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Copyright © 

2022 de VIVY KEURY

Revisão: Mariana Rocha

Capa: Hórus Editorial

Betas: Lola e Larissa

Diagramação Digital: Vivy Keury

1ª Edição

Essa é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.

Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são

produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com

nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Essa obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua

Portuguesa. Todos os direitos reservados. Este e-book ou qualquer

parte dele não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem
autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo

uso de citações breves em uma resenha do e-book. Criado no

Brasil.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.

9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Primeira edição, 2022

https://bio.site/vivykeuryautora
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

NOTA DA AUTORA

SINOPSE

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 14

CAPÍTULO 15

CAPÍTULO 16

CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 18

CAPÍTULO 19

CAPÍTULO 20

CAPÍTULO 21

CAPÍTULO 22

CAPÍTULO 23

CAPÍTULO 24

CAPÍTULO 25

CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27

CAPÍTULO 28

CAPÍTULO 29

CAPÍTULO 30

CAPÍTULO 31

EPÍLOGO

CONHEÇA TAMBÉM

CAPÍTULO 1

CONHEÇA TAMBÉM

CAPÍTULO 1

AGRADECIMENTOS:

OUTRAS OBRAS DA AUTORA:

REDES SOCIAIS:

 
 

Dedico esse livro a todas as minhas leitoras, que pediram

demais por essa história. Também a todas aquelas que se sentirem

representadas por uma mocinha Midsize.

Obrigada!
 
 

As cidades: Val Verde e Porto Primavera, que são citadas na

história, são totalmente fictícias; fruto da imaginação da autora.

Portanto, qualquer semelhança com a realidade é uma mera

coincidência.
 

Contém: AGE GAP + SLOW BURN + MOCINHA MIDSIZE +

INTERRACIAL + DIVIDIR O MESMO TETO + HOT

Com seus 38 anos, FREDERICO MOTTA é um CEO muito

bem-sucedido e se vê em uma das suas melhores fases da vida.

Sua família sempre foi crucial em termos de apoio e amor. Só tem

um porém... ele não anseia se prender a uma mulher só, muito

menos se casar e ter filhos.

 
DIANE CASTRO, aos 20 anos, não pensou que

experimentaria um dos piores sentimentos da vida. Agora, mesmo

tão nova, ela precisava mudar de rota e colocar em prática tudo que

almejava.

O plano era bem simples: dividirem o mesmo teto por pouco

tempo.

Mas até que ponto isso dará certo?


 

FREDERICO MOTTA 

UMA SEMANA ANTES… 

Passei os dedos entre os fios do meu cabelo, penteando-os

para trás, e pisquei maroto para o meu reflexo, dando um sorriso

satisfeito ao terminar de me arrumar. Sempre fui um homem

bastante desejado pelas mulheres e me aproveitava disso para ter

várias em minha cama, que se aproximavam de mim não só por

interesse sexual, mas financeiro também. Cresci tendo uma família


muito carinhosa, unida e amorosa, mesmo assim, não foi o

suficiente para me fazer ansiar ser de uma mulher só, muito menos

me casar ou ter filhos; preferia algo mais casual, sem que

envolvesse qualquer tipo de sentimentalismo. 

Em contrapartida, havia o fato de ter que conviver com os comentários

incansáveis dos meus pais sobre a minha escolha de vida. Diziam que não

era comum um homem de trinta e oito anos nunca ter firmado um

relacionamento sério ou se apaixonado de verdade. Eles não entendiam que

foi uma decisão minha, independentemente de tê-los como um exemplo de

casal que sabe se respeitar e se ama arrebatadoramente. 

Carolina, minha irmã, sempre idealizou ter alguém em sua vida, assim

como os nossos pais eram, e seu desejo se realizou há muitos anos. Ela tinha

uma família incrível! O Diego, meu cunhado, não podia ser alguém melhor,

afinal, desde quando se envolveram, sempre deixou bem claro suas reais

intenções com minha irmã e, passados um pouco mais de dez anos que

estavam juntos, isso não mudou, pelo contrário, ainda era possível ver,

através dos olhares que trocavam, o quanto o amor que nutriam pelo outro só

aumentava. 
Eu era muito feliz pelos meus pais serem tão apaixonados um pelo

outro, bem como a minha irmã ter sua linda família, mas não desejava o

mesmo. Desde que terminei o colegial, me tornei uma pessoa totalmente

focada em meus estudos a fim de alcançar todos os meus objetivos e, agora,

olhando para trás, vejo que consegui cada um deles e me sentia realizado,

principalmente por ter me esforçado bastante ao longo da trajetória de vida. O

engraçado disso tudo é que não importava se tivesse tornado todos os meus

sonhos em realidade, nada aplacava a ideia absurda do meu pai Antenor e

muito menos da minha mãe Glória de serem presenteados com um filho meu.

Claro que como pais eram felizes pelas minhas conquistas, no entanto,

não paravam de encher a minha paciência com frases do tipo: “Do que

adianta ser bem-sucedido financeiramente, se a vida amorosa não existe?”.

Eu tinha quase quarenta anos, porra! Será que eles nunca entenderiam que o

que queriam não era e nunca seria o meu anseio?

Como pais, deveriam apenas aceitar aquele fato e ponto-final, mas não

era bem assim. Admito levar na esportiva suas cobranças, porque sabia que

não adiantaria bater de frente ou querer fazê-los entender que não desejava

nada daquilo. Muitas vezes, o motivo de eu preferir ficar mais em Porto

Primavera do que em Val Verde era justamente para não ter que ouvi-los me
cobrando algo que não aconteceria da minha parte e já havia deixado bem

claro diversas vezes, o que não davam a mínima. 

Fora essa parte, eu tinha um nome a zelar. Por mais que não estivesse

mais exercendo como advogado, havia a Divertium, onde era sócio do Edgar,

além de a maior parte das ações na empresa do meu pai. Podia viver

mediante a regalias por conta disso, o que mais poderia desejar?

Uma mulher só? Por que me atrelar a uma única se a cada dia podia

estar em companhia de uma diferente? Definitivamente, não! 

Me apaixonar estava fora de questão. 

Deixei meus pensamentos de lado ao parar diante da mesinha de

cabeceira ao lado da minha cama e pegar o celular, enfiando-o no bolso da

bermuda jeans, saindo do meu quarto. À medida que descia as escadas, a

campainha foi tocada e me apressei para abri-la ao atravessar o hall. 

— Como vai, irmão? — Carolina, minha irmã, que era apenas dois

anos mais velha do que eu, me cumprimentou com um sorriso imenso, e a

abracei com cautela por conta da sua barriga grande. Ela estava à espera do

seu segundo bebê e era um menino. Ganharia daqui a uns dois meses, se

não me falhava a memória. 

— Vou bem e o bebê? — sondei, afagando sua barriga grande.

— Melhor impossível! — exclamou e sorri.


— Oi, tio! — falou Alice, minha sobrinha.

Abaixei-me ao abrir um pouco mais a porta, oferecendo-lhe um abraço,

e ela enroscou seus braços ao redor do meu pescoço. 

— Estava com saudades, tio! — expressou, fazendo meu coração

aquecer no peito e intensifiquei um pouco mais o nosso abraço. 

Alice tinha nove anos e era uma garota linda e incrível, assim como

minha irmã. 

— Jura? — questionei, olhando em seus olhos azuis quando nos

desvencilhamos. 

— Sim! — exclamou e riu. — Quando mudará de vez pra cá? A vovó

disse que logo ficará aqui. — Olhei para Carolina, que deu de ombros. 

Franzi o cenho, voltando a olhá-la. 

— A vovó disse? Quando? — inquiri, curioso pela resposta. 

— Ontem à noite, no telefone — mencionou. 

— Hum… — murmurei. 

Meus pais estavam aproveitando sua última viagem. Ambos

aproveitaram que meu pai finalmente se aposentou da cadeira presidencial da

empresa e tiraram um tempo somente para os dois curtirem a vida e alguns

meses tranquilamente, sem qualquer preocupação. Ao menos, pensava que


sim, mas, pelo visto, mesmo longe, continuavam com bastante tempo para

contar mentiras sobre a minha vida.

— É verdade que tem uma namorada? — Meus olhos tomaram uma

proporção maior que já tinham. 

Olhei para minha irmã no momento seguinte, e ela segurou a vontade

de sorrir. 

— Você sabe como a mamãe e o papai são, portanto, já deveria ter se

acostumado com a ideia de que eles não vão sossegar enquanto não o verem

casado e os der, no mínimo, dois netos — frisou, e soltei uma baforada de ar. 

— De novo essa história? Que po… — Sorri, meio sem jeito ao me dar

conta que não era bom ficar xingando na frente da minha sobrinha.

— Fred! — Carolina me repreendeu ao perceber. 

Comprimi meus lábios firmemente, condenando-me mentalmente por

aquilo, e segurei nas mãos da Alice, voltando a focar meus olhos nos dela. 

— Desculpa, o tio não fez de propósito — pedi, e ela riu, assentindo. 

— Tudo bem. A mamãe e o papai fazem isso também. — Soltei um riso

disfarçado, voltando ao meu semblante sério.

— Não pensa que está conversando demais, mocinha? — minha irmã

chamou sua atenção, e Alice firmou seus lábios em linha reta, evitando olhá-

la. 
Para não estender mais aquele assunto, me pronunciei:

— Olha… o titio tem uma vida muito agitada por conta do trabalho, já te

disse isso, mas, aos finais de semana, sempre virei pra Val Verde pra ver

vocês. E não! Não tenho nenhuma namorada. — Apertei a ponta do seu nariz,

e ela riu de modo sapeca. 

— Ah, que pena! Isso quer dizer que não terei primos? — questionou. 

Ela vivia batendo naquela mesma tecla por conta das paranoias dos

meus pais de ficarem inventando que eu tinha alguém em minha vida e não

era bom ficar lhe dando falsas esperanças. 

— Não — fui sincero. 

Fez um biquinho e tentei apertá-lo, porém, se esquivou ao sorrir

alegremente. 

— Tudo bem que não me dará primos, ao menos agora terei o meu

irmãozinho, que logo nascerá. — Olhou para sua mãe, que riu, olhando-a

emocionada por conta das suas palavras. — Mesmo que a vovó tenha

mentido sobre ter uma namorada, queria que fosse verdade, sabia? Acho que

me daria bem com ela — supôs, olhando em meus olhos, e foi inevitável não

sorrir. 

— Também acredito que esteja na hora de pararmos com essa

conversa, não acha? — sugeri com um ar divertido. 


Ela riu. 

— Tá bom — concordou num tom descontente. 

— Vem cá, quero mais um abraço. — Assentiu e nos abraçamos

fortemente. 

— O senhor promete que virá mais vezes nos ver? Fico com saudades.

— Fingiu uma carinha de choro ao nos afastarmos e beijei sua bochecha, o

que a fez sorrir outra vez. 

— Vou me esforçar para não ficar tanto tempo sem vê-los, o que me

diz? — Seu sorriso se amplificou. 

— Oba! Ouviu isso, mamãe e papai? — Virou para eles, que

sorriram. Meu cunhado estava parado ao lado da minha irmã, calado.

— Ouvimos, querida — Carolina respondeu. 

— Olha quem chegou! — Mônica, que era muito mais que uma

funcionária da casa, chegou até nós, e Alice correu para abraçá-la. 

— Tia Mônica! — Me coloquei de pé, vendo-as se abraçarem

carinhosamente e se distanciaram em seguida. — Parece que você cresceu

um pouco mais desde que veio aqui pela última vez — comentou. 

— Também acho — mencionou e rimos. — Fez meu bolo de

chocolate? — indagou. 

— Alice! — minha irmã chamou sua atenção. 


— Deixe-a, dona Carolina. Fiz sim e bem gostoso. Vamos à cozinha

provar — convidou e nem sequer nos olhou, pois saiu praticamente correndo

dali. 

Sorri e saudei o Diego, meu cunhado. 

— Como vai, cunhado? — Demos um aperto de mão e fechei a porta. 

— Vou bem, obrigado. — Sorriu abertamente e vi segurar uma bolsa. 

— Pode deixar a bolsa em um dos quartos de hóspedes do corredor. A

Alice não sairá daqui tão cedo hoje — Carolina disse ao marido, e ele saiu em

direção onde ela indicou. 

— Lida bem com crianças, não entendo o motivo de nunca ter pensado

em ter seus próprios filhos — não evitou comentar. 

— Não com crianças em especial, somente com a minha sobrinha, e a

resposta está no que acabou de dizer: “nunca pensei”, ou seja, proponho

mudarmos de assunto. Bastam nossos pais com essa loucura de quererem

me fazer seguir por um caminho que nunca quis, e não será agora que

mudarei de ideia — enfatizei. 

— Será mesmo? — Observei seu risinho duvidoso. — Talvez haja

alguém que te faça duvidar das suas próprias palavras — disse

sugestivamente e saiu andando. 


Momentaneamente, fiquei parado no meio do hall, mas logo soltei um

riso descrente. 

— Até parece que logo agora, no alto dos meus trinta e oito anos, me

apaixonaria perdidamente a ponto de me amarrar a uma mulher só. Minha

irmã parece não me conhecer muito bem. Claro que isso não acontecerá! —

comentei, convicto.

UMA SEMANA DEPOIS… 

O clima não era dos melhores. No momento, estava no enterro do

homem que foi mais que um grande amigo para mim. Na época, o via como

um pai que estava ensinando seu filho a caminhar, mas não na vida, e, sim,

pelo ramo da advocacia, além disso, era uma grande referência no meio.

Entristecido e com o coração apertado no peito, olhei ao redor, vendo

várias pessoas presentes, não só alguns dos seus familiares, como também

os amigos e alguns conhecidos da cidade de Monte Oeste, que não era

grande e nem muito pequena. Foi ali, em seu escritório, que aprendi muito do

que sabia com o senhor Márcio Castro após passar no exame da OAB e a

conclusão do meu curso de direito. Finalizei a faculdade em Val Verde e, por


saber que ele era um excelente advogado na área e tão bem requisitado por

muitos, não perdi tempo ao comunicar aos meus pais que viria para cá à sua

procura. 

Meus pais sempre apoiaram minhas vontades e, quando finalmente

tentei uma vaga para estagiário para trabalhar com ele e consegui, foi uma

grande conquista para mim. Fiz minha pós-graduação na cidade mesmo e

permaneci um pouco mais de seis anos em seu escritório, pois foi quando

decidi que retornaria para Val Verde e tentaria abrir meu próprio negócio, algo

que apostei muito e me saí muito bem. Abri meu escritório, adquiri muitos

clientes, o que, de certo modo, ele teve participação, pois sempre me indicava

para outras pessoas, além do meu pai também. 

Enfim, era difícil de acreditar que o estava vendo em um caixão agora.

Márcio morreu em decorrência de um infarto fulminante e, como era bem

conhecido, rapidamente a notícia se espalhou e soube através do meu pai

sobre o seu falecimento. Fiquei em choque ao ser noticiado, mesmo assim,

não pude deixar de vir e me despedir. 

Pouco tempo depois, o sepultamento foi dado por encerrado e todos

foram saindo, com exceção da jovem que acreditava ser sua filha. Não me

lembrava muito bem dela, até porque, quando deixei o escritório do seu pai,

ela era apenas uma criança e, agora, uma mulher, e não pude deixar de
observar, mesmo em uma distância considerável, ser muito bonita. Caminhei

cautelosamente até parar ao lado dela, que permaneceu de frente para o

túmulo e chorava baixinho, cabisbaixa. 

— Pedi para ficar sozinha. — Foi ríspida e, quando ponderei sair, só

então ela olhou para mim. 

— Desculpa, eu… — tentei me pronunciar, mas foi rápida ao me

interromper. 

— Eu que peço desculpas — forçou um riso ameno enquanto limpava

a umidade do seu rosto e fungou, prosseguindo —, pensei que fosse a minha

tia — justificou. 

— Tudo bem, mas acho melhor… 

— Fique, por favor — pediu com um olhar brilhando pelas lágrimas e

mais algumas escorreram pelo seu rosto. — Imagino que meu pai foi muito

importante para você estar aqui — mencionou, de repente. 

— Sim, ele foi — proferi, entristecido, e soltei um longo suspiro,

observando seu nome na cruz, além das datas de nascimento e falecimento,

algo que fez meu coração se apertar no peito.

— É o Frederico Motta, certo? — indagou. 

— Sim. Pensei que… — A encarei, surpreso por se lembrar. 

Ela comprimiu seus lábios em um sorriso ameno. 


— Sou Diane Castro — frisou. 

— Você ficou diferente, mas ainda carrega os traços dele — observei. 

— Verdade — anuiu. — Meu pai ainda falava de você. Ele não se

esquecia fácil de boas pessoas ou de quem considerasse muito —

expressou. 

— Também não me esqueci dele — revelei. — Sinto muito por sua

perda — externei, e ela começou a chorar um pouco mais. 

Sem saber o que fazer, perguntei: 

— Posso te abraçar? Acredito que possa ajudar a confortá-la —

ofereci, vendo-a fungar e balançou a cabeça em negativo. 

— Não se preocupe. Ficarei bem, obrigada — disse e limpou seu rosto

com as costas de uma de suas mãos. 

Peguei um lenço no bolso do meu paletó e a entreguei, olhando seu

rosto. Mesmo receosa, agradeceu e aceitou. Continuei por ali por mais algum

tempo e o silêncio reinou entre nós, salvo pelo seu choro baixinho que

lentamente foi cessando. 

Ao vê-la mais tranquila, tratei de me despedir, e ela esboçou um meio-

sorriso com um pequeno aceno, agradecendo mais uma vez por minha

presença. Saí dali ainda sentindo meu coração apertado, acreditando que

nunca mais a veria. 


— Diane — repeti seu nome em tom baixo ao parar diante do meu

carro. 

Olhei para dentro do cemitério, avistando-a no mesmo lugar, e uma

certa euforia me abateu. Soltei um riso descrente e balancei a cabeça em

negação, até para me distrair de alguns pensamentos tolos que invadiram a

minha mente. Entrei no veículo pronto para voltar para Val Verde. 
 

DIANE CASTRO

UM MÊS DEPOIS… 

Na minha vida, sempre fomos eu e meu pai. Nunca me vi

sem ele, mas, desde a sua partida, tive que enfiar em minha cabeça

que, daquele momento em diante, seria somente eu. Infelizmente,


não conheci minha mãe, a não ser por fotos, pois faleceu em

decorrência de uma hemorragia após o meu nascimento. 

Não vivi o luto por parte dela, mas obviamente sentia sua

falta, principalmente durante o colegial que via meus colegas junto

com suas mães além de seus pais e, também, a cada vez que meu

pai falava com tanto amor dela, algo que fazia seus olhos brilharem.

Como jamais havia experimentado essa dor, não poderia imaginar o

quanto doeria ao perdê-lo, ainda mais agora, enquanto terminava de

arrumar suas coisas para doar pra igreja. Saber que não o verei

mais com seus ternos de grife e sempre tão bem alinhados ao seu

corpo, deixando-o um verdadeiro gato para exercer a função que

tanto amava, trouxe lágrimas aos meus olhos, seguidas de um

aperto no peito. 

Limpei a umidade no meu rosto com as costas das mãos e

fechei a última mala. Olhei ao redor, vendo as caixas espalhadas

pelo quarto, e comprimi meus lábios, tentando conter minha

emoção. Apesar de a grande tristeza de não o ter mais comigo,


sabia que esse era o seu desejo, que doasse todos os seus

pertences pra igreja que costumávamos frequentar. Além de sempre

nos sentirmos acolhidos, também foi onde se casou com a mamãe,

e ele não escondia o quanto ficava pensativo quando íamos até lá.

— Está tudo pronto! — mencionei, satisfeita por concluir. 

Peguei o celular sobre a mesinha de cabeceira pra ligar pro

motorista da van que fretei para levar todas as coisas pra igreja,

querendo saber se estava chegando, porém, fui interrompida pela

entrada inesperada da minha tia no quarto. Respirei fundo em meio

a minha tristeza e a encarei. Era incrível como ela não conseguia

me deixar em paz, mesmo em um momento como aquele. 

— Diane, não acredito que doará todos os ternos caríssimos

do seu pai. — Soltei um riso abafado, tendo a certeza de que a

última coisa que gostaria nesse instante era vê-la e muito menos

ouvir seus comentários que nada me ajudariam, pelo contrário. 

— Nem tudo na nossa vida se resume a dinheiro, tia Tânia.

Meu pai desejava que fizesse isso e cumprirei — enfatizei, vendo-a


tentar abrir uma das caixas. — Não mexa em nada, por favor. Está

tudo pronto pra ser levado pra igreja — pontuei. 

— Igreja — repetiu com desdém ao se afastar da caixa. —

Deveria ter doado para mim, isso sim! — completou, analisando o

quarto até me fitar.

— E o que faria com tudo isso? — indaguei por curiosidade.

— Venderia. Tenho certeza de que daria uma boa grana. —

Revirei os olhos ao perceber o quanto era gananciosa. 

— Jamais permitiria que fizesse isso — esclareci. 

— Você é uma sobrinha muito ingrata, isso sim! — cuspiu

suas palavras com certo rancor. 

— Não sou ingrata, apenas sensata. Tenho valor sentimental

pelas coisas do meu pai, algo que não compensa discutir com a

senhora, pois não entenderia — comentei.

Ela riu ironicamente. 

— Ajudei o seu pai a te criar depois que minha irmã faleceu e

olha só! — Olhou-me de cima a baixo. — Nem parece que é grata


verdadeiramente por todo cuidado que tive com você —

dramatizou. 

— Sou grata pelo que fez por mim, mas lembre-se que sua

ajuda ao meu pai não foi de graça. Ele sempre te pagou e não se

esqueça que já tenho vinte anos, portanto, sei muito bem tomar

minhas próprias decisões — evidenciei. 

— Insolente como o pai — externou. 

— Não tente me ofender, tia, e respeite a memória do meu

pai — exigi, olhando em seus olhos, ainda emocionada por tê-lo

perdido abruptamente. — Se era tudo que queria, pode sair, por

favor — pedi, apontando em direção à porta. 

— Não precisa ficar me expulsando, enfim… vou indo.

Marquei de ir à manicure. — Riu cinicamente enquanto analisava

suas unhas. — Tenha um bom dia, querida sobrinha. — Forcei um

riso ao ouvir sua provocação e partiu. 

Suspirei ao finalmente me ver livre dela. Sentei-me na cama

e meu celular tocou. Atendi ao ver ser o motorista da van, avisando


que já estavam em frente aos portões. 

— Que bom que veio, filha — padre Agenor me

cumprimentou. 

— Sua benção, padre. 

— Que Deus a abençoe. — Comprimiu seus lábios em um

sorriso ameno.

— Amém — pronunciei. 

— Como vai a vida? — Soou cauteloso. 

Sentamo-nos em um dos bancos da igreja e começamos a

conversar. Era bom desabafar com ele. Meu pai fazia isso quando

vinha aqui para encontrá-lo sempre que podia. 

— Ainda meio desnorteada. — Fui sincera. 


Meus olhos umedeceram. Respirei fundo, contendo minhas

emoções.

— A perda nunca será confortável pra nós, seres humanos,

mesmo que soubemos que, em algum momento, teremos de passar

por isso, mas deve se agarrar aos bem-feitos do seu pai. Senhor

Márcio foi um grande exemplo de força e determinação por aqui,

quanto mais por ter se dedicado a você após ficar viúvo, se

encarregando de te dar todo amor e amparo que precisasse, não é

à toa que é essa jovem tão bela e inteligente. — Seu comentário me

arrancou um meio-sorriso. 

— Obrigada, padre. É bom conversar com o senhor —

proferi, e ele juntou minhas mãos nas suas. 

— Que bom, filha. Fico contente que te ajude a te distrair. —

Olhou em meus olhos. — Disse que se sente desnorteada, por quê?

— questionou, de repente. 

Puxei o ar para os meus pulmões. 


— Não sei direito o que fazer sem o meu pai. O escritório já

foi fechado, porque não posso dar continuidade, já que não tenho

formação ainda e… — Pausei, não conseguindo prosseguir, e uma

lágrima escapou dos meus olhos. 

— Calma, acredito que esteja na hora de te dar algo. — O

encarei, vendo-o retirar um papel do bolso, que estendeu em minha

direção. 

Limpei meu rosto e funguei, aceitando o que notei ser um

envelope nomeado a mim. Reconheci a letra no papel. 

— Seu pai me deu isso um dia antes de partir. Não sei do que

se trata, só disse ter tido um sonho estranho naquela noite que o

deixou com um pressentimento ruim e que precisava que guardasse

isso e a entregasse, caso lhe acontecesse algo — relatou. 

— Que estranho. Ele não me disse nada disso — frisei. 

— Conhecia bem o seu pai, então deve imaginar que não te

contou por saber que ficaria extremamente preocupada com ele —

salientou, demonstrando que o conhecia muito bem. 


Meu pai e o padre eram muito próximos, como bons amigos,

há anos. 

— Tem razão — concordei, analisando o envelope. 

— Quem sabe aí dentro não esteja a resposta que está

procurando para clarear sua mente e finalmente ter um norte? —

indagou, sugestivo. 

— Espero que sim — externei, esperançosa. — Acho melhor

ir. — Me coloquei de pé, e ele me acompanhou. — Estarei torcendo

para que consigam vender todos os pertences do meu pai no bazar

— desejei enquanto fomos andando até a saída. 

— Obrigado, filha. Que Deus a abençoe por sua doação, nos

ajudará muito a arrecadar dinheiro para a igreja — pontuou. 

— Que bom, padre. Sua benção. — Ele me deu a benção e

me despedi, partindo em seguida. 

 
Ao chegar em casa, sentei-me no sofá na sala e abri o

envelope. Com as mãos meio trêmulas, desdobrei o papel, sentindo

meu coração disparar no peito e meus olhos umedeceram ao

começar a ler o que meu pai escreveu.

“Filha, sinto muito por ter falhado como seu pai. Não a apoiei

em seus sonhos e me senti na necessidade de lhe deixar essa

carta, mesmo não sabendo se algo me ocorrerá ou não. Enfim, peço

que me perdoe. 

Fui egoísta em querer mantê-la debaixo da minha asa a todo

custo, não permitindo que fosse para Val Verde, cidade onde

sempre quis ir para morar e estudar, tanto que tentou me convencer

a ir também, o que nunca concordei. Agora, pensando melhor, notei

o quanto errei ao fazer isso e meu conselho é que siga os seus

sonhos. Não perca mais tempo e vá vivê-los. 


Pode ser que não me tenha mais ao seu lado, mas não deixe

que isso a impeça de fazer o que há anos vem sonhando realizar.

Se desejar ir mesmo para Val Verde, procure por Frederico Motta,

um amigo sobre quem sempre falei com você sobre ele. Tenho seu

endereço anotado em alguma agenda no meu escritório.

Tenho certeza de que lhe ajudará com tudo, até por não ter

terminado a faculdade ainda e, também, poderá lhe dar abrigo por

algum tempo, visto não conhecer ninguém na cidade, enquanto se

organiza. 

Espero que me perdoe. 

Se cuida. Te amo, filha. 

Do seu pai, Márcio”.

Lágrimas banhavam o meu rosto quando finalizei a leitura.

Juntei o papel contra o meu peito e chorei, emocionada demais para

colocar em palavras. Meu pai foi um homem maravilhoso em todas


as suas instâncias, o único problema sempre foi o de não me deixar

ir em busca dos meus sonhos, e eu não o condenava por isso. 

Óbvio que ficava chateada por ser cabeça dura e não me

apoiar, porém, o compreendia. Ele havia perdido a mamãe de forma

inesperada e isso o abalou profundamente a ponto de me querer por

perto pelo resto de sua vida, o que de fato aconteceu. Agora poderia

ir atrás dos meus objetivos, no entanto, não do modo que imaginei

um dia, que seria com a sua companhia. 

Limpei meu rosto e funguei, colocando-me de pé. Eu não me

considerava uma pessoa chorona, pelo contrário, sempre tentava

ser o mais alto astral possível, mas, em se tratando do meu pai e

pela enorme falta que me fazia, visto que éramos apenas nós dois,

isso explicava o motivo de estar assim ultimamente. Dobrei a carta e

trilhei até o escritório que meu pai mantinha em casa, para onde

trazia trabalhos inacabados para analisar em algumas ocasiões; abri

a porta e entrei, chegando até sua mesa, e um filme de quando o via


sentado atrás dela enquanto fazia anotações veio nitidamente em

minha mente. 

Sorri em meio às lágrimas, me sentando na sua cadeira, e

permaneci por ali, chorando um pouco mais. Logo respirei fundo,

engoli o nó que ainda era presente em minha garganta e me limitei a

continuar chorosa. Mais uma vez li sua carta e concluí que aquilo

era tudo que estava faltando para clarear meus pensamentos e

finalmente ter um norte, bem como o padre Agenor mencionou na

igreja. 

Faria o que meu pai me aconselhou, mesmo não o tendo

comigo. Seria triste ir sozinha para Val Verde e começar uma nova

etapa da minha vida sem ele, mas não devia continuar abatida como

vinha sendo há um pouco mais de um mês, desde sua partida. Era

hora de tomar um rumo, por mais solitário que pudesse ser. 

Certa sobre isso, inspirei o ar profundamente e deixei a carta

sobre a mesa, me ocupando em procurar o tal endereço do


Frederico. Não podia mais perder tempo. Tinha muita coisa para

resolver antes de finalmente me mudar para Val Verde. 

UM MÊS E DUAS SEMANAS DEPOIS… 

Em posse da minha mala de rodinhas, a arrastei pelo

caminho de pedras em meio ao jardim muito bem ornamentado em

frente à casa, depois de ser liberada para entrar por um dos

seguranças ao me identificar nos portões. Mal cheguei até a porta e

uma mulher me recepcionou. 

— Bom dia, querida! Sou Mônica, digamos que a governanta

dessa casa — me saudou, apresentando-se em seguida. 

— Bom dia! Prazer em conhecê-la. — Sorri em resposta.

— O prazer é meu. Diane, certo? — se certificou. 

— Sim — afirmei. 
— Entre. O Frederico descerá em breve — informou. 

— Obrigada! — agradeci e a acompanhei para dentro. 

Olhei ao redor, observando o interior da casa, e não pude

deixar de pensar no modo como a Mônica se referiu ao Frederico.

Não o chamou de senhor, então imaginei que tivessem uma

afinidade maior que simplesmente patrão e funcionária. Lembrei-me

da Bel, uma senhora que trabalhou por muitos anos na nossa casa,

e a tinha como uma avó, já que não havia mais uma. 

Antes de vir para Val Verde, tive que despedi-la, pois vendi a

casa. Mesmo que não fosse meu desejo, tive que fazer isso, mas,

além dos seus direitos, lhe dei uma quantia a mais para ajudá-la e,

também, por todo tempo e dedicação que teve conosco, algo que

agradeceu muito, o que me deixou bastante feliz. 

Pisquei ao ouvir a voz de Mônica, deixando minhas

divagações de lado.

— Sente-se, querida. Acredito que o Frederico não demorará

— ofereceu. 
Agradeci e me sentei, deixando minha mala ao meu lado no

sofá. Ela então saiu, me deixando a sós após dizer que iria pra

cozinha.

Sentia-me um pouco nervosa por não saber o que o

Frederico acharia de me abrigar em sua residência por um tempo.

Se ele preferisse, poderia pagar minhas despesas também. Enfim,

nem sabia mais o que pensar, só queria que surgisse logo para

conversarmos a respeito. 

Bufei depois de se passar mais algum tempo e me coloquei

de pé. Virei-me no exato instante em que o vi descer as escadas e

seus olhos fixarem em mim, expressando certa surpresa, e tratou de

se preocupar em vestir a camisa que tinha em mãos. Antes de se

cobrir completamente, fui incapaz de conter meu olhar que desceu

pelo seu peitoral másculo perfeitamente definido, chegando até o

seu abdômen cheio de gominhos, além de dar tempo de ver suas

tatuagens: duas no pescoço e outra que pegava do seu ombro

esquerdo até o pulso.


Apesar de tê-lo visto no enterro do meu pai, não notei

nenhum daqueles detalhes, afinal, o momento não foi nem um

pouco propício a isso. Agora era diferente. Será mesmo que tinha

sido uma boa ideia vir procurar abrigo em sua casa? 

Antes de chegar a qualquer resposta, fui obrigada a sair do

meu torpor quando ele parou em minha frente, fazendo com que seu

cheiro de banho recém-tomado misturado ao aroma do seu perfume

almiscarado e marcante adentrasse minhas narinas, ele abriu um

sorriso lindo, estendendo sua mão pra mim: 

— Bom dia, Diane. Desculpe pela demora. Tudo bem? —

inquiriu, olhando-me com seus olhos azuis, continuando a sorrir. 

Não! Definitivamente, eu não estava nada bem. 


 
 

FREDERICO MOTTA 

Havia acabado de sair da academia que era montada em um

dos cômodos em minha própria casa quando Mônica me informou

que tinha alguém nos portões que se identificou como Diane Castro,

filha do advogado Márcio Castro. Na hora, franzi o cenho,

estranhando sua aparição repentina depois do falecimento do pai,

no entanto, pedi que a deixasse entrar e a recepcionasse enquanto

subiria para tomar um banho. Segui para o meu quarto e acreditava

ter demorado mais do que o normal, porém, assim que desci as

escadas, fui vestindo a minha camisa e tive tempo de pegar seus

olhos vagueando pelo meu corpo. 


Eu sabia o que a minha beleza e físico eram capazes de

causar nas mulheres, então sua reação não foi nenhuma novidade

pra mim. O problema ali eram dois: ela ser filha do homem que,

mesmo após ter falecido, continuaria sendo bem mais que um

amigo, além de seguir nutrindo muito respeito por ele, e o fator

principal, ser tão jovem. Me lembrava dela quando ainda era apenas

uma criança e…, bom, nem sei ao certo o motivo de estar pensando

sobre isso. 

Enfim, levei minhas divagações para longe e me concentrei

nela. Precisava saber o que havia vindo fazer aqui. Confesso que

estava surpreso pela sua visita a minha casa. 

— Bom dia, Diane. Desculpe pela demora. Tudo bem? — a

saudei, ainda sorrindo enquanto a encarava.

Diane era negra, tinha os cabelos cacheados, mas com

pouca definição e de tamanho mediano, que pegava abaixo do seu

ombro, olhos castanhos, lábios grossos e perfeitamente


desenhados, além de um corpo exuberante, com curvas bem

avantajadas, digna de uma modelo plus size. 

— Bom dia, Frederico. — Sorriu suavemente e uniu sua mão

à minha, dando um aperto de mão. 

Seu toque foi firme e macio. Encarei nossas mãos juntas

quando uma certa eletricidade trespassou pelo meu corpo.

Acreditava que ela sentiu o mesmo, pois recolheu sua mão em

seguida, continuando: 

— Não se preocupe com a demora, sei que vim sem avisar e,

quanto a estar tudo bem, ainda não, mas vou levando e agradeço

por perguntar — completou. 

— Entendo e, mais uma vez, sinto muito por sua perda —

reiterei. 

— Obrigada — agradeceu. 

— Se veio até aqui, quer dizer que tem algo importante pra

me falar, certo? — indaguei, curioso. 

— Sim — afirmou. 
— Então sente-se, por favor — pedi, e ela assentiu,

acomodando-se em um dos assentos. 

Me juntei a ela no mesmo sofá, tendo um assento vago entre

nós, e não pude deixar de observar que parecia nervosa, pois

desviava sua atenção de mim com frequência. Tirei meus olhos dela

após aquela constatação e eles recaíram sobre a mala que tinha

próximo a ela. Será que estava apenas de passagem pela cidade? 

Fui obrigado a parar meus questionamentos quando a ouvi

dizendo: 

— Primeiro, gostaria de pedir desculpas por ter vindo dessa

forma, sem ao menos te ligar antes, mas eu não sabia como tratar

esse assunto por telefone e resolvi arriscar vir de uma vez e

conversar com você pessoalmente, mesmo sabendo que pode não

concordar. — Riu meio sem graça. 

Minha testa enrugou-se e endireitei minha postura. Antes de

conseguir questioná-la, Mônica entrou na sala de estar, nos

interrompendo. 
— Desculpe interrompê-los, mas trouxe um lanche para

vocês. — Depositou a bandeja sobre a mesinha de centro e

direcionou-se a Diane. — Como não perguntei se queria chá ou

café, tem os dois na bandeja, além de biscoitos e uns minipães —

disse cordialmente. 

Mônica era como uma tia muito querida por mim. Trabalhava

aqui há anos, desde que comecei a ter bons rendimentos nos

negócios, comprei essa casa e me mudei. Ela quem designava

todas as tarefas aos demais funcionários da casa. 

Em minha ausência durante a semana, era quem sempre

estava por aqui. É uma senhora de cinquenta anos e não tem

parentes na cidade, a não ser as amigas que fez pelo bairro. No

início, ela ficava em um dos quartos no andar debaixo da casa, mas,

conforme o tempo foi passando, decidi construir uma casa nos

fundos para ter sua própria liberdade; era pequena, porém, fiz de

coração e Mônica se emocionou muito quando se deparou com a

surpresa, o que me deixou muito satisfeito. 


Rompi meus pensamentos quando Diane a respondeu: 

— Obrigada, Mônica. — Sorriu, agradecida. 

Mônica fez menção de servi-la. 

— Pode deixar que faço isso, obrigado! — Tomei à frente, e

ela assentiu ao pedir licença, saindo, nos deixando a sós. — Café

ou chá? — inquiri, olhando em seus olhos. 

— Chá, por favor — respondeu. 

Servi uma xícara e a entreguei, sendo agraciado por seu

sorriso contido. Ela parecia não sorrir muito ou talvez fosse

impressão minha. 

— Aceita? — Ofereci os pãezinhos, que pegou apenas um. 

A assisti comer, notando estar incomodada, talvez por conta

do meu olhar nela. 

— Estava delicioso e o chá também — elogiou, terminando

de bebericar o líquido. 

— Mônica tem mãos de fada — gracejei e, daquela vez, a vi

dar um sorriso espontâneo, o primeiro desde que chegou. 


— Não tenho dúvidas. Bem… não sei como isso te soará,

mas… — engoliu a saliva com dificuldade e me mantive em silêncio,

aguardando que prosseguisse — preciso de um lugar para ficar por

pouco tempo. — Foi direta.

De imediato, não havia processado muito bem o que quis

dizer com aquela declaração, até que finalmente entendi. 

— Quer dizer que… 

— Será que poderia me abrigar em sua casa por algum

tempo? Posso pagar minhas despesas e tudo mais, não precisa… 

Antes que desse seguimento, gesticulei para que se

acalmasse. 

— Diane, respira, tudo bem? Se acalme antes de me explicar

direito sobre isso. Imagino que esteja nervosa e, por conta disso,

disparou a falar sem ser muito clara — pedi. 

— Tem razão, me desculpe — disse ao abandonar a xícara

sobre a mesinha de centro, inspirando o ar profundamente. 

— Quando sentir-se mais calma, pode começar — salientei. 


— Eu sempre quis vir para Val Verde, por ser uma cidade

com maiores chances de crescimento tanto profissional, quanto

pessoal. Meu pai nunca foi a favor do meu sonho de mudar para cá

e, depois que o perdi, me senti desnorteada, sem um rumo certo a

seguir. — Deu um sorriso tímido, mirando suas mãos em seu colo.

— Então descobri que ele havia me deixado uma carta, onde fez

questão de pedir perdão por não ter me apoiado, além de falar para

não desistir e correr atrás dos meus objetivos. — Trouxe seu olhar

ao meu quando finalizou e pude ver sua emoção refletida em cada

um deles. 

— Senhor Márcio sempre surpreendendo — mencionei,

lembrando-me do homem magnífico que era. 

— Muito — confirmou. 

— Espera aí… como ele sabia que lhe aconteceria algo? —

interroguei, de repente. 

— Na verdade, ele não tinha certeza, mas teve um sonho que

o deixou em alerta, então decidiu escrever a carta, deixando-a em


posse do padre Agenor, responsável pela igreja que

frequentávamos. Isso foi um dia antes da sua partida — explicou. 

— Hum, que estranho…— murmurei, encabulado. — E se

minha noiva não concordar? — perguntei a fim de testá-la e a

encarei, vendo-a arregalar os olhos, verificando ao redor. 

— Ó céus! Como assim, noiva? As pesquisas que fiz sobre

você na internet não falavam que tinha uma noiva, pelo contrário —

confessou. — Será que pulei essa parte? — falou baixinho, e

segurei a vontade de rir. — Enfim, posso conversar com sua noiva e

tentar fazê-la entender ou… — Soltou o ar pesarosa, desistindo de

falar. — Já sei que isso não dará certo. — Fez menção de se

levantar, e me apressei ao acabar com a nossa distância no sofá,

segurando uma de suas mãos. 

— Então andou pesquisando sobre mim? — especulei,

impedindo-a de se pôr de pé.

— Sim. Não podia vir aqui sem saber o mínimo sobre a sua

vida, mas agora me diz que tem uma noiva? — Mordeu o canto
interno da boca e soltou o ar, preocupada. 

Era engraçado vê-la tão pensativa. 

Novamente tentou se levantar e não permiti. 

— Não tenho nenhuma noiva ou namorada — admiti de uma

vez. 

Diane me fitou com seus olhos estreitos, e rompi numa

gargalhada. 

— Seu palhaço! — proferiu, descontente, e desferiu um tapa

de leve no meu braço.

— Não sou palhaço, só quis descontrair e te fazer rir. — Ri

um pouco mais, e ela recolheu sua mão do meu agarre. 

— Quase me matou do coração, isso sim! — exclamou,

ajustando sua postura enquanto mantinha uma expressão séria. 

— Desculpa, mas foi engraçada a sua reação. — Tentei

conter minha risada, e ela revirou os olhos, impaciente. 

— Engraçado que, antes de vir, pensei que, por ser um

velhote, não tivesse esse ar descontraído. Geralmente encontramos


essas características em homens mais novos, se é que me entende

— pontuou. 

Quem ela estava chamando de velhote? Ninfeta atrevida! 

— Como minha brincadeira não a agradou, peço desculpas e,

também, fingirei que não ouvi a parte que me chama de “velhote” —

concluí, e ela sorriu disfarçadamente. 

— Ok. Olha, não quero ser um problema, então, se não puder

me ajudar… — Me pus de pé ao escutá-la, não deixando que

finalizasse sua fala.

— Não será um problema — ressaltei. 

— E isso quer dizer… — incitou. 

— A casa tem muitos quartos. Enfim, depende de quanto

tempo pretende ficar. — Diane também se ergueu e nos fitamos. 

— Não sei exatamente — contou. 

— Como não? — interroguei. 

Puxou o ar para os seus pulmões e o soltou gradualmente,

respondendo posteriormente:
— Preciso resolver uma série de coisas, desde concluir a

transferência da faculdade a ver um imóvel, pois pretendo comprar

um pra futuramente abrir meu próprio escritório de advocacia. Meu

pai sugeriu na carta que te procurasse, pois poderia me dar abrigo

por um tempo e me ajudar com sua opinião como advogado, afinal,

é experiente na área e sabe melhor como tudo funciona. —

Umedeceu os lábios e continuou: — Ainda me falta um pouco mais

de um ano e meio para terminar o curso de direito e precisarei de

algumas instruções, mas não se preocupe que posso arcar com

minhas despesas e prometo que tentarei solucionar tudo em pouco

tempo. Não conheço a cidade, muito menos as pessoas por aqui,

então pensei que pudesse ficar enquanto me familiarizo com tudo e,

quando menos esperar, estarei finalmente indo embora —

esclareceu, tentando me convencer a aceitar ficar. 

Fiquei calado por algum tempo, pensativo, e Diane não parou

de me olhar, aflita por uma resposta. Aproveitei para analisar seus

olhos e não identifiquei que estava mentindo. Parecia verdadeira. 


— Não vou negar que realmente fiquei surpreso com isso. —

Fui sincero. 

— Sei disso — anuiu, sem jeito.

— Eu jamais negaria ajuda a você, principalmente pelo seu

pai ter sido alguém tão importante para mim e para a minha carreira,

no entanto, sabe que perderei minha privacidade ao concordar em

dividirmos o mesmo teto — expus. 

— Sim, é verdade — compreendeu. 

— Como sabe, sou sócio de uma casa noturna e temos dois

estabelecimentos. Sou responsável pela matriz, situada em Val

Verde, mas ultimamente não ando ficando muito aqui, porque

estamos resolvendo algumas questões sobre a filial que está

passando por melhorias, enfim, geralmente venho no finalzinho da

tarde na sexta-feira e retorno na segunda-feira pela manhã para

Porto Primavera— expliquei. 

— Entendi — assentiu. 
— Acredito que não será tão ruim assim tê-la por aqui. —

Seu semblante anuviou ao ouvir minha resposta e sorriu

contidamente. 

— Então… 

— Deixarei que fique aqui — afirmei. 

— Obrigada, eu… 

A impedi de concluir. 

— Com uma condição — avisei. 

— Certo e qual é? — quis se certificar, apreensiva.

— Três meses — determinei. 

— Três meses? — questionou, incerta.

— Sim. Não quero que me entenda mal, entretanto, esse é o

tempo máximo que te dou para resolver seus assuntos e procurar

outro lugar para ficar, de acordo? — detalhei e estendi minha mão. 

Diane voltou a sorrir, aliviada.

— De acordo — confirmou e mais uma vez uniu sua mão à

minha, fazendo com que outra corrente elétrica percorresse pelo


meu corpo. 

Novamente, ela se livrou do meu toque, recolhendo-a com

agilidade. 

— Agora que estamos entendidos, vou pedir a Mônica que

arrume um quarto no andar de cima pra você — informei. 

— Ah, mais uma vez, muito obrigada e não precisa se

incomodar. Posso ficar num dos quartinhos no andar de baixo. Não

terei problema algum com isso, afinal, já está sendo mais que gentil

em me aceitar na sua casa, mesmo eu sendo completa uma

estranha — externou. 

— É certo que não nos conhecemos, mas não é uma

completa estranha. Só por ser filha do Márcio, tenho certeza de que

é uma boa pessoa, assim como ele era. — Comprimiu seus lábios

em um sorriso ameno. 

— Mesmo assim, agradeço a confiança — disse. 

— Não foi nada. — Dei de ombros e chamei a Mônica. 


Solicitei que organizasse um dos quartos no andar de cima e

ela pediu licença antes de sair. Diane quis acompanhá-la, então

saiu, deixando-me sozinho. Voltei a me sentar no sofá e passei as

mãos entre os fios do meu cabelo. 

Não sabia se tinha feito o certo em abrigar uma mulher em

minha casa. Puta que pariu! Também não podia negá-la isso, visto

ter um grande respeito pelo seu pai. 

O que me confortava era saber que sua estadia não

ultrapassaria três meses. O que poderia acontecer em míseros três

meses, né? Obviamente, nada! 

Agora era torcer para que passassem logo e finalmente

retornar a minha privacidade. Contaria os dias para isso. 


 
 

 
 

DIANE CASTRO 

Se há quase dois meses alguém me contasse que eu

passaria por tudo isso e que a minha vida tomaria um rumo

totalmente diferente do que eu imaginava, certamente eu não

acreditaria. Agora, encontrava-me na casa de um estranho, onde

tinha o prazo máximo de três meses para morar e precisava me


organizar o mais rápido possível. Frederico havia sido generoso ao

me dar um voto de confiança, deixando-me ficar, então, faria de tudo

pra que ele não se arrependesse por isso. 

Saí do meu torpor quando ouvi a voz da senhora Mônica. 

— Aqui ficam algumas toalhas, roupas de cama e edredons.

— Abriu a porta do armário, mostrando-me dentro dele. 

— Ok — assenti. 

— O banheiro fica na porta ao lado e pode usar o guarda-

roupa para organizar seus pertences — instruiu. — Quer que eu

desfaça a sua mala, querida? — inquiriu enquanto a olhava

atentamente. 

— Não precisa se preocupar, farei isso. Obrigada! —

agradeci a gentileza. 

— Tem pouca coisa, tem certeza de que se certificou de

trazer tudo que necessitava? — Mônica observou. 

Sorri ao olhar pra minha única mala, próxima à cama que ela

havia acabado de forrar. 


— Sim. Tudo está aqui — afirmei. 

— Se você diz… — Me ofereceu um sorriso terno. —

Acredito que esteja cansada da viagem que fez de Monte Oeste

para cá, então, é melhor que descanse um pouco. Está com fome?

— perguntou. 

— Confesso que estou mesmo um pouco cansada. Monte

Oeste fica a sete horas daqui, mas foi menos desgastante porque

vim em um táxi particular. E não, não estou com fome — mencionei. 

— Bastante tempo mesmo. Vou descendo, então. Tenho que

começar a preparar o almoço e foi bom ter chegado antes, assim

coloco mais “água no feijão”. — Fez aspas no ar e rimos

suavemente. 

— Obrigada. Pode ir, assim não te atrapalho mais —

salientei. 

— Que isso, querida! Não me atrapalha nem um pouco,

aliás… — se aproximou um pouco mais —, estou feliz que terei

companhia nessa casa por algum tempo. Os dias aqui são bastante
corridos, mas silenciosos, afinal, costumo ficar sozinha durante toda

a semana, só quando o Frederico vem aos finais de semana que me

sinto menos só, sabe? — confidenciou. 

— Não sabia, porém, agora sei bem como é se sentir só. —

Comprimi meus lábios, recordando-me do meu pai e da falta que me

fazia. 

— Me desculpe, esqueci completamente da sua perda

recente — pediu. 

— Não tem problema. Estou me adaptando lentamente —

proferi. 

— Sinto muito.

— Obrigada — agradeci. 

— Se quiser qualquer coisa, pode me falar que providenciarei

— avisou e saiu em seguida. 

Olhei ao redor e passei a mão pelos meus cabelos. Inspirei o

ar profundamente e tentei pensar positivo. Apesar da minha vida ter


dado um giro de trezentos e sessenta graus, quando decidi correr

atrás do meu sonho, sabia que nada seria fácil. 

Estava em uma cidade completamente nova, não conhecia

ninguém e morando com um homem que mal conhecia também.

Frederico era um homem bonitão, algo que não podia negar. Mordi o

lábio inferior quando imagens de ele descendo as escadas

invadiram a minha mente, e nem sequer disfarcei o meu olhar em

toda a sua beleza física. 

Para alguém de quase quarenta anos, estava perfeitamente

em forma, e me peguei pensando no quanto ele seria ainda mais

gostoso… 

Ó, céus! O que eu estava pensando? 

Me abanei por conta do calor que correu pelo meu corpo ao

empurrar para longe as insanidades que tomaram a minha mente

por conta dele e virei em direção à porta que notei estar aberta. O vi

passar no minuto seguinte, continuando meu movimento, até ele


voltar e parar diante do portal, olhando curiosamente com seus

olhos azuis. 

— Está com calor? Pode ligar o ar-condicionado para se

refrescar melhor — comentou. 

— Ah, pode deixar. Obrigada! — Sorri meio sem jeito. 

Se ele soubesse o porquê do meu calor, com certeza me

colocaria para fora daqui nesse exato minuto. 

— Vim apenas ver se estava bem instalada — anunciou. 

— Estou sim. A Mônica é muito atenciosa — o deixei ciente. 

— Ótimo! Deve estar exausta da viagem, então a deixarei

descansar. Mais tarde quero te mostrar os cômodos da casa, para

que não fique perdida quando eu não estiver aqui durante a semana

— relatou. 

— Ah, claro! — concordei. 

— Estarei na garagem se precisar de algo ou pode ver com a

Mônica na cozinha também — ressaltou. 

Meneei a cabeça em positivo, e ele saiu. 


Apressei-me em fechar a porta, trancando-a, e me recostei

na madeira, puxando o ar para os meus pulmões. 

E daí que ele se parecia com aqueles homens mais velhos e

perfeitos descritos nos livros nacionais que eu costumava ler no

meu kindle? Nada disso deveria estar me afetando tanto. Se bem

que ele daria um belo de um avatar.

Foco, Diane! Foco! 

Não veio aqui para isso. Tem que se concentrar nos seus

sonhos e sair dessa casa o quanto antes. Lembre-se que ele foi um

grande amigo do seu pai, é muito mais velho que você, experiente

ao extremo, se comparado a sua inexperiência sexual, além de ter

te dado um prazo máximo de três meses para ir embora, portanto,

mantenha os pensamentos nos seus objetivos e tudo sairá conforme

o planejado. 

Isso! Tinha que manter minha mente ocupada com o que

realmente interessava. 

 
Acordei por volta das treze horas quando Mônica foi ao meu

quarto e bateu à porta, chamando-me para almoçar. Agradeci a

preocupação e ela saiu. Levantei-me meio sonolenta e, depois de

me vestir, abandonei o quarto. 

Desci as escadas e tudo estava calmo. Uma música tocava,

mas, de imediato, não identifiquei de onde ou qual banda era.

Mônica surgiu em meu campo de visão e sorri quando me pediu que

a seguisse até a cozinha. 

— Pensei que não acordaria tão cedo — comentou enquanto

me entregava um prato. — Se sente melhor? — quis saber. 

— Depois que tomei um banho, relaxei completamente. Foi

bom descansar um pouco. Na verdade, dormi mais do que deveria

— confessei, e rimos. 
— Hoje é sábado, não tem motivo pra não dormir além da

conta — anuiu. 

— E a senhora não descansa? — indaguei. 

Terminei de me servir e sentei-me à mesa. 

— Sim. Frederico até briga comigo pra ir pra minha casa, que

fica nos fundos. Inclusive, vou daqui a pouco — mencionou. 

— Imagino o quanto seja trabalhoso ser responsável pelos

afazeres dessa casa — frisei, olhando ao redor. 

— Não faço nada sozinha. Frederico paga algumas diaristas

na semana, que vêm poucos dias. Nos demais, só tento manter as

coisas organizadas e limpas — me deixou a par. 

— Hum… interessante — murmurei enquanto comia. —

Muito boa sua comida — não pude deixar de elogiar. 

— Obrigada, querida. Bem, acho que vou indo. Mais tarde

venho aqui, caso Frederico e você queiram jantar algo — enfatizou. 

— Já que estou aqui, posso fazer isso — me ofereci. 

— Você é uma hóspede nessa casa, não… 


— Estou aqui de favor, então não me custa nada fazer algo.

Me ajuda a passar o tempo também — insisti. 

Mônica me olhou duvidosa, e sorri, tentando convencê-la. 

— Tudo bem — comemorei e ela riu, divertida. 

— Onde está o Frederico? — perguntei. 

— Na garagem. Ele almoçou e retornou. Fica horas por lá.

Gosta de paparicar seus carros enquanto ouve suas músicas de

rock — proferiu. 

— Bom saber — formulei. 

Poucos minutos depois, se despediu e fiquei sozinha. Ao

terminar, lavei o que sujei e saí andando pela casa, admirando cada

detalhe. Acompanhei o som da música, até sair do interior e trilhar

pelo jardim, ouvindo a melodia ficando mais nítida a cada passo que

dava. 

A garagem ficava ao lado, num espaço fechado. Ao entrar,

havia luzes no teto que iluminavam dentro e avistei dois carros


estacionados. O som ali dentro estava um pouco mais alto e logo foi

diminuído o volume quando Frederico me viu e acenou para mim. 

Fui até ele e parei próximo ao vidro que estava aberto. 

— Imagine Dragons? — questionei, e ele sorriu

tranquilamente, fitando-me. 

— Sim. Gosta? — quis saber. 

— É bom, eu gosto. É bem interessante as letras — respondi.

— Verdade. 

— Está ouvindo Believer por te lembrar algum trauma ou dor

do passado, ou gosta de todas as músicas? — Ele riu e, por um

instante, me vi hipnotizada pelo seu riso espontâneo. 

Disfarcei ao notar que me encarou outra vez. 

— Acha que sou traumatizado? — Suas íreses azuis se

concentraram em mim sem titubear. 

— Pra um velhote, não parece ter algum trauma —

descontraí e dei de ombros.


O assisti parar de rir e fechar seu semblante na mesma hora.

Então desligou o som e me afastei quando abandonou o interior do

veículo, fechando a porta. Engoli em seco ao perceber que ele não

havia gostado nem um pouco da minha brincadeira. 

Abri a boca para me desculpar, porém, fui surpreendida ao

ser encurralada por ele contra a lataria do outro veículo posicionado

atrás de mim. 

— Se vai ficar aqui durante três meses, acho melhor me

tratar como Frederico, que é o meu nome, não de “velhote”. — Seu

tom saiu ameaçadoramente enquanto manteve seus olhos vidrados

nos meus. 

Sua respiração bateu contra a pele do meu rosto, fazendo

com que os pelos do meu corpo se eriçarem. Meu coração pulsava

tão depressa que parecia querer sair pela boca a qualquer

momento. Tentei me conter e engoli minha saliva com dificuldade,

não desviando minha atenção dele. 


— E qual é o problema em te chamar de velhote? — desafiei,

mesmo sabendo que não devia fazer isso, mas era algo que foi mais

forte que eu. Quando vi, já tinha falado. 

Ele abriu um sorriso presunçoso e fez menção de me

responder, só que pareceu pensar melhor.

— Quer saber… não tenho tempo para ficar perdendo desse

jeito. — Soltou um riso abafado ao concluir e me deu as costas,

caminhando para a saída. 

— Ei! Não acredito que se sentiu ofendido — expus,

desacreditada.

— Não me senti — disse, sem se preocupar em cessar seus

passos. 

— E por que está saindo assim? — rebati, indo atrás dele. 

— Tenho coisas mais importantes pra fazer, aproveita e

procura algo pra ocupar seu tempo também. — Tentei alcançá-lo, o

que foi em vão. 

— Disse que ia me mostrar os cômodos da casa — lembrei.


— Pedirei a Mônica que faça isso depois. — Avisou.

— Ok — concordei, parando em meio à saída da garagem,

vendo-o se distanciar até entrar na casa. 

Notei que de nada adiantaria tentar falar com ele agora e, por

ora, decidi deixá-lo em “paz”.

A hora do jantar ia se aproximando quando resolvi ir pra

cozinha. Pensei muito antes de decidir fazer um espaguete com

camarão. Fui até a geladeira e encontrei um pacote de camarões no

freezer. 

Tive que me virar para achar tudo na cozinha. Passei quase

todo o restante do dia lendo em meu kindle, deitada no sofá da sala,

salvo pelo pouco tempo que a Mônica veio aqui me mostrar os


cômodos da casa a pedido do Frederico e nem sequer vi o vulto

dele por perto. Talvez ele tivesse mesmo ficado chateado comigo. 

Não o procurei, pois achei melhor o deixar quieto. Enfim, já

tinha cozinhado o macarrão e foi a vez de preparar os camarões.

Abri uma garrafa de vinho tinto branco, porque, na receita, pedia um

pouco, então aproveitei e bebi uma taça. 

Momentos assim me deixavam nostálgica por conta da falta

do meu pai, então tentei me distrair ao máximo enquanto cozinhava.

Assim que finalizei, desliguei a chama e misturei o macarrão ao

camarão, incrementando com um pouco de salsinha picada, tomate-

cereja e queijo parmesão ralado. O cheiro estava divino, e sorri,

satisfeita, ao concluir. 

Me virei, deparando-me com o Frederico parado próximo à

entrada do cômodo, me observando atentamente. 

— Ah, oi! Acabei de preparar o jantar. Não sei se gosta,

então, me desculpe se não o consultei antes. — Comprimi meus

lábios em um meio-sorriso. 
Silencioso, trilhou até parar ao meu lado e fechou os olhos,

inspirando o cheiro da comida. 

— Pelo cheiro, parece bom — comentou, incerto. 

Peguei um garfo e mergulhei na massa, espetando alguns

camarões também e o ofereci. 

— Não quer… 

Antes que terminasse de falar, ele abocanhou o talher,

comendo todo o conteúdo do garfo, olhando fixamente em meus

olhos. Me vi hipnotizada perante a cena que se desenrolava em

minha frente e sacudi a cabeça ao me dar conta que era hora de

parar com o vinho. Estava começando a ver coisas onde não existia

e isso só podia ser por conta do teor de álcool que percorria em

minhas veias. 

— Hum… delicioso! — elogiou, passando a língua entre os

lábios. 

Desviei minha atenção, não querendo que ele percebesse

meus olhares descabidos, além de tentar convencer a mim mesma


que não me encontrava no meu juízo normal. Não era certo estar

tão afetada por simples gestos de um homem lindo, tesudo, gostoso

e… 

Ó, céus! O que eu estava pensando?

Respirei fundo, voltando a minha consciência, e proferi:

— Feliz que gostou. Pensei até que não comeria, hum… por

querer se manter em forma — salientei. 

Voltei a bebericar o vinho, mesmo ciente que não deveria

colocar mais nenhuma gota na minha boca. 

— Então acha que pra um velhote também estou em forma?

— Me engasguei com a bebida e comecei a tossir ao ouvir sua

pergunta. — Está bem? — questionou, afagando minhas costas, e

pegou a taça da minha mão, pondo sobre a bancada. 

Tossi um pouco mais até me sentir melhor. 

