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ISSN 1517-5845 Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 2001, Vol. 3, n° 2, 51-66 Comportamento governado por regras Maria Amélia Matos" Universidade de Sao Paulo Resuma Nesta breve revisto de finalidades didéticas, discutem-se algumas questdes relacionadas ao comportamento govemnado por regras. Mostra-se que o comportamento instrufdo é menos sensivel a contingéncias que 0 comportamento modelado, Contudo, um comportamento sob controle de. contingéncias pode passar para sob o controle de auto regras. Desempenhios motores complexos e aqueles que envolvem diferenciagdes sutis so mais eficazmente instalados por instrugao mas, & medida que se instalam, passam a ocorrer sem o acompanhamento de regras, podendo ficar totalmente sob controle das contingéncias, ou seja, regras so titeis para complementar contingéncias fracas, remotas, ou complexas, assim como em situagdes de competigao entre contingéncias opostas; porém, na medida em que as contingéncias se tornam mais fortes (por um. controle de estimulo mais eficaz, ou por operagdes estabelecedoras, etc.) elas eliminam o controle pela regra. Palavras-chave: regras; controle instrucional; comportamento verbal; comportamento governado verbalmente, Abstract Rule-governed behavior. In this brief didactic revision @ few questions concemed to rule-governed behavior are discussed. It is shown that instructed behavior is less sensitive to contingencies than shaped behavior, However, contingency controlled behavior may become rule governed (selfules). Complex motor behavior as well as those which depend upon subtle response differentiation are more easily taught by instructions but, once established, they may occur without those rules; and they may become completely under contingency control. That means that rules are usefll to complement contingencies which are weak, remote, or too complex, as well as in situations of competition between opposing contingencies. However, as those contingencies become stronger (through a more efficient stimulus control or through establishing, operations) they overcome rule control. Key words: rules; instructional control; verbal behavior, verbally controlled behavior. Regras so estimulos discriminativos de um tipo especial: elas envolvem © comporta- ‘mento verbal de uma pessoa, a pessoa que emite aregra, Nesse sentido, o estudo do controle por regras sempre deveria envolver uma andlise do contexto social do falante (que emite a regra) ¢ 1. Bolsista do CNPQ. Enderego para correspondéncit fax.: 11-38 14 98 17 e-mail: maamatos@usp.br 51 do ouvinte (que seguiré ou nfo a regra). E justa- mente a flungdo do ouvinte, como responsével peloreforgo para o falante, que define ecoloca a estudo de regras dentro do campo do comporta- mento verbal. Este ponto € muito importante porque estabelece desde ja uma clara distingao : R, Engenheiro Bianor 153, Sdo Paulo, SP, CEP 0502-010 - Telefone Maria Amélia Matos entre a postura do Behaviorista Radical a do cognitivista. Para este, como mentalista & mediacionista que é, 0 comportamento é controlado por (ou a expressdo de) processos, simbélicos (as regras) gerados internamente, isto é na consciéncia ou na mente. Para aquele, tanto a linguagem como os pro 108 € as regras so exemplos de comporta- sssos simi mento verbal, e como tal gerados no ambiente (no caso social) em que vivemos. Como exem- plos de comportamento verbal so sub-produtos da nossa interagio social eno causas de outros comportamentos”, Quando vejo, na rua em que estou dirigindo meu carro, um acidente de trifego mais adiante, com varios carros parados em yolta, em geral eu paro 0 carro, analiso a situa- oe tomo uma via alternativa para chegar onde pretendo, evitando o local do acidente. A isso se diz controle por contingéncias naturais. Quando, na mesma situagdo, eu vejo uma placa de transito dizendo “Trafego inter- rompidoa $00 metros. Utilize o desvio”, eu an: liso a situagdo e tomo uma via altemativa para chegar onde pretendo, evitando assim 0 local onde hé problemas. A isso se chama controle por contingéncias culturais, ou mais especifica- mente, controle do comportamento por regras. Em ambos os casos, eu tomo uma via altemativa evitando 0 loc onde ha problemas, evitando eventuais atrasos em meu trajeto; em ambos os casos, as respostas so topogratica- mente semelhantes as conseqiiéneias também. Em ambos 0s casos, a relagio R-SR esté sob controle de um antecedente em relagao ao qual tenho uma histéria passada, No primeiro caso trata-se de um antecedente mecénico ou geogré- fico (uma batida de carros ou um defeito na pista), no segundo caso trata-se de um antece- dente cultural (um aviso do departamento de estradas), No primeiro caso 0 antecedente “aglo- merago/acidente” controla meu comportamen- to porque tenho uma histdria passada em relago aacidentes de teifego e aglomeragées de carro (¢ porque, légico, conhego mais ou menos a regio por onde estou dirigindo). No segundo caso 0 antecedente “aviso” controla meu comportamento porque tenho uma historia passada com relagio a palavras da lingua portu- guesa e com relagao a placas do departamento Vidrio, No primeiro caso dizemos genericamente que o antecedente é um estimulo discriminativo, no segundo caso dizemos que o estirmulo diseri- minativo é uma regra ou uma instrugao®, Regras ou instrugdes, no sentido em que as usamos aqui, descrevem contingéncias: “Se continuar por esta via acontecerd isso e aquilo; se tomar uma via alternativa aconteceré aquilo outro”. Em 1969, Skinner mencionou pela primeira vez 0 conceito de regras como condi- Ges especiais que poderiamos utilizar ao anali- sarmos 0 comportamento do ser humano. O cenunciado de regras poderia substituir o proce- dimento de modelagem de uma resposta em seres humanos, Aleriava ele, contudo, para ao fato que a descrig&o de uma contingéncia conti- 2, Aesserespeito seria conveniente usarmos 2 expressZo sugerida por Catania (www behavior.org, seco sobre Rule Govemed Behavior), “comportamento govemado verbalmente”, ao invés da expresso “‘comportamento governado por regras”, jé que a palavra ‘regra” nfl necessariamente implica em especificarao de contingéncias, Contudio, como esta segunda expressio é a mais comentemente empregada, continuaremos a usi-la neste texto, ‘Embora cxista uma polémica na drea sobre areal fimgao ¢ siatus das regras (Skinner, 1969/1974, as define como estimulos especificadores de contingéncias, ou seja, estimulos discriminatives, enquanto Schlinger, 1993, as considera estimulos que alteram as fungées de outros estimulos, ou seja, operagSes estabelecedoras), adotaremos ‘aqui posigaio de Skinner. Uma regra X que, no passado, alterot.a fungao de um estimulo Y, ¢ que agora nto mais esté presente, nfo é um estimulo que controle o comportamento; por sua vez.o estimulo Y, presente © com Fung alterada, pode controlar 0 comportamento, mas nilo ¢ necessariamente uma rear. Comportamento