d te hoje, & uma vasta ¢ insegua s das hordas fato, & ele que constitui ceuropeia, No mesmo para os Estad sentido, podemos afirmar que # Rus esde antes daquels de invasdes de poténcia terrestre, V ue eo tempo, adistincia € 0 clima 1H, tendo unicament auséncia acesso ao mar, Assim, 3 copa ¢ 0s Unais, 0 Leste monggis do século > como aliados, e sempre dvida por mas rifico entre a Eur de qualquer impedimento geognificn ent _ o da fronteits artiticia ameaga da Russi representada pelo Europeu, a despeito do colaps Muro de Berlim, enconte somo ocorre se ainda sob a fronteira alema ssmo modo, @ preocups Jo quanto ampo de La Unidos, por fim, ha séculos, Do me XIV’ ~ até o fim da Segunda garantiram a paz como no t assolou a Franga Jo os Estados Guerra Mundial, quand na Europa. ” A VINGANGA DA GEOGRATIA Com efeitey a googtafia constitul o prelicio 26 Proprio desenray 0 at co, Mropeig ns ‘clades », esse “fragmento destacado da Europ a", & Amventos humanos. Nao € por acaso que a civilizagio ¢ Ce uina parvela consideravel de sua origem em Creta e nas C; - ss uma ver que a prime te. o 48 Septindas a sua condi. insular, permaneceram protegidas por séculos das ondas de to do eontinente mais proximo da civilizagio do Ej pito, ¢ invasor t que thes permitin lovescer A geografia constitui aqueles fatos dae. das re. lagdes internacionais que sio Gio basicos que julgamo: inquestionsve; ‘iveis, © que poderia ser um componente mais central da histéria ey, 0. peia que o fato de a Alemanha ser uma poténcia continental, ¢ a Gey Lea Gr. Bretanha, uma ilha? A Alemanha volta-se tanto para 0 Leste quanto a montanhosa que a proteja, 0 que the para o Oeste, sem nenhuma cade inocula patologias que vio do militarismo ao pacifismo nascente, como maneiras de lidar com a sua perigosa localiz: Jo. A Gri-Bretanha, por gura de suas fronteiras, com sua orientagio oceanica, pide hos e estabele- jantica especial com os Estados Unidos, com o outro lado, desenvolver um sistema democritico antes de seus vi cer uma relagio transat qual compartilha 0 idioma comum. Alexander Hamilton escreveu que, se a Gra-Bretanha nao fosse uma ilha, seu aparato militar seria tio do- minador quanto o da Europa continental, e a Gri-Bretanha “com toda a probabilidade” teria caido “vitima do poder absoluto de um individuo Nio obstante, a Gra-Bretanha é uma ilha proxima 4 Europa con- 0 no decorrer de quase toda a sua tinental e, portanto, sob risco de inva: historia, o que a muniu de um cuidado estratégico especifico, a0 longo dos séculos, em relacio as politicas da Franga ¢ dos Paises Baixos, outra margem do Canal da Mancha e do Mar do Norte.' Por que a China, em ultima instdncia, é mais importante do que? Jo geogrifica: ainda que apresentasse 6 mesmo nivel de crescimento econémico chinés e uma populasie & incipais linhss tampou" ada, com Brasil? Em virtude de sua localiz igual tamanho, o Brasil njo domina, como a China, as pri de comunicagio maritima a interligar oceanos e continentes; co se situa, como ela, preponderantemente em zona temper um clima mais revigorante e livre de doengas. A China defro" © Pacifico Ocidental ¢ seu territério tem profundidade suficie ta com inte pa sem alcangar a Asia Central, rica em petréleo e gas natural. A vats AVIN GANCA DA GeoGRaria B -omparativa brasileira é comparati ileira & menor. © pais encont do Sul, geograficamente afas Mra-se isolado na América ad (0 de outras massas de terra!” 4 € t80 pobre? Embora seja a area cinco vez, i eS maior que Ls sz om ae ie Ye er ue a da Europa, seu litoral le um qu: primento. Ademais, faltam & sua costa b Ons portos naturais a - e aqueles : aa a Aribia e a India, constituem excecao. Poucos dos rios tropicais da Africa sio navegan a z veis a partir o mar, pois descem da plataforma central do continente para as planicies costeiras através de uma série de quedas-d’agua e corredei . + . * ras, 0 que torna 0 interior africano particularmente isolado do litoral.!8 Além disso, 0 deserto do Saara foi um obstaculo ao contato humano do Por que a Africa é tinente, com um; © segundo maior con- arto de seu com- da Africa Oriental, com seu vigoroso comércio ¢. om. Norte por muitos séculos, o que impediu uma exposicao consideravel da Africa as grandes civilizagSes mediterrineas da Antiguidade e sub- sequentes. Ha ainda a vasta e densa cobertura vegetal que se estende pelos dois lados do Equador, do Golfo da Guiné a bacia do Congo, sob a influéncia de uma intensa precipitacao pluviométrica e calor intenso!? - florestas nao s6 hostis a civilizagao, como desprovidas de fronteiras na- turais, o que fez das fronteiras instituidas pelos colonialistas europeus necessariamente artificiais. O mundo natural deu a Africa muito a com- bater em seu caminho rumo a modernidade. Basta conferir a lista das economias mais vulneraveis do mundo para observar que grande parte delas ndo tem acesso a0 mar.”? Observe que (aqueles situados entre as latitudes 23,45 a Norte e a0 Sul) sio, em geral, pobres, enquanto @ maioria dos pases de receta mais alta encontra-se em latitudes altas e intermediarias. Repare como a perado € orientaciio Oeste-Leste, encontra- Ihores que as da Africa Subsaariana, com ue a difusdo tecnoldgica se da com mui- ‘tude comum, com condigées climati- rapida disseminagao de inovagdes no yr acaso que as 08 paises tropicais Eurasia, com seu clima tem -se em condigdes muito mell sua orientacio Norte-Sul, pord to mais facilidade em uma lati cas similares, 0 que possibilita a emins cultivo de plantas e domesticacio de animes, be ven geoprafi regides mais pobres do mundo tendem ® bet eee oa em fungo da qualidade do solo, super? Coe irande distincia 7 amico, devido a lacional, mas ndo 0 crescimento economit rNGANCA OM GEOGRAFIA ay Jentamente, virtude do ambiente Maritim Jou-se lent 1 nrolou-se -senre os deserts dok iolfg 1982, des unvait e do Traque, na Guetta de ¢ passo que os pl Forga Aérea, do mesmo mo . aram o efeito da Forga A do Como g, sovoados do Iraque, na Segunda G ssamente povoados do Iraq Bunda Ger, es do poderio aéreo ¢ levaram de 1991, amp trechos vastos ¢ den vga, mnostraram os Timi . 88 fora, va os joelhos para a geograli: a aeronayer jo C anas, assim, a dot mas nao tém como transportar viveres a grane] nem em bombardear, n ' role no soloe* Ademais, em muitos 980s, a Forga Agr, exercer cont : requer bases relativamente proximas. Mesmo na era das bombay ainda r bases " " eares e dos misseis balisticos intercontinentais, a geografia man. cleares ss 3. Como assinala Morgenthau, Estados de Pequeng der tém a importinci ¢ médio porte como Israel, Gra-Bretanha, Franca e Ira nao tém como ver o mesmo nivel de castigo que outros de dimensdes continen. tais, como Estados Unidos, Réissia ¢ China, o que os priva da necesséria credibilidade em suas ameacas nucleares. Isso significa que um Estado pequeno e rodeado de adversirios, como Israel, tem de assumir uma postura particularmente passiva, ou particularmente agressiva, a fim de sobreviver. Trata-se, primordialmente, de uma questao de geografia.” Entretanto, abracar © mapa topogrfico, com suas montanhas e po- pulacdes, nao significa acreditar que 0 mundo seja irrevogavelmente movido por divisdes étnicas e sectarias que vao de encontro a globa- lizagao. A coisa toda € muito mais complicada. A prépria globalizagio Provocou 0 renascimento de localismos, baseados em diversos casos em consciéncias étnicas e religiosas, estas, por sua vez, ancoradas em pai- sagens especificas e, portanto, mais bem explicadas com referéncia 20 mapa topogrifico. Isso porque as forcas da comunicagao de massa e da integracdo econdmica enfraqueceram o poder de varios Estados, dentte 5 quais aqueles criados de maneira artificial, em choque com os dita- mes i " * da geografia, expondo, em