— Sim, estou — afirmei. — Obrigada! — agradeci,

esboçando um sorriso fraco. Firmei meu olhar no dele.  — Não te


chamei de velhote com a intenção de ofendê-lo e vi que mais cedo

se sentiu desconfortável quando o chamei assim, portanto… 

— Eu? Ofendido? Claro que não! — negou com veemência e

se pôs em minha frente. 

Inclinou seu corpo em minha direção, levando suas mãos até

a borda do mármore, segurando com firmeza, enquanto me via

presa entre seus braços, e seus olhos miraram os meus com afinco.

Umedeci meus lábios, tentando fugir do seu olhar inquisidor, no

entanto, não consegui. 

— Se não ficou ofendido, por que fugiu o dia todo? —

contestei de uma vez. 

Ele riu. 

— Não tenho motivos pra fugir de uma ninfeta como você —

desdenhou. 

— Quê? Como ousa me chamar de ninfeta, seu… —

Pressionei meus lábios, evitando chamá-lo de velhote outra vez. 


— Chame-me como quiser, mas saiba que ninfetas como

você nunca saberão o que velhotes como eu são capazes de fazer

com uma mulher entre quatro paredes. — Abriu um sorriso

convencido.

Franzi o meu cenho, demonstrando minha irritação com o

modo que se referiu a mim. 

— Não me chame de ninfeta, velhote! — provoquei e o assisti

rir um pouco mais, divertido. 

Logo afastou-se. 

— Foi você quem me provocou primeiro, agora aguente as

consequências — alertou. — Vou tomar um banho antes de jantar,

se quiser, pode comer sem a companhia do velhote aqui. — Apertou

a ponta do meu nariz como se eu fosse alguma criança e riu,

abandonando o ambiente posteriormente.

Fiquei ali, procurando pelo meu raciocínio lógico depois de

me ver sozinha, recostada contra a pia. 

Como ele ousava me chamar de ninfeta? Filho da mãe! 


 

FREDERICO MOTTA

Ainda estava pensando se ter a companhia da Diane na

minha casa vinha sendo uma boa ou má experiência, mesmo que

tenha chegado a apenas um dia, e olha só! Mal havia posto os pés

por aqui e já sabia como me irritar. O que a faz pensar que me

chamar de “velhote” não me ofende? Porra! 


Bastava os meus pais me nomeando daquela maneira, agora

tinha outra pra me torrar completamente a paciência! Na verdade,

acabei de chegar à conclusão de que sua estadia aqui não deveria

estar sendo pior. Se soubesse disso antes, teria inventado uma

desculpa bem convincente pra não a ter abrigado aqui, o que teria

sido bem melhor, porque ainda teria a minha privacidade, algo que

sempre privei e, ela aqui, com toda certeza, estava me

atrapalhando. 

Ontem à noite, depois que desci de banho tomado, não a

encontrei na cozinha e constatei que havia preferido jantar sem a

minha companhia. Não me importei, porque era acostumado a estar

sempre sozinho. Admito que o macarrão com camarão que ela fez

estava uma delícia e comi além do que devia. 

Após o jantar, tentei assistir a algum filme, o que não rolou, e

subi pro meu quarto. Antes de alcançar a porta, a vislumbrei sair do

banheiro, entrando nos seus aposentos. Então me coloquei pra

dentro e me deitei. 
Antes que conseguisse realmente pegar no sono, fiquei

repassando em minha mente o momento em que a chamei de

ninfeta e ela fechou seu semblante. Havia gostado de saber que

também a irritei. Diane me tirava o juízo quando me chamava de

“velhote”. A minha vontade era mostrá-la que eu não era nada disso,

mas sabia que não devia ficar cogitando essas coisas. 

Ela era apenas uma menina, e eu tinha quase o dobro da sua

idade. Enfim, mesmo que conseguisse me irritar ao extremo me

chamando daquele jeito, não era certo ficar formulando em minha

cabeça cenas de tudo que poderia lhe fazer, mostrando-a o quanto

estava enganada ao me intitular como “velhote”. 

Deixei minhas divagações de lado ao descer as escadas e

trilhei até a academia. Como de costume, me exercitava pela

manhã. Entrei no cômodo, deixando minhas coisas de lado, e me

alonguei. 

Soltei um riso abafado e coloquei as luvas de boxe, batendo

uma contra a outra. Mirei o saco de pancadas e desferi vários


golpes, desde socos a chutes. Os minutos foram passando e já

estava bastante suado. Retirei minha camisa molhada de suor,

ficando apenas de calção, e continuei meu exercício. 

Ouvi o barulho da porta do cômodo se abrindo, mesmo

assim, fingi não ter notado, dando uma sequência de socos e chutes

no saco de pancadas. Minha adrenalina se encontrava a mil,

percorrendo por minhas veias. Quando me virei, avistei Diane na

esteira, de costas pra mim, programando-a, e aproveitei pra analisar

o modo como estava vestida. 

Seu short de malha acabava um palmo abaixo da polpa da

sua bunda, bem justo ao corpo, e um top com uma camiseta folgada

por cima. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e

tinha fones nos ouvidos. Fiquei a observando enquanto pegava

minha toalha, secando o suor do meu rosto, logo a deixei de lado e

agarrei minha garrafinha de água, bebendo todo o líquido. 

Não podia negar que era uma bela ninfeta, mas muito

atrevida pro meu gosto. 


Meu tempo ali já havia acabado, então peguei minhas coisas,

pronto pra sair do ambiente, quando a escutei murmurando baixo

algo que não entendi. Cessei meus passos e me aproximei dela,

parando ao lado da esteira. Ela sorriu timidamente e tirou os fones. 

— Bom dia! — saudou. 

— Bom dia! Dormiu bem? — indaguei. 

— Ah, muito bem — respondeu. 

— Que bom. Ouvi você resmungando, precisa de ajuda? —

inquiri. 

— Na verdade, sim. Não sei mexer muito bem. — Apontou

para o painel. 

Sorri e lhe passei os comandos. 

— Hum… acho que entendi — mencionou. 

— Pelo jeito, não costuma malhar, certo? — constatei. 

Diane bufou. 

— Não. Morro de preguiça, mas já que aqui não tenho muito

o que fazer, tenho que ocupar meu tempo com algo, e exercícios é
uma boa, até pro meu físico — enfatizou. 

— O que tem de errado com seu físico? — perguntei, vendo-

a começar a andar devagarinho na esteira. 

— Ah, sou acima do meu peso ideal, então será bom me

exercitar e, quem sabe, perder alguns quilos — disse e deu de

ombros. 

— Não vejo dessa forma — mal terminei de falar, e ela me

olhou, surpresa, esquecendo-se completamente do que devia fazer,

e se desequilibrou, quase caindo, mas consegui ampará-la a tempo,

segurando-a pela cintura junto ao meu peitoral. 

Ficamos nos olhando por algum tempo, até ela piscar

algumas vezes, parecendo recobrar sua consciência, e se

distanciou, desligando o aparelho. 

— Desculpa, acabei… 

A interrompi. 

— Vi que se desequilibrou, não se preocupe. Está tudo bem?

— sondei, preocupado.
— Sim. Obrigada! — Sorriu minimamente em forma de

agradecimento.

— Bom, vou indo. — Me preparei pra sair, mas fui impedido

quando perguntou: 

— Acha mesmo que… não preciso perder alguns quilos? —

Me voltei pra ela, que sorriu timidamente, e dei um passo à frente,

ficando ainda mais próximo dela. 

Não deixei de notar que sua respiração se tornou alta, e meu

olhar acompanhou sua língua passar entre seus lábios, os

umedecendo. Respirei fundo, voltando a focar em responder o seu

questionamento. 

— Não, não acho. É perfeita desse jeito — Inspecionei-a da

cabeça aos pés, mirando seus olhos castanhos em seguida, e a

assisti comprimir seus lábios em um sorriso ameno, mas contente.

Suas bochechas ruborizaram.

Involuntariamente, levei uma de minhas mãos ao seu rosto e

alisei sua bochecha com as costas do meu indicador.


Permanecemos imóveis, como se o tempo tivesse parado ali

mesmo. Ao perceber que aquilo não era certo, resolvi quebrar o

clima. 

— Pena que é uma ninfeta atrevida — soprei, provocando-a,

e ela bateu contra a minha mão, livrando-se do meu toque. 

— Não volte a me tocar, velhote de uma figa! — rebateu,

dando-me as costas, e subiu na esteira, ligando-a outra vez.

Sua irritação era quase palpável, e comecei a rir, divertido. 

— Você estava gostando do meu toque, admita! — incitei. 

— Ora! Não seja tão convencido, velhote. — Rosnei ao

escutá-la me chamando novamente daquela forma. 

Caralho! 

Saí da academia, concluindo ser melhor ficarmos o mais

distante possível, mesmo que estivéssemos compartilhando o

mesmo teto ou, qualquer hora dessas, perderia de vez a minha

cabeça, esquecendo-me completamente da nossa diferença de


idade e de quem ela era filha e a mostraria quem era o velhote

aqui. 

Ninfeta atrevida!

Estava na sala assistindo a um filme de guerra quando Diane

apareceu. Daquela vez, trajava uma camiseta folgada que pegava

no meio das suas coxas. Percebi que usava um short por baixo.

— Posso te incomodar? — inquiriu. 

— Não está me incomodando. Do que precisa? — indaguei,

sentando-me no sofá. 

Ela se acomodou ao meu lado, e não pude deixar de sentir

seu cheiro de banho recente, além do aroma do seu cabelo, que

estava molhado. 
— Estava dando uma olhada em alguns imóveis à venda

para comprar. Será onde abrirei o meu escritório futuramente e

separei algumas imagens e endereços. Gostaria que me ajudasse a

escolher alguns. Pretendo ir visitar ainda essa semana. — Chegou

um pouco mais perto ao abrir o notebook que tinha em mãos e

apontou na tela. 

— Deveria aguardar pra comprar o imóvel, não acha? Afinal,

disse faltar um pouco mais de um ano e meio pra conclusão do seu

curso, fora que terá de passar na OAB e, além disso, terá que se

especializar também — pontuei.

— Não quero ficar com o dinheiro guardado por muito tempo,

então prefiro efetuar a compra de uma vez. Quando eu finalmente

estiver pronta, estará lá pra abrir o meu escritório — expôs seu

ponto de vista.

— Entendi. Vou ajudá-la — concordei, analisando as fotos

enquanto ela ia passando lentamente. — Hum… não acha os


espaços muito pequenos? Talvez seja melhor um mais amplo e

espaçoso — opinei. 

— É verdade. Não tinha pensado por esse lado — disse,

pensativa. 

Desviei minha atenção do notebook e a olhei atentamente,

vendo-a concentrada enquanto digitava, à procura de outros locais. 

— O que acha… — pausou quando virou seu rosto pra mim e

me pegou a encarando —, algum problema? Posso ver isso sozinha

se… 

Soltei um riso abafado e balancei a cabeça em negativo. 

— Não foi nada. — Voltei a fitar a tela, mas notei que o filme

continuou rodando, alcancei o controle remoto da televisão,

pausando-o para termos um pouco mais de silêncio. 

— E esse, o que me diz? — interrogou. 

— Fica no centro, próximo a Divertium, e pode dar muito

certo, apesar que demorará a colocar em funcionamento —

pontuei. 
— Certo — proferiu, abrindo uma página no word e anotando

sobre os espaços que eu estava opinando. — Quero ir aos locais

durante a semana para decidir qual comprar — comunicou. 

— É legal ver que quer seguir os mesmos passos que ele. —

A admirei. 

Diane se virou pra mim e fechou o notebook, me encarando

com seus olhos castanhos, brilhando de emoção. 

— Meu pai foi tudo pra mim. Ele quem me ensinou a ser

quem sou e sempre foi meu sonho trilhar pelo mesmo caminho.

Falta pouco pra concluir o curso, mas sei que tenho muito o que

aprender ainda e espero que possa me instruir — salientou. 

— Não se preocupe que o velhote aqui não morrerá antes

disso — descontraí, e rimos. 

— Você não é tão velho assim — disse, de repente, pegando-

me totalmente de surpresa, e ela juntou seus lábios, notando ter

falado demais. 

Arqueei uma sobrancelha em sinal de desafio. 


— É mesmo? — incitei. 

— Hum… acho melhor voltar pro meu quarto. — Ia se

levantando, mas segurei seu pulso suavemente, impedindo-a. 

— Espera! — pedi. 

Nos olhamos fixamente. 

— Tenho algo pra você. — Sua testa enrugou-se, e sorri. 

— Pra mim? — duvidou. 

— Sim — afirmei e me levantei, indo até o aparador, e

apanhei um molho de chaves. — Antes, preciso saber se tem

habilitação — especulei. 

— Sim, por que a curiosidade? — quis saber. 

— Quero que fique com um dos carros, pra poder se deslocar

durante a semana, já que precisará resolver seus assuntos —

ofereci. 

Seus olhos tomaram uma proporção maior que tinham.

— Agradeço a preocupação, mas é melhor não. Posso pegar

uber ou táxi, não se preocupe. Além disso, mal cheguei à cidade,


não conheço nada por aqui, é até perigoso bater seu carro, e a

Mônica me disse que gosta muito deles, portanto, acredito que não

seja uma boa ideia — recusou. 

Peguei uma de suas mãos e coloquei as chaves no meio da

sua palma. 

— Tenho certeza de que saberá dirigir bem. No carro, tem

GPS, pode usar à vontade pra conseguir achar os endereços que

for visitar. Julgo que agora não tem mais desculpas — argumentei. 

Ela soltou um longo suspiro e deixou seus ombros caírem em

sinal de derrota.

— Tudo bem. Aceitarei só porque está insistindo. —

Finalmente cedeu.

 Sorri ao ouvir sua resposta. 

— Outra coisa… minha sobrinha deve estar quase chegando.

Minha irmã está prestes a ter bebê e, dentro de alguns dias ou

semanas, meus pais chegam de viagem. Não sei ao certo ainda,

mas talvez eles apareçam por aqui — informei. 


Já estava imaginando a verdadeira desgraça que ia ser

quando minha mãe visse a Diane nessa casa. Porra! 

— Que incrível! Sua irmã terá outro bebê — disse, perplexa. 

— Pois é! 

— Ela é mais nova que você? — sondou.

— Não. Mais velha, apenas dois anos — contei. 

— Ah, sim. Como se chama sua sobrinha e quantos anos ela

tem? — perguntou. 

— Se chama Alice e tem nove anos. Com certeza ela vai

querer saber tudo da sua vida quando entrar por aquela porta e te

ver aqui — tratei de conscientizá-la. 

Diane riu. 

— É uma mocinha! Claro que vai questionar tudo — falou,

compreensiva. 

— Tem razão — anuí. 

— Deve ser um bom tio pra ela querer passar o dia com você

— constatou, sorrindo. 
Ficou séria quando inclinei meu corpo em sua direção e ela

não fez menção de se afastar. Nossos rostos ficaram bem próximos

e fitei seus olhos, notando sua respiração mais rápida do que o

normal. Apesar de Diane não deixar transparecer, cogitava que

minha presença a desestabilizava, assim como ela estava

começando a me afetar também, mas não admitiria isso nem

fodendo! 

— O velhote aqui é bom em muitas outras coisas. Se quiser,

posso te mostrar, ninfeta atrevida — proferi contra seus lábios,

numa clara provocação. 

Se me movimentasse mais um pouco, poderia beijar sua

boca, o que não era o meu desejo. 

De repente, ela começou a rir e franzi o cenho, não

entendendo o porquê da sua risada. 

— Por um instante, quase acreditei nesse seu discurso. — A

infeliz teve a audácia de me afrontar. — Enfim, vou levar meu

notebook pro quarto. Obrigada pela ajuda e por me emprestar o


carro. — Pôs-se de pé e balançou as chaves. — Vou adorar

conhecer a Alice quando ela chegar — completou e esboçou um

sorriso cordial. 

Deu-me as costas e saiu da sala, me deixando sozinho com

meus pensamentos. Quem aquela garota pensava que era? 

Isso vai ter volta. Ah, se vai! 


 

DIANE CASTRO 

Cheguei em meu quarto e fechei a porta. Caminhei até minha

cama, deixando o notebook de lado, e respirei fundo, necessitando

encher os meus pulmões de ar. Não sabia até quando aguentaria

essas provocações do Frederico. 

Merda! 

E olha que eu mal tinha me instalado nessa casa. Seria tudo

tão mais fácil se ele fosse um velho barrigudo, feio e desdentado!


Por que tinha que ser… lindo, tesudo e gostoso daquele jeito?

Argh! 

A vida nunca era justa comigo, afinal, mesmo ele sendo tudo

isso, era muito mais velho e com certeza tinha uma vasta

experiência com mulheres na cama e fora dela, enquanto eu… bem!

Ainda era virgem, à espera do meu deus grego, como os dos livros

que lia. Sabia muito bem que a ficção não podia ser comparada à

realidade, no entanto, não custava sonhar com um homem que, no

mínimo, me amasse e respeitasse como sou de verdade. 

Será que é pedir muito? 

Bufei, contrariada, e me deitei sobre o colchão. Precisava me

distrair com algo, ao menos enquanto sua sobrinha não chegasse

por aqui. Me sentei, arrumando os travesseiros e ajustei minhas

costas contra eles, pegando meu kindle sobre a mesinha de

cabeceira ao lado, voltando a ler o livro de onde parei. 

Alguns minutos se passaram e, por mais que me esforçasse

para me concentrar como deveria, simplesmente não consegui. Me


peguei diversas vezes tendo os meus pensamentos invadidos pelo

momento em que Frederico se aproximou de mim naquele sofá,

deixando nossos lábios tão perto. Naquele instante, fui obrigada a

fingir uma seriedade que não fazia parte de mim, rindo dele quando

descaradamente me incitou com seu discurso que, mesmo que

quisesse negar, me causou alvoroço. 

O que está pensando, Diane? 

Soltei o ar desgostosa quando meu subconsciente me

repreendeu. Não devia estar deixando me levar por meus hormônios

aflorados, que se deviam por estar próximo de minha menstruação

descer. Necessitava manter meu psicológico intacto, mesmo tendo

ciência que seria difícil, já que agora ele parecia estar gostando de

me provocar, ainda mais quando me chamava de ninfeta atrevida. 

Eu não gostava nem um pouco. Considerando que também o

chamava de velhote e ele também não curtia, então podia

considerar que estávamos quites. Sorri ao me dar conta das


bobagens que estava matutando e as afastei para longe ao ouvir a

porta ser aberta.

  Olhei em sua direção, cogitando ser ele, porém, fui

surpreendida ao avistá-la. 

— Ei! Quem é você? O que faz na casa do meu tio? — Uma

garotinha muito linda, de cabelos castanhos e olhos azuis, assim

como os do Frederico, entrou, me bombardeando de perguntas. 

— Por que não se senta aqui? — convidei. 

Ela me olhou por algum tempo, receosa, até assentir, vindo

até mim, sentando-se ao meu lado sobre a cama. 

— Me chamo Diane e é um prazer conhecê-la — me

apresentei, vendo-a me encarar com seus olhos grandes enquanto

me analisava. — Seu nome é Alice, certo? — perguntei, tentando

fazer com que ela ficasse mais comunicativa, a princípio, parecia

tímida. 

— Sim, como a Alice do país das maravilhas — gracejou, e

sorri, notando semelhança entre ela e seu tio quanto ao gênio que
tinham. 

— Hum… então gosta de desenhos da Disney? — Continuei

tentando fazer com que se soltasse mais. 

— Eu amo, mas já estou ficando mocinha pra essas coisas,

ao menos é o que minha mãe diz — confidenciou. 

— Se gosta, não importa a idade. Eu mesma amo os

desenhos de várias princesas, principalmente quando encontram

seu príncipe encantado — contei, e ela abriu um sorriso. 

— É namorada do meu tio? Por isso está aqui? — especulou,

de repente. 

— Oh, não! Sou apenas uma… amiga do seu tio — respondi. 

— Verdade. Se fosse namorada, estaria no quarto dele, não

nesse aqui, né? — Foi direta. 

Engoli em seco, atônita por sua observação. As crianças de

hoje pareciam muito mais espertas do que imaginava. 

— Exatamente — afirmei, não vendo outro jeito. 

— Acha o meu tio velhote? — interrogou repentinamente. 


— Por que está perguntando isso? — repliquei. 

— Meus avós dizem que meu tio é velhote e deveria arranjar

uma namorada e dar muitos netos a eles. — Comecei a rir ao saber

sobre aquilo.

— Acha seu tio velhote? — queria saber sua opinião.

— Não. Ele é bonitão. Minhas colegas da escola falam isso

também. — Sorri um pouco mais mediante seu comentário. 

— Hum… e…

Não tive tempo de terminar, pois Frederico chegou até a

porta. 

— Encontrei você, sua danadinha! — exclamou, sorridente,

ao adentrar, e a pegou no colo. 

Alice deu um gritinho estridente e riu, divertida. 

— O que acha de pedirmos comida? — ele a questionou. 

— Oba! — Alice comemorou, gostando da ideia. 

— Desculpa por ela ter entrado aqui desse jeito. Espero que

não tenha te atrapalhado — Frederico pediu ao colocá-la no chão e


me fitou com seus olhos azuis. 

— Claro que não! Eu só estava tentando ler um pouco pra

passar o tempo. — Mostrei o kindle. — Na verdade, a Alice é uma

fofa — elogiei, olhando-a, e ela sorriu pra mim. 

— Ela disse que é sua amiga, mas bem que podiam ser

namorados. — Frederico se abaixou e a olhou seriamente. 

— Não é legal ficar dizendo essas coisas, hum? — a

repreendeu. 

— Tudo bem. Desculpe — murmurou, fazendo um biquinho.

— Não seja ríspido com ela. Está tudo bem — adiantei-me

em dizer. 

— Ok. Agora é melhor irmos lá pra baixo. Vou deixá-la

assistindo a algum filme enquanto peço nossa comida — sugeriu, e

Alice assentiu, saindo do quarto. 

Logo se voltou pra mim e aproveitei pra sair da cama. 

— A Alice é meio tagarela, então não ligue para certas

besteiras que ela disser — Sorri. 


— Sabe o que ela me disse? — Dei um passo à frente, e ele

cruzou os braços em frente ao seu corpo. 

— Não. Tenho até medo de pensar no que saiu daquela

cabecinha mirabolante, mas o que lhe disse? — procurou saber. 

— Que seus pais também te chamam de velhote. — Ele

revirou os olhos e soltou o ar, impaciente. 

Inclinou seu corpo, até pela nossa diferença de altura, visto

ele ser mais alto, e mirou meus olhos com determinação brilhando

em cada um deles. 

— Falta um parafuso na cabeça dos meus pais, assim como

na sua, por isso seu apelido se encaixa perfeitamente em você,

ninfeta atrevida. — Antes que pudesse responder, me deu as costas

e saiu do quarto. 

Como ele conseguia me tirar do sério sem o mínimo esforço?

Argh!

 
 

Tínhamos terminado de almoçar há pouco tempo. A comida

que Frederico pediu estava maravilhosa e julgava que, desse jeito,

seria obrigada a focar realmente em exercícios pra perder um pouco

das calorias que ganharia com tanta comilança. Enfim, não era hora

de pensar em nada disso. 

Nesse momento, estava em um quarto que ficava no andar

de cima, no final do corredor, onde tinha uma cama e diversos

brinquedos. Assim que entramos, Alice me informou que era seu

quarto e aproveitei pra olhar ao redor quando me sentei no chão

emborrachado e ela seguiu até um dos nichos, apanhou um enorme

urso de pelúcia, acomodando-se ao meu lado. 

Frederico havia pedido que ficasse com ela enquanto ia ao

seu escritório pra tratar de algum assunto importante ao telefone, e


o tranquilizei, conscientizando que faria aquilo sem problema algum,

então me agradeceu e saiu. 

— Gosto bastante desse urso, porque foi meu tio que me

deu. O nome dele é Tom. Meu tio disse que foi uma boa escolha —

comentou, abraçando e cheirando o brinquedo. 

— Hum… é muito bonito mesmo — reconheci. 

Ela sorriu fracamente e, de repente, tornou-se emudecida e

meio pensativa. 

— O que foi? — inquiri, preocupada. 

— Estou sentindo falta da Mônica. Sempre que venho, ela faz

bolo de chocolate pra mim, e hoje não está aqui. — Suspirou,

entristecida. 

Mônica havia saído bem cedo pela manhã, avisando a

Frederico que, como era seu dia de folga, daria uma saída pra

espairecer um pouco com a companhia de algumas amigas, pela

redondeza. 

— Eu tenho uma ideia — comentei, eufórica. 


— Qual? — Me encarou. 

— Por que não fazemos um, hum? — sugeri. 

Seus olhos se arregalaram.

— Sabe fazer bolo de chocolate? 

— Claro! 

— Que legal! — exclamou, contente. 

— E, se quiser, pode me ajudar também, o que me diz? —

propus. 

— Quero sim! Vamos? — Pôs-se de pé no mesmo segundo,

entusiasmada. 

— Vamos! — afirmei e saímos do cômodo. 

Atravessamos o corredor e descemos as escadas. Alheia, vi

que Frederico ainda não estava por ali e seguimos até a cozinha.

Tratei de procurar, com a ajuda dela, tudo que precisaríamos e os

agrupei em cima da mesa. 

Peguei o avental e Alice reclamou, querendo ser a “chef de

cozinha”. Sorri ao ouvir sua exigência e o coloquei nela. Rimos


quando vimos que ficou grande pra ela, mas não se importou e

tratamos de nos concentrar na receita, despejando as medidas

necessárias em uma tigela redonda de vidro. 

— Agora preciso de mais farinha de trigo — avisei depois de

misturar tudo, e ela começou a despejar na tigela, deixando uma

boa quantidade cair na mesa e no chão. 

— Ops! Fiz bagunça — observou, rindo de modo sapeca. 

— Depois limpamos tudo. Temos que terminar isso logo —

anunciei. 

— Certo — concordou. 

Ficamos tão inertes enquanto aprontávamos o bolo que

sequer percebemos que o seu tio estava demorando demais para

retornar. Assim que terminamos, coloquei o bolo pra assar e Alice

falou que iria lavar suas mãos, melecadas por conta da massa crua

que estava comendo. Tratei de ir limpando tudo, até me virar e

deparar com o Fred parado na porta, me observando. 


— Oi! Eu e a Alice preparamos um bolo — enfatizei e,

silencioso, caminhou até mim. 

Seus olhos se mantiveram fixos aos meus e parou em minha

frente. Estava sorrindo, mas parei quando levantou uma de suas

mãos até o meu rosto. Não fazia ideia do que estava tentando fazer,

só sabia que meu coração disparou no peito, tornando difícil até de

respirar. 

— Estava sujo — disse ao esfregar seu polegar em minha

bochecha, limpando-a. 

Sorri, meio sem graça.

— Obrigada — agradeci, passando minha mão no mesmo

local e me distanciei, indo até o armário. 

— Obrigado por ter ficado com ela. O Edgar é um pé no saco

quando se trata de negócios, e tive que analisar alguns papéis com

urgência. Demorei mais que o esperado, desculpe por isso —

pediu. 
— Não precisa agradecer. A Alice é um amor de criança, não

dá nenhum trabalho, pelo contrário, estou adorando tê-la aqui. Está

me distraindo, evita que eu pense na falta que meu pai me faz

também — revelei, sentida. 

— Então é bom, apesar de ela falar demais — pontuou e

sorrimos. 

— Não fale assim dela — defendi minha mais nova

companheira pra passar o tempo nessa casa. — Edgar é seu sócio?

— perguntei, mudando de assunto.

— Sim — disse, recostando–se na bancada da pia ao meu

lado, enquanto me ocupei em misturar os ingredientes pra levar ao

fogo e preparar a calda de chocolate pra colocar no bolo quando

assasse. — A esposa dele teve gêmeos há alguns meses. Acredito

que se dariam bem — insinuou. 

— Seria mesmo muito bom conhecer outras pessoas. Preciso

disso, na verdade — não deixei de comentar. 


Quando ele fez menção de se pronunciar, Alice entrou na

cozinha e o abraçou pela cintura. Os observei interagindo por algum

tempo e sorri, feliz por ver o quanto se davam bem.

Involuntariamente, lembranças de momentos como aquele com o

meu pai vieram em minha mente e respirei fundo, afastando-as, pois

não queria ficar emotiva ao lado deles, pelo contrário, queria

desfrutar de suas companhias. 

Apesar de ter chegado há quase dois dias, não podia negar

que estava gostando de estar ali, mesmo sabendo que deveria me

apressar em sair daquela casa o quanto antes. 

DIA SEGUINTE… 

Era por volta das seis da manhã quando saí do quarto e

rumei em direção às escadas. Nem mesmo sabia se Frederico já


teria ido pra Porto Primavera, mesmo assim, decidi preparar ao

menos o café. Sabia que não era minha obrigação e que poderia ser

repreendida por isso, no entanto, não me custava nada, além disso,

hoje mesmo sairia pra dar uma olhada nos locais que ele me ajudou

dando sua opinião ontem. 

Cheguei até a cozinha e, depois de colocar tudo na cafeteira

elétrica pro preparo do café, recostei-me contra o mármore da pia,

avistando o bolo dentro da boleira de vidro e recordações de ontem,

depois que concluí sua preparação, reluziram em minha cabeça. 

Alice me elogiou, dizendo que me saía muito bem na cozinha

e agradeci o seu reconhecimento. A princípio, Frederico apenas

concordou e sorriu. Por volta das dezoito horas, ela foi embora com

seu pai, que veio buscá-la sem sua mãe, o que foi uma pena,

porque queria muito tê-la conhecido, mas acabou ficando para outro

momento. 

Depois disso, Frederico e eu não trocamos mais nenhuma

palavra. Apenas o avisei que subiria pro meu quarto, e ele meneou
a cabeça em positivo. Segui pros meus aposentos e, após tomar um

banho, li um pouco e peguei no sono algumas horas mais tarde. 

A noite havia passado tão depressa que sequer notei direito. 

Empurrei meus pensamentos pra longe quando Frederico

surgiu na cozinha e ouvi o barulho da cafeteira, vendo que o café

estava pronto. Por mais que eu quisesse, não consegui tirar os

olhos do homem à minha frente. Estava simplesmente perfeito e

ainda mais belo e gostoso dentro de um terno azul sob medida, que

combinava perfeitamente com a cor dos seus olhos e abraçava

milimetricamente o seu corpo. 

Merda! 

Pisquei os olhos e engoli em seco quando seu perfume forte

atingiu minhas narinas e tentei disfarçar, não deixando tão evidente

o quanto ele me afetava. 

Foco, Diane! Foco!

— Bom dia, Diane! — disse ao parar em minha frente e,

olhando em meus olhos, esticou suas mãos, pegando uma xícara na


parte superior do armário acima de mim, e cocei a garganta,

avistando um sorriso presunçoso em seus lábios. 

Filho da mãe! Ele sabia que mexia comigo de alguma forma e

estava usando isso pra me provocar. Droga!

— Bom dia! — respondi, saindo de perto dele.

— Caiu da cama? — descontraiu, sorrindo. 

— Sou acostumada a acordar cedo, pra sua informação.

Além disso, terei muita coisa pra ver hoje, então terei um dia

bastante agitado — salientei. 

Ele encheu sua xícara de café e foi até a boleira, pegando um

pedaço do bolo. 

— Hum… esqueci de dizer ontem que ficou delicioso esse

bolo. — Enquanto me fitava, lambeu da cobertura tão

sedutoramente que senti um calor enorme percorrer todo o meu

corpo, instalando-se no meio das minhas pernas. 

Ó, céus! 
Naquele momento, dei graças mentalmente por saber que

logo estaria saindo daqui e eu poderia ficar a semana inteira sem a

sua presença tentadora, caso contrário, nem me arriscaria a pensar

no que aconteceria se continuasse tendo sua companhia nos

próximos dias. Só precisava me concentrar em disfarçar melhor aos

finais de semana, que era quando o teria novamente por aqui. Certa

sobre isso, forcei minhas pernas pra longe dele e, também, me servi

com um pouco de café. 

— Obrigada! — agradeci. 

Ele esboçou um riso de canto, convencido e, assim que

finalizou, verificou o seu relógio no pulso e veio até mim. Parou em

minha frente e fixou seus olhos azuis nos meus. 

— Bom, tenho de ir agora. Qualquer coisa que precisar, tem

meu número anotado naquela agenda. — Apontou e vi uma sobre a

bancada, próxima à geladeira. — Mônica não é muito adepta a

aparelhos eletrônicos, diz que não confia, então mantém coisas

importantes anotadas, em vez de apenas salvos em seu celular —


explicou. — Aproveita e grava o meu telefone. Pode me ligar a

qualquer momento que necessitar, tudo bem? — Foi atencioso e

achei fofo da parte dele. 

— Ah, claro — mencionei, sorrindo minimamente. 

— Outra coisa… mantenha tudo em seu devido lugar e, o

mais importante, não entre no meu quarto — exigiu. 

Tive vontade de perguntá-lo o porquê acreditava que fosse

querer entrar em seu quarto, ao contrário disso, apenas sorri e

balancei a cabeça em positivo. 

— Quanto a isso, não se preocupe. Não tenho interesse

algum em entrar lá. — Dei de ombros. 

— Ótimo! Sendo assim, tenha um bom dia e uma excelente

semana. Até sexta-feira, quando retornar — pronunciou,

despedindo-se. 

— Até — falei. 

Ele, então, trouxe sua boca até a minha bochecha,

depositando um beijo singelo, e pude ter a sensação dos seus


lábios quentes em minha pele, somada a sua barba por fazer que a

arranhou suavemente. Em vez de me distanciar, fechei meus olhos,

apreciando os arrepios que reverberaram pelo meu corpo por conta

do seu ato e, assim que se afastou, abri minhas pálpebras, o

encontrando sorrindo de modo sacana. Fechei meu semblante,

sabendo exatamente o que estava tentando fazer, e ele riu, saindo

do ambiente em seguida. 

Velhote de uma figa! 


 

FREDERICO MOTTA 

Enquanto dirigia em direção a Porto Primavera, minha mente

não parou um segundo sequer de pensar no giro de trezentos e

sessenta graus que minha vida deu, desde sábado pela manhã,

quando recebi Diane em minha casa e, pior, concordei em abrigá-la

pelo que seriam somente míseros três meses. Deveria ser algo

insignificante, que imaginei que seria fácil ter de lidar, mas por que

meu subconsciente gritava, deixando-me ciente do erro que teria


cometido? Ou talvez sobre quão fodido estava, mas não fazia ideia

disso?

Dois dias. Sim! Foram apenas a porra de dois que se

passaram e Diane já parecia estar mexendo não só com a minha

cabeça, mas também com meu pau. Como isso foi possível? 

— Que porra, Frederico! — vociferei comigo mesmo no carro

e respirei fundo, tentando manter minha concentração no trânsito. 

Sempre me orgulhei de ser um homem inteligente, tanto nos

negócios, como em afastar as mulheres quando via nelas um fio de

interesse por algo a mais. Nunca levei nenhuma sequer para a

minha casa ou apartamento, porque sabia que esse tipo de coisa as

deixava iludidas demais, a ponto de imaginar poderem

simplesmente chutar a porta e entrar em minha vida de qualquer

jeito. Se tem uma coisa que nunca desejei foi me atrelar a uma

mulher só e, por conta desse motivo, sempre fui muito cauteloso em

não permitir que sexo me levasse a outra dimensão, a não ser

apenas diversão e saciedade pro meu corpo. 


Algo que já percebi é que o destino joga sujo e, dessa vez,

não poderia ter sido diferente ao jogar Diane em minha porta,

fazendo um pedido tão inocente que, de fato, não me fez parar pra

pensar direito. Simplesmente ignorei tudo, pensando somente não

poder negá-la um teto e os poucos dias que se passaram foram os

suficientes pra me fazer cogitar o quão precipitado fui. Encontrá-la

durante todo o dia, as nossas provocações e o modo com o qual ela

tratou a minha sobrinha ontem estavam quase me fazendo pirar. 

A princípio, isso não deveria estar sendo um problema, mas

por que sentia que era? Enfim, essa semana passaria longe de Val

Verde e possivelmente, quando retornasse, nada disso faria mais

sentido pra mim. Seria bom ficar distante, pois, ao longo da semana,

perceberia que tudo isso era irrelevante e só o fato de ficar sozinho

me bastaria pra pôr meus pensamentos em ordem. 

Ao final da semana, retornaria pra casa o mais tranquilo

possível e sem nada disso na cabeça. Sua presença naquela casa

não significaria nada e continuaria aguardando que fosse embora o


mais breve possível, como ela mesma havia prometido. Convicto,

soltei um riso abafado e ajustei minhas mãos no volante, seguindo

meu trajeto. 

Estava em minha sala, respondendo alguns e-mails, quando

ouvi o barulho do meu celular. O peguei em cima da mesa e afastei

meus olhos da tela do computador, fixando-os no display do

aparelho. Franzi o cenho ao ver uma nova mensagem no WhatsApp

e abri, não reconhecendo o número, mas a foto estava lá, deixando-

me ciente ser a Diane. 

“Espero que tenha chegado bem. Salvei seu número, então

estou mandando mensagem pra que grave o meu na sua agenda

também. Bom trabalho e boa semana”. 


Ao terminar de ler, um sorriso idiota pairou sobre meus lábios

e me condenei mentalmente por aquilo. O que estava acontecendo

comigo? 

Antes que pudesse começar a buscar por respostas no meu

cérebro, Edgar entrou em minha sala sem ao menos bater.

Ultimamente ele fazia isso mais do que o normal. Odiava? Com toda

certeza, mas apenas ignorava esse fato. 

— Por que está sorrindo pra tela do celular? — identificou, e

tratei de ficar sério, ajustando minha postura na cadeira, e travei o

display do telefone, deixando-o sobre o tampo de vidro. 

— Veio até aqui pra saber com quem tô falando? O que

quer? — Desviei da sua pergunta, tentando mudar o foco ali. 

Ele, então, fechou a porta e sentou-se em uma das cadeiras

à frente da minha mesa, fixando seu olhar no meu. 

— Por que anda estranho? — Franziu o cenho, olhando-me

com afinco, como se tentasse de alguma forma me decifrar. 


Sorri, fingindo não estar entendendo onde queria chegar com

aquilo. 

— Acredito que esteja imaginando coisas. O que foi, a idade

está afetando seus neurônios? — caçoei e ri, algo que ele não

correspondeu. 

Continuou sério, me analisando, até eu desistir de disfarçar

que realmente não tinha nada acontecendo. Soltei um longo suspiro

ao parar de sorrir e desviei minha atenção dele, não sabendo por

onde começar. Sabia que, independentemente de como o contasse,

ele não perderia a oportunidade de rir da minha cara. 

— Ontem parecia apressado em meio à ligação, tanto que,

ao terminarmos de repassar as informações do contrato,

praticamente encerrou o telefonema na minha cara. Acaso

finalmente alguma sortuda fisgou seu coração? Afinal, em todos

esses anos que nos conhecemos, nunca o vi tão misterioso dessa

forma, quanto mais com sorrisinhos bobos, olhando o celular como

avistei minutos atrás — insinuou. 


Soltei um riso irônico. 

— Me conhece tão bem, mas parece que se esqueceu de

apenas um detalhe… nunca nenhuma mulher conseguiu penetrar as

paredes do meu coração, e não seria agora que isso aconteceria —

repliquei. 

— Ok. Suponhamos que eu acredite nisso. Pois bem, diga-

me logo o que está acontecendo, então. Somos amigos, sabe que

pode dividir tudo comigo — insistiu. 

Sabia muito bem que Edgar não me deixaria em paz e talvez

eu precisasse mesmo desabafar. 

  — Digamos que abriguei uma mulher na minha casa e,

nesse momento, não me soa mais tão bem como parecia ser

inicialmente — revelei, encontrando sua expressão de

incredulidade. 

— Tá. Agora pode falar sério, porque tenho certeza de que é

algum tipo de brincadeira. — Gesticulou, rindo. 

— Tô falando sério, caralho! — reiterei. 


— Quê? Não foi você que acabou de dizer que nenhuma

mulher jamais o fisgará? Por que diabos abrigaria uma em sua

casa? — retrucou, confuso. 

— Lembra do Márcio Castro? — indaguei. 

— Sim, mas o que isso tem a ver com ele? — especulou. 

— A jovem que recebi em minha casa se chama Diane

Castro, filha dele. — Seus olhos tomaram uma proporção maior que

já tinham. 

— Puta merda! E por que a abrigou? Acaso, depois da morte

do pai, ela descobriu que precisava de uma babá? — gracejou. 

— Não é engraçado, porra! — exclamei, irritado com sua

gracinha fora de hora e nem sabia o porquê. 

— Desculpa. Diga logo onde quer chegar com tudo isso —

solicitou. 

— Ele se mudou pra Val Verde porque era seu sonho e seu

pai a deixou uma carta, instruindo que me procurasse pra ajudá-la e

para lhe dar abrigo por algum tempo. Como não conhecia ninguém
na cidade, sua única esperança era que aceitasse deixá-la ficar em

minha casa até se organizar e depois ir embora — contei. 

Edgar desviou sua atenção da minha, meneando a cabeça

em positivo. 

— Hum… faz sentido — murmurou. — Disse que ela é

jovem? — sondou. 

— Sim. Não cheguei a perguntar, mas, se não estou

enganado, deve ter uns vinte anos — informei. 

— Bem nova — observou. — Considerando que é um

homem que sabe muito bem separar sua vida pessoal do

emocional, sei que isso não é uma preocupação pra você, certo? —

Ele estava zoando com a minha cara e sabia disso por notar segurar

sua vontade de sorrir. 

— Vá se foder, Edgar — praguejei, e ele rompeu numa

gargalhada alta.

— Não dá pra acreditar que sobrevivi pra isso — disse, ainda

rindo, e limpou o canto dos seus olhos. 


O desgraçado estava chorando de rir? Era só o que me

faltava nessa porra! 

— Do que está falando? — inquiri. 

— De você, ora! É épico saber que está morando com uma

mulher. — Soltei o ar, impaciente. 

— Não ouviu o que eu disse? Apenas a ajudei e dei um prazo

máximo de três meses pra ela ficar. Não estamos morando juntos,

apenas dividindo o mesmo teto, e não fale como se a convivência

entre nós dois fosse se tornar cada vez mais impossível de ser

ignorada e termos sentimentos pelo outro. Jamais acontecerá! —

desdenhei. — Também há o fato de ela ser filha do homem que nutri

e continuarei tendo muito respeito por ele e, se não bastasse isso,

Diane é apenas uma garota. Não tem a mínima possibilidade de

algo acontecer entre nós dois — esclareci com convicção. 

Edgar riu. 

— Acredita mesmo nisso? — questionou, divertido.


— Não dá pra conversar sério com você. Não se preocupe, o

meu caso não será como o seu, como aconteceu com a Fabiana —

continuei negando, mesmo sem ter nenhuma certeza sobre minhas

palavras.

Sua risada se intensificou. 

— Será maravilhoso vê-lo rendido por uma mulher, algum dia,

talvez seja a Diane, afinal, já está em vantagem, visto estar dentro

da sua casa, seu imaculado palácio — debochou. 

— Pare de encher a minha paciência e diga o que veio fazer

aqui. — Queria parar de falar na Diane e continuar com o meu

trabalho. 

— As melhorias na Divertium ficam prontas no próximo final

de semana e adivinha? Fabiana e Luna já combinaram que querem

uma noite de diversão por lá, já que faz tempo que não saem,

principalmente após terem os bebês — comunicou, e sorri. 

As meninas não perdiam tempo. 

— Certo. Temos que fazer uma última visita — pontuei. 


— Sim. Pedirei a Fabiana que providencie isso — anunciou. 

De repente, algo estalou em minha mente. 

— Escuta… a Diane não conhece ninguém na cidade, então

pensei em nos reunir na minha casa no próximo sábado, o que me

diz? Pode levar o Arthur, a Luna e a pequena deles também. Será

uma boa para as garotas se entrosarem com ela e, quem sabe, se

tornarem amigas — sugeri. — Vejo que a Diane se sente muito

sozinha, quanto mais depois de perder o pai. Eles eram muito

apegados um ao outro — constatei. 

— Imagino — externou e comprimiu seus lábios, solidário. 

Naquele momento, Fabiana entrou na sala. 

— Reunião de última hora e não fui convocada? — Olhou do

marido pra mim e ele segurou sua mão, beijando o dorso,

arrancando-lhe um sorriso singelo. 

— Coisa de homens, querida Fabi — brinquei, e ela riu. 

— Aqui está o relatório da última reunião com a equipe de

marketing. — Colocou a pasta sobre minha mesa. 


— Obrigado! E como estão os gêmeos? — perguntei. 

— Cada dia mais espertos. Ficar longe deles é uma

verdadeira tortura, mas necessário — respondeu. 

— A babá é ótima e cuida bem deles — Edgar não deixou de

pontuar. — Falando nisso, fomos convidados pra passar o sábado

na casa do Fred. O que acha? — sondou. 

— Tem alguma comemoração especial? — procurou saber,

curiosa. 

— Fred tem uma mulher em sua casa — contou de maneira

distorcida. 

Fabiana me olhou, estupefata. 

— Jura? Mas você não dizia que ele fugia de

relacionamento? — Quando se deu conta do que falou, cobriu sua

boca, fitando-me com um semblante carregado por um pedido de

desculpas. 

Edgar não escondeu sua risada. 

— Pra você ver como as coisas mudam — insinuou. 


— Deixa de ser idiota! Isso não é verdade, deixe-me explicar.

— Contei detalhadamente o motivo da Diane estar na minha

residência, mesmo sabendo que não tinha obrigação disso. 

Aqui dentro éramos muito amigos, além de chefes e

funcionária. 

— Ah, entendi. Como sempre, Edgar não cansa de inventar

histórias sobre você. — O olhou de esgueira. 

— Quando se ama alguém, geralmente se porta assim —

provoquei, e ele fez uma careta desgostosa. 

Sorri. 

— Ok, rapazes — Fabiana chamou nossa atenção. —

Quanto ao convite, já estou empolgada pra conhecer a Diane.

Falarei com a Luna, mas com certeza iremos — adiantou-se em

dizer. 

— Aguardarei sua confirmação, mas fica combinado, então.

— Sorri em agradecimento, e ela devolveu na mesma intensidade

ao balançar a cabeça, de acordo. 


Fabiana era uma mulher incrível, a admirava muito. Edgar foi

um puto de um sortudo, como sempre costumava lhe dizer. 

Pouco tempo depois, deixaram minha sala e apanhei o

celular, tratando de responder à mensagem de Diane. 

“Cheguei bem, obrigado! Salvarei seu número. Boa semana

pra você também”.

Enviei e voltei ao trabalho.

ALGUNS DIAS DEPOIS… 

A semana havia passado mais rápido do que o esperado e,

nesse momento, entrei em meu carro, saindo do estacionamento do

prédio onde ficava o escritório e peguei a rodovia em direção a Val

Verde. Ainda era cedo, então não demoraria chegar à cidade. Em


meio aos dias que se passaram, não conversei mais com Diane,

preferi evitar puxar assunto. 

Em algumas noites, me peguei olhando o WhatsApp e via,

em algumas ocasiões, que estava on-line. Ficava me perguntando

se estava tudo bem, mas logo desistia, afinal de contas, não era da

minha conta. Falei com Mônica ontem, que me informou estar tudo

bem por lá e que Diane se encontrava em seu quarto. 

Se ela não havia mais entrado em contato comigo, era sinal

de que não necessitou de nada, o que foi bom. Era melhor

mantermos as coisas em seus devidos lugares. Esse pequeno

tempo que passei longe me fez parar pra pensar na confusão que

sua companhia causava em minha cabeça. 

Cheguei à conclusão de que o motivo de ter me sentido tão

afetado por sua presença no último final de semana se devia ao fato

de estar sem sexo há algumas semanas e deveria providenciar uma

boa mulher pra me saciar. Aproveitaria o sábado à noite pra ir até a

Divertium e poder foder uma boa boceta por lá. Depois disso, tinha
certeza de que conseguiria lidar melhor com a existência da Diane

em minha casa, sem precisar me preocupar com o meu pau traidor,

que parecia não poder estar perto dela que já inchava na cueca. 

Isso mesmo, Frederico! 

Não podia me esquecer que Diane era apenas uma jovem de

vinte anos. Por mais que não gostasse de rejeitar uma boa mulher,

evitava me envolver. Sendo muito novas, geralmente não sabiam

separar o sexo dos sentimentalismos, e isso dava uma puta dor de

cabeça. 

Na idade em que me encontrava, era o que menos precisava.

Tinha minha vida muito bem alinhada e não abriria mão disso por

alguma garota. Elas tendiam a nos deixar malucos, além de

aprontar todas para chamar a nossa atenção a qualquer custo, e

isso, definitivamente, não era uma opção para mim. 

Abandonei meus pensamentos, concentrando-me no trajeto

e, minutos mais tarde, me vi atravessando os portões de casa,

deixando meu carro esportivo próximo à entrada da casa.


Guilhermo, um dos seguranças, se aproximou, o cumprimentei e

entreguei as chaves. Com minha pasta em mãos, respirei fundo,

sabendo que poderia encontrar Diane no hall, e caminhei até girar a

maçaneta da porta e entrar. 

Fui recepcionado por vozes alteradas e franzi o cenho, não

reconhecendo de quem seria a voz que reverberou pelo ambiente,

chegando aos meus ouvidos. 

— É uma garota malcriada e ingrata, isso sim! Nunca deveria

ter me prestado ao papel de cuidar de você. — O tom era raivoso. 

Apressei meus passos, chegando até a sala de estar, e os

olhos de Diane se chocaram com os meus. Pude identificar uma

mistura de tristeza e surpresa ao me encarar. 

— Algum problema por aqui? — indaguei, parando próximo à

mesinha ao lado do sofá e depositei minha pasta, afrouxando minha

gravata no processo. 

— Ora, ora… — só então me designei a fitar a figura da

mulher negra como Diane, com a diferença de aparentar ser bem


mais velha, de cabelos cacheados e corpo “padrão” —, sou Tânia,

muito prazer — se apresentou, chegando até mim, e ofereceu sua

mão, mas dei um aperto por mera educação. — Deve ser Frederico

Motta, certo? — certificou-se. 

— Sim, e a senhora? — incitei. 

— Sou tia da Diane. Deve não se lembrar de mim, afinal, era

novo quando trabalhou com o Márcio — ponderou e me encarou

dos pés à cabeça, sem nenhum pudor. 

Tânia virou-se em seguida pra Diane e foi em sua direção,

parando em sua frente. 

— Se acha muito espertinha, não é? Acredita mesmo que, se

enfiando aqui, conseguirá escapar de mim? Não duvido nada que já

não tenha ido pra cama com ele. Afinal, é o que de melhor deve

saber fazer, não é mesmo? Tem em mente que homens assim

jamais olharia para as garotas gordas como você, a não ser que…

— Sua fala se perdeu no ar antes mesmo que conseguisse conclui-

la. 
Já havia me preparado pra defender Diane, no entanto, fui

surpreendido ao escutar um estalo no ar e só então percebi que ela

havia desferido um tapa no rosto da sua tia. 


 

DIANE CASTRO 

Na segunda-feira, após a saída do Frederico, não podia

negar que não senti falta dele e, também, de suas provocações que

chegavam a me irritar tanto, principalmente quando insistia em me

chamar de “ninfeta atrevida”. A casa ficou bastante silenciosa, além

de parecer ainda maior que já era. Tudo isso amenizou quando

Mônica chegou, horas depois, pra começar o seu trabalho. 


Naquele dia, me arrumei pra visitar os locais que pretendia

escolher um pra adquirir e saí, avisando a Mônica que talvez

demorasse mais do que o esperado. Caminhei até a garagem e, em

posse das chaves que Frederico me entregou, destravei o carro

sofisticado e entrei, ligando-o e ouvindo o barulho do motor ganhar

vida. Sorri, alheia ao interior fino e chique que teria a oportunidade

de dirigir. 

Apesar do dinheiro que meu pai possuía, que não era tanto

como as pessoas imaginavam, até por vivermos em uma cidade

mediana, nunca fomos de ter uma vida tão cheia de regalias, como

muitos imaginavam, muito menos carros tão elegantes como esse.

Em minhas pesquisas feitas sobre a vida do Frederico, descobri que

ele tinha um sócio no escritório que abriu quando voltou de Monte

Oeste pra Val Verde, entretanto, como decidiu parar de exercer essa

função, decidiu se desligar, encerrado a sociedade; tinha também a

maior parte das ações na empresa de engenharia civil, que

pertencia ao seu pai e além disso, era um dos CEO´s da Divertium,


motivo pelo qual parou de advogar pra se dedicar inteiramente ao

negócio. Ou seja, tinha um bom patrimônio e não me admirei tanto

quando me deparei com sua enorme casa e esses veículos em sua

garagem. 

Além de bonito, não lhe faltava inteligência, e reconhecia

isso. Ele só não precisava saber que eu o via dessa forma. Já era

convencido o suficiente, imagine se escutasse algo assim da minha

boca? Deus é mais! 

Deixei meus pensamentos de lado e dirigi para fora dali,

atravessando os portões em seguida. Passei o dia verificando os

locais e havia gostado de dois em específico. Como não queria

incomodar o Frederico, colhi o máximo de informações possíveis em

minhas visitas, anotando-as em meu tablet, guardando-as pra

quando ele retornasse de Porto Primavera, pois havia pedido um

prazo até a próxima semana pra responder sobre minha escolha

aos corretores dos imóveis. 


Não queria ser vista como folgada, porque bastava estar

morando em sua casa de favor. Aprendi com o meu pai que

devíamos nos virar pra não nos tornarmos um problema pra

ninguém e era com base nisso que, mesmo com a imensa falta que

me fazia, desistir dos meus sonhos não era uma opção. Havia dias

que só o fato sua imagem vir a minha mente, minha respiração

chegava a falhar de tão doloroso no meu peito e me esforçava pra

não me deixar sucumbir.

Meu destino nessa cidade ainda era incerto e tinha que

aproveitar pra conhecer um pouco mais a cidade. Eu estava

tentando seguir em frente e tentada a realizar meus sonhos.

Somente isso importava no momento.

Mesmo insegura, não podia deixar de frisar que o GPS

funcionou perfeitamente. Antes de ir, fiquei um pouco receosa de

algo acontecer, porém, andei pela cidade tranquilamente, mesmo

nunca tendo posto meus pés em nenhuma daquelas ruas. Retornei


pra casa após o meio-dia, estacionando o automóvel sem nenhum

arranhão no mesmo lugar de antes. 

Na terça-feira, aproveitei ter bastante tempo livre e entrei no

site da universidade que ficava próxima de onde Frederico morava,

na qual havia solicitado a transferência para continuar meu curso de

direito. Comemorei ao ver que o resultado saiu, então, naquele

mesmo dia, não perdi tempo ao juntar todos os documentos

necessários e ir entregá-los no local. Com tudo resolvido, saí quase

saltitante do ambiente, pois, em cerca de duas semanas, as aulas

iniciariam e eu não ficaria mais tão entediada como vinha sendo

desde que Frederico partiu pra Val Verde. 

No finalzinho da tarde, vesti um short de malha com um top,

calçando tênis e, com meu cabelo amarrado em um rabo de cavalo,

peguei uma garrafinha de água e segui pra academia. Estava

cansada de ficar o restante do dia no quarto lendo e olhando pro

teto. Usei a esteira por meia hora e tentei socar o saco de

pancadas, o que foi em vão, e logo desisti. 


Ia saindo do cômodo enquanto me hidratava, até que meu

celular tocou. Olhei no display e soltei uma baforada de ar. Deixei

chamar até cair na caixa de mensagens, só que não adiantou. Por

fim, resolvi atender, sabendo que ela não me deixaria em paz

enquanto não falasse comigo, já que vinha evitando suas

mensagens desaforadas desde mais cedo. 

— Onde está meu dinheiro, sobrinha ingrata? — Nem ao

menos me cumprimentou. Seu tom saiu encoberto de indignação. 

— Nenhum centavo será mais depositado na sua conta —

falei calmamente e subi as escadas, alcançando o corredor, e

cheguei ao meu quarto, onde entrei, fechando a porta. 

Ela soltou uma risada assombrosa. 

— Você o quê? — Se fingiu de desentendida. 

— Acredito que tenha escutado, tia — praticamente cuspi as

últimas palavras. 

— Olha aqui, sua… 


— Sei que chantageava meu pai, fazendo-o se sentir culpado

pela morte da minha mãe, mas saiba que acabou! Está me ouvindo?

A partir de hoje, no que depender de mim, nunca mais receberá um

centavo sequer — alertei. 

— E como vou me sustentar? — dramatizou. 

— Trabalhe! É assim que pessoas sobrevivem; trabalhando

— respondi, pouco me importando. 

— Sua mal-agradecida! Essa conversa não se encerra aqui,

ouviu bem? — ameaçou. 

Ri friamente. 

— Adeus — proferi, encerrando a ligação, e me permiti soltar

uma lufada de ar. 

Tânia não merecia nenhum tipo de solidariedade da minha

parte. Ela era uma ambiciosa e sanguessuga. Se aproveitou da

minha mãe e do meu pai o máximo que conseguiu, então, logo que

saí da cidade, decidi dar um basta em tudo isso. 


De mim, não arrancaria mais nenhum dinheiro, e esperava

muito que não fosse louca o suficiente pra vir à minha procura,

porque, dependendo das ofensas que desferisse a mim, com

certeza a faria se arrepender por cada uma delas. A Diane que saiu

de Monte Oeste dias atrás, que escutava seus desaforos e se

esforçava pra não tomar nenhuma atitude drástica por considerar

ser do meu sangue, simplesmente deixou de existir. Agora, uma

mais realista e pé no chão tomou o seu lugar, não permitindo que

ela volte a me tratar da forma que fazia antes. 

A morte do meu pai me fez enxergar muitas coisas e uma

delas é que Tânia não se importava com ninguém além do seu

próprio umbigo, e não voltaria permitir que me distratasse como

estava acostumada. Faria questão de mostrá-la o quanto mudei e

estava ainda mais segura de mim e extremamente determinada. 

Dispersei meus pensamentos, voltando à realidade quando

ouvi a voz de Mônica ao desferir algumas batidas na porta do meu


quarto. Me levantei, deixando meu kindle de lado, e a abri,

recebendo pelo seu sorriso sereno. 

— Estava de saída quando Guilhermo, um dos seguranças,

anunciou que tem uma mulher chamada… Tânia no portão. Disse

ser sua tia e precisa falar com você — informou. 

Puxei uma respiração profunda, incapaz de acreditar que ela

realmente estava fora daqueles portões. 

— Algum problema? — Me analisou, e a ofereci um sorriso

tranquilo, fingindo estar tudo bem. 

— Não, problema algum. Pode pedir que libere a entrada

dela. Descerei agora mesmo, obrigada! — instruí, agradecendo. 

Fechei a porta e coloquei uma calça e uma blusa de alcinhas.

Calcei minhas sandálias e abandonei meus aposentos,

atravessando o corredor, e desci as escadas. Mal alcancei o último

degrau e a vi sendo recepcionada por Mônica, que a saudou e

avisou estar de saída. 


Agradeci por seu trabalho e pedi mentalmente aos céus que

aquela mulher fosse embora daqui o mais depressa que pudesse

imaginar. Era tarde de sexta-feira e Frederico poderia estar prestes

a chegar, e não gostaria que a encontrasse aqui. 

— Como vai, querida sobrinha? — Forçou um sorriso, e franzi

o cenho, evidenciando meu desgosto em recebê-la. 

— Não finja que gosta de mim, nem mesmo que veio me

procurar em sinal de paz. Céus! Será que não percebe o quanto sua

atitude beira ao ridículo? — vociferei, farta de ter que lidar com ela. 

Tânia se encontrava alheia, verificando cada detalhe da

casa. 

— Ridículo? Ora essa! Foi você quem saiu de Monte Oeste e

veio se esconder nessa cidade, mais precisamente falando, na

residência de um homem mais velho, bonito e rico, que era amigo

do seu pai. Leva uma vida boa enquanto me nega uma pequena

miséria que me era dada por direito todo mês — refutou,


encontrando os meus olhos com os seus que crispavam de raiva e

indignação. 

Soltei um riso amargo. 

— Direito? Chantagem agora tem outro nome e eu não

sabia? — repliquei. 

— Olha aqui, sua garota insolente, não pense que aceitarei

que faça isso comigo, entendeu? Cuidei de você pra ser tratada

dessa forma? — mais uma vez cobrou o seu preço. 

— Deveria ter cuidado de mim porque me amava como

sobrinha, não pra somente ter a chance de arrancar dinheiro do meu

pai, que se estendeu por longos anos — pontuei. 

Tânia se aproximou de mim e riu. 

— Amor? Que amor? Esse tipo de coisa não enche barriga,

muito menos paga pelas minhas necessidades. — Suas palavras,

por mais repetitivas que pudessem ser pra mim, a cada vez que as

proferia, me sentia zonza, como se não a reconhecesse como

minha tia. 
Era amarga demais, e me forcei a lembrar do dia em que

conheci sua verdadeira face. 

— É melhor ir embora — ditei, firmando meu olhar no seu. 

— Não sairei daqui sem antes me dar o meu dinheiro —

externou, mantendo sua cabeça erguida. 