governado por regras da em uma regra no necessariamente teria 0 ‘mesmo efeito que um contato direto com essa contingéncia teria (hoje sabemos que essa dife- renga se dé exatamente devido ao processo pelo qual regras adquirem controle sobre o compor- tamento). Mais sobre isso, adiante, Em 1966, Skinner denominou o compor- tamento sob controle direto pelas contingéncias (isto &, © comportamento modelado*) de “comportamento modelado por contingéncias”, € 0 comportamento sob controle direto por instrugdes de “comportamento governado por regras”>, ao tempo em que identificava neste segundo caso duas respostas sob controle de duas situagdes. Em nosso exemplo do motorist cauteloso, podemos identificar estas duas respostas e seus antecedentes: a resposta motora de desviar o carro por uma via alternativa (resposta essa modelada por e sob controle de contingéncias naturais), a resposta de obede- strugdes contidas na placa de aviso (resposta essa sob controle de contingéncias sociais). Ou seja, a resposta de dirigir e a de obedecer sinais de tréfego. Assim, além da resposta instruida (de obedigncia a regra), mantida por contingéncias sociais, temos a resposta de executar 0 comportamento especifi- cado pela regra (em geral um desempenho motor modelado por contingéncias naturais). Dizemos ainda, que 0 comportamento contro- lado por regras produz conseqtiéncias ditas instrucionais tipicas (aprovagao social) ¢ conseqtiéncias ditas colarerais (colaterais em relagdo a resposta sob andilise, a resposta ins- cer as truida), Em nosso exemplo, entre essas conse- qlléncias colaterais podemos ide acidentes ou multas” e “chegar mais cedo ao local de destino”. papel das conseqtiéneias colaterais na instalagao da resposta motora “ditigir o carro” é muito grande, mas, na instalago da resposta instruida (‘obedecer”), esse papel é minimo. Esquecendo isso, freqiientemente trabalhamos com conseqiléncias naturais ao tentarmos climinar um comportamento controlado por regras, 0 que é um erro: as conseqtiéncias a serem trabalhadas deveriam ser as culturais, no esquecendo o papel da auto-regra, Quando estou aprendendo uma habili= dade motora nova complexa ¢ onde também a seqiéncia das respostas especificas ¢ importan- te (por exemplo, tocar violdo ou jogar golfe), em geral comego essa aquisigao sob controle de regras (especialmente se jé tenho os pré- requi sitos necessérios). A medida em que vou desen- volvendo um certo grau de competéncia, controle deve passar para as contingéncias naturais do meu comportamento (0 som que produzo, 0 feedback da posi¢flo de meus dedos, © peso do taco, o trajeto da bola, etc., ete.). Se continuo sob controle de instrugdes (sejam elas auto-regras ou regras do instrutor), nunca apresentarei realmente um bom desempenko nessas atividades, Desempenhos que envolvem diferenciagdes sutis entre diversas topografias de respostas dependem de conseqtienciagdes precisas, ponto a ponto, ¢ imediatas (quem ja ‘modelou um rato ou ensinou uma crianga a ficar icar “evitar 4, Estamos aqui, na verdade, em umn terreno muito delicado: regras descrevem contingéncias e, nesse sentido, seu controle sobre o comportamento & por contingéncias. A diferenga é que, no caso das regras, 0 controle ocore exclusivamente por contingéncias sociais eos participantes dessa relagao de controle devem possuir repertérios calturais lingitisticos comuns, isto é, compartillados, o que dispensa 0 requisito da modelagem. Por repertérios, sociais comuns queremos dizer que os parceiros devem emitir operantes discriminativos de umamesmaclasse. 5. O termo “regra” em geral € ulilizado para nos referirmos a uma grande variedade de circunstincias antecedents e/ou de respostas posstveis. Mais recentemente foi introduzida a expressdo “instrugdes”, usada nos casos em que hé uma especificagdo das cireunstancias em que a ago se da, Neste texto, dados seus objetivos didaticos mais gerais, utilizaremos os dois termos indistintamente, Maria Amélia Matos em pée andar, sabe disso), ¢ isso nunca pode ser completamente substituido pela melhor das regras, ou pelo elogio mais poderoso, Por outro lado, quando estou aprendendo uma habilidade conceitual abstrata (calcular a rota de véo de um avido ou desenvolver uma formula matematica elaborada), 0 controle por contingéncias naturais € minimo, enquanto aquele pelas regras vai ficando cada vez mais elaborado ¢ mais complexo; as proprias descri- ges contidas nas regras vito ficando cada vez. mais codificadas e sujeitas a outras tantas re- gras; até 0 ponto em que, quem desconhece essa assim chamada “linguagem técnica”, ndo reali- za enem sequer acompanha a realizagio destas atividades. Esta discuss tem a ver com uma anélise dos chamados reforgadores intrinsecos ¢ extrinsecos (ver Catania, 1999). Alguns even- 10s, aqueles filogeneticamente importantes para a sobrevivéncia do individuo e da espécie, sto reforcadores intrinsecamente eficazes; outros precisam ser instalados ou aprendidos (isto sua fung8o reforgadora & adquirida). Elogios, dinheiro, ateng%o materna so eventos cuja eficdcia reforgadora depende de sua associagiio com reforgadores intrinsecos, ou seja, so extrinsecos a atividade sobre a qual atuam, Conseqiientemente, reforgadores extrinsecos n&o so muito eficazes nem com criangas muito jovens, nem com adultos com problemas de desenvolvimento, ¢ as respostas que mantém desaparecem quando esses reforgadores nfo sto pareados com aqueles intrinsecos, por algum tempo. Em criangas mais velhas, a suspensio do reforgador extrinseco pode ser realizada sem grandes dificuldades, especialmente se fazemos com que 0 adolescente verbalize sobre 0 comportamento relevante ¢ sua relaco com as contingéncias, isto é, verbalize uma regra (Wilson e Lassiter, 1982). A principio, o estudo de controle por regras néo apresentava um grande interesse 34 para os analistas do comportamento, mais preo- cupados com processos basicos € com estudos com animais. Contudo, estes pesquisadores freqtientemente sentiam-se perturbados com alguns resultados de estudos com seres huma- nos, mas atribuiam estes resultados e suas discrepiincias a problemas de controle experi- mental, Em 1979, um analista do comporta- mento do Pafs de Gales, Fergus Lowe, publicou um estudo extremamente bem realizado ¢ bem descrito, feito com universitirios atuando em uum esquema de intervalo fixe com uma resposta motora simples, pressionar uma chave de telé- grafo para ganhar pontos. Este esquema, depois de bem estabelecido, produz tipicamente taxas baixas logo ap6s o reforgo, taxas essas que vao acelerando a medida que o intervalo transcorre, ou seja, este esquema produz uma curva de respostas que se assemelhia com o padrio de ‘uma meia lua erescente, © que Lowe ver foi que seus sujeitos discrepavam deste padrito, ficou usual em animais: alguns apresentavam uma taxa constante e alta, outros uma taxa extrema~ mente baixa com algumas respostas préximo do final do intervalo, Em uma entrevista posterior