certas regides criticas, um mundo ot tencioso e instavel. Gra Pan-islimicos ganham Isla, a0 mes gas tecnologia das comunicagées, movimento’ forca a0 longo de todo o arco afro-asidtico 4° ue 0s préprios Estados muculmanos individu internamente, smo tempo encontram-se sitiados AVIN GANGA DA GeoGRaria 7 o mapa topografico determine que . © Afeganistao na, das hipdteses, de um Estado fraco, feganistio nj a e, na melhor 0 Ira lraque desmoronou porque : 8 a tirania de § eaaheci de perto NOs anos 1980 eens denn de Longe ode-se postular, foi, ela mesma, Beografi : . cam, que cada ditador iraquiano, desde o primei i os Estados Unidos 0 invadiram, Ma lam Hussein (que 8 pior do mundo arabe), ente determinada ~ visto inha i . © golpe militar, em 1 tinha de ser mais repressivo que o anterior, a fim de salvaguard ’ lara inte- gridade de um Estado desprovido de fronteiras naturais e composto de curdos e arabes sunitas e xiitas, fervilhando num grau bem articulado d consciéncia étnica e sectaria. aculaco de eee as restante do Iraque e a divisio da planici —_ wns oes ; planicie mesopotamica entre sunitas, no Centro, exiitas, no Sul, podem ter desempenhado papel mais defini- tivo no desenrolar dos acontecimentos do que o anseio por democracia. Por outro lado, nao ha ninguém capaz de prever o futuro, e um Iraque democritico e razoavelmente estavel decerto no é nenhuma impossi- bilidade — assim como as montanhas do Sudeste da Europa, que ajuda- ram tanto a separar o Império Austro-Hungaro do turco otomano, mais pobre e menos desenvolvido, quanto a diviir, durante séculos,diferen- tes grupos étnicos e confessionais dos Balas, decerto nao condenaram nossas intervengGes na regiao a fim de interromper seus violentos con- flitos internos, Nao estou me referindo a uma forsa implacavel contra a qual a humanidade é impotente, pelo contrario, defendo aqui uma modesta aceitacao do destino (expresso, em ‘altima instincia, nos fatos im de conter 0 excess de zelo uardo minha parcela de culpa. refrear tal zelo, mais bem-sucedidas serio os a tomar parte; ¢, quanto mais bem- «a liberdade de movimento de que thos da opiniao publica, para agir da geografia), a fi na politica externa ~ zelo de que eu mesmo g Quanto mais pudermos as intervencoes de que chegarm -sucedidas essas intervengoes, Maio’ nossas autoridades vao desfrutar, 20s ol de maneira semelhante no futuro. ro um terreno perigoso a0 erigit @ B&O" G stou ciente de que adent 7 no decorrer deste estudo, vou procurar srafia sobre um pedestal. Assim, 3 avin cos g advertencia feita por Isaiah Berlin na célebre p,. nao perder de vista a4 1953 ¢ publicou, no ano seguinte, sob o ttyl, em + [rInevitabilidade Historica] ~ © na qual ele ca de que nossa vida € 05 rumos dy Iestra que proferit H vitability cren ale covarde, a condena, por imoral : ae am determinados por vastas forcas impessoais comy caracteristicas étnicas. Berlin censura storis politica mundial sej ‘o meio ambiente € aS : i Miward Gibbon por considerarem que "nacbes" ¢ rotas” que 0s individuos que as compem a geografia, ‘Arnold Toynbee e Ei ilizaces” sejam “mais conc! “civilizagdes” sejam "™* ee cogeaearoe e por julgarem abstragdes como ‘tradigdo” e “Hist6ria” mais “sabias que ” 30 Para Berlin, 0 individuo idad pode, portanto, atribuir a fatores como e sua responsabilidade moral ocupam nos’ posi¢do suprema — e ninguém a paisagem e @ cultura a culpa ious de parte. As motivacées dos seres humanos por seus atos ou destino, nem integral. mente, nem mesmo em gran tém imensa importancia para @ Historia; no sao ilusées explicadas ¢ esvariadas por referéncias a forcas maiores. © mapa € 0 principio, nao 0 fim, na interpretacdo do passado e do presente. E claro que a geografia, a Historia e as caracteristicas étnicas influen- ciam, mas no determinam, os acontecimentos futuros. Nao obstante, 0s atuais desafios da politica externa nao podem ser resolvidos ~ e, do mesmo modo, nao ha como fazer escolhas sensatas — sem uma substan- cial referéncia a esses mesmos fatores, que Berlin, em seu radical ataque a todas as formas de determinismo, parece, a primeira vista, rejeitar. O recurso a geografia e aos fatores étnicos e sectarios poderia nos ter sido muito util na previsio da violéncia tanto nos Balcas, apés o fim da Guerra Fria, quanto no Iraque, apés a invasio americana de 2003. Entretanto, 0 desafio moral de Berlin ainda se sustenta bem como re- feréncia aos debates ocorridos ao longo das duas tiltimas décadas, com telagio a quando enviar e quando nio enviar tropas americanas para 0 exterior. en ee oe Como tracar o limite entre reconhecer a im- ‘ineamento do curso da Historia e 0 perigo A VINGANCA DA GEOGRAFIA 9 “probabilistico”, isto é, nosso atual foco na 8eografia implica uma ad afia implica uma ade- 10 parcial itante, ial ou hesitante, que reconhece diferen- S € terreno: ir Trenos, mas sem supersimplificar, deixan- sio a um determinism gas dbvias entre grupo: Norman Davies: "Hoj clusivamente de elementos deterministas, ‘ — ; individualistas ou fortuitos, mas de uma combinacao dos trés."32 Qs internacionalistas liberais, que engao nos Balcis mas se opuseram a do Iraque, sfo um reflexo desse espirito de distingdes sutis. Intuiram, ainda que de maneira vaga, um fator central da geografia: enquanto a ex-ugoslavia situa-se na extremidade ocidental, mais avancada, do antigo Império Otomano, adjacente a Europa Central, a Mesopotamia encontra-se em seus limites orientais, a regido mais castica. Justamente por que esse fato vem afetando os desdobramentos politicos até o pre- sente, a intervengao no Iraque se revelaria indevida. O que, entio, esse destino modesto, essa mao oculta, tera reservado para nés nos anos vindouros? © que podemos aprender com o mapa, de modo geral apoiaram a intery: quais adverténcias ele nos faz com relacao a possiveis perigos? Exa- minemos alguns dos efeitos da geografia sobre 0 padrao mais amplo da Historia do mundo, por meio dos olhos de varios grandes eruditos do século XX, e detenhamo-nos, em seguida, na geografia e nas inter- vengées humanas tal como vistas por um grande personagem da An- tiguidade., Isso vai nos preparar para mergulhar mais a fundo nas mais comprovadas e provocantes teorias geopoliticas da era moderna e ver aonde nos levario na descrigdo do mundo por vir. 40 capituLo IIT HERODOTO E SEUS SUCESSORES ntre meados e fins do século XX, quando Hans Morgenthau ensinava no Departamento de Ciéncia Politica da Universidade de Chicago, dois outros professores trilhavam caminhos académicos igualmente prodigiosos no Departamento de Histéria: William H. McNeill e Marshall G. $. Hodgson. A universidade vivia entao uma ebulicao de rigor e talento, e ao concentrar-me nessas trés figuras nao pretendo diminuir outras, Enquanto Morgenthau definiu © realismo para os tempos que correm, McNeill fez praticamente 0 mesmo para a Histéria do mundo e Hodgson, para a do Isla, em obras monumentais de escopo digno de um Herédoto, em que a geografia raramente encontra-se muito lon; ge. Ha que se admirar a mera audacia manifestada por McNeill e Hodg massa de conhecimento, Aleit desperta quase um: NERODOTO & « SEUS SUCESSORES a "HH au {Pitti Hardy MNeill, nascido na Colimbia Britanic ‘nica, estava 1a pela metade da casa dos 40 ao orp, A History of the Hi Publicar, em 1963, The Rise of the Lk McNeill, a0 con- ; £° due culturas e civilizacées interagem de maneira conti Tass due & justamente essa interago que vem forjando 0 dra- ma ot da Hist6ria do mundo. Se ha um tema em seu livro, é 0 dos vastos movimentos dos povos através do mapa. A saber: uma movimentacdo ao Norte trouxe os assim chamados agricultores danubianos para as regides central e ocidental da Europa entre 4500 e 4000 a.C. Enquanto isso, a0 