Sabia muito bem que não pretendia sair dali sem um centavo.

Balancei a cabeça em negativo. 

— Se sua única intenção, ao ter saído de Monte Oeste pra vir

até mim, foi somente acreditar que, chegando aqui, conseguiria

algo, sinto informar, mas perdeu não só a viagem, como também o

seu tempo — comuniquei. 

A expressão em seu rosto me deixou ciente do quão

enfurecida estava. 

— É uma garota malcriada e ingrata, isso sim! Nunca deveria

ter me prestado ao papel de cuidar de você — ralhou, ainda mais

enfurecida. 
Antes que abrisse a boca pra respondê-la, meu olhar foi ao

encontro do Frederico e acreditava que talvez a surpresa de o ver ali

tão cedo estivesse escancarada em meu olhar e ele tivesse

identificado isso. Meus batimentos se aceleram e não sabia dizer se

foi por conta da sua chegada repentina ou outra coisa. Mesmo que o

momento não fosse propício, fui incapaz de não correr meus olhos

por seu corpo, voltando a mirar seu rosto, que demonstrava

cansaço. 

Pisquei, afastando meus pensamentos quando ouvi sua voz: 

— Algum problema por aqui? — Seu tom saiu firme e ele

parou perto da mesinha ao lado de um dos sofás, se desfazendo da

sua pasta, e o observei afrouxar a gravata. 

Senti como se estivesse hipnotizada enquanto media cada

uma das suas ações, mas a voz da minha tia não me permitiu isso

por muito tempo, já que decidiu se pronunciar. 

O que ela pensa que está fazendo?


— Ora, ora… — começou, distanciando-se de mim, indo até

ele, que a analisou com desconfiança. — Sou Tânia, muito prazer —

disse ao parar em sua frente, oferecendo a sua mão. Pareceu

reticente, mas acabou unindo sua mão à dela, algo rápido também.

— Deve ser Frederico Motta, certo? — especulou. 

— Sim, e a senhora? — Frederico quis saber. 

— Sou Tânia, tia da Diane. Deve não se lembrar de mim,

afinal, era novo quando trabalhou com o Márcio — lembrou, e vi

quando o mediu da cabeça aos pés. 

Eu só queria que ela fosse embora e me deixasse em paz. 

Me mantive em silêncio enquanto ela tentava fazer alguma

média com Frederico. Tinha ciência de que ele podia ter ouvido um

pouco da nossa discussão ao entrar repentinamente na casa, mas

não queria que isso continuasse se desenrolando em sua frente, por

isso optei em deixar que minha tia se apresentasse. 

Ela, então, se virou e veio até mim.


— Se acha muito espertinha, não é? — Seu tom era

acusatório. — Acredita mesmo que, se enfiando aqui, conseguirá

escapar de mim? — Fiquei em alerta mediante suas palavras, mas o

que disse a seguir me tirou completamente fora de mim. — Não

duvido nada que já não tenha ido pra cama com ele. Afinal, é o que

de melhor deve saber fazer, não é mesmo? Tem em mente que

homens assim jamais olharia para as garotas gordas como você,

exceto se… — Mal tive tempo pra raciocinar direito, quando dei por

mim, minha mão já tinha acertado um lado do seu rosto e um

barulho preencheu o ambiente por conta do tapa que lhe acertei. 

Nojo. Essa era a palavra que me definia melhor nesse

instante. 

Nojo do tipo de pessoa que ela era. Não entendia como podia

ser daquele jeito e ainda se orgulhar disso. 

Lágrimas não derramadas preencheram meus olhos, porém,

me limitei a deixar que alguma delas escorressem pelo meu rosto

em sua frente. 
— Basta! Estou cansada de você! Saia agora dessa casa —

gritei, enraivecida demais pra raciocinar direto. 

— Como ousa me bater, sua… 

Então Frederico chegou ao lado dela. 

— É melhor que saia logo, e espero que não retorne. Não é

bem-vinda nessa casa — determinou, em um tom autoritário. 

Tânia me olhou como se desejasse a minha morte enquanto

massageava o local que a acertei, abrindo a boca para falar mais

coisas. Dei um passo atrás, só que antes de conseguir dizer algo,

Frederico antecipou-se: 

— Está esperando que chame um dos seguranças e a ponha

pra fora daqui? — Percebi em seu timbre de voz um fio de

indignação. 

Então ela saiu, batendo seus saltos pesadamente contra o

piso e, quando atravessou a porta, Frederico me olhou, como se

sentisse mal por mim.


— Obrigada, mas agora preciso ficar um pouco sozinha —

agradeci, segurando o nó que se formou na minha garganta. 

— Diane… 

Julgava que fosse querer me dar algum conselho, no entanto,

não dava mais pra segurar a imensa vontade de chorar pelo que

minha tia havia dito. Apesar de me aceitar e ser muito bem resolvida

com o meu corpo, comentários como aqueles nos machucavam,

mesmo que indiretamente e, dessa vez, não foi diferente. 

— Agora não, por favor — foi somente o que proferi. 

— Tudo bem. Tome o seu tempo — respondeu e soltou um

suspiro. 

Evitei encará-lo e lhe dei as costas. Praticamente subi as

escadas correndo e me amaldiçoei mentalmente por receber Tânia

naquela casa. Não deveria tê-lo feito.

Frederico não merecia presenciar nada daquilo, mas era inútil

pensar nisso agora. Meu desejo era apenas me afundar na minha

cama, em meio às minhas cobertas, e chorar o quanto fosse


necessário, até aquela sensação ruim que estava macetando o meu

peito parasse de me sufocar.


 

FREDERICO MOTTA 

Caralho! 

O que havia acontecido aqui? 

Olhei ao redor, passando os dedos frustradamente entre os

fios dos meus cabelos, e soltei uma lufada de ar. Recolhi minha

pasta sobre a mesinha e, enquanto subia as escadas, tirei de vez a

gravata que já estava me incomodando. Tentei não pensar em tudo


que aconteceu minutos atrás, o que foi impossível, já que uma das

falas daquela velha parecia ter se impregnado no meu cérebro. 

“Não duvido nada que já não tenha ido pra cama com ele.

Afinal, é o que de melhor deve saber fazer, não é mesmo? Tem em

mente que homens assim jamais olharia para as garotas gordas

como você”.

Maldita! Como ela podia falar algo tão repugnante para sua

própria sobrinha? 

Diane não era assim e lamentava que tivesse um familiar tão

desprezível a ponto de escutar tamanho absurdo! 

Respirei fundo, sentindo-me cansado por conta da semana

desgastante no trabalho, e entrei no quarto. Fechei a porta,

entrando no closet, e abandonei minha pasta e o relógio em um dos

compartimentos. Tirei minha roupa, ficando apenas de cueca boxer,

e segui para o banheiro, tirando-a antes de entrar no Box.

Meu corpo clamava por um pouco de descanso. 


Abri a saída de água e me enfiei debaixo do chuveiro.

Enquanto a água jorrava sobre minha cabeça e ia me limpando, o

olhar entristecido de Diane invadiu a minha mente e me lembrei de

suas últimas palavras antes de me dar as costas e fugir pro seu

quarto.

“Só preciso ficar sozinha”.

Porra! 

Nunca fui o tipo de homem a me importar com nada que não

me dissesse respeito, mas, se tratando dela, julgava ter de tomar

uma atitude. Não suportaria vê-la se definhando lentamente por

comentários desnecessários, como os que ouviu lá embaixo. Desde

que pisou nessa casa, demonstrava ser uma jovem sonhadora e

feliz, não podia deixá-la se afundar em nenhuma merda que aquela

velha maldita lhe disse. 

Com isso na cabeça, terminei o meu banho e, depois de

pegar um dos roupões no armário, vesti e abandonei seu interior.

Segui novamente até o closet e, após colocar uma cueca boxer e


uma calça de moletom, joguei o roupão no cesto e fui até a porta.

Abri e andei até parar de frente pro quarto da Diane, ponderando

chamá-la, por fim, balancei a cabeça em negativo, decidido dar-lhe

mais um tempo. 

Retornei pros meus aposentos, fechando a porta, e resolvi

me deitar um pouco. Necessitava disso. Então me joguei sobre a

cama e, pouco tempo depois, peguei no sono. 

Passava das dezenove horas quando acordei e verifiquei o

horário na tela do meu celular. Deixei minha cama, vestindo uma

camiseta, e fui saindo do quarto. Atravessei o corredor e desci as

escadas ao alcançá-las. 
Olhei ao redor e apenas o silêncio parecia ser a minha

companhia por ali, então cheguei à cozinha e abri a geladeira,

deparando-me com uma tigela de vidro. Peguei-a e em posse de

uma colher, a destampei, mergulhando-a no meio e, ao levar a boca,

dei-me conta que era brigadeiro. Sorri sem saber se havia sido a

Diane ou Mônica que o preparou e, depois de não encontrar uma

resposta pra minha dúvida, saboreei mais um pouco e a imagem

dela preencheu a minha mente. 

Naquele mesmo instante, tive uma ideia. 

Coloquei a tigela de volta na geladeira e fui até a dispensa.

Assim que encontrei as pipocas de micro-ondas, não perdi tempo ao

prepará-las e, após estarem prontas, despejei em uma grande tigela

de plástico, salpicando um pouco de sal por cima. Deixei por ali e fiz

o caminho até o quarto dela. 

Desferi algumas batidinhas na porta e aguardei. Forcei a

maçaneta quando vi que não teria resposta e enfiei minha cabeça

para dentro. Estava tudo escuro, a não ser pela fraca luz da lua que
entrava pela janela que tinha suas cortinas abertas, iluminando

minimamente. 

— Diane? — chamei. 

— Hum… — apenas murmurou. 

— Posso entrar? — perguntei. 

Levou alguns segundos até receber sua resposta: 

— Sim. — Seu tom saiu baixinho e quase não pude ouvir. 

Entrei e sentei-me na beirada da sua cama, ligando o abajur

sobre a mesinha de cabeceira. Avistei-a ainda aninhada em meio à

cama, rodeada de travesseiros e com um cobertor grosso. 

— Quanto tempo mais planeja ficar aí? — inquiri, querendo

que ela saísse debaixo do edredom e me olhasse. 

— Não sei. — Foi precisa. 

Inspirei o ar profundamente. 

— Por que liga para o que aquela… — me limitei a xingá-la,

mesmo que fosse a minha vontade, mas, em respeito a Diane, medi

minhas palavras — mulher disse? — completei. 


Ela se remexeu sobre o colchão e se virou para o lado em

que me encontrava. Foi possível ver que seus olhos avermelhados

por conta do choro ainda estavam marejados. Diane esfregou o

nariz e manteve seu olhar em qualquer outro ponto, menos em

mim. 

— Não ligo, mas não sou hipócrita a ponto de dizer que não

foram capazes de me ferir. — Sua voz soou baixa e chorosa,

mesmo que não estivesse mais chorando. 

— Entendo. — Realmente compreendi seu ponto e ainda me

sentia mal pelo que passou. 

— Me desculpa? — pediu. 

Daquela vez, seus olhos encontraram os meus e pude

enxergar culpa dentro deles, além de se sentir um pouco… perdida. 

— Por que está me pedindo desculpas? — questionei. 

O canto dos seus lábios se repuxou em um sorriso fraco.

— Por tê-la recebido na sua casa e, principalmente, pela

cena que presenciou. Não imaginei que chegaria tão cedo, se


não… 

A interrompi. 

— Está morando aqui, Diane, tem todo direito de receber

quem quer que seja. Jamais te proibiria disso, mas aquela… —

ponderei — mulher, depois do que vi, não a quero mais na minha

residência — determinei. 

— Nem eu — disse em um fiapo de voz. — Não se preocupe

com isso — garantiu. 

— Que bom — comentei. 

Nos encaramos por algum tempo. 

— Tenha em mente que nada do que ela falou, considerei,

certo? — Seu olhar vacilou. — Já te disse uma vez e volto a

repetir… te acho perfeita e nem um pouco oferecida. Não dê

ouvidos aos comentários escrotos daquela ve… mulher. — Queria

fixar aquilo de alguma forma em sua cabeça para que nunca se

esquecesse disso. 
Permaneceu muda e se sentou, recostando-se contra a

cabeceira da cama. Meu olhar desceu até o decote da blusa do

baby doll que usava na cor branca e, para a minha surpresa, algo

marcava o tecido além do bico dos seus seios. 

Puta que pariu! Será que era o que estava pensando? 

Isso não importa, Frederico. Mantenha sua mente no que

interessa! 

Anuviei meus pensamentos quando meu subconsciente me

repreendeu, mas já era tarde demais. Meu pau traidor ganhou vida e

não tive como evitar. Limpei a garganta, passando a mão pelo meu

pescoço, e me empertiguei, não deixando transparecer estar duro

como um pervertido sentado ao seu lado. 

Que caralho vinha acontecendo comigo? Mil vezes porra!

De repente, recebi seu olhar preocupado. 

— Está tudo bem? — interrogou. 

— Sim — afirmei e sorri, disfarçando. Agradeci mentalmente

o quarto estar iluminado apenas pelo abajur ou logo ela notaria


minha ereção descabida. 

Então, inspirou fundo e soltou o ar lentamente, olhando pra

suas mãos. 

— Obrigada por suas palavras, me sinto melhor depois dessa

conversa — anunciou, causando-me certo contentamento. 

— Ótimo saber disso, porque tenho planos pra nós dois. —

Apertei a ponta do seu nariz e, pela primeira vez desde que entrei

naquele cômodo, ela sorriu com sinceridade. 

— E o que tem em mente, senhor Frederico? — Ah! E lá

estava ela. A Diane brincalhona e provocativa com quem estava

começando a me familiarizar. 

— Olha… pelo visto, essa semana afastado daqui foi a

melhor coisa que aconteceu, não concorda? — brinquei. 

Sua testa enrugou-se e sorriu sem entender. 

— Por que está dizendo isso? — replicou. 

— Deixou de me chamar de velhote, e isso já é uma vitória —

descontraí. 
Diane jogou a cabeça pra trás e riu. 

— Como você é impossível! — exclamou, rindo.

— Não. Apenas observador — pontuei. 

Então comprimiu seus lábios ao conter seu sorriso e inclinou

seu corpo, mantendo seu rosto próximo ao meu enquanto seus

olhos fixaram-se aos meus, espelhando determinação em cada um

deles. 

— Não deixei de te chamar de velhote, apenas resolvi dar

uma trégua — desafiou. 

Meu pau traidor pulsou na cueca, talvez mais duro do que

antes, e meus olhos recaíram sobre seus lábios carnudos, perfeito,

que pareciam me convidar pra tomá-los com ferocidade. 

— Ninfeta atrevida! — retruquei, e automaticamente seu

semblante mudou, pois odiava esse apelido e se afastou. 

Não pude evitar sorrir. 

— Vou fingir que não o ouvi me chamando disso — irritou-se. 


Era incrível como eu conseguia tirá-la do sério com apenas

esse apelido. Não posso dizer que não gostava. Adorava vê-la

espumando de raiva. 

Era divertido. 

— O que planejou? — quis saber. 

— Melhor vestir algo mais confortável e descer. — Fixei meus

olhos nela, então se cobriu com a coberta, me arrancando uma

risada alta. 

— É melhor que você não esteja me olhando com segundas

intenções. — Balancei a cabeça em negativo e foi a minha vez de

envergar o meu corpo em sua direção. 

Notei a força enorme que fez pra conter sua respiração, que

se tornou alta de repente. 

— O que te faz pensar que esteja te olhando dessa forma? —

Arqueei minha sobrancelha em um claro desafio. 

Ela riu, aproximando-se um pouco mais. Seu cheiro floral

entrou em minhas narinas, deixando-me tonto, aumentando o grau


de dureza do meu pau. Caralho! 

— Tem certeza disso? — proferiu contra meus lábios, quase

grudando aos seus. 

Tive vontade de jogá-la sobre aquela cama, beijar sua boca

convidativa, arrancar sua blusa e sanar a minha curiosidade sobre o

que teria debaixo daquele tecido, além de dar uma boa mamada

naqueles peitos e poder também provar o doce sabor da sua

boceta. No entanto, afastei-me e soltei um riso abafado. 

— Não diga bobagens, afinal, é apenas uma ninfeta atrevida

— incitei, fingindo certa indiferença. 

Ofendida, uma de suas mãos alcançou minha perna e, por

mais que minha vontade fosse a de guiá-la de encontro à minha

rola, para que sentisse seu toque, que imaginava ser macio e

aveludado, fiquei de pé e apaguei o abajur rapidamente para que

não pudesse avistar o meu pau rochoso marcando a calça de

moletom. 
— Te esperarei na sala. A pipoca está pronta — avisei, indo

para a porta. 

— Pipoca? — questionou.

Cessei meus passos ao segurar na maçaneta. 

— Sim. Não ficará aqui mergulhada na merda, matutando

sobre o que aquela mulher lhe disse. Então assistiremos a um filme

para te distrair — expliquei. — Não demore — ditei e saí antes

mesmo que tivesse tempo para talvez recusar o que havia planejado

pra nós essa noite. 

Após sair do quarto de Diane, fui obrigado a usar o banheiro

pra acalmar meu pau, que parecia ter vida própria quando estava

perto dela, o que era uma completa merda! Ao me recuperar, voltei


pra cozinha, pegando a jarra de suco que tinha na geladeira e em

posse também de dois copos e da tigela de pipoca, trilhei até a sala.

Nesse momento, mexia no controle da televisão à procura do filme

quando ela entrou na sala enrolada na sua coberta. 

— Está doente ou algo assim? — Apontei pro cobertor. 

— Ah, cala boca! — refutou, e sorri. 

Sentou-se ao meu lado no tapete macio e felpudo que forrava

o chão e pegou um pouco de pipoca. 

— O que assistiremos? — indagou, e movi meus olhos,

encontrando os dela na tela. 

— Não sei — enfatizei, ainda a olhando, mesmo que não

estivesse percebendo. 

— Posso escolher? — Seus olhos miraram os meus, e os

desviei. 

— Contanto que não seja 365 dias, tudo bem. — Dei de

ombros. 
Diane caiu na gargalhada e apreciei o som do seu sorriso,

além de ficar contente por vê-la tão descontraída. 

Não havia sido tão ruim assim a minha ideia. 

— Que preconceito! — denotou. 

— Não tenho preconceito, apenas não vejo nenhum sentido

naquela história. Enfim, tem entretenimento para todo gosto —

expliquei. 

— Isso quer dizer que já assistiu? — Seu olhar me analisou.

— Assisti apenas ao primeiro — confessei. 

— Hum…, mas os atores são bonitões — exprimiu, ouriçada.

— Não fazem o meu tipo — desdenhei, e ela riu. 

— Claro que não. — Poderia jurar ter um duplo sentido na

sua resposta. — Qual tema gosta de ver? — emendou e se

concentrou na tv, mexendo no controle remoto. 

— Gosto dos filmes da Marvel. O meu predileto são os do

Homem de Ferro — confidenciei. 


Nossa conversa estava sendo uma grande novidade pra mim.

As diversas vezes que saí com uma mulher, de longe, se pareceram

alguma vez com isso. Meu intuito era apenas um: transar gostoso e,

ao final, cada um seguir com sua vida normalmente. 

Era apenas prazer, nada mais. 

Expulsei minhas divagações quando a ouvi dizer: 

— Olhando por esse lado, faz sentido — ponderou. 

— O que faz sentido? — Me estiquei, pegando da pipoca que

tinha me esquecido de comer. 

— A sua personalidade e a do Tony Stark são idênticas —

expressou. 

— Certamente. Afinal, somos gênios, bilionários, playboys e

filantropos — gracejei ao recitar uma de suas falas no filme, e ela

não deixou de rir, entretida. 

Diane, então, colocou o último filme lançado do herói e

começamos a assistir. Pouco tempo se passou e eu já tinha puxado

uma parte do seu edredom e me embrulhado também, claro que


debaixo dos seus protestos, mas acabou cedendo ao perceber que

eu não ligava para as suas reclamações. Continuamos assistindo e

acabamos de comer toda a pipoca, tirando o suco, que bebemos

metade da jarra. 

Em certo momento, fiz um comentário sobre o filme e não

obtive sua resposta. Olhei pra ela, que se encontrava com a cabeça

descansando em meu ombro, e a encontrei dormindo serenamente.

Sorri e, depois de correr meus olhos por cada traço do seu rosto, fui

incapaz de me conter e alisei sua bochecha carinhosamente. 

— Durma bem — soprei, mesmo ciente que não me ouvia. 

Seu dia havia sido desgastante demais. Necessitava

descansar o máximo que conseguisse. Praguejei mentalmente ao

me recordar que, com tudo que aconteceu após minha chegada,

nem sequer tive a oportunidade de lhe contar que teríamos

companhia no dia seguinte. 

De todo modo, amanhã contaria. 


Ajustei seu corpo no tapete e me deitei ao seu lado.

Preocupei-me em embrulhá-la, já que a noite estava esfriando, e

tentei me concentrar no filme. Alguns minutos se passaram e

minhas pálpebras começaram a pesar. 

Desliguei a tv e, em meio ao breu, tentei acordá-la para irmos

para os nossos quartos, mas logo desisti e me deitei novamente ao

seu lado. 
 

DIANE CASTRO 

Que porra! 

Pau traidor do caralho! 

Frederico proferiu esses xingamentos quando o senti tirar

suas mãos da minha cintura e uma perna, que também estava

entrelaçada à minha, avistando-o se levantar e sair da sala

apressadamente, como se tivesse acabado de cometer um crime.

Não pude deixar de sorrir e logo me lembrei do choque que foi ao


notar que acabamos dormindo de conchinha, algo que sequer me

lembrava de ter feito. No entanto, a sensação que foi ao acordar

sentindo o calor do seu corpo e a firmeza dos seus músculos junto

ao meu, se sobressaiu a qualquer outra emoção dentro de mim. 

Involuntariamente, meu coração aqueceu no peito, batendo

mais rápido do que me parecia normal, além de um calor enorme,

que me tomou totalmente por dentro, acumulando-se no meio das

minhas pernas. Me obriguei a fechar os olhos e ficar quieta,

tentando aproveitar um pouco mais aquilo que estava acontecendo.

Havia acordado há alguns minutos, mas não tive coragem de me

afastar, então, fingi continuar dormindo e logo senti algo cutucar

minha bunda e, após entender o que se passava ali, foi exatamente

o instante em que Frederico pareceu despertar e praguejou alto,

acreditando que eu ainda me encontrava adormecida. 

Mordi meu lábio inferior ao avistá-lo sumir do cômodo e me

aninhei um pouco mais na minha coberta. Ainda podia sentir sua


mão e perna sobre mim e seu corpo perfeitamente encaixado ao

meu. Em chamas, era assim que meu interior se encontrava. 

Por mais que fosse jovem, nunca fui uma mulher de me sentir

tão desejosa dessa forma, mas, desde que meus olhos tiveram a

chance de medir Frederico da cabeça aos pés ao chegar nessa

casa, não podia negar que o desejei. Sabia muito bem que era

errado esse meu pensamento e que talvez o deixaria desconfiado,

caso eu resolvesse realmente demonstrar o interesse que tinha

nele. 

Podia chegar a pensar que minha estadia aqui não passava

de um joguinho sórdido e barato, onde uma mulher usa toda a sua

beleza jovial para apenas seduzir um homem mais velho e rico com

a única intenção de se aproveitar disso. Obviamente não estava

nem um pouco à procura de dinheiro, porque meu pai tinha sido

bom demais ao me deixar uma boa quantia pra me virar e colocar

meus sonhos em prática por algum tempo, o que não era garantia

de que Frederico levaria isso em consideração. Apesar de a nossa


aproximação e estarmos mais abertos pra falar um com o outro,

ainda éramos dois estranhos. 

  Tinha plena consciência que o melhor era me manter

afastada, mas o que fazer quando sua mente tenta te convencer de

algo que seu corpo diz totalmente o oposto? Prova disso era o meu

clitóris estar pulsando de excitação. De repente, suas palavras

vieram à minha mente com precisão: 

Pau traidor do caralho! 

Isso queria dizer que talvez ele também se sentisse atraído

por mim, certo? 

Pare de imaginar coisas,  Diane! Frederico é um homem

vivido e experiente. O que acha que ele faz quando fica com uma

garota inexperiente como você? Com toda certeza, ele deve foder

gostoso não só com a boceta, como também com a cabeça; 

Homens imponentes como ele simplesmente não ligam pra

sentimentalismos e isso será motivo mais que suficiente pra partir o


seu coração em incontáveis pedaços, e ainda terá problemas pra

juntar os cacos e colá-los um por vez.

Meu subconsciente parecia gritar e soltei um longo suspiro ao

chegar à conclusão de que não estava errado. 

Concentre-se nos seus sonhos e nada mais, porque foi pra

isso que chegou a essa cidade. 

Reiterou, deixando-me ainda mais murcha por pensar

besteira. 

Com isso em mente, resolvi me levantar e segui para as

escadas. Cheguei ao corredor e logo entrei em meu quarto. Sentei-

me em minha cama, sentindo-me cabisbaixa por estar desejando

um homem que jamais me daria o que eu tanto queria: ser amada,

casar e ter filhos. 

Bufei e esfreguei meu rosto. 

— Pense pelo lado bom, Diane. Vocês quase não ficam

juntos nessa casa, salvo pelos finais de semana. Além disso, dentro

de algumas semanas, voltará ao seu curso, ou seja, conhecerá


pessoas novas e, quem sabe, algum homem realmente interessante

e, de preferência, que seja da sua idade — falei baixinho, tentando

me convencer disso. 

Frederico não tem intenção alguma de se apaixonar, prova

disso é ele ser bonitão, rico e solteiro. Acha mesmo que ele se

interessará logo por você, uma ninfeta atrevida, como costuma te

chamar? 

Mais uma vez fui repreendida pelo meu subconsciente. 

Cansada daquilo, decidi tomar um banho pra ver se

melhorava o meu ânimo, já que o perdi depois que comecei a

pensar em tudo aquilo.

 
Desci as escadas sentindo o cheiro de café e cheguei até a

cozinha, parando na porta ao avistar Frederico próximo ao fogão,

preparando algo que estava ansiosa pra descobrir o que era. Foi

impossível não me recordar da noite passada, de como se

preocupou em fazer pipoca e colocar um filme pra me distrair depois

de ter passado algumas horas no meu quarto, chorando pelo que

ouvi da Tânia. Respirei fundo, tentando enfiar na minha cabeça que

o fato de ele ter me recebido em sua casa e ter sido fofo em alguns

momentos comigo não quer dizer que estivesse me dando algum

sinal de interesse em mim. 

Com isso em mente, empurrei minhas divagações pra longe e

o ouvi dizer: 

— Vai ficar aí parada? — indagou, sem ao menos olhar pra

trás. 

Acreditava que ele tivesse ouvido meus passos, por isso

sabia que eu me encontrava ali. 

— Bom dia! — o saudei e entrei, parando ao seu lado. 


— Bom dia! — Abriu um amplo sorriso que quase foi capaz

de me fazer perder o ar. Seus olhos fixaram-se aos meus e pisquei,

levando meu olhar ao que fazia. 

— O que está fazendo? — inquiri. 

— Antes de responder sua pergunta, quero que me diga

como se sente — exprimiu, e tive que olhá-lo. 

— Estou bem — proferi, esboçando um meio-sorriso, e

passei a mão pelo meu pescoço, desconcertada pela sua presença

imponente. 

Frederico usava uma camisa preta que abraçava bem todo o

seu corpo perfeitamente definido, com uma bermuda jeans e pés

descalços. Já tinha percebido que ele não era muito adepto a usar

sandália em casa. Sua barba parecia ter sido feita a pouco e o

formato combinava perfeitamente com seu rosto, além da cor, que

era grisalha. 

Minha mão coçou pra ir até seu rosto e sentir sua textura,

porém, me condenei mentalmente por isso, obrigando o meu


cérebro voltar ao seu raciocínio lógico. 

— Bom saber. — Seu sorriso tornou-se ainda mais amplo. 

— Obrigada por… ter me distraído ontem à noite, depois

de… enfim, agradeço por ter se preocupado comigo, mesmo que

não fosse sua obrigação fazer nada daquilo — senti a necessidade

de dizer. 

Ele, então, desligou a chama do fogão e virou-se pra mim,

deixando nossos corpos e rostos mais perto do que o normal. 

— Está na minha casa, Diane. É sempre tão alegre e

sonhadora que, quando fica triste e isolada no seu quarto, me

parece ser outra pessoa — começou. 

— Todos temos nossos momentos de “fossa”, Frederico, e

comigo não difere — esclareci. 

Engoli em seco quando levou uma de suas mãos ao meu

rosto e alisou minha bochecha com as costas dos seus dedos,

encarando-me profundamente, como se pudesse ler a minha alma. 


— No que depender de mim, não terá mais momentos assim,

pelo menos, não enquanto estiver nessa casa. — Suas palavras,

somadas ao seu toque, trouxeram certo acalento pro meu coração,

o que não durou por muito tempo, já que me afastei. 

Não podia me iludir. 

Notei que ele ficou sem jeito e voltou ao seu afazer,

desviando sua atenção de mim. 

— E o que está preparando? — mudei de assunto,

alcançando uma xícara no armário, e a enchi com um pouco de

líquido preto e flamejante do copo da cafeteira. 

— Panquecas, gosta? — interrogou. 

— Acredito que comi umas duas vezes ao longo da minha

vida — comentei, e rimos. — É sério! — reforcei. 

— Então sente-se que hoje a servirei. — Apontou pra uma

das cadeiras à mesa. 

— É sempre mandão assim? Imagino que, no trabalho, seja

— brinquei e, antes que pudesse dar um passo em direção à mesa,


ele parou em minha frente, mirando-me com uma expressão

divertida. 

— Depende da ocasião e da pessoa com que eu esteja. —

Identifiquei um duplo sentido na sua fala e sorri, bebericando do

meu café. 

— Posso passar? — questionei, querendo fugir de perto dele,

pois estava barrando meu modo de fuga. 

Ele assentiu, dando um passo pro lado, e agradeci. 

Sentei-me à mesa, continuando a tomar o café. Frederico

colocou peito de frango desfiado em meio à massa e a enrolou,

colocando em um prato, me entregando. 

— Quero que me diga se gosta — solicitou. 

Sob seu olhar, dei uma pequena mordida e fechei os olhos,

saboreando todo o tempero que ele havia colocado no frango

desfiado em meio a panqueca. 

— Hum… delicioso. — Abri minhas pálpebras, lambendo os

lábios, e me deparei com seus olhos mirando minha boca enquanto


mordia seu lábio inferior. 

— Tem razão, deve ser deliciosa. — Olhei de um lado ao

outro, sem entender o que quis dizer. 

— Mas você não come panquecas sempre? — Minha

pergunta pareceu tirá-lo do seu torpor e ele se afastou, dando-me as

costas. 

— Não falava das panquecas. Estava pensando em outra

coisa, deixa pra lá — esquivou-se. Antes que eu pudesse insistir por

uma resposta convincente, continuou:— Teremos companhia hoje.

Não tive a oportunidade de lhe contar ontem por conta de tudo que

ocorreu. — Sentou-se na cadeira ao meu lado, começando a comer

também. 

— Companhia? — inquiri, curiosa. 

— Sim. Edgar, meu sócio, e o Arthur, seu sobrinho, ambos

com suas esposas — anunciou. 

— Não vou atrapalhar vocês? — formulei, incerta. 

Frederico riu. 
— Por que nos atrapalharia se eu mesmo os convidei pra

trazerem suas esposas pra te fazer companhia? — Terminei meu

lanche quando revelou. 

— Sério? — Não escondi a surpresa por trás da minha

pergunta. 

— Claro! Chegou recentemente na cidade e não conhece

ninguém, então pensei um pouco e decidi chamá-los pra vir aqui,

assim, poderia se enturmar com a Fabiana e a Luna — contou. 

— Obrigada, e-eu… — gaguejei. — Não sei como agradecer.

— E era a verdade. Não sabia mesmo, muito menos como

continuaria fingindo que não existia um desejo meu por ele

aflorando dentro de mim. 

Que merda, Diane! 

Ele, então, acabou de comer e se aproximou de mim. 

— Não precisa agradecer. Apenas se certifique de se divertir

quando elas chegarem. — Piscou maroto e sorriu, levantando-se da

mesa, deixando-me completamente abobalhada. 


Logo me recompus. 

— Tenho novidades — comentei quando ele recolheu as

louças sujas e levou pra pia, lavando-as. 

— Hum… conte — solicitou. 

— Estou em dúvida entre dois locais pra abrir o escritório e

depois te mostro para que me ajude a escolher — comuniquei. 

— Ok, e o que mais? — quis saber. 

Ergui-me da cadeira e andei até parar ao seu lado,

recostando-me na bancada da pia. 

— Volto à faculdade dentro de uma semana,

aproximadamente — expressei, ansiosa. 

Seu olhar encontrou o meu. 

— Isso é bom, sinal de que terá seus dias mais agitados. 

— Verdade — concordei, vendo-o secar suas mãos ao

finalizar as louças. — Também não bati o seu carro, está intacto —

lembrei de falar. 

Frederico divertiu-se. 
— Já sabia que não o faria. É você quem não confia no seu

potencial — frisou, como se me conhecesse melhor que eu mesma. 

Fiz uma careta em resposta, fazendo-o rir mais. 

— Que horas o pessoal chega? Não precisamos ver o que

preparar pro almoço? — preocupei-me. 

— Mônica virá cuidar disso, não se preocupe — tranquilizou-

me. 

— Tudo bem — respondi. 

— Passaremos o dia na piscina, então, melhor usar roupas

mais confortáveis — opinou. 

— Pode deixar. — Comprimi meus lábios em um sorriso. 

— Vou malhar um pouco. Se precisar de algo, estou na

academia. — Ia saindo quando me pronunciei. 

— Espera! — Cessou seus passos e se voltou para mim. 

— O que foi? — argumentou. 

— Quando fui ao centro, acabei passando por uma loja e vi

algo que achei combinar com você. — Frederico arqueou a


sobrancelha em completa surpresa. 

— Mesmo? — Parecia não acreditar. 

— Sim. Está no meu quarto, vou pegar — avisei e passei por

ele, indo até às escadas. 

Levou poucos minutos pra retornar e o encontrar na sala.

Sentei-me no sofá ao seu lado e o entreguei a caixinha comprida. 

— Vamos ver o que julga combinar comigo, ninfeta atrevida

— me provocou, e bufei, ouvindo sua risadinha. — Olha… uma

caneta Crown — reconheceu, olhando-a minuciosamente, tinha a

cor dourada, muito bonita. 

Em seu tom, pude identificar que gostou. 

Sorri, quando me olhou. 

— Não é nada de mais, apenas me lembrei de você quando

vi. — Dei de ombros. 

— Obrigado — agradeceu, guardando-a. — Gostei bastante.

— Soou sincero, o que me deixou contente. 

— Fico feliz por isso — murmurei. 


— Deve ter sentido mesmo muito a minha falta — fez

gracinha e riu. 

Revirei os olhos por conta do seu comentário. 

— Não seja convencido, velhote! — o repreendi, e sua risada

se intensificou. 

— Também senti a sua — confidenciou, e pude sentir

veracidade no que disse. 

Ficamos algum tempo nos olhando, até eu resolver quebrar o

clima: 

— Bom, vou deixá-lo malhar. Bom treino — desejei e saí. 

Tinha que continuar sendo forte e me manter distante.

Frederico era uma perdição de homem. Do tipo que te leva do céu

ao inferno em questão de anos-luz. 

Sabendo disso, era melhor eu não me arriscar. 


 

FREDERICO MOTTA 

Vir pra academia foi a única solução que encontrei pra liberar

um pouco do tesão que corria ferozmente pelo meu corpo,

concentrando-se inteiramente no meu pau traidor. Precisava me

distrair um pouco e sair de perto da Diane, ou não sei se conseguiria

continuar camuflando o meu desejo por ela. Caralho! Até mesmo

longe o seu cheiro parecia estar impregnado nas minhas narinas. 


Só queria entender quando foi que deixei que o meu pau

dominasse o meu corpo em vez do meu cérebro. Mil vezes porra! 

Aumentei a quantidade de vezes que tinha de fazer as

flexões e somente quando meu corpo beirou quase à exaustão que

decidi dar meu treino como encerrado. Suor escorria pelo meu rosto

quando me coloquei de pé e peguei a toalha pra enxugá-lo. Minha

respiração se encontrava alta demais, no mesmo compasso das

batidas frenéticas do meu coração. 

Tirei minha camisa, que estava grudada ao meu corpo por

conta do suor excessivo, e peguei a garrafinha de água. Depois de

beber todo o líquido, saí do cômodo. A casa estava silenciosa e subi

os degraus, entrando em meu quarto, fechando a porta. 

Desfiz dos meus tênis, short e cueca, seguindo pro banheiro.

Entrei no box, ajustando a temperatura pra morna, no entanto, o

meu desejo era colocar na mais gelada possível. Diane não saía da

minha cabeça, e aquilo estava a ponto de me enlouquecer. 


A prova disso era o meu maldito pau ter ganhado vida

quando entrei debaixo do chuveiro e, assim que a água jorrou sobre

a minha cabeça, fechei meus olhos, me lembrando da sensação de

ter acordado agarrado ao corpo dela. Eu nunca dormi daquele jeito

com nenhuma mulher. Nunca! 

Por que caralho, aos meus trinta e oito anos, isso estava

acontecendo? 

Tentei me concentrar no banho, esfregando a bucha pelo

meu corpo, mas não deu pra continuar ignorando minha excitação

latente. Meu cacete pulsava de tão duro, pedindo por libertação, e

minhas bolas aparentavam estar pesadas. Precisei de poucos

segundos até largar a bucha, agarrando-o sem me importar que não

deveria estar batendo punheta pensando nela, e apoiei a palma da

minha mão livre contra o azulejo. 

Mantive minhas pálpebras fechadas e trinquei minha

mandíbula, evitando que algum som saísse da minha boca

enquanto me estimulava, pensando no calor do seu corpo e em sua


boca carnuda e perfeita, que cada vez que a olhava parecia gritar

desesperadamente por um beijo meu. 

Porra, ninfeta atrevida! O que você está fazendo comigo,

caralho? 

Segui com um movimento de vaivém, acelerando cada vez

mais meus movimentos, e repassei em minha mente o quão

assustador e, ao mesmo tempo, prazeroso foi acordar pela manhã,

grudado às suas costas e com minha rola roçando na sua bunda

maravilhosa, coberta apenas pelo fino tecido do short do baby doll

que usava debaixo daquela coberta. Um calor reverberou por toda

minha estrutura física e entreabri meus lábios quando algo dentro de

mim simplesmente explodiu e uma boa quantidade da minha porra

saiu ferozmente, respingando na parede.

— Oh! Puta que pariu! — xinguei ao me dar conta da

intensidade do meu gozo e o tamanho do meu tesão por aquela

garota. 
Mesmo que tentasse enganar a mim mesmo, sabia ser a

única verdade. 

Poucos minutos depois, encerrei meu banho e deixei o

banheiro ao colocar um roupão e ir andando até o closet enquanto

secava meus cabelos com outra toalha. Escolhi uma das minhas

sungas na cor azul e a vesti. Saí do closet no instante em que

bateram na porta e a abri. 

Imaginei que fosse Mônica para avisar que o pessoal chegou,

mas, naquele momento, meus olhos correram soltos do rosto dela

ao seu corpo perfeito e minha vontade foi de agarrá-la pela cintura,

trazendo-a pra dentro do meu quarto, e fazer loucuras com ela na

minha cama. Ela usava um biquíni vermelho na parte de cima e uma

saída de praia na mesma cor, contendo uma fenda na perna que

dava margens pra imaginação. Aproveitei aquela secada e, mais

uma vez, analisei seus peitos que demarcavam no tecido, pois tinha

algo a mais que seus bicos rijos e julgava haver piercing em cada

um. 
Caralho! Eu ia ficar doido com essa mulher na minha casa,

fodendo completamente o meu juízo. 

Voltei a focar minha atenção em seu rosto, porém, a

encontrei atônita. Olhei na mesma direção que ela e dei um sorriso

sacana, sabendo exatamente onde encarava. 

— Gosta? — Ela piscou ao som da minha pergunta, saindo

do seu transe. 

— Q-quê? — gaguejou, e sorri. 

— As tatuagens — esclareci. 

Apesar do meu tesão por ela, meu pau delinquente resolveu

dar uma trégua, o que agradeci. 

— Oh! São… bonitas. — Corou ao finalizar. 

Abri um pouco mais a porta e alcancei uma de suas mãos,

fitando-a. 

— Já tinha visto alguma assim, tão de perto? — perguntei

enquanto conduzia sua mão sobre a pintura, e ela deslizou a ponta

dos seus dedos pelo desenho atentamente. 


— Não — negou, e sorri, contente por saber disso. — São

bonitas. Não é uma tatuagem comum, mas, em você, ficou... —

pausou, engolindo sua saliva com dificuldade —, hum… sexy —

proferiu, mordendo o lábio inferior, e seus olhos miraram os meus. 

Por conta do toque macio dos seus dedos delicados no meu

V, que passou de um lado pro outro, contornando a outra pintura,

enquanto a observava, meu pau começou a ganhar vida outra vez.

Porra!

— Realmente, não é comum. Agradeço o elogio. Pra um

velhote, estou bem sexy então, não acha? — brinquei, tentando

mudar o foco do assunto pra ver se meu cacete se comportava na

sunga. 

Diane puxou sua mão, levando-a até o pescoço, e limpou a

garganta. 

— Como a Mônica está ocupada na cozinha, vim avisar que

seus amigos chegaram. — Obviamente fugiu da minha pergunta. 


— Ok. Descerei daqui a alguns minutos. Obrigado por vir

avisar — agradeci. 

Ela comprimiu seus lábios e saiu em direção às escadas.

Fechei a porta e enfiei meus dedos frustradamente entre os fios do

meu cabelo molhado. Não fazia a menor ideia de como atravessaria

aquele dia vendo-a vestida daquela forma. 

Que Deus me ajude!

Retornei ao closet e vesti um calção. Minutos depois, saí do

quarto e segui pelo corredor. Ao descer as escadas, trilhei até a

cozinha, ouvindo risadas das meninas misturadas às dos rapazes. 

Entrei na cozinha, vendo-os conversar alegremente. 

— Ah, olha ele aí! — Edgar me notou entrar, então sorri, e

Diane olhou meu peitoral minuciosamente, pois estava sem camisa,

e logo desviou sua atenção para longe. 

Ela e as meninas estavam ajudando Mônica com os

legumes. 
— E aí, cara! Como vão? — cumprimentei Edgar e Arthur

com um toque de mão e algumas batidinhas nas costas, depois,

Fabiana e Luna com um abraço rápido. 

— Obrigado por terem vindo — agradeci. 

— É bom sair de casa — Arthur disse. 

— Realmente. Trabalho, filhos e a rotina do dia a dia nos

esgotam, então é bom ter um tempo pra curtir, por isso deixamos os

nossos filhos com os avós babões — foi Fabiana quem comentou, e

rimos. 

— Nem me fala. Estava mesmo precisando de um tempo pra

relaxar. Trabalhar, mesmo que seja pela internet, também nos

desgasta demais — Luna reclamou. 

— Posso imaginar — Diane mencionou, sorrindo

timidamente, até nossos olhares se encontrarem e os sustentamos

por pouco tempo. 

Edgar resolveu abrir a boca. 


— Não se esqueça que o Fred tem somente o trabalho como

família — gracejou, e o lancei um olhar de reprimenda, o que o fez

dar uma risada alta.

— É melhor os rapazes irem pra área da piscina e deixar eu e

as meninas prepararmos as coisas por aqui, hum? — Mônica

interveio, praticamente nos expulsando. 

— É verdade. Peguem logo umas cervejas e sumam daqui.

Queremos ter nosso momento de meninas e é claro que

fofocaremos um pouco — Fabiana anunciou, e todos riram. 

— Vamos lá, então — Arthur exprimiu, esfregando uma mão

na outra. 

— Isso mesmo. Viemos aqui pra nos distrair um pouco e é o

que queremos — Edgar reiterou. 

— Vão logo! Daqui a pouco os petiscos estarão prontos —

Mônica informou, e assentimos. 

Pouco tempo depois, deixamos o ambiente com uma caixa

térmica contendo bastante gelo e cervejas. Seguíamos pra área da


piscina que ficava aos fundos quando Arthur pronunciou: 

— Aí, a Diane é bonitona e… hum… bem jovem — falou

baixo, como se a Luna pudesse nos ouvir. 

— Sim, ela é — afirmei, fingindo indiferença. 

— Já rolou alguma coisa entre vocês? — Edgar parecia ter

tirado o dia pra encher o meu saco. 

— Não — de imediato, menti. 

— Tem certeza disso? Nenhum clima? — duvidou. 

— Pare de fazer insinuações, caralho! — O modo como falei

fez ele e o Arthur rirem. 

— Se alterou o tom de voz, a resposta é sim! — Foi a vez do

Arthur entrar na onda do tio, querendo testar a minha paciência. 

— Não reclamem se eu socar vocês — alertei. 

— Ui! — Arthur zombou. 

Soltei um suspiro impaciente. 

— Ah, fala sério, Frederico. Não olhou mesmo pra ela com

outros olhos? Apesar de jovem, é muito bela — Edgar reforçou. 


Chegamos até as espreguiçadeiras cobertas por guarda-sóis,

já que o dia estava perfeitamente ensolarado, e Arthur deixou a

caixa térmica em cima da mesa ao lado. Cada um pegou uma

garrafinha de cerveja e começamos a beber ao nos acomodar. 

— Não — continuei negando, talvez mais pra mim do que pra

eles. 

— Certo! Fingirei que acredito — proferiu e abriu um amplo

sorriso, me olhando desconfiadamente. 

Sorvi um generoso gole da bebida gelada, que desceu

refrescando meu interior por conta do calor que estava fazendo, e

respirei fundo. 

— Não posso desejá-la, porra! É jovem demais e tenho

respeito pela memória do senhor Márcio. Definitivamente, não rola!

— assegurei, mesmo sabendo estar beirando à loucura por tê-la tão

perto e, ao mesmo tempo, tão longe. 

— O velho já morreu, então, isso não vem ao caso, e o fato

de ela ser jovem, o que tem a ver? — Arthur interrogou. 


— Não fale assim. O senhor Márcio foi importante pra minha

carreira como advogado. Me ensinou muita coisa do que sei —

lembrei. 

— Sei disso, desculpe. Foi só um modo idiota de falar —

reconheceu. 

— Frederico vive de mau humor porque não tem uma mulher

pra chamar de “minha”, assim como temos as nossas — provocou.

— E o que tem de tão especial nisso? — alfinetei.

Ele riu.

— Elas trazem alegria e calmaria para as nossas vidas,

mesmo em dias conturbados ou naqueles que os nossos filhos

sugam todas as nossas energias. Nossas esposas sempre estão lá

pra nos fazer sentir melhor, e é isso que mais gosto em ser de uma

mulher só — frisou. 

— Bom pra vocês. — Ocultei que suas palavras tivessem me

atingido de alguma forma. 


— Mas e a garota, qual o problema deixar as coisas rolarem

entre vocês, caso queiram? — Arthur procurou saber. 

Antes que pudesse responder, Edgar adiantou-se: 

— A Diane deve ser muita areia pro caminhãozinho dele. —

Riram. 

— Idiota de uma figa! — xinguei, e riram ainda mais. 

— Mas falando sério agora… Frederico evita mulheres muito

jovens. Digamos que ele deixou muitos corações partidos por aí —

Edgar completou, caçoando da minha cara, ainda rindo.

— Não tenho culpa que se iludiam facilmente por mim. — Dei

de ombros e beberiquei minha bebida. 

— Quem se iludiu aqui? — A voz de Fabiana chegou até nós

e, ao olhar, a vi sentando-se no colo do Edgar, dando-lhe um beijo

rápido. 

Luna também fez o mesmo ao chegar no Arthur, e Diane se

sentou na espreguiçadeira que ficava ao meu lado. 

— Aceitam? — ofereci, e apenas Diane recusou.


— Obrigada! Não sou muito fã de bebidas. Arrisco beber

somente vinho, e é raramente — explicou ao negar. 

Assenti, demonstrando ter entendido, e nossas atenções se

voltaram pra Fabiana quando se pronunciou:

— Hum… então, quem se iludiu? — Não se esqueceu

daquele tópico. 

Óbvio que não! Ela era esperta demais pra isso. 

Edgar me olhou, segurando a vontade de rir. Idiota! 

— Frederico é um bom fodedor de corações, se é que me

entendem — contou. 

Pelo canto dos meus olhos, percebi Diane atenta ao que

conversávamos, mas sem esboçar nenhuma reação. 

Por que diabos tinham que tocar nessa porra de assunto?

— Será que podem parar de falar de mim? — refutei, e riram

disfarçadamente, salvo por Diane, que permaneceu com a mesma

expressão, não transparecendo o que realmente estava pensando

sobre tudo aquilo. 


— Diane, pensa em se casar e ter filhos algum dia? É bem

nova, mas acredito que já tenha cogitado sobre isso — Luna tirou a

atenção de mim, questionando-a.

Sabia que aquela pergunta tinha sido direcionada a ela

somente para me irritar ainda mais. Pelo jeito, eles tiraram o dia

para isso. Algo me dizia que ele seria longo, e isso não me

agradava nem um pouco, muito pelo contrário.

Todos a olhamos. Independentemente de saber o teor

daquela interrogação, não pude ignorar o fato de ter aguçado minha

curiosidade. Queria saber sua resposta, afinal, não parei para

pensar sobre aquele desejo partindo dela. Nem havia o porquê, mas

isso, agora, pouco importa.

Minhas divagações se perderam completamente no ar

quando sua voz entrou em meus ouvidos:

— Claro! Sei que nem todos pensam dessa forma, mas meu

objetivo de vida sempre foi o de conquistar todos os meus sonhos,


me apaixonar e me casar com um homem que realmente me ame

como sou, além de termos nossos filhos também. — Soou sincera.

— E vai encontrar. Tenha certeza disso — Fabiana pontuou,

e Diane a ofereceu um meio-sorriso.

— Frederico não pensa assim. — Edgar abriu a maldita da

boca.

— Dá pra parar de falar de mim, porra? — ralhei, irritado.

Todos me encararam surpresos pela minha explosão, e nem

eu mesmo sabia o que tinha de errado comigo. Não era de agir

assim. Sem falar mais nada, me levantei e saí.


 

FREDERICO MOTTA

Atravessei o caminho de pedras em meio ao gramado e

cheguei até o espaço bem ornamentado com um jardim contendo

sofás reconfortantes. Tinha árvores grandes ao redor que

mantinham o ambiente fresco e convidativo. Era uma das partes da

casa que gostava muito, além da academia ou a garagem, onde

passava horas “mimando” os meus carros. 


Subi os pequenos degraus de madeira e me sentei em um

dos sofás, tentando me controlar. Fechei meus olhos, inspirando o

ar com força, e pressionei minha têmpora, recordando-me de

minutos atrás quando explodi em meio aos meus amigos. 

Porra! O que estava acontecendo comigo? 

Passaram mais alguns minutos até Arthur e Edgar chegarem

até mim. No instante em que os avistei, já me encontrava mais

tranquilo. Cocei minha barba rala quando Arthur se acomodou em

um dos sofás, me encarando, e Edgar me jogou uma garrafinha de

cerveja. 

— Pega aí! — Aparei no ar. 

— Obrigado! — agradeci, envergonhado pela cena que

protagonizei na frente deles com suas esposas. — Fui um imbecil,

me desculpem — pedi com sinceridade. 

— Ah, fala sério! Relaxa! Tivemos nossa parcela de culpa,

afinal, o provocamos — Arthur admitiu.


— É verdade, portanto, não se preocupe com isso, apenas se

acalme — Edgar concordou e me aconselhou. 

— Mesmo assim, eu tinha que… 

Ele me interrompeu. 

— Esquece isso. As meninas sabem que você não é assim e

que o levamos ao limite com nossas “brincadeiras”. — Fez aspas no

ar. 

Não o respondi, apenas acenei com a cabeça para agradecer

por me entenderem tão bem. 

— Quando se deu conta? — Edgar se pronunciou. 

— Do que está falando? — Realmente não entendi o que

quis dizer. 

Ele e seu sobrinho se entreolharam, mas Arthur apenas deu

de ombros, optando por continuar calado. 

— Está louco por ela, né? — Sua pergunta me atingiu mais

do que deveria, e desviei minha atenção da sua. 


Abri a garrafa e bebi uma boa quantidade. Repassei sua

pergunta em minha cabeça por algum tempo até decidir falar:

— Que diferença isso faz? — refutei. 

— Tá brincando comigo? — Edgar riu, descrente. — Faz toda

diferença. Em todos esses anos que nos conhecemos, nunca o vi

balançado por uma mulher, e olha que não foram poucas que

passaram pelos seus braços — reiterou. 

Terminei de beber a cerveja e depositei a garrafinha sobre a

mesinha à frente. 

Recostei-me contra o encosto do sofá. 

— Mesmo que a desejasse, não poderia ultrapassar a

barreira que existe entre nós. Ela é jovem demais e… tem muitos

sonhos pela frente. — Passei uma mão pelo meu rosto, sem saber o

que pensar direito. 

— Não acredito que estou vendo Frederico Motta inseguro

por conta de uma mulher e, pior que isso, com medo de não ser o

suficiente para ela — concluiu. 


Ele realmente me conhecia bem. 

— Você tem o costume de levar tudo na brincadeira, mas

também já sentiu toda essa incerteza antes mesmo de se envolver

com a Fabiana — me recordei. 

— Tem razão, mas apenas tento descontrair um pouco. A

vida, por si só, já é amarga demais, então temos que dar o nosso

jeito e adoçá-la um pouco. — Soltou um riso abafado. 

— Concordo — Arthur proferiu. 

— Por que não deixa as coisas fluírem naturalmente entre

vocês? — formulou, de repente. 

Soltei uma baforada de ar, indeciso. 

— Não sei — exprimi. 

Estava sendo bastante verdadeiro em minha fala. Não sabia

mesmo. 

— Tem que ficar tranquilo, meu amigo. Deixe que a Diane

faça suas próprias escolhas, hum? O destino se encarregará do


resto. Se for pra acontecer algo entre vocês, pode ter certeza de

que acontecerá — opinou. 

— Obrigado por virem conversar comigo. Me sinto melhor —

agradeci. 

— Somos amigos, jamais te deixaríamos aqui sozinho,

perdido em pensamentos. Desabafar ajuda e, sempre que precisei,

você foi o meu conselheiro, lembra? — Sorri quando todas aquelas

vezes passaram pela minha cabeça como um filme. 

— Claro que me lembro — externei. 

— Quem diria, hum? Antes era você quem me aconselhava,

mas parece que agora o jogo virou — caçoou, e rimos. 

— Por mais que eu queira, não posso discordar — frisei,

divertido. 

Edgar riu, convencido.

— Rapazes! Os petiscos estão prontos. Deixei com as

meninas na área da piscina — Mônica chegou, anunciando,

chamando nossa atenção. 


— Obrigado, Mônica — agradeci, e ela saiu. — Então vamos

voltar — sugeri, e assentiram. 

Nos levantamos ao pegar as garrafinhas que cada um havia

secado e traçamos o caminho, retornando pra área da piscina. Elas

nos olharam, aparentemente preocupadas quando chegamos. 

— Sentiram minha falta, garotas? — tentei descontrair ao

descartar minha garrafinha vazia.

Luna e Fabiana riram ao perceberem que eu estava bem. 

— Pode apostar que sim — foi Fabiana quem respondeu,

divertidamente. 

Diane se encontrava sentada na mesma espreguiçadeira, e

me juntei a ela. 

— Está bem? — Ouvi sua pergunta depois de algum tempo. 

— Estou. — Esbocei um sorriso, reforçando a veracidade

contida em minhas palavras. 

Ela, então, devolveu o sorriso na mesma intensidade. 


Ficamos algum tempo conversando e comendo os petiscos

até os demais resolverem ir tomar banho de piscina. Os vi saírem e

entraram na água, curtindo a companhia um do outro. Olhei pra

Diane ao meu lado, que se ocupou com um protetor, espalhando-o

pelo seu corpo, e percebi quando teve dificuldade pra passar nas

costas. 

— Me deixe te ajudar — pedi, estendendo minha mão. 

Diane parou seus movimentos e me fitou, incerta. 

— Não vou te morder. — Sorri. 

— Sei que não, velhote! — E lá estava seu modo de me

provocar. 

Então me entregou a embalagem e ficou de costas pra

mim.  Despejei um pouco em minha mão e espalhei nelas. A

princípio, senti seu corpo meio enrijecido. 

— Por que está tão tensa? — soprei em seu ouvido. 

— E-eu… não é nada — gaguejou ao responder. 


Sorri ao notá-la desconcertada, talvez fosse por conta do

meu toque em sua pele, e eu estava adorando tudo isso. 

— O velhote aqui deixa a ninfeta atrevida desconcertada? —

alfinetei. 

— Q-quê? — Ela parecia ter perdido o senso de raciocínio, e

sorri, divertido. 

— Relaxa, Diane. Apenas relaxe — murmurei, daquela vez,

com minha boca ainda mais perto da sua orelha. 

— Ok — foi somente o que disse. 

Deslizei minhas mãos pelas suas costas e tentei levar meus

pensamentos para longe, me esforçando pra ignorar, com todas as

minhas forças, as sensações que ter sua pele macia sob minha

palma estava me causando. Meu pau traidor começou a endurecer

na sunga e, mesmo sabendo que deveria parar e me afastar, fiz

totalmente o oposto. Puxei uma respiração profunda e cheguei até

os seus ombros, notando-a menos tensa. 


Apertei seus ombros suavemente e, quando repeti o

movimento, meus ouvidos captaram um gemido baixinho abandonar

a sua boca. 

— Algum problema? — disse em seu ouvido, provocando-a,

porque sabia estar sentindo o mesmo que eu. 

Meu pau pulsou com aquela constatação. 

— N-não, quer dizer… 

— Te machuquei? — insisti. 

— Claro que não, é só que… — Pausou, virando-se pra

mim. 

Nos encaramos fixamente. Seu rosto estava bem perto do

meu e nossas respirações se misturaram no ar. Sem esperar, ela

levou uma mão à minha barba e passou suas unhas levemente por

entre os fios. 

Fechei os olhos, gravando em minha mente o que seu toque

fazia comigo, levando-me totalmente à beira do precipício e me


obrigando a ter um autocontrole que nem sequer imaginei ter um

dia. 

— Diane… — ponderei, entredentes. 

Acredito que se não fosse pela presença dos meus amigos,

teria agarrado a sua nuca e tomado sua boca carnuda e perfeita

num beijo urgente e faminto naquele mesmo segundo. 

— Oh, desculpe — praguejei mentalmente quando recolheu

sua mão, deixando-me órfão do seu toque. — Foi involuntário. —

Sorriu sem graça. 

— Eu gostei — fui ousado ao confessar, e suas bochechas

ruborizaram. 

— Obrigada por… pela ajuda com o protetor — agradeceu. 

— Foi um enorme prazer — respondi com malícia. 

Ela apenas sorriu, desviando sua atenção de mim, e encarou

as meninas com os rapazes. 

— Eles combinam tanto, não acha? — observou. 

— Sim, combinam — anui. 


Aproveitei o silêncio que reinou entre nós por alguns

instantes para forçar minha mente a pensar em qualquer outra

coisa, menos nela, e isso fez com que minha rola acalmasse na

cueca. Agradeci mentalmente por isso e logo me pronunciei: 

— Não vai nadar também? — inquiri. 

Diane me olhou e sorriu rapidamente, como se estivesse sem

jeito. 

— Acredito que não — enfatizou. 

— Por quê? — interroguei, estranhando sua resposta. — O

dia está convidativo pra um bom mergulho. 

Naquela altura, meu pau já havia amenizado sua dureza e

me levantei, tirando o calção em sua frente, ficando apenas de

sunga. Seus olhos percorreram todo o meu corpo, parando nas

tatuagens em meu V, mirando o meu cacete no processo. Piscou em

seguida, parecendo sair de um transe, e levou seu olhar além de

mim, observando a piscina. 


— Digamos que eu esteja um pouco... envergonhada —

revelou, e franzi o cenho. 

Ofereci minha mão a ela, que me olhou receosa, mas não

demorou a aceitar e ficou de pé. Mirei seus olhos firmemente. 

— E por que está tímida? — especulei. 

Ela umedeceu seus lábios, pensativa, e cruzou seus braços à

frente do corpo. 

— Está com vergonha de ficar apenas de biquíni? —

Percebi. 

— Sim. — Não escondeu. 

Sorri de canto e levei meus dedos até seu rosto, acariciando

levemente sua bochecha com as costas dos meus dedos. 

— Você é perfeita, ninfeta atrevida — falei em tom de

provocação, e recebi um tapa no meu braço, o que me fez recolher

minha mão e massagear o local, rindo.

— Engraçadinho — disse com desdém, e minha risada

amplificou.
— É sério, Diane. Tire logo essa saída de praia e vamos pular

na piscina — ditei, e ela sequer se moveu. — Deixa que tiro pra

você então. — Avancei em sua direção e a vi dar um passo atrás. 