verificou que os sujeitos “taxa alta e constante” relatavam que trabalhavam assim porque 0 instrutor Ihes havia dito que deveriam respon- der pressionando a chave do telégtafo; 0s sujei- tos “taxa baixa ¢ ao final do interval” relata- ‘vam que haviam notado que ganhavam pontos apenas de tempos em tempos, e descreviam ainda certos recursos que usavam para contar © tempo apés 0 qual valia a pena responder (alguns recitavam poesia, outros cantavam ou faziam contas, etc.). Todos os sujeitos que hav am mudado subitamente de “taxa alta” para “taxa baixa”, ou que respondiem com uma grande variabilidade no desempenho e subita- mente passavam para “taxa baixa”, relataram que haviam discutido a tarefa com um colega que thes havia passado a “regrinha da taxa Comportamento governado por regras baixa”. Lowe interpretou estes resultados como oefeito de auto-regras elaboradas pelos sujeitos ou imitadas de alguém. Voltemos um pouco no tempo. Em 1964, Weiner, em um estudo sobre o efeito, sobre desempenhos atuais, de uma histéria passada com diferentes situagbes de aprendizagem, treinou sujeitos humanos a responderem quer em FR 40 quer em um DRL de 20 segundos. Assim alguns sujeitos aprendiam a responder répida € constantemente, enquanto outros aprendiam a pausar por 20 segundos entre uma resposta e outra. Em seguida, ele mudou os esquemas para todos 0s sujeitos e sem avisé-los, agora 0 esquema em vigor era FI 10 segundos. Vetificou que 0 desempenho dos sujeitos nose ‘modificava: quem desempenhava em taxa alta continuava a assim fazé-lo, e os que o faziam em taxa baixa, assim continuaram a responder. Ele interpretou os resultados como os sujeitos estando mais sob o efeito de contingéncias passadas do que de contingéncias presentes (uma outra maneira de expressar 0 que aconte- ceu seria, talvez, dizer que as contingéncias passadas geraram auto regras, assim, 0 desem- pemho, na segunda etapa do estudo, continuava sob 0 controle dessas auto regras, quando esquema de FI estava presente, indicando que, pelo menos no caso dos sujeitos em DRL, 0 controle instrucional [social] era mais forte que © controle motivacional [ganhar fichas)). Nessa mesma ocasito Ayllon e Azrin (1964) trabalhando com pacientes intemados em uma clinica psiquiatrica, tentaram ensinar a esses pacientes algumas priticas de auto cuida- do e de higiene (como usar talheres nas refeigdes, no jogar comida na mesa, etc.). Ini- cialmente reforgaram com doce, café e outras guloseimas (a que normalmente os pacientes no tinham livre acesso) aqueles pacientes que usavam os talheres et . € verificaram que apesar disso, 0 desempenho geral nfo se alte~ rava, mesmo aqueles pacientes que pegavam os talheres num dia, podiam no fazé-lo no outto dia, e, de qualquer maneira, a freqiléncia geral dos comportamentos desejados era muito baixa. Decidiram entao dizer aos pacientes que seria adequado que eles usassem os talheres, e que se assim o fizessem receberiam doces, café ete. Houve um aumento imediato de cerca de 80% na freqiéncia do comportamento desejado, os autores se perguntaram: essa mudanga se deveu ao pedido feito, ou a promessa de gulo- seimas? Decidiram entao refazer 0 estudo, mas agora somente apresentariam a recomendagio de usar os talheres. De fato, 0 pedido em si era suficiente para produzit um aumento imediato~ embora nfo muito grande ~, na frequiéneia do comportamento desejado; mas esse efeito era temporirio, € © comportamento de interesse logo desaparecia. Quando, depois de virios dias, reintroduziram as guloseimas contingen- temente ao uso dos talheres, observaram novo aumento na freqiéncia desse comportamento, aumento esse que se manteve pela duragZo das observagiies. Os resultados destes dois experimentos perturbaram muito os pesquisadores na rea No caso de Weiner, a contingéncia era de FI ‘mas 08 sujeitos continuavam em FR ou DRL, ganhando reforgo num caso (mas com muito mais esforgo) ou até perdendo reforga! No estudo de Ayllon e Azrin 0 reforgo com gulo- seimas por si sé ndo eta suficiente para modifi- caro comportamento, eram necessérios pedidos eavisos também! Na pritica ateoria é outra? As leis e principios da Anilise do Comportamento s6 funcionariam para os animais e nflo para seres humanos? Em 1966 mais lenha foi jogada na fogueira: Kauffinmian, Baron e Kopp estuda- ram o desempenho em VI com seres humanos, esperando encontrar 0 desempenho tipico até entio visto com animais: taxa de resposta em niveis médios de freqléneia, porém constante e s Marla Amélia Matos: estavel. Dois grupos de participantes receberam instrugdes ambiguas sobre 0 que fazer, um terceiro recebeu instrugdes que seriam corretas se 0 esquema em vigor fosse FI, um quarto grupo recebeu instrugdes proprias de VR, ¢ 0 ‘iltimo, finalmente, instrugdes adequadas a um desempenho em VI. Os dois primeiros grupos apresentaram um desempenho varidvel, insta- vel; com relagdo aos trés tiltimos, cada um desempenhou de acordo com o esquema que Ihes fora descrito. Novamente, as descrigdes do esquema, mesmo que falsas, pareciam ser mais poderosas que o esquema verdadeiro. Somente com o estudo de Lowe em 1979 esses dados puderam ser corretamente interpre- tados/reinterpretados. Antes de mais nada, ¢ preciso aceitar a evidéncia que sujeitos huma- nos formulam regras (regras derivadas de ins- trugdes recebidas ou regras derivadas da expe- rigncia passada desses sujeitos), e que agem de acordo com essas regras, mesmo que algumas vezes essas regras ndo sejam compativeis com as contingéncias de fato presentes. Quando as regras sfio simples, isto é, faceis de serem discrimi- jo ambiguas mas (1) as contingéncias nadas, 0s sujeitos as diseriminam e passam a agir de acordo com elas; mas se (2) as contin- éncias so complexas e 0 desempenho exigido € elaborado, os sujeitos (2a) podem apresentar um desempenho errético e variivel, até, even- tualmente, ficarem sob controle das contingén- cias em vigor; ou (2b) podem formular auto regras a partir de suas experiéncias passadas com situagdes semelhantes. Eventualmente, ‘mesmo aqueles que respondem de acordo com as contingéncias (casos 1 e 2a) podem vir a formular uma regra sobre sew desempenho (como alguns dos sujeitos de Lowe haviam feito) e ficar sob controle dessa regra dai por diante, Isso explicaria os resultados de Weiner: seus sujeitos no haviam recebido qualquer instrugdo, mas haviam aprendido desempenhos em FR ou DRL atrave vigor; ao serem transferidos para uma situaga das contingéncias em de FI continuavam a reagir como antes, possivelmente sob controle de uma auto regra gerada durante o desempenho anterior. Em outras palavras: em animais, em geral o comportamento é modelado por contin- gncias naturais; sobre os seres humanos atuam também contingéncias culturais, especialmente através do comportamento verbal. Em seres humanos, especialmente em adultos, o compor- tamento verbal, pela sua ubiqilidade e indepen- déncia de substrates fisicos, tem um controle muito importante