Sul, um movimento de pio- neiros da agricultura e da criagio de animais transpés 0 Norte da Africa até o Estreito de Gibraltar, “encontrando-se e mesclando-se com a onda danubiana”. As antigas populagées cagadoras da Europa, porém, nao fo- ram destruidas, escreve McNeill; pelo contrario, houve um cruzamento de populagoes e culturas.! Assim, tem inicio 0 cerne do livro. Os dois movimentos populacionais, a Norte e ao Sul do Mediter- rineo, tiveram origem no Crescente Fértil e na Anatélia, onde a insta- bilidade politica decorria, em grande medida, da geografia. “Enquanto 0 Egito jaz, pacificamente, em paralelo 4s rotas do trinsito humano, 0 Iraque constitui, desde tempos primordiais, uma provincia de frontei- ra, um estorvo perpendicular aos caminhos predestinados do Homem”, escreve a falecida autora de literatura de viagem britanica Freya Stark.? dica McNeill, a Mesopotamia atravessa uma das rotas de migragdio mais sangrentas da Historia, “Assim que as cidades m a prosperar”, gragas a paisagem em ligeiro de~ 1 do vale do Tigre ¢ do Eufrates, que permitia etros, “converteram-se em ten- barbaros das regides vizinhas”. irrigavel da Mesopotamia jé ram em contato Com efeito, como int da planicie comegarai clive da parte mais baix: as aguas da irrigagao percorrer quil6m tadores objetos de saque para 05 povos Ademais, quando a maior parte da terra estava cultivada e os campos de uma comunidade entrai AVINGANGA DA GEOGRATIA estourar conflitos crénicos, 5 ac i due comesaram Me na, com os de outra, e limites to Fade central para decidir disputas de limites ou regular havia autoridade ¢ 5 de seca neio a ‘ eens iguua em tempos de seca, Em im a ALIVO cays stribuigio de agua ~ 7 ee distriburg (2400 a.C.) penetraram na regiao, ori, » Orin. ss como Sargao Joe das margens da zona cultivada. Embora capazes de institu yy vo slizada, a sokdadesca vitorios® ita, apés algumas ge Neill, abdicar da vida militar em favor do “esti idades. E assim a Historia comecou a gg conquistadore autoridade ragdes, conta-nos Mel y is tranquilo ¢ luxuoso” das ci repetir, com a chegada de novos conquistadores. & muito semelhante ao padrao descrito, no século xy, :sse ciclo & ‘dor e gedgrafo tunisiano Ibn Khaldun, a0 observar que la farta a principio fortaleca o Estado, aprofundando sug sm o passar das geragoes acaba levando a decadéng colapso sinalizado pela ascensio de poderosos mai pelo histori embora a vidi legitimidade, cot sendo o proceso de deres provinciais, que em seguida invadem e constituem suas préprias dinastias? Em ultima instdncia, a ascensio da civilizag3o no antigo Ira- que deu origem as mais sufocantes tiranias, a fim de deter a desintegra- ao interna: assim, sucederam-se Teglat-Falasar (séculos XII-X1 a.C), Assurbanipal II (século IX a.C.), Senaquerib (séculos VILI-VII aC.) © outros, célebres pela crueldade, pela megalomania e pelas deporta- des em massa realizadas em seu nome.’ E um padrao que culmina em Saddam Hussein: uma regido propensa a invasdes e a fragmentacio, que exigiu, ao longo de boa parte de sua historia, doses consideriveis de tirania. Também aqui, porém, é preciso evitar conclusdes demasiado rigidas: por exemplo, entre 1921 ¢ 1958, o Iraque conheceu um siste- ma parlamentar modestamente funcional que, sob circunstancias ligei- ramente diferentes, poderia ter continuado. McNeill, Khaldun e Stark referem-se apenas a tendéncias histéricas e geogrificas, esquivando-se assim da acusagao de determinismo.5 Assim como a geografia langou as bases de um extraordinario grau de tirania e burocracia na Mesopotamia, McNeill explica como engendrot um poder um tanto ou quanto menos opressivo no Egito. “O desert Muntu as terras egipcias de fronteiras nitidas e de ficil defesa, enquan'? oo Ihe forneceu uma espinha dorsal e um sistema nervoso naturais’~ ne —— nies mesopotimicos de opressio nao se fizeram io. "A protecao das fronteiras contra forasteit© » a prossegue cle, “nao Constituia, de mo = do alg 9 monarca do Egito”: com efeito, ‘84M, uM proble cap ‘i &M virtu relacio as rotas de migracao, mais fa filtragao de libios, do Oeste, ¢ de relativamente menor; ao Sul, onde ma grave para ide da situaga Vorivel que a mesop asidticos, do Leste, era 10 do pais em otimica, a in- o Sul, impeliam-nos, com o auxilio de velas, para zacio pode despontar no Egito. “Em contrapartida’, escreve McNeill, “os governantes mesopotamicos, nao dispondo de nenhum instrumento natural pronto de que pudessem valer-se Para assegurar sua autoridade centralizada, tiveram de desenvolver, lenta e dolorosamente, uma ad- ministracao legal e burocrética [opressiva] como substituto artificial da articulagio de fatores naturais com que a geografia brindou o Egito”. A mio pesada da burocracia da Mesopotamia precisava ainda lidar com 0 ritmo caprichoso das cheias do Tigre e do Eufrates, algo que j4 nao se verificava no Nilo e que complexificava ainda mais a organizacio do sis- tema de irrigacao.’ Até hoje, tanto o Egito quanto o Iraque conheceram longos regimes ditatoriais, mas 0 fato de que os iraquianos foram bem piores é algo que, em parte, podemos ver que remonta a Antiguidade e atribuir a geografia. Para além do Oriente Médio, encontravam-se aquelas ci que McNeill chama de “periféricas’, na India, na Grécia e na Chin: limites do mundo civilizado da Antiguidade” ~ e que, no caso das duas primeiras, derivaram boa parte de sua vitalidade das culturas do Rio Indo e da Creta minoica, Todas as trés, no entanto, beneficiaram-se também da interacdo com os invasores birbaros, ainda que, a mesmo tempo, a a lacio a eles. De fato, geografia Ihes proporcionasse certa prote¢ao em relagao a el s ao Norte de seus territérios, contavam de uma cavalaria de Grécia e india, com montanha: ambas com “um abrigo eficaz do impacto direto de uma cave an & estepe”. A China era ainda mais jsolada por desertos indspitos, pI ; metros separavam elevados e a propria distancia, ja que milhares de coum aa © vale do Rio Amarelo, onde a civilizagao chinesa comesou pa Groanaris “4 A VINGANEA coattade foram 125 civilizacoey y da chin nidade cultura Norte da Afri toda a Antiguidade, 0 ir ¢ nea médio-oriental © indiana gr * Profan, interior indiana. OF ce Jo noe , que lograram Medio damente orig a rinais, sobrete \ do Grande Orient, unilort a0 Turquestig a crescente se estendia do volver & parte Medio desertico, que MeNeill explica at rs entre as eivilizagoe to equilibrio cultural t wi gendraria um delicac ae no periodo medieval, seria desfeito pela inundagio de povos das estepe, » Foi em gi Le por interme. 1, sobretudo mongois- Ia floresceu, sobretudo nos séculos Xin 10 longo de vs helénica, na Eurisia, que, n front aande vindos do Nort dio destes que o Caminho das esto CONLALO, entre si », a China constituiu, em termos a Oeste, com 0 Tibete e XIV, pondo em mode s civilizagoes curasianas dy Mediterrinco, Nao obstante ora parte das civilizagé olhos postos no Reino do Meio* ¢ Pacifico ao geograficos, uma este a Mongolia, 0 Japao ea Coreia de ‘orentes graus, a propria civilizacao. Por outro forjando, cada qual em dif tico em grande altitu- rigorosas limitagdes de um ambiente des ibilitaram que se desenvolvesse qualquer coisa além de uma 10 no Tibete e na Mongolia”, anota McNeill. Os lamaistas (é no budismo indiano’, lade s das origens de sua tibetanos, “sempre cdnsci a rigor opuseram-se ao achinesamento apelando para as tradigées da civiliza nha, sua rival,!” A Historia, segundo McNeill, é um es- tudo fluido, em que as s apenas parecem seguras e bem-ordenadas geograficamente: em esséncia, encontramo-nos sempre em um estado de pequenas transigdes e intercimbios culturais. Ao mesmo tempo que se opde a Spengler, Toynbee e, mais tarde jor do ‘ , do professor de Harvard Samuel " igton, na