— Não! Eu mesma tiro — avisou. 

Levou a mão ao nó da peça e o desfez, livrando-se em

seguida. 

Caralho!

Meu corpo todo vibrou ao olhá-la só de biquíni. 

Porra! Eu ia ficar louco se continuasse perto dessa mulher. 

— Ei! Vocês não vêm? — Edgar gritou da piscina, desviando

o foco da minha atenção. 

— Algum problema? — Diane perguntou, me olhando com

um ar divertido, como se desconfiasse de como eu me sentia

excitado por vê-la vestida daquele jeito.

— Não. Vamos. — Apontei pra ela ir à frente, e ela meneou a

cabeça em positivo, passando por mim. 


Foi impossível não olhar pra sua bela bunda naquele biquíni

fio dental. Fechei meus olhos, forçando minhas pernas a

funcionarem, enquanto minha rola ficou ainda mais enrijecida.

Agradeci mentalmente quando entrei na piscina, pois poderia

esconder minha ereção debaixo d’água. 

Mil vezes porra! 

— Melhor arrumarem um quarto — falei assim que passei

pela sala de estar, encontrando Edgar e Fabiana se beijando.

— Vá se foder! — Edgar praguejou, e ri, deixando-os a sós. 

Havíamos almoçado há um pouco mais de meia hora e

dispensei Mônica depois disso. Segui para a cozinha, e não

encontrei Diane, nem Arthur ou Luna. Abandonei o interior da casa e


caminhei até o espaço entre o jardim, onde conversei com os

rapazes mais cedo. 

Assim que cheguei, avistei Diane deitada em um dos sofás

com seu kindle na mão. 

— O que faz aqui? — questionei e sentei-me próximo aos

seus pés. 

— Apenas lendo um pouco. — Sacudiu o aparelho. 

Ela já havia tomado um banho, mas deixou seus cachos

soltos. Também vestiu um top e um short jeans, que valorizou ainda

mais o seu corpo, deixando-me sedento por ela. Vinha tentando

manter o controle, algo que já estava sendo quase impossível. 

— Hum… pensei que estivesse aqui com a Luna. Sabe do

Arthur? — interroguei. 

— Eles saíram daqui agora pouco. Devem estar

descansando — falou. 

— E você, o que está lendo? — Puxei seus pés que havia

encolhido para mim sentar e comecei a massagear seus dedos. 


— Um romance. — Seus olhos fixaram no meu peitoral, pois

não estava usando camisa, apenas uma bermuda jeans. 

— E qual é o título? — quis saber e continuei alisando seus

pés. 

— Viúvo orgulhoso, da Vivy Keury, uma autora nacional —

compartilhou. 

— É bom? 

— Sim. O homem é fazendeiro, perdeu a esposa e se fechou

pro amor, até ele sofrer um acidente e precisar de uma enfermeira.

O tio dele quem a contrata e ele é engraçado. O Cézar, que é o

mocinho da história, não gosta dela de jeito nenhum, porque ela

derramou vinho tinto na camisa dele numa noite em uma festa num

bar. Tô me divertindo com a troca de farpas entre os dois —

resumiu. 

— Parece interessante. Qual parte está lendo agora?

— Ah, tá rolando um clima entre eles — disse, rindo. 

— Posso ler? — pedi. 


— Não — negou, e sorri. 

— Ok. Quero perguntar algo. — Diane puxou suas pernas e

se acomodou ao meu lado, deixando o kindle sobre o outro

assento. 

— Pode perguntar — permitiu. 

— Percebi que me olha bastante e acredito que gosta do que

vê. — Não fiz rodeios e dei um sorriso sacana. 

Ela sorriu e me fitou sensualmente. Olhei para baixo quando

levou a ponta dos seus dedos ao meu peitoral, deslizando

vagarosamente, fazendo com que os pelos do meu corpo se

arrepiassem completamente. Meu pau traiçoeiro reagiu,

endurecendo outra vez. 

— Pra um velhote, acredito que se acha demais, não acha?

— Sua afronta me fez fechar o semblante no mesmo segundo. —

Aliás, já vi shapes melhores que o seu, inclusive, em caras muito

mais novos do que você — ironizou e deu de ombros.

Pegou seu kindle e logo saiu. 


Poderia muito bem tê-la impedido, mas sabia plenamente que

faria algo que mais tarde nos arrependeríamos, o que me levou a

ficar quieto e apenas assisti-la partir. 

Ninfeta atrevida! 

 
 

DIANE CASTRO

Pela manhã, quando fui ao quarto do Frederico pra lhe avisar

sobre a chegada dos seus amigos, no lugar da Mônica, não imaginei

que o encontraria apenas de sunga e muito menos descobriria que

ele tinha dois ramos que não sabia de que planta eram, desenhados

em seu V, um de cada lado. Como tinha um corpo muito bem

malhado e torneado, não tive como disfarçar, e ele obviamente deve

ter percebido. Só sei que inúmeras coisas se passaram pela minha

cabeça ao encontrá-lo daquele jeito. 


  Ver seus desenhos naquela parte, em específico, me fez

pensar na minha mão sobre elas, contornando-as lentamente, algo

que ele me conduziu a fazer minutos depois, como se tivesse

acesso à cada imaginação minha. Também não pude evitar imagens

da minha boca e língua delineando aquele local. Só de cogitar sobre

aquilo, um calor avassalador me tomou por dentro e tudo piorou

quando tive meus dedos sobre sua pele, sentindo a rigidez do seu V

sob meu toque. 

Podemos dizer que depois disso e de sua pergunta sobre ele

ser um velhote sexy e o que eu achava, fui obrigada a ignorar e

praticamente saí correndo da sua presença, pois precisei oxigenar

meus pulmões direito, algo que simplesmente não conseguia fazer

estando tão perto dele. Por mais que meu maior objetivo fosse

disfarçar todas as sensações que ele, mesmo indiretamente,

causava ao meu corpo, a verdade seria uma só: eu o desejo. Por

mais que tentasse fugir, as vezes que nos encontrássemos pelos

cômodos ou partes daquela casa, o universo fazia questão de jogar


na minha cara o quão medrosa estava sendo, e eu não tinha

problema algum em admitir isso. 

Tinha medo por conta de uma série de coisas, a começar por

estar morando de favor em sua casa. Também havia a nossa

enorme diferença de idade e o fato que ele continuaria nutrindo

respeito pela memória do meu pai. Pra piorar tudo, eu era virgem e

não estava nem um pouco disposta a abrir o meu coração a fim de

tê-lo destroçado no meio do caminho, como se não valesse de

nada, o que tudo indicava que ele o faria sem dó nem piedade.

Tudo só ficou ainda mais claro quando cheguei à área da

piscina com as meninas e ouvimos o Edgar falar que Frederico era

um bom “fodedor” de corações. Por mais que meu corpo clamasse

para me entregar a ele, não podia fazer isso e sabia Deus até

quando manteria esse meu pensamento intacto. Os garotos também

comentaram sobre ele não desejar se casar ou ter filhos, e as coisas

começaram a fazer sentido pra mim. 


Inicialmente, não entendi o fato de ele ser tão bem-sucedido

e não ter ninguém em sua vida e saber que era uma vontade dele

não se apegar a ninguém me fez, novamente, dar mais um passo

atrás e fingir indiferença em meio às minhas descobertas.

Momentos mais tarde, após seu episódio de fúria por conta de os

garotos fazerem chacota da cara dele, retornou para a piscina e me

informou estar bem. Em seguida, passava protetor em meu corpo

quando me ofereceu ajuda e, por mais que houvesse sido reticente,

acabei aceitando. 

Foi péssima a minha ideia, porque só de lembrar tudo que

senti tendo suas mãos apenas espalhando um mero protetor em

minha pele, chego a ficar zonza de tesão. Era incrível o poder que

ele despertava no meu corpo. O problema era justamente eu não

querer colocar o meu coração pra teste. 

Não. Definitivamente, não era uma opção.

Saí do meu torpor quando alguém agitou sua mão rente aos

meus olhos. 
— Oi! Terra chamando Diane. — Fabiana sorriu, divertida. 

Devolvi o sorriso com a mesma intensidade.

Conhecê-las estava sendo maravilhoso. Luna e Fabiana

eram mulheres lindas e cheias de si. Amava a energia positiva que

emanava de cada uma delas. 

Saber que elas eram mães me deixou radiante, e fiquei triste

por não terem trazido seus filhos, mas isso logo foi amenizado

quando me mostraram inúmeras fotos dele e eram tão lindos quanto

os pais. Aquilo apenas alimentou ainda mais o meu sonho de ter

uma família um dia. Não fazia a menor ideia de quando aconteceria,

mas o que seriam mais alguns anos pra quem já tinha vinte anos de

vida? Exatamente, nada! 

Voltei à realidade ao espantar minhas divagações. 

— Não quer assistir a um filme com a gente? — indagou. 

Depois que deixei o Frederico no espaço reconfortante em

meio ao jardim, vim pra área da piscina, aproveitando pra ficar um

pouco sozinha. Me acomodei em uma das espreguiçadeiras e tentei


ler mais um pouco, o que não aconteceu. Acabei me perdendo

completamente em lembranças do decorrer do dia, interrompida por

Fabiana agora.

— Ah, claro! — concordei de imediato e me levantei. 

— Então vamos. — Assenti, seguindo-a até entrar na casa. 

Acabamos de assistir a um filme de ação, e eles se

preparavam pra ir embora quando Luna se pronunciou: 

— Não quero ir — Luna reclamou. 

— Nossa filha deve estar com saudades — Arthur

mencionou, chamando sua atenção. 

— Com certeza. Os nossos também — Fabiana reiterou, pois

ela e Edgar tinham um casal de meninos gêmeos não-idênticos.


— Não tenho dúvidas quanto a isso — Edgar comentou. 

Ainda estávamos na sala, sentados sobre o tapete felpudo e

macio que forrava o chão. Olhei de soslaio e identifiquei olhos azuis

me analisando, como se pensasse em algo e procurasse por

respostas. Enquanto assistíamos, descansei minha cabeça em seu

ombro, e ele alisou meu braço carinhosamente, mas me distanciei

pouco tempo depois ao notar o que estava fazendo. 

Sabia que não devia, mas uma força inexplicável parecia me

jogar para perto dele sempre que tinha a oportunidade, e era um

completo desastre, eu sei! 

Cessei meus pensamentos quando Fabiana sugeriu: 

— Podíamos ir a Divertium hoje, o que acham? — disse em

expectativa. 

— Não sei. Depende de vocês. Acredito mesmo que estou

precisando sair e pensar em outras coisas — foi Frederico quem

disse, e o olhei rapidamente. 


Óbvio que curiosidade me abateu, querendo decifrar, de

alguma forma, o que quis dizer com aquilo, entretanto, resolvi deixar

de lado. Não era da minha conta. 

— Bom, não sei se tenho roupas adequadas pra ocasião,

mas, por mim, podemos ir — me pronunciei, e ela sorriu, contente

com minha resposta. 

— Claro que deve ter alguma peça no seu guarda-roupa que

a deixará muito mais gata, isso não tenho dúvidas — fez questão de

dizer. 

— Também concordo — Luna anuiu. 

— Será bom pra Diane conhecer o estabelecimento e,

também, dançar e paquerar um pouco, se é que me entendem —

insinuou, rindo. 

Frederico limpou a garganta, roubando toda a nossa

atenção. 

— Não deveriam estar pensando por esse lado — se

intrometeu. — Enfim, estão ponderando ir aqui mesmo, no centro?


— Desviou do assunto. 

— Negativo. Tem algum problema ser em Porto Primavera?

Quero ir pra casa ver meus pimpolhos e mais tarde nos

encontramos, o que me diz? — Fabiana sugeriu. 

— A meu ver, sem nenhum problema — Frederico externou. 

Todos, então, concordaram e, pouco tempo depois, nos

despedimos deles, garantindo que nos veríamos mais tarde na outra

cidade. 

— Que horas teremos que sair daqui? — inquiri ao entrarmos

na casa. 

— Podemos sair às vinte e uma horas. Até Porto Primavera

leva em torno de trinta minutos. É relativamente perto — esclareceu,

e paramos em meio ao hall. 

Seus olhos azuis fixaram em mim. 

— Hum… estarei pronta então. — Sorri, agradecida pela

informação. 

— Claro que estará — afirmou, olhando-me com intensidade. 


— Não posso deixar de agradecer por trazer seus amigos

aqui pra eu conhecer. Obrigada por ter se preocupado — proferi

com sinceridade. 

— Não precisa agradecer. Só estou me certificando de

cumprir minha promessa — externou. 

— Promessa? 

— Sim. Prometi a você que, enquanto estivesse nessa casa,

não voltaria a ter momentos de “fossa”. — Fez aspas no ar e sorri.

— Eu os chamei bem antes, até para se enturmar. Nem sequer

adivinhava que chegaria aqui e tudo aquilo aconteceria, então foi

uma boa ideia. Antecipada, mas foi bem pensada — mencionou. 

— Tem razão. Agradeço por isso. — Comprimi meus lábios

em um meio sorriso. 

— De nada — respondeu e deu um passo à frente, apertando

a ponta do meu nariz. 

Seu gesto me fez sorrir espontaneamente. 

— Gostou das meninas? — quis saber. 


— Ah, elas são maravilhosas! Edgar e Arthur têm sorte de tê-

las em suas vidas — compartilhei. 

— É verdade. Elas conseguiram fisgá-los de jeito. — Seu

comentário me fez rir, e ele me acompanhou. 

— Não tem como fugir do destino por muito tempo —

exprimi. 

— Acredita mesmo nisso? Em destino? — duvidou. 

— Uhum. Julgo que nada acontece fora de ordem. Não vê

dessa forma? — Cruzei meus braços frente ao corpo. 

Frederico descansou suas mãos nos bolsos dianteiros da

bermuda jeans que usava.  Ele tinha trocado de roupa depois que

nos vimos em meio ao jardim e, também, colocado uma camisa.

— Não. — Fez uma careta. 

— E posso saber o porquê? — curiei. 

— Veja só… tenho trinta e oito anos e nunca quis nada disso,

me casar e ter filhos. Minha prioridade sempre foi meus estudos e

conquistar meus sonhos. Fiz tudo isso sem qualquer alteração,


portanto, penso que o destino não tem influência alguma sobre

nossas vidas, afinal, nada saiu como planejei. — Foi metódico em

suas palavras. 

— E se o destino te surpreendesse com o inimaginável, o que

aconteceria com toda essa sua metodologia? — desafiei. 

Ele soltou um riso de canto, abafado, e mirou o chão,

voltando a me encarar. 

— Não sei. Nunca parei pra pensar sobre isso. — Deu de

ombros. 

— Sabe… eu também não. Parece engraçado, mas é a

verdade. Digamos que só parei pra pensar com seriedade quando

fui pega desprevenida pela perda do meu pai. — Na hora, os meus

olhos umedeceram. — Ele era o meu tudo, o centro do meu

Universo, posso colocar assim e, desde que me entendi como

gente, éramos apenas nós dois, lutando lado a lado, dia após dia.

Então, quando finalmente a ficha caiu, jogando assustadoramente

na minha cara que jamais o teria novamente ao meu lado, caí em


mim e entendi que não temos o controle de nada nas nossas vidas.

Absolutamente nada! — exclamei, evidentemente emocionada, mas

já não chorava mais. — Quando pensamos que tudo está se

encaminhando perfeitamente, é nesse momento que temos uma

reviravolta que nem sequer cogitamos um dia. Foi assim que

aconteceu comigo. — Apertei meus lábios em linha reta.

— Vem cá. — Abriu seus braços, convidando-me a ser

engolida por eles. 

Em comparação com o dia do enterro do meu pai, quando

recusei seu abraço, dessa vez, foi diferente. Dei um passo adiante,

permitindo que seus braços me envolvessem e, também, rodeei seu

pescoço. Fechei meus olhos, absorvendo o contato dos nossos

corpos, e respirei fundo, tentando conter minha emoção. 

Seu perfume entrou em minhas narinas, e Frederico me

apertou um pouco mais contra o seu peitoral rochoso, afagando o

meio das minhas costas com uma de suas mãos. Por conta do seu

ato, involuntariamente, um arrepio trespassou por todo meu corpo. 


É só um abraço reconfortante, Diane. Só isso e nada mais!

Engoli em seco, tentando acreditar na observação feita pelo

meu subconsciente, mas logo o espantei quando Frederico disse: 

— Olhando por esse lado, vejo que tem razão — sua voz

grossa ressoou em meus ouvidos —, e, mais uma vez, sinto muito

pela perda do seu pai. Ainda é recente — ressaltou. 

Me permiti continuar um pouco mais entre seus braços.

Alguns segundos se passaram e me distanciei. 

— Obrigada — enfatizei. 

— Senhor Márcio se foi, mas sabe que pode contar comigo,

não sabe? — ressaltou. 

— Sei — balancei a cabeça em afirmativa —, prova disso é

ter me abrigado na sua casa e estar me aturando com todas as

minhas chatices e provocações — brinquei, arrancando-lhe um

sorriso. 

— Não é nada disso, Diane. Tenho de confessar que,

inicialmente, não pensei que fosse uma boa ideia, no entanto, tô


começando a gostar de ter uma companhia. Não é tão ruim quanto

imaginei — gracejou. 

Revirei os olhos, e ele riu. 

— Nem ao menos fica aqui durante a semana, então não tem

como saber se é mesmo ruim ou não — pontuei. 

— Acredite, os poucos dias que passamos juntos já foram

suficientes — garantiu, me olhando de um jeito diferente. Não sabia

explicar.

— Se você diz…, então levarei isso como um elogio —

murmurei, deixando-o ciente. 

— Ok. Falando em não ficar aqui, ainda terei que continuar

em Porto Primavera na próxima semana e retorno no sábado —

informou. 

Estranhei pelo fato de não vir na sexta-feira, porém, não tinha

o direito de questioná-lo a respeito da sua vida. Não era da minha

conta. 
— Entendi. Hum… vou pro meu quarto. Descerei antes do

horário, não se preocupe — assegurei, fazendo-o rir. 

— Certo. Se precisar de ajuda com a escolha da roupa, pode

bater na minha porta que terei o maior prazer em dar a minha

opinião. — Soou promissor, sorrindo de modo sacana. 

Me aproximei, deixando nossos rostos bem próximos, e

sustentei seu olhar carregado de interesse. 

— É uma pena que não precisarei, velhote! — provoquei. 

Ele, então, agarrou a minha cintura firmemente, juntando os

nossos corpos, e encarou meus lábios com desejo. Nossas

respirações se encontravam altas e espalmei seu peitoral, sentindo

a rigidez dos seus músculos sob meu toque. 

— Não me provoque se não quiser que te mostre o que o

velhote aqui pode fazer, ninfeta atrevida — dito isso, levou seu nariz

ao meu pescoço e aspirou o meu cheiro. 

Um calor latente reverberou por todo o meu corpo, fazendo

os bicos dos meus seios ficarem enrijecidos por baixo do meu top,
além do fogo que se acumulou no meio das minhas pernas. 

— Fred… — Antes que pudesse pedir pra me soltar, ele

simplesmente praguejou, largando-me em seguida, e me deu as

costas, subindo as escadas. 

Tive que segurar na parede mais próxima a fim de conter a

malemolência em minhas pernas ou cairia ali mesmo, zonza de

tanta excitação. 

Droga, Diane! 
 

FREDERICO MOTTA 

Caralho! 

Entrei no meu quarto e bati a porta. Depois de quase ter

perdido a porra do meu autocontrole, tive que ir até às profundezas

do meu ser e resgatar algum raciocínio lógico para só assim ter a

força necessária de me afastar dela ou a teria beijado ferozmente ali

mesmo. Não sabia o que estava me acontecendo ultimamente, mas,


desde a sua chegada nessa casa, minha cabeça estava numa

completa desordem, algo que era bastante incomum pra mim. 

Sempre tive tudo muito bem alinhado em minha vida e nunca

nenhuma mulher bagunçou minhas emoções do jeito que Diane

conseguia fazer comigo. Como se isso já não bastasse, meu pau

parecia ter se rendido completamente a ela, pois só de estarmos

próximos, ele resolvia dar sinais de vida, e isso não era nada bom.

Meus sentidos pareciam ser mais apurados do que o normal quando

a tinha perto de mim, e não entendia o motivo disso. 

Durante a semana que permaneci em Porto Primavera,

aproveitei o tempo que tinha sozinho e sem ninguém pra tirar a

minha privacidade no meu apartamento, me convencendo que, ao

retornar pra casa, nada dessa tensão sexual existiria mais entre

nós. O problema foi ter chegado por aqui e me deparado com uma

realidade totalmente ao contrário do que cogitei. A cada vez que nos

encontrávamos juntos, o desejo de tomá-la para mim só aumentava,

e num grau inestimável. 


O pior era saber que nós dois estávamos fazendo questão de

fugir disso, talvez ela muito mais do que eu. Admito que me sentia

confuso em algumas ocasiões. Uma hora Diane me lançava olhares

intensos, demonstrando interesse e, em outras, parecia querer

manter certa distância entre nós, o que fodia com o meu psicológico.

Também fiz questão de fixar em minha cabeça que Diane era

jovem demais e estava fora de cogitação, no entanto, não era bem o

que vinha ocorrendo. A cada oportunidade de estar perto dela, uma

força não identificada fazia com que eu não quisesse me manter

longe de modo algum, então engatávamos em alguma conversa

descontraída e o tempo passava sem nem mesmo que

percebêssemos. Se não bastasse isso, ainda existia a porra do meu

coração, que, ultimamente, quando ela se aproximava, chega a

querer sair pela boca de tão acelerado no peito. 

O que diabos estava acontecendo? 

Fechei meus olhos e passei a mão pelo meu rosto

exasperadamente. Precisava encontrar uma solução pra tudo isso.


Respirei fundo e, instantaneamente, a pergunta que Edgar me fez

mais cedo veio em minha mente: 

“Por que não deixa as coisas fluírem naturalmente entre

vocês?”

— Fluírem… — repeti tais palavras. 

Dúvidas rondavam a minha cabeça e soltei o ar

pesadamente. Abri minhas pálpebras, sentindo-me totalmente

cansado e esgotado de procurar alguma explicação plausível pra

tudo aquilo. Diane tinha que sair da minha cabeça de alguma forma,

e seria essa noite, pois aproveitaria que iríamos para a Divertium e

me ocuparia com a presença de qualquer outra mulher, menos a

dela. 

Tinha certeza de que só o fato de me sentar e conversar com

outra faria com que todos esses questionamentos presentes no meu

cérebro se dissipassem como fumaça no ar. Claro que não ficaria

apenas nisso, porque daria o que meu pau queria, ou seja, me


enterraria bem fundo numa boceta quente, convidativa e

escorregadia. Era disso que estava precisando, e não retrocederia. 

Era como sempre fui, antes mesmo de ela ponderar cruzar o

meu caminho, e não mudaria!

Decidido, acalmei minha ereção por conta dela e saí do meu

quarto, indo para o escritório. Ainda era cedo pra tomar banho e me

arrumar, então aproveitaria pra checar os meus e-mails. Tinha que

preencher o meu tempo com algo que não fosse pensando no tesão

ardente que sentia por Diane ou eu ficaria louco a qualquer instante

nessa porra dessa casa.

Olhei no relógio em meu pulso, vendo que ainda tínhamos

mais alguns minutos e, em frente ao espelho, passei os dedos entre


os fios do meu cabelo, alinhando-os para trás. Logo alcancei minha

jaqueta de couro preta sobre a cama e vesti. Analisei meu reflexo e,

satisfeito, peguei minhas chaves, carteira e celular, enfiando tudo no

bolso interno da jaqueta.

Saí do meu quarto e atravessei o corredor, descendo as

escadas, não encontrando Diane. Parei em meio ao hall e aguardei.

Poucos segundos se passaram até ouvir o barulho de saltos no

andar de cima, e me posicionei, descansando uma de minhas mãos

no bolso dianteiro da minha calça jeans, vendo-a descer os

degraus. 

Meu coração pulsou forte no peito e desci meu olhar pelo seu

corpo. Ela parou em minha frente, e meus olhos a miraram dos seus

pés, que calçava um salto mediano, e o subi vagarosamente por

suas pernas lindas. Vestia um short de tecido maleável que pegava

no meio das suas coxas, além de uma blusa parecida com um

blazer, contendo um decote profundo na frente, que, mesmo

involuntariamente, deixava margens pra imaginação. Pra completar,


seus cachos foram deixados soltos e jogados de lado, além de ter

elaborado uma maquiagem que a deixou ainda mais bela do que

era. 

— Uau! — Não tive outra reação senão aquela. 

Diane sorriu, e meus olhos fixaram-se em seus lábios bem

delineados e preenchidos por um batom cor nude. Naquele instante,

tive certeza de que teria uma síncope essa noite, a começar pelo

modo sensual que estava vestida. Seu perfume floral me atingiu,

trazendo consigo uma série de avalanches de sentimentos dentro

de mim. 

Como ia conseguir me concentrar em procurar outra se a

única que meu corpo denunciava querer era o dela? 

— Gostou? — Deu uma voltinha e parou, aguardando minha

resposta. 

— Está… — pausei, fitando-a minuciosamente outra vez, e

engoli minha saliva com dificuldade — ainda mais bela do que


costuma ser. — Nos encaramos por algum tempo até ela quebrar o

clima. 

— Obrigada pelo elogio — agradeceu e correu os olhos por

mim também. — Bom, sobre você, nem preciso dizer que está muito

charmoso. A jaqueta combina contigo — pontuou, e sorri,

agraciado. 

— Obrigado. Vamos? — chamei, oferecendo-lhe a curva do

meu braço, e ela assentiu, encaixando o seu ao meu. 

Assim que chegamos à garagem, questionei se ela não

queria ir dirigindo. De imediato, expressou surpresa, mas recusou,

justificando ser melhor não. Daquela vez, acabei não insistindo,

então abri a porta do carona para se acomodar e, dei a volta,

tomando o assento do motorista e não demoramos atravessar os

portões. 

Peguei a rodovia que nos levaria para Porto Primavera e vi

de esgueira que ela observava o interior do carro. 


— Gosta de carros, Diane? — questionei, curioso pra saber

um pouco mais dela. 

— Sim! Mas só via carros tão elegantes assim em revistas.

Digamos que meu pai não ligava muito para extravagâncias —

mencionou. 

— Entendo. Senhor Márcio sempre foi bem simples mesmo

— lembrei. 

— Exatamente — afirmou. 

— E quanto ao escritório de Monte Oeste, acredito que foi

fechado, certo? — indaguei. 

— Sim — afirmou. — Vendi a casa onde morávamos. Só

mantive a de campo que fica numa cidade vizinha a Monte Oeste.

Depois que minhas aulas começarem, procurarei um estágio, pra

continuar, já que fazia com meu pai, mas com sua partida... Enfim,

quando tivesse algum tempo livre, penso em ir passear lá, nem que

seja aos menos em algum final de semana. É bem tranquilo, até pra
respirar um pouco de ar puro e depois voltar pra loucura da cidade

grande e do trabalho — confidenciou. 

— Hum… — murmurei. — Sei que não é da minha conta,

mas… o que rola entre você e sua tia? Por que não se dão bem? —

perguntei, mesmo sabendo estar sendo evasivo. 

— É complicado. Não quero falar dela, tudo bem? Essa noite

é pra gente se divertir, não pretendo estragá-la me lembrando dela

— falou baixo, e desviei minha atenção da estrada pra olhá-la. 

Tirei minha mão do câmbio e alcancei a dela, que

descansava sobre sua coxa, dando-lhe um aperto carinhoso. 

— Desculpe. Tem toda razão, não pensei nisso ao questioná-

la — pedi. 

— Tudo bem. — Demonstrou compreensividade. 

Voltei a manter meu olhar no percurso, que fizemos em

silêncio. 

 
 

— Nossa! Parece estar cheia — Diane disse, admirada

quando saímos do carro. 

— Verdade, mas isso não será um problema pra gente. Vem

comigo — Ofereci minha mão, que não recusou, e entrelacei seus

dedos aos meus. 

Nos encaminhamos pelo corredor que nos levou até as

portas dos fundos, onde um dos seguranças nos deixou entrar, e

seguimos até outra porta. Ao atravessá-la, o som da música alta no

local preencheu meus ouvidos e, mantendo minha mão unida à

dela, tivemos nosso acesso liberado para a área de camarote vip.

Subimos os degraus e logo avistei Edgar e Arthur acompanhados de

suas esposas. 
Em casa, antes de terminar de me arrumar, havia recebido

uma mensagem do Edgar avisando pra nos encontrarmos aqui, e o

respondi, informando aproximadamente o horário que chegaríamos. 

Nos cumprimentamos e nos acomodamos. As meninas

resolveram se juntar no sofá à nossa frente, passando a conversar

alegremente. 

— Como estão as coisas? — Edgar soou um pouco mais

alto, pois o som ali atrapalhava um pouco. Sua pergunta se referiu à

minha situação com Diane.

— Nada novo. — Neguei com um balançar de cabeça. 

Um garçom veio nos servir e saiu em seguida. 

— Poderia aproveitar essa noite pra ver se rola algo entre

vocês. Por que não tenta se abrir com ela? — sugeriu. 

Soltei um riso abafado. 

— Não. Acho melhor não. Vou dar uma volta pra ver encontro

alguma paquera — confessei. 

Edgar e Arthur se entreolharam. 


— Tem certeza disso? A mulher veio vestida pra matar

qualquer um. Se fosse você, investia nela em vez de deixá-la pros

tubarões — Arthur fez questão de frisar. 

— Não me prendo a mulheres, esqueceu disso? — repliquei. 

Ele deu de ombros. 

— Boa sorte, então, meu amigo. — Edgar deu um aperto no

meu ombro. 

— Essa noite vai ser interessante — Arthur disse, ajustando

sua postura no sofá. 

— Também acho. — Edgar riu e bebeu o seu uísque. 

Pensei por um instante sobre o que falaram e meu olhar

cruzou com o dela. Sorvi todo o uísque do meu copo, prometendo a

mim mesmo que seria apenas aquela dose por saber que teria de

voltar dirigindo para Val Verde, e me coloquei de pé ao dizer que

andaria um pouco. Evitei olhar na direção dela e cruzei o espaço,

parando próximo ao parapeito que me permitia ver toda a pista de

dança daqui de cima. 


Passaram-se alguns minutos e senti alguém tocar o meu

braço. Movi meus olhos, me deparando com uma mulher de pele

clara, cabelo preto e olhos azuis, parada ao meu lado. Ela sorriu

maliciosamente e se juntou a mim; aproveitei para varrer o seu

corpo de cima a baixo, trajava um vestido curto, colado e calçava

saltos. 

— Como se chama, gato? — perguntou. 

A música ali não era tão alta, quanto lá embaixo, mas

atrapalhava ouvir um pouco, então, ela alterou um pouco o tom da

voz pra eu escutá-la. 

— Frederico, e você? — engatei, também com a voz mais

alta. 

— Melissa — respondeu e correu sua língua entre os lábios

pintados de vermelho. 

Não entendi muito bem, mas, em outro momento, somente

aquele ato vindo de qualquer mulher que fosse conseguiria causar

um tsunami de sensações dentro de mim, o que não aconteceu. 


— Bonito nome. Combina com você — teci, e ela sorriu,

prendendo uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Obrigada! Estava te observando de longe porque fiquei

interessada em conhecê-lo. Espero que não esteja acompanhado.

— Mirou meus olhos firmemente. 

Dei um riso de canto. 

— Não estou. — Seu sorriso se ampliou diante da minha

resposta. 

— Que ótimo! Poderíamos nos sentar e conversar… —

Deixei de escutá-la no instante em que vi Diane passar por nós e

desceu as escadas acompanhada de Luna e Fabiana sem nem

mesmo olhar em minha direção.

Por mais que quisesse levar meus olhos para longe dela,

meu cérebro não quis me obedecer. 

— Então, vamos? — Só então voltei a ouvi-la. 

— Melhor ficarmos aqui — ditei. 


— Ah, por mim, tudo bem. — Com muito custo, desviei minha

atenção de Diane, que havia acabado de chegar em meio à pista de

dança, e sorri educadamente para a tal Melissa. 

— Ótimo! — foi apenas o que disse e, quando dei por mim, já

estava concentrado em Diane outra vez. 

Inicialmente, Luna e Fabiana começaram a dançar

sensualmente, já Diane passou a movimentar seu corpo com

jogadas sutis, demonstrando timidez. Entretanto, as meninas

conversavam com ela, talvez incentivando a se soltar mais, até

finalmente a se remexer sensualmente, sorrindo para elas. Edgar e

Arthur não demoraram a chegar até suas esposas, deixando

evidente que estavam acompanhadas, e Diane não, já que não tinha

par algum.

Varri o local, vendo alguns homens próximo a ela, olhando-a

com certo desejo. Desejando o que era meu. Porra! Aquele foi

motivo mais que suficiente pra fazer com que meu lado irracional

fosse ativado.
Meu sangue começou a correr com a adrenalina por minhas

veias. 

— Ei, está me ouvindo, gato? — Aquela mulher também

estava começando a me dando nos nervos. 

— Pode me deixar sozinho? — determinei. 

— Quê, mas… 

— Já disse que quero ficar só. — Soei rude. 

— Grosso! — Saiu inconformada, mas pouco me importei. 

Girei meu pescoço no segundo seguinte, encontrando um

cara falando algo no ouvido de Diane, e meu sangue pareceu

borbulhar como a larva de um vulcão, pronto pra entrar em erupção

em minha corrente sanguínea. Tudo ficou vermelho em minha frente

quando ela sorriu do que quer que fosse que o desgraçado falou em

seu ouvido e, automaticamente, fechei minhas mãos em forma de

punho ao lado do corpo. 

Porra! O que aquele idiota pensava estar fazendo? 


Não medi minha próxima ação. Quando percebi, já estava

descendo as escadas, indo até ela. 


 

DIANE CASTRO 

— Para quem não sabia ter roupa adequada pra ocasião, se

saiu muito bem na escolha — Fabiana não deixou de reparar,

recitando o que falei mais cedo. 

Havíamos acabado de nos sentar em um dos sofás na

direção contrária ao que os rapazes se encontravam. Os observei

conversando, até levar minha atenção para Luna quando decidiu

falar também: 
— Concordo. Está um arraso! — Sorri, meio sem jeito por

conta dos seus elogios, e agradeci. 

— Obrigada, meninas — reiterei. — Vocês também estão

maravilhosas, como sempre — teci, analisando Fabiana com um

vestido azul justo ao corpo e saltos. Luna usava uma calça jeans

com um cropped e um salto mediano nos pés, parecido com os

meus. 

Ambas agradeceram. 

Naquele instante, um garçom chegou até nós oferecendo

alguma bebida, e preferi pedir uma garrafa de água. Ele disse que

voltaria pra me entregar e assenti. Então seguiu até os rapazes e,

depois de servi-los, saiu. 

Enquanto aguardava, conversei com elas, perguntando se

haviam matado a saudade que estavam dos seus filhos, e seus

sorrisos e olhos iluminaram ao falar deles. De soslaio, notei

Frederico falando algo e, em seguida, Arthur e Edgar riram. Movi

meus olhos minimamente para o lado, encontrando os dele, que me


encararam firmemente por pouco tempo, até desviá-los e avisar que

daria uma volta pela casa noturna, evitando me fitar outra vez, o que

não entendi.

Após sua saída, o garçom retornou com meu pedido, e

agradeci. 

— Ei! Não fique olhando tanto, hum? — Fabiana chamou

minha atenção. 

— Quê? — Me fiz de desentendida. 

— Olha, o Frederico é um homem elegante e muito bonito,

mas a fama dele não é ótima, como bem sabe. Aliás, não quis

comentar nada mais cedo, porém, não pude deixar de ver que

parecem ter uma conexão muito forte. Dá pra notar quando se

olham demoradamente, como se um quisesse engolir o outro. — Foi

impossível não rir diante do que falou. 

— Fale baixo. Não quero que nos escutem — proferi, me

referindo aos seus maridos. 

— Desculpa — pediu e abaixou o tom de voz. 


— Percebi a mesma coisa — Luna disse. 

Abri a garrafinha de água e só depois de beber metade dela,

respirei fundo e soltei o ar lentamente, respondendo:

— Não negarei que sinto uma forte atração por ele, só que

envolve muitas questões. Então, tento fingir que seus olhares

encobertos de malícias ou até mesmo o modo como nos

provocamos quando estamos sozinhos em casa são insignificantes

— admiti. 

Olhei ao redor, procurando por algum sinal de ele retornando,

e não encontrei. 

— Parece que ele também está te evitando — Fabiana não

escondeu o que achava. 

— É. Acredito que sim. — Comprimi meus lábios em um

meio-sorriso. 

— Isso não é ruim — iniciou. 

— Não? — inquiri, querendo saber o que significava então. 


— Claro que não! Isso quer dizer que ele percebeu que a

deseja muito e o que geralmente os homens fazem quando

descobrem que foram enlaçados por uma única mulher?

Obviamente, todos fogem, pois apostam ser a melhor opção —

pontuou, e fazia sentido o que disse. 

— Tem razão — cochichei. 

— Sim. Passamos por situações que nos fizeram entender

isso — Luna confidenciou, e rimos. 

— Mas se quer um bom conselho… se joga e aproveite todo

aquele monumento de homem, apenas prive o seu coração. Se não

tiver certeza de nada, o tranque e não ouse abri-lo, ok? Os homens

tendem a ferir os nossos corações, mesmo que não seja

intencionalmente — salientou. 

— Ok. Entendi. — Meneei a cabeça em afirmativa. —

Obrigada — agradeci mais uma vez, e elas riram, simpáticas. 

— Não nos agradeça, hum? Só quisemos mostrar que pode

confiar em nós. Eu e Luna somos amigas há anos, mas isso


começou meses antes de ela se envolver com o trambiqueiro do

Arthur — ressaltou, e rimos. 

— Que história é essa de trambiqueiro? — especulei, curiosa

pra saber um pouco mais de sua história. 

Então Luna contou por alto como ele fez pra convencê-la a

assinar um acordo de casamento depois que ela simplesmente o

rejeitou, inclusive, foi aqui mesmo, na Divertium. Conforme ia

falando, eu não parava de sorrir, e elas me acompanhavam,

divertidas. Ao concluir, bebi o restante da minha água, deixando a

garrafinha sobre a mesa. 

Mais uma vez, varri o lugar com o meu olhar, e nada ainda do

Frederico. Sabia que não deveria estar preocupada com isso, mas

era mais forte que eu. 

— Vamos pra pista de dança, não suporto ficar sentada aqui.

Hoje viemos pra nos divertir, e a noite está apenas começando. —

Luna se levantou ao expor sua opinião. 


— Vamos — anuí, e saímos do camarote vip depois de elas

avisarem aos maridos que íamos descer. 

Os dois continuaram onde estavam e seguimos em direção

às escadas. De longe, vi Frederico próximo ao parapeito adiante,

conversando com uma mulher. Não vou dizer que não me chateou,

entretanto, não daria o gostinho a ele de ver que senti algo por

avistá-lo paquerando outra. 

— Não ouse deixar que ele veja que se importa.

Simplesmente ignore — Fabiana sugeriu enquanto andava ao meu

lado. 

Apenas acenei positivamente e passamos por eles sem nem

sequer olharmos. Descemos as escadas e, ao passarmos pelo

amontoado de pessoas, chegamos à pista de dança. Começamos a

dançar e, inicialmente, me senti um pouco tímida, mas as meninas

me animaram e, quando vi, estava remexendo os meus quadris e

dançando de modo sexy, assim como elas. 


Não demorou até seus companheiros chegarem até nós,

marcando território ao agarrá-las firmemente pela cintura, dançando

colados aos seus corpos. Sorri e me deixei levar pelo toque da

música, não me importando nem mesmo com o fato de o Frederico

estar com outra na parte de cima. Alguns homens se aproximaram,

mas apenas um teve atitude o suficiente chegar em mim. 

Ele era alto, loiro, com olhos esverdeados e, por conta do

som alto, se inclinou, pronunciando em meu ouvido que eu era

muito bonita, o que me fez sorrir involuntariamente. Ele mal voltou a

sua posição normal e Frederico já estava ao seu lado, falando algo

no seu ouvido. Não pude escutar o que disse, contudo, o rapaz me

olhou sem graça e saiu em seguida. 

Fechei meu semblante quando Frederico me lançou um

sorriso atrevido, e tentei me esquivar dele, o que foi em vão, pois

envolveu a mão em meu quadril, fazendo com que meu corpo

batesse contra seu peitoral firme. 


— Onde pensa que vai? — proferiu em meu ouvido, e meu

corpo traidor reagiu no mesmo segundo, se arrepiando por inteiro. 

— Pra bem longe de você. — Tentei sair de dentro dos seus

braços e, mais uma vez, não obtive sucesso. 

— Vamos lá, Diane! Sei que não quer isso. — Sua voz soou

rouca e potente em meu ouvido, fazendo-me fechar os olhos e

morder o lábio inferior por conta de ter os nossos corpos tão juntos,

e um calor avassalador me tomou por dentro. 

— Está enganado — persisti, negando. 

Sua risada descrente quase me desestabilizou, e tratei de

abrir minhas pálpebras.

— Que tal uma dança, hum? — Quando ia dizendo que não,

ele olhou em meus olhos e cobriu meus lábios com seu dedo

indicador. — Apenas uma — insistiu. 

Havia um desejo ardente em seu olhar, e não duvidei que

aquele mesmo sentimento estivesse espelhado no meu. Sua mão

acariciou o meio das minhas costas, enquanto a outra apertou


minha cintura com destreza. Abri um sorriso irônico e levei minha

boca próxima a sua orelha. 

— Deveria chamar a outra mulher que estava com você há

poucos minutos, não estar aqui me importunando — alfinetei. 

— Isso quer dizer que se importa com quem eu converso? —

provocou. 

Convencido de uma figa!

— Não seja precipitado, velhote — debochei. 

— Então prove! Dance comigo e depois a deixarei em paz —

desafiou, prometendo ao final. 

Soltei uma lufada de ar, sabendo que seria inútil continuar

esse embate. 

— Tudo bem. Apenas uma — ditei. 

Mirei seu rosto, e ele sorriu com um ar vitorioso. 

Uma nova melodia começou a ser tocada e tentei desviar

meu olhar do seu, mas ele foi rápido ao capturar meu queixo em

uma de suas mãos. 


— Mantenha seus olhos nos meus — exigiu. 

Umedeci meus lábios, sentindo-os secos, e engoli a saliva

com dificuldade por conta da intensidade com que me fitava.

Comecei a me mexer enquanto a batida da música retumbava

através do local, e Frederico acompanhou meus movimentos.

Concentrei-me na letra, tendo suas mãos apertando minha carne

com ferocidade, mantendo seu olhar cheio de tesão nos meus. 

“Amor, se acalme, se acalme

Garota, este seu corpo

Coloca meu coração em confinamento, em confinamento, oh,

confinamento

Garota, você é doce como Fanta, ooh, Fanta, ooh

Se eu te disser, "Eu te amo"

Não será para se exibir, oh, se exibir, oh

Não me diga não, não, não, woah, woah, woah, woah

Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh

Amor, venha e me dê seu a-a-a-a-a-a-a-a-a-amor


woah-woah-woah-woah-woah

Você me deixou assim woah-woah-woah-woah

woah-woah-woah-woah-woah

Gata, me dê seu a-a-a-a-a-a-a-amor

woah-woah-woah-woah-woah, humm”.

 Eu adorava aquela canção. Passava horas ouvindo em meu

quarto enquanto lia e, nesse momento, lembrando-me da tradução,

diria que foi feita especialmente para o que estava acontecendo

agora, entre mim e Frederico. Sem esperar, ele me girou,

colocando-me de costas, e firmou suas mãos nas laterais do meu

corpo. 

Fechei os meus olhos, me permitindo dançar apenas focada

na melodia, mas sua respiração alta no meu ouvido fez meu clitóris

pulsar em antecipação. Meu corpo já havia sido domado pelas

sensações de tê-lo tão perto. Suas mãos em mim só serviram para

piorar tudo isso. 


— Por mais que eu não queira admitir, você me fascina,

Diane. — Suas palavras soaram como uma perfeita melodia em

meus ouvidos e os pelos do meu corpo se eriçaram em resposta. 

Não quis falar nada, apenas rebolei um pouco mais e tive

uma de suas mãos espalmadas em minha barriga, imprensando

minhas costas contra seu peitoral. Arfei com o choque dos nossos

corpos e não me passou despercebido sua ereção roçando na

minha bunda. Fingi não ter percebido e me mantive do mesmo

modo, até uma parte da sinfonia me chamar a atenção: 

Quando chego em casa

Digo que vou descansar um pouco, oh-woah

(Descansar um pouco, oh-woah)

Mas eu acordo com ela na mente

Oh-woah (Com ela na mente, oh-woah)

Dia um, dia dois, não consigo focar (Não consigo focar)

Então ligo para ela, digo que quero encontrá-la, woah

(Digo que quero encontrá-la, woah)


Coloco minha mão no seu coração agora, sinto acelerar

Se eu for embora, você diz que nunca poderá amar de novo

Quero te dar tudo, mas não posso prometer que ficarei

E esse é o risco que você corre (Que você corre).

A letra “casava” perfeitamente com o que tinha em mente

sobre o Frederico, e me surpreendi com aquela constatação. Pouco

tempo depois, a música acabou, assim como a nossa dança, e

respirei aliviada quando saí dos seus braços, sem ao menos olhar

para trás. Sentindo muito calor, suada, com a garganta seca e a

respiração acelerada, segui diretamente pro balcão de bebidas ao

sair do meio daquela multidão e me sentei em um dos bancos após

liberarem. 

Já tinha pedido outra garrafinha de água ao barman quando

alguém parou ao meu lado e ao olhá-lo, identifiquei ser o mesmo

cara que havia chegado em mim na pista de dança. 

— Desculpa — falou, de repente. 


— Não entendi. — Realmente não estava entendendo seu

pedido de desculpas. 

Ele abriu um sorriso desconcertado. 

— Raramente chego nas mulheres, só me aproximei de você

porque realmente me chamou a atenção, até por ser uma mulher de

beleza única — expressou gentilmente. 

— Obrigada! — agradeci. — Mas por que eu deveria te

desculpar? Não me lembro que tenha feito nada de errado — frisei. 

Ele soltou um riso abafado. 

— Se soubesse que estava acompanhada, não teria ido até

você. Então, me desculpe — esclareceu. 

— Acompanhada? — Franzi o cenho. — Oh, não! Está

falando daquele… — me interrompeu, completando.

— Sim. Ele foi bem enfático quando disse no meu ouvido

“Vaza! Ela está comigo. É minha!” — Só então entendi o que quis

dizer. 
Como ele ousou falar um absurdo daquele? Velhote de uma

figa!

— O Frederico não é… — Fui interrompida pelo barman ao

me entregar a garrafinha de água e, ao olhar o lugar onde o rapaz

estava, já havia sumido. 

— Pode colocar na conta da casa, ela está comigo. — A voz

do Frederico adentrou os meus ouvidos e me condenei mentalmente

por saber o efeito que, mesmo indiretamente, ele tinha sobre mim. 

— Ok, senhor. — O barman assentiu, e agradeci. 

Julgava que o rapaz havia sumido por conta dele, então,

deixei o banco e, quando ia saindo, tive meu pulso preso

suavemente ao seu agarre. 

— Diane… 

Não permiti que continuasse. 

— Por que não me deixa em paz, hum? Não sou sua

acompanhante! — proferi com seriedade ao fixar meu olhar ao seu.


Puxei meu pulso, liberado no mesmo segundo, e parti.

Precisava ficar longe dele ou estava sujeita a abaixar a guardar, e

isso, definitivamente, estava fora de questão. Ele que voltasse pra

mulher com quem o vi antes, afinal, não me importava. 

Será mesmo, Diane?

Meu subconsciente resolveu dar o ar da graça e o espantei. 


 

FREDERICO MOTTA

Dei um passo, tentado a ir atrás dela, mas fui interrompido

por Edgar, que surgiu em meu campo de visão. 

— Relaxa, amigo! Deixe-a espairecer um pouco — falou alto

por conta do som em meio ao ambiente e, sem outra escolha,

apenas assenti. 

O acompanhei e subimos para o camarote. Nenhuma das

meninas estava lá, salvo pelo Arthur, que parecia ter acabado de
chegar por ali. Sentei-me e esfreguei meu rosto, frustrado e com

uma vontade imensa de ir embora. 

Nem eu mesmo estava me reconhecendo, afinal de contas,

sempre amei ir para festas, quanto mais sendo na Divertium e, hoje,

parecia uma tortura estar aqui, ainda mais depois de ver aquele

idiota murmurando algo no ouvido da Diane. Consegui afastá-lo ao

dizer pra ele vazar e que ela estava comigo. Minha! 

Porra! De onde surgiu essa minha possessividade por ela? 

Meu cérebro, então, me lembrou da nossa dança, que foi

uma das melhores que já tive o prazer de experimentar na vida.

Sentir seu corpo grudado ao meu quase me levou a ter uma síncope

e aproveitei pra explorar cada centímetro da sua cintura com minhas

mãos, que apertavam firmemente sua carne, além de ficar doido

pelo seu cheiro floral e inesquecível. Chiei em lamento quando a

música terminou, e Diane seguiu para o bar. 

Depois de ficar plantado em meio aquele monte de gente

suado e dançando, olhei de um lado ao outro e fui atrás dela. Pra


minha surpresa, a encontrei conversando mais uma vez com aquele

paspalho. Meu olhar fulminante para ele foi mais que o suficiente

pra fazê-lo sumir de perto dela como uma verdadeira neblina. 

Tentei conversar com Diane, mas obviamente não me deu

brecha. 

Pressionei minha têmpora, deixando aquelas recordações de

lado, e externei:

— Juro que não entendo a Diane — resmunguei ao jogar

minhas costas contra o encosto do sofá e suspirei alto.

— Não foi por falta de aviso — Edgar me repreendeu. 

Não o respondi, pois tinha razão. Se tivesse me sentado com

Diane e falado que a queria, nada disso estaria acontecendo agora.

Porra!

— Sugeri que investisse nela, mas resolveu fazer merda e

deu nisso — completou em um tom acusatório. 

— Exatamente. Entenda... não é uma boceta aleatória que o

fará tirá-la da cabeça. Investe na sua garota ou se prepare pra vê-la


se entregando nos braços de outro — foi a vez do Arthur me

reprimir. 

— Nunca, caralho! E o que sugerem que eu faça agora? —

inquiri, sentindo-me perdido. 

— Nada, meu amigo. Melhor não fazer absolutamente nada.

Deixe-a se acalmar, e outra hora vocês conversam — formulou

Edgar.

Ele chamou um garçom e pediu algumas bebidas. Pouco

tempo depois, trouxe os pedidos, mas evitei beber. Minha única

vontade era  ir pra casa, resolver as coisas com a Diane. 

Tinha lhe prometido que, enquanto ficasse em minha casa,

não teria mais momentos de “fossa” e, por mais que ela não

quisesse admitir, sabia estar chateada por conta das minhas

atitudes de merda, e não descartava a hipótese de se aproveitar

disso pra ter um. A diferença é que, dessa vez, eu seria o

responsável por isso e me condenei internamente por saber que me

comportei como um tremendo imbecil. Não podia ter ido à procura


de outra; por mais que não tivéssemos nada, deveria ter ficado na

minha, afinal, era Diane quem eu desejava, quem fazia os meus

batimentos se acelerarem num grau incalculável, além de fazer todo

meu corpo arder quando a tinha por perto. 

Olhei ao redor com a esperança de vê-la voltando com as

meninas, o que não aconteceu. Olhei no meu relógio de pulso,

constatando ser quase meia-noite. 

— Será que as garotas vão demorar? Estou querendo ir

embora — confessei, cansado. 

— Não sei. Espero que não, porque também quero ir pra

casa — Arthur disse. 

— Acredito que… 

Antes de Edgar completar, uma gritaria começou.

Preocupados, saímos do camarote e vimos estar tendo um pequeno

desentendimento no andar de baixo. 

— Ponha os causadores da briga pra fora — ordenei ao

passar por um dos seguranças, que assentiu e desceu as escadas


apressadamente à nossa frente.

Alheio, atravessei em meio aquele mar de gente, que

empurravam uns aos outros, até avistar Diane e as meninas mais

adiante. 

— Está bem? — demonstrei preocupação. 

— Sim, só foi uma briga boba — afirmou. 

— Vem. Vamos embora. — Ofereci minha mão, que segurou

em seguida, e entrelacei nossos dedos. 

Os seguranças logo contiveram a bagunça e um deles nos

ajudou, abrindo espaço pra que pudéssemos chegar à porta dos

fundos e saímos dali. Arthur, Luna, Edgar e Fabiana também nos

acompanharam e, fora do estabelecimento, nos despedimos.

Traçamos o caminho até chegar no estacionamento e, após abrir a

porta pra ela entrar, sentou-se e dei a volta no carro. 

Girei a chave na ignição ao tomar o banco do motorista e

coloquei o automóvel em movimento. Olhei para Diane,

encontrando-a emudecida e olhando pra fora da janela. 


— Diane, será que… 

Mal tive tempo pra falar, pois ela me impediu: 

— Não quero conversar, Frederico, por favor. — Trinquei meu

maxilar, irritado com aquela situação entre nós, e concentrei-me no

percurso. 

Respirei fundo, tentando me acalmar depois de algum tempo

e liguei o som do carro, colocando a mesma música que dançamos

na Divertium. Apesar de amar Imagine Dragons, me considerava

bem eclético, então já a tinha na minha playlist. De esgueira, a vi me

olhar por poucos segundos, voltando a encarar fora do vidro. 

O percurso foi feito em completo silêncio por nós dois.

Agradeci mentalmente quando atravessamos os portões de casa e,

daquela vez, estacionei na garagem. Diane saiu do carro

rapidamente, e me apressei para acompanhá-la. 

Ao atravessarmos as portas, ela tirou seus saltos em meio ao

hall, e aproveitei pra tentar uma conversa. 


— Diane, será que podemos conversar? — Ela me olhou sem

qualquer ânimo e tentou passar por mim, entretanto, a impedi

quando minha mão se fechou acima do seu cotovelo. 

— E o que te faz pensar que temos algo pra resolver? — Foi

direta e me lançou um olhar decepcionado. 

Soltei uma baforada de ar, e ela puxou seu braço, livrando-se

do meu toque. 

— Sei que está chateada comigo, não negue — evidenciei,

mantendo minha atenção nela. 

Ela soltou um riso com certo desdém. 

— Não importa se estou realmente chateada ou não,

Frederico. O fato aqui é um só: não temos nada! Nem eu ou você

devemos satisfações um ao outro, simples assim! — exclamou e

saiu em direção à cozinha, segurando seus saltos. 

Fechei meus olhos e pressionei minhas pálpebras enquanto

puxava uma respiração profunda. Fui atrás dela e, ao entrar no

cômodo, a encontrei enchendo um copo de água e tomando


posteriormente. Avistei seus saltos jogados aos seus pés e me

aproximei, recostando-me contra a mesa. 

— Sei que não temos nada, não precisa ficar pontuando isso.

— Maneirei meu tom. 

— Que ótimo! — frisou, depositando o copo na pia. — Então

pare de se meter na minha vida — ditou, virando-se pra mim e

mirou-me com afinco. 

— Não me meti na sua vida — menti. 

Riu amargamente, identificando minha omissão. 

Ao notar que fugiria mais uma vez, acabei com a distância

entre nós, quase grudando-a ao meu peitoral. Inclinei-me o

suficiente, deixando seus olhos rentes aos meus. Meio sem jeito,

evitou me olhar, e percebi seu peito subir e descer mais rápido do

que o normal, denunciando sua respiração alterada por conta de

estarmos tão perto.

— Eu que não me meti na sua. Por que se achou com o

direito de se intrometer na minha? — Foi incisiva. 


Franzi o cenho. 

— Pode ser mais específica? — cochichei com nossos rostos

a poucos centímetros de distância e tentei alisar sua bochecha, o

que ela não permitiu, pois bateu contra minha mão. 

— Não se faça de desentendido. Sabe muito bem ao que

estou me referindo. — Espalmou meu peitoral e tentou me empurrar,

porém, firmei meus pés no chão, não me movendo. — Nem meu pai

pegava no meu pé dessa forma. Deveria me deixar em paz como

prometeu que faria após a nossa dança na Divertium — cobrou. 

— Tem razão, mas se esqueceu de um detalhe… —

ponderei, descendo meu olhar até seus lábios, que se encontravam

entreabertos. — Não sou o seu pai, Diane, e tenha certeza de que,

para o que tenho em mente pra fazer com você, jamais desejaria ser

— proferi rouco ao levar minha boca ao seu ouvido. 

— Claro que não desejaria — debochou. — Nem mesmo

cuida da própria vida — alfinetou. 


Sua afronta fez meu sangue bombear nas veias, aumentando

meu desejo por ela. Agarrei seu queixo com firmeza, e ela mordeu

seu lábio inferior, fixando seu olhar no meu. 

— Está falando isso porque afastei aquele idiota de você? —

questionei entredentes, mantendo sua atenção na minha.

Ela tentou se livrar de mim, o que foi em vão. 

— Me solte! — exigiu. 

— Dá pra ver nos seus olhos que não é isso que quer —

proferi com a respiração entrecortada e encarei seus lábios com

fervor, voltando a mirar seus olhos em seguida.

Lambi seus lábios ousadamente e senti suas mãos forçando

meu peitoral outra vez, querendo me afastar a qualquer custo.

— Nã-não quero que me toque — disse, arfando, assim como

eu.

Sorri, sabendo verdadeiramente que não era o que queria.

— Não? — formulei.
Me esforcei ao procurar por sinceridade em seus olhos e meu

sorriso se ampliou ao não encontrar. 

— Nã-não — persistiu, mentindo.

Atrevido, cheguei à lateral do seu pescoço e corri a ponta do

meu nariz por sua extensão, aspirando seu aroma floral, viciante e

excitante. Depositei uma mordida de leve em seu ombro, lambendo

o local posteriormente, e observei a mágica acontecer. Seus pelos

se eriçaram quase que instantaneamente, dando-me a resposta que

já esperava.

— Engraçado… seu corpo diz totalmente o oposto —

provoquei ao levar meus olhos aos dela. 

— Isso não importa — insistiu com sua resistência. 

Soltei um riso de canto, abafado e carregado de

incredulidade.

— Tem certeza disso? — interroguei.

Sustentando seu olhar, dobrei meus joelhos, me abaixando

um pouco, e corri a ponta dos meus dedos por sua coxa exposta,
depositando um aperto firme.

— Para com isso — reclamou baixinho.

Sua voz saiu embargada, e observei seu olhar encoberto de

volúpia. 

— Por que está tentando resistir, hum? — incitei, elevando

um pouco mais minha mão, que chegou até a polpa da sua bunda

por baixo do tecido mole do short que usava.

Sorri quando ela umedeceu seus lábios, engolindo em seco,

e puxou o ar com força. Era incrível vê-la se fazendo de forte, sendo

que seu corpo dava todos os sinais que ansiava pelo mesmo que

eu. Com aquela constatação, um lado possessivo, ciumento e

safado se aflorou dentro de mim, algo que nem sequer sabia existir

em meu interior e agora resolveu se aflorar. 

Diane despertava coisas em mim que nem sequer tinha

conhecimento, e ainda não havia me decidido se era algo bom ou

ruim. Só tinha consciência de estar adorando tocá-la enquanto a via


se derreter em minha frente, mesmo não admitindo. Ela, então,

mordeu o lábio inferior e respondeu: 

— Não há o que resistir. — Arqueei uma sobrancelha e sorri

mediante sua audácia. 

— Tudo bem. — Mesmo excitado e querendo agarrá-la ali

mesmo, juntei forças inimagináveis e dei de ombros, dando um

passo atrás. — Vou deixá-la em paz como pediu — comuniquei,

vendo certa perplexidade em seu semblante. 

Girei sob meus sapatos, sorrindo disfarçadamente, sabendo

perfeitamente que ela não ousaria me deixar sair dali. Coloquei um

pé à frente do outro até ouvi-la me fazer parar. 

— O que disse àquele rapaz? — Me mantive de costas por

alguns instantes e me virei pra ela. 

Seu olhar evidenciava o quão curiosa e ansiosa estava por

minhas palavras.

— Quer mesmo saber? — Fixei meu olhar no dela.

— Sim — admitiu em um fiapo de voz.


Não deveria me aproximar novamente, sabia disso,

entretanto, fiz totalmente o contrário. Meus passos foram lentos até

parar em sua frente, fitando-a sem vacilar, e a encurralei por mais

uma vez contra a bancada da pia, segurando na borda do mármore. 

— Disse pra ele vazar, porque estava comigo e que… era

minha! — proferi contra seus lábios e envolvi minhas mãos em sua

cintura, sentindo-a estremecer. — Você é minha, Diane, e ninguém

toca no que é meu! — Fui enfático, pressionando seu corpo um

pouco mais no meu.

Pra minha surpresa, ela envolveu seus braços em meu

pescoço e colou sua boca deliciosa à minha. Um rosnado

atravessou a minha garganta ao sentir o doce sabor do seu beijo e

intensifiquei meu aperto em sua carne. Minha audição foi atingida

pelo seu gemido baixo e agudo, dando-me a entender estar tão

necessitada quanto eu pelo nosso beijo. 