sobre 0 desempenho dessas pessoas. A partir desta constatagao a comuni- dade dos analistas do comportamento deu-se conta da necessidade premente de nfo mais pospor o estudo do comportamento verbal (uma tarefa jé iniciada, por fundamental, por Skinner em 1957) ¢ das chamadas contingéncias culturais (0 que s6 recentemente comecainos a fazer com, prineipalmente, os estudos de Sigrid Glenn). ‘Na medida em que uma pessoa ¢ “deixa- da & vontade”, ou ¢ criada mais livremente, para se defender por si mesma”, como dize~ ‘mos, ela desenvolve estratégias para disctimi- nar mais rapidamente as contingéncias impor- tantes para sua sobrevivéncia, e também para discriminar mudangas nestas contingéncias, Ela se toma essencialmente controlada por pro- cedimentos de modelagem sob contingéneias naturais e é especialmente sensivel ¢ mudangas nestas contingéncias. Uma pessoa a quem sempre foi dito para fazer isso ou aquilo, @ quem no se deua chance de entrar em contato com as contingéncias naturais, sendo com as suas descrigdes, se torna especialmente dependente de contingéncias sociais ¢ de regras sobre como agir (elas so seu nico contato com os mecanismos de sobrevivéncia), se toma extre- mamente dependente das correspondéncias ‘Comportamento governado por regras descritas entre eventos sociais e naturais e do comportamento verbal do outro e, nesse senti- do, ela se toma insensivel a contingéncias natu- rais (gente rica sensivel a mazelas da classe pobre, é ficedo). E isto é compreensivel, se nao aceitivel: se uma crianga obedece sempre a instrugdes, as contingéncias naturais nunca tetio oportunidade de atuar sobre seu com- portamento. Se ela obedece a instrugdes, conseqiiéncias agradiveis (sociais e naturais) podem ocorrer e conseqiiéncias aversivas sao evitadas; se as desobedece, conseqiléncias aversivas ocorrem. Todas essas contingéncias contribuem para aumentaro controle pelaregra. Outro exemplo: adultos aprendem a usar © computador tomando cursos ou lendo manuais, jovens aprendem mexendo e vendo 0 que acontece ou seja, aprendem por contingén- cias naturais® (os pais, claro, arcam com as conseqiléncias de pagar os técnicos de informa- tica para reparar os estragos). Em uma idade to cheia de ordens, normas ¢ conselhos no é de estranhar que o computador se tome tio aditivo, isto 6, to reforgador. E importante notar contudo que, em organismos humanos muito jovens (ou naque- les com déficits muito grandes de desenvolvi- mento) a modelagem do comportamento ainda & 0 procedimento mais eficaz para instalar novos repertérios ou refinar antigos, A medida que crescem, humanos vivendo em ambientes sadios aprendem que existem correspondéncias entre a fala dos adultos e certos eventos ou acontecimentos do ambiente. Estas correspon- déncias sao importantes para os adultos porque 6 através delas que esses adultos afetam o comportamento do jovem. Por outro lado, essas correspondéncias so importantes para os jovens porque, através delas, tém acesso a partes do ambiente com as quais ainda nao 37 entraram em contato (ndo preciso enfrentar uma chuva para pegar um guarda chuva, basta consultar 0 homem do tempo). A medida que estas cortespondéncias se instalam, entéo as regras passam a controlar 0 comportamento desses jovens. Seguir instrugdes depende de correspondéncias (1) entre certos eventos e 0 comportamento verbal do falante, (2) entre o comportamento verbal do falante e certos comportamentos do ouvinte e, finalmente, (3) entre certos comportamentos do ouvinte ¢ certos eventos no ambiente (os quais podem incluir desde aprovagio social por seguir a regra, até as conseqiléncias naturais por fazer 0 prescrito). Do que dissemos resulta a neces- sidade de investigarmos melhor as contin géncias envolvidas no comportamento controlado por regras e bem como de uma anise evolutiva da aquisigdo da linguagem (a par da de ambientes em que estas correspon- déncias ocorram de fato). O comportamento de seguir regras pode ser analisado em dois niveis, o de seguir a regra € 0 de executar o que a regra preconiza, Nesse sentido, podemos dizer que a regra ¢ um esti- mulo diseriminativo de ordem superior, ou, em termos mais téenicos, um estimulo condicional, que muda a fungio dos estimulos discrimina- tivos aos quais esta relacionado discriminatives “guarda chuva” e “éculos de sol”, o condicional que altera suas fungdes ¢ 0 aviso do homem do tempo (a regra). As contin- sgéncias de ordem superior que operam sobre o seguir instrugSes quase sempre so de natureza social ou cultural. Se eu desejo modificar ou afetar um comportamento controlado porregras eu preciso, antes de mais nada, mudar a regra, isto €, mudar a fungdo dos estimulos discri nativos (que controlara existéncia ou alterara estrutura de objetos como “guarda chuvas” ou inte dos .€ depois, nos ensinam, através de regras, como usar esses equipamentos .. Maria Amélia Matos de eventos como “chuy: , nem sempre é possivel), ou instalar novos operantes discrimi nativos (como ficar sob controle de nuvens, ventos, etc,). Regras s%o iiteis para a sociedade. Estabelecer e formular regras € um comporta- mento freqtientemente reforgado entre ¢ pelos mais velhos de uma comunidade; reforgado pela sua eficdcia na instalagao e manutengao de comportamentos desejados entre 03 mais jovens, que continuardo e perpetuardo as préti- cas culturais necessérias para a sobrevivéncia daquele grupo como um todo. Regras sao particularmente empregadas cem situagdes em que as contingéncias naturais so fracas, ou porque estas tém magnitude pequena ou porque operam a longo prazo (0 comportamento de estudar, por exemplo, tem consegiiéncias naturais a curto prazo bastante fracas, ¢ é freqiientemente instalado a partir de regras; durante muito tempo permanece man- tido por elas, até que as contingéncias naturais de longo prazo comecem 2 produzir efeitos). As conseqiiéncias sociais do seguir regras so importantes a curto prazo e, eventualmente, também a longo prazo, na medida em que suple- mentam os efeitos reforgadores dessas outras conseqtiéncias do seguir regras. Uma segunda circunsténeia em que rearas sio particularmente proviveis de acorrer envolve a existéncia de contingéncias naturais que possam produzir comportamentos indese- javeis (por exemplo, quando o alcool ou as drogas produzem habitos detrimentais easocie~ dade estabelece regras controlando seu uso). Finalmente regras podem compensar ou anulat os efeitos aversivos de certas conseqiléncias naturais (por exemplo, os efeitos previstos - previstos a partir de experiéncia passada ~ do tomar uma injeg#o podem ser compensados pelos efeitos previstos ~ previstos em regras ou 58 consethos- de eliminaco ou prevengtio de uma doenga). Estes sto alguns dos pardmetros que deyemos levar em consideragao ao trabalhar- mos com 0 comportamento controlado por regras. Se o seguimento de regras depende da socializagio do individuo (leia-se, da aquisigtio de uma linguagem e do desenvolvimento de controle por