medida em que enfatiza a interagao das civilizagées, € 10 seu apartamento, McNei “The : », McNeill expoe ao leit TI nies X ao leitor, e is fest, Aideia de que as civil ee geografia; de que & a p a teoria do “choque de civilizagoe sins Sao constituidas, em grande parte, pela artir de 186: rgem, i Palsagens, que podem ser definidas co™ , desenvolvem sua identidade propria e, pom as Com as oF uutras, formando, enti, novos hibrides Assim, a Histé im, a Historia vai sendo tecida,"! Precisio, que elas eme fim, interagem um; "ERODOTO F seus ¢ MeNeill descreve 0 process, metaforicament aforicamente As civilizagoes S40 comparaveis a \oitas, que 5 eo longo des eres Corditheiras, que se erquem do tempo gooldgico 5 " geolgico 86 para t lenta mas inelutavelmente apt as alturas eee lalnadas pelas forgas da erosio, sos ea 10 nivel de suas adjacéncias. Dentro ; Muito mais breves da Historia humana, também as civilizagées sao passives de desgaste, na medida em que fenece a constelagao specifica de circunstancias que Ihe pro- vocou 0 surgimento e povos vizinhos erguem-se a novas alturas Culturais, seja tomando emprestado, seja reagindo de alguma forma as realizagdes dos civilizados,'? Esse processo de erosio e empréstimo ¢ o terror da pureza do alemio Oswald Spengler, do principio do século XX, que escreve sobre os “pro- fundos elos com a terra” que definem as melhores das Altas Culturas e como a evolugio interna de dogmas e pritic sto que “tudo que se desconecta sacras permanece “sob 0 encantamento de seu lugar de origem’, da terra torna-se rigido e duro”. A Alta Cultura, prossegue ele, desponta no “campo pré-urbano” e atinge o apogeu em um “finale de materialismo" nas “cidades mundiais”, Para esse romintico sombrio, capaz de soar ao mesmo tempo grandiloquente, hipnotico, profundo ¢, francamente, ds vezes inin- teligivel em sua tradugio para o inglés, o cosmopolitismo é a esséncia do desarraigamento, na medida em que nao guarda vinculos com a terra.!3 os assim com a questdo da ascensao € do destino final lental urbana, que neste exato momento se vai .co mundial, cada vez mais desenraizada ra tona mais adiante neste livro. Por ill, que se mantém todo o tempo, sneira bem mais compreensivel, Deparamo-ni de uma civilizagao ocid metamorfoseando em civiliza do solo - interrogacao que volta ora, gostaria de continuar com McNé muito mais até do que Spengler € de mai atento as condigées climaticas € geograficas. McNeill escreve, por exemplo, que 0s aria | menos aguerrida na plani Europa mediterrinea, em V! angoes do subcontinente, que estimulariam 10 religioso. Noutro ponto, escreve que a ia devida & proximidade e ao contato nos desenvolveram uma i i yética indiana, personalidade cultural icie ea ae i ‘irtude da influéncia diferente de seu perfil na fru das florestas e do ciclo de m a meditagao e 0 conheciment “precocidade” da Jonia grega se A VINGANGA DA GEOGRAFIA ‘nor ¢ 0 Oriente, Mesmo aqui, contudo, Mey, » Men timo com a Asia > determinismo puro © simple ata . pois, apes sar do terrenn mon abelecimenta de pequ DrECeEU O Grécia, que f as cidades-estados), ele tem 0 cuic Unidy. 5 (isto ; “inalay sos,"trechos contiguos de solo fértil foram dividia idos" em diversas C dos distintas, de modo que a geografia 46 pode re cidades-esta es. por parte da Historia, Acimna de tudo, claro, a historia dos jue ca da continuidade geogrifi ji de encontro a toda a légi dias ill se empenha, portanto, em incluir: a total destruicio da comunidade jud (cobretudo do hinduismo ¢ do budismo), e MeN a na Judeia, consequéencia do esmagamento, pelos romanos, das revoltas dos séculos | II d.C., nao pés fim ao judaismo, que seguiu em seu im. desenvolvimento € floresceu em cidades dispersas da diaspora no Ocidente, ao longo de 2 mil anos de uma historia avessa aos ditames da geografia, o que, mais urna ve hurnana tém tanta importancia quanto 0 terreno fis E, por outro lado, ha a historia da Europa, que remonta a aurora da Historia hurnana e esta diretamente ligada ao primado da geografia, Co- mo salienta McNeill, a Europa Ocidental gozava de evidentes vantagens geogrificas, que propiciariarn determinadas inovagées tecnologicas du- rante a Alta Idade Média: vastas planicies férteis, um litoral recortado ,, hos mostra como as ideias 0,14 agencia e munido de diversos bons portos naturais, rios navegaveis que cortam 10 ao Norte, ampliando assim o alcance essas planicies e correm em dire is para além da regifio mediterranea ¢ a abun- Europa caracterizava-se também por das atividades comerci dancia de madeira © metais.'5 A urn clima indspito, frio e amido ~ ¢, como ‘Toynbee (que, como McNeil, nio cra essencialmente um fatalista) nao obstante escreve, “a facilidade dversiria da civilizacao. (...) Quanto maior o conforto proporcionado +16 pelo ambiente, mais tibio o estimulo para caminhar rumo a civilizag? grafia dificil de habitat, mas dotada de pontos naturais de convergencia de transporte ¢ comérci? ~ pois as civili Assim, a Europa desenvolveu-se gracas a uma races si, sob diversos aspectos, reacbes firmes ¢ afto}* das ao ambiente natural. Consideremos a proximidade da Escandinévl# © 4 pressio militar por ela exercida sobre o litoral da Europa Ociden's levando a articulagio da Inglaterra e da jonas A Ing); inte, ‘ranca como entidades naci laterra, ademais, por ser menor que os reinos feudais do contin® HERODOTO E seus suCtssonts SORES, ” como aponta Toynbee, “detentora rade fronteiras mais by r yalcangou muito antes de ncia como nagio, em oposigio ao status feudal Claro que determinados cenérios (0 Artico, por exemplo) revel tio arduos que podem levar ao colapso da civilizacdo, ou a oe ay seu desenvolvimento ~ estagio Precedido, segundo Toynbee por veal x rs proezas cultura tas como a capacidade dos esquimeés de eforan en te permanecer no gelo durante o inverno e cacar focas. A despeito dese facanha de sobrevivéncia, contudo, eles no chegam a dominar 0 meio ambiente a ponto de estabelecer uma civilizagio plenamente desenv z ern de [afinal, ta a seus vizinhos sua de uma itha" : olvi- da. Toynbee, assim como 0 gedgrafo contemporineo Jared Diamond, da UCLA, discorre longamente acerca das dificuldades e dos reveses civiliza- cionais nas culturas medievais dos vikings da Groenlandia, dos polinésios da Ilha de Pascoa, dos Anasazi do Sudoeste americano e dos maias das selvas da América Central, que enfrentaram, todos, problemas com suas condigdes ambientais.!* A Europa, ao que parece, oferecia a medida per- feita de obstéculos ambientais, desafiando seus habitantes a se alcar a pata- mares civilizacionais mais elevados, ao mesmo tempo que se localizava na zona temperada do Hemisfério Norte, razoavelmente préxima da Africa, do Oriente Médio, da estepe curasiana e da América do Norte; assim, seus povos puderam tirar pleno proveito de padrées comerciais, na medida em que se beneficiaram, ao longo dos séculos, de avancos tecnolégicos na navegaco e em outras esferas.!? Basta observar como a subjuga¢ao, por Vasco da Gama, das mongées no Oceano Indico possibilitou que as peri- ferias da Eurasia se tornassem um dos focos das rotas maritimas mundiais sob dominio europeu. Na narrativa de McNeill, porém, nio foi s6 0 pro- gresso material da Europa, sob condigdes ambientais fisicas desafiadoras, que levou a ascensio do Ocidente, mas o fechamento, como ele diz, dos espagos “barbaros”.”