A ergui, colocando-a sobre o mármore sem afastar nossas

bocas, e segurei em sua garganta, aprofundando o nosso beijo.


Nossas línguas passaram a duelar entre si no vão de nossas bocas

e capturei a dela, chupando-a em completo êxtase. Meu corpo todo

vibrou por conta de todo o tesão presente dentro de mim,

aumentando num grau incalculável.

Com minha outra mão, alcancei uma de suas coxas,

pressionando-a com precisão, até fazer com que ela viesse um

pouco mais para a borda.  Extremamente excitado e com meu pau

ao ponto de atravessar o tecido da cueca de tão duro, pressionei-o

no meio das suas pernas, esfregando-me como um

desavergonhado e sendo contemplado por seus gemidos cada vez

mais explícitos, me deixando ainda mais enlouquecido. Libertei sua

língua, afastando nossas bocas por questão de segundos, voltando

a morder seus lábios e sugá-los com ferocidade, fechando meus

dedos um pouco mais ao redor da sua garganta, tomando o cuidado

pra não a sufocar.

Liberei sua coxa e subi minha mão até um dos seus seios,

apalpando-o com um desejo voraz, e tentei apalpá-los por dentro do


seu blazer, ansioso por estimular seus bicos rijos e finalmente

descobrir se tinham mesmo piercings ou não, no entanto, ela me

impediu.

— Ah, qual é? — reclamei enquanto descia minha boca até

seu queixo, mordiscando-o. 

Ela não respondeu, apenas escutei seu sorriso baixinho e

cheguei à conclusão que essa mulher poderia me matar sem fazer o

mínimo esforço possível, afinal, somente o meu desejo louco e

insano pra tê-la abaixo do meu corpo seria o suficiente pra me pôr

em um caixão. 

Caralho!

 Eu a queria. Como a queria! 


 

DIANE CASTRO 

— Você é minha, Diane, e ninguém toca no que é meu!

No instante em que Frederico mencionou aquelas palavras,

foi como se uma carga elétrica tivesse me atingido com sua carga

máxima, pois todo o meu corpo vibrou em resposta. 

Nossa aproximação, depois de todo aquele desentendimento

por conta da festa, somente aflorou um pouco mais o meu tesão por

ele. Não suportei mais fingir que não queria ao menos sentir seus
lábios reivindicando os meus com todo aquele seu ar de

possessividade, e aquela foi a minha deixa. Enlacei seu pescoço,

trazendo sua boca até a minha, selando-as com certa urgência. 

Seu rosnado, somado à firmeza das suas mãos com maior

precisão em minha cintura, deixou-me em combustão. Minha

calcinha já estava ensopada de tão lubrificada e meu clitóris pulsava

freneticamente de tanta excitação.

Vinha ansiando por aquilo desde que cheguei nessa casa e

ainda não estava acreditando que sua boca mapeava a minha

daquele jeito, muito menos que tinha suas mãos grandes e

possessas sobre mim. Não era somente um beijo, mas muito mais

que isso. Não sabia explicar, apenas sentir.

Por mais que quisesse proteger meu coração, minha mente e

corpo não cooperavam nem um pouco. Nem mesmo conseguiam

fingir que não o queria. Sua barba arranhava levemente minha pele,

o que não me incomodou nem um pouco, pelo contrário, serviu pra

intensificar o fogo que crescia descontroladamente em meu interior. 


Gemi, inebriada de tesão, e ele impulsionou meu corpo,

colocando-me sentada na bancada da pia. Não paramos de nos

beijar um só segundo e nossas línguas exploravam minuciosamente

o vão de nossas bocas, aumentando a chama exacerbante dentro

de mim. Tudo piorou quando a capturou, sugando-a com

determinação e, como se isso não fosse o bastante, puxou-me um

pouco mais pra beirada, friccionando sua ereção no meio das

minhas pernas, amplificando a sensação de estar entre seus braços,

recebendo toda aquela atenção e prazer.

Estávamos bastante ofegantes e tive minha língua liberta por

ele, que afastou nossas bocas por pouco tempo, até voltar a morder

e chupar meus lábios como se fosse alguma fruta deliciosa. Sua

mão, posicionada ao redor da minha garganta, se fechou um pouco

mais, e me imaginei desfalecendo ali mesmo por conta da sensação

maravilhosa que aquele ato trouxe ao meu corpo, algo que nunca

havia experimentado. Com a outra, agarrou o meu seio sobre o

tecido do meu blazer, espremendo-o com ferocidade e, quando notei


querer invadir por baixo do tecido, a segurei a tempo, não

permitindo.

— Ah, qual é? — murmurou e desceu sua boca pelo meu

queixo, deixando mordidinhas calorosas pelo caminho até chegar a

lateral do meu pescoço, fazendo o mesmo. 

Sorri baixinho.

— Fred… — proferi com dificuldade. 

— Não farei o que não quiser — esclareceu. — Só pare de

pensar. Apenas deixe-me beijá-la, sentir um pouco mais do seu

sabor viciante — disse com seus lábios contra os meus, olhando

firmemente em meus olhos. 

— Vou me arrepender disso — explanei, e ele riu, safado. 

— Desde que se lembre do meu beijo e dos meus toques

ardentes, não tem problema — frisou, malicioso, e sugou meu lábio

inferior preguiçosamente, segurando em minha garganta com força

e cuidado ao mesmo tempo. 

Ele tentou mais uma vez colocar a mão dentro do blazer. 


— É melhor pararmos por aqui — supus, impedindo-o.

— Tem certeza? — Engoli em seco perante seu olhar incisivo

e não respondi. — Foi o que pensei — mencionou e escorregou sua

mão entre nossos corpos, parando no meio das minhas pernas, e

pressionou seus dedos sobre meu clitóris por cima do tecido do meu

short.

Ó, céus!

— Não me torture assim, eu… — ponderei dizer ser virgem,

mas logo decidi que não. 

Seu sorriso safado se amplificou, mantendo seu olhar no

meu. 

— Olhe pra mim — exigiu quando fechei meus olhos, não

suportando todo aquele tesão me consumindo por dentro. 

— Fred… — tentei pronunciar, porém, fui impedida quando

ele colocou seu dedo indicador sobre meus lábios. 

— Não imagina como te quero, Diane. — Suas palavras me

causaram uma confusão, não sabendo o que realmente pensar. 


Involuntariamente, estiquei minha língua entre os lábios e

lambi seu dedo, fitando-o sensualmente, e ele esboçou uma

expressão safada.

— Eu não sei o que dizer ou… o que estamos fazendo. Não

podemos. — Tentei me afastar, mas a luxúria presente entre nós

dois foi mais forte. 

— Também não faço ideia, mas não sairá daqui sem antes eu

provar o seu gosto e te dar o prazer que tanto queremos. — Molhei

meus lábios, ansiosa e amedrontada. Obviamente ele notou minha

reação mediante sua declaração através dos meus olhos e

adiantou-se, dizendo: — Não vou te foder, se é isso que passou

pela sua cabeça. Ao menos, não hoje. — Soou roucamente e com

ambas as mãos, ele alcançou o zíper na lateral do meu short. O

abriu e, sem precisar falar nada, o ajudei a tirar a peça do meu

corpo, ficando apenas com o blazer e a calcinha. — Hum… gostosa

pra caralho — xingou e beijou meus lábios. Daquela vez, enfiou

seus dedos por baixo dos fios do meu cabelo e puxou. Meu grau de
luxúria se elevou drasticamente e gemi quando sua língua entrou

em minha boca, explorando-a como bem entendesse. 

Senti seu toque se arrastar por minha coxa até chegar à

minha calcinha, e tive sua boca afastada da minha. Ambos

estávamos com dificuldades pra respirar. Naquele momento, tudo

era muito intenso entre nós. 

— Acho melhor não… — Inebriada de prazer, fui incapaz de

completar quando seu olhar, que aparentava estar mais azul do que

costumava ser, se chocou com o meu e depositou uma mordida

suave em uma das minhas bochechas. 

— O que quer, Diane? Fale pra mim — ditou, fitando-me. 

Cogitei fugir, mas já era tarde demais. Minhas pernas

pareciam não funcionar, e desisti de lutar contra o que realmente

queria. 

— Me toque — expus, sedenta por aquilo. 

Ele sorriu de modo sexy e afastou o tecido rendado da minha

calcinha para o lado. Arqueei o meu corpo para trás, mordendo meu
lábio inferior, não escondendo o quanto estava gostando, e seu

olhar recaiu sobre minha boceta meio exposta. Seus dedos cobriram

meu clitóris e fechei os olhos, jogando a cabeça para trás, sentindo

meu corpo todo tremer sob seu toque. 

— Me olhe. — Abri minhas pálpebras quando agarrou minha

garganta com destreza. Minha boceta melou um pouco mais ao

avistar toda a volúpia engessada em seus olhos. Notei seus dedos

deslizarem até minha entrada, contornando sua borda, e os molhou

com meu líquido, voltando até minha carne inchada, incitando-a com

uma calma absurda. 

— Hum… — externei um gemido agudo e agarrei as

aberturas da sua camisa social. 

— Quero que goze na minha mão pra eu poder sentir o

líquido dessa sua boceta gostosa escorrendo entre os meus dedos

— aproximou sua boca da minha e ordenou. 

Antes de iniciar sua tortura, trouxe seus dedos à boca e os

lambeu em minha frente, saboreando o meu gosto. 


— Deliciosa, assim como sua boca — murmurou e o beijei.

Mesmo ainda sendo virgem, não queria dizer que fosse

santa. Já havia tido alguns amassos com outros caras, tanto no

colegial, quanto na faculdade, no entanto, não passou disso.

Sempre tive em minha cabeça que um dia me entregaria

inteiramente ao homem que me aceitasse como sou, além de me

deixar de pernas bambas e, apesar de não ter certeza de muita

coisa, não podia deixar de enxergar o quanto Frederico vinha sendo

um exemplo disso.

Abandonei minhas divagações quando ele aprofundou o

nosso beijo e abri um pouco mais minhas pernas, ansiando pelo

prazer que me daria. Seus dedos logo pressionaram meu clitóris

outra vez, o circundando com mais rapidez do que antes, e

impulsionei minha boceta contra sua mão, totalmente desinibida.

Por mais que tivesse tentado manter meu raciocínio intacto, não

obtive sucesso e minha mente simplesmente deu um giro, deixando-

me completamente em êxtase. 
Enquanto nos beijávamos e seus dedos brincavam com meu

clitóris, um calor desenfreado foi crescendo em meu ventre. Sem

querer que somente eu tivesse aquele momento enlouquecedor e

quente, levei minhas mãos pelo seu peitoral, sentindo-o firme abaixo

da minha palma, e parei ao encontrar o botão da sua calça. Meus

dedos trabalharam com agilidade e, quando dei por mim, puxei o

elástico da sua cueca, envolvendo seu pau enrijecido, grosso e

grande em uma de minhas mãos. 

— Porra! — praguejou, ofegante, ao afastar nossas bocas e

mordeu meu queixo, permanecendo com seus dedos entrelaçados

aos fios do meu cabelo. — Nem vou precisar de muito… — pausou,

chiando em meu ouvido —, só de sentir sua mão na minha rola já foi

de grande estímulo — complementou. — Não demorarei a gozar se

continuar batendo uma pra mim desse jeito. — Seu modo chulo de

falar, me arrepiou por inteira.

— Eu… um calor… — Nem conseguia formular direito. 


— Deixa vir, gostosa. Goza pra mim, quero tomar cada gota

do seu mel. — Suas palavras exerciam um poder absurdo sobre

mim, despertando emoções das quais nunca havia experimentado

com tanta fervorosidade. 

Engoli minha saliva com dificuldade, o estimulando com

maior rapidez enquanto fazia o mesmo comigo e passei o dedo pela

cabeça do seu pau, sentindo seu líquido pré-ejaculatório

escorrendo. Passei a língua entre meus lábios, pensando no quanto

seria gostoso chupá-lo, mas uma onda gigantesca de prazer me

assolou e gritei ao finalmente gozar. Não demorou até ele também

explodir entre meus dedos, respingando em minhas coxas, e

descansou sua cabeça na curva do meu pescoço. 

Permanecemos assim por algum tempo, até escutá-lo falando

baixinho: 

— Provavelmente me arrependerei disso. — Foi o suficiente

pra minha mente estalar, fazendo-me piscar algumas vezes, e me

dei conta do que tínhamos realmente feito. 


Não o culpava por nada disso, afinal, também me deixei levar

pelo calor do momento. Ciente disso, empurrei seus ombros,

afastando-o. 

— Isso… não devia ter acontecido — expressei, confusa, e

desci da bancada, mesmo ainda melada pelo seu gozo. 

Apanhei meu short e sandálias, saindo do ambiente o mais

rápido que consegui, e fui me limpando no caminho, sem me

importar em me cobrir, afinal, estávamos sozinhos.

— Diane! — Mesmo sabendo que eu também tinha culpa em

toda aquela burrice que acabou de acontecer entre nós, cessei

meus passos e me virei, encontrando-o fechando suas calças. 

— Só pra constar… pare de se meter na minha vida. Não sou

sua! Nem sequer somos algo um do outro. Enfim, espero que tenha

entendido! — exclamei com convicção, deparando-me com sua

expressão perplexa, e lhe dei as costas. 

— Volta aqui, vamos conversar — insinuou. 


Não parei, pelo contrário, subi as escadas a cada dois

degraus até chegar ao meu quarto e recostei contra a porta ao

entrar e trancá-la. Meu coração batia forte no peito e puxei o ar com

força a fim de oxigenar meus pulmões. Fechei os olhos enquanto

soltei o ar lentamente e imagens do que fizemos minutos atrás

invadiram a minha mente. 

Os abri em seguida, reparando em minha mão e detectei

estar melada pelo seu gozo também. Caminhei até minha cama e

joguei meus saltos no canto. Com o short, me limpei direito,

descartando-o no minuto seguinte. 

Tirei minha calcinha e o blazer, pegando uma toalha no

armário e, após me enrolar nela, sentei-me na cama a fim de

aguardar que ele fosse dormir. Só então iria para o banheiro pra

tomar um banho, de preferência, bem gelado pra aplacar todo o

calor descomunal que ainda sentia queimando-me internamente.

Mais cenas do que fizemos invadiram minha cabeça e olhei para o


teto, me condenando mentalmente por ser fraca e deixado que ele

me desse prazer daquele jeito. 

Meu clitóris ainda pulsava fortemente, mesmo depois de ter

gozado maravilhosamente com seus dedos me masturbando.

Céus! Eu ia enlouquecer desse jeito. 

Na verdade, eu nem tinha que estar me importando com o

fato de ter permitido que chegássemos tão longe, mas não

adiantava fingir que não. Minha estadia aqui ainda era recente, um

pouco mais de uma semana, e ainda não havia entendido, de fato,

toda aquela aura de luxúria que nos rondava sempre que estávamos

perto um do outro. Poderia considerar ser apenas um homem e uma

mulher querendo saciar seus desejos carnais, nada mais que isso,

entretanto, apesar da minha inexperiência sexual, não era tão

ingênua a ponto de não notar estar começando a gostar dele. 

Não deveria, no entanto, aconteceu e sabia que o meu dever

era sufocar isso dentro de mim a qualquer custo.

Independentemente de ele ter conhecimento do que me despertava,


não estava disposta a colocar o meu coração em uma bandeja. Nem

sei por que continuava pensando nisso, afinal, Frederico não era

ninguém que quisesse relacionamento sério, ou seja, mais um

motivo pra não me iludir fácil. 

Me olhei uma última vez no espelho e juntei meus cabelos,

amarrando-os em um coque. 

A noite havia sido uma tortura pra pegar no sono. Após me

sentar em minha cama, Frederico bateu na minha porta, chamando

pelo meu nome e praticamente implorando pra conversarmos.

Fiquei silenciosa até que desistisse e fosse embora, algo que

aconteceu longos minutos depois. 


Quando senti segurança o suficiente de que não o

encontraria em meio ao corredor, abandonei meu quarto e tomei um

banho que trouxe o relaxamento necessário para o meu corpo e

mente. Agradeci aos céus quando retornei e novamente não o vi.

Deitei-me sobre o colchão e fiquei horas repassando em minha

mente os motivos de não poder me deixar levar pelo seu beijo

inesquecível e enlouquecedor, muito menos pelo seu toque

prazeroso. 

Foco, Diane! Foco! 

Meu subconsciente me fez voltar à realidade e, então, saí dos

meus aposentos. Não fazia a menor ideia de como o encararia ao

descer aquelas escadas, mas faria o possível pra não demonstrar

abalo nenhum em sua presença. Assim eu esperava. 


 

FREDERICO MOTTA 

Porra! O que eu fiz?

Havia acabado de me deitar quando tais palavras ressoaram

em minha mente. 

Soltei uma baforada de ar ao me condenar mentalmente por

permitir que Diane ouvisse aquela frase sendo dita por mim. Não

devia ter deixado que escapasse da minha boca, mas inerte ainda
pela vibração do gozo intenso que havia acabado de ter, quando

previ, já havia proferido e era tarde demais. Isso a fez se apressar

em sair de perto de mim, como se eu tivesse me tornado algum tipo

de praga. 

Quando me empurrou, descendo do mármore, e pegou suas

coisas, me dei conta da grande besteira que havia cometido.

Momentaneamente, fiquei sem saber o que fazer pra pará-la e me

ouvir, só que nada me veio na cabeça. A única certeza que me

assolou naquele minuto foi saber que o único responsável por sua

atitude era eu, a culpa era exclusivamente minha. 

E, então, sua última declaração veio forte em minha

memória: 

“— Só pra constar… pare de se meter na minha vida. Não

sou sua! Nem sequer somos algo um do outro. Enfim, espero que

tenha entendido”.

Eu nunca lidei com mulher nenhuma daquele jeito, e Diane

parecia ser muito mais que uma simples jovem que eu vinha
abrigando há um pouco mais de uma semana. Pode parecer

loucura, porém, era a mais pura verdade. E ouvi-la falar aquilo

apenas serviu pra aflorar ainda mais o meu lado insano e

possessivo, pois a desejava muito mais do que quis alguma outra

mulher em toda a minha vida; muitas passaram pela minha cama,

só que nenhuma outra obteve o poder de me causar este mesmo

sentimento.

Apenas ela.

Após espantar minhas divagações e me recompor, senti

minhas emoções carnais mais contidas e coloquei em minha cabeça

que tínhamos que esclarecer aquele mal-entendido, tanto que me

dirigi até o quarto dela após o ocorrido. Bati em sua porta e chamei

seu nome diversas vezes, e fui surpreendido ao ter o seu silêncio

como resposta. Sabia que tinha feito besteira, mesmo assim, não

imaginei que ela fosse ser tão dura a ponto de não querer olhar na

minha cara. 
Sendo assim, resolvi retornar para o meu quarto e não a

importunar mais. Amanhã seria um novo dia e acreditava que,

depois de dormir e matutar um pouco sobre o que aconteceu de fato

entre nós naquela cozinha, ela finalmente me ouviria. Convicto

sobre aquilo, me ajustei sobre o colchão a fim de dormir e, para o

meu grande azar, meu cérebro simplesmente não quis se desligar. 

Minha noite não poderia ter sido pior, sendo uma verdadeira

tortura, pois não peguei no sono de jeito nenhum. Mesmo depois de

um banho bem gelado que me trouxe certo acalento, não foi o

suficiente, visto o meu corpo ter continuado dando sinais de anseio

pelo dela, deixando-me duro novamente. Fui obrigado a entrar

debaixo de outra ducha fria e bater uma punheta prazerosa

pensando no gosto do mel da sua boceta, que ainda se encontrava

bem evidente em meu paladar. 

Não faço ideia de quantas vezes me xinguei mentalmente por

ter agido daquele modo com ela. Por fim, abandonei o banheiro e

voltei a me deitar, tentando dormir a todo custo, o que não ocorreu,


infelizmente. As horas se arrastaram e um sentimento de frustração

me preencheu por dentro. 

Rolei de um lado ao outro na cama. Ainda estava escuro

quando decidi colocar um calção com uma blusa regata e tênis nos

pés, abandonando meu quarto em poucos minutos. Desci as

escadas, passando pela cozinha e, após tomar meu suplemento

vitamínico, apanhei minha garrafinha de água e segui diretamente

pra academia. 

Treinar me fazia esquecer os problemas, mesmo que fosse

momentaneamente, e serviria também pra amenizar minha

indignação comigo mesmo. 

 
Um pouco mais de uma hora tinha se passado quando decidi

encerrar meu treino. Tirei a camiseta que pingava de tão molhada

de suor e terminei de beber minha água, saindo do ambiente. Subi

as escadas em direção ao meu quarto e parei na porta, olhando

para a porta em que Diane estava. 

Dei um passo à frente, tentado a ir até lá, só que me obriguei

a parar. Entrei de uma vez no meu, tirando o restante da minha

roupa, e segui para o banheiro. Minutos mais tarde, acabei de me

arrumar e escutei meu celular tocando. 

Deixei o closet e o peguei em cima da mesinha de cabeceira.

Avistei o nome da minha mãe espelhado na tela e sorri com

saudades. Estranhei que estivesse me ligando tão cedo e atendi:

— Oi, mãe! Como está a viagem? — a cumprimentei e andei

até as amplas paredes de vidro do meu quarto, abrindo as cortinas. 

O dia estava muito bonito e ensolarado. 

— Oi, querido! Te acordei? — respondeu com sua voz doce e

serena. 
— Não. Acordei cedo — mencionei, descansando uma de

minhas mãos no bolso dianteiro da bermuda jeans que usava,

mantendo meus olhos fora da ampla parede de vidro.

— Mas é domingo, dia oficial do descanso. Não tem motivos

para despertar tão cedo, hum? Não me diga que anda trabalhando

tanto a ponto de não querer tirar ao menos uma folga — reclamou, e

sorri. — Por isso vivo pegando no seu pé pra arrumar uma mulher,

só assim deixará de ser um velhote workaholic — complementou,

repreensiva.

Sempre repeli que meus pais me intitulassem daquela forma,

mas, depois que Diane surgiu nessa casa, tendo a audácia de

também me chamar daquele modo, já não me importava tanto

quanto antes. Através dela, essa palavra parecia ter ganhado outro

significado, e admito que gostava. Enfim, apesar de me irritar toda

aquela insistência deles, não podia ser hipócrita em dizer que não

estava com saudades.

Eu os amava muito e verdadeiramente faziam falta. 


— Não exagere, mãe. Estou bem, não se preocupe. Não tem

nada a ver com isso — comentei entre risos sutis e balancei a

cabeça em negativo, mesmo que não pudessem me ver.

Eles mal podiam imaginar o motivo pelo qual nem sequer

fechei os olhos essa noite. Nas vezes que nos falamos depois da

chegada de Diane, não me atrevi a revelar que havia abrigado uma

mulher em minha casa, muito menos sendo tão mais jovem. Sabia

que logo estariam de volta e que a conheceriam de qualquer jeito,

mesmo assim, optei falar disso quando retornassem. 

Meus pais eram supertranquilos, o único problema de ter

omitido esse fato se dava pelo falatório que isso geraria entre eles e,

consequentemente, começariam a insinuar coisas que me irritariam

o suficiente pra brigarmos, algo que não desejava. Também fiz

minha irmã prometer que não contaria nada, além de dar um jeito de

fazer que minha sobrinha não os fofocasse, o que agradeci. Até o

momento, pareciam não saber disso, afinal, não mencionaram nada

comigo. 
— Hum… e teve a ver com o quê? — desconfiou. 

Claro que ela desconfiaria. Não seria minha mãe se não o

fizesse. 

— Já disse que estou bem, fique tranquila — fiz rodeios,

querendo encerrar aquele tópico. 

— Tudo bem. Então, temos novidades. — Soou eufórica, e

não entendi o porquê.

— E quais são? — inquiri, ansioso por sua resposta. 

— Chegamos de viagem! — Ela e meu pai exclamaram

simultaneamente. 

Sorri, contente por terem finalmente voltado, mas, quando

pensei em me pronunciar a respeito, ela complementou: 

— E estamos a caminho da sua casa. Almoçaremos com

nosso querido filho depois desse tempo viajando. — Por um

instante, as palavras fugiram da minha mente e fiquei mudo por

alguns segundos. 

Que caralho! 
Definitivamente, não tinha me preparado pra isso. Pensei que

demorariam mais. 

— Querido? Alô? — interrogou, estranhando eu ter ficado

calado em meio a linha. 

— Estou aqui. Bem… mãe, estou muito feliz que tenham

retornado e muito ansioso pra vê-los. Entretanto, não seria mais

vantajoso irem pra casa descansar? A viagem foi desgastante e

acredito… 

Não tive tempo pra concluir, pois foi a vez do meu pai se

impor, me interrompendo.

— Nada disso, filho! Tem razão em dizer que a viagem foi

longa, só que descansamos o suficiente enquanto dormimos no

avião — esclareceu, acabando com minha oportunidade de fazê-los

mudar de ideia e não virem pra cá. 

Mais uma vez me xinguei internamente por não ter preparado

Diane pra esse momento. Ela tinha que saber que meus pais

chegavam a ser desagradáveis com esse tópico de quererem me


ver casado e dar-lhes alguns netos. Infelizmente, não parei pra

ponderar informá-la sobre isso e agora, ao que tudo indicava, não

tinha mais tempo. 

— Mesmo assim, penso que… 

Mais uma vez não me deixaram terminar. 

— Tem algum problema irmos pra sua casa, querido? Parece

que está tentando nos fazer mudar de ideia ou entendi errado? —

suspeitou. 

— Não tenho motivo algum pra isso, mãe. Já estou ansioso

pra vê-los. — Tentei passar veracidade através do meu timbre de

voz. 

— Que bom. Dentro de poucos minutos, estaremos por aí. —

Levei minha mão até o rosto e o esfreguei em derrota. 

Isso não podia tá acontecendo!

Logo hoje que pensei que teria tempo pra tentar conversar

com a Diane sobre o que aconteceu ontem. Porra!


— Ok. Estou aguardando — foi a única coisa que me restou

dizer. 

Logo nos despedimos e finalizei a chamada. 

Teria que pedir a Mônica que fizesse algumas horas extras

hoje, sorte que ela estava em casa. 

— Como vai, querido? — dona Glória me saudou, assim que

abri a porta. 

— Vou bem, mãe. — Sorri e ela apertou minha bochecha,

como se ainda fosse uma criança. — Mãe! — reclamei. 

— Não seja dramático, Fred! Independentemente de ter seus

quarenta anos, nunca deixará de ser nosso caçula. — Revirei os

olhos para o seu comentário. 


— Tenho trinta e oito anos, não quarenta! — ressaltei. 

— Bom, não faz muita diferença — desdenhou, dando dois

tapinhas no meu ombro.

Passou por mim, entrando na casa, e deixei aquilo de lado,

me concentrando em cumprimentar meu pai, Antenor. 

— Não ligue pra sua mãe, sabe como ela é — pontuou, e

rimos, dando um abraço rápido. 

— Parem de falar de mim, estou ouvindo tudo — ditou, e

sorrimos veladamente.

— Sejam bem-vindos de volta! Mônica está na cozinha,

terminando de preparar o café da manhã. Pedi a ela pra vir depois

que informaram estar a caminho. Me pegaram totalmente

desprevenido — externei. 

— Mônica é um anjo nessa casa, mas queria mesmo era

chegar aqui algum dia e receber a notícia de que finalmente meu

filho está amando alguém e, melhor ainda, que vai se casar —


fantasiou. — Seria maravilhoso tomar café da manhã com você e

sua amada. — Me encarou, sorridente.

— Pare com isso, mãe! — Bufei, não querendo entrar mais

uma vez naquela pauta.

— Devo concordar com sua mãe, filho. — Foi a vez do meu

pai encher minha paciência. 

Lancei a ele um olhar desgostoso, arrancando-lhe um sorriso

divertido. 

— É incrível como não param de falar nisso — reclamei,

visivelmente desconfortável.

— A esperança é a última que morre, querido. Lembre-se

sempre disso — reiterou, e me esforcei pra não revirar os olhos,

afinal, minha mãe me esganaria ali mesmo.

— Estou percebendo — enfatizei. — E por que resolveram

retornar assim? — inquiri.

— Já tínhamos avisado que chegaríamos há algumas

semanas, só que decidimos aproveitar um pouco mais a viagem.


Entretanto, Carolina está prestes a ganhar bebê e nos avisou que

não andou se sentindo muito bem durante a semana. Então

resolvemos vir logo, já que nosso segundo neto chegará a qualquer

instante. — Deu para notar a felicidade exacerbada em meio ao seu

tom. 

— É verdade. Nem estava me lembrando. Essa semana foi

bastante atarefada e nem sequer liguei para saber como ela se

sentia — confessei. 

— Ah, ela sabe disso, querido, não se martirize por isso.

Carolina está sendo bem cuidada pelo Diego e os funcionários da

casa, mas sendo mãe, não deixamos de nos preocupar

assustadoramente, independentemente da idade que nossos filhos

tenham — me tranquilizou. 

— Posso imaginar — exprimi. 

— O bom é que logo conheceremos o novo integrante da

família. Um netinho pra gente amar igualmente como amamos a

Alice. Lembro-me como se fosse hoje da emoção que senti quando


a pegamos nos braços, concorda, meu amor? — Direcionou-se ao

meu pai. 

— Claro que sim! Nunca me esquecerei. — Soou nostálgico. 

— É, foi uma sensação única — me recordei e sorri.

— Só falta o cabeça dura do Frederico nos dar ao menos um

também. 

Estava demorando voltar àquele assunto. 

— Melhor irmos andando até a sala de jantar, Mônica já deve

ter servido a mesa. Vamos? — chamei, mudando de assunto e

evitando comentar o que disseram. 

Era desnecessário, afinal, nunca entenderiam. 

Como estavam sem nenhuma mala, pois já haviam

despachado com o motorista que os deixou aqui, seguindo viagem

pra sua residência deles, caminhamos para a sala de estar. Mônica

terminava de colocar a mesa quando entramos. Dona Glória e ela

se abraçaram carinhosamente, pois se consideravam muito, até por

todos os anos que vinha trabalhando pra mim. 


— Fred te importunando logo num domingo, não é mesmo?

— começou.

— Que isso! Não tinha nada de útil pra fazer mesmo. Foi até

bom vir, assim aproveitei para vê-los também. Ficaram meses

viajando, deve ter sido ótimo, a senhora até voltou mais bronzeada

— observou, e as duas riram.

— Ficamos três meses viajando por lugares lindos. Foi

magnífico! — explanou.

— Verdade. Se soubesse, teria me aposentado antes da

cadeira da presidência da empresa — meu pai pronunciou, e rimos.

— Com certeza. Pra minha felicidade ficar completa, só faltou

chegar aqui depois de tudo isso e encontrar o Frederico com uma

namorada ou noiva. — Mais uma vez a porra daquele assunto. Já

estava me dando nos nervos.

Naquela altura, ainda não tínhamos nos sentado e sugeri que

o fizessem. Então me ocupei em tomar meu café, não dando muita


atenção para o que falava ou acabaríamos nos desentendendo, o

que não seria nada bom, visto terem acabado de chegar de viagem. 

— Vou com a Mônica até a cozinha — dona Glória informou

após deixar sua bolsa sobre uma das cadeiras à mesa. e

meneamos a cabeça em positivo, assistindo às duas saíram

conversando.

— Como vão os negócios, filho? Tudo em ordem? — senhor

Antenor me questionou ao se servir também. 

— Vão bem. As melhorias na Divertium foram feitas e o local

ficou ótimo — salientei. 

— Isso é bom — bebeu do seu café —, não sei se o Diego

informou, mas logo terá uma reunião com todos os acionistas na

empresa — comunicou, referindo-se à Construtora Motta, que eu

detinha metade das ações. 

— Não chegou a falar — desconheci. 

— Ele falará em breve, então. 

Balancei a cabeça em concordância. 


— E a viagem, voltará a planejar outras? — especulei. 

Ao todo, eles haviam ficado um pouco mais de três meses

viajando e, desde que me entendo por gente, nunca ficaram tanto

tempo longe da gente. Eles mereceram demais esse descanso,

apenas os dois, se curtindo e se amando como queriam, melhor

ainda, sem nenhuma preocupação, a não ser com o netinho que

logo viria ao mundo.

— A viagem nos serviu pra nos aproximar ainda mais como

casal e admito que, quando sua mãe me apresentou seu

planejamento pra isso, não concordei de imediato, porque achei

uma loucura ficar tantos meses nisso. O bom que ela insistiu e

concordei, agora, reconheço ter sido a melhor escolha que fiz. —

Notei seus olhos brilhando enquanto falava dela e, por uma

pequena fração de segundos, senti uma inveja do amor que nutriam

pelo outro.

Aquilo nunca tinha me acontecido antes e sacudi minha

cabeça no mesmo instante, imaginando estar louco, pois só isso


explicaria.

De repente, nossas atenções se voltaram para a porta

quando Diane a atravessou e, antes mesmo de nos saudar, foi

interpelada pela voz de dona Glória, que entrou logo atrás, parando

em sua frente: 

— Estava ansiosa pra conhecê-la. Sou a Glória Motta, mãe

do Frederico, e você deve ser a Diane, certo? — externou,

simpática.

Franzi o cenho, não entendendo o modo como falou com ela. 

Ansiosa pra conhecê-la? Isso queria dizer que… Alice! Só

podia ter sido ela que contou a eles. 

Como pensei que não falaria? Porra!


 

DIANE CASTRO 

Ao descer as escadas, me deparei com vozes vindo da sala

de jantar. Uma delas reconheci ser a do Frederico e outra não fazia

ideia. Imaginei que ele estivesse com alguma visita de mais um

amigo, o que de certo modo agradeci, logo, não teríamos tempo pra

falarmos sobre o que aconteceu entre nós nessa madrugada, afinal,

chegamos por volta de uma da manhã. 


Mesmo incerta de como seria encará-lo depois do que

fizemos, inspirei o ar profundamente ao parar em meio ao hall e

trilhei até o ambiente. Assim que passei pela porta, seus olhos se

encontraram com os meus. Desviei minha atenção rapidamente

para o homem sentado de frente pra ele, no lado oposto da mesa,

notando semelhança entre os dois.

Quando movi meus lábios, pronta pra cumprimentá-los, fui

impedida ao ouvir uma voz desconhecida por trás de mim, que logo

se pôs em minha frente, encarando-me com certa ternura e

incredulidade. 

— Estava ansiosa pra conhecê-la. Sou a Glória Motta, mãe

do Frederico, e você deve ser a Diane, certo? — Soou

extremamente doce e gentil. 

Sou mãe do Frederico.

Meu coração acelerou no peito ao ouvir aquelas palavras.

Admito ter ficado momentaneamente paralisada, mas logo a ofereci

um sorriso cordial. Não imaginava que os conheceria dessa forma.


— Ah, bom dia! — saudei, ainda supressa. — Sim, sou

Diane. Muito prazer, senhora Glória — completei, meio sem jeito e,

sem que eu esperasse, ela me puxou pra um abraço carinhoso e

rápido. 

— Não precisa me tratar com tanta formalidade, hum? Pode

me chamar apenas de Glória — ditou ao nos desvencilharmos. 

— Tudo bem. — Sorri, observando seus traços. Ela era um

pouco mais baixa que eu, olhos e cabelos castanhos, pele

levemente bronzeada, além de aparentar ser muito carismática.

Abandonei minha inspeção e questionei: — Disse estar ansiosa pra

me conhecer? — Acreditei que seu filho poderia ter falado de mim e

certa chama de esperança cresceu em meu íntimo, afinal, ficaria

bastante perplexa se ele o tivesse feito, sinal que pensava em mim

não só como uma jovem que desejava, mas também especial.

Meus olhos foram até os do Frederico, que denotavam um

pedido de desculpa silencioso, e consegui manter meu semblante


impassível, não entendendo, naquele momento, o que aquilo

significava. Voltei a olhar sua mãe quando me respondeu: 

— Claro, querida! Alice me contou que veio até aqui e se

conheceram. — Sua declaração foi o suficiente pra me desiludir.

Como cheguei a cogitar que Frederico tivesse falado de mim

pra ela? Que burra, Diane!

Pisquei, ouvindo-a continuar:

— Chegou a comentar que fizeram bolo juntas, só faltava

você e o meu filho namorarem logo, pois gostou muito de passar o

dia aqui em sua companhia. Além disso, nos informou que, se fosse

embora, não teria mais tanta graça vir ficar aqui o dia todo —

confidenciou. 

Sorri por ter me esquecido do quão esperta ela era, só que,

infelizmente, ela não fazia noção do que estava dizendo. Frederico

não se relacionava seriamente e muito menos desejava isso pra si,

algo que eu queria muito. Portanto, nem poderia chegar a cogitar


esse tipo de coisa, seria apenas uma ilusão desnecessária para

minha desastrosa vida sentimental. 

— Inacreditável! — Frederico reclamou e o vi balançar a

cabeça em negativo. — Não basta ser uma fofoqueira mirim,

também tem que se bandear. — Foi impossível não rirmos ao

escutar seu descontentamento.

— A Alice é uma menina muito doce e esperta — elogiei a

garotinha que tinha ganhado meu coração naquele dia.

— Concordo plenamente. Vamos nos sentar. Assim,

podemos conversar um pouco mais. — Assenti em meio ao seu

convite. — Esse é meu marido, Antenor — nos apresentou quando

me aproximei da mesa. 

— Muito prazer, Diane — disse ao se levantar e demos um

aperto de mão. 

— O prazer é meu em conhecê-los. — Fui sincera. 

Eles pareciam tão amorosos que me fez lembrar do meu pai.

Logo me acomodei na cadeira ao lado do Frederico, evitando deixar


que tais lembranças de nós dois, tomassem a minha mente. 

— Bom dia! — ele, então, soprou a uma distância

considerável do meu ouvido. 

Sorri, colocando minha armadura de indiferença, e o

respondi. Sua testa enrugou-se no mesmo instante, até sua mãe se

pronunciar:

— Não chame minha neta de fofoqueira mirim, afinal, ela

nada disse de mais. Aliás, quem deveria ter nos contado que estava

abrigando uma jovem em sua casa era você mesmo — defendeu a

Alice, o acusando em seguida. 

Quando notei o semblante dele irritado, mesmo que ele não

merecesse, me adiantei: 

— Na verdade, fui eu que pedi pra ele não falar nada. — O

olhei em seguida, encontrando-o surpreso por estar mentindo para

protegê-lo, mesmo que não precisasse disso vindo de mim, só que

havia sentido a necessidade de fazer isso e nem pensei muito. —

Ainda estou me acostumando com a ideia de estar morando de


favor nessa casa e o Frederico foi muito gentil ao me aceitar aqui.

Então pedi que não compartilhasse com vocês. Sei que não tem

nada a ver, no entanto, tenho meus receios e inseguranças —

menti. 

— Oh, não fazia ideia. Desculpe por tê-lo acusado dessa

forma, filho — Glória dirigiu seu olhar a ele. 

— Tudo bem. — Seu timbre soou tranquilo. 

— Fui indelicada, poderia ter perguntado antes, enfim, eu te

entendo — falou, olhando pra mim. 

Comprimi meus lábios genuinamente. 

— Não se preocupe. Acho melhor tomarmos o café — sugeri,

e todos assentiram. 

Me servi com uma boa quantidade do líquido preto e

flamejante, elogiando o quanto Mônica era boa em tudo que fazia, e

dona Glória a enalteceu ainda mais. Também comentou sobre os

anos que trabalhava para o seu filho e o quanto era grata por ela

cuidar dele com tanto carinho. Logo voltou a falar: 


— Estar em uma cidade e morando com alguém que mal

conhece não deve ser fácil. Foi corajoso da sua parte vir de tão

longe pra cá e admiro isso — reconheceu. 

— Obrigada! Realmente, não tem sido nada fácil — falei mais

pra mim do que pra ela.

Estar atraída pelo seu filho é o pior de tudo.

As palavras dançaram em minha mente e as repeli

rapidamente. 

— Compreendo perfeitamente. Bem, sei que é um assunto

delicado, mas não posso deixar de dizer que sentimos muito ao

saber da perda do seu pai. Ele era um bom homem e exemplo de

advogado; ensinou muito ao Fred — explanou, solidária. 

— É, eu sei. — Esboçou um sorriso ameno. — Obrigada pela

condolência — completei, e ela sorriu ternamente enquanto fazia

seu desjejum. 

Bebi um pouco do meu café e peguei uma panqueca sobre a

mesa. Automaticamente, lembranças do dia que Frederico preparou


algumas pra nós dois invadiram minha cabeça. Fui obrigada a sair

do meu torpor ao escutar sua mãe: 

— E agora, o que planeja fazer? Estou curiosa quanto aos

planos que traçou para sua vida nessa nova cidade — especulou. 

Estava gostando do modo atencioso com o qual ela estava

me tratando. 

Horas mais tarde, após o almoço, dona Glória e o senhor

Antenor resolveram ir embora. Assim que entraram no carro do

motorista que veio buscá-los, eu e Frederico acenamos em

despedida. Girei sobre minhas sandálias depois que o automóvel

atravessou os portões, sumindo do nosso campo de visão, e entrei

na casa, pronta pra ficar o mais distante possível do Frederico. 


Tive meu pulso agarrado no minuto seguinte, fazendo com

que me voltasse em sua direção e quase batesse contra o seu

peitoral, pois os espalmei, sentindo a dureza dos seus músculos sob

meu toque. 

— Será que pode parar de me evitar? — Sua pergunta saiu

mais como uma súplica. 

— Por que eu te evitaria? Não vejo motivos pra isso —

neguei descaradamente. 

Ele sorriu, deixando-me desconcertada quando observei seus

dentes brancos e bem alinhados expostos. Seu braço enlaçou a

minha cintura com firmeza, e fechei meus olhos quando trouxe uma

mão ao meu rosto. Seu polegar fez círculos em minha bochecha e,

assim que me dei conta do quão fraca estava sendo só de estar em

sua presença, dei um passo atrás, saindo dos seus braços. 

— Bom, já que é o que diz, fingirei que acredito. — Cruzou os

braços em frente ao corpo, me olhando com certa ironia. 


— Que seja. Vou pro meu quarto. — Ia saindo, no entanto,

parei para ouvir o que proferiu a seguir: 

— Obrigado por ter me defendido. Não esperava que… —

Não deixei que terminasse de falar. 

— Não precisa agradecer. Fiz pelos seus pais — Ele riu,

duvidoso. 

— Nem ao menos os conhecia, como assim? — interrogou. 

— Exatamente. Os conheci hoje, mesmo assim, deu pra ver o

quanto são bons e como identifiquei que você explodiria com eles

por conta do comentário da sua mãe, assim como fez na piscina

com seus amigos ontem, pela manhã, resolvi intervir. Seus pais não

mereciam isso logo no primeiro dia ao retornarem de viagem e virem

aqui te ver — esclareci. 

— Eles não vieram por mim, mas pra conhecerem você,

porque estavam curiosos — me corrigiu. 

— Mesmo assim, são seus pais e merecem ser tratados da

melhor forma possível. Enfim, eu perdi o meu e daria tudo que fosse
preciso pra tê-lo de volta. — Juntei meus lábios em linha reta. 

— Verdade — anuiu. — Sobre ontem à noite… 

Mais uma vez o impedi de prosseguir. 

— O que tem ontem à noite? — Fingi neutralidade. 

Seus olhos me analisaram seriamente. 

— Vai fingir que nada aconteceu entre nós dois? —

questionou. 

— Não — meneei a cabeça em negativo —, lembro bem que

chegamos, trocamos alguns beijos, nos demos prazer e depois fui

para o meu quarto, simples assim. Ou me esqueci de algo? —

ponderei, pensativa. 

— Então será assim? — Minha vontade era de rir por conta

da sua expressão de indignação, entretanto, mantive minha pose,

indiferente. 

— Não estou te entendendo. Você mesmo disse que se

arrependeria…
Pausei ao me ver dentro dos seus braços outra vez quando

ele envolveu minha cintura com uma de suas mãos, levando a outra

até a minha nuca, segurando-a com firmeza, e me beijou. Não tive

reação, apenas aproveitei a quentura dos seus lábios nos meus e,

quando sua língua pediu passagem, permiti que fizesse o que bem

entendesse. Envolvi minhas mãos em seu pescoço e ele aprofundou

o beijo, daquela vez, passou da minha nuca, chegando a minha

garganta, agarrando-a com força. 

Um gemido escapou por entre meus lábios, o que me fez

recobrar meu juízo, e espalmei seu peitoral ao arranjar forças o

suficiente pra me distanciar dele.  Meu coração batia acelerado e o

meu clitóris pulsava de desejo. Minha calcinha já tinha molhado só

com aquele beijo.

Ó, céus! Como seguiria continuar resistindo desse jeito?

— Pode fingir que não se importa, ou que o que tivemos

ontem não passou de um mero acontecimento, mas seu corpo

sempre te denunciará e, nesse momento, ele me deu exatamente a


resposta que precisava. Você me deseja, assim como te quero

fervorosamente — proferiu roucamente em meu ouvido. 

— Fantasie o quanto quiser — dei de ombros e me virei de

costas —, aceite que não te desejo e ponto-final — finalizei, subindo

as escadas em direção ao meu quarto. 

Óbvio que era uma mentira, e a mais deslavada possível.

Havia passado o restante da tarde lendo no meu kindle,

dentro do meu quarto, evitando ir para fora e encontrar o Frederico.

Por fim, em torno das dezoito horas, sentia-me farta de ficar presa e,

então, deixei o aparelho de lado, saindo da minha cama, e dei de

cara com ele ao abrir a porta. Seu perfume adentrou minhas

narinas, se impregnando no meu cérebro, e não tive como mentir


para mim mesma que estava muito lindo naquele conjunto de

camisa social branca com as mangas dobrada até os cotovelos,

calça jeans preta e sapato social nos pés. 

— Perdeu a fala, ninfeta atrevida? — me provocou. 

Pisquei, recuperando meu raciocínio. 

— Não se ache tanto, velhote! — alfinetei, e ele riu. 

— Põe uma roupa. Vamos sair — ditou, sem rodeios. 

— Vamos? Não me lembro de ter aceitado ir a algum lugar

com você — exprimi. 

— Gostaria muito de fazê-la entender que não se deve

brincar com homens como eu, só que, infelizmente, não tenho muito

tempo. — Olhou em seu relógio de pulso e sorriu de lado. 

— E aonde vai? — Por mais que quisesse negar, minha

curiosidade abateu. 

— Carolina entrou em trabalho de parto e já foi internada no

hospital. Vamos conhecer o novo integrante da família. — Seus

olhos pareciam brilhar de tanta empolgação. 


— Ó, céus! Que incrível! — exclamei, feliz por sua irmã e

família. — Deve ser maravilhoso ter sobrinhos — comentei, sabendo

que nunca experimentaria aquela sensação, visto não ter irmãos, só

me restava sonhar ser mãe um dia. 

A minha não teve a oportunidade de ser presente na minha

vida, mas, quando eu finalmente tivesse um bebê, faria de tudo pra

sempre estar ao seu lado sempre. 

— É uma sensação indescritível — disse. 

— Imagino — murmurei. 

— E, então, vamos? — insistiu. 

Fiz uma careta. 

— Eu não tive a chance de conhecer sua irmã ainda e nem

ao menos sou da família. Acredito que seja melhor ficar por aqui. É

um momento especial pra vocês — tentei recusar. 

— Está morando nessa casa, então, já se considere da

família. Meus pais gostaram de você e foram eles mesmos que

sugeriram te levar. — Umedeci meus lábios, vendo seu olhar


extremamente azul acompanhar meu ato e meu coração bateu

rápido no peito. — Ah, não ser que queira que eu fique pra… —

Soou malicioso, e dei um passo pra trás. 

Frederico parou de falar e riu, divertido. 

— Engraçadinho! — refutei. — Se seus pais sugeriram me

levar, irei. Vestirei algo bem rápido — avisei. 

— Ok. Te esperarei lá embaixo. — Piscou maroto e saiu. 

Fechei a porta em seguida e apressei meus passos, indo até

o guarda-roupa. Precisava escolher algo e me aprontar logo. 

 
 

FREDERICO MOTTA 

ALGUNS DIAS DEPOIS… 

Era noite de quinta-feira e acabei de deitar na minha cama

em meu apartamento em Porto Primavera. Não demorou até minha

mente ser tomada por lembranças da noite de domingo, quando

Diane foi comigo até o hospital ver a minha irmã. Ao chegarmos,

ficamos na sala de espera, aguardando até que uma enfermeira


chegou até nós, avisando que já poderíamos ir ver minha irmã e

supôs sermos um casal. 

Se fosse há um pouco mais de duas semanas, com certeza

eu teria negado na hora. Para a minha surpresa, quando Diane

abriu a boca pra dizer que ela estava enganada, apenas segurei em

sua mão e a levei pelo corredor que a enfermeira nos disse que nos

levaria até o quarto que minha irmã se encontrava. 

— Deveria ter me deixado dizer que não éramos um casal.

Ela parecia te olhar com interesse — não evitou comentar ao

pararmos diante da porta. 

— Há coisas que não precisamos explicar pra ninguém.

Deixem pensar no que quiser. Quanto à enfermeira estar ou não

interessada em mim, não me importo — esclareci. 

Fui analisado por seus olhos desconfiados, por fim, entramos

no quarto e foi emocionante quando coloquei meus olhos naquele

pedaço de gente. Ele se chamava Gael e minha irmã o amamentava


naquele instante. Apresentei Diane e, após se cumprimentarem,

aguardamos ela terminar de amamentá-lo e o peguei no colo. 

O papariquei por algum tempo, até perguntar se Diane queria

segurá-lo. A princípio, se recusou, pois afirmou não saber se o

comportaria direito em seus braços. Insisti, falando que a ensinaria,

então concordou e o passei pra ela. 

Depois de instruí-la e pegar o jeito, a assisti conversar e

passear com ele nos braços. Minha irmã aproveitou para falar dos

nossos pais, que saíram do quarto há pouco tempo com Diego, seu

marido. Alice havia ficado em casa com a governanta. Fiquei

fascinado, vendo o quanto Diane parecia levar jeito com o bebê e

não soube explicar, mas, por um momento, a imaginei com uma

criança em seus braços. 

Sabia que seu desejo ter filhos e tinha certeza de que seria

uma ótima mãe. 

Meus pensamentos se dissiparam quando ouvi meu telefone

tocar e pisquei, virando para o lado, alcançando o celular sobre a


mesinha de cabeceira. Olhei no display e era uma chamada de

vídeo da Diane. Abri um enorme sorriso como um verdadeiro idiota

e nem sabia o motivo, porém, o contive ao atendê-la. 

— Oi, velhote! — me provocou e revirei os olhos, arrancando-

lhe um sorriso divertido. 

Vim para Porto Primavera na segunda pela manhã e, ao

contrário da semana passada, ela não estava acordada quando saí

de casa. Desde então, não havíamos trocado mensagens ou nos

falado ao telefone. Na verdade, estava estranhando ela estar me

ligando. 

— O que quer, ninfeta atrevida? — rebati, a alfinetando. 

Ela fez uma careta e sorri. 

— Falar que consegui comprar o imóvel onde será o

escritório futuramente e agradecer por sua ajuda na escolha. —

Agradeceu.

— Não foi nada. Parabéns! — Me sentia feliz por ela.

— Obrigada! — Soou contente.


— E o que mais quer falar? — Indaguei, puxando conversa.

— Apenas perguntar como foi sua semana. Conversar, sabe?

Afinal, estou meio entediada esses dias. É ruim sem você aqui pra

te atormentar — confessou, e meu sorriso se amplificou. 

Sentei-me rente à cabeceira da cama e olhei seu rosto na

tela. Ela também já estava vestida pra dormir. 

— Então sentiu a minha falta? — indaguei. 

— Sim — afirmou. 

Sua simples admissão fez meu coração acelerar no peito e

nem sabia o porquê. 

— Mas a Mônica está aí todos os dias — comentei. 

Ela bufou em resposta. 

— Não é a mesma coisa. Mônica apenas faz o trabalho dela

e vai embora descansar, não é como se ela ficasse aqui vinte e

quatro horas por dia comigo, apesar de morar nos fundos, enfim,

não é o mesmo — explicou. 

— Hum… eu não senti a sua. Nem um pouco — brinquei. 


— Isso nem me admira — desdenhou, e rimos. 

— Estou brincando, claro que senti. — Amenizei meu tom e

nos fitamos seriamente por algum tempo. 

Então ela quebrou o clima. 

— A Alice me ligou hoje do celular da mãe e disse que quer

ficar o final de semana aqui. Eu não tenho autoridade alguma aqui,

então pedi que falasse com você. Ela disse que conseguiu meu

número contigo. — Sorri ao ouvi-la. 

— Sim. Minha irmã me pediu, dizendo que Alice estava com

saudades e então passei. Por quê? Não podia? — questionei,

preocupado. 

— Não! Que isso! Foi bom falar com ela. Alice é uma menina

maravilhosa — contou. 

— Sendo assim, fico mais tranquilo. Quanto a ela poder ficar

aí, Diego me ligou perguntando se tinha algum problema e frisei que

não — comuniquei. 
— Que ótimo! Teremos que fazer bolo novamente. — Sorriu,

empolgada. 

— Ah, com certeza ela cobrará isso — externei. 

— Tenho que aproveitar, afinal de contas, meu tempo para

continuar aqui está se encurtando a cada dia que passa. Sentirei

saudades quando for embora. — Sorriu, mas enxerguei certa

tristeza em seu olhar. 

Fiquei em silêncio, pensando comigo mesmo. Desde que

Diane se instalou em minha casa, apenas quinze dias havia se

passado, o suficiente pra ter bagunçado não só a minha cabeça,

mas também os meus sentimentos. E agora estava me perguntando

internamente: eu queria mesmo que ela fosse embora? 

Anuviei minha mente, empurrando aqueles questionamentos

de lado, e limpei a garganta, dizendo: 

— Não deveria estar pensando nisso. Chegou há quinze dias,

apenas — pontuei, olhando-a com afinco. 


— Sim. Passaram bem rápido e, depois que iniciar a

faculdade, vai ser ainda mais ágil — formulou, dispersa. 

— Bom, não ficaremos falando disso. — Eu realmente não

queria pensar em sua partida sem antes saber como ficaríamos.

Não via a hora de ir embora e vê-la pessoalmente, mas ela não

precisava saber disso. Porra! Quando me tornei tão sentimental

assim? — E sua tia, voltou a te ligar? — questionei, e ela desviou

seus olhos dos meus, ficando silenciosa — Diane? — Comprimiu os

lábios e entendi como um “sim”. 

— É, ela continua me ligando, mas, como recuso todas as

chamadas, me manda mensagens. — Balançou a cabeça afirmativa

e soltou um longo suspiro. 

— Quando isso aconteceu, Diane? — exigi. 

— Eu não devia ter comentado. Não é da sua conta,

portanto… 

A interrompi. 
— Mora na minha casa, saiba que tudo sobre você me diz

respeito, principalmente em se tratando daquela ve… mulher —

enfatizei.

— Fred… 

— Não faça rodeios. Diga: quando ela voltou a te importunar?

— sondei, não acreditando que aquela velha maldita ainda a

estivesse ofendendo por conta de dinheiro. 

— Essa semana. Pensei que ela fosse parar depois daquele

dia, mas seu silêncio durou apenas alguns dias — proferiu,

parecendo perdida. 

— Por que não me contou antes? — Ela mordeu o lábio

inferior e desviou sua atenção da minha.

— Não queria levar meus problemas pra você — exprimiu. 

Soltei um riso amargo, não acreditando que ela tivesse

pensado por um segundo que não devia compartilhar aquele

assunto comigo. 
— Quais são as mensagens? — Procurei saber, e evitou me

responder. — Quero todas no meu celular ainda hoje — determinei. 

— Frederico, não precisa… 

Não deixei que concluísse. 

— Terei que desligar. Não se esqueça de me mandar o mais

rápido possível todas as mensagens que recebeu dela. Tenha uma

boa noite! — Encerrei antes mesmo que tivesse tempo pra rebater. 

NO DIA SEGUINTE… 

Era final de tarde quando Edgar entrou em minha sala,

pegando-me pensativo, obrigando-me a empurrar os meus

pensamentos para longe e me concentrar no que ele queria. 


— O que tanto pensa? — Ele me conhecia muito bem a

ponto de saber que só algo muito sério me deixaria disperso

daquele jeito. 

Ajustei minha postura na cadeira, vendo-o sentar-se em um

dos assentos à frente da minha mesa. Cocei minha barba antes de

inspirar fundo e soltei o ar lentamente. Então o contei sobre a velha

maldita, tia de Diane, algo que havia ocultado até aquele momento. 

Se manteve atento, até eu finalizar.

— Puta merda! Não bastava a garota ter perdido o pai de

forma tão abrupta, ainda tem que lidar uma tia megera desse jeito?

— Soou desacreditado. 

— Pois é e, para completar, ontem soube pela Diane que ela

continua tentando contato por ligações, mas, como não atende,

acaba recebendo mensagens cheias de ofensas. — Trinquei meu

maxilar ao me recordar das poucas mensagens que Diane me

encaminhou ontem. Não havia nenhuma que aquela velha não

destratasse a própria sobrinha, algo que acreditava não a considerar


de forma alguma. Se não bastasse isso, ainda a ameaçava, dizendo

que entraria na justiça pra conseguir que Diane voltasse a pagar o

mesmo valor mensal pra ela. 

Fechei minhas mãos em forma de punho sobre o tampo de

vidro, indignado com tudo que li. 

— Que merda, hein? A velha parece não ter escrúpulo algum

— observou. 

— Não mesmo — afirmei. 

— E agora, o que planeja fazer? Sabe que terá que tomar

alguma medida quanto a isso — salientou. 

— Sei disso. Por ora, deixarei esse assunto de lado, afinal,

Diane me mandou um áudio praticamente implorando para não

fazer nada, porque acreditava que a tia fosse desistir de toda essa

perseguição e sumir logo. Mesmo a gente sabendo que ela não

parará por aí, prometi que não passaria por cima do seu pedido,

algo que me desagradou — comentei. — Darei alguns dias, se a


velha maldita não parar, aí, sim, pensarei em algo útil —

compartilhei. 

— Faz bem. Tem mesmo que defendê-la e fazer com que tia

escrota suma da vida dela de uma vez — foi de acordo. — E vocês

dois, em que “pé” estão? — especulou. 

— Gosto da Diane e isso já está bem perceptível para mim,

mas não sei se devo realmente me envolver. Por enquanto,

continuamos tentando negar que não há toda uma conexão entre

nós dois — admiti. 

— Sei que está em dúvida por ela ser jovem e, também, por

terem propósitos diferentes para a vida de vocês. Aconselho que,

antes de tudo, pense seriamente se apenas o seu pau a quer ou o

seu coração. Tem muita diferença de um pro outro — disse

sugestivamente. 

— Pensarei, sim. Obrigado pelo toque — agradeci. — O que

deseja? — perguntei, e engatamos em uma conversamos sobre a

Divertium. 
 

Era noite quando atravessei os portões e estacionei o carro

na garagem. Em posse da minha pasta, segui até a porta e entrei

em casa. Atravessei o hall, não vendo sinal da Diane por ali. 

Caminhei até a cozinha e nada dela. Falei que voltaria

apenas no sábado, porém, resolvi vir hoje mesmo. O trânsito que

peguei foi um caos e, no momento, só queria tomar um bom banho

relaxante, comer algo e dormir, pois meu corpo clamava por isso

depois de uma longa semana de muito trabalho e reuniões

exaustivas. 

Saí do cômodo imaginando que ela estaria em seu quarto,

lendo, como de costume e com minha mão livre, afrouxei minha

gravata enquanto subia as escadas. Atravessei o corredor, parando


no meio dele ao estranhar o fato de a porta do meu quarto estar

entreaberta. Por um instante, cheguei a pensar que talvez Mônica

tivesse esquecido de fechá-la, só que, ao me aproximar, ouvi

gemidos femininos vindo do interior. 

Meu corpo todo entrou em alerta quando olhei pela pouca

abertura, avistando Diane toda arreganhada, se tocando sobre

minha cama. Apesar da minha perplexidade, meu pau ganhou vida

no mesmo segundo e, para piorar minha situação, a ouvi chamar

baixinho pelo meu nome. 

Caralho! 

Não pensei duas vezes quando empurrei a porta devagarinho

e entrei. Seus olhos estavam fechados e continuou estimulando seu

ponto sensível. Sua boceta brilhava de tanta excitação. 

Depositei minha pasta sobre o sofá ao canto e só então ela

se assustou. 

— Fre-Fred… Ó, céus! — Fez menção de se levantar. 


— Não ouse se levantar. Fique aí mesmo, do jeito que está

— ordenei, rouco de tesão. 

Ela engoliu em seco quando me viu tirar o paletó e jogá-lo

sobre o sofá. Em seguida, me livrei da gravata também e comecei a

desfazer os botões da minha camisa sobre seu olhar. Cruzei o

espaço até parar perto dela e me sentei na beirada da cama. 

— Tem noção do quão gostosa você é? Mais ainda quando

chama pelo meu nome? — Meus olhos a dissecaram. 