reforgadores sociais), entao seguir regras é um comportamento evolutivo cultural- mente determinado, cuja aquisigao € gradual, e eu deveria observar seu desenvolvimento 20 longo do erescimento das pessoas para entender melhor seus mecanismos de a¢do. Em 1983, um grupo de analistas do comportamento iniciou uma linha de pesquisa exatamente nesse senti- do. Lowe, Beasty ¢ Bentall observaram 0 desempenho, obtido por modelagem, de crian- as pré-verbais de9 ¢ 10 meses de idade, em um esquema de FI. Quatro valores de intervelos foram utilizados, cada um introduzido aleato- riamente apés a estabilizagao no valor anterior. Todas as criangas apresentaram 0 padrao tipico observado com organismos ndo humanos pausa apés reforgo, taxas gradativamente cada vez mais aceleradas & medida que o intervalo se escoa. Do mesmo modo, foi observada uma grande sensibilidade as mudangas nos valores do intervalo, isto é, o desempenho das criangas mudava quando o valor do intervalo mudava, Esses resultados so bem diferentes daqueles observados por outros autores em estudos com adultos. Ou seja, parece haver definitivamente ‘uma diferenga nas variveis que controlam 0 comportamento do ser imano adulto ¢ 0 do jovem, passo s pesquisadores na area, era verifi proporeao entre o controle por contingéncias naturais e por contingéncias culturais mudava com o proceso de socializac2o dos sujeitos e 0 juinte, a ser tomado pelos Tse a Comportamento governado por regras conseqiente desenvolvimento da competéncia lingtiistica. Em 1985 Bentall, Lowe e Beasty novamente modelaram uma resposta motora simples, colocada sob um esquema de FI, mas trabalharam com criangas cujas idades iam desde 6 meses até 9 anos, Observaram que as criangas com até 18 meses de idade apresen- tavam 0 mesmo padrio de desempenho ja observado anteriormente com criangas mais Jovens. Criangas acima de 5 anos de idade apresentavam desempenhos observados em adultos, alguns com o padrdo “taxa alta”, ¢ outros com o padraio “taxa baixa” Finalmente, as criangas entre 2 anos ¢ 4 anos € meio de idade apresentaram um padrio varidvel que oscilava entre 0 padrio de criangas pré verbais aquele de adultos; o que indicava estarem em uma fase de transigao. De novo, as criangas jovens eram sensiveis as mudangas nos valores de FI, enquanto as mais velhus, nfo. A correlagfo entre a competéncia verbal dos sujeitos e seu desempenho levou os autores a concluirem que o repertério verbal era impor- tante no controle do comportamento nio-verbal desses sujeitos e generalizaram: 0 desempenho humano parece ser modulado pelo com- portamento verbal, mesmo quando a resposta & motora ¢ é instalada por modelagem. Contudo este estudo ainda era um estudo correlacional, ndo demonstrativo, e os autores -melhantes aos se perguntaram o que aconteceria se instrugdes, especificas fossem dadas a aqueles sujeitos com repertérios transicionais. Em 1987, esta pergunta foi respondida por Bentall e Lowe. Trabalharam com criangas de 2 até 9 anos ¢ a mesma situagio de FI, porém, ao invés de modelarem a resposta motora de “mover um Joy-stick”, deram instrugdes aos sujeitos para faz8-lo. Além disso, alguns sujeitos receberam uma instrugdo adicional para trabalharem depressa e outros, para trabalharem devagar (evidentemente eles usaram uma linguagem 59 apropriada & idade das criangas). Todos os sujeitos que haviam recebido a instrugio para trabalharem depressa apresentaram, de imediato, qualquer que fosse sua idade, uma taxa de respostas alta, estivel € constante. Os sujeitos instruidos a responderem devagar apresentaram uma diferenga no desempenho de acordo com sua idade: os mais velhos (entre 7 e 9 anos) imediatamente comegaram a responder lentamente, necessari muito mais lentamente do que 0 (portanto, mostrando insensibi- lidade ao reforgo pela durag&o do estudo); os sujeitos entre 5 ¢ 6 anos também trabalharam lentamente porém, com uma certa variabili- dade, ¢ gradualmente se aproximaram de uma taxa adequada is contingéncias (mostrando um feito instrucional inicial porém atenuado, ¢ gradualmente substituido por sensibilidade ao reforgo); ja os mais jovens (entre 2 © 4 anos) também iniciaram trabalhando devagar, ¢, gradualmente, foram aumentando sua taxa, mesmo quando verbalizavam que deveriam responder devagar. Neste estudo fica evidente a interagao entre contingéncias sociais de curto prazo (previstas na regra) e contingéncias natu- is de longo prazo, interagdo esta modulada pela grau de socializagao dos sujeitos (leia-se, sua idade). Fica também evidente, pelo menos nesta populagio, que 0 tipo de comportamento induzido pela regra é igualmente importante, ou seja, responder depressa é mais facilmente controlado por regras que responder devagar, provavelmente pelo tipo de feedback pro- prioceptivo desencadeado por um e outro com- portamento. Em uma segunda fase desse estudo, 8 todos os sujeitos foram ensinadas diferentes esiratégias para trabalhar: os sujeitos “taxa alta” deveriam repetir rapidamente ¢ para si mestmos “mais depressa, mais depressa”; 08 sujeitos “taxa baixa” deveriam contar até 50 ou cantar uma musiguinha entre uma resposta e outra. Maria Amélia Matos Isto nfo alterou 0 desempenho dos sujeitos “taxa alta” (confirmando a conclusio anterior que taxas altas so aditivas), mas melhorou consideravelmente o desempenho de todos os sujeitos ‘taxa baixa’ (methorou no sentido de que os intervalos entre respostas se aproxi- maram do intervalo de reforgamento). Em outras palavras, quanto mais especificas as instrugSes (ou auto instrugdes) maior aderéncia & regea e mais preciso o desempenho. Isto chamoua atengao dos pesquisadores para o fato de que, ndo apenas as contingéncias reforga- doras, no apenas as caracteristicas dos sujeitos, mas a propria natureza das instrugdes deveria ser objeto de estudo. Em todos 0s estudos descritos até aqui foram enfocados dois aspectos: aderir ou nto a regrae mudar ou nio o desempenho quando as contingéncias mudavam, Expliquemos melhor: vamos supor que en instrua ou modele um comportamento para produzir um desempenho sab um determinado esquema; 0 que acontece se eu mudar 0 valor do esquema (como nos casos anteriores) ou mudar o préprio esquema (de FI para FR por exemplo) sem avisar 0 sujeito? Se o desempenho segue as mudangas na diregdo adequada, dizemos que o comporta- ‘mento 6 sensivel 4s mudangas nas contingén- cias; caso contritio, dizemos que ¢ insensivel. Insensibilidade a mudangas nas contingéncias naturais é um efeito comum, como jé foi dito, do controle por regras. [Antes de continuarmos a discussao sobre sensibilidade ou insensibilidade do comportamento e suas conseqiiéncias, seria importante revermos certas categorias de operantes verbais’. Um parénteses, pois, que consideramos necessétio e sera apresentado no seguinte trecho em itélico para destacar sua fungdo no texto. Uma regra enunciada por um falame nada mais é que um operante verbal do tipo descrito por Skinner (1957) como um Mando, _fregiientemente