? McNeill refere-se a “inexoravel, se nao inteiramente ininterrupta, invasdo da barbarie pelas civilizagoes": Foi essa invasdo que constituiu a maior parte das diferentes pes do mundo (e sua variedade interna) e aumentou a 10 contato entre elas, preparando o terreno para a co do planeta que vem ocorrendo ao longo civilizac frequéncia de espetacular unifica dos ultimos trés ou quatro séculos. bid ” AVINGANGA DA GEOGRAFIA Pace fechamento civilizacional dos espagos relativamente vagos dy Terra, sobretudo na zona temperada, teve inicio, de maneira fundamen, tal descobrimento de Vasco da Gama, Colombo, Fernio de Magalhaes ¢ outros — tendo prosseguido pelos conhecidos 1, dos transportes ¢ da comunicacio, até estagios das revolugées industria chegar a globalizagao que hoje vivenciamos. Nesse interim, sobreveig derrocada final dos povos das estepes, com Riissia, China e Império Ha. bsburgo dividindo entre si as relativamente vazias planicies e planaltos da Eurasia Central. Ocorreram também o colapso das populagdes indj. nas, com o violento asseguramento da fronteira Oeste do continente im norte-americano, 10 colonial europeia da Africa Subsaariana.2 © mundo, na descrigao de McNeill, encontra-se hoje finalmente reuni- do sob uma cultura em sua maior parte ocidental e cada vez mais urba- nizada, Nao nos esquegamos de que 0 comunismo, por mais que tenha sido uma extensio das tendéncias totalitaristas no seio do cristianismo , ¢, portanto, uma afronta ao liberalismo, ainda assim foi uma ideologia do Ocidente industrializado. Do mesmo modo, tam- bem o nazismo emergiu como uma patologia de um Ocidente devasta- inflagao e em acelerado processo de modernizacao. McNeill nao falando de unidade politica, mas de amplas tendéncias culturais, geogrificas e demogrificas Embora um tema central de The Rise of the West seja o fechamento dos espagos vagos no mapa, é evidente que isso s6 é verdade em senti- do relativo. O fato de duas linhas férreas vindas de diregdes opostas se encontrarem e tocarem nao significa que nao haja ainda muitos espacos vazios ou esparsamente habitados de permeio, Fronteiras podem ser fe- chadas num sentido formal, mas a densidade populacional humana ¢ 0 nivel de interacio eletrénica vio aumentando em ritmo crescente-¢€ taxa de crescimento que contribui para o drama politico do mundo em que hoje vivemos. McNeill consideraria unido um mundo no qué! nenhuma parte do planeta civilizado estivesse a mais que poucas sem nas de outra.3 Como a geopolitica é afetada, porém, quando mesm° ais remotos so separados por apenas alguns dias, ou hors Rosso tempo? O mundo foi, em certo sentido, integrad° nos séculos XVIII ¢ XIX, mas esse mundo guarda pouca relagao, termos demogrificos e tecnolégicos, com esse do inicio do século XX! ortodoxo orien e os lugares m como neste NERODOTO Fc SEUS SUCESSORES ” ) drama central de nossa i: c . ; Nossa propria época, como mento continuo dos e: ‘i : D veremas, € 0 preenc " " €spagos, constituindo u aoa fato, em que Estados e For ina geografia fechada de Armadas té : adas tém cada ve conder. Enquanto 0s exércitos mecan cada vex menos onde se es- $s Mecani ados d eC tinham, um século atras, de transpor muit . mea ee uitos quilémet a i agora o alcance dos misseis se sobrepoe. N ee . Nessa situag’o, a geogt a desaparece; apenas se torna, como v i cn eee see eremos, ainda mais critica. ‘ara examinar esse argumento sob outro angul i Seana Angulo, voltareia Morgenthau. : one 5 VII e XIX Pi imperial, nos séculos XVIII e XIX, para espagos geog! ; : pA do Norte, desviou a grande politica do poder para a periferia da Terra e acarretou, por sua vez, redugio dos conflitos. Por exemplo, quanto 1 atengio Russia, Franca e Estados Unidos prestavam & expansio de ordem imperialista para territérios remotos, menos atengio prestavam uns aos ficos v Afri . s vagos na Africa, Eurasia e Oeste da América outros e mais pacifico, de certo moda, ficava o mundo No final do sécu- Io XIX, contudo, a consolidacao dos grandes impérios e Estados nacionais fiante, as conquistas territoriais do Ocidente estava consumada; dali em d 25 Morgenthau sintetiza: 36 poderiam ocorrer 4 custa uns dos outros com a maior parte de seu = torma-se mundial, tro, de la, de ‘A medida que 0 equilibrio de poder — distributda por trés continentes o circulo de grande poder e seu cent @ 0s espagos vazios para além del parecerd. A periferia do equilbrio peso agora a dicotomia entre um lado, e sua periferia outro, necessariamente desal de pode confins da Terra. + agora coincide com os ante os tensos anos do ga de universidade vel da Guerra Fria, ‘genthau, exposta dui Enquanto a visdo de Mor; ca perigo, ade seu cole comego da Guerra Fria, signifi McNeill, expressa em uma fase p° manifesta esperan¢a: osterior e mais estav sordem dos iga, (. ) suprimiu a dest ma eS- o estabelecimento de u' reviveu, com colapsos 0C2- praticamente até nossos lo XX parecem caminhar Han, na China anti rantes mediante ca imperial que sob! .¢ modificagoes, erantes do sécul Adinastia estados belige trutura burocrat sionais e pequenas dias. Os Estados belig z a resolugao simil tos. de seus contfl para um lar de GEOGRAFIA GANGA DA 7 AVIN im, em 1989, decerto parece ter confirm, e Berlit da do Muro de Be ia, 0 mundo, sem diivida, o de McNeill. Todavia, o mund tio peg durante a Guerra Fria, pois © Mapa segue fechang, idade de aspectos. Consideremos a China: \y,, .stionavelmente, @ grande custo ~ Consolidar 4 derno, e o pais hoje se encontra em franca m ritmo menos acentuado) e militar e congestionando o tabuleirg A que do o otimism' goso hoje quanto -se sob uma multipli Tsé-tung logrou - inque China como um Estado mo io econémica (ainda que num rit como uma grande poténcia iano ainda mais do que Morgenthau poderia concebey ‘0 os mais remotos cantos do mundo urbanizam.se engler visse 0 declinio da cultura no abandong ascens: emergindo de xadrez eurasi Enquanto isso, mesm‘ mais — e, por mais que Sp* do solo e da vida agricola, os fervilhantes conglomerados urbanos em expansio, hoje, como McNeill intuiu, vém provocando ae metamor. fose da religido e da identidade de formas vigorosas e, nao obstante, alarmantes:28 0 Isla, por exemplo, vai se tornando cada vez menos uma religido tradicional, baseada no solo, e cada vez mais uma fé austera ¢, em determinados casos, ideol6gica, a fim de regular 0 comportamen- to no contexto dos enormes bairros miseraveis das cidades, onde a fa- milia estendida e os lacos de parentesco encontram-se menos em evi- déncia, Esse quadro leva ao Oriente Médio das megacidades e outras concentragées urbanas em antigas zonas rurais que, apesar de pobres, apresentam de modo geral baixa criminalidade, ainda que ocasional- mente tenha o terrorismo global desestabilizador como efeito colateral. Também o cristianismo, em decorréncia das tensdes da vida suburbana no Sul e no Oeste americanos, torna-se mais ideoldgico, ao passo que uma forma mais frouxa de paganismo ambiental vai se arraigando nas cidades europeias, substituindo 0 nacionalismo tradicional, dado que para todos, com excecao da elite, 0 super-Estado da Unido Europeia nao Possui mais que um sentido abstrato. Ao mesmo tempo, a guerte deixou de ser, como na Europa do século XVIIL, 0 “esporte dos reis’ um instrumento do fanatismo nacionalista € escala, como no caso da Alemanha nazist®. MO ocorre com a Al-Qaeda.2” Some-se a is senal nucle tendo se convertido em religioso, seja em grande seja em escala menor, cor © terrivel espectro do ar: tanto no ambito e: mudangas incom ‘ar nas maos de elites radicalizades statal quanto do subestatal E, em meio a todas es odas e turbulentas, a geografia eli ica volta a most He RODOTO E seus suCESsonES SORES By a cara, moldando tensde: entre 0 Ocide i ee ee mes nee 0 a a Russia, o Ira, a India, a , © Japio ¢ assim por diante, toda i ante, todas as q ere explorar em detalhe as quais teremos de . _detalhes. O postulado de McNeill acerca das interagd civilizagoes nunca foi i hoje ; a eee E < ca foi mais verdadeiro do que hoje em dia; mas seria um erro esta ivale S fm estabelecer uma equivaléncia entre a emergéncia de uma cultura mundial