— E-eu… — gaguejou. 

Ela havia se sentado na cama e fechado o roupão,

escondendo-se de mim. 

— Não se esconda de mim. — Levei minha mão ao seu rosto

depois de ter aberto todos os botões da minha camisa, deixando

meu peitoral exposto, e acariciei sua bochecha. 

Seus olhos me observaram e os fechou, se rendendo ao meu

toque. 
— Quero te provar, minha ninfeta atrevida. Quero cobrir sua

boceta com minha boca e tomar todo seu mel quando a fazer gozar

depois de chupá-la bem gostoso — proferi ao aproximar nossas

bocas. 

— Fred… — disse em meio à sua dificuldade pra respirar. 

Agarrei sua nuca e suguei seus lábios, ouvindo seu gemido

rouco atravessar sua garganta. 

— Porra! Como senti falta do gosto do seu beijo. Você vai me

enlouquecer desse jeito, garota — rugi entredentes, não suportando

mais me segurar. 

Queria atacá-la feito um animal sedento por sua presa. 

— Beije-me — pediu e envolveu seus braços ao redor do

meu pescoço ao acabar com a distância entre nós. 

Não precisou dizer de novo. Tomei sua boca na minha com

certa ferocidade e rosnei em completo êxtase. 


 

DIANE CASTRO

Terminei de tomar banho e, somente de roupão, me deitei em

minha cama. Olhei para o teto e suspirei. Pensei no Frederico, me

recordando haver falado, no final de semana passado, que só

retornaria no sábado e ainda era noite de sexta-feira, o bom que ele

chegaria no dia seguinte. 

Nos falamos ontem e depois de ele ter desligado ao exigir

que mandasse as mensagens que minha tia havia me enviado, o


encaminhei todas, juntamente com um áudio meu, pedindo que não

fizesse nada contra minha tia e apenas respondeu um “obrigado”

seguido de “não se preocupe, nada farei”. Por mais que quisesse

vê-lo e ouvir sua voz, não o fiz, pois não quis incomodá-lo. Passei a

semana toda tentando esquecer o momento que tivemos na

cozinha, quando ele me beijou e me tocou tão desesperadamente,

onde ambos demos prazer um ao outro. 

Tentada a parar de pensar em tudo aquilo, peguei meu kindle

e me levantei da minha cama, saindo do meu quarto. Meu intuito era

o de ir para a sala e me deitar no sofá para continuar lendo o novo

romance que havia baixado, porém, quando ia passando pela porta

que pertencia ao Frederico, não pude conter minha curiosidade.

Naquele instante, me recordei do dia em que ordenou que não

entrasse em seus aposentos e garanti que não o faria. 

Desde aquele dia, nunca tive tanta vontade de entrar naquele

ambiente como desejava agora. Quando previ, minhas pernas

praticamente ganharam vida própria e, no minuto seguinte, me


encontrava no interior do cômodo. Seu perfume forte e marcante

estava presente na atmosfera e aspirei o ar profundamente,

soltando-o gradativamente. 

Entrei em seu closet, olhando cada compartimento, vendo-os

bem-organizados e cada peça de roupa em seu devido lugar. Corri

minhas mãos pelas camisas sociais, admirando seu bom gosto para

se vestir. Eram sempre cores mais claras, salvo por pouquíssimas

escuras, a não ser os ternos sob medida que usava. 

Abri uma gaveta, encontrando várias cuecas boxer e a fechei.

Segui para a outra ao lado e avistei alguns relógios bonitos e

brilhantes que tinha. Olhei um pouco mais e satisfeita, saí, voltando

para o seu quarto. 

Cruzei o espaço, indo até as grandes paredes de vidro e

admirei o céu escuro, sem nenhuma estrela em evidência. Fechei as

cortinas e tracei meus passos até me sentar em sua cama muito

macia e bem-organizada. Com meu kindle em mãos, decidi me


deitar ali mesmo e ler mais um pouco, preferencialmente sentindo o

seu cheiro viciante. 

Ele só chegaria amanhã e eu estava sozinha na casa. Que

mal teria? 

Ajustei meu corpo sobre o colchão e, após apoiar minha

cabeça em um dos seus travesseiros, continuei a ler. Para o meu

azar, o livro estava numa parte onde os personagens começaram a

transar. A cena, somada ao aroma do Frederico, se misturou em

minha mente, deixando-me completamente em chamas. 

Dobrei minhas pernas, apoiando meus pés no colchão,

abrindo-as totalmente, e afrouxei o nó do roupão, afastando apenas

a parte de baixo, deixando-me exposta da cintura para baixo.

Enquanto segurava o aparelho com uma mão e prossegui lendo, a

outra escorregou até parar no meio das minhas pernas e cobri meu

clitóris inchado e pulsando em antecipação. Arrepios trespassavam

pelo meu corpo, até eu abandonar o kindle de lado e passar a me


masturbar apenas imaginando Frederico sendo o mocinho naquela

cena, fazendo tudo aquilo comigo. 

Fechei meus olhos, umedecendo meus lábios e senti o bico

dos meus seios extremamente enrijecidos contra o tecido do

roupão. Continuei me tocando, consciente do quão melada minha

boceta estava enquanto pensava nas mãos dele, percorrendo todo

meu corpo, e chamei pelo seu nome baixinho. O fogo existente em

meu interior crescia cada vez mais e, inerte em minha própria bolha

de prazer, nem sequer notei haver mais alguém no quarto, só me

dei conta ao ouvir um pequeno barulho, o que me obrigou a parar. 

 Automaticamente, fechei minhas pernas, deparando-me com

olhos fortemente azuis me encarando com um desejo cru e explícito

engessado em cada um deles.

— Fre-Fred… Ó, céus! — proferi em um fiapo de voz e

envergonhada pelo que ele havia acabado de presenciar, me

preparei para me levantar e sair da sua cama, contudo, cessei meus

movimentos ao ouvi-lo ordenando: 


— Não ouse se levantar. Fique aí mesmo, do jeito que está.

— Seu timbre saiu carregado de erotismo e meu clitóris sensível

piscou frenético. 

Engoli minha saliva com dificuldade enquanto o assisti tirar

seu paletó, seguido da gravata, jogando-os sobre o sofá no canto e

começou a desfazer os botões da sua camisa, sem desconectar os

nossos olhares. Veio até mim e acomodou-se na beirada da cama. 

— Tem noção do quão gostosa você é? Mais ainda quando

chama pelo meu nome — completou, descendo seu olhar pelo meu

corpo. 

— E-eu… — Minha voz falhou enquanto me sentei na cama e

fechei o laço firmemente do meu roupão. 

— Não se esconda de mim — proferiu, trazendo sua mão ao

meu rosto depois de finalizar a abertura dos botões da sua camisa,

deixando seu peitoral definido em evidência, e afagou minha pele. 

Mantive meus olhos nele, o observando minuciosamente e os

fechei, absorvendo o calor do seu toque preguiçoso e carinhoso. 


— Quero te provar, minha ninfeta atrevida. Cobrirei sua

boceta com minha boca e tomarei todo seu mel quando a fizer gozar

após chupá-la bem gostoso — soprou com sua boca quase colada à

minha. 

— Fred… — Não estava nem conseguindo formular as

palavras direito de tão ofegante. 

Ele, então, segurou fortemente por trás do meu pescoço e

chupou meus lábios com prazer. Não reprimi o gemido rouco que se

formou em minha garganta por conta do seu ato e de todo o tesão

acumulado dentro de mim, pelo contrário. 

Abri meus olhos. 

— Porra! Como senti falta do gosto do seu beijo. Você vai me

enlouquecer desse jeito, garota — grunhiu com o maxilar trincado. 

— Beije-me — praticamente supliquei ao me aproximar dele

e enlaçar seu pescoço. 

Sua boca tomou a minha com voracidade e rugiu, tão

evidentemente excitado quanto eu. Senti suas mãos agarrarem


minha cintura, depositando uma força visceral, que em vez de injetar

dor em meu corpo, deixou minha boceta ainda mais encharcada. Ele

aprofundou nosso beijo, enfiando sua língua sedenta em minha

boca, e sua barba rala arranhava levemente minha pele,

alavancando a luxúria que nos cercava. 

Soltei um chiado lamuriante quando sua boca deixou a minha

e o assisti se erguer, ficando em minha frente. Livrou-se da camisa

que estava apenas aberta e retirou seus sapatos com as meias.

Mordi o lábio inferior ao avistar seu pau endurecido demarcando o

tecido da calça social que manteve em seu corpo. 

Frederico agarrou o meu queixo com firmeza e mais uma vez

me beijou, empurrando-me e deixei minhas costas cair contra o

colchão. Ele cobriu meu corpo com o dele, depositando todo seu

peso sobre um dos seus antebraços e liberou meus lábios. Fixou

seus olhos cheios de tesão nos meus. 

Respirávamos pesadamente, mas isso não o impediu de

morder suavemente o meu queixo. Trilhou beijos e lambidas pelo


meu pescoço, chegando até o meio dos meus seios, e fechei meus

olhos, não suportando todas as sensações que estava causando no

meu íntimo. 

— Abra. Quero ver o que esconde aí embaixo. — Sorriu de

um jeito sacana, ditando pra que desfizesse o laço do meu roupão. 

Silenciosa, umedeci meus lábios e fiz como pediu. Seus

olhos tomaram uma proporção maior do que já tinham quando notou

o piercing no bico de cada um dos meus seios.

— Oh, caralho! Você, fazendo jus ao seu apelido “ninfeta

atrevida”, me matará desse jeito, de tanto tesão. — Sorri mediante

sua declaração e xingamento. 

— Então gostou disso, velhote? — provoquei, maliciosa, e,

encarando meus olhos, ele agarrou meus seios, apertando-os com

força e passando a língua lentamente por toda a auréola,

capturando o bico por inteiro com o piercing, chupando-o com

destreza, sem deixar de me fitar sedutoramente. 


— Não apenas gostei, como tenho certeza de que a qualquer

momento me fará ter um enfarte de tão gostosa e surpreendente

que é — formulou e chupou o bico que já estava sensível outra vez,

prendendo-o entre seus lábios, uma verdadeira tortura. 

— Hum… — murmurei, excitada, e segurei em seus cabelos,

afundando meus dedos entre seus fios. 

— Ouvir seus gemidos me dá um tesão do caralho, sabia? —

Não o respondi, apenas sorri e mordi meu lábio inferior. Frederico

olhou o objeto com mais atenção e novamente o abocanhou,

batendo sua língua sobre o bico, soltando-o em seguida, e o soprou.

Senti meu clitóris piscar frenético naquele mesmo instante. 

— Oh, Fred — arquejei em completo êxtase. 

— Porra! Meu pau ficou mais duro só de ouvi-la me

chamando assim. Me deixa completamente louco! Repete. — Sua

voz saiu embargada pelo tesão. 

— Fred — falei baixinho e de modo sexy. 


— Isso! Geme para eu ouvir. Quero todos eles somente pra

mim, entendeu? — Movi minha cabeça em positivo, e sua boca e

língua não deixaram de chupar e lamber o bico do meu peito,

brincando, simultaneamente, com o piercing que rodeava com sua

língua ávida e esperta. 

Meu outro seio era torturado por sua mão e dedos que

beliscavam seu bico também intumescido. Depois de algum tempo,

passou para o outro, fazendo o mesmo. 

— Fred… hum… — Deixei que meus gemidos saíssem alto,

assim como ele pediu. 

— Cacete! Que tesão, gostosa! Desse jeito gozarei mais

rápido do que o previsto. — Meu corpo todo vibrou, tomado por suas

palavras chulas, a volúpia do momento e, também, pelo modo que

estava sendo tratada por ele, como se fosse alguém especial, não

somente mais uma em sua cama. 

Permaneceu por algum tempo mais, fazendo maravilhas com

sua boca e língua nos meus seios, até que o vi deixá-los de lado e
escorregar sua boca para baixo, ficando entre minhas pernas.

Minhas bochechas ruborizarem, deixando-me um pouco tímida, e

ele percebeu, pois voltou a ficar sobre mim. Alisou um lado da

minha bochecha, encarando-me com um ar safado e olhar

carregado de promessas.

— Você é linda e ficou ainda mais agora, corada por me ter

onde pertenço, no meio das suas pernas. — Sorri meio sem jeito, e

me beijou. — Relaxa — proferiu roucamente, e assenti, desejosa. 

Voltou a descer lentamente pelo meu corpo e, assim que se

ajustou no meio das minhas pernas, ficando rente à minha boceta, a

abocanhou com ânsia e desejo, tudo misturado. Sua língua

pressionou meu clitóris, fazendo meu cérebro dar voltas, e a levou

até a minha entrada, circundando-a. Suas mãos apertaram meus

seios ao alcançá-los, e arquejei, arqueando meu corpo.

Me impulsionei contra sua boca deliciosa, permitindo que me

chupasse como bem entendesse e me proporcionasse muito mais

prazer. Meu corpo ardia em êxtase e aproveitei cada segundo.


Embebecida pelo tesão, simplesmente me deixei levar, mas tudo

isso se perdeu quando ele tentou invadir o meu canal com seus

dedos. 

— Não! — gritei, de repente. 

Ele ficou imóvel e vi confusão em seus olhos. Desconcertada,

saí da sua cama, fechando meu roupão, e caminhei em direção à

porta. 

— Diane… — chamou meu nome. 

Parei e, ao me virar, o encontrei de pé, com um olhar cheio

de culpa. 

— Pode me dizer o que fiz de errado? Desculpa se te

machuquei ou se sentiu forçada a algo em algum momento. Não foi

a minha intenção — pediu, soltando um longo suspiro em seguida, e

esfregou seu rosto. 

— Não é isso. Eu que peço desculpas, enfim… não vamos

falar disso — argumentei. 


Saí do seu quarto o mais rápido que consegui e entrei no

meu, trancando-me ali dentro. Deitei-me em minha cama e afundei

meu rosto no travesseiro, não acreditando que quase tinha

entregado minha virgindade a ele daquela forma. Condenei-me

mentalmente por não ter raciocinado direito e tinha plena

consciência do que acabei de fazer. 

Era a segunda vez que fugia dele daquela forma. Não era

justo da minha parte fazer isso, mas eu ainda não tinha certeza de

nada entre nós dois. Nos desejávamos e isso era visível. 

Meu único problema era não conseguir pensar antes de me

deixar guiar pelo tesão que ele despertava em mim. Choraminguei

ao me dar conta do quão tola eu era. Então me lembrei do meu

kindle, que deixei em cima da cama dele. 

Sentei-me no colchão e ouvi batidinhas à porta. Respirei

fundo e fui abri-la, encontrando-o com os cabelos bagunçados, sem

camisa e com uma expressão cansada em seu rosto. 

— Esqueceu isso — disse, entregando-me o aparelho. 


— Obrigada — agradeci. 

Sentia-me a pior pessoa do mundo por não ser verdadeira

com ele, mas ainda não estava preparada para contar que talvez ele

fosse ser o primeiro homem com quem eu me deitaria, a quem

entregaria a minha virgindade. 

— Está tudo bem mesmo? — Havia uma linha de tristeza em

seu olhar, e desviei minha atenção, sabendo que eu era a

responsável por aquilo. 

— Sim — garanti. 

— Ok. Tomarei um banho e me deitarei. Estou cansado e não

vou jantar — avisou. 

Balancei a cabeça em positivo, e ele comprimiu seus lábios

minimamente, visivelmente confuso e perdido. 

— Entendi. Boa noite e bom descanso — desejei. 

Com isso, não disse mais nada e me deu as costas. O assisti

entrar em seu quarto e escutei trancar a porta. Fiz o mesmo, me


recostei contra a madeira e um forte aperto se tornou presente no

meu peito. 

Incerta, pedi aos céus mentalmente que eu não tivesse agido

erroneamente e que não me arrependesse de ter saído do quarto

dele daquele jeito. Frederico era um homem gentil, carinhoso e

muito atencioso, no entanto, eu precisava de um pouco mais de

tempo pra ter certeza do que realmente queria. Triste comigo

mesma, cheguei até a minha cama e deixei o kindle sobre a

mesinha de cabeceira, deitando-me outra vez. 

Não planejei que minha noite fosse desastrosa daquele jeito

e pedi baixinho para que amanhã ele não me tratasse com

indiferença, apesar de ter quase certeza de que isso aconteceria. 

Droga, Diane!
 

FREDERICO MOTTA

Não sabia dizer há quantos minutos me encontrava debaixo

daquele chuveiro, sentindo a água gelada jorrando sobre a minha

cabeça. Parado, tentando entender de alguma forma que porra

aconteceu naquele quarto. O porquê de Diane sair correndo da

minha cama tão abruptamente, sendo que tudo ia bem, ao menos,

foi o que pensei. 


Fiquei frustrado, perdido e confuso com sua fuga repentina e,

mesmo que eu tenha repassado inúmeras vezes em minha cabeça

as imagens do que aconteceu entre nós dois durante o pouco tempo

que permaneceu no meu quarto, procurando qualquer sinal de onde

tivesse errado, não encontrei nenhum sequer. Não fazia ideia do

que a teria causado para fazê-la escapar daqui daquele modo. Ir até

à porta dela após vê-la saindo daqui foi a coisa mais difícil que fiz e

piorou quando ela me tratou como se não me devesse alguma

explicação. 

Mas ela não te deve nenhuma, Frederico! 

Meu subconsciente surgiu, querendo foder com minha

cabeça de vez. 

Diane não era obrigada a esclarecer as coisas comigo,

entretanto, era o mínimo que esperava dela. Eu estava gostando

daquela garota de um jeito que não sabia colocar em palavras. Vê-la

tão exposta pra mim, minutos atrás, revelando ter piercing no bico
dos seus seios, o que já desconfiava, quase me fez desfalecer de

tanto tesão. 

Tudo piorou quando a assisti se desmanchando em minha

frente, gemendo e chamando por mim enquanto chupava seus

peitos, foi surreal de bom. Provar o doce sabor da sua boceta foi um

verdadeiro banquete dos deuses e acreditava estar ainda possesso

por ela. Ainda era possível sentir o seu gosto adocicado em meu

paladar, apesar de nenhum de nós dois termos gozado. 

— Caralho, Diane! O que você tá fazendo comigo? — falei

alto, como se ela pudesse me ouvir dali dentro. 

Meu pau estava duro, mas meus pensamentos não se

encontravam em ordem pra bater uma punheta pensando nela, pelo

contrário. Naquele momento, o único sentimento capaz de

sobressair minha vontade de me masturbar e finalmente gozar,

saciando instantaneamente o prazer que meu corpo tanto queria, se

resumia a pura frustração. Me proibi mentalmente de fazer aquilo. 


Além disso, sentia-me confuso com as atitudes de Diane.

Uma hora parecia se entregar totalmente em meus braços e, em

outra, simplesmente se afastava. Mesmo não entendendo direito

onde ela queria chegar com aquilo, a deixaria tomar suas próprias

decisões. Assim, ela poderia pensar com calma e sem nenhuma

pressão da minha parte.

Talvez estivesse confusa por conta de toda essa atração

enigmática presente entre nós dois e que aconteceu rápido demais.

Afinal, havia apenas quinze dias que se encontrava aqui, mesmo

assim, foi mais que o necessário para ter a proeza de conseguir

mexer com a minha cabeça e desordenar meus sentimentos,

entretanto, existia a questão de ela estar em minha casa

temporariamente. Diante desse fato, tinha em mente que isso a

deixava meio incerta, além da nossa diferença de idade também. 

Eu não me importava com nada daquilo. Tinha, no passado,

quando não pensava em sentimentalismos por parte de mulheres


mais jovens, agora, isso não era um problema pra mim. Por fim,

depois de muito pensar, concluí que o certo era dar um tempo a ela. 

Havia acordado bem cedo. Na verdade, não dormi boa parte

da noite, apenas tirei um cochilo quando estava amanhecendo.

Assim que me levantei, me vesti e fui direto pra academia, malhei

até a exaustão e, ao finalizar, subi pro meu quarto. 

Tomei um banho relaxante, livrando-me de todo suor

impregnado em meu corpo e, depois de colocar uma camiseta e

bermuda jeans, mais uma vez abandonei meus aposentos e desci

as escadas. Senti cheiro de café no ar e trilhei para a cozinha. Diane

estava tirando uma travessa de vidro do forno apenas com um pano


de prato. Cheguei até ela pra ajudá-la, após pegar a luva térmica e

colocar em minha mão. 

— Deixe que eu pego — solicitei, e ela me olhou, ainda meio

envergonhada. 

— Ah, obrigada! — Sorriu minimamente e se afastou,

permitindo que a ajudasse. — Bom dia! — me cumprimentou

quando depositei a travessa sobre a bancada da pia. 

— Bom dia! — respondi. — Dormiu bem? — sondei.

— Sim, e você? — Estava bem claro a sua mentira. 

— Não. Nem um pouco pra ser bem sincero — confessei. 

Tirei a luva da minha mão, depositando-a sobre o mármore e

a encarei a alguns passos à minha frente. Ela mirou o chão e, pouco

tempo depois, inspirou o ar profundamente, soltando-o

gradativamente. 

Logo se pronunciou:

— Imagino que esteja chateado comigo — deduziu. 


Encostei na beirada da bancada e cruzei meus braços à

frente do meu corpo, umedecendo meus lábios no processo. 

— Fugiu de mim pela segunda vez, Diane — proferi. 

Não a estava acusando de nada, apenas queria um motivo

pra ter saído do meu quarto daquela forma. Ela, então, fechou os

olhos, abrindo-os segundos depois, e enxerguei em seu olhar que

tinha consciência da sua atitude. 

— Sei disso e peço desculpas por ontem. Na verdade, por

tudo. Não foi a minha intenção… — A interrompi. 

— Não me importo que entre no meu quarto, Diane. Ao

menos, não mais — admiti. — Estou falando que não faço ideia do

porquê saiu correndo daquele jeito. Foi algo que fiz? Se foi, só

preciso que me fale, converse comigo. — Dei passadas até parar

diante dela. 

Ela mordeu o lábio inferior e me encarou. 

— Você não fez nada. — Isentou-me de qualquer culpa. —

Acredito que as coisas aconteceram muito rápido entre nós dois


e… 

— Você não tem certeza do que sente por mim — completei. 

— Sim, não tenho. — Daquela vez, foi sincera. 

— Sei que gosto de você, Diane. — Seus olhos me fitaram,

evidentemente surpresa. — Depois que apareceu nessa casa, não

me envolvi com mais nenhuma mulher. Eu quis, porém, não obtive

sucesso — revelei. 

— Isso explica você paquerando aquela mulher no dia em

que fomos a Divertium. — Não foi uma pergunta, somente uma

constatação da parte dela. 

— É. Naquele dia, estava decidido a te tirar da minha mente

de uma vez por todas e fui burro ao pensar que conseguiria fugir

disso, do que nutrimos um pelo outro. Sei que não tem certeza do

que sente por mim, mas… — Ela não me deixou concluir, pois me

interrompeu. 

— Nutro algo por você, Frederico, só que são tantas coisas

pra se pensar que não sei por onde começar, me entende? —


verbalizou. 

Suas palavras, mesmo incertas, me trouxeram certa

esperança. 

— Tudo bem — anuí. — Só para complementar, não sei o

que fez, mas vem mexendo comigo de uma forma que nenhuma

outra conseguiu em toda a minha vida. Entretanto, depois de ontem

e após pensar com calma, entendi que tivesse suas dúvidas e darei

o seu tempo. — Abriu a boca pra falar, só que a impedi ao cobrir

seus lábios com meu dedo indicador. — Quando tiver certeza do

que quer, é só me falar. — Sorri gentilmente e contornei seus lábios

por uma última vez, sabendo que passaria por um inferno por não

poder mais beijá-la. 

— Agradeço por entender — expressou. 

Meneei a cabeça em positivo e me distanciei quando Mônica

apareceu, avisando da chegada da minha sobrinha. A agradeci por

avisar e saí do cômodo em sua companhia. Diane permaneceu na

cozinha. 
 

Era fim de tarde e estava no espaço em meio ao jardim,

pensativo. O dia havia passado mais rápido do que o esperado. Ter

Alice aqui ajudou a mudar o foco dos meus pensamentos, do

contrário, não sei como teria sido. 

Minha conversa com Diane foi esclarecedora da minha parte

e continuávamos conversando normalmente, salvo pelas

provocações que, tanto eu, quanto ela, demos uma trégua. Não

havia espaço para isso, não enquanto não tivesse uma decisão

definitiva de como ficaríamos da parte dela. 

Dispersei minhas divagações quando Diane sentou-se ao

meu lado. 
— Trouxe para você. — Entregou-me o pratinho redondo de

porcelana, contendo um pedaço do bolo de chocolate que fez há

pouco com Alice. 

Minha sobrinha não sossegou enquanto não a arrastou pra

cozinha para prepararem. 

— Obrigado — agradeci, e ela sorriu suavemente. 

— Por nada. Alice está na sala, continua assistindo ao filme e

comendo mais bolo — comentou, contente. — Não vai entrar? Está

aqui há algum tempo — observou. 

— Estava pensando… — Comecei a comer do bolo, e seus

olhos me analisaram com curiosidade. 

— E o que estava pensando? — especulou, e sorri. 

— Não deixa de ser curiosa? — caçoei e tentei apertar a

ponta do seu nariz, mas esquivou. 

— Se não quiser responder, tudo bem. — Deu de ombros. 

— Boba! — exclamei, arrancando-lhe um sorriso amplo. —

Bom, faz tempo que fui ao parque de diversões e acredito que Alice
gostará de ir — compartilhei. 

Seus olhos tomaram uma proporção maior do que eram. 

— Olha, que legal! Com certeza a Alice amará saber disso,

além de ficar radiante para ir. Criança adora essas coisas —

comentou. 

— E você, não gostaria de ir também ou vai me dizer que não

curte passear em parque de diversões? — inquiri, terminando de

comer o bolo, e lambi meus dedos, sujos pela calda de chocolate. 

Diane não desviou seus olhos do meu ato, até piscar,

parecendo ter voltado à realidade, respondendo: 

— Ah, claro que não! Eu adoraria ir. Na verdade, também tem

tempo que não vou a um — exprimiu, fingindo naturalidade. 

— Ótimo! Então proponho entrarmos para comunicarmos à

Alice — salientei e vi que voltou a me olhar fixamente. — O que foi?

— indaguei, ficando imóvel quando trouxe sua mão ao meu rosto. 

Mordi meu lábio inferior, juntando forças para me manter

quieto. Se não tivesse prometido dar seu tempo, a atacaria ali


mesmo. 

— Ficou sujo aqui — disse, tirando-me do meu torpor, e

passou seu polegar no canto dos meus lábios. 

De certo modo, sua atitude me atiçou, entretanto, limpei a

garganta e disse: 

— Obrigado — externei. 

— Não por isso — descontraiu, recolhendo sua mão. 

— Estava delicioso o bolo, como sempre — elogiei. 

Ela sorriu e logo nos levantamos, indo para dentro para falar

com minha sobrinha. 

 
— Alice! Não corra tanto, hein? — briguei em meio ao parque

enquanto ela se apressou, indo até uma lojinha de balões. 

Havíamos chegado há um pouco mais de uma hora. Fomos à

montanha-russa, onde ela e Diane quase me deixaram surdo de

tanto gritar e, depois disso, decidimos dar um tempo e caminhar um

pouco até irmos em outro brinquedo. Paramos na lojinha e Alice

escolheu um dos balões infláveis com o tema de princesa da

Disney. 

Paguei e voltamos a andar pelo espaço, não muito cheio.

Perguntei se ela ou Diane queriam comer algo, e disseram que não.

Alice devia estar com a barriga estourando de tanto bolo que comeu

pra não querer nenhuma besteira no parque. 

Como anteriormente, minha sobrinha correu na frente e

mantive meus olhos nela, preocupado para não a perder de vista. 

— Deixe-a correr. Ela está se divertindo — Diane chamou

minha atenção, defendendo-a.


A olhei ao meu lado e segurei em sua mão, entrelaçando

nossos dedos. Notei o quão perplexa estava, e sorri, beijando o

dorso da sua mão. 

— O que significa isso? — quis saber, e sorri. 

— Estamos apenas dando uma volta de mãos dadas, algum

problema? — interroguei. 

— Não, mas disse que me daria tempo pra pensar sobre nós

dois — pontuou. 

— Sim, eu disse, e isso não mudou. Quero que leve o seu

tempo e não se preocupe que não irei te pressionar — reiterei. 

— Não pensei que fosse — murmurou. 

— Isso é bom. — Soei satisfeito, e sorrimos. 

Voltei a olhar pra Alice, que parou diante de um dos

carrosséis do local, saltitante. Ao nos aproximar, quis saber se podia

ir ao brinquedo e alertei que sim. Pouco tempo depois, entrou no

brinquedo, sorridente, e acenou para nós. 


— Aqui é tão bonito. Justifica toda alegria da Alice —

externou. 

Ficamos do lado de fora, olhando-a se divertir. Voltei a unir

nossas mãos. 

— O que deu em você hoje? — Estranhou, olhando nossos

dedos entrelaçados. 

Soltei um riso abafado. 

— Quero te mostrar que sou uma boa companhia — expus. 

— Hum… esse seu lado, ainda não conhecia — brincou, e

sorrimos. 

— Há muito de mim que não conhece, assim como você deve

ter algo que também não sei sobre — ressaltei. 

Ela desviou os olhos, sorrindo amenamente. 

— Vem cá. — A coloquei entre meus braços, ficando por trás

dela, não me importando que Alice visse e contasse pros meus

pais. 
Não queria continuar escondendo gostar dela. O fato de dar a

ela um tempo não significava que fosse ficar sem nos falar, pelo

contrário. Por mais que minhas atitudes passadas me

caracterizassem como um “galinha”, aproveitaria para mostrá-la que

eu valia a pena. 

Abaixei, deixando minha boca perto do seu ouvido. 

— Quero que me conheça de verdade, Diane. Um lado que

nunca senti vontade de mostrar a nenhuma outra mulher. Você foi a

única que despertou o meu interesse. Não é só sobre sexo, sinto ser

mais que isso. — Me abri. 

— E quando descobriu isso? — certificou-se. 

— Ontem à noite fiquei pensando em nós dois. Em como

você mudou minha vida depois que entrou na minha casa. Se fosse

outra pessoa, jamais teria aceitado abrigá-la, porém, o destino a

colocou no meu caminho… quer dizer, dentro da minha casa —

brinquei, e sorrimos. 
— Obrigada por ser esse homem gentil, carinhoso e

atencioso. — Suas palavras aqueceram meu peito e ficou de frente

pra mim, olhando nos meus olhos. 

— De nada. — Sorri e apertei a ponta do seu nariz. 

Riu e me abraçou. Aproveitei para aspirar o seu cheiro floral e

viciante. Esperava verdadeiramente que ela não levasse muito

tempo para chegar a uma conclusão sobre nós. 


 

FREDERICO MOTTA 

No sábado, depois de Alice brincar até esgotar suas energias

no parque de diversões, retornarmos para casa; após colocá-la pra

dormir em sua cama — no quarto que montei especialmente pra ela,

até para ter seu próprio espaço quando viesse passar o final de

semana comigo —, saímos do cômodo silenciosamente pra não a

despertar. Diane e eu descemos pra cozinha, onde comemos um

pedaço do bolo que ela preparou e seguimos pra sala de estar, onde
conversamos um pouco mais. Horas mais tarde, subimos pros

nossos quartos e nos despedimos ao desejar boa-noite um ao

outro. 

Hoje o dia também foi bastante animado. Aproveitamos a

piscina com Alice, que aproveitou pra questionar o motivo de eu

estar tão próximo a Diane. Sorri diante de sua curiosidade, mas

antes de conseguir dizer que estávamos nos conhecendo, Diane

adiantou-se, falando ser apenas impressão dela. 

Claro que minha sobrinha não engoliu sua desculpa mal

elaborada, só que não voltou a interrogar mais. Não intervi, porque

daria a entender que eu estava forçando-a, e não era isso que

queria. Quando foi se aproximando o horário de almoço, Diane se

dispôs a preparar nossa comida. 

— Tem que parar de achar que só porque está ficando aqui

tem obrigação de fazer algo para mostrar a mim e aos demais

funcionários que não é folgada, Diane. Nunca te cobrei nada por


isso, pelo contrário, te abriguei porque quis, não por ter me sentido

na obrigação disso — a repreendi. 

Percebi que ela pensava desse modo, o que não me

agradou. 

— Isso não anula o fato que moro aqui de favor, Frederico! —

rebateu. 

Naquele instante, ela se encontrava sentada na beirada da

piscina com as pernas e pés na água, e segurei sua mão, fazendo

que entrasse de vez na piscina. 

— Por que fez isso? — disse ao emergir e se aproximou de

mim. 

Olhei ao redor, vendo que Alice ainda não havia voltado do

banheiro e a encurralei próxima à borda.

— Não quero que volte a repetir isso. Considere-se apenas

uma convidada nessa casa e fim de conversa, entendeu? — ditei. 

— Tudo bem, velhote — me incitou. 


Averiguei continuarmos só e encarei seus lábios, doido pra

beijá-la, porém, contive o meu desejo. Foi impossível impedir o pau

de enrijecer na sunga. Em minha frente, sem poder fugir, observei

seus peitos subirem e descerem por conta da sua respiração

acelerada, então contornei seus lábios carnudos e entreabertos com

meu polegar. 

— Vou te dar uma pequena amostra do porquê não deve ficar

me provocando desse jeito. 

— O que vai fazer? A Alice… — Cobri seus lábios com uma

de minhas mãos. 

— Shiiii… — soprei, e num rápido movimento, desci minha

mão livre entre nossos corpos até encontrar a parte debaixo do

biquíni que usava. Seus olhos tomaram uma proporção maior do

que já tinha, verificando ao redor. — Alice logo estará de volta, dará

tempo o suficiente pra fazer o que preciso — completei, mantendo

minha mão sobre sua boca, impedindo-a de falar. 


Empurrei o tecido para o lado e comecei a estimular seu

clitóris, sentindo seu calor, e meu pau endureceu ainda mais. Diane

fechou seus olhos e sorri, sabendo que chegaria o momento que me

imploraria pra gozar. Aumentei meus movimentos e, ao perceber

estar perto de se libertar, cessei meu ato, ajeitando sua peça. 

— Seu… velhote de uma figa! — disse, indignada. 

Sorri, adorando seu jeitinho irritada. 

— Frustrante, não? — proferi contra seus lábios. 

— Sabe muito bem que sim — respondeu. 

— Agora sabe como me sinto por não a ter para mim e pare

de ficar me chamando de velhote, se não quiser que te puna dessa

forma todas as vezes que me chamar assim de agora por diante —

avisei. 

— Argh! — grunhiu e saiu da piscina. 

Sorri um pouco mais, e Alice apareceu. Continuei na piscina

até meu pau dar uma trégua e saí posteriormente para ir pegar o

meu celular e pedir nossa comida. Diane apareceu pouco tempo


depois, trajando uma saída de banho e me fitava com uma cara de

poucos amigos, ainda irritada. 

  Após o almoço, decidi levar minha sobrinha pra casa da

minha irmã mais cedo. Alice e eu convidamos Diane pra ir com a

gente, e ela aceitou, como também já não demonstrava estar

enraivecida por tê-la deixado sem gozar mais cedo. O trajeto foi

rápido, visto Carolina não morar muito longe e, ao chegarmos,

fomos recepcionados pelo meu cunhado o Diego. 

Alice saiu correndo escada acima a fim de ver o irmãozinho,

e aproveitei pra apresentar alguns espaços ao redor da residência

para Diane, que ficou admirada, principalmente com a pequena


estufa de flores e plantas que minha irmã gostava. Peguei uma das

flores e prendi em sua orelha. O sorriso que me deu em

agradecimento fez meu coração aquecer no peito, então entramos. 

Diego nos levou até o andar de cima, onde Carolina estava

com meu sobrinho. Nem preciso comentar que ambos babamos

muito pelo pequeno Gael. Aquele serzinho encantava a todos. Diane

o pegou várias vezes no colo e o admirava quando minha irmã o

acolhia em seus braços para alimentá-lo. 

Em certo momento, Gael dormiu e fiquei a sós com Carolina

em seu quarto. Alice levou a Diane para alguma parte da casa.

Então puxei assunto: 

— Como se sente? — referi-me à sua recuperação e à nova

realidade, agora com duas crianças em casa, apesar de que ela

tinha funcionários e a babá, o que, de certo modo, aliviava um

pouco todo seu trabalho como mãe. Alice também estava grandinha,

e Diego a ajudava com o bebê e com o que mais precisasse. 

Havia apenas uma semana que deu à luz. 


— Estou melhorando gradualmente — disse. — E você,

como está? — Sua pergunta denunciou ter outro sentido e me

encarou com um ar divertido. 

— Vou bem — respondi. 

— Não tem nada para me contar? Ao que parece… —

Deixou subentendido. 

Soltei um riso de canto, entendendo onde queria chegar com

aquilo. 

— Ok. Bom, aconteceu o que jamais imaginei que ocorreria

na minha vida. No alto dos meus trinta e oito anos, gostando de uma

garota — confessei, não fazendo rodeios. 

— A mamãe vai ficar radiante quando souber disso. — Riu

contidamente. 

— Por ora, nem quero pensar nisso. — Minha irmã se divertiu

ainda mais com minha fala. 

— Capaz de ela e o papai soltarem foguetes de tão felizes

que ficarão. Ou melhor, podem até inventar de dar uma festa com
imprensa e tudo — brincou. 

— Deus me livre. — Fiz o sinal da cruz e rimos. 

— Ainda me lembro de tê-lo ouvido afirmar inúmeras vezes

que jamais se amarraria a uma única mulher e, pela Diane, vejo que

já está com os quatro pneus arriados — observou. 

Engoli em seco e cocei minha barba rala. 

— O quão filho da puta é o destino, não é mesmo? Pensei

estar no controle e, quando menos previ, ele me deu uma rasteira

de bater com a bunda direto no chão. — Carolina riu minimamente. 

— E por que não se assumiram namorados ainda? —

especulou. 

Pensei por instante, até respondê-la com sinceridade:

— É complicado. Não da minha parte, mas entendo os

receios dela, até por tudo ter acontecido tão rápido entre nós, enfim,

por isso dei um tempo pra ela pensar com calma sobre a gente —

confidenciei. 
Minha irmã segurou uma de minhas mãos e afagou o dorso

carinhosamente. 

— Não pense no tempo, visto não existir uma regra para

aproximarem ou se apaixonem mais rápido do que o normal. Diane

é linda e bem jovem, com certeza tem vários sonhos. Entretanto,

acredito que idade ou nenhum dos receios que possa ter vão se

sobressair ao que nutre por você, e eu, conhecendo bem o homem

maravilhoso que é, sei que ela tomará a decisão certa. Não fique

preocupado com isso e, se te consola, fique ciente que os olhos

dela brilham quando te olha — pontuou. 

Sorri, feliz pelo que ela disse, mas, ainda assim, duvidoso. 

— Talvez tenha razão — respondi.

— Estou feliz que vieram nos ver — expressou, e sorri,

agraciado. 

Depois disso, seu marido entrou e não falamos mais sobre o

assunto. Alice fez questão de mostrar seu quarto e todos seus ursos

de pelúcias pra Diane, que se divertiu muito. Observei o jeito


atencioso e amoroso que ela tinha para com minha sobrinha e,

também, com o Gael. 

Ficamos na minha irmã até o anoitecer e então fomos

embora. Em meio ao trajeto, Diane não parou de falar o quanto o

meu sobrinho era lindo e tão fofo. Mais uma vez expressou imaginar

como seria quando finalmente fosse mãe, mesmo sabendo que

demoraria muito tempo para isso acontecer, visto ter outras

prioridades anteriormente, e era satisfatório ouvi-la falando sobre

aquilo. 

Em toda minha vida, nunca havia parado para nem sequer

cogitar a possibilidade de ser pai algum dia. Reconheço que

conforme vinha escutando-a comentar sobre, estava até mesmo me

permitindo pensar a respeito. Não que já estivesse ansiando por

isso, até por não ter noção do que Diane decidiria. 

Caso sua resposta fosse um “sim, eu quero tentar”, não me

restariam dúvidas que desejaria isso com tudo de mim, desde que

fosse com ela. A única que perfurou a barreira que impus a mim
mesmo no meu coração sem ter nenhum motivo convincente.

Apenas fruto de uma vontade minha. 

Ao chegarmos em casa, cada um foi para o seu quarto com o

intuito de tomar um banho e nos encontramos na cozinha momentos

mais tarde. Diane usava um short curto e uma blusinha de alcinhas.

Tentei a todo custo não ficar olhando enquanto resolvemos preparar

suco e pipoca para assistirmos a algum filme, pois ainda era cedo

para nos recolher. 

— Dessa vez eu escolho — Diane adiantou-se, assim que

chegamos na sala, e deixamos as coisas próximas a nós. Sentamo-

nos no tapete felpudo e macio como da outra vez. 

— Ok — anuí. 

— Cinquenta tons de cinza, o que acha? — indagou. 

— Tá de sacanagem com a minha cara? — rebati. 

— O que foi? Não gosta? — averiguou. 

— Já assisti e julgo que não seja adequado para assistirmos

juntos. Não agora. — Mirei seus olhos e inclinei um pouco mais o


meu corpo em sua direção. 

— Por quê? — Teve a audácia de perguntar. 

Soltei um riso descrente. 

Não a respondi, ao contrário disso, sustentei seu olhar,

alcançando uma de suas mãos, e a coloquei aberta sobre meu

peitoral, deslizando-a até parar sobre meu pau endurecido,

demarcado sob o tecido do calção que usava. 

— Isso responde sua pergunta? — Segurei seu queixo com

firmeza em uma das mãos, mantendo meus olhos nos seus. 

Um desejo ardente dançava dentro deles, assim como certa

dúvida. 

— Fred… — Não deixei que continuasse. 

— Não estou tentando te pressionar por uma resposta, mas

te dar um tempo pra pensar, sendo que estamos vivendo debaixo do

mesmo teto, não está diminuindo em nada o meu desejo por você,

pelo contrário, ficar sem poder te beijar está sendo uma verdadeira
tortura, então, não me julgue por estar duro ao seu lado. Juro que

estou… 

Antes de conseguir concluir, ela grudou nossas bocas. Gemi,

completamente tomado pela vontade de possuir o seu corpo e me

deleitar em suas curvas, apertando sua cintura com força, contudo,

não avançaria o “sinal”, não antes de ter uma resposta dela. Ajustei

minhas costas contra o sofá e, quando menos previ, ela se sentou

no meu colo de pernas abertas. 

Surpreso e desejoso, agarrei sua nuca, enfiando meus dedos

por baixo dos fios do seu cabelo cacheado, que se encontrava solto,

e os puxei levemente, aprofundando nosso beijo, ato que nos fez

arquejar em uníssono. Apertei sua coxa após soltar sua cintura e

subi, querendo chegar até o meio das suas pernas. Ela, então,

cessou nosso beijo e juntou nossas testas. 

— Vai me punir como fez mais cedo? — refutou, e parei

minha mão. 

Sorri de canto. 
— Não pensei nisso, juro! Enfim, me desculpe — pedi com

sinceridade. 

Ela, então, se afastou um pouco e inspirou fundo, soltando o

ar de modo lento e olhou dentro dos meus olhos. 

— Tenho algo pra dizer. — A notei aflita. 

— Diga — formulei, sentindo-a tensa entre os meus braços.

— Eu… sou virgem, Frederico. — Sua declaração me deixou

estático. 

Seus olhos não deixaram os meus, como se procurasse por

uma reação da minha parte. 


 

FREDERICO MOTTA 

Por um certo momento, fiquei imóvel. Mediante meu silêncio,

Diane se pronunciou: 

— Sei que isso pode ser um problema e… 

Beijei seus lábios outra vez, impedindo-a de terminar sua

fala. Libertei sua boca em seguida e aspirei o ar profundamente,

excitado e ainda perplexo. Tomei seu rosto entre minhas mãos,

olhando-a com afinco. 


— Uau! Eu… me pegou de surpresa. Não imaginava que

fosse, mas não me critique por pensar dessa forma, é só que… —

Pausei, procurando pelas palavras certas, então ela se antecipou:

— Não o julgo, na verdade, eu entendo — frisou,

compreensiva. 

— Quanto a respeito do que falou… o que te fez pensar que

você ser virgem seria algum problema pra mim? — inquiri. 

— Não está óbvio? Você é um homem experiente, já ficou

com tantas mulheres incríveis na cama, e eu sou inexperiente nesse

assunto — proferiu. 

— Posso te ensinar tudo, ninfeta atrevida, só preciso que seja

minha! — Acariciei seu rosto com meu polegar. — Já tive muitas na

minha cama, Diane, mas nenhuma delas me despertou esse mesmo

interesse que tenho por você. Nenhuma jamais chegou tão longe ao

ponto de atravessar a barreira que construí ao redor do meu

coração, assim como conseguiu e com tanta proeza, desde que

chegou nessa casa. Já disse e repito, gosto de você, garota. Não é


só sexo e sua virgindade, pra mim, será uma honra, tirá-la —

enfatizei, e ela umedeceu os lábios, atenta. — Agora, mais do que

nunca, quero que pense com calma. Se decidir que serei seu

primeiro, tenha certeza de que também serei o último, porque nem

fodendo a deixarei livre para outro, muito menos permitirei que saia

da minha vida. — Sorriu, aliviada, e beijou meus lábios

suavemente. 

— Isso me soou meio possessivo, tipo o Christian Grey — me

provocou, obviamente não querendo tocar no fato de quando me

daria uma resposta. 

Não a incitaria. Diane tinha que se decidir sem nenhuma

pressão minha. 

— Posso sair do meu personagem de Tony Stark, ir para o de

Romeu e ainda migrar para o de Cristian Grey em questão de

segundos, sabia? — brinquei, arrancando-lhe uma risada. 

— Não sabia, e devo admitir que você é surpreendente —

revelou, arranhando minha nuca com a ponta das suas unhas


enquanto me encarava de um modo inocente, fazendo todos os

pelos do meu corpo se eriçarem. 

— Ótimo saber que te surpreendo, mas é melhor não ficar me

atiçando dessa forma — admiti, alertando-a em seguida, e ela

sorriu, saindo do meu colo. 

— Então, pode escolher o filme. — Me passou o controle. 

Como ela gostava de filmes românticos, optei por um do

gênero, e começamos a assistir tranquilamente. Mais uma vez

Diane pegou no sono antes mesmo do filme acabar. Diferentemente

da vez anterior, a peguei em meus braços e fui saindo da sala. 

— Não devia estar me carregando. Sou pesada — disse,

sonolenta, e sorri, subindo as escadas. 

— Pesada para quem? Se esqueceu que o velhote aqui é

bem forte? — descontraí e rimos. 

Cheguei ao seu quarto e a coloquei na cama, cobrindo-a com

seu edredom. O ambiente estava iluminado de modo fraco pela luz

da lua que entrava pela janela, mesmo assim, dava pra ver seu
rosto. Ia saindo quando ela segurou minha mão e me sentei na

beirada do colchão. 

— Obrigada pelo final de semana maravilhoso. É bom ter

você aqui — proferiu baixinho, e apenas sorri fraco. 

— Também é bom estar aqui com você. Agora, é melhor

dormir, amanhã retorna à faculdade — reforcei. 

— Verdade. Boa noite! — desejou. 

— Boa noite, minha ninfeta atrevida. — Diane sorriu, e beijei

no meio da sua testa. 

Então se ajustou sobre a cama e saí do seu quarto, fechando

a porta. 

NO DIA SEGUINTE… 

 
Enquanto dirigia, atento ao carro à minha frente, meu celular

tocou e atendi através do som. 

— Bom dia, Frederico. — Era o Edgar. 

— Bom dia! O que quer? — indaguei e ouvi sua risada do

outro lado da linha. 

— Só para lembrar da nossa reunião via chamada de vídeo a

partir das nove da manhã — argumentou. 

— Não me esqueci. Agora tenho que desligar, estou no

trânsito — informei. 

— Até mais então — respondeu e encerrou a chamada. 

Pouco tempo depois, parei próximo à calçada ao ver o

veículo que Diane estava à minha frente, encostando, e liguei o

pisca-alerta do meu automóvel. Saí, fechando a porta e recostei na

lataria, vendo-a descer e caminhar até mim. Admirei sua beleza

quando parou diante de mim e percebi seu amplo sorriso,

denunciando sua felicidade. 


Era seu primeiro dia na nova faculdade e como o escritório da

matriz ficava a caminho, a acompanhei. 

— Nervosa? — mesmo evidente em sua postura, questionei. 

Ela soltou um riso aflito. 

— É, um pouco. — Esfregou suas mãos no tecido da calça

jeans que usava. 

As alcancei, segurando-as nas minhas, e deu um passo,

ficando mais perto de mim. 

— Se acostumará logo. Pense no seu pai. Com certeza ele

está radiante por vê-la fazendo o que sonhou, hum? — Comprimiu

os lábios em um sorriso contente e piscou. 

Não me passou despercebido o seu olhar emocionado. 

— Tem razão. — Seu timbre saiu baixo. 

— Vem cá. — Ofereci um abraço, e ela aceitou. A envolvi

entre meus braços, afagando o meio das suas costas de modo

carinhoso, e ela rodeou meu pescoço, ficando silenciosa. 


Aproveitei para aspirar seu cheiro, querendo gravá-lo de uma

vez por todas em minha memória, e logo nos afastamos. Um grupo

de garotas passou por nós e me olharam cheias de sorrisos, porém,

com Diane diferiu, pois a miraram de cima a baixo com um olhar de

desprezo. 

Tinha me esquecido de como os jovens, quanto mais em

faculdade, se achavam tanto ao ponto de acharem poderem sair

julgando os demais. 

Ao notar o desconforto de Diane por conta do olhar julgador

delas, puxei ela pra mim e envolvi meus braços em sua cintura. 

Mirei seus olhos, vendo confusão atravessada em cada um

deles, e a beijei com fervor, enfiando minha língua em sua boca. Ela

retribuiu e arfou. O aprofundei enquanto apertava suavemente sua

carne e, com muito custo, me obriguei a distanciar nossas bocas. 

Ambos respirávamos com certa dificuldade e, quando

direcionei meu olhar até o ponto onde as garotas estavam, já não as

vi mais. 
— Fred! — exclamou em repreensão ao averiguar que as

jovens haviam sumido e sorri. 

— Desculpa, foi mais forte que eu. Não podia deixá-las

passar sem essa — descontraí, e Diane esboçou um sorriso

contente. — Você é linda e espero que se acostume com a ideia de

ter um defensor, ao menos, quando me tiver por perto. — Pisquei

maroto com um ar convencido, e ela riu. 

— Você é impossível! — disse, rindo, e balançou a cabeça

em negativa.

Acompanhei sua risada divertida. 

— Já me falou isso antes — lembrei. 

— Certamente. Enfim, obrigada — agradeceu e deu um

passo atrás, mordendo o lábio inferior. 

— Foi um prazer. — Meu timbre denunciou minha malícia, e

Diane sorriu.

— Agradeço por ter me acompanhado. Não precisava —

formulou. 
— Não foi nenhum sacrifício, afinal, fica a caminho do

escritório — reforcei. 

— Tem razão — concordou. 

— Se precisar de algo, só me ligar. Sabe que pode contar

comigo — reiterei. 

— Sei disso. Melhor eu ir — mencionou, e assenti. 

— Tudo bem. Tenha uma boa aula — desejei, e sorriu em

resposta. 

— Tem certeza de que posso continuar com o carro? —

inquiriu, olhando na direção do veículo. — Não vou me

responsabilizar se acabar batendo-o — brincou, e foi a minha vez de

dar um passo adiante, voltando a aproximar nossos corpos. 

— O ruim é saber que isso não acontecerá — lamentei, e sua

testa enrugou-se. 

— Ruim? — estranhou. 

Inclinei meu corpo, quase grudando minha boca em seu

ouvido, e proferi: 
— Sim. Seria satisfatório te cobrar cada centavo que paguei

por ele. Te colocaria na minha cama, preferencialmente nua, e me

concentraria em te proporcionar muito prazer até que você gozasse

chamando pelo meu nome, e eu me deliciaria tomando todo seu mel

adocicado e viciante — confessei baixinho e grunhi entredentes. 

Meu pau traidor escolheu aquele exato momento para inchar

na cueca e me condenei mentalmente por estar perdendo o

controle. Não podia. Havia prometido lhe daria tempo e não a

forçaria. 

Porra! 

— E-eu… — Vi engolir em seco quando retrocedi um passo e

soltei um riso de canto. — Hum… vou indo. — Sem dizer mais nada,

saiu andando. 

Sorri por saber que ela havia ficado tão ou mais afetada que

eu por conta das minhas palavras provocantes. Como um bobo,

fiquei observando-a entrar no carro e dirigiu para o estacionamento

da faculdade. Logo entrei no meu automóvel e parti. 


 

— Não se esqueça que teremos que viajar no final do mês —

Edgar disse em meio à chamada de vídeo, assim que encerramos

as pautas da reunião. 

Semana passada foi a última vez que tive que continuar indo

pro escritório em Porto Primavera, até pra visitar o local com Edgar.

Como as melhorias na filial haviam acabado, não existia mais razão

para continuar na cidade. Em pensar que antes, preferia ficar por lá

em vez de vir para Val Verde, entretanto, as coisas mudaram

totalmente. 

Meu motivo mais forte pra ficar em Val Verde,

preferencialmente na minha casa, tinha nome e sobrenome: Diane


Castro. A jovem negra de curvas avantajadas, maravilhosa e

perfeita que conseguiu mexer comigo, literalmente. Ainda me

pegava pensando em como o destino trabalha de forma tão filha da

puta. 

Se há um pouco mais de quinze dias alguém tivesse me

falado que hoje estaria gostando de uma garota incrível como a

Diane, com certeza eu teria rido muito. Tê-la abrigado em minha

casa pode ter soado uma péssima ideia no início, contudo, hoje, já

não pensava dessa forma. Foi uma das melhores decisões que

tomei em toda minha vida, mas, naquele dia, nem sequer imaginava

isso. 

Ela tinha realmente mudado minha vida e queria muito que

ela confiasse em mim. Visse que minhas intenções eram as

melhores possíveis e que, em nenhum momento, pensei em apenas

brincar com seus sentimentos. 

Mesmo a contragosto, expulsei meus pensamentos para

longe e suspirei ao pensar no que Edgar disse. Era bom conhecer


outras cidades e ruim por saber que não iríamos a lazer, somente a

trabalho. Nunca fui de reclamar de termos de viajar a negócios, até

por não ter ninguém na minha vida, mas agora era totalmente

diferente. 

Existia uma certa ninfeta atrevida morando em minha casa e

não me sentia feliz por saber que a deixaria só por alguns dias.

Tudo bem que não tinha, de fato, nada certo entre nós, todavia,

acreditava ser somente uma questão de tempo. Vinha cogitando

sobre o conselho da minha irmã e resolvi me permitir pensar

positivo. 

A verdade era que eu não queria ficar longe dela. 

Pisquei, voltando à realidade ao ouvir a voz do Edgar

chamando minha atenção: 

— No que está pensando? — indagou, e notei seu semblante

curioso. 

— Nada de mais. Sobre a viagem, estou ciente —

desconversei. 
— Ótimo! Por hoje é só. Se surgir algo, te contato. Até mais

— despediu-se. 

— Até — respondi, finalizando a chamada de vídeo. 

Faltava meia hora para o horário de almoço quando minha

secretária, Edite, bateu em minha porta algumas vezes. Após dizer

um “entre”, ela colocou a cabeça para dentro e sorriu timidamente. 

— Desculpe incomodá-lo — proferiu. 

— Incômodo algum, Edite. O que precisa? — inquiri, voltando

a me concentrar nos papéis que analisava. 


— Tem uma senhora aqui querendo falar com o senhor. —

Cessei minha análise e franzi o cenho. 

— Senhora? Ao menos disse o nome? — questionei. 

Quando Edite abriu a boca pra responder, a porta foi aberta e

a figura da mulher negra e com traços semelhantes ao de Diane foi

revelada. 

— Tânia Castro, querido, ou já se esqueceu de mim? —

apresentou-se, sorrindo cinicamente. 

— Senhora, não pode… 

A interrompi. 

— Tudo bem, pode ir — informei a minha secretária, que

assentiu e saiu, fechando a porta, deixando-nos a sós. 

— O que quer? — Fui direto ao assunto, deixando meus

papéis sobre a mesa. 

Me limitei a perguntar como me encontrou, mas não era nada

muito difícil, já que a casa noturna era muito bem conhecida pela

cidade e o escritório ficava no prédio ao lado. 


— Não me convida ao menos para me sentar? — Soltei um

riso descrente diante da sua audácia, algo que Diane parecia ter

herdado. 

— Acredito que não será necessário. Seja breve e pare de

rodeios — enfatizei. 

Ela expressou um ar desgostoso e esnobe ao mesmo tempo

e se aproximou da minha mesa. 

— Pra começo de conversa, sejamos sinceros aqui…, já que

minha sobrinha não quer voltar a pagar meu dinheiro mensalmente,

algo que você sabe bem que tenho direito perante a justiça, caso eu

resolvesse mover uma ação contra ela, vim propor uma trégua —

disse num tom calmo. 

— Trégua? — interroguei, incrédulo com o que estava

ouvindo. 

— Exatamente — confirmou. 

— Então fale de uma vez! — exigi. 


— Sendo um CEO bem-sucedido e bonitão, não me admira

saber que Diane deve ter se deitado inúmeras vezes com você,

afinal, mesmo não sendo “padrão”, ela é jovem e bonita. Além disso,

só isso explicaria o fato de tê-la defendido daquela forma, proibindo

a minha entrada na sua casa, não é mesmo? — Pressionei minha

têmpora, sentindo meu sangue ferver nas veias de tanta raiva

daquela velha maldita. 

— Diane não deve explicações da vida dela pra você, muito

menos eu. — Evitei respondê-la ou explodiria, enfurecido. 

— Tanto faz. O fato é, já que está comendo a minha

sobrinha… 

Aquela foi o estopim pra mim. 

Me pus de pé e bati minhas mãos fechadas em punhos sobre

o tampo de madeira maciça da mesa. 

— ELA É VIRGEM, PORRA! — esbravejei, não suportando

mais ouvi-la falar tanta bobagem. — E você, se fosse uma tia que se
prezasse, saberia disso! — Apontei meu dedo em riste em sua

direção. 

Tânia não merecia saber dessa informação, mas foi demais,

para mim, continuar escutando tanta calúnia contra sua própria

sobrinha, alguém por quem deveria zelar, não menosprezar como

ela sabia fazer bem. 

A velha ficou muda por algum tempo, talvez processando

minhas palavras, o que pouco me importava. Abri a gaveta da minha

mesa e peguei o talão de cheques. 

— Qual valor? — formulei, querendo me livrar o quanto antes

da sua presença tóxica e asquerosa. 

— Nada mais justo do que me dar metade do valor da casa

que ela vendeu e prometo que não me verão mais — garantiu. 

— Certo. — Peguei uma caneta e rabisquei o dobro do valor

que deveria valer uma casa no bairro onde Diane morava em Monte

Oeste. 
Assinei e estiquei o talão para ela, que deu um passo à frente

e o pegou. Correu seus olhos sobre o papel e vi que tomaram uma

proporção maior do que tinham. 

— Suponho que esse valor seja o suficiente — falei. 

Ainda tentava conter minha raiva.

— Uau! É muito mais que o suficiente — expressou,

espantada, e sorriu, alegre. 

— Se isso é tudo, peço que se retire da minha sala e,

preferencialmente, da vida da Diane. Espero que não a importune

mais — ditei, ainda indignado por ela ser uma pessoa tão

gananciosa. 

— Te dou minha palavra. — Seu sorriso se ampliou,

guardando o cheque na bolsa, e se virou, indo até a porta. 

— Outra coisa… — frisei, antes que ela girasse a maçaneta

—, suma e não conte a Diane que te dei todo esse dinheiro. Ela não

precisa saber, entendeu? — Minha voz saiu firme e precisa.  

Tânia apenas me olhou por cima do seu ombro e falou:


— Pode ficar tranquilo. Ela não saberá. — Dito isso, abriu a

porta e saiu. 

Respirei com certo alívio ao ter minha sala livre dela. Por

outro lado, tentei me convencer de ter realizado a coisa certa. Enfim,

Diane finalmente teria a paz que tanto queria. 

Naquele momento, era só o que me importava. 


 

DIANE CASTRO

QUINZE DIAS DEPOIS… 

Era noite de quinta-feira, por volta das vinte horas, e havia

acabado de tomar um banho relaxante depois de um dia cansativo.

Com o meu retorno à faculdade, os dias pareciam ter se encurtado

mais devido ao meu tempo estar sendo bem preenchido. Pela


manhã, ia para aula e, por volta do meio-dia, voltava para casa,

almoçava, dormia um pouco e, ao acordar, ia fazer algum exercício

na academia — não que eu quisesse perder peso, apenas me

ajudava a me sentir mais disposta —; algumas vezes alternava

entre ler no meu kindle ou nadar na piscina. 