um mando disfargado, mas wn mando, Em termos fincionais, a placa dizendo “ndo siga em frente, tome o desvio" é seme- thante ao pedido “traga-me um copo de dgua por favor". Um mando € emitido sob controle das necessidades, desejos, emocdes e privacdes do falante ("‘sofrerei constrangimento se vacé se acidentar, evite meu constrangimento”, funcio- nalmente equivalente a “tenho sede, diminua minha caréncia”), € a forma do mando especifi- ca exatamente 0 que reforga a emissdo deste comportamento (ou seja, especifica o comporta- mento do ouvinie que satisfard a necessidade, caréncia ete. do falante(“tome 0 desvio, evite acidentes", “me dé agua"). Mandos estéo sob controle, primordialmente, de eventos conse- qilentes, mas é 0 ouvinte que serve de interme- dicirio entre o falante e esses eventos conseqiien- tes, 60 ouvinte que toma o desvio ou traz a dgua (equando as circunsténcias sto particularmente ambiguas e/ou complexas, posso emitir ‘auto-mandos ou estabelecer regras para min ‘mesma, como forma de estimulagao suple- ‘mentar, ver a respeito a discussiio de Skinner, 1957 sobre self-editing). Contudo para que 0 ouvinte possa exercer as fungies especificadas no mando, ele precisa possuir operantes verbais do tipo Tato. Tato, termo que tem a mesma origem que a palavra tacto, denotando tocar ou contatar, éum operante cuja forma estd sob con- trole de um objeto ou evento, ou suas proprieda- des, Digo ‘cacteira na presenga de uma cadeira e “gua” na presenga de égua. Em outras pala- yras, tendo ouvido 0 mando “traga dgua”, 0 ouvinte deve possuir em seu repertério uma série de agées equivalentes ao operante verbal “trazer”, assim como outras tantas classes de 7. Ver também em Matos e Tomanari (2002) um resumo das colocagdes de Skinner a respeito (1957) Comportamento governado por regras equivaléncia entre determinados objetos e 0 verbal “dgua”. (A questao de como estas equi- valéncias se formam é objeto de uma outra andli- ‘se, amparada por um outro corpo de pesquisas®. Fiquemos aqui com sua nogGo intuitiva). Dize- ‘mos que wm tato é controlado primariamente por eventos antecedentes, nesse sentido tatos resul- 1am relativamente insensiveis a operagies de privagéo, a estados internos ditos emovionais, a situagdes de exposigéo a estimulacdo aversiva, etc., que definem a maioria das consegiténcias naturais. A sociedade (ow seu representante) formula regras aplicando seu repertorio de mands; 0 cidadéo, para seguir estas regras, deve possuir um repertério de tatos os quais, pelo seu processo mesino de aquisigdo, resultam relativamente insensiveis a conseqiiéncias. ‘Nunca é demais chamar a atengdo para o fato de que no se esté aqui eliminando ou diminuindo © papel das operagdes de conse- qiienciagao. Nao estamos postulando que humanos verbalmente competentes sejam imunes & Lei do Bfeito. Lembramos que a propria aquisigdo do comportamento de obedecer regras ¢ de atender ao mando depende € controlada por contingéncias que envolvem a operagio de canseqiienciagao, Neste sentido distinguimos dois tipos de comportamento controlado por regras e que refletem nada mais que dois niveis de controle discriminativo: aquiescéncia (em inglés “pliance") e rastreamento (em inglés “tracking"). Um comportamento aquiescente é caquele que essencialmente depende de contin- géncias sociais (sou reforgada diretamente por seguir, por me conformar com a regra); um comportamento de rastreamento depende essencialente de correspondéncias entre 0 comportamento verbal ¢ eventos ambientais (Zettle e Hayes, 1982), Uma norma, uma lei ou costume controlam comportamentos de aqui- escer; wna instrugdo ou uma descrigéo de um trajeto controlan comportamentos derastrear. No comportamento aquiescente as conseqiiéncias reforgadoras so mediadas pelo falante (o emissor da regra): ele suspende a multa, garante a néio ocorréncia do acidente, garante 0 ndo atraso; ele ndo se zanga se vocé trouxer a dgua, ete. Portanto a forga do controle sobre 0 comportamento aquiescente depende essencialmente de caracteristicas do falanie: éa diferenca entre uma regra estabele- cida pelo pai ou pela mae (pelo menos no meu tempo), entre uma placa do departamento de estradas ewna adverténcia feita por um bébado que encontro no caminho (terapeutas devem evar isso em consideragao). O comportamento de rastreamento, por outro lado, se constitui em una classe de comportamentos sob controle de reforco generalizado ¢, por isso mesmo, mais maledvel. Que varidveis representa caracteristi- cas importantes em uma anéiise do comporta- mento de aquiescer? De acordo com Zettle e Hayes (1982) pelo menos cinco varidveis ow circunsténcias modulam 0 comportamento controlado por regras do tipo aquiescer: 1) A habilidade ou capacidade do agente social ‘monitorar 0 comportamento de seguir a regra (por exemplo, um pai em viagem prolongada, ou wma placa velha e dilapidada indicariam baixa capacidade de monitoragéo e resulta~ riam em pequeno controle)’, Em termos de auto-regras torna-se importante para essa 8. Veja-se por exemplo Matos (1999) para uma rapida revisto, e Sidman (1994) e deRose (1993) para anilises ‘mais aprofundadas. 9. O acompanhamento ou monitorsmento diretos podem ser substituides pela anélise do produto do ‘comportamento: de quartos e salas com a nova pintura. 61 10 preciso monitorar o trabalho de um pintr se ao final do dia posso analisar @ quantidade Maria Amélia Matos discussdio a quesido da exteriovizagdo da au- to-regra ou methor dizendo do compromisso piiblico (Hayes et al., 1985; Peterson, 1971); 2) A habilidade ou capacidade do agente social de realmente poder cumprir com as consegiténcias previstas (por exemplo, 0 fato do tréfego estar _fluindo normalmente e de néio haver aglomera~ ‘do de carros adiante apesar da placa de aviso, indicariam uma batxa capacidade de cumprir a promessa de ocorréncia de problemas); 3) A importéincia das consegiiéncias previstas, ow a magnitude do reforco (por exemplo, un aviso de tréfego pesado versus um aviso de tréfego interrompido por desmoronamento, sinalizam consegiiéncias aversivas de magnitudes dife- rentes); 4) A confiabilidade do agente social (um agente cujas regras notoriamente discre- pam das contingéncias que descrevem, seria nao confidvel e exerceria pouco controle sobre 0 comportamento, como no caso do pequeno pastor que gritava “lobo”, bem como o de iniimeros politicos nacionais); 3) As conse- aiiéncias previstas para outtos comportamen- tos sito mais importantes do que aquelas previs- tas para 0 comportamento de seguir a regra. Dizemos que ocorre um comportamento controlado por regras do tipo rastreamento quando a pessoa segue indicagdes ou um roteiro de viagem, isto é, pistas para realizar uma a controle primordial aqui nao é o agente social ¢ sim a propria regra, bem como uma historia passada de correspondéncia entre as regras € os eventos, as circunsténcias ¢/ou agdes no mundo. Dizemos que a regra, ao invés de ser uma ordem emanada por uma