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Como se constrói um "conselho de

pastores"?
 

Amizade, não coleguismo


A principal tarefa de quem deseja iniciar um conselho de pastores em sua cidade é
procurar desenvolver amizades significativas entre os “colegas” de ministério. A
experiência comprova que pastores não são amistosos entre si. Há muito ciúme,
competição, exibicionismo e falta de modéstia na classe que deveria ser “mansa e
humilde” como Jesus. Com “amigos” me refiro a encontros casuais além dos
formais. Gente que se conhece, compartilha lutas e vitórias; incentivam-se
mutuamente e não procuram interesses denominacionais, mas o bem estar do
outro. Se os pastores do conselho não forem amigos, não haverá conselho de
pastores.

Unidade, não união


Qual a diferença? Um exemplo “bem batido” é o do saco de batatas comparado ao
purê de batatas. No primeiro há união. No segundo, unidade. Assim como o
leguminoso do exemplo (ou seria raiz?) é preciso remover a casca e deixar-se
esmagar. No linguajar “evangeliquês”: tirar as máscaras e humilhar-se. Um
conselho de pastores só será um instrumento poderoso nas mãos do Senhor
quando a unidade do Espírito for preservada pelo vínculo da paz o que só
acontecerá com líderes quebrantados, numa unidade em amor.

Visão de Reino, não politica


Pastores deveriam ser, acima de tudo, homens de Deus. Espera-se que falem em
nome de Deus, chorem as lágrimas de Deus, lutem com Deus nas batalhas de
Deus e edifiquem a igreja de Deus. Jesus foi claro quando disse “o meu Reino não
é deste mundo”. Insistiu dizendo ainda: “vós não sois do mundo como eu do
mundo não sou”. As denominações divergem quanto ao assunto e cada uma irá
assumir esta ou aquela posição. No entanto, creio que um conselho de pastores
deveria manter-se neutro e unido unicamente sob a bandeira da cruz.

Submissão em amor, não hierarquia


Para que um conselho funcione com certa ordem uma organização se faz
necessária. Daí haverem presidentes, secretários e tudo mais. No entanto,
pastores tendem a ser formais ao extremo, transformando um expediente
organizacional em hierarquia pesada. A mentalidade de caserna não funciona num
conselho de pastores. Em oração, todos são iguais perante o Senhor. Não importa
quão grande ou influente seja a denominação de alguém, ou quantos membros
sua igreja tenha, ou quanto tempo determinado pastor está na cidade, ou qual sua
faixa etária ou graduação. O que importa é que “Cristo é tudo em todos” e
devemos nos sujeitar uns aos outros conforme a ordem bíblica.

Ênfase em Cristo, não na doutrina


Há quem discorde, claro. Mas qualquer um que ame a Bíblia e a Igreja irá
concordar comigo que há doutrinas inegociáveis como as que se relacionam com
cristologia e soteriologia. Há porém doutrinas de peso secundário que podem
atrapalhar a unidade, dependendo da ênfase dada por determinada denominação.
Somos salvos por uma Pessoa, não uma doutrina. Devemos buscar nossa unidade
em Cristo e não em nossas construções teológicas. Nele somos um. Vivendo nele,
por ele e para ele, estaremos preservando a unidade.

Ter como capela a cidade, não a denominação


Aqui muitos esbarram. A Bíblia é clara em afirmar que Deus é Deus de cidades,
não de denominações. Nínive, Babilônia, Jerusalém, Jericó, Antioquia, Conrinto,
Filipos, Tessalônica. Denominações existem, tem sua importância histórica,
cultural e espiritual, mas não podem (nem devem) interferir na unidade da Igreja de
Cristo em uma determinada cidade ou jurisdição. Há apenas uma Igreja de Cristo
numa localidade. E quando esta Igreja está vivendo em unidade, é a principal força
existente na face da Terra. Nem a Prefeitura, nem a OAB, nem a Polícia Militar, ou
qualquer outra autoridade pode enfrentar demônios que controlam determinados
segmentos sociais de opressão. Só a unidade da igreja pode fazer esse
enfrentamento. O evangelismo não pode ser um trabalho isolado desta ou daquela
denominação, mas um esforço conjunto. O mesmo com respeito a intercessão ou
a vóz profética. No poder da unidade cidades inteiras estão sendo transformadas.

Como dar o start?


Se deseja começar um conselho de pastores, procure aqueles com quem tem
mais afinidade e estabeleça uma agenda de reuniões de oração mensais num
período de seis meses. Forme uma base sólida com poucos. A partir daí, comece
a convidar outros pastores para integrarem este grupo inicial. Deixe de lado, a
princípio, documentos como estatutos, códigos e ética, declarações de fé, etc.
Forme um grupo de amigos e desenvolva com eles uma ligação cristã antes de
qualquer vínculo institucional. A partir de então estude os problemas de sua
cidade, identifique onde estruturas de opressão estão atuando e promova uma
ação conjunta de oração e enfrentamento desta situação. Deus fará muito mais do
que você imagina, por meio da unidade de seu povo. Experimente e verá.

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