À noite, geralmente aproveitava para fazer algum trabalho ou

repassar a matéria do dia. Era o tempo de o Frederico chegar do

escritório e decidirmos o que comer na janta. Eu adorava estar na

companhia dele, principalmente quando resolvia fazer pipoca e

preparar uma jarra de suco para assistirmos a um filme. 

Nos sentávamos no tapete felpudo e macio da sala, e eu não

perdia a oportunidade de me aninhar próximo a ele, isso acabava

me fazendo dormir antes mesmo de o filme terminar. Algumas

vezes, acordamos no dia seguinte agarrados ao outro, de

conchinha. Era satisfatório e constrangedor, não pra mim, mas, em

diversas dessas ocasiões, despertei, notando seu pau cutucando

minha bunda, pois Frederico se excitava. 


Entretanto, em nenhum desses momentos ele se aproveitou

de mim. No mesmo instante, saía da minha presença, proferindo

inúmeros palavrões. Era engraçado vê-lo se afastando todo

desconcertado daquele jeito.

Sim, estávamos parecendo um casal, mas não éramos. Ao

menos, não ainda. 

Todo esse tempo foi bom para irmos nos conhecermos um

pouco mais. Com ele, me sentia protegida, bem cuidada e… ainda

mais apaixonada por aquele homem. Sim, eu estava apaixonada por

um homem que vinha se mostrando cada vez mais incrível. 

Frederico parecia ser um mocinho que achou a saída de

algum livro de romance, daqueles que eu amava ler, e veio parar

diretamente na minha vida. Ainda me custava acreditar que eu havia

sido aquela que consegui atravessar a barreira do seu coração,

como ele sempre frisava. Mal podia crer que realmente o tinha

somente pra mim… 


Na verdade, passei as últimas duas semanas pensando se

me entregaria ou não de uma vez em seus braços, já que ele havia

me pedido pra pensar com calma, assim como me daria o tempo

necessário para lhe dar uma resposta. Eu já sabia o que queria, no

entanto, aproveitei esse período para ter certeza. 

Após colocar tudo na balança, resolvi que nossa diferença de

idade era somente um detalhe à parte e, como ele disse que minha

inexperiência não era um problema, seria justo nos dar uma chance.

Sabia que estava colocando não só a minha virgindade em jogo,

como também meu coração em risco, mas se Frederico me

magoasse, seria o bastante pra sair dessa casa e continuar

correndo atrás dos meus objetivos, só que, dessa vez, ainda mais

determinada de quando coloquei meus pés nessa cidade. Não

adiantava ficar enganando a mim mesma e esperar por mais tempo,

visto já termos perdido bastante. 

Depois do dia que ele me beijou em frente à faculdade pra

me defender de algumas garotas que me olharam com desprezo,


não voltamos a nos beijar. Não podia ser hipócrita em não

reconhecer o quanto eu o via se esforçando pra respeitar o meu

tempo e espaço. Admito estar com saudades dos seus beijos e

mãos pelo meu corpo.

Apenas de roupão, peguei meu kindle e celular, saindo do

meu quarto, e entrei no dele adiante. Fechei os olhos, aspirando o

cheiro forte do seu perfume impregnado no ar. Segui até sua cama e

me deitei, deixando meus aparelhos de lado, e me apossei de um

dos travesseiros. O abracei e cheirei profundamente, imaginando-a

estar naquela casa. 

Frederico havia ido viajar com o Edgar a negócios e só

retornará no sábado. Saiu tão cedo pela manhã que nem sequer o

vi. Sem sua presença marcante aqui, a casa ficava silenciosa e

meio triste. 

Ou seria somente eu que estava entristecida por não o ter

aqui comigo? 
Ainda tinha meu nariz contra o travesseiro quando meu

celular começou a tocar e o abandonei. Sorri ao ver o nome do

Frederico na tela e ajustei meu corpo sobre o colchão, ficando de

barriga pra cima. Deslizei o dedo na tela, aceitando sua chamada de

vídeo, e a imagem dele com os cabelos úmidos e bagunçados

preencheu a tela. 

— Oi! Como está sendo a viagem? 

— Oi, ninfeta atrevida — respondeu, e fiz uma careta

desgostosa. Frederico riu, divertido. Me vi abobalhada enquanto me

deliciava com o som da sua risada. Ele fazia falta. 

— Quando vai parar de me chamar assim? — reclamei. 

— Nunca! Você é minha ninfeta atrevida e ponto-final.

Prometo não usar seu apelido em público, só quando estivermos

sozinhos, afinal, ninguém precisa saber além de nós dois. Na frente

de outras pessoas, será apenas minha garota. — Soou com

sinceridade, ainda sorrindo e me olhando fixamente através do

display. Fiz cara pensativa. 


Por mais que esse apelido tivesse me irritado ao extremo

quando resolveu me chamar desse modo inicialmente a fim de me

provocar, não podia negar que, agora, adorava ser intitulada assim

por ele. Apesar de ser algo ousado, fazia com que me sentisse

especial. 

— O que foi? — perguntou ao perceber meu silêncio. 

— Já chamou outra por esse apelido? — especulei com um

ar de desconfiança. 

Frederico deu uma gargalhada. 

— O que te faz pensar que chamei outra assim, hum? Já

disse que a única que me despertou interesse além do sexo foi

somente você, garota — reiterou, divertido. — Se te deixa mais

tranquila, não usei esse termo com nenhuma outra, apenas contigo

— complementou. 

— Sendo assim, tudo bem. — Dei um voto de confiança. 

— Quanto à minha viagem, foi bem. Chegamos ao hotel e

mal descansei, porque tivemos uma reunião com alguns


empresários do ramo — explicou, respondendo à minha pergunta

inicial. 

— Hum… — murmurei. 

— Saí bem cedo e não quis te acordar. Dormia tão

lindamente — se entregou. 

— Entrou no meu quarto e não me deu um mísero tchau?

Que insensível! — dramatizei, e rimos. 

— Estou com saudades — proferiu, de repente, após parar

de rir e me encarou seriamente. 

Umedeci meus lábios, mordendo o inferior em seguida. 

— Também estou — confessei, e continuamos nos fitando. 

— Queria estar aí para matar a imensa vontade que estou de

te dar um beijo bem gostoso, sabia? — Arrepios tomaram todo o

meu corpo ao escutar sua voz cheia de anseio. 

— Não pode dizer essas coisas estando longe de mim. — Ele

sorriu de lado. 
— Quando eu chegar aí, pode ter certeza de que cobrarei

não só um beijo seu, mas vários — exprimiu de maneira

promissora. 

— É mesmo? — desafiei. 

— Sim. Aliás, só a caráter de curiosidade… já tem minha

resposta? — quis saber. 

— Está me pressionado, é isso? — refutei, encenando uma

expressão desacreditada. 

— Claro que não, apenas curiosidade — negou.

— Bom, na verdade, já tenho uma, mas esperarei você

chegar aqui — externei. 

— Acho que enlouqueço de vez agora — explanou, e sorri,

divertida com suas palavras. 

— Tenho certeza de que não — afirmei, convicta, e ele

estreitou seus olhos. — Sabe onde estou? — incitei. 

— No meu quarto? — opinou. 

— Exatamente — confirmei. 
— Queria estar aí com você, porque te beijaria e chuparia

sua boceta todinha. — Engoli a saliva em seco e meu coração

acelerou no peito. 

Um fogo se alastrou pelo meu corpo, acumulando-se no meio

das minhas pernas, e meu clitóris pulsou frenético. 

— Para com isso — pedi. 

O safado sorriu de modo perverso. 

— Está excitada? — perguntou, e o observei sentar-se rente

à cabeceira da cama, notando também trajar um roupão. 

— Fred… — Seu nome saiu como um sussurro. 

Apesar de querer dizer que sim, sentia-me um pouco

receosa. Nunca havia falado por chamada de vídeo com um homem

com tanta intimidade como estava sendo com ele. 

Disse ao me interromper:

— Adoro que me chame assim — confessou, safado. — Meu

pau tá muito duro aqui. — Seu timbre saiu carregado de luxúria. —

Responda à minha pergunta — exigiu. 


— Estou — falei de uma vez. 

— Relaxa! Não precisa ficar envergonhada. Nós não estamos

fazendo nada de errado, pelo contrário, prometi que te ensinaria

sobre sexo. Quero que aprenda tudo comigo — garantiu, e soltei

uma baforada de ar. — Respire fundo e mantenha seus olhos nos

meus, tudo bem? — me instruiu, e assenti, realizando tudo que

falou. 

— Está usando calcinha por baixo do roupão? — procurou

saber. 

— Não. — Meneei a cabeça em negativo. 

— Que delícia saber disso! Só de te imaginar pelada, meu

pau fica ainda mais enrijecido — frisou, entredentes. 

Mordi meu lábio inferior e alisei a abertura do roupão. Seu

olhar acompanhou meu movimento. 

— Você me deixa… com muito tesão — quando dei por mim,

havia falado de maneira ousada. 

Estava entrando no clima e tentando parar de tanta timidez. 


— Isso é bom. — Deixa eu ver seus lindos peitos com esses

piercings que me deixa doido — ordenou, e o assisti abrir seu

roupão sem tirar o olhar de mim. 

Fiz como pediu, expondo meus seios, e seus olhos brilharam

enquanto passava a língua entre os lábios. 

— Pena que não estou aí. Se estivesse, daria uma boa

chupada em cada um deles e os amassaria em minhas mãos —

pontuou. 

Suas palavras me atiçaram um pouco mais. 

— Não tenho dúvidas que faria isso mesmo — me vi

respondendo. 

O safado grunhiu. 

— Costuma se tocar sempre? — Balancei a cabeça em

negação, mediante seu questionamento. — Então toque-os. Prenda

os bicos entre seu polegar e indicador — comandou. 

Olhei um dos meus peitos e comecei a estimular seu bico

enrijecido junto ao piercing de modelo transversal. Enquanto ia me


incitando, minha respiração foi acelerando rapidamente, e Frederico

me observava atento e, também, ofegante. Percebi que ele se

masturbava e o calor dentro de mim e na minha boceta tomou uma

proporção num grau inesperado. 

— Me mostra seu pau. Quero vê-lo se tocando. — As

palavras saíram facilmente pelos meus lábios, expondo as

insanidades existentes em meus pensamentos, totalmente tomada

pelo tesão. 

Vislumbrei seu sorriso sexy e desavergonhado. Então

posicionou a câmera do celular num diâmetro que dava para ver

minuciosamente seu pau grande, grosso e vigoroso, de cabeça

rosada e cheio de veias grossas. 

 — Gosta disso, ninfeta atrevida? — Sua voz rouca, somada

ao movimento de sobe e desce em seu pau, fez meu ventre se

contorcer em êxtase. 

— Muito — respondi, excitada demais pra raciocinar direito. 


Passei o celular pra outra mão e comecei a circundar o outro

bico do meu peito. 

— Isso! Se toque pra mim. Deixe que o tesão tome todo seu

corpo. Permita-se sentir — prossegui, fazendo como falava. 

— Como está sua boceta, hum? Filma ela para eu ver —

requisitou. 

Timidamente, desci minha mão pelo meu corpo, abrindo bem

as minhas pernas e, ao chegar no meio das minhas coxas,

concentrei a câmera onde ele pediu. 

— Caralho! Tão molhada. Que gostosa! — rosnou como um

animal feroz. 

— Queria passar minha língua por toda ela e sugar esse seu

clitóris delicioso, aproveitando pra lamber todo seu mel. — Apertei

um dos meus seios com a mão livre e a desci até minha boceta. —

Se masturbe. Vou assisti-la gozar bem gostoso para depois eu

esporrar também. 
Cheia de volúpia, não pensei duas vezes ao começar a

brincar com meu clitóris. Tanto eu, quanto Frederico, nos

deliciávamos assistindo um ao outro delirando de prazer. Aquilo era

novo pra mim, mas extremamente enlouquecedor. 

— Oh, Fred… — gemi, embebecida pela minha libido alta. 

— Oh, caralho! Não durarei muito. Me fará gozar me

chamando desse jeito. — Enxerguei sua feição mudar e sua boca

entreaberta. 

— E-eu… ó, céus! Sinto um calor — expressei. 

— Isso é um bom sinal. Deixe vir, linda. Goze para eu ver.

Goze! — exclamou com firmeza, e acelerei meus estímulos. 

Um fogo correu dos meus pés até se concentrar no meu

clitóris e gritei, sentindo minha estrutura física estremecer

totalmente. Ainda me recuperava da minha recém-libertação quando

Frederico começou a arquejar alto, denunciando estar próximo. 

— Oh, porra… — xingou. — Gostoso demais te ver… oh!

Vou… — Antes de terminar de falar, o interpelei. 


— Goza, Fred. Goza pra mim. — Minhas palavras foram o

gatilho que ele precisava, pois ejaculou forte, lambuzando seu

abdômen cheio de gominhos perfeitos. — Você vai me matar,

garota! Que delícia do caralho! — Seu modo chulo de falar me fez

sorrir e prendi o lábio inferior entre meus dentes.

— Nunca fiz isso antes, mas foi ótimo! — exprimi. 

— No que depender de mim, aprenderá muito mais, gostosa.

Aliás, se soubesse que ganharia um sexo virtual como esse, teria

viajado antes — brincou, e rimos. 

Ele mirou a câmera apenas no rosto, assim como eu. 

— Volta que horas no sábado? — perguntei. 

— Pela manhã — respondeu, e bocejei. — Cansada? 

— Sim — proferi. 

— Bom, vou deixá-la dormir. Preciso me limpar também.

Tomei um banho com a minha porra. — Sorri. — Tenha uma boa

noite, minha ninfeta atrevida — desejou. 

— Obrigada! Boa noite e boa reunião pra vocês amanhã. 


Ele sorriu em agradecimento e mandou um beijo. Encerramos

a chamada de vídeo. Ainda excitada e incrédula com o que

acabamos de fazer, enterrei minha cabeça no travesseiro dele,

ainda sentindo toda intensidade do meu gozo reverberando pelo

meu corpo. 

Frederico era um homem surpreende e muito gostoso. Acima

de tudo, meu! 
 

DIANE CASTRO 

Terminei de me vestir, sentindo-me mais alegre do que o

normal, já que hoje o Frederico voltaria de viagem. Não sabia o

horário que ele chegaria, afinal, quis fazer mistério. Em frente ao

espelho, amarrei meus cachos em um coque bagunçado e logo

deixei o meu quarto. 

Atravessei o corredor e desci as escadas, sentindo o cheiro

de café recém-preparado. Sorri quando meu estômago roncou de


fome e segui para a cozinha. Entrei, encontrando Mônica tirando

uma forma de dentro do forno. 

— Bom dia! — exclamei ao lado dela e alisei seu braço,

carinhosamente. 

Ela já havia deixado a forma sobre o balcão da pia, e vi ser

uma torta. 

— Bom dia, querida. Como passou ontem? — questionou. 

Ontem não foi um dia muito produtivo pra mim. Cheguei da

faculdade com uma dor de cabeça tremenda, só engoli um

analgésico que ela me deu, tomei um banho e dormi pelo restante

da tarde. Acordei por volta das dezessete horas quando meu

telefone tocou e me deparei com o nome do Frederico brilhando na

tela. 

Atendi a videochamada, vendo seu semblante preocupado, e

o tranquilizei, dizendo que estava me sentindo melhor. Mônica o

comunicou sobre meu mal-estar. Ela era um amor de pessoa, como

se fosse um familiar meu. 


Pensar nisso me fez lembrar da minha tia. Ela não ligou mais

ou mandou mensagens, o que estranhei, porque imaginei que fosse

insistir muito mais pra obter o que queria, entretanto, após as

semanas que se passaram e não ter mais me importunado, me

permiti respirar mais aliviada. Talvez Tânia tivesse cogitado melhor e

resolvido que não valia a pena ser uma pessoa tão gananciosa na

vida, o que eu agradeceria se, de fato, isso tivesse ocorrido. 

Enfim, havia um mês que estava instalada nessa casa e

admito que me sentia muito apegada a Mônica também, não só ao

Frederico. Só de parar e imaginar que meu tempo aqui estava se

esgotando e que logo teria de procurar outra estadia, meu coração

se comprimia no peito. Não tinha sombra de dúvidas da falta que

sentirei de todos eles, mas sabia que, mesmo deixando as coisas

rolarem entre mim e o Fred, devia seguir meu caminho e continuar

correndo atrás dos meus sonhos. 

Ainda tinha que conseguir um estágio e alguns anos pela

frente pra passar no exame da OAB, concluir a faculdade e realizar


minha Pós-Graduação. Só então estaria finalmente formada para

abrir o escritório de advocacia, trilhando os mesmos passos do meu

pai. Pisquei ao ter minha atenção chamada por Mônica: 

— Está por aí? — Estalou os dedos, e sorri. 

— Desculpa, minha mente voou pra longe — confessei, e ela

sorriu também. 

— Percebi, mas como passou de ontem? Se sente melhor?

— inquiriu. 

— Sim! Dormi bem, obrigada por se preocupar. Não sinto

mais nada — contei. 

— Que bom, querida. O Frederico te ligou ontem? —

questionou enquanto cortava a torta e serviu um pedaço em um

prato, me entregando. 

— Ligou, sim. Não precisava ter contado a ele, foi apenas

uma dorzinha — mencionei. 

— Ele precisava saber, e se algo pior te acontecesse? Às

vezes não damos muita importância a uma simples dorzinha e, no


final das contas, descobrimos ser muito mais grave do que

pensamos — dramatizou. 

— Não exagere, Mônica — a repreendi, e ela sorriu. 

— Sabe… desde que chegou nessa casa, andei observando

bem e não pensei que as coisas seguiriam por esse caminho —

comentou. 

Naquela altura, já havia enchido a minha xícara de café e

bebi um pouco, olhando-a com curiosidade por conta do que disse. 

— Que caminho? — indaguei, interessada pelo que falaria a

seguir. 

— Não sei se essa informação será útil para você. Pode até

parecer estranho o que vou falar, mas o Frederico nunca trouxe

nenhuma mulher para casa. Nunca mesmo! — Fiz uma expressão

incrédula. 

— Não sabia disso — compartilhei. 

— Para ser bem sincera, até me surpreendi no dia em que

chegou aqui com aquela mala. Não pensei que tinha vindo buscar
abrigo logo na casa de um solteirão convicto e que fugia de

relacionamento sério como o diabo foge da cruz. — Começamos a

rir do que disse. 

— Eu não imaginava que ele não quisesse saber de se casar

ou ter filhos. Só quando soube que entendi o porquê de um homem

bonito, bem-sucedido e inteligente estar sozinho e fez todo sentido,

já que mulheres deviam chover aos seus pés — externei. 

— Exatamente. Trabalho há muitos anos pra ele, como já

sabe, e jamais pensei que um dia o veria apaixonado — expôs,

deixando-me perplexa. 

Soltei um riso abafado. 

— Apaixonado? Acho que não. Ele disse que gosta de mim

e… 

Mônica parou o que estava fazendo, virando-se pra mim, e

segurou minhas mãos nas suas, olhando-me com ternura. 

— Não se engane, hum? Frederico nunca foi de se preocupar

com nada relacionado a mulheres. Dona Glória e o senhor Antenor,


constantemente, o cobravam para se casar e ter filhos, algo que não

desejava de jeito nenhum. Era bem claro sobre esse assunto ao

dizer que jamais se prenderia a uma mulher só e olha o que

aconteceu… — Deixou subentendido. 

— Bom, mas isso não quer dizer que esteja realmente me

amando. Pode ser apenas uma paixão, algo passageiro. — Lá no

fundo, nem eu mesma queria que minhas palavras fossem

verdadeiras.

— Sabia que ele praticamente não morava aqui? — dividiu. 

— Não? Mas… 

Ela não me deixou completar. 

— Não. Frederico preferia mil vezes ficar em Porto Primavera

a vir pra cá. Alice vivia reclamando que ele quase não vinha, salvo

por um ou outro final de semana. Por mais que o escritório da matriz

ficasse aqui, no centro da cidade, ele evitava vir, até pelos pais, que

ficavam “torrando sua paciência” com essas cobranças. — Fez

aspas no ar ao finalizar. 
— Que estranho. É como se… — Um estalo atingiu minha

mente.

— Como não. Definitivamente, ele tem um motivo para estar

aqui todos os dias, ou seja, você — completou. — O conheço há um

bom tempo, tenho propriedade para dizer que foi a responsável por

virar a vida dele do avesso. Sendo o homem maravilhoso que ele é,

merecia arranjar uma mulher que mexesse verdadeiramente com

seus sentimentos. Vejo que, apesar de jovem, é sonhadora e corre

atrás dos seus objetivos. Com certeza o seu pai está te olhando de

algum canto e muito feliz pela pessoa forte que é. — Deu um aperto

firme em minhas mãos. 

Sorri meio sem jeito e meus batimentos aceleraram no peito. 

— Verdade. Frederico é um homem surpreendente —

reconheci. — Obrigada por falar abertamente comigo. Gosto de

estar aqui e em sua companhia — expus e nos abraçamos

rapidamente. 
— Eu também, querida, porém, acho melhor lanchar logo —

alertou e até tinha me esquecido de terminar de tomar o café e

comer a torta. 

Após o almoço, Mônica foi para sua casa e me deixou a sós.

Mandei mensagem para o Frederico, perguntando se havia pegado

o avião, e nem sequer estava as recebendo. Também liguei, mas foi

direto para caixa postal. 

No momento, estava deitada no tapete felpudo que tínhamos

o costume de ficar enquanto assistíamos a algum filme, no entanto,

aproveitei pra ler um pouco em meu kindle. A maioria do meu

tempo, quando não tinha nenhum afazer importante, preferia

mergulhar nas páginas de um bom romance e, de preferência, bem


quente. Meu pai foi um grande incentivador para eu ler desde

quando era criança. 

Foi desse jeito que acabei pegando gosto pela leitura e

somente ao completar dezessete anos, ele me presenteou com

esse aparelho, já que eu tinha o costume de ler apenas em físico.

Lembro que fiquei muito feliz no dia e ainda era muito triste pensar

que não o tinha mais em vida. 

Enfim, acabei passando a ler muitos livros do gênero e de

autoras nacionais. Hoje em dia, eram meus favoritos. Meu pai vivia

dizendo que, quando eu pegava para ler, simplesmente me

desconectava do mundo, e era verdade. Não tinha nada melhor do

que ficar imaginando determinados cenários e situações que os

personagens enfrentavam. 

Tive minha atenção voltada para o toque do meu celular e

abandonei rapidamente o meu kindle sobre o tapete, pegando meu

telefone. Estava crente que era o Frederico, entretanto, meu sorriso

morreu ao me deparar com o nome da minha tia piscando na tela.


Inspirei o ar profundamente e o soltei de modo lento, aceitando sua

chamada. 

— Alô! — falei sem qualquer emoção em minha voz. 

— Como vai, sobrinha ingrata? — proferiu de maneira

provocativa. 

Soltei um riso amargo diante da sua ousadia. 

— Se ligou pra pedir dinheiro, saiba que não mudei de ideia.

— Fui direto ao ponto. 

— Ah, sei muito bem que não mudou, afinal, seu pai era

igualzinho. Um completo tolo e insolente! — Destilou seu veneno. 

Mordi meu lábio inferior, sentindo a raiva me tomar por

dentro, e empurrei para longe as malditas lembranças que insistiam

em querer invadir minha memória naquele momento. 

— Não ficarei aqui te ouvindo ofender a memória do meu pai.

Peço que não volte a me ligar e, a partir de hoje, bloquearei o seu

número. Ade… — Antes de terminar, ela me impediu de concluir. 


— Acredito que vai querer saber sobre o que tenho para falar

— insinuou. 

Sorri sem ânimo algum. 

— Está mentindo! Sei que não tem nada interessante para… 

Mais uma vez me interrompeu. 

— Ah, não?! Por acaso acreditou mesmo que eu havia

desistido de ter o dinheiro que era meu por direito? — inquiriu. 

Coloquei-me de pé, andando de um lado ao outro. 

— Fala logo o que quer. Não aguento mais ouvir sua voz —

ralhei, impaciente. 

— O Frederico não te disse que nos encontramos há duas

semanas? — Estanquei no mesmo lugar, desacreditada. 

— Como pode ser tão mentirosa a esse ponto? Frederico não

tinha motivo algum para ir ao seu encontro — refutei, querendo

acreditar que realmente era mais uma de suas mentiras

descabidas. 

— Na verdade, eu fui ao encontro dele — confessou. 


Soltei um riso descrente. 

— Para de mentir! — esbravejei, farta de suas loucuras. 

— Oh, que pena! Parece que ele escondeu de você. Bom,

sinto muito por isso, mas é verdade e saiba que me afastei porque o

próprio me pediu, além de exigir que não te contasse também —

reiterou. 

— Contar o quê? Fala de uma vez! — gritei, não conseguindo

raciocinar direito. Minha mente formulava inúmeras coisas e cheguei

a cogitar que ele talvez tivesse ficado com ela.

— Não sei exatamente o que fez, mas deve ter dado um belo

chá de boceta naquele homem, afinal, só isso explicaria ele ter me

dado tanto dinheiro com o único propósito de me manter longe de

você e parar de te perturbá-la. — Fechei meus olhos e respirei

fundo. 

Por um lado, fiquei aliviada por ela não ter falado que ficaram

juntos. Acho que não suportaria ouvir algo do tipo. Pelo outro, me

condenei mentalmente por pensar uma besteira daquela vindo do


Frederico, no entanto, isso não diminuía a culpa dele de ter dado

dinheiro à minha tia. 

Ela não merecia nenhum centavo, por mais que tivesse

ajudado meu pai a me criar. 

— Quanto? — quis saber. 

— Isso não vem ao caso. Na verdade, pergunte a ele. Bom,

considerando que já falei tudo o que tinha pra lhe dizer, desligarei

agora. E pode bloquear meu número, não voltarei a te procurar

mais. Adeus, sobrinha ingrata. — Encerrou a ligação. 

Sentei-me no sofá, ainda processando tudo que ouvi dela.

Bloqueei seu número e escutei o barulho da porta sendo aberta.

Engoli minha saliva em seco ao me colocar de pé e a voz dele

chegou ao meu ouvido ao me chamar: 

— Diane? — Parecia estar por perto. 

— Estou aqui! — proferi. 

Logo surgiu em meu campo de visão, afrouxando a gravata e

com um sorriso imenso. Estava morrendo de saudades, porém, não


havia chegado em uma boa hora. Assim que avançou em minha

direção e tentou me abraçar, dei um passo atrás. 

Vi seu sorriso dar lugar à uma expressão confusa e ficou

sério, mantendo-se a certa distância de mim. 

— O que aconteceu? Por que está me evitando? — Notei

certo cansaço em sua feição. 

— Quando pretendia me falar que deu dinheiro pra minha tia?

— Não fiz rodeios. 

Ele soltou o ar pesadamente e esfregou o rosto, frustrado. 

— Aquela velha maldita… tinha que dar com a língua nos

dentes. Desgraçada! — praguejou baixo, mas compreendi muito

bem. 
 

FREDERICO MOTTA 

Chegar em casa depois de alguns dias de viagem cheios de

reuniões chatas e cansativas sobre o trabalho, não tinha sensação

melhor. Na verdade, existia, sim, uma mais sexy e atrevida que se

chamava Diane Castro. A jovem negra e de curvas avantajadas que

pirou a minha cabeça, fazendo-me apaixonar por ela. 

Não leram errado. 


Os dias que passei longe dela quase me fizeram enlouquecer

de saudades. Depois de uma conversa com o Edgar, expondo a ele

como me sentia com relação a Diane, ele riu, jogando na minha cara

o quanto eu era um bobo apaixonado. No dia, ainda custei a

acreditar no absurdo que me disse, no entanto, não parei de pensar

no assunto e foi mais que o suficiente para mim me dar conta que

sim, eu tinha me apaixonado por uma jovem linda, sonhadora e

maravilhosa; aquela que chegou na minha casa com um ar

inocente, não dando sinais do quão sensual e perigosa podia ser. 

Afastei meus pensamentos e, enquanto fui andando pelo hall,

chamei pelo seu nome. Não estava me aguentando pra vê-la, então

deixei minha mala no canto. Assim que me respondeu, pude

identificar de onde vinha sua voz e segui até a sala, onde a

encontrei; me surpreendi quando tentei abraçá-la, e ela

simplesmente se esquivou. 

Fiquei sem graça e confuso, tornando-me sério. 


— O que aconteceu? Por que está me evitando? — Mirei

seus olhos, não conseguindo decifrar o que poderia tê-la deixado

tão arisca comigo. 

— Quando pretendia me falar que deu dinheiro pra minha tia?

— Definitivamente, eu não estava esperando por aquilo. 

Soltei o ar em completa frustração por confiar na “palavra”

daquela mulher e o que ela fez? Esfreguei meu rosto, irritado.

— Aquela velha maldita tinha que dar com a língua nos

dentes. Desgraçada! — xinguei baixo. 

— Então é verdade? — inquiriu, dando um passo à frente,

acabando com a distância entre nós, e mirou meu olhar com afinco. 

— Diane, eu não mentirei pra você, tudo bem? Só que acabei

de chegar de viagem e estou cansado. Além disso, vejo que está

zangada. — Levei minha mão ao seu rosto e, ao ter certeza de que

ela não se esquivaria, alisei sua bochecha preguiçosamente. —

Posso tomar um banho antes de conversarmos? Acredito que será


bom te dar um tempo pra acalmar seus ânimos — descontraí e me

inclinei, cauteloso. 

Olhei em seus olhos e, como não se moveu, grudei nossos

lábios num beijo tímido, afastando-me em seguida. 

— Tudo bem? — voltei a perguntar ao perceber seu silêncio. 

Diane desviou seus olhos dos meus por alguns instantes.

— Tem razão. Pode ir tomar seu banho, então — concordou. 

Sorri minimamente e agarrei sua cintura. Ela espalmou suas

mãos em meu peitoral por cima da minha camisa social e nos

encaramos firmemente. 

— Não quer me acompanhar no banho, ninfeta atrevida? —

soprei roucamente em seu ouvido, vislumbrando os pelos do seu

corpo se eriçarem, e mordisquei a lateral do seu pescoço. 

— Ainda temos que conversar. Por ora, não merece minha

companhia em um banho. — Ela adorava me provocar com suas

recusas. 

Soltei-a no mesmo instante e levei minhas mãos ao ar. 


— Ok. Não demorarei no banho — avisei e, após vê-la

balançar a cabeça em positivo, abandonei o cômodo. 

Peguei a mala que havia deixado no canto e subi para o meu

quarto. Tirei minha roupa ao entrar e fui me desfazendo dos meus

sapatos. Caminhei para o banheiro, fechando a porta, e me coloquei

para dentro do box. 

Abri o chuveiro e comecei a me banhar. Passava a esponja

pelo meu corpo, me ensaboando quando fui pego totalmente

desprevenido ao escutar a porta do box se abrindo, me revelando a

figura de Diane, vestindo apenas um conjunto de lingerie preta. 

Involuntariamente, meu pau ganhou vida naquele mesmo

instante. 

— Diane?! — expressei, bastante surpreso por sua aparição

repentina e em tão pouca peça de roupa. — O que faz aqui? —

formulei, esticando uma de minhas mãos a ela, que aceitou, pondo-

se para dentro, e se aproximou de mim. 


— Pensei que tivesse me chamado para um banho. — Soltei

um riso de canto, tentando por ela, e envolvi sua cintura com meus

braços, grudando os nossos corpos. 

Fiquei ainda mais duro ao sentir o calor do seu corpo. 

— Você recusou — lembrei. 

— Mudei de ideia, não posso? — Mordeu o lábio inferior,

olhando-me de um modo angelical. 

Meu pau pulsou em resposta. 

— Não está com raiva de mim? — me certifiquei e segurei

sua nuca com firmeza com uma de minhas mãos. 

Ela rodeou seus braços em meu pescoço e continuamos nos

encarando. 

— Não. Só um pouco chateada, mas agora não quero pensar

nisso. Teremos tempo pra conversar com mais tranquilidade depois

— proferiu com a voz embargada. 

— Estava com saudades, sabia? — confidenciei, enfiando

meus dedos entre os fios do seu cabelo que estavam soltos, e dei
um leve puxão. 

Aproveitei pra me afastar consideravelmente e meus olhos

correram de cima a baixo pelo seu corpo perfeito, que nunca me

cansaria de admirar.

— Eu também, Fred. — Sempre que ela me chamava

daquele jeito meu corpo todo estremecia por dentro, aumentando

meu grau de excitação. 

— Isso é ótimo! E o que tem em mente para agora? — Rocei

meu nariz no dela, fitando-a de modo hipnotizante. 

— Eu quero você, Fred… — Cessei meus movimentos,

mesmo com meu pau dolorosamente enrijecido. 

— Já disse para não ficar brincando comigo, garota — rosnei,

cercado pela nossa luxúria. 

— Quem disse que estou brincando? — replicou. — Não

preciso de mais tempo para pensar em nós dois. Gosto de você e a

minha resposta é sim! Quero tentar, eu e você. — Suas palavras

foram verdadeiras melodias para os meus ouvidos. 


Fechei meus olhos e juntei nossas testas. Mesmo ofegante,

umedeci meus lábios, levando-os até os dela, deixando apenas

quase colados. 

— Preciso que tenha certeza disso, Diane, porque, quando

eu começar, juro que não vou parar até nos saciarmos

completamente. Estou louco pra enterrar o meu pau bem fundo

nessa sua boceta gostosa e marcá-la como minha! Tenha em mente

que não conseguirá fugir dos meus braços como das outras duas

vezes — enfatizei. — Se ainda restar qualquer dúvida, é melhor… 

Antes de terminar, de falar, ela uniu nossas bocas e o pouco

do autocontrole que ainda existia dentro de mim para não a atacar

evaporou de uma vez. Segurei sua nuca com maior força e enfiei

minha língua em sua boca, aprofundando nosso beijo. Seu gemido

baixo e agudo atingiu meus ouvidos e apertei sua cintura com força. 

Encostei-a contra a parede e deslizei minha mão até sua

garganta, apertando-a com cautela, mantendo nossos corpos juntos.

Nossas línguas batalhavam em meio a nossas bocas numa dança


sensual e cada vez mais excitante. Levei minha mão da sua cintura

até sua bunda e apertei um dos lados com ferocidade. 

Diane arquejava baixinho, deixando-me com mais tesão.

Duro e tremendamente excitado, esfreguei meu pau no meio das

suas pernas, sentindo o calor latente da sua boceta sobre o tecido

da calcinha que usava. Cessei nosso beijo rapidamente, desliguei o

chuveiro e me voltei para ela. 

Segurei seu rosto em minhas mãos e nos fitamos fixamente.

O desejo era cru e explícito dentro das suas íreses, assim como

deveria estar nas minhas também. Eu queria tanto essa mulher que

chegava a doer dentro de mim. 

— Quero que me faça sua, Fred. — Sua voz saiu rouca pela

volúpia do momento, e grunhi, contornando seus lábios com meu

polegar, sedento por ela. 

— Caralho! Como esperei por isso — exprimi, e ela riu,

mordendo o lábio inferior. 


Espalmou meu peitoral, forçando-me para trás, e me afastei

como queria. Sem tirar seu olhar encoberto de malícia de mim, ela

desencostou da parede e levou suas mãos por trás das costas.

Logo, retirou o sutiã, deixando-o cair no canto e me concentrei nos

seus seios que eram grandes e perfeitos com aqueles piercings

transversais, implorando para serem devorados por mim. 

Antes de ir até ela, Diane parou em minha frente e agarrou o

meu pau, olhando em meus olhos. 

— Oh, porra! — proferi um palavrão ao sentir seus dedos

macios e quentes o envolverem, fazendo meu sangue bombear

mais rápido do que o normal em minhas veias. Agarrei sua nuca,

trazendo sua boca até a minha, e enfiei minha língua em sua boca,

num beijo ávido e feroz. Sua mão não parou de me estimular e um

rosnado atravessou minha garganta quando passou o polegar pela

cabeça, contornando a glande, deixando-me com muito mais tesão.

— Desse jeito não vou suportar muito tempo, minha ninfeta atrevida

— explanei ao libertar seus lábios, mirando-a com atenção. 


Ambos respirávamos com dificuldade. 

Diane nada disse, apenas sorriu maliciosamente. Mordi seu

queixo, descendo pelo seu pescoço, e firmei minhas mãos em sua

bunda, apertando com destreza e me esfregando deliciosamente

contra ela. Lambi sua pele, deixando mordidinhas de leve sobre seu

ombro, e segurei um dos seus seios, abocanhando o outro, sedento

de desejo. 

Ouvi-a puxar o ar entredentes por conta da sua excitação e

brinquei com o bico intumescido do seu outro peito, aumentando a

pressão entre meus dedos, enquanto minha língua trabalhava

habilmente no outro, chupando-o como se fosse o meu sorvete

preferido, me lambuzando com prazer. 

— Gosta disso? — indaguei, passando a incitar o outro

biquinho, e tomei o outro em minha boca, me deliciando em torturá-

la. 

— Sim… — soprou em um fiapo de voz. 


Sua mão se fechou com mais precisão no meu pau,

acelerando seus movimentos enquanto me masturbava. 

— Vamos terminar o banho e sair logo daqui, mas antes… —

comentei ao parar de chuchar seus peitos deliciosos e a fiz se

recostar contra os azulejos. 

Beijei seus lábios mais uma vez e, assim que abandonei sua

boca, a coloquei de costas pra mim, empurrando seu cabelo para o

lado e mordi seu pescoço. Minhas mãos foram diretamente para

seus peitos, amassando-os com firmeza enquanto era agraciado

com seus gemidos alucinantes. Corri uma de minhas mãos pela sua

barriga, chegando até sua boceta ainda coberta pela calcinha e

invadi seu interior, constatando não ter nenhum pelo, o que me

causou mais tesão e, então, meus dedos cobriram seu clitóris

durinho, ansioso pelo meu toque.

— Abre bem as pernas pra mim, gostosa — ordenei, e ela fez

como pedi. — Isso! Boa garota — frisei em seu ouvido, lambendo e

chupando sua pele na sequência. Levei meus dedos mais além,


circundando sua entrada, a encontrando toda molhada. Banhei

meus dedos no seu mel e voltei ao seu clitóris, circundando-o,

proporcionando a ela um prazer que a fazia gemer alto e lindamente

pra mim. 

— Oh, Fred… — ofegou. 

— Geme pra mim. Quero ouvir seus gemidos. Fico doido só

de te escutar. — Persisti com os movimentos, causando-lhe mais

excitação. — Rebola na minha mão — pedi, rouco em seu ouvido, e

se remexeu. Uma mão dela estava contra a parede e a outra por

trás da minha coxa, arranhando-a com a ponta das suas unhas. —

Agora você vai inclinar seu corpo pra frente, empinando bem essa

bunda maravilhosa pra mim, entendeu? — formulei, e ela assentiu. 

Me distanciei, e ela ficou na posição solicitada. Me abaixei,

deslizando a calcinha por suas pernas até livrá-la da peça, e segurei

as duas bandas da sua bunda, abrindo-as um pouco mais, e passei

meus dedos pelo seu rego até parar em seu ânus. Senti seu corpo
meio tenso e passei minha língua do seu cóccix até seu buraco,

contornando-o e o chupando. 

— Relaxa, Diane. Confie em mim — exprimi e então pude ver

seu corpo ir relaxando lentamente. Voltei a chupar seu ânus,

levando uma de minhas mãos a sua boceta e meus dedos cobriram

seu clitóris, circundando-o com precisão. 

— Fred… — Meu nome saiu baixinho dos seus lábios e

prossegui, chupando-a enquanto a masturbava, querendo que

gozasse lindamente pra mim. 

— Deliciosa! — falei ao parar de chupá-la. — Abre mais as

pernas — solicitei, me posicionei entre elas quando as afastou e

tomei seu clitóris em minha boca, sugando-o com gosto, e enfiei

minha língua em seu canal. 

Continuei assim, ouvindo seus arquejos cada vez mais altos. 

— Ó, céus! Acho que… — Pausou. 

— Deixe vir, gostosa. Goze bem gostoso na minha boca.

Quero todo seu mel — ditei ao ter me afastado minimamente e


retornei ao que fazia. 

Minha língua batia contra sua carne dura e inchada,

alternando com sua entrada e, em poucos minutos, seu corpo se

estremeceu. Bati contra sua bunda com um tesão do caralho ao

ouvir seu gemido aumentando e desferi outro tapa, ordenando que

gozasse. Ela soltou um gritinho abafado e extremamente ofegante,

denunciando ter finalmente se libertado. 

Passei minha língua por sua boceta, não deixando nada do

seu gozo para trás. Ao terminar, me coloquei de pé, e ela se pôs de

frente pra mim. Beijei-a com seu gosto impregnado em meu paladar,

sentindo meu pau pulsando forte. 

Porra! Estava ansioso pra me enfiar em sua boceta. 

— Você é doce como mel, ninfeta atrevida — frisei baixinho

ao parar nosso beijo. 

— Acho que é bom sairmos logo daqui — sugeriu, fazendo-

me sorrir, divertido. 
— Tem razão. Vamos tomar logo esse banho, preciso de

mais de você. — Ela sorriu e assentiu. 


 

FREDERICO MOTTA

Liguei o chuveiro e ajudei a ensaboar o corpo dela, assim

como havia feito comigo. Suas mãos demoraram no meu pau

quando se concentrou em lavá-lo e ele já estava babando de tanto

desejo.

— Você me deixa à beira do precipício, garota. Fico louco de

tanto tesão — falei com minha boca quase grudada à sua, após nos

enxaguarmos. 
Diane envolveu seus braços em meu pescoço e sugou meu

lábio inferior. Arquejei, excitado, e apertei sua bunda, friccionando

meu pau contra sua boceta, mas roçou no meio das suas pernas,

fazendo-me estremecer de tanta luxúria. Segurei em sua nuca e

minha língua adentrou sua boca, explorando cada centímetro. 

— Quero seu pau na minha boca — expressou, de repente,

ao parar de nos beijarmos. 

— Quer mesmo? — perguntei, ansioso para tê-la me

chupando. 

— Sim. Só preciso que me dê os comandos — confessou. —

Claro que já assisti a filmes pornôs e tudo mais, mas me fale se

gostar de algo a mais ou diferente — externou. 

— Nunca chupou um pau antes? — especulei. 

— Não. Também nunca havia recebido um oral, apenas

estimulação. Você foi o primeiro nisso — compartilhou. 

— Fico feliz por estar sendo o seu primeiro em muitos

aspectos. — Ela sorriu e se abaixou, pegando meu pau entre seus


dedos. Olhá-la daqui de cima, ajoelhada em minha frente, prestes a

ter o meu pau em sua boca, me deixou ainda mais aceso. Juntei

seus cabelos em minhas mãos e, quando a assisti enfiando-o em

sua boca, fui do céu ao inferno em questão de segundos. 

Um calor descomunal me preencheu e impulsionei meu

quadril contra seus lábios, sentindo-o bater no fundo da sua

garganta. Diane pareceu se engasgar e o colocou para fora.

Rapidamente o segurei e bati contra seu rosto, excitado demais pra

colocar em palavras. 

Ela, então, o tomou para si, segurando-o com precisão, e o

enfiou novamente na boca, contornando a cabeça com sua língua

ávida e estimulando sua glande. Arremeti contra ela várias vezes e

grunhi com a libido nas alturas. Pouco tempo depois, um calor foi

crescendo em meu interior e sabia estar perto de gozar. 

Tinha certeza de que a qualquer hora ela me faria ter um

infarte. 
Concentrei meu olhar nela quando lambeu minhas bolas.

Meu coração se acelerou no peito e a assisti pôr a sua língua para

fora, agarrada ao meu pau e a passou por toda sua extensão, da

cabeça até a base. Seus olhos fixaram-se aos meus e a safada o

enfiou na boca outra vez, desestabilizando-me por completo. 

— Caralho! — Puxei o ar entredentes e segurei seus fios com

mais firmeza entre meus dedos. 

Me abaixei, beijando-a rapidamente e no minuto seguinte, ao

me erguer, abandonando seus lábios, meu pau foi engolido por ela

novamente. Arfei alto e, em questão de segundos, o calor presente

em meu interior foi aumentando num grau incalculável. 

— Diane… vou… — Queria afastá-la, mas, ao contrário

disso, a escutei falando: 

— Goza na minha boca. — O som da sua voz, somada ao

seu pedido, só aumentou meu tesão e não demorou para eu

explodir. 
— Oh, que tesão do caralho! — xinguei, respirando

pesadamente ao jorrar gostoso em sua boca perfeita. 

Segurei-a, fazendo que se levantasse, e ela sorriu,

mostrando ter engolido toda minha porra. Segurei em sua garganta,

puxando-a para um beijo, e enfiei minha língua em sua boca,

sentindo o sabor salubre em seu paladar, e levei minha outra mão à

sua boceta. Meus dedos deslizaram até sua entrada, notando estar

encharcada. 

— Vamos sair daqui. — Ela concordou e, após nos secarmos,

deixamos o banheiro. 

No quarto, Diane parou próximo à beirada da cama e tirou o

roupão. Fiz o mesmo e andei até ela. Ergui seu queixo e rodeei sua

cintura com um dos meus braços, beijando-lhe ferozmente. 

Sem dizer nada, afastou nossos lábios e subiu na cama,

posicionando-se ao meio. Me juntei a ela, cobrindo seu corpo com o

meu, sustentando parte do meu peso sobre um dos meus

antebraços, e alisei sua bochecha ao me encaixar entre suas


pernas. Fitei seus olhos e enxerguei desejo misturado a um certo

medo engessado em cada um deles. 

— Confia em mim? — me certifiquei, roçando meu nariz

carinhosamente no dela.

— Sim. Me faça sua, Fred. — Seu pedido saiu como uma

súplica, e desci minha boca até a dela, sugando seus lábios com

anseio. 

Estiquei minha mão até a mesinha de cabeceira e, ao

apanhar um pacote de camisinha na gaveta, fechei-a e nos

beijamos. Aprofundei o beijo um pouco mais, cessando-o em

seguida, e me ajoelhei na cama, rasgando a embalagem, a

colocando no meu pau rochoso. Voltei à minha posição anterior e

mirei seus olhos com afinco. 

— Me fale se estiver desconfortável, tudo bem? — alertei, e

ela meneou a cabeça em positivo. 

Segurei meu pênis, concentrando-o em sua entrada, e

comecei a forçá-lo pra dentro. Continuei empurrando sem deixar de


olhar dentro dos seus olhos. Sentir o calor das paredes rugosas da

sua boceta convidativa, abraçando meu pau daquela forma, me fez

respirar fundo e soltar o ar aos poucos. Como Diane não estava

deixando transparecer estar sentindo alguma dor, enfiei um pouco

mais, parando quando a vi fechar os olhos. 

— Não pare. Apenas prossiga — pediu, e assim o fiz,

beijando seus lábios a fim de fazê-la se concentrar no prazer, não

no desconforto que estivesse tendo. 

Impulsionei um pouco mais e, quando dei por mim, meu pau

deslizou facilmente, sendo literalmente engolido por seu canal

quente e responsável por todo tesão em meu corpo. 

— Tudo bem? — questionei ao cessar nosso beijo, olhando

diretamente em seus olhos. 

— Sim. — Umedeceu seus lábios. — É só isso que tem pra

me mostrar, velhote? — Estreitei meus olhos perante a sua afronta. 

— O que disse? — Ela riu, divertida. 


— Já conseguiu romper o hímen, o que te impede de me

mostrar o que consegue fazer com uma mulher na cama? Afinal, me

prometeu isso várias vezes quando me provocava, lembra? — Foi

ousada. 

— Isso não é hora pra brincadeiras, ninfeta atrevida. Acabei

de tirar sua virgindade e não quero ser muito duro no meu modo de

foder — esclareci. — Não quero que se lembre da nossa primeira

vez como uma simples transa, mas como algo especial. Que teve

sentimento envolvido, não apenas um bom sexo — respondi

enquanto metia em sua boceta. 

— Sentimento? — Franziu o cenho.

— Sim — confirmei. 

— Você já disse que gosta… 

A interrompi. 

— Não, Diane. Você não está entendendo… — ponderei. 

— Então seja mais claro — exigiu, fitando-me com

seriedade. 
— Não apenas gosto… Na verdade, estou apaixonado por

você, garota — declarei de uma vez, e ela engoliu em seco,

mirando-me atônita. — Estava com tantas saudades que mal via a

hora de vir pra casa e encontrá-la — revelei. 

Ela ficou quieta, então a beijei, indo mais fundo, e ela gemeu

baixo. Em certo momento, fincou suas unhas na carne da minha

bunda, me fazendo ir o mais profundo possível e o calor latente em

meu interior foi aumentando cada vez mais. Pouco tempo depois,

meu corpo tremeu e soltei um urro alto, gozando fortemente. 

Deixei minha cabeça repousar na curva do seu pescoço

enquanto tentava recuperar minha respiração e, assim que me vi

mais contido, me retirei de dentro dela, livrando-me da camisinha ao

me ajoelhar na cama, amarrando a ponta e saindo da cama. Fui ao

banheiro descartá-la e vi ter um pouco de sangue no preservativo. 

Umedeci a toalha ao pegar uma no armário e voltei até

Diane, ainda deitada sobre a cama. 


— Tinha um pouco de sangue na camisinha. Trouxe para te

limpar — avisei, e ela fez menção de pegar a toalha. — Apenas

abra as pernas. Eu limpo você — ditei. 

Sem pestanejar, ela obedeceu, e passei o pano por sua

boceta com cuidado, vendo mais um pouco de sangue. Joguei a

toalha no chão e me deitei ao lado dela, puxando-a para se

acomodar ao meu peitoral. Ficamos em um completo silêncio e não

fazia ideia sobre o que ela estava pensando; eu ainda estava

processando o fato de ter sido o felizardo por tirar sua virgindade. 

— Já acabou? — perguntou, de repente, e sorri. Ela se

sentou em cima de mim, deixando seus seios à mostra com aqueles

piercings, e meu pau cresceu outra vez. — Acho que seu amigo já

respondeu — brincou, e rimos. 

Ela se inclinou sobre mim e agarrei sua nuca, beijando-a

sofregamente. 

— Você me enlouquece, menina — exprimi contra seus

lábios ao cessar nosso beijo. 


— Quero mais — expôs. 

— Não me atice, garota. Estou tentando ser menos intenso e

mais… romântico — argumentei. 

— Você pode ser o intenso agora. Romântico já foi. —

Continuou me incitando e sorriu. 

A derrubei ao meu lado e a beijei, colocando-a de frente pra

mim, e abocanhei um dos seus seios, espremendo o outro em

minha mão. Assaltei sua boca na sequência, mapeando seu interior,

e voltei a um dos seus peitos, sugando o bico rijo e brincando com o

piercing. Escorreguei uma de minhas mãos até sua boceta e levei

meus dedos ao seu clitóris, estimulando-o deliciosamente. 

Diane arreganhou as pernas pra mim, arfando e, enquanto o

circundava, meu pau pulsou forte por constatar o quão molhada ela

estava. Demos um beijo rápido e me virei, apanhando mais uma

camisinha na gaveta da mesinha de cabeceira, rasgando a

embalagem, e envolvi na minha grossura. 


— Me fode de verdade, Fred — proferiu baixo quando juntei

nossos rostos. 

— Fica de costas pra mim — ordenei, e ela acatou. 

Segurei sua perna, ajustando meu pau em seu canal, e

escorreguei para dentro. Arquejamos em conjunto, excitados.

Segurei seus cabelos com mais firmeza em minha outra mão e meti

forte dentro dela, contemplado pelos seus gemidos. 

— Assim que me quer, ninfeta atrevida? — questionei com

minha boca próxima ao seu ouvido, impulsionando mais forte e

fundo em sua boceta. 

— Oh! Sim! — Soquei mais rápido, mordendo seu ombro. 

Diane segurou seus seios, estimulando-os. 

— Gostosa! — exclamei e chupei seu pescoço, entrando e

saindo da sua entrada. 

Soltei sua perna e cobri seu clitóris, incitando-a. 

— Hum… — murmurou com os olhos fechados, inerte em

suas próprias emoções. 


— Delícia! Goza pra mim, vai! — cochichei em seu ouvido, e

sua respiração se tornou mais alta. 

— Mais rápido — sussurrou. 

Meu corpo todo acatou seu comando e sorri, arremetendo

dentro dela com maior agilidade. Parei em seguida, movimentando

meus dedos em seu clitóris com mais rapidez enquanto mordia e

chupava seu pescoço e nuca, atiçando-a. 

— Goza, minha ninfeta atrevida. Goza com meus dedos te

estimulando enquanto tem meu pau dentro de você. — Minhas

palavras serviram como um gatilho, pois, pouco tempo depois, ela

gozou fortemente, chamando pelo meu nome. 

— Oh, porra! Que delícia. Vou gozar também — expus,

intensificando minhas investidas em sua boceta, e não demorei

jorrar outra vez. 

Urrei como um animal selvagem, de tão forte que esporrei. 

Me deitei na cama, puxando o ar para os meus pulmões, e

ela me deu um beijo rápido. Espalmou meu peitoral e notei ir


descendo seus dedos até parar sobre uma das tatuagens que eu

tinha no meu V. 

— Isso são folhas de trigo? — Soou curiosa. 

Sorri de canto. 

— Não. São ramos de folhas de louro. Parecem de trigo, mas

não — expliquei. 

— Hum… e o que significam? — sondou. 

— Vitória, conquistas e, também, são vistas como um

símbolo de imortalidade, pois permanecem verdes durante todo o

inverno — esclareci. 

— Uau! Que interessante! Acaso se acha imortal? — brincou,

e agarrei sua nuca, trazendo sua boca pra perto da minha. 

— Só de não ter sofrido um infarte nessa nossa transa, pode

apostar que sim — descontraí, e rimos. 

Ficamos sérios e a beijei. 

Antes de ela me dar sua resposta e decidir se entregar em

meus braços, já sabia estar apaixonado por ela. Entretanto, depois


de ser o primeiro a tê-la em meus braços, meu senso de

possessividade aumentou num grau inestimável. Uma coisa era

certa: fui o seu primeiro e, também, o último, pois, agora, mais do

que nunca, não estava nem um pouco disposto a deixá-la sair da

minha vida. 
 

DIANE CASTRO 

Depois do sexo apaixonante e maravilhoso que tivemos,

tomamos outro banho juntos e colocamos apenas um roupão.

Frederico pediu pizza para comermos e, nesse momento,

estávamos na sala de estar, sentados no tapete felpudo e macio,

como sempre, comendo. 

— Acredito que esteja esperando uma explicação minha

sobre ter dado dinheiro a sua tia. — Foi ele quem se adiantou,
assim que terminou de comer um pedaço da pizza. 

Desencostei do sofá às minhas costas e me concentrei nele. 

— No dia em que retornou pra faculdade, que te acompanhei

pela manhã, sua tia apareceu próximo ao horário de almoço. Eu não

fazia ideia de que ela chegaria a me procurar, entretanto, tive sua

ilustre visita no meu escritório — começou. 

— Desculpa por isso. Se tivesse imaginado que ela iria tão

longe, teria dado um jeito de dar o dinheiro para que não te

importunasse com um assunto que nem lhe dizia respeito. — Soltei

o ar, pesarosa. 

— Não tem que se desculpar por sua tia ser uma pessoa

gananciosa e desequilibrada — tentou me tranquilizar. — Enfim, ela

surgiu do nada por lá, começou a falar asneiras, dizendo estarmos

dormindo juntos e todo aquele discurso irritante que já sabe —

contou. 

Terminei de comer meu pedaço de pizza e afastei as coisas.

Frederico me olhou confuso, mas logo me sentei em seu colo com


as pernas abertas, e ele sorriu de modo safado, envolvendo suas

mãos em minha cintura, enquanto enlacei seu pescoço. 

— E isso te deixou enfurecido ao ponto de dar logo o valor

que ela queria — não foi uma pergunta, mas uma dedução. 

— Exatamente — confessou e suspirou. — Sei que passei

por cima do que já tinha falado a ela, mas não vi outra saída. Além

disso, sua tia ameaçou entrar na justiça e mover uma ação para

você pagar uma pensão mensal a ela e sabemos que, se fizesse

isso mesmo, acabaria conseguindo. Por Tânia ter te criado, a justiça

entende que seja justo você estender a mão a ela também, já que,

quando era criança, foi quem te ajudou — mencionou, lembrando de

algo que eu já sabia. O fato é que não levei a sério que minha tia

fosse realmente me colocar na justiça, sinal do quanto fui tola em ter

cogitado que não. 

— Tem razão. Levando por esse lado, nem posso sentir raiva

de você — reconheci e sorri. 


Frederico comprimiu seus lábios, olhando-me com certa

admiração, e segurou meu rosto entre suas mãos. 

— Mesmo assim, te devo um pedido de desculpas por dar o

dinheiro a ela sem falar nada com você. Poderia ter te contado

naquele mesmo dia sobre o que ocorreu no escritório ao chegar em

casa, só que optei em esconder, acreditando que aquela velha

jamais romperia com sua palavra. Ela me garantiu que não contaria

e caí feito um pato no seu papo furado — constatou. 

Olhando em seus olhos, aproximei nossas bocas e rocei

meus lábios nos seus. 

— Quando minha tia me ligou e contou sobre isso,

inicialmente, confesso que fiquei com raiva. Então você chegou, foi

tomar o seu banho e, antes disso, eu já tinha decidido que me

entregaria em seus braços, porém, naquele momento, fiquei

pensativa, não sabendo se ainda valeria a pena tentarmos algo ou

não. — Umedeci meus lábios, encarando seus olhos azuis, e dei

continuidade: — Claro que fui burra, sei disso, afinal, sendo o


homem maravilhoso e incrível que é, não poderia esperar menos. —

Foi a minha vez de acariciar sua bochecha preguiçosamente. —

Está sempre tentando me proteger, fazendo de tudo pra me ver feliz

e resolvendo assuntos que nem são da sua alçada. — Ele moveu

seu pescoço para o lado e fechou os olhos, absorvendo meu toque,

até voltar a me fitar, dizendo:

— Está enganada. Tudo que se diz respeito a você também é

do meu interesse, e não é apenas por estar hospedada nessa casa,

mas pelo fato de eu estar apaixonado por você, garota. — Suas

mãos pressionaram minha cintura com força. 

Mais uma vez estava se declarando pra mim. 

— Eu também, Fred. Estou apaixonada por você. — Ele

sorriu, contente, e descansei minha testa na sua. — Me dei conta

disso um pouco tarde, afinal, os quinze dias que passamos

afastados foi o suficiente para percebemos que o nosso sentimento

um pelo outro era forte e verdadeiro — expus verdadeiramente. — É

um homem perfeito — externei, arrancando-lhe uma risada. 


— Então saí de “velhote” para “homem perfeito”? — insinuou,

convencido. 

— Não se ache tanto, hum? — alfinetei, e ele caiu na

gargalhada. — Mas falando sério… você parece os mocinhos dos

livros com os quais eu sempre fantasiei: atencioso, romântico, que

fizesse tudo por mim e que gostasse de mim como sou, sem querer

me mudar ou algo do tipo — externei. 

— Interessante saber que superei esses homens, dos quais

não tenho ciúme algum, já que são fictícios e o único real e que te

toca sou eu. — Esboçou certa possessividade. 

— Não seja possessivo — reclamei, e ele riu. 

— Quando fala que eu te aceitei do jeito que é, se refere ao

fato de ser uma mulher com uma beleza estonteante e que daria

uma bela modelo plus size? — tentou compreender. 

— Não sou um tipo de modelo plus size, mas midsize —

corrigi. 

— E qual a diferença? — sondou. 


— Plus size, são “mulheres grandes”, que usam a partir do

manequim quarenta e seis, já as midsize são “mulheres de tamanho

médio”, que usam do número quarenta e dois ao quarenta e oito.

Não é necessariamente uma regra, mas vejo que me encaixo nesse

padrão de termo, já que uso quarenta e quatro — esclareci sua

dúvida. 

— Hum… bom saber. Já não faço mais confusão — proferiu. 

— Verdade. Agora está informado — concordei. 

— Então quer dizer que também está apaixonada por mim —

enfatizou com um ar convencido. 

— Como não me apaixonar por um homem incrível como

você? A Mônica também me deu uns conselhos — mencionei. 

— Mônica está se saindo bem, acho que ela merece um

aumento. — Sorri, e ele me acompanhou. 

Frederico beijou meus lábios em um beijo demorado e me

olhou com um semblante sério ao nos afastarmos. 

— O que foi? — questionei. 


— Uma vez perguntei o motivo de você e sua tia não se

darem bem e você não quis comentar sobre o assunto. Sei que

posso estar sendo invasivo, mas agora que estamos juntos para

valer, queria entender melhor o que aconteceu para ter essa

instabilidade entre vocês. — Desviei meus olhos dos seus e respirei

fundo. 

No fundo, eu sabia que seria bom desabafar. 

— Tem razão. Será bom falar, assim já fica sabendo de uma

vez — falei, de acordo. 

— Não quero que se sinta pressionada, só fale se realmente

se sentir confortável — disse, paciente e fofo. 

Meneei a cabeça em positivo, preparando-me

psicologicamente para o que falaria. 