e a estabilidade politica, porque o espaco ~ exatamente entre a or estar mais api Pe ; is apinhado e, portanto, ser mais precioso do que nunca ~ ainda faz diferenga, e muita. & nquanto o olhar erudito de McNeill perscrutava a Terra inteira, © escopo de Marshall Hodgson era, para nossos propésitos aqui, mais estreito, abrangendo o Grande Oriente Médio. Ainda assim, Hodgson, um quacre apaixonado morto aos 46 anos, demonstra uma prodigiosa ambigao em sua The Venture of Islam: Conscience and History in a World Civilization, em trés volumes, publicada na integra em 1974, seis anos grande parte, esquecido historiador da Uni- os conhecido entre os jornalistas con- idiosos do Oriente Médio, como ito, de Georgetown, logrou, geograficos e culturais, amplas da Histéria paco, mas, s¢ 0 le como 0 aps sua morte: este, em versidade de Chicago, tao ment temporineos que outros célebres estu d Lewis, de Princeton, ou John Espés numental, situar o Isla em termos 0 contexto das correntes mais le tender ao académico € a0 © ensado com uma explicacao de .e e difundir-se da maneira fabulosa e, ndo-se nao sé pela Arabia e pelo toral do Oceano Indico e, em Bernar nessa obra mo! segundo McNeill, n do mundo. Seu estilo pod leitor perseverar, sera recomp' le despontar, estabelecer-s rada, como fez, espalhai s também por todo 0 lit n Shan." que Hodgson escre (0 e 1960, quando as a Guerra Fria, na E meiro volume com a Ct empre fora um equiv Isla pod em geral, acele Norte da Africa, ma: terra, dos Pireneus ao Tia E fundamental assinalar Venture of Islam nos anos 195 vam concentradas 1 ‘a seu tema no pri ntrica do mundo s yeu boa parte de The s atengoes da midia uropa. Nao obs- em geral esta’ hn onsciéncia de tante, ele desbrav: que tal visio eurocé! oco, com 0 fronteira entre 0 Cazaquistie, © Quire “NT: cordilheira localizada na Asia Central, na auistiio e a China. os“ AVINGANGA DA GEOGRAFIA cconoeitoinerente i nos primeiros estos das COMVENGSES Caton + distaryado pelo uso cada vez mais dissemin, Ras! °O absurdo is do am mapa-mundi marcado por grave distorsao visual, a projegig 4, de u ao exagerar as dimensdes das terras setentrion, Mercator, que, ais, Conte. cue fazer uma ‘Europa’ artificial parecer maior do que a “Africa int, anicando a outra peninsula eurasiana, a Indy ra, a0 mesmo tempo a n Hodgson trata entio de deslocar o foco geogrifico do leiter para o Syl ¢ Cha que * do mundo, a zona temperada da massa a o Leste, para o que denomina de Oikoumene, a antiga palavra g gnava as “terras habitadas ntal afro-asiatica que se estende do Norte da Atrica aos confins do Oeste da China, uma faixa de territorio que ele também chama de 2 Ha certa imprecisio nessas definigdes, que por “do Nilo a0 Oxo". vezes se contradizem. Por exemplo, 0 trecho do Nilo ao Oxo suben- tende uma regido com o Egito come limite ocidental, ao paso que o Oikoumene poderia corresponder a uma zona que comega muito mais a Oeste, acompanhando 0 litoral africano do Mediterrineo, A questio em Guerra € que as rigidas distingdes dos perit , que estava no auge quando ele escreveu e que distinguia com rigidez o Oriente Medio tanto da Anatolia quanto do subcontinente indiano, vio caindo todas por terra & medida que Hodgson nos desvela uma geogratia mais orgi- nica, delimitada pelo terreno e pela cultura, isto & aquele vasto ¢, em geral, drido trecho entre as civilizagdes da Europa e da China ~ a rigor, © mundo de Herddoto, que, como determina Hodgson, detém a chave para a Historia do mundo. Dado 0 modo como a globalizago vem apagando fronteiras, resi e distingdes culturais, 0 deliberadamente vasto e flexivel constructo geografico de Hodgson revela-se, na verdade, ba em que indica como o mapa topogrifico pode ser hostil a linhas fs duras. Desse modo, Hodgson ajuda o leitor a visualizar o mundo fluido da Antiguidade tardia durante 0 qual emergiu o Isla, bem como o mn do de hoje, no qual a China e a India vio reforgando sua preseng3 0 nomica no Grande Oriente Medio (0 Oikoumene de outrora), enquan® 08 xecados do Golfo Pérsico fazem o mesmo na Attica, destazendo sim as divisdes artificiais a que stante util, na medida se acabamos por nos habituar. T:nome pelo qual era © mais extensa da Asta Coney eo Atiguidade, rio hoje charnaco Ars DH HERO! DOTO E SUS suCESsORES 33 “A regiao onde a cultura finida pe mica se constituir ‘ia : se cons! a via negativa”, explic: tituiria pode quase ser de- ides europeia e indi ‘adigGes grega e sanscrita e de ar la indica acabaram por se apartar, (...) Nesse a regio, na Era Axial* [800 a 200 a.C.], consist sntre 0 Mediterraneo © 6 Hindu Kush [Afegonisto), em que © reso to sénerit alcangarem, n0 misime, aia expansio apent 1 eed transitéria”, Nessa vasta faixa do Grande Oriente Gein eee aproximadamente por 5.000 km na baixa zona t sin dus canc teristicas geograficas vieram a incentivar a sofist se calteral a oeal- zagio comercial critica, sobretudo ia Abia edo Cr malcom 0.0 : Abia e do Crescente Fertil, com relacdo as rotas comerciais de uma extremidade a outra do Oikoumene, que as re ea propria aridez da regio. Esse ultimo ponto requer uma expl: sez, geral de agua reduziu a possibilidad m base na agricultura, tornando rara a produtiva, de modo que a vida rural cio a vida urbana dos oasis. oO foram parar nas maos dos mercadores nos “pontes de c listancia do Oriente Médio, especialmente rotas comerciais de longa d quando essas vias de trafego intenso bordejavam 0 transporte mariti- res Vermelho e da ‘Arabia e 0 Golfo Pérsico, conferindo aos mercadores arabes um acesso critico ao prodigioso fluxo comercial do Oceano Indico. Como este er um mundo de comércio € contratos, 0 comportamento ético ea “negociagao justa” eram fundamentais para a consolidagio de uma vida econémica estavel. Assim, medida que anto O Sassanida, ao Norte, foram perden- e o terreno, na Arabia € perio Bizantino qu‘ Anatolia e 14 Per: que enfatizava a boa das estacdes agrico- j], para a emerss to de mercadores jicacdo, Hodgson advoga que a le de acumulagio de rique- oncentragio de vastos | era insegura e me- dinheiro e 0 poder onvergéncia” das esca: zas CO} tratos de terra nosprezada em rela‘ mo dos mai tanto 0 Im, sia, preparava-s ancia de uma fé surar “a sucessao itar-se a asses -se como um credo tan' do 0 vigor na no Crescente Fért ética, em vez de limi las", Assim, o Isla dese quanto do desert! nvolvet por col vem quatro regioes taoismo na Chi alismo filoséfico ao Karl Jaspers tuando surgira™, ynfucionisme € © Israel © © racioné patizado pelo filésof ster Randa da Historia humans & da hoje em Vigor © O exame histérico feito por 1, 55 7 t Ho era medieval, nos dois primeiros . vol na acerca de como os modernos F; i sta son Ne cam da Antiguidade e da : : ayes et €pico, muito nos ensi- yisiveis do colonialismo ocid los médio-orientais, lental, efetivamente de 5, OS resultados Jraque, como vimos, para nao falar no Ma legar. Egito, lémen, Siria ea cadeia do Atlas, nem na Tunisia, ee entre o mar woos oe redutos civilizacionais, os legitimos vane oe sio tados = lernos, por mais que aquelas de s tursores desses Es- no meio do deserto sejam, com frequéncs, ae fonts demarcais tando as dvisies do mundo dhe, sles que a ocdenalinto “ase 30 menos artificiais do que se ¢ ost miu o controle antes que se pudesse divisar qualquer Estad A isimico”.36 No entanto, 0 fato de o Isla ser uma civilizac — nio significa que estivesse fadado a constituir um corpo ie rae pois, como mostra Hodgson, trata-se de uma civilizagio com muitos niicleos demograficos distintos, com um rico passado pré-islamico, que entrou em aco na era pés-colonial. O planalto iraniano, como escreve Hodgson, sempre guardou intrinseca relagdo com a politica ea cultura da Mesopotamia, 0 que foi bastante evidenciado desde