figura de autoridade, é antes uma pista. Conseqiientemente, o rastrear, de acordo com Zettle e Hayes (1982) é afetado (1) por varidveis que influenciam a aderéncia da regra aos eventos (sua clareza por exemplo, sua precistio, o fato da regra ser completa ou incom- pleta, etc., como quando um mapa nao coincide ‘com outros mapas ou com 0 conhecimento que 62 6 sujeito tem da regio), (2) por varidveis que afetam a importincia dessa aderéncia (por exemplo, o sujeito conhece mais ou menos a regifio ¢ no precisa depender muito do mapa, ou ainda, a estrada é perigosa e mal sinalizeda), (3) que tomam as conseqiiéncias para outros comportamentos mais importantes do que aquelas para 0 comportamento instruido, ¢ novamente, (4) a importéncia ou magnitude da conseqiiéncia prevista na regra). Ao contririo do aquiescer, 0 rastrear praticamente dispensa a figura do agente social: 0 mapa funciona tio bem quanto um co-piloto ao lado orientando minha viagem. Para uma excelente revisiio das variaiveis que afetam 0 controle por regras veja-se tam- bem Cerutti (1989). Fim do parénteses} Voltemos agora para a ques sibilidade do comportamento controlada por regras. Uma vantagem do controle por regras & justamente sua eficécia -a rapidez com que se instala-, e sua forga. Se esse controle nao se adapta a novas circunstiincias, sue utilidade se perde. Nesse sentido vimos que 0 comporta- mento modelado por contingéncias € mais sensivel a mudangas que ocorram no ambiente do que o comportamento controlado porregras. Um dos primeiros estudos sobre esse fato foi realizado por Matthews, Shimoff, Catania e Sagvolden em 1977. A hipétese que levantaram € a de que varios aspectos dos procedimentos (necessariamente diferentes) empregados com hhumanos adultos em oposi¢ao a aqueles empre- ‘gados com animais e humanos jovens seriam os responsdveis pelos diferentes tipos de controle e conseqilentemente, pelas diferengas na sensi- bilidade desses dois tipos de comportamento. Por exemplo, os reforcadores utilizados com adultos em geral so fichas ou pontos que depois podem ser trocados por dinheiro; enquanto com criangas € deficientes si troca- dos por comida, © por sua vez, os animais recebem diretamente égua ou comida. Assim, dado o reforgador utilizado, criangas € animais fio da insen- Comportamento governado por regras em geral emitem uma outra resposta em relagao gs reforgadores liberados, a de consumagio do imento, gua ou doce; adultos nfo, devem passar por outras tantas etapas até trocarem (se é que o fazem) dinheiro por comida. Outro exem- plo seria o tipo de resposta motora utilizada: pressionar uma alavanca ou movimentar um Jjoy-stick. No caso dos animais utilizados, em geral de pequeno porte, bem como de criangas jovens, isso envolve um certo esforgo fisico & muito maior gasto de energia do que no caso de sujeitos adultos. E finalmente o proprio método pelo qual a resposta ¢ colocada sob controle experimental. Tanto animais como ctiangas como adultos possuem respostas de movi- mentar 0 brago para cima e para baixo e para os lados, possuem respostas de apoiar maos ou patas sobre superficies e exercer pressio ete. Contudo, a maneira pela qual estas respostas i inseridas e ordenadas (organizadas) em uma situago de laboratério difere, a saber, podem ser instaladas por instrugaio ou por modelagem (e consegiientemente, diferem também as varidveis ai envolvidas). No estudo mencionado (Matthews et al, 1977), os autores realizaram um experimento para testar justamente o efeito do uso de mode- lagem versus instruglo, e da presenga ou nao de respostas consumatérias, Colocaram 19 univer- sitérios trabalhando em um esquema de VR, 4 aparelhagem de cada um desses sujeitos estava acoplada a aperelhos em outras salas. Nestes outros aparelhos trabalhavam outros tantos sujeitos. Quando um reforgo era liberado para o sujeito VR o seu acoplado também recebia um reforgo, se respondesse, assim podemos dizer que seu esquema era de VI, porém a freqiiéncia ea distribuigao temporal dos reforgos era igual para os dois membros de cada par. Os pares foram divididos em trés grupos: um foi ins: truido a pressionar um botio; outro foi modela- do porém nao se exigia uma resposta consumatéria; apés a resposta em VR ou VI adequada os sujeitos recebiam pontos. O tercei- 63 ro grupo também passou por modelagem porém. se exigia um anilogo de resposta consumatéria: apés a resposta critério acendia-se uma luz e 0 sujeito deveria ainda acionar uma chave para receber os pontos. Os sujeitos submetidos 4 instrugo apresentavam altas taxas tanto em VR. como em VI, e seu desempenho nfo se alterava com alteragdes nos valores desses esquemas: desempenho tipico de humanos adultos sob 0 controle de regras. Os sujeitos submetidos a modelagem e para os quais se exigia uma resposta consumatéria, apresentaram taxas em VI bastante menores que em VR e mostraram sensibilidade as mudangas nos valores destes esquemas: assim a modelagem com resposta consumatéria parece produzir efeitos seme- Ihantes a aqueles obtidos com animais. Por outro lado, os sujeitos modelados, porém para os quais no se exigia resposta consumatéria se dividiram, alguns apresentaram taxas altas em V1 e outros, taxas baixas, confirmando o papel da varidvel “resposta consumatéria”. Intrigados com osresultados sobre a inte- rago “regras X taxas geradas pelo esquema”, Shimoff, Catania e Matthews em 1981, investi- garam explicitamente esta questio, trabalhando com taxas baixas ¢ instrugGes explicitas versus modelagem. Todos os sujeitos modelados mostraram sensibilidade a mudangas nas contingéncias, mesmo quando estas nilo impli- cavam em mudangas na freqiiéncia de reforcos, por outro lado os sujeitos instruidos nio altera- yam seu desempenho mesmo com mudanga nas contingéncias. Para verificar até que ponto esta insensibilidade se contraporia a perdas ou ganhos nos reforgos programados, um segundo estudo foi feito com um esquema de taxas baixas (DRL) sobreposto a um de razio (RR). ‘Ao invés de se remover a exigéncia de taxas baixas, esta era atenuada reduzindo-se o valor do DRL, e um desempenho adequado produzi- ria um aumento no nimero total de reforgos obtidos. Os resultados foram os mesmos, indi- cando que a varidvel critica nao era a taxa alta Maria Amélia Matos ou baixa, nem a densidade de reforgo, e sim 0 procedimento de instalagiio da resposta: mode- Jagem ou instrugao. Se a instrugdo leva a insensibilidade entdo © comportamento verbal envolvido na instrugiio deveria ser objeto de maiores estudos. Em outras palavras, sob que condigdes regras eficazes so estabelecidas ¢ mantidas? O que acontece se o enunciado de uma auto regra for modelado no repertério do sujeito ao invés de ser formulado, dado, pelo agente social? Em 1982, Catania, Matthews e Shimoff passaram a solicitar que o sujeito formulasse descriges de seu desempenho, ¢ ora instruiam ora modela- ‘vam esta descrigdo. Os sujeitos deveriam traba- Thar em um esquema miiltiplo de razdo na chave da esquerda e de intervalo na chave da direita. Periodicamente os sujeitos deveriam completar a frase: “O modo de ganhar pontos na chave da esquerda/direita &...”