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ASTROLOGIA CABALISTICA H . P .

HELENA PETROVNA BLAVATSKY E A ASTROLOGIA CABALÍSTICA

Para quem não está familiarizado com a natureza astrológica exotérica atribuída na
prática aos corpos planetários, pode ser útil apresentá-la relativamente ao seu
predomínio sobre o corpo humano, as cores, os metais, etc., ao mesmo tempo
explicando por que a genuína Filosofia Esotérica difere das afirmaç ões astrológicas.

Portanto, observa-se pelo método da Astrologia Cabalística exotérica que a influência


do Sistema Solar se distribui por todo o corpo humano, com os metais primários e as
gradações de cor do negro ao branco, apesar do Esoterismo n ão reconhecer o negro e o
branco como cores e somente aceitar as sete cores solares ou naturais do prisma. O
branco e o negro são corantes artificiais. Pertencem à Terra, e só s ão percebidos em
virtude da construção dos nossos órgãos físicos. O branco é a ausência de todas as
cores, portanto, não tem cor, e o negro é simplesmente a ausência de luz, portanto, é o
aspecto negativo do branco. As sete cores do prisma s ão emanaç ões directas das sete
Hierarquias de Seres, cada uma delas tendo influência directa num dos princípios
humanos, já que cada uma dessas Hierarquias é, de facto, a criadora e a fonte do
correspondente princípio humano. Cada cor prismática é chamada em Ocultismo o “Pai
do Som” que lhe corresponde, Som que é a Palavra ou Logos do seu Pai-Pensamento.
Esta é a razão pela qual todas as cores são sensíveis à ligaç ão com um som definido,
sendo um facto bem reconhecido na Ciência moderna, por exemplo, por Francis Galton
em "Natureza e Criança". Mas o negro e o branco s ão cores totalmente negativas e n ão
têm expressões no mundo do ser subjectivo.

A Astrologia Cabalística define o domínio dos corpos planetários no cérebro humano


pela razão de existirem sete faculdades primárias, seis das quais funcionam através do
cérebro e uma pelo cerebelo. Isto está perfeitamente correcto esotericamente. Mas
quando adianta que Saturno rege as faculdades da devoç ão, Mercúrio as intelectuais,
Júpiter as simpáticas, o Sol governa as reguladoras, Marte o egoísmo, Vénus a
tenacidade e a Lua os instintos, podemos dizer que a explicaç ão é incompleta e até
enganosa. Isto porque, em primeiro lugar, os planetas físicos só podem dominar o corpo
físico e as funções puramente físicas. Todas as faculdades mentais, emocionais,
psíquicas e espirituais são influenciadas pelas propriedades ocultas da escala de causas
que emanam das Hierarquias Espirituais dos Governantes dos planetas, e n ão pelos
próprios planetas. Essa escala leva, pela ordem seguinte, o estudante a aperceber: (1) a
cor, (2) o som, (3) o som se materializando no espírito dos metais, ou seja, nos
elementais metálicos, (4) os elementais se materializando novamente nos metais físicos,
(5) cuja essência radiante, harmónica e vibratória passa às plantas dando-lhes cor e
odor, que são “propriedades” dependentes da frequência de vibraç ão dessa energia por
unidade de tempo, (6) das plantas passa aos animais e (7) finalmente culmina nos
“princípios” do Homem.

Vemos, pois, a Essência Divina dos nossos Progenitores dando voltas no Céu através de
sete etapas, com o Espírito convertendo-se em Matéria e a Matéria volvendo-se ao
Espírito. Assim como na Natureza há sons inaudíveis igualmente há cores invisíveis,
porém, sem dúvida audíveis. A Força Criadora, no seu trabalho incessante de
transformação, produz cores, sons e números em forma de frequências vibratórias, que
agregam e desagregam os átomos e moléculas. Apesar de invisível e inaudível para nós
nos seus detalhes, a síntese da totalidade torna-se-nos audível no Plano material. É o
que os chineses chamam o “Grande Tom” ou Kung. É, até por confiss ão científica, o tom
real da Natureza nas mãos dos músicos: o Fá médio no teclado de um piano. Ouvimo-lo
indistintamente na voz da Natureza, no rugido do oceano, no som da folhagem de um
grande bosque, no ruído distante de uma grande cidade, no vento, na tempestade e na
tormenta, em resumo, em tudo que na Natureza tem voz ou produz som. Aos ouvidos
de todos os que ouvem, termina num único tom único definitivo, um tom inestimável
que, como já foi dito, é o Fá da escala diatónica. A partir destes dados, que s ão onde se
fixa a diferença entre o exotérico e o esotérico, a nomenclatura e o simbolismo tornam-
se evidentes para o estudante de Ocultismo. Em resumo, a Astrologia Cabalística
praticada na Europa é a ciência secreta semi-esotérica adaptada para o exterior e n ão
para o círculo interno. Além disso, constantemente mostra-se incompleta e n ão
raramente distorcida ao ocultar a verdade. Embora simbolize e adopte as suas
correspondências nas aparências simples das coisas, a Filosofia Esotérica ocupa-se
sobretudo da essência das mesmas coisas, só aceitando tais símbolos para cobrir todo o
terreno, isto é, utiliza os símbolos para dar uma compreens ão espiritual, assim como um
significado psíquico e físico. Apesar de tudo, até mesmo a Astrologia Ocidental fez um
excelente trabalho, por ter ajudado a transportar o conhecimento da existência de uma
Sabedoria Secreta através dos perigos da época medieval com o seu fanatismo e
obscurantismo até aos dias de hoje, quando todo o perigo já desapareceu.

A ordem dos planetas na prática esotérica é definida pelos seus raios geocêntricos, ou a
distância das suas órbitas diferentes das da Terra tomada como centro, a saber: Saturno,
Júpiter, Marte, Sol, Vénus, Mercúrio e a Lua. Nos três primeiros encontra-se simbolizada
a Tríade Celestial do Poder Supremo no Universo físico manifestado, como Brahma,
Vishnu e Shiva, enquanto nos quatro últimos reconhecemos os símbolos do Quaternário
inferior terrestre em todas as revoluções físicas e naturais das estaç ões, nos quartos do
dia, nos pontos da bússola e nos elementos.

Mas a Ciência Esotérica não se contenta com analogias no plano puramente objectivo
dos sentidos físicos, portanto, é necessário antepor o verdadeiro ensinamento nessa
direcção com uma explicação clara do verdadeiro significado da palavra Magia.

A Ciência Esotérica é, acima de tudo, o conhecimento das nossas relaç ões com a Magia
Divina, inseparável do nosso Ser Divino, como derradeiro significado, como parte do
nosso próprio Espírito Superior. Portanto, antes de proceder à exemplificaç ão e
explicação destas relações, talvez seja útil dar ao estudante uma ideia correcta de todo o
significado desta palavra mal-entendida, Magia. Muitos s ão aqueles que est ão dispostos
e desejosos de estudar Ocultismo, mas muito poucos são os que têm uma ideia
aproximada da Ciência em si. Muito poucos dos nossos estudantes americanos e
europeus podem beneficiar das obras em sânscrito, inclusive das suas traduç ões, já que
estas na sua maioria não são mais que véus para os n ão Iniciados. Proponho chamar a
sua atenção para o que foi dito com palavras extraídas dos neoplatónicos. Essas s ão
acessíveis em traduções, e com o fim de fazer luz sobre o que até agora esteve envolto
em trevas será suficiente apontar uma certa chave. De maneira que a Gnose, tanto pré-
cristã como pós-cristã, servirá admiravelmente ao nosso propósito.
H.P.B.

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