a invasio ame- ricana do Iraque em 2003, que abriu as portas para 0 reingresso do Ira Com efeito, a fronteira entre Pérsia e Mesopotamia, sujeita a + longos periodos 0 proprio Rio Eufra- (Os drabes conquistaram o Impé- na regiao. deslocamentos constantes, foi por tes, hoje em pleno territério iraquiano- rio Sassinida, localizado no co agao do planalto iraniar 1 no, em 644 d.C, rows 22 anos apés a fuga de Maomé, ou hégi, de Meca para Medina, da era islamica na Histéria do mundo. Jao fasto; assim, em parte gragas a 1, 0s turcos seljiicidas 1a, na Batalha evento que assinala 0 inicio planalto da Anatélia era mais geografia, apenas 400 anos mais tarde, o nticleo da Anatol is remoto € Vs em 107 Jia para o Is! nao os drabes - capturariam ; de Manzikert, contra o Império Bizantino- / im povo das estepes J° interior profundo da | (Manzikert loca- Jado oriental Todavia, assim Os seljucidas eram Eurasia, que invadiram @ ‘Anatolia pelo lizava-se no extremo Leste da regiao). : turar OS paluartes montanhosos da Anatolia, os : - desses mesmos paluartes, nunca Jograram ple: ss a ja- 0 dominio estivel nem no coragao do Isls como os arabes nunca conseguiram cap" seljuicidas, dos reconditos no éxito em manter um AVINGANGA DA GEOGRATIA se 0 — nem, muito menos, de 5 planalto iraniano = ner menos do I Abia, ao Sul, M Crescente Fertil ¢ 6 UM VEZ, Vernon do restante do Deserto da Ar hn, agao, (Muito embc a conquistar 05 desertos s turcos otomanos, herdeir, a geografia em a » arabes, manti as, chegassem ae 1 controle frigil.) A dominag 2, no extremo oriental do subcontinent seliticid: modo geral, um fio tUFCa se imporia, ny 4, recio Leste, até Ber indian, tam movimento populacional rumo ao Sul mas como parte de ae Leste-Oeste curasiana como um todo ~j4 guy da vasta zona temperada mo grosso das tribos comandadas pele, esses nomades turcos constitulal rcitos mongéis (sendo os proprios mongdis, de todo mode, tar mais 4 frente das hordas célebres ex uma elite relativamente restrita). Vamos t mongois ¢ de sua importancia politica, mas interessante apontar, ponto de vista de Hodgson de que 0 nomadismo equestre dos aqui, 0 povos mongol e turco acabaria se revelando mais crucial para a Historig que 0 nomadismo camelino dos arabes. Como 05 cavalos nio tinharn condigdes de enfrentar a aridez. dos desertos do Oriente Médio ¢ 05 car ‘ssitavam de uma neiros com que esses nomades costumavam viajar ne forragem relativamente densa, os exércitos liderados pelos mongéis evi- taram a Arabia distante, preferindo devastar o Leste Europeu, a Anatélia, © Norte da Mesopotimia ¢ do Ira, a Asia Central, a India ¢ a China, regides mais proximas e de ambiente mais ameno ~ e territérios que, em seu conjunto, iriam adquirir, imediatamente antes da introdu¢ao da guerra com armas de fogo, importancia estratégica crucial no mapa da Eurési . E indiscutivel que as invasées mongol-turcomanas foram 0 acontecimento mais significativo da Historia do mundo no segundo mi- lenio da era comum ~ e isso em virtude, basicamente, da relacao entre © uso de certos animais ¢ a geografia,>* A discussio de Hodgson acerca dos mongois mostra como o inte- resse de The Venture of Islam vai muito além de sua rea especializad® Soa an = arabista ou islamista seria reduzi Ho de for €M suas mios, o Isli torna-se um veiculo Pal? revelar as mais cruciais tendé que afetam as sociedades afro- Com 0 Oikoumene da Antigui obra de geografia per se. Ho. misticismo sufista quanto a icias intelectuais, culturais € geograficas curasianas; todo o Velho Mundo, de f"® idade em seu centro, Nao se trata de ¥™ dgson dedica tanto tempo a defini¢a° é descrigao da paisagem, para nao falar das weno ERODOTO TE stUS ucE ones ” demais tradigdes intelectuais ¢ iS © 0 elias que eh square ele desvela, Naw aby ve Una dliscussiy do mov iron como ela interage com a politi olition © ao introduzir a geograli, como o tag, deme @ ideologin na produgan dip pria textura da Historia, Consi r tOria. Consideremos os turcos oton cox OOM, qth no final do século NIU, acabariany subs » acabariany substituindo seus iimdos turcamane © turconi os seliticidas, na Anatolia, 0% das, na Anatolia, O “sistema monoliticn de ea ay snilitire otomanos estabelecia dos ricdes Reogntt} ' controlavam, em contras des eognificas inerentea” A Aron que F Faste CoML O dat Riissia, por exemple, ow meso fo dos mongeis primitives. Os gois primitivos, Os otomanos estavan acostumados a unt 0 exército Uni gigantes 1 i em que o padixad ou imperador devia estat empre presente, Ao mesmo te pre presente. Ao mesmo tempo, stuas operagdes partiam exclasdy mente da capital, Constantinopla, no Nordeste do Mediterrines, junto tica do sultanate tnha estrutura buroc ao Mar Negro, onde a v sua sede. “Por © inte, as grande i sua sede, “Por conseguinte, as g andes campanhas tinhant stat extenste ada pela distincia que as tropas conseguian cobrir em ant nies 40": Viena, a Noroeste, ¢ Mosul, a Sudeste, cram portante os rea, Bay algo: delimit ma estag limites geogrificos estiveis da expansio otomana por te aro inverno em Sola ou Ale raves diflculdas po, ampliando anos, 0 exército podia pass: dio o atolasse em solutista, com todo assim seu alcance, ainda que ¢ss0 ope modo geral, porem, esse sistent! des logisticas. De burocritico) concentrado ent o poder (tanto em Constantinopla, tinha 0 ¢ ente determinate. Er Ambito pessoal quanto situagdo geogrifien da capital to de fazer da a, de certo modo, o inverse da um fator absolutam: lo Jéncia desse Us ara de teve o efeito de acarret Aficos das (ropas Olona agéncia humana ~€ militar, pois, uma vez atingiddos os limites noose as recompensas CHUnirannt em declinio entre a alvez, Livesse possibilit fia, Também ne nas, tanto o moral quanto ; ado soldadesca, Um Estado menos cents uum império mais seguro, absolutismo le alizado t eno ume a merce lt Reo) irania da localizagio, agero at dominio naval, 0 eyou aoe rio maritimo otomuan Jomerido nos nutes junto a ca es no Oe Jo Departament vtido contemponine Figalo pelo rigor che anna i= sua intensidade quacte 1 basicamente ag! tendo logrado apenas Exitos com o pode: Negro e Mediterrineo, ys portugues Neill, seu colexs | adémico no set 4, auni pital, “transitori ano {ndicos” ‘transitérios” contra ¢ ore oo de Historia Hodgson, como Me! de Chicago, é menos wm Ae al Am cov cla par oda antigi vel, frate, talver de lavra que um intelect vestigagao cientifica incansav 8 ofundezas de set mergulho nas mintcia . s, alco principal é 0 antigo Oikoumen, le parte do material da Hist, i. rte do cenario das nem das PP Seu P jm constitu boa F os, grande pa particular. Ou sei do todo. cle perde a ¥ -as0, tambe como dissem wala V a.C. Talvez. nao por coincidlencia ese que ocupa as atuais manchetes dos jornais; a Oriental e 0 planalto iraniano-afegio, Afj. ue convergem as massas de terra eurasiana e afrj. Oceano Indico via Mar Vermelho e Golfy raestratégica € faz dele um cadi- grego, que, Por? tad -Neille, ria do mundo de MeNeille, Heradoto, 20 § Histériasde ente o mundo seja exatame Mediterraneo regido entre © val, & no Oskounene 4 cana, com yarios acessos Persico, o que toma Sua Jocalizagao ult nog de migracao ¢, portanto, em conflito. Historias, de Herédoto, capta ess@ turbuléncia incessante. E tra no cerne de minha defesa da relevancia de McNeill e Hodgson no século XXI - pois esse grego, nascido stidito persa em algum momento entre 490 e484 a.C., em Halicarnasso, no Sudoeste da ‘Asia Menor, mantém, em sua narrativa sobre as origens ¢ @ realizagio da guerra entre gregos € persas, © equilibrio perfeito entre a geografia e as decisses humanas. Herédoto apresenta © determinismo parcial de que precisamos, na medida em que nos mostra um. mundo como mapa topos de fundo —a Grécia, a Pérsia e suas