. No grupo “instrugo” os sujeitos recebiam dicas sobre o que escrever; no grupo “modelagem” os sujeitos recebiam pon- tos pelas descrigdes. Alguns sujeitos recebiam instrugSes (ou reforgamento) coerentes com os esquemas € outros nao. Para 0 grupo “instru- iio” as descrigdes do préprio desempenho eram idénticas as instrugdes, quer estas fossem coerentes ou ndo com os esquemas em vigor, mas as respostas motoras apresentaram uma grande variabilidade: alguns nfo apresentaram. diferengas no responder, outros apresentaram. desempenho consistente com o verbal mas inconsistente com o esquema ¢ outros apresen- taram desempenho sob controle do esquema Contudo, sempre que a descrigtio verbal foi mo- delada, a resposta motora foi consistente com a descrigao, mesmo que incompativel com 0 esquema, Em outras palavras, um desempenho verbal instrufdo pode ou nfo se contrapor as contingéncias e ao prdprio desempenho motor, um desempenho verbal modelado, contudo, gera um desempenho motor insensivel as contingéncias (a modelagem do verbal torna-o mais forte no sentido de determinar comporta- 64 ‘mentos subseqiientes) (e eu acho que ¢ esta a fungi principal das terapias). No estudo que acabamos de deserever, 0 {que se pedia ao sujeito era que descrevesse 0 desempenho necessétio € adequado a tarefa. 0 que aconteceria se fosse solicitada uma descri- g40 da contingéncia, como por exemplo: “a chave funciona assim...". Em 1985, Matthews, Catania e Shimoff tentaram responder a essa pergunta, Trabalharam com a modelagem de desctigdes quer das contingéncias (isto é, dos esquemas) quer do desempenho motor; alguns sujeitos foram modelados para deserever catac- teristicas opostas A do esquema em vigor € outros, caracteristicas verdadeiras. Os resultados confirmaram que as deserigGes das contingén- cias slo freqtientemente inconsistentes com as descrigdes do desempenho motor, quer aquelas sejam falsas ou verdadeiras, gerando grande variabilidade, Alguns sujeitos apresentavam descrigdes e desempenhos coerentes com as contingéncias, outros apresentavam descrigdes e desempenho inconsistentes com as contingén- cias, ¢ outros apresentavam descrigdes inconsis- tentes com as contingéncies mas desempenhos consistentes com elas. Portanto, a0 contrétio da descrigfo de desempenho, a modelagem de descrigfo de contingéncia parece ser muito mais dificil de ser instalada (na verdade ela necessita de um treino discriminative especial) ¢ tem um controle muito menor sobre 0 comportamento, Em um estudo posterior verificaram que 0 ‘mesmo ocorria em relago a descrigdes do modo de funcionar do aparelho. Assim, uma descrigao centrada na pessoa (isto é, de seu desempenho) tem um efeito diferente daquela centrada no ambiente (seja nas contingéncias seja no funcio- namento do equipamento). Em outras palavras, ndo € 0 fato de ser controlado por regras que toma o comportamento ndo verbal insensivel a contingéncias naturais; 0 importante parece ser 0 tipo de regra: modelada ow instruida? que descre- ye desempenho ou contingéncias? Haveria algum tipo de regra responsavel pela produ Comportamento governado por regras de sensibilidade? Nesse sentido o mais correto seria falarmos em regras completas ou incomple- tas, ambiguas ou precisas, coerentes ow incoeren- tes; seria falarmos em regras (deserigdes ou auto regras) instrufdas ou modeladas; regras simples ouregras seguidas de demonstragdes; regras que podem descrever desempenho ou contingéncia Uma questio intrigante é se 0 comporta- mento motor complexo eficaz bem instalado se torna controlado por contingéncias, enttio por que, em situagio de crise (isto é, de mudangas nas contingéneias) 0 comportamento verbal de auto instrug%io reaparece? Seria porque 0 comportamento verbal instruido ¢ menos sensivel a contingéncias naturais que o compor- tamento verbal modelado, e portanto ndo to afetado pelas mudangas nas contingéncias? Segundo Catania (1999), existem evidéncias de que o comportamento humano mais facilmente modelado seja justamente 0 comportamento verbal, € nfo o comportamento motor. Ou seja, ao contrério do que pensavamos, uma parte considerével do camportamento humano adulto do tipo nao-verbal & controlado por rege enquanto 0 seu comportamento verbal seria controlado por contingéncias. E parece ser isso que garante 0 sucesso dos psicoterapeutas... A habilidade de lidar com © comportamento humano verbal é, 20 fim e a0 cabo, a grande arma dos terapeutas e a garantia de sucesso de suas priticas. De fato, terapeutas bem sucedidos, qualquer que seja sua orienta- fio teérica, em geral sto cultos, possuem um excelente repert6rio verbal, sto particularmente sensiveis as nuances do repertério verbal de seus clientes e, nesse sentido, sio pessoas agea~ daveis, atentas ao falar de seus clientes, numa palavra: ouvintes reforgadores. Contudo, quan- to mais grave a crise pela qual passa uma pessoa, tanto mais insensivel ela é quer is contingéncias sociais que afetam o seu compor- tamento verbal quer as contingéncias naturais, que afetam 0 seu comportamento nao verbal Quando problemas sérios afetam areas extensas 65 do repertério tanto verbal como nio verbal de uma pessoa, entiio medidas mais dristicas devem ser tomadas; a instrugao deve ser empre- gada certamente, mas complementada por recursos como adequagdo de contingéncias, ‘monitoramento por acompanhantes, ¢ especial- mente por treino de desctigao do préprio desempenho e de suas conseqiiéncias. Questées de estudo 1, Defina comportamento controlado por regras. O que reforga o comportamento de alguém formular regras? E 0 de alguém seguir regras? 2. Por que se diz que os estimulos verbais que especificam contingéncias nunca tém exata- mente o mesmo efeito que as contingéncias que eles especificam? Dé um exemplo de comportamento governa- do por regras, Identifique 0 comportamento prescrito pela regra (e suas continggncias) ¢ 0 comportamento de seguir regra (¢ suas contingéncias). 4, Descrevaas principais varidveis que afetam 0 comportamento de seguir regras. Referéncias Ayllon, Ts e Azrin, N. H. (1964). Reinforcement and instructions with mental patients. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 7, 327-331. Bentall, R. P.; e Lowe, C. F, (1987). The role of verbal behavior in human learaing: II Instructional effects in children. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 47, 177-190. Bentall, R.P.; Lowe, C. F. e Beasty, A. (1985). The role of verbal behavior in human learning: IL Developmental differences. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 43, 165-181 Maria Amélla Matos Catania, A. C. (1999). Aprendizagem Comportamento, linguagem e cogni¢do. Porto ‘Alegre (tradugo de D. D. G. de Souza). Catania, A. C.; Matthews, B. A; © Shimoff, E. (1982). 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