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A MEMÓRIA E O PERDÃO

Entre lágrimas e sorrisos


“Queira o Senhor favorecer-nos com sua graça, como esperamos, para que eu mereça receber de sua
mão o alimento que me proponho servir-vos” (Santo Agostinho, Sermão 145,1)

I. APROXIMAÇÃO AO TEMA: MÚSICA “CARLA” (LS JACK, 2002)


Eu cheguei a deixar vestígios pra você me achar / Foi assim que entreguei meu coração devagar / Eu
tentei te roubar aos poucos pra você notar / Que fui eu, te guardei onde ninguém vai tirar.
No fundo dos meus olhos (olhos) / Pra dentro da memória te levei / Amor, você me tentou.
Ô, Carla / Eu te amei como jamais / Um outro alguém vai te amar / Antes que o sol pudesse acordar /
Eu te amei, ô, Carla / Ô, Carla.

II. RECURSOS AOS EIXOS DE LEITURA


A MEMÓRIA
“A memória conduz à redenção... O esquecimento conduz ao exílio”
 Fazer memória desde a ótica de Deus (chave hermêutica)
 Re-cor-dar (dar voltas no coração) é fazer ficar no coração o que queremos
 Lembrar para não esquecer, para atualizar a Redenção que Deus operou em cada um de nós
(Confessio: confessar e professar)
 Confessar o Mistério Pascal

O PERDÃO
“O que realmente lhe faz bem não faz você ficar mal”
 A transitoriedade é própria do ser humano (chave antropológica)
 Os erros também fazem parte da Grande História da Salvação que Deus escreve conosco
 Nossa história pessoal está escrita por nossos erros e acertos
 Confessar o Mistério Humano

AS LÁGRIMAS
“Lágrimas são o suor do coração”
 Uma e outra vez temos que voltar ao coração. Nele somos nós mesmos (chave catártica ou
kenótica)
 Experimentamos sofrimentos, limitações... Só o Senhor conhece o que levamos dentro.
Derramemos nosso pranto a seus pés, para experimentarmos seu “conhecimento”
 “Como conseguir isso, senão pedindo, chamando e buscando, ou seja, orando, lendo e
chorando, como o Senhor mesmo mandou” (Santo Agostinho, Carta 21,4)

OS SORRISOS
“Não interessa quem magoou você ou lhe fez chorar... O que importa é quem fez você sorrir de
novo”
 Triunfa sempre o amor de Deus (chave catafática ou transcedental)
 Este amor é o único que nos acompanhará em todas as situações da vida. Somente ele dará
verdadeiras razões para sorrirmos de novo
 Nele finquemos as raízes e acreditemos que este amor jamais acabará

III. LEITURA BÍBLICA, EXISTENCIAL E ESPIRITUAL DA MÚSICA “CARLA” (LS JACK, 2002)
Eu cheguei a deixar vestígios pra você me achar: Hb 1,1-3
 Deus deixou vestígios para encontrarmos sua presença: na criação, na história do povo, na
existência pessoal, no chamado vocacional...
 Reconheço estes vestigios de Deus? Anoto alguns um deles
Foi assim que entreguei meu coração devagar: Os 11,1-4
 Deus fez uma verdadeira pedagogia com o seu povo. Revelou-se aos poucos, se entregando
devagar “até chegar a plenitude dos tempos”
 Como posso verificar este “entregar do coração de Deus” a mim? Momentos que senti o
amor de Deus dirigido a minha pessoa...
Eu tentei te roubar aos poucos pra você notar: Ct 8,6-7
 Uma e outra vez Deus tentou roubar o seu coração
 “Por que, pois me has chagado / A este coração, e não sanaste? E, pois se me o tens
roubado / Por que assim o deixaste, / E não tomas o roubo que roubaste” (São João da Cruz,
Cântico Espiritual, Estrofe 8)
 Entrego meu coração livremente a Deus que me ama com sus as emoções?
Que fui eu, te guardei onde ninguém vai tirar: Sl 33,4
 A guarda de certas situações revelam o cuidado do Senhor por nós. Ele nos tem protegido
pela honra de seu nome. Porque levamos o nome de seu Filho (Cristo) em nós
 De quantas situações me livrou o Senhor Deus?
No fundo dos meus olhos (olhos): Sl 16,8
 A pupila é o mais precioso dos olhos. A imagem que chega nela, se reflete na retina de modo
invertido
 Vejo nos meus erros e contradições desde os olhos de Deus?
Pra dentro da memória te levei: 1Cor 10,23-26
 A memória é o que retemos anteriormente. Memória na Sagrada Escritura é atualização da
salvação. No cristianismo é atualização do feito salvífico de Cristo
 Atualizo tudo o que Deus fez por mim? Como celebro sua Memória?
Amor, você me tentou, ô, Carla: Dt 6,16-17
 Tentar a Deus é exigi-lhe provas que Ele é fiel. Deus está em todos os momentos da vida
 “Entre as panelas, também anda o Senhor” (Santa Teresa de Jesus, Livro das Fundações 5,8)
 Como vejo o agir de Deus no meu fazer diário?
Eu te amei como jamais / Um outro alguém vai te amar: Jr 31,3/2Cor 5,14
 O amor de Deus sobrepassa nossas misérias, pecados e limitações
 “Como nos amaste, Pai bondoso! Não poupando teu Filho único, o entregaste por nós
pecadores!...” (Santo Agostinho, Confissões X,43,69-70)
 Quantas vezes morri para mim mesmo e fiz algo pelos outros?
Antes que o sol pudesse acordar: Eu te amei, ô, Carla, ô, Carla: Is 43,1-2
 O amor de Deus subsiste a tudo e supera a tudo. Ele é o único que permanece
 “A caridade tem tolerância nas adversidades e moderação na prosperidade; é forte nos duros
sofrimentos, graciosa nas boas obras...” (Santo Agostinho, Sermão 350,3)
 Recordo tudo o que foi meditado... Anoto pontos que descobri e sentimentos que senti