res- sivas sombras barbaras, no Oriente Préximo e no Norte da Africa -, ‘0 vividas com devastadoras conse- a a sensibilidade que precisamos nos pegue tanto de surpres2. de grupos étnicos ¢ sectarios ele que se enco todos grafico pairando como pano pec enquanto as paixdes individuais sa quéncias politicas. Herédoto represent: recuperar para que o mundo por vir ndo 0 costume € de todas as coisas 0 soberano”, observa Herddoto, c- a Pindaro. Ele nos conta sobre os egipcios, que raspavam as sobran- “ bes come sinal de luto por um gato amado, de membros das tribos ea a ostentavam cabelos longos de um lado e raspados do outro e a ve ee de escarlate. Havia os massagetae, povo que vivia a ee tes reuniam-se e 0 matavam ¢ C ela faziam um banquete’” Pri pcozinbaedle codes Caae aes “ a experiéncia histérica do ove au tudo 0 que havia era paste que nela habitava e os modos e id® que cometesse erros tragicos. Os citas viv a as Viviam do outr ‘0 lado do Bésforo cimério, onde era to frio que, para conse 10 inverno, era pre- di fri » Para conseguir lama, no inv a , o acender uma foguei gueira. Como Artabano adverte Dario, 0 monarca crema mobilidade, sem cidades nem terms cultivedes « —— as cultivadas, que nao ofereci enhum ponto foc: ‘ 5 ve 7 = cal de ataque a um grande exército bem equipado.* A-extraordinaria forga de Herédoto reside em sua poderosa evoca- o daquilo em que os seres humanos sio capazes de acreditar - uma pers vio: nio véa persa, em vo: ndo vé 4 guerra contra os citas — crenga que se tornava tangivel a partir do fato de que os antigos, desti- quidos de ciéncia e tecnologia, viam e ouviam 0 mundo diferente de nds, de maneira mais vivida. A paisagem e a geografia adquiriam para eles contornos de uma concretude inconcebivel para nés. Consideremos a histéria de Fidipides, um corredor profissional que foi enviado como arauto de Atenas a Esparta, a fim de rogar ajuda con- tra os persas. Fidipides conta aos atenienses que, no Monte Parténio, a de Esparta, encontrou-se com 0 deus Pa, que o incumbiu de “Por que ndo tendes mais consideragéo por povo de Atenas, tendo-Ihe sido itil em tan- e nesta?”. Quando a sorte Thes sorri, os des dissera a verdade, erguem um caminho indagar a seus compatriotas: P3, que é um bom amigo do tas ocasides, como sera novament atenienses, convencidos de que Fidipi sentuério para Pa sob a Acrépole. Trata-se de mais que uma historia interessa tal como contado pelos at acreditava ter visto Pa. 530 do deus, dada sua fatis eotemor maravilhado q lesde entao perdido ps rate povoado que a inte; o relato pode ser per feitamente veridico, enienses a Herédoto. O corredor provavelmente Ele o viu de fate a iga, 0 pantedo ine- ue ele acalentava ela humanidade. natureza ainda provavel que tivesse uma vis rente ao seu sistema de crencas em relagdo aos elementos fisicos, 4 O mundo antigo era “tdo esparsament® Fe a poris Pasternak em nao havia sido eclipsada pelo ser human® » escreve Br poderoet Doutorlsage Ela podia nos acertar no oThocomumDERT LY © agarrar-nos pelo pescogo com tamanha faria € de coe sonal o racionalismo € es. aue talvez ainda fosse mesmo repleta de deus © m nos Jevado tao Jonge que ja ndo somos mais Capazes rismo tiverem nos © mo entender — ye Fidpides vie, nao eeremos CON &: POF con. de imaginar 04) defender de- movimentos religiosos que Tevertem ¢ como nos | A afetam @ geopolitica atual. Pois, embora 0 espaco por tody jismo € 3 . #4 niio sea mai: tenha sido preenchido ¢ 0 mundo natural jé ndo seja mais o que ° Jas e dos bairros miseraveis e das paisagens o planet fia das favel is se da efeito psicoldgico de igual intensidade seculat seguinte, Tumini foi, a nova geogra e de forma anéloge, logic ‘nda que de maneira diferente, claro. E, pay afie, 0 peso por ela atribuido 20 espago ¢ estéreis exerce, sobre os seres humanos, ai ler essa nova geogr te impacto psiquico, ser sat por das paisagens antigas, tal como descritas por Herédoto: a O ponto crucial de Historias, de Herédoto, é 0 fascinio exercido pelas Ihas Gregas, fervilhantes de cultura, despontando no Ocidente Jogo apés os montanhosos planaltos da Pérsia e da Asia Menor. Bis aqui compreend sequent 4 util comecar por uma apreciagio seu conseq! 0 determinismo geogrifico em grande escala, poderiamos dizer, pois os povos da Asia, a Leste, e da Grécia, a Oeste, lutam entre si ha milénios, culminando em nossos dias com a tensio nas relagdes entre Grécia e ‘Turquia: tensdo que no provocou a eclosio de uma guerra desde os anos 1920 basicamente devido as transferéncias macicas de populacio que se deram naquela década, engendrando dois Estados homogéneos e uniétnicos, Em outras palavras, a paz s6 sobreveio apés uma limpeza étnica que seguiu os ditames da geografia. Nao obstante, nao é esse, no fim das contas, 0 ponto de vista defendido por Herédoto. Herédoto evidencia sua receptividade as questdes do coracio ¢ 4 concomitante proeminéncia das intrigas humanas. Ele ilustra como 0 interesse de cada parte é calculado em meio a um deturpador turbilhio de paixdes. Atossa, uma esposa do Rei Dario, da Pérsia, apela para @ vaidade masculina do marido na cama, implorando-lhe que invade @ Grécia - um favor que ela faz a0 médico grego que a curou de um t mor no seio, ¢ que deseja rever sua terra natal. Tudo é uma questio de Cie i omeese uma questo shakespeariana. Z Joto, no fundo, procura elucidar as complexidades do destino: moi f Perse ei em sree, a dstibuidora de quinhdes’ eae uel i rect ps Tie Superam 0 destino, so eles que constituem a 4? ‘ura da narrativa de Herédoto, HERO POTO E SEUS sucEssoREs a Eo proprio Hodgson que comenta €M sua introd; : ‘odugio Pe a The Venture se possa seguir seu exemplo e, em certo sentido, talvez até Superé-las. Até hoje, contudo, nao nos atrevemos a considerar grande nenhum homem Cujos feitos nao sejam, de algum modo, comparaveis aos seus.43 : Hodgson escreve essas palavras logo no principio de seu épico pare deixar claro que os seres humanos, em iiltima instancia, tém o controle de seu destino, por mais que ele com frequéncia se dedique, ao lon- go de seus trés volumes, descricdo de amplas tendéncias histéricas e ambientais sobre as quais, ao que pode parecer, os individuos pouco controle exercem. Sem o reconhecimento dos embates individuais, nio ha humanismo no estudo da Historia, pondera Hodgson. Assim ele tece sua tapecaria do Isla: “Um complexo de tradigdes de profunda relevan- cia moral e humana” que assume a natureza de uma forca global, mas teve inicio com os atos de individuos em Meca. E assim retornamos a batalha contra o destino, e é bom que assim seja; pois agora precisamos nos sentir especialmente fortalecidos por Herédoto, Hodgson, McNeill e outros, uma vez que estamos prestes a adentrar um terreno excepcionalmente inéspito: o da geopolitica e das teorias semi- deterministas dela decorrentes. O fato € que as linhas gerais da Historia, de fato, costumam ser previstas e talvez voltem a sé-lo — algo, para dizer © minimo, desconcertante, dada a capacidade dos individuos de modi- ficarlhe o curso, Mas, como veremos, é verdade. Os homens que logo apresentarei talvez, causem o mais profundo desconforto nos humanistas liberais. Tais homens esto longe de serem filsofos; trata-se, pelo eae tio, de gedgrafos, historiadores e estrategistas, que partem do principio de que o mapa determina quase tudo, deixando ues pouco ne no fim das contas, para a agéncia humana. Esta, na ee la em ae : atribuem qualquer relevo, importa-lhes no tocante 20 lominio ae comercial, Nao obstante, é com esses homens que teremo* note samen de modo a estabelecer um referencial para entender 0 que coniron hoj je esperar alcancar nesse contexto, j€ No mundo e o que se PO Pp

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