IV. ESCUTAR NOVAMENTE A MÚSICA DESDE A LEITURA BÍBLICO, EXISTENCIAL E ESPIRITUAL

V. COMPOR UMA PEQUENA ORAÇÃO PARA SER LIDA NA MISSA


TEXTOS DE APOIO
CONFESSAR É PROFESSAR
És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua
sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que,
revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do pecado e a prova de que resistes aos
soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te.
Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está
inquieto enquanto não encontrar em ti descanso.
Que eu, Senhor, te procure invocando-te, e te invoque crendo em ti, pois me pregaram teu nome.
Invoca-te, Senhor, a fé que tu me deste, a fé que me inspiraste pela humanidade de teu Filho e o
ministério de teu pregador.
(Santo Agostinho, Confissões I,1,1)

O AMOR DE DEUS
Como nos amaste, Pai bondoso! Não poupando teu Filho único, o entregaste por nós pecadores!
Oh! Como nos amaste! Foi por amor a nós que teu Filho, que não considerava usurpação o ser igual a
ti, submeteu-se até a morte de cruz. Ele era o único livre entre os mortos, tendo o poder de dar sua
vida e de novamente retomá-la. Por nós se fez diante de ti vencedor e vítima; por nós, diante de ti, se
fez sacerdote e sacrifício, e sacerdote porque ele era o sacrifício; de escravos, fez de nós teus filhos;
nascidos de ti, se fez nosso escravo. Com razão ponho nele a firme esperança que curarás todas as
minhas enfermidades por intermédio dele, que está sentado à tua direita e intercede por nós junto de
ti. De outro modo desesperaria, pois são muitos e grandes meus males; porém mais poderoso é o
poder do teu remédio. Poderíamos pensar que teu Verbo estava muito longe para se unir ao homem,
e desesperar de nós, se ele não se tivesse feito carne, habitando entre nós.
Atemorizado por meus pecados e pelo peso de minhas misérias, meditei o projeto de fugir para o
ermo; mas tu te opuseste e me fortaleceste dizendo: Cristo morreu por todos, para que os viventes já
não vivam para si, mas por aquele que morreu por eles.
Eis, Senhor, que lanço em ti os cuidados da minha vida, e contemplarei as maravilhas da tua lei.
Conheces minha ignorância e minha fraqueza: ensina-me, cura-me. Teu Filho único, no qual estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, me redimiu com sangue. Não me caluniem os
soberbos, porque eu conheço bem o preço de minha redenção. Como o Corpo e bebo o Sangue da
vítima redentora, distribuo-a aos outros; pobre, desejo saciar-me dela em companhia daqueles que a
comem e são saciados. E louvarão ao Senhor os que o buscam!
(Santo Agostinho, Confissões X,43,69-70)

O AMOR SEM FIM


A caridade tem tolerância nas adversidades e moderação na prosperidade; é forte nos duros
sofrimentos, graciosa nas boas obras; é seguríssima na tentação, na hospitalidade é larguíssima; entre
os verdadeiros irmãos, é cheia de alegria; entre os falsos, revestida de muita paciência (...). É a alma
das Sagradas Letras, a força da profecia, a salvação dos sacramentos, o fundamento da ciência, o fruto
da fé, a riqueza dos pobres, a vida dos moribundos (...)
Que há de mais forte do que ela, não para retribuir as injúrias, mas para saná-las? Que há mais
fiel do que ela, não à vaidade, mas à eternidade? Justamente por isso é que tolera tudo na presente
vida, pois acredita em tudo quanto à vida futura; sofre tudo o que aqui é lançado, porque espera tudo
o que ali está prometido: com toda a razão, jamais passará (...)
É necessário, na verdade, que o discurso de um velho seja não só grave, mas também breve”.
(Santo Agostinho, Sermão 350,3).

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