— Até alguns anos atrás, eu e minha tia nos dávamos muito

bem. Nutria muito respeito por ela, até por ajudar o meu pai a cuidar

de mim no lugar da minha mãe, que havia falecido e me deixado

recém-nascida. — Inspirei o ar para os meus pulmões, continuando:


— Na verdade, serei grata pelo resto da vida por ter me criado,

mas… ainda é difícil para eu engolir o que ela fez e seu mau-

caratismo. — Frederico afagava o meio das minhas costas com seu

polegar. — Logo no primeiro ano que ingressei na faculdade, não

estava me aguentando de tanta felicidade, afinal, era meu sonho

seguir os mesmos passos do meu pai e estava caminhando para

isso. Enfim, cheguei um dia mais cedo em casa e me deparei com

vozes alteradas, tanto dela, quanto do meu pai. Lembro que me

aproximei da porta do escritório do meu pai e o ouvi falando que eu

não podia saber o que realmente causou a morte da minha mãe. Na

hora, fiquei confusa, curiosa e ressentida por ele estar me

escondendo algo tão importante, porque, se bem me lembrava,

minha mãe havia morrido por conta de uma hemorragia, o que mais

eu teria para saber? Foi então que ouvi minha tia falando: “se

tivesse se casado comigo em vez da sonsa da minha irmã, hoje

seríamos felizes”. Escutar aquilo me deixou desnorteada e com

muita raiva dela e resolvi aparecer na porta. Minha surpresa foi ver
Tânia se jogando para cima do meu pai, mesmo ficando bem

evidente que ele não a queria. Fiquei perplexa, por que, como

podia? Ela era irmã da minha mãe, mesmo assim, isso não a

impediu de querer um homem que não era dela. Tudo bem que meu

pai era solteiro há anos e merecia refazer sua vida, só que algo ali

não se encaixava, e eu tava certa… — Pausei. — Naquele dia,

mesmo chateada, sentei-me para ouvir meu pai. Então fiquei

enfurecida com tudo o que ouvi dele. Basicamente, quando senhor

Márcio começou a namorar minha mãe, tinha pouco tempo que

havia aberto o escritório de advocacia. Na época, ele disse que

minha tia costumava  fazer piadinhas, dizendo que ela era muito

mais bonita que minha mãe etc., se insinuando, só que meu pai

levava na esportiva. O relacionamento entre meu pai e minha mãe

foi se desenrolando e, quando a pediu em casamento, Tânia não

ficou alegre pelos dois, apenas fingia que sim…

Frederico, então, me interrompeu:

— Elas não tinham pais? — perguntou. 


— Não. Elas tinham apenas a mãe, minha avó, mas, depois

que ela faleceu em decorrência de um câncer, ficaram morando na

mesma casa, só que tem um detalhe… minha tia nunca foi fã de

trabalhar, então vivia às custas da minha mãe, que, apesar de tudo,

era uma mulher bondosa e muito batalhadora. Meu pai falava que

carrego esse lado bondoso dela de sempre ver o bem nas pessoas

e me esqueço que onde habita o bem, também pode transitar o mal.

— Meu coração se comprimiu no peito ao me lembrar dele. — Meus

pais se casaram meses depois. Tânia ficou, então, sozinha na casa,

só que não saía da residência dos meus pais. Minha mãe não se

importava que minha tia ficasse o dia todo por lá, mas, em certas

ocasiões, meu pai chegou a falar que ela dava em cima dele

descaradamente. Como não a correspondia, o chantageou, dizendo

que contaria a minha mãe que ele dava em cima dela e queria forçá-

la a ficar com ele. — Frederico demonstrou surpresa. 

— A velha, além de invejar a irmã, ainda mentiu para

conseguir grana fácil, que mulher asquerosa! — disse, indignado. —


Coitada da sua mãe por ter um inimigo desse em casa, porque isso,

para mim, nunca foi irmã — expôs sua opinião. 

— Tem razão, só que ainda vem a pior parte… meu pai não

viu outra saída a não ser ceder e dar um valor, que era pequeno na

época, para contê-la, até porque o escritório ainda estava

começando ser reconhecido. Foi tolice do meu pai dar dinheiro a

ela, mas entendo que, como minha mãe acreditava muito na irmã e

confiava nela, com certeza não o daria um voto de confiança, ao

menos, não de imediato. O tempo passou, minha mãe engravidou e,

em meio à gestação, teve problemas com pressão alta e, por isso,

acabou tendo pré-eclâmpsia. Tudo parecia ir bem, até estar prestes

a completar trinta e sete semanas de gestação e pegar minha tia se

insinuando para o meu pai. Mesmo ela não podendo passar

qualquer tipo de estresse ou raiva, as duas acabaram discutindo,

minha mãe passou mal, sendo levada às pressas pro hospital. A

pressão dela subiu muito e os médicos acharam melhor fazer o

parto, porque era perigoso por conta da eclâmpsia. Depois que


nasci, ela deu uma hemorragia e, infelizmente, não sobreviveu —

finalizei e nos abraçamos fortemente. 

— Sinto muito que sua tia tenha sido uma pessoa tão

horrível. Não imaginava que ela tivesse, de algum modo, certa culpa

pela causa da morte da sua mãe. — Continuei agarrada a ele, ainda

sentida por me lembrar de tudo aquilo. 

— Obrigada! — agradeci. — Depois que eu soube de tudo,

minha tia passou a me menosprezar. Foi como se ela finalmente

pudesse se libertar da máscara que usava. Eu sempre tentei não

ser desrespeitosa com ela, mas, após ter me mudado para cá,

prometi a mim mesma que deixaria de ser a sobrinha boboca que

antes ela falava o que queria e por isso ficava. Nunca me permiti me

deixar levar pelos comentários maldosos dela referentes a eu ser

fora do padrão. Falava que eu não conseguia arranjar ninguém,

porque homens não gostavam de mulheres “gordas”, sendo que, na

realidade, fui eu que tentei sempre me resguardar, não por falta de

pretendentes. Afinal, sabemos que, independentemente de uma


mulher ser padrão ou não, a maioria dos homens não pondera ter

nada sério em primeiro momento, apenas em levá-la para sua

cama, foder e tchau — pontuei. 

Frederico me apertou um pouco mais entre seus braços e

nos desvencilhamos em seguida. 

— Que bom que nunca se importou com as falas escrotas da

sua tia, sinal de que se aceita como é e ninguém conseguirá mudar

isso. Já disse e repito, você é perfeita, ninfeta atrevida. — Sorri

mediante seu elogio e nos fitamos profundamente. — Analisando

bem agora, você só estava esperando a pessoa certa e olha eu bem

aqui — gracejou. Joguei a cabeça para trás, rindo divertidamente. —

É uma mulher jovem, linda, incrível, gostosa e, o principal de tudo,

minha! — Contive meu riso e aproximamos nossas bocas. 

Suas mãos apertaram minha cintura e mordi seu lábio

inferior, sugando-o sedutoramente. 

— Sim, toda sua, e você, todo meu! — frisei, também me

sentindo no direito de ser possessiva por tê-lo somente para mim. 


Ele, então, agarrou a minha garganta, apertando com

destreza, e mirou meus olhos. Nossas respirações se encontravam

altas e um fogo se alastrou em meu interior, acumulando-se no meio

das minhas pernas. Com a mão livre, ele olhou para baixo,

desfazendo o laço do meu roupão, e sorri, desejosa, enquanto me

lançava um olhar perverso. 

— Você é minha e sou todo seu! Somente seu, minha ninfeta

atrevida! — Me puxou para si e cobriu minha boca com a sua num

beijo feroz e enlouquecedor, enfiando sua língua em minha boca,

fazendo-me estremecer de tanto tesão. 

Segundo Frederico, era ele quem jamais permitirá que eu

saísse da sua vida, mas quem disse que eu queria sair? 


 

FREDERICO MOTTA

DOIS MESES DEPOIS…

Era manhã de sábado e, nesse momento, estava terminando

de me vestir para ir à casa dos meus pais sem a Diane. Hoje era

seu aniversário de vinte e um anos e estávamos preparando uma

surpresa para ela. Entretanto, inventei que meu pai solicitou minha

ajuda por conta de um documento importante referente à empresa e

que não demoraria a retornar. 


— Já vai? — indagou ao entrar no closet, e observei seu

reflexo atrás de mim no espelho. 

Me virei, envolvendo sua cintura, e ela enlaçou meu

pescoço. 

— Onde está Alice? — inquiri, olhando-a com malícia. 

— Na cozinha com a Mônica, preparando um bolo pra mim.

Ela fez questão de ajudar — frisou, e sorri. 

— Hum… estava aqui pensando no que vou comprar pra

presenteá-la. — comentei.

— Já disse que não preciso de presentes. Você foi meu maior

presente, caso não saiba. Só quero que venha logo para comermos

o bolo. — Beijou meus lábios suavemente. 

— Prometo que não vou demorar — garanti, e ela sorriu. 

Segurei em sua nuca com uma de minhas mãos e tomei sua

boca para mim, pressionando sua cintura com minha outra mão,

juntando ainda mais os nossos corpos. Aprofundei nosso beijo,

enfiando minha língua em sua boca, e ela gemeu baixinho. Suas


unhas arranharam levemente a minha nuca e meu pau ganhou vida

na cueca, fazendo-me grunhir de desejo. 

Friccionei meu pênis duro contra sua virilha e liberei sua

boca, mordicando seu queixo, e desci, lambendo e chupando seu

pescoço. Minhas mãos não paravam de apertá-la em êxtase. 

Porra! Diane sabia como me deixar doido só de chegar perto

de mim. 

— Fred… — chiou, e voltei a beijar seus lábios. Ela me beijou

com a mesma intensidade e nos afastamos pouco depois. 

Juntamos nossas testas e tentamos controlar nossas

respirações que estavam altas. 

— Você me deixa louco, minha ninfeta atrevida — proferi e

olhei em seus olhos. 

— Não pode ficar me atiçando assim, sabia? — exprimiu,

encarando-me com um ar sexy e, então, mordeu seu lábio inferior. 

Sorri perante a sua acusação. 


— Não tenho culpa se é tão gostosa que, ao chegar perto de

mim, me faz desejá-la feito um animal selvagem, sedento por sua

presa. — Ela riu. 

— Espero que me compense mais tarde — disse

sugestivamente. 

— Oh, caralho! Pode ter certeza de que já estou ansioso por

isso. Quero te chupar todinha e assisti-la cavalgando no meu pau,

assim como gosta. Só de imaginar, meu pau pulsou forte na cueca

— confidenciei em seu ouvido. 

— Hum… à noite, quero conferir e te chupar também. —

Soou safada e desceu sua mão entre nossos corpos, agarrando

meu pau com firmeza por cima do tecido grosso da calça jeans que

usava. 

A cada dia que passava, ela parecia mais safada e ousada

do que o normal, e eu nem podia reclamar, já que estava amando

vê-la tão mais à vontade no nosso sexo. 


— Vou amar te observar chupando meu pau, gostosa —

soprei contra seus lábios. 

Ela mordeu o lábio inferior, deixando de me apalpar e me

beijou. Distanciando nossas bocas em seguida. 

— Estava pensando aqui… hoje completou três meses que

estou nessa casa, o tempo que determinou para minha permanência

aqui. Na verdade, se não tivesse me implorado pra ficar, já teria ido

embora — lembrou, agarrada ao meu pescoço. 

Um mês atrás, após completarmos o primeiro mês de

namoro, cheguei do escritório e Diane comentou estar olhando

alguns apartamentos, pois pretendia alugar algum para morar. Claro

que fiquei chateado por ela ter ponderado sair daqui e, depois de

muito conversarmos, acabou cedendo ao meu pedido para ficar,

desistindo de vez de me abandonar nessa casa sozinho. A verdade

é que eu não me via mais sem ela ao meu lado e jamais deixaria

que saísse dessa casa. 


— Ainda bem que entendeu que seu lugar é aqui, comigo —

determinei. 

— Estamos apenas morando juntos, então ainda posso

mudar de ideia, quem sabe? — ameaçou. 

Segurei em sua garganta e suguei seus lábios. 

— Nunca! Não sairá daqui. Você é minha, entendeu? —

alertei, e ela sorriu. 

— Que possessivo, não? — disse, provocativa. 

— Só quando se trata de você — confessei e a beijei uma

última vez. — Melhor eu ir. — Ela assentiu e saímos do closet de

mãos dadas. 

 
Na casa dos meus pais, após compartilhar o que pretendia

fazer, escutei a minha mãe dramatizando, e meu pai rindo,

divertido: 

— Oh, meu Deus! Não posso acreditar que minhas preces

foram finalmente atendidas!

— Não exagera, mãe! Pedi apenas um conselho — reiterei. 

Contente, sentada ao meu lado no sofá, ela segurou minhas

mãos nas suas e olhou em meus olhos. 

— Só precisa me dizer se realmente a ama. Tem certeza

disso? — inquiriu. 

Nem precisei pensar duas vezes. 

— Sim, mãe. Não tenho nenhuma dúvida. Amo aquela

mulher e quero torná-la minha esposa para o resto de nossas vidas

— afirmei, convicto. — Mas acha que estou sendo apressado?

Afinal, tem apenas dois meses que começamos a namorar —

pontuei, recordando-me do dia em que a pedi em namoro. 


— Acredita mesmo que a quantidade de tempo importa? —

perguntou. 

— Não sei. Por isso quero seu conselho. Para mim, pode não

ter importância, mas a senhora pode me responder, já que é mulher

e entende melhor como funciona a cabeça das mulheres com

relação a isso — brinquei e sorrimos. 

— Isso é verdade! — meu pai respondeu. 

— Homens! — exclamou, fazendo-nos sorrir. — Bom, como

tem certeza sobre seus sentimentos, tempo se torna irrelevante,

querido. Não tem que se preocupar com isso, somente com esse

daqui — disse, colocando sua mão sobre meu peito esquerdo. — É

o seu coração que te fala se está no momento certo ou não. Mais

especialmente quando você sente que não quer perder aquela

pessoa — aconselhou. 

— Faz sentido, mãe. — Alisei as costas da sua mão, e ela

sorriu carinhosamente pra mim. 


— Sabe… eu e o seu pai pegávamos tanto no seu pé pra

arranjar uma mulher que parece agora ser quase inacreditável que

nosso sonho finalmente se concretizará. Na verdade, no dia em que

nos disse estar namorando a Diane, já ficamos chocados o

suficiente, mas agora… é diferente. Casamento é diferente. Vocês

dividirão uma vida, passando por suas dificuldades, mas, sobretudo,

se amando e se respeitando. Diane é uma jovem incrível, esforçada

e linda, merecia você como seu príncipe encantado — teceu

elogios, e sorri, agradecido. 

— Obrigado, mãe! Mas se sou esse homem hoje, devo a

vocês, pois me ensinaram tudo isso. Vocês são os melhores pais,

saibam disso — não pude deixar de expressar minha admiração por

eles. 

— Oh, querido! Venha cá nos dar um abraço. — Ela se pôs

de pé e a abracei. Meu pai, que estava sentado no assento ao seu

lado, nos envolveu em um abraço coletivo. 

Nos desvencilhamos em seguida. 


— Bom, acho que vou indo — avisei. 

— Pode ir, querido. Estou de olho na organização por aqui —

mencionou. 

— Agradeço a ajuda, mãe. Vou para casa. Diane está com a

Alice por lá. As duas estão um verdadeiro grude — comentei. 

Minha mãe riu. 

— Imagino que esteja se mordendo de ciúmes, já que, antes,

ela só tinha a você, e agora está mais apegada a Diane —

observou, divertida. 

— Claro que não — menti. 

— Ah, não precisa mentir, hum? Sabemos que está com

ciúmes, sim. — Meu pai veio para o meu lado e deu um aperto leve

em meu braço. 

— Fiquei bastante no início, mas já estou me acostumando.

— Fui sincero. — Preciso passar em um lugar antes de voltar para

casa — comuniquei e, após nos despedirmos, caminhei em direção

à saída. 
 

Quando cheguei em casa, Alice quis bater parabéns pra

Diane, então o fizemos, comemos do bolo e horas mais tarde, ela

me disse querer ir embora. Liguei para a minha irmã, falando sobre

seu desejo, e pediu ao meu cunhado para vir buscá-la. Não

demorou até ela ir embora, então aproveitei para matar minha

vontade de ter Diane apenas para mim. 

Acabamos transando loucamente na sala, já que estávamos

sozinhos e à vontade. Depois subimos pro meu quarto e tomamos

um banho juntos, o que nos permitiu termos mais algum tempo nos

acariciando e dando prazer um ao outro. Ao abandonarmos o

banheiro, fomos pra nossa cama. 


Sim! Nossa cama, pois, quando pedi que ficasse em minha

casa, já dormíamos juntos, entretanto, faltavam suas coisas no meu

closet, dividindo uma parte comigo. Diane estava, literalmente,

entranhada em meu coração e era grato por ela ter finalmente

surgido em minha vida. Por fim, acabamos dormindo o restante da

tarde e a acordei distribuindo beijinhos pelas suas costas nuas,

coberta apenas por um fino lençol. 

— Levante, dorminhoca — cochichei em seu ouvido, e ela se

mexeu, abrindo os olhos. 

— Não tenho motivos pra sair daqui — rebateu. 

— Se arrume, temos um lugar para ir. — Assim que terminei

de falar, ela se virou para mim, olhando-me desconfiada. 

— Não me disse que iríamos sair — reclamou. 

— Estou dizendo agora — respondi e alisei sua bochecha. 

— E para onde vamos? — especulou. 

— É segredo — omiti e apertei a ponta do seu nariz, saindo

da cama ainda nu. 


Contornei a cama sob seu olhar malicioso e sorri, dando uma

piscadela antes de entrar no closet. 

— O que estamos fazendo na casa dos seus pais? — Diane

questionou quando estacionei próximo ao jardim. 

Não respondi, apenas sorri e saí do carro. Dei a volta, a

encontrando fora do veículo, e uni minha mão à sua. 

— Tenho uma surpresa — revelei enquanto andamos até

parar em frente à porta. A empurrei, ficando por trás dela, e tapei

seus olhos. — Dê um passo de cada vez — instruí, e ela entrou na

casa. 
As luzes foram acesas, e meus pais, minha irmã com o Diego

e o Gael e Alice; Luna com Arthur e sua filha, xará da minha

sobrinha, porque se chamava Alice também, mas com um ano e

quatro meses de vida; Fabiana e Edgar também marcaram

presença, cada um segurava um gêmeo, o Dênis e o Hugo que

tinham dez meses, assim como Mônica, surgiram. Livrei seus olhos,

e eles gritaram “surpresa”. Diane cobriu a boca com ambas as

mãos, olhando-me emocionada, e sorri, fazendo sinal pra que ela

fosse cumprimentar os demais. 

Olhei ao redor, vendo toda ornamentação que o pessoal que

contratei fez. O tema do seu aniversário não poderia ser outro,

senão o símbolo do seu curso de direito. Depois de todos a

abraçarem, desejando felicidades, ela veio até mim e me abraçou

apertado. 

Sorri, envolvendo meus braços ao redor da sua cintura com

mais firmeza e afaguei suas costas. Ela se afastou e olhei em seus


olhos. Uma lágrima involuntária escorreu pelo seu rosto, e tratei de

limpá-la, beijando seus lábios genuinamente. 

— Obrigada, eu… não imaginava que estava aprontando

pelas minhas costas. — Mais lágrimas deixaram seus olhos e

limpou com as costas de uma de suas mãos. 

— Não quero que chore, hum? — solicitei, e ela comprimiu

seus lábios, reprimindo a vontade de chorar, e soltou um riso

abafado. — Vem, quero aproveitar e fazer algo logo, antes que eu

tenha um infarte de tanta ansiedade — revelei, segurando em sua

mão, e nos aproximamos da mesa em que estava organizada com

bolos, doces, salgados e lembrancinhas que encomendei para os

nossos convidados. 

— O que vai fazer? — Não escondeu sua curiosidade e

abanou o rosto, tentando secar sua umidade. 

— Aproveitando que este é o seu momento, algo especial

que preparei com muito amor e carinho, convidando nossa família e

amigos… inclusive, se faltou alguém da sua faculdade, peço


desculpas, mas não sabia quem chamar, então não tive em vista

descobrir.

Pausei quando ela e os demais sorriram. Respirei fundo,

procurando as palavras corretas e soltei o ar lentamente,

continuando: 

— Recentemente, você perdeu seu pai, uma falta que

imagino o quanto te doeu e ainda dói. Depois disso, decidiu vir para

Val Verde e praticamente caiu de paraquedas na minha casa.

 Ela riu. 

— Me lembro até hoje dos seus olhos em mim naquele dia e

jamais pensei que sua chegada naquela residência significasse o

início de uma virada de chave na minha vida. — Dei um passo à

frente e segurei em sua cintura, juntando nossos corpos. Firmei

meus olhos nos seus, notando seu esforço aparente para não

chorar. — Admito que, quando impus que ficasse somente três

meses, estava convencido de que seria pouco tempo e que passaria

num estalar de dedos, o que eu não sabia é que nunca estive tão
enganado em toda minha existência. As coisas simplesmente foram

acontecendo entre nós dois, a atração foi aumentando a cada vez

que nos encontrávamos ou conversávamos em algum canto

daquela casa e, quando não mais suportamos, decidimos deixar as

coisas fluírem naturalmente. 

Acarinhei sua bochecha quando lágrimas voltaram a banhar

seu rosto e as limpei. 

— Claro que tive minhas dúvidas, assim como você, até por

conta da nossa diferença de idade e por você ainda ter tantos

sonhos. No fim, nada disso fez alguma diferença, visto estarmos

aqui, juntos e ainda dividindo o mesmo teto, porém, não mais como

se você fosse uma convidada, mas como minha namorada e

agora… — Me distanciei, enfiando a mão no bolso, e tirei a caixinha

de veludo de dentro. A abri diante dos seus olhos, expondo o anel

de noivado, e Diane ficou ainda mais emocionada. — Desde que

decidiu nos dar uma chance, eu já estava apaixonado por você, só

que hoje tenho certeza de que quero você morando comigo, no


entanto, como minha esposa. — Me ajoelhei em sua frente. —

Diane Castro, não tenho dúvidas do meu sentimento por você. É

nítido que se entranhou em meu coração, fazendo dele sua

moradia. Eu te amo, garota. Aceita se casar comigo? 

Ela chorou um pouco mais e me puxou, fazendo com que me

erguesse. Nos abraçamos, ouvindo os demais batendo palmas e

gritando um “aceita, aceita!”. Então se afastou minimamente e limpei

abaixo dos seus olhos. 

Diane fungou e puxou o ar profundamente, soltando-o na

sequência, e se pronunciou quando todos se calaram: 

— Tô muito emocionada agora, então, só posso agradecer

por tudo isso. Obrigada pela presença de vocês, pois são muito

especiais pra mim — disse, olhando pra eles, e voltou a me encarar.

— E você, não pensei que pudesse ser mais perfeito. Também te

amo muito, Frederico. Claro que aceito me casar com você, velhote.

— Sorrimos e, depois de colocar o anel em seu dedo anelar e beijar


em cima, enlacei sua cintura, grudando seu corpo no meu, e segurei

sua nuca, beijando-a com fervor. 

Nossos convidados bateram palmas, nos parabenizando, e

meu coração pulsou forte no peito. Eu amava demais aquela mulher

e não via a hora de finalmente subir ao altar e tê-la como minha

esposa. Em pensar que meses atrás, abominava completamente

essa ideia. 
 

DIANE CASTRO

3 MESES DEPOIS… 

Sete meses se passaram desde a perda do meu pai. Ainda

podia me lembrar perfeitamente da sua risada, seus conselhos e o

calor do seu abraço apertado e tão reconfortante. Agora, olhando-

me vestida de noiva, toda maquiada e pronta pra subir ao altar,


tenho certeza de que, se ele estivesse aqui, sentiria muito orgulho

de mim. 

Eu estava caminhando para finalmente seguir seus passos.

Agora faltava um ano para terminar minha faculdade, passar na

OAB e depois fazer minha Pós-Graduação. Sei que ele está me

olhando nesse momento e se sentindo satisfeito pela filha que,

infelizmente, deixou tão cedo. 

Respirei fundo ao me dar conta disso e soltei o ar lentamente.

Passei a mão pelo vestido, alinhando seu tecido ao meu corpo e

ajustei minha postura. Tinha que me concentrar pra não chorar e

borrar a maquiagem. 

Os últimos meses que se passaram foram verdadeiramente

mágicos. Frederico vinha se mostrando cada vez mais atencioso,

amoroso e incrível. Lembrando-me do final de semana passada,

sorri e verifiquei meu pulso. 

Havíamos feito uma tatuagem de casal com símbolos que

nos representavam muito bem. O meu foi uma flor de lótus


desabrochando, que simboliza a superação, força, e capacidade de

passar pelas dificuldades, tudo correspondente a mim. Já o

Frederico escolheu a imagem de uma caneta, afirmando querer

deixar gravado em sua pele o primeiro presente que lhe dei. 

Minhas tatuagens foram pequenas e discretas. As de

Frederico, ele preferiu tatuar em seu peitoral esquerdo, “próximo ao

seu coração”, palavras dele. Sempre que aquele dia me vinha à

memória, sentia um quentinho por dentro. 

Minha atenção foi desviada para a porta, quando deram

batidinhas e, ao dizer um “entre”, senhor Antenor colocou a cabeça

para dentro. 

— Vamos? — chamou. 

Assenti e o acompanhei. 

 
 

— Se acalme. Só lembre de dar um passo na frente do outro

e manter a postura. — disse dona Glória. 

Enganchei minha mão na curva do braço do senhor Antenor,

pois ele quem entraria comigo. Fizemos uma oração antes e, pouco

tempo depois, ergui meu queixo, tornando-me ereta, e as portas da

igreja foram abertas. Meu olhar foi diretamente para o altar

enquanto a marcha nupcial começou a ser tocada. 

Meus olhos começaram a umedecer, emocionada demais por

aquele momento. Parecia um sonho tudo que eu estava vivendo,

pois, depois de ter saído de Monte Oeste e vindo para Val Verde,

jamais pensei que hoje estaria rumando em direção ao altar para me

casar com um homem incrível. 

A única coisa triste no meio desse acontecimento magnífico

era o fato de não ter meu pai ao meu lado para entrar comigo na

igreja, acompanhando minha felicidade bem de perto. 


Empurrei minhas divagações para longe, segurando meu

buquê em mãos, e observei o homem lindo naquele traje todo

branco, conseguindo ficar ainda mais sexy em minha frente. Ele

sorriu para mim, e devolvi na mesma intensidade. Assim que

paramos diante dele, meu sogro o entregou a minha mão,

desejando-nos felicidades, pegou meu buquê de flores e saiu. 

— Está linda! — Frederico disse e beijou o meio da minha

testa. Sorri e fechei meus olhos, absorvendo seu toque carinhoso. 

— Você também. — Cochichei e ele sorriu.

Aproveitei para olhar ao redor, vendo todos os nossos amigos

e familiares marcando presença, e logo nos posicionamos de frente

para o padre, que começou a celebrar nosso matrimônio. Fred

segurava minha mão com firmeza e, poucos minutos após continuar

ouvindo o padre, chegamos à parte onde proferimos nossos votos

de amor. Alice entrou, toda linda naquele vestido, e nos trouxe as

alianças. 
Agradecemos e nos posicionamos, colocando as alianças um

no outro. 

— Eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva. —

declarou. 

Tive minha cintura enlaçada por Frederico e envolvi meus

braços em torno do seu pescoço. Sua boca tomou a minha num

beijo feroz e apaixonado. Fomos aplaudidos e nos desvencilhamos,

acenando pra todos. 

Meu coração batia muito rápido e pensei que fosse desmaiar

a qualquer momento de tanta felicidade. 

Havíamos chegado à chácara que alugamos para a festa há

algum tempo. Estava sentada à mesa quando Frederico chegou até


mim, oferecendo-me sua mão, e aceitei. Nos encaminhou até o

meio do salão e ficou olhando em meus olhos, de repente, a música

que dançamos na boate, Calm down, Rema e Selena Gomez,

começou a ser tocada. 

Ele segurou em minha mão e me girou, colocando-me de

costas pra ele. 

— Se lembra dessa música? — indagou. 

— Como me esqueceria? — rebati e ouvi sua respiração

pesada contra meu ouvido. 

— Essa música se tornou minha predileta da minha playlist

desde aquela noite na casa noturna. Tenho ela como nossa música

tema e sempre que a escutarmos, lembraremos exatamente

daquele dia. Foi naquela noite que te toquei pela primeira vez e

senti o sabor da sua boceta deliciosa. — Sua voz saiu rouca, e meu

clitóris pulsou de desejo. 

— Fred, para com isso — o repreendi, e ele riu. 


— Dance, Diane, porque a noite só está começando — ditou

e continuamos nos remexendo ao som daquela batida envolvente. 

Como eu não tive como tirar alguns dias para a gente viajar

pra longe, até por conta da faculdade e do meu estágio em um

escritório de advocacia, Frederico acabou alugando um quarto em

um hotel-fazenda a alguns quilômetros de Val Verde para

passarmos o final de semana. Nesse momento, havíamos acabado

de tomar um banho relaxante e vigoroso, já que estávamos

cansados pela viagem, entretanto, nada nos faria não ter a nossa

lua de mel. 

O quarto estava cheio de pétalas de rosas espalhadas pelo

chão. Parei no meio do cômodo, tendo minha cintura envolvida pelo


meu marido, e ele afastou meu cabelo que estava com os fios

úmidos para o lado, mordiscando minha nuca e a lateral do meu

pescoço. 

Me virei para ele quando desfez o nó do meu roupão e seus

olhos me encararam com um fogo explícito em cada um deles.

Aproveitei para abrir o dele também, revelando-me seu pau

extremamente ereto, grosso e de cabeça rosada. 

Lambi os lábios, cheia de desejo, enquanto mantive meus

olhos nos seus, e ele agarrou minha garganta, tomando minha boca

num beijo faminto e voraz. Gemi em completo êxtase e sua língua

entrou em minha boca, explorando cada centímetro. Envolvi meus

braços em torno do seu pescoço quando ele impulsionou meu corpo

para cima, fazendo com que rodeasse seu quadril com minhas

pernas, e nos levou para a cama, deitando-me no meio dela. 

Parou nosso beijo e terminou de tirar seu roupão, assim

como o meu, que também me ajudou a me livrar. 


— Linda! — me elogiou ao ficar em pé, próximo à beirada da

cama, e abri as pernas, me tocando. 

Ele grunhiu e veio para cima de mim, atacando minha boca

com selvageria, enquanto sua mão desceu até minha boceta,

estimulando meu clitóris sensível e inchado de tesão. 

— Fred… — proferi em meio ao nosso beijo e, sem me

responder, o aprofundou, sugando minha língua, fazendo com que

minha cabeça girasse de tanto prazer. 

Ele não perdeu tempo ao deixar meus lábios e descer pelo

meu corpo, chupando meus seios demoradamente, até chegar ao

meio das minhas pernas e abocanhar minha boceta com extremo

desejo. 

— Delícia! — disse, voltando a me chupar tão gostoso que

sentia estar prestes a explodir. 

Sem esperar, ele introduziu dois dedos no meu canal e

arquejei, não suportando de tanta luxúria. Segurei meus seios,

estimulando-os, e o observei entre minhas pernas, sugando minha


boceta com tanto anseio. Não levou tanto tempo até sentir aquele

famoso fogo crescendo em meu interior. 

— Oh! Eu vou… — Tive dificuldade de falar devido às

sensações intensas em meu corpo. 

— Goza pra mim. Goza bem gostoso — pediu e abocanhou

meu clitóris outra vez, fazendo sua língua trabalhar agilmente até

finalmente me derramar em sua boca. 

Ainda tentava controlar minha respiração quando ele se

posicionou em cima de mim e beijou meus lábios com paixão e

voracidade. Senti seu pau ser centralizado na minha entrada e,

enquanto permanecemos nos beijando, foi entrando em mim,

acomodando todo seu comprimento no meu canal, que escorregou

facilmente devido a ter acabado de gozar. 

Arquejamos ao parar de nos beijar e seus olhos se

mantiveram nos meus, mostrando um ao outro, todo o prazer que

estávamos nos proporcionando. Frederico estocava cada vez mais

fundo em minha boceta e mordi meu lábio inferior, concentrada no


seu olhar azul. Pouco depois, ele saiu de cima de mim, se

colocando em pé próximo à beirada da cama, e me instruiu a ficar

de quatro. Fiz como pediu e tive meus cabelos envolvidos por uma

de suas mãos, dando um puxão para trás. 

Seu pau me preencheu rapidamente e socou com força,

estalando um tapa em um dos lados da minha bunda. Eu amava

quando ele se tornava intenso daquele jeito, pois ficava ainda mais

desejosa. 

— Você agora é minha esposa, Diane. Toda minha! — falou,

batendo do outro lado da minha bunda e metendo mais rápido e

fundo em mim. — Fala que é toda minha — falou com sua boca

grudada ao meu ouvido, e fechei os olhos, sentindo meu corpo todo

se arrepiar de tesão. 

— Sua. Sou toda sua, velhote — provoquei e recebi mais um

tapa em minha bunda, daquela vez, mais forte, causando uma

ardência em minha pele, mas, em vez de causar dor, senti minha

boceta se encharcar ainda mais. 


Eu amava seu jeito possessivo e intenso na cama. Frederico

me levava à loucura. 

Tive meu clitóris coberto por seus dedos enquanto ele

prosseguia arremetendo dentro de mim com mais rapidez, e abri

meus olhos, pronta pra explodir em mais um gozo. 

— Fred… — chiei, engolindo a saliva com dificuldade. 

— Goza de novo, vai! Goza no pau enterrado na sua boceta

e meus dedos nesse seu clitóris duro e gostoso. Goza, minha

ninfeta atrevida. — Suas palavras sujas só aumentaram meu grau

de excitação e arrepios trespassaram pelo meu corpo, enquanto

aquela chama crescia dentro de mim e, em questão de segundos,

vim à tona, gozando pela segunda vez em pouco tempo. 

— Oh, caralho! Que delícia! Vou gozar também — disse com

a voz carregada de prazer e envolveu meus cabelos com mais

força, forçando minha cabeça para trás enquanto estocava cada vez

mais fundo e rápido, até um urro atravessar sua garganta,

evidenciando ter esporrado dentro de mim. 


Ele tirou seu pau do meu canal e senti sua porra escorrer

pelas minhas pernas. Frederico foi ao banheiro e voltou com uma

toalha, me limpando. Amava o seu jeito protetor, cuidadoso e

carinhoso comigo. Deixou a toalha no chão e se juntou a mim,

sentando-se rente à cabeceira da cama. 

Sentei-me de pernas abertas sobre ele, que apertou o bico

rijo de um dos meus seios e chupou um deles, concentrando-se no

outro. Vi seu pau ganhar vida outra vez e mordi o lábio inferior, cheia

de tesão. Eu nunca me cansava dele, pelo contrário, nosso tesão

um no outro só crescia assustadoramente. 

Enquanto ele sugava meu seio, segurei seu pau e o encaixei

em minha entrada, que deslizou para dentro com facilidade. Ambos

arfamos, e ele segurou fortemente em minha nuca, grudando sua

boca na minha. 

— Oh, garota, você é tão gostosa. A cada vez que fazemos

amor, parece nunca ser o suficiente — declarou ao libertar minha

boca. — Você, definitivamente, se tornou o meu vício favorito, minha


ninfeta atrevida. — Sorri, olhando em seus olhos. — Eu te amo,

Diane. Agora, minha esposa. — Pegou minha mão, entrelaçando

nossos dedos enquanto rebolava sobre ele, e mordeu levemente os

nos dos meus dedos. 

Meu clitóris pulsou freneticamente e minha respiração

acelerou um pouco mais. 

— Eu também te amo, meu amor. Muito — declarei, e ele

firmou uma de suas mãos em minha cintura, fazendo seu pau ir

mais fundo em minha boceta. 

Ó, céus! Como eu amava tudo naquele homem! 

 
 

DIANE 

4 ANOS DEPOIS… 

Há um pouco mais de seis meses vinha tentando engravidar

e ainda não tive sucesso. Já tínhamos bastante tempo de casados

e, especialmente hoje, estávamos completando quatro anos de

matrimônio. Eu já havia completado vinte e cinco anos e, ao longo

desses anos, concluí minha faculdade, passei na OAB e há quase

um ano, abri o escritório de advocacia. 


Levei muitos anos pra construir o que tanto queria e

Frederico foi essencial em cada etapa. Admito que, antes de nos

envolvermos, não pensei fosse tão bom ter um homem tão cúmplice

e companheiro como ele ao meu lado. Era surreal o modo como

fazia questão de me apoiar e me incentivar em tudo que decidia

fazer em minha vida. 

Os anos que se passaram serviram para fortificar o nosso

elo, tornando o nosso amor e o tesão que nutríamos pelo outro

ainda mais sólidos. Eu não tinha dúvidas de que fomos realmente

feitos para ficar juntos até o fim de nossas vidas. Tinha momentos

que me pegava pensando no quanto eu o amava, tanto que, por

muitas vezes, o ar chegava a me faltar. 

Há alguns dias, foi seu aniversário de quarenta e dois anos.

O tempo praticamente voou e, depois de muito pensar, o chamei

para conversar sobre termos nosso primeiro bebê. Frederico era tão

maravilhoso que, ao longo desses quatro anos de casamento,

nunca tocou no assunto ou impôs que tivéssemos um filho.


Não! Ele sempre foi muito respeitoso e sempre deixou claro

que quando fosse a hora certa, iria acontecer. E que a decisão seria

tomada pelos dois em um consenso. Por mais que tivéssemos

tantos anos de casados, a cada dia eu continuava o conhecendo e

admirando mais e mais. 

Como se ele nunca fosse parar de me surpreender. 

Frederico sabia que eu tinha esse sonho de ser mãe, mas

também tinha ciência que não pensaria nisso enquanto estivesse

focada em apenas realizar os meus objetivos. Ele acompanhou de

perto toda minha insegurança, medos e anseios por conta disso. E

há seis meses finalmente resolvi me concentrar melhor no nosso

casamento, sentindo que deveríamos construir nossa família. 

Pela manhã, tive consulta com uma ginecologista, falei sobre

minha menstruação estar atrasada há quase um mês, e ela me

pediu pra fazer o exame de beta HCG. Fiz e, após sair o resultado,

mesmo tendo visto o POSITIVO em letras garrafais, retornei à sua

sala somente pra ouvir dela o que já sabia:


“Parabéns, mamãe”. 

Fiquei tão surpresa que as palavras fugiram da minha boca. 

Vim para casa mais cedo e, no caminho, comprei sapatinhos

de tricô e uma caixinha de presente. Eu já havia combinado com

Mônica para preparar um jantar especial para comemorar o

aniversário de casamento, tanto que estava tudo pronto, só não

imaginei que teria essa surpresa para falar a ele também.

Conhecendo-o bem, sabia que ele ficaria doido de felicidade quando

soubesse, e nós merecíamos isso. 

FREDERICO MOTTA 

Estacionei o carro na entrada e saí com minha pasta em

mãos. 
— Boa noite, senhor — Guilhermo, um dos seguranças, me

cumprimentou e o saudei de volta, entregando-lhe a chave do

carro. 

Entrei em casa, afrouxando minha gravata, deixando minha

pasta sobre a mesinha ao lado, e Diane surgiu no meu campo de

visão, vestindo um hobby amarelo e curto, demarcando bem suas

curvas. Seus cabelos estavam soltos, como eu amava que os

deixassem. Meu peito inflou quando abriu um amplo sorriso e se

aproximou de mim. 

Definitivamente, não tinha nada melhor do que chegar em

casa depois de um dia exaustivo no escritório e encontrá-la me

aguardando, principalmente com aquele sorriso lindo. 

— Pensei que não chegaria mais — reclamou, e sorri,

enlaçando sua cintura. 

— Por quê? Sentiu saudades, minha ninfeta atrevida? —

provoquei. 
Mesmo depois de tantos anos de casados, não havíamos

deixado nossos apelidos de lado, e eu amava tudo isso. 

Ela envolveu seus braços em meu pescoço e sorriu,

mordendo o lábio inferior. 

— Sempre sinto sua falta — confessou, e levei meu nariz até

seu pescoço, aspirando seu cheiro floral, meu preferido. 

— Isso é bom, porque fiquei o dia todo pensando em te foder

— proferi rouco em seu ouvido, e ela afastou seu rosto, rindo. 

— Você é impossível! — exclamou, e sorri. 

— Como foi seu dia? — Alisei sua bochecha com meu

polegar, firmando meus olhos nos seus. 

— Foi bom, mas agora me beija, porque depois tenho uma

surpresa para você — ditou, e franzi o cenho. 

— Surpresa? O que andou aprontando, hum? — questionei e

grudei nossos lábios, não dando tempo para me responder. 

Diane gemeu, arranhando minha nuca com suas unhas, e

meu pau ganhou vida na cueca. Um rosnado deixou minha garganta


e, ao fazê-la se encostar em uma das paredes mais próximas,

friccionei minha dureza contra ela, excitado demais e querendo-a

com certo desespero. Aprofundei nosso beijo, apertando sua cintura

com destreza, mas senti seu toque em meu peitoral, o que me fez

frear meus movimentos. 

— Teremos tempo para isso depois da minha surpresa —

avisou. 

— Estou curioso — expressei. 

— Vem comigo. — Segurou em minha mão e a acompanhei. 

Entramos na sala de estar e vi a mesa bem ornamentada de

modo romântico, como ela costumava ser. 

— Como é esquecido, sei que não se lembrou do nosso

aniversário de casamento, mas preparei algo simples e especial

para nós dois — disse, ajudando-me a tirar o paletó, seguido da

minha gravata, e deixou as peças sobre um dos assentos à mesa. 

— Não me esqueci, tanto que fiz uma reserva naquele

restaurante no centro que gosta de ir — mencionei, puxando-a para


mim e beijei seus lábios. — Você é uma mulher incrível, sabia? —

elogiei, contornando o desenho dos seus lábios carnudos com meu

polegar. 

Ela sorriu. 

— Você nunca me deixa esquecer disso — soprou contra

meus lábios e se afastou. — Antes de jantarmos, tenho um

presente. — Pegou uma caixa pequena que nem havia visto sobre a

mesa e me entregou. — Abra — pediu. 

Notei estar ansiosa, e eu não fazia ideia do que fosse. 

Assim que abri, lágrimas vieram aos meus olhos e sorri,

olhando para ela, desacreditado. 

— Isso… — Tive que parar de falar, pois a voz me falhou.

Tirei os sapatinhos de tricô de dentro e o papel, abrindo-o em

seguida, e me deparei com um POSITIVO grifado no papel. Mais

lágrimas deixaram meu rosto e deixei a caixa com as coisas em

cima da mesa, voltando até ela, e a abracei, emotivo. 


Estávamos tentando há alguns meses, e ela vinha se

frustrando a cada negativo que se deparava quando realizava os

exames. Eu também me sentia triste. Cheguei a ponderar que

tivesse algum problema com meu esperma que a estava impedindo

de engravidar. 

Com isso, cheguei à conclusão de que nada acontecia no

nosso tempo. 

— Caralho! Vou finalmente ser pai. Pai, porra! — xinguei,

extremamente feliz, e me ajoelhei em sua frente, abrindo seu hobby,

e beijei seu ventre diversas vezes, com lágrimas ainda escorrendo

pelo meu rosto. 

Diane sorria, também emocionada e contente. Levantei-me e

segurei seu rosto entre minhas mãos. 

— Eu te amo e prometo que serei um excelente pai. Obrigado

por esse presente, foi o melhor que já recebi em toda minha vida —

expressei. Meu coração parecia que ia saltar da minha boca a

qualquer momento de tão eufórico que me encontrava. 


— Eu também te amo, meu amor, e sei que seremos

excelentes pais pra essa criança. Você é um marido excepcional e,

como pai, tenho certeza de que se sobressairá muito mais —

declarou, e a beijei com devoção. 

Naquele momento, eu só tinha uma certeza: o destino

trabalhou muito bem em minha vida e, por mais planejada que

imaginei que fosse, ele acabou me surpreendendo quando trouxe

Diane diretamente para os meus braços. A minha ninfeta atrevida e,

também, a garota virgem do CEO. 

 
 

 
 

SINOPSE:

Contém: CASAMENTO POR CONTRATO + SLOW BURN +

HOT

ARTHUR FOGAÇA tem fama de bad boy pela cidade por

conta do seu olhar sedutor, jeito misterioso e as diversas tatuagens

pelo seu corpo másculo. Aos 30 anos, é avesso a qualquer

relacionamento sério, então, vive de forma desregrada,

aproveitando suas noitadas com várias mulheres diferentes e

bebedeira. Tudo isso cai por terra quando o seu pai lhe dá um

ultimato.

Com seus 23 anos, LUNA pensava estar indo tudo bem em

sua vida, até surgir alguns imprevistos e ter que retornar a morar
com a sua mãe, quando voltará a ajudá-la com o pequeno negócio

da família.

Ele precisa urgentemente de uma esposa...

Ela, de ajuda financeira...

Será que duas pessoas tão distintas podem se atrair?


 

TRÊS MESES ANTES… 

ARTHUR FOGAÇA 

Minha cabeça latejava quando escutei o toque estridente do

meu celular em cima da mesinha da cabeceira. Abri os olhos

minimamente e os fechei ao me deparar com a intensa claridade

existente no meu quarto. Após algum tempo, voltei a abri-los e

empurrei o fino lençol que me cobria, sentando-me na beirada da

cama, finalmente alcançando o aparelho. 


Meio sonolento, atendi ao ver que se tratava de uma ligação

do meu pai. 

— Onde você está Arthur? — Sua voz soou grossa e com um

ar de desapontamento. 

— Como assim? — Bocejei, denunciando ter acabado de

acordar. 

— Não acredito que ainda está no seu apartamento e

acordou agora, Arthur! — exclamou, irritado. — Obviamente se

esqueceu da reunião. — Meus olhos tomaram uma proporção maior

do que tinham em meio a sua repreensão, fazendo-me esquecer a

dorzinha aguda em minha cabeça. 

— Pai, eu… me desculpa, acabei perdendo a hora, mas… 

Tentei me justificar, só que ele não me deu espaço para isso. 

— Você realmente é um caso perdido, Arthur! Estou cansado

de tentar fazê-lo enxergar que a vida não é só bebedeira ou curtição

com a mulherada! — esbravejou e desencostei o celular do ouvido,

fechando meus olhos por conta da dor latejante na cabeça, que


ainda se fazia presente e aumentou gradativamente com o grave da

sua voz. 

— Pai… — tentei me defender, mesmo sabendo que não

tinha nenhum argumento. 

— Te dou meia hora pra chegar na empresa. — E assim,

encerrou a ligação. 

Liguei novamente, mas não atendeu. Porra! 

Pus-me de pé e segui para o banheiro. Precisava correr

contra o tempo para estar na empresa como ele determinou. 

***

Assim que estacionei o carro em uma das vagas privativas da

empresa, saí pegando a minha pasta e apressei os meus passos

até chegar ao elevador, afinal, já estava quase extrapolando os

trinta minutos que me dera para estar aqui. Logo entrei, acionando o

andar da diretoria e, assim que as portas se fecharam, olhei meu


reflexo no espelho que havia em umas das laterais atrás de mim,

alinhando o meu blazer preto, e ajustei o colarinho da camisa

branca por baixo. Logo o sonoro bip ressoou e parti para fora

rapidamente. 

A mesa da Michele, secretária do meu pai, encontrava-se

vazia, e soltei um longo suspiro, agradecendo mentalmente pela

reunião ainda não ter finalizado. Segui para a minha sala que ficava

ao lado da que pertencia ao meu pai e depositei minha pasta sobre

o tampo de vidro ao adentrar. Fiquei de pé e passei ambas as mãos

pelo rosto, preocupado com o que o senhor Gustavo Fogaça falaria. 

Virei-me, ficando de frente para a ampla janela de vidro que

ia do teto ao chão, e admirei a vista panorâmica dali de cima. Val

verde era uma cidade muito bem desenvolvida, tendo milhares de

habitantes. Um lugar que era referência nacional quando se tratava

de grandes empresas e negócios bem-sucedidos. 

Saí do meu torpor ao escutar batidinhas na porta e  imaginei

que pudesse ser o meu pai. 


— Entre! — gritei, virando-me em direção à porta, pronto para

me defender de suas acusações, mesmo tendo ciência da minha

irresponsabilidade por não ter me lembrado da reunião de hoje. 

Para a minha surpresa, não se tratava do meu pai, mas, sim,

do Caio, meu primo, que surgiu em meu campo de visão ao

atravessar a porta e travei meu maxilar, tentando fingir naturalidade.

Não o suportava, visto ele querer ser superior a mim, principalmente

por  chamar a atenção de todos na empresa, não perdendo a

oportunidade de se mostrar todo “certinho”; eu, apesar de ser filho

do CEO da empresa, era enxergado como um bad boy, que levava

uma vida desregrada e não queria se apegar a ninguém, o que, de

certa forma, não vinha ser uma completa mentira. 

— O que quer? — fui direto ao ponto, pois odiava rodeios. 

Ele fechou a porta atrás de si e parou diante da minha mesa,

descansando uma de suas mãos em um dos bolsos dianteiros da

sua calça social. Olhou-me tendo um sorriso presunçoso em seus


lábios. Eu sabia que seu intuito ali era somente o de me provocar,

dado saber que não nos suportávamos. 

— Até que fim chegou — debochou, rindo.

Desviei meus olhos dele e arrastei a minha cadeira,

sentando-me em seguida. 

— Isso não é da sua conta, portanto, não perderei o meu

tempo com você. Apenas saia! — enxotei, duramente.

— Tem razão. Não é da minha conta, mas cada vez que

chega atrasado ou esquece das suas obrigações como um membro

importante do administrativo dessa empresa, saiba que fico bastante

feliz. Sinal de que, assim que o meu tio decidir se aposentar, algo

que não demorará, visto estar de casamento marcado para daqui a

alguns meses, certamente serei o escolhido para tomar o seu lugar,

afinal, você não tem postura… — Antes que ele terminasse de falar,

ergui-me do assento e alcancei o colarinho da sua camisa ao curvar

meu corpo sobre a mesa, puxando-o em minha direção.


— Não queira competir comigo. Sabe muito bem que perderá

— cuspi as palavras contra o seu rosto, olhando firmemente em

seus olhos enquanto sentia a raiva percorrendo pelas minhas veias. 

Caio soltou um riso de canto e bateu contra minhas mãos,

livrando-se do meu agarre e ajeitou sua camisa. 

— Sempre tão esquentadinho, não é mesmo? — Riu,

demonstrando indiferença quanto ao que lhe disse. Esforcei-me

para não ir até ele e socar o seu rosto de uma vez por todas. —

Aliás, tem certeza de que eu perderia se realmente focasse em

disputar a cadeira do meu tio com você? — Arqueou uma

sobrancelha, incitando-me em simultâneo,  demonstrando

divertimento com a minha falta de autocontrole. 

— Foda-se! Não vou ficar aqui discutindo com você —

respondi, não dando a mínima importância. 

— Nem sequer sabe sobre o que foi falado na reunião de

hoje — despejou seu veneno numa clara tentativa de querer que eu

o socasse ali mesmo. 


Meu primo fazia de tudo para me fazer perder a compostura.

Respirei fundo, voltando a me sentar. 

— Não importa. De qualquer modo, meu pai me passará tudo

depois — mencionei. 

— Como sempre — pontuou sugestivamente. 

— Pode sair, se era só isso que desejava, primo — ironizei,

abrindo meu notebook. 

— As obras do novo resort all inclusive, que será inaugurado

na cidade de Porto Primavera daqui a três meses, estão quase no

fim e eu fui o escolhido pelo meu tio para dirigir o novo

empreendimento da Fogaça Group, logo após o casamento dele.

Não vai me dar os parabéns? — desafiou. 

Inspirei o ar profundamente, não acreditando que o meu pai

tivesse feito aquilo comigo. 

— Só pode estar caçoando da minha cara. Estou trabalhando

há anos nessa empresa, dando o meu melhor… 


Fui interrompido ao som da sua risada. Fechei minhas mãos

em forma de punhos, as mantendo descansando sobre a mesa.

Desviei minha atenção dele antes que não pudesse responder pelo

meu próximo ato.

— Dando o seu melhor? Isso só pode ser uma piada, Arthur

Fogaça. — Voltei a olhá-lo nos olhos, detectando a sua pretensão,

que se concentrava unicamente em me desestabilizar e em fazer

com que desistisse do que era meu por direito, dando-lhe a

oportunidade de ouro de ter a minha vida, mas estava

completamente enganado. Jamais abriria mão disso. — Desde que

entrou nessa empresa, não teve um dia sequer que não chegasse

atrasado. Fora as muitas reuniões, que perdeu por conta disso.

Acha mesmo que isso é o seu melhor? Talvez seja para você, não

para a Fogaça Group ou na visão do seu pai — sentenciou. 

— Você não sabe de nada! Saia! — Estava farto da sua

presença e de tudo que estava falando. 


Ao notar que sequer se moveu do lugar, levantei-me

imediatamente e cruzei o cômodo, indo até a porta, mas parei com a

mão na maçaneta, pronto para abri-la e pô-lo para fora dali. 

— Não adianta vir com essa marra para cima de mim, Arthur

— prosseguiu e virou-se em minha direção, aproximando-se. —

Sabe que sou a pessoa ideal para isso, primo. Sou um homem que

visa um futuro, tranquilo e tenho a minha noiva, além disso, não

demoraremos a nos casar, como bem sabe. E, quando isso

finalmente acontecer, aí definitivamente será o seu fim e não

precisarei mais me preocupar com toda essa competitividade

contigo, já que se tornará apenas o meu subordinado nessa

empresa. Ou melhor, quem sabe eu não te demita? Não é presente

em tudo mesmo. — Deu de ombros, parando em minha frente. 

— Seu… — Pausei, indo até ele, e voltei a agarrar seu

colarinho. Encarei-o com uma expressão fechada enquanto nossos

olhares duelavam entre si, mas a porta foi aberta em seguida, o que

me fez soltá-lo rapidamente. 


— Posso saber o que está acontecendo aqui? — Meu pai

olhou de mim para ele, que ajustou sua camisa e me fitou raivoso no

processo. 

— Nada de mais, tio. Apenas o meu primo que é bem

esquentadinho, como bem sabe, e, consequentemente, não aguenta

ouvir umas verdades. — Dei um passo em sua direção, e ele se

apressou em sair da minha sala, deixando-me a sós com o meu

pai. 

Soltei o ar pesadamente e retornei para a minha mesa,

escutando a porta ser fechada. Parei ao lado, virando-me para ele,

enquanto me recostei na beirada do tampo de vidro.

— Até quando pretende se portar dessa maneira, Arthur?

Com tanta inconsequência? — Seu timbre saiu carregado de

desgosto. 

Comprimi meus lábios e balancei a cabeça em negativo,

soltando um riso de canto e amargo. 


— Venho para essa empresa diariamente, aguardando uma

oportunidade para mostrá-lo que posso ser ótimo, algo que nunca

me dá. O Caio é sempre o escolhido. O que mais quer de mim? —

Abri os meus braços, chateado. 

— Chega todos os dias atrasado, não participa da maioria

das reuniões feitas pela manhã, porque sai quase todas as noites

com os amigos, farreando e “pegando geral”, o que o faz não ter

uma pontualidade nessa empresa, e acredita que estou sendo

injusto quando designo algum trabalho importante para o seu primo?

— Soltou um riso abafado, achando graça em tudo que falei. 

De certo modo, ele tinha razão. 

— Escolheu o Caio para comandar o novo resort all inclusive

em Porto Primavera? — inquiri, inconformado. 

Ele não respondeu, apenas continuou me encarando. 

— Pai? — chamei sua atenção. 

— Não decidi ainda, só o informei que logo daria uma

resposta — expôs. 
— Deixe que eu cuide, tornando-me o diretor de lá. Dê-me

essa chance para mostrá-lo que posso ser tão ou mais responsável

do que o meu primo — praticamente supliquei. 

Senhor Gustavo soltou um longo suspiro, pensativo. 

— Nem que seja uma forma de presente por conta do meu

aniversário de trinta anos, na semana passada. — Usei as armas

que tinha ao meu favor e sabia que ele não me negaria algo como

aquilo. 

— Não posso me arriscar dessa forma, Arthur. É um

empreendimento novo e… 

Tentou se justificar, entretanto, o interpelei.

— Sei disso e juro que não vou decepcioná-lo — tentei

convencê-lo. 

— Não tem somente essa questão, meu filho. Sabe muito

bem que dou prioridade para aqueles que são comprometidos e não

somente com o trabalho, algo que não vem a ser o seu caso —

salientou. 
Bufei. 

— Sério? — questionei, desacreditado. 

— Sim. E o Caio tem a noiva dele, a Valéria. É um homem

que visa um futuro e quer ter uma família, portanto, comparado a

ele, você sai em desvantagem, visto não querer se apegar a

ninguém. — explicou. 

Cocei a minha nuca, ponderando sobre o que poderia fazer

para que finalmente me desse aquela oportunidade, até algo surgir

em minha mente. 

— Um ano — soltei de uma vez. 

— Um ano? Do que está falando? — Franziu o cenho, sem

entender. 

— Tenho uma mulher em minha vida — menti e vi sua

expressão mudar de dúvida para surpresa.

— Está falando sério, Arthur? Até ontem você era

completamente avesso a compromissos por conta… 


— Sim, estou e... preciso desse tempo, porque... estamos

juntos há pouco tempo, porém, o suficiente para querer pedi-la em

casamento, porque... finalmente estou apaixonado, além de ter a

certeza de que a quero completamente em minha vida, entretanto,

sabe como é... tenho medo de assustá-la e acabar perdendo-a —

persisti, aumentando minha mentira.

Meu pai me olhava como se eu tivesse duas cabeças de tão

desacreditado.

— Não acredito que esteja falando sério — recusou-se a

acreditar.

— Não quer que eu me case e me torne um homem de

família? Então me dê apenas um ano, garanto que não se

arrependerá. — Não tinha certeza sobre aquilo, em contrapartida,

jamais daria o gostinho ao Caio de ficar com aquela chance.

— Arthur...

Não permiti que desse seguimento. 


— Estou tentando fazer com que me dê essa oportunidade,

pai. Não estrague isso, por favor! Quero prová-lo que sou capaz e,

para isso, tenho que deixar meus motivos, por mais sentido que

façam, amortecidos, mesmo que seja somente por um tempo —

ressaltei. 

— Tem certeza disso? — quis se certificar. 

— Sim — proferi sem saber ao certo, mas tentaria. 

— Bom… se está disposto a isso mesmo, nada mais justo

que dá-lo essa chance. — Sorri contentemente e fui ao seu

encontro, dando-lhe um abraço apertado. 

Sempre fomos muito apegados um com o outro, mesmo

após… enfim, não queria pensar nisso. Logo nos desvencilhamos e

ele esboçou um riso alegre. Percebi que a minha atitude o deixou

esperançoso. 

— Obrigado, pai! Não vai se arrepender, prometo! — garanti. 

— Só quero ver você com a sua futura noiva, todo

apaixonado e casando — disse divertidamente. — Vai nos


apresentar ela logo? — Mirou-me com os olhos semicerrados.

— Por enquanto, não. Preciso de um tempo até decidir

apresentá-la ao senhor — inventei. 

— Hum… agora me deixou animado para saber mais sobre

essa garota felizarda. Afinal, conquistar o coração de um homem

taxado como bad boy assim como você não deve ter sido nada fácil.

— Riu e o acompanhei, fingindo naturalidade. 

 Internamente, minha mente gritava, perguntando que tipo de

burrice acabei de fazer. Enfim, agora não tinha mais volta. Só

precisava pensar com calma onde acharia uma mulher que aceitaria

fingir ser a minha falsa noiva, com a qual teria que me casar o

quanto antes…

 Porra! Que grande enrascada!

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Contém: AGE GAP + UMA CAMA SÓ + HOT

Aos 42 anos, EDGAR FOGAÇA está no auge dos seus

negócios. Um CEO afortunado, exigente e recluso, que arranca

suspiros por onde passa. No entanto, por conta de um

acontecimento no passado que o marcou profundamente, se tornou

um homem de poucas palavras e evita firmar relacionamento sério

com alguma mulher.

FABIANA MONTES, aos 26 anos, é uma mulher

determinada, de sorriso espontâneo, e não se ilude facilmente. Vive

se divertindo com os errados até encontrar o seu príncipe

encantado. Mesmo vindo de uma família conturbada, não se deixou

abater e corre atrás dos seus objetivos.

Ele não quer ceder ao desejo…

Ela o atrai ardentemente…

O que pode acontecer quando eles se veem em um escritório

trabalhando juntos?
 

EDGAR FOGAÇA 

De pé, mantive minha atenção focada fora das amplas portas

de vidro que tinham em meu quarto, que davam acesso ao

alpendre, e observei o céu daquela noite sem nenhuma estrela

aparente. Beberiquei mais um pouco do uísque contido em meu

copo e, pensativo, tive a minha mente tomada por lembranças

daquele fatídico dia. Mesmo se passando quase quatro anos, ainda

era bem nítido; como se pudesse fechar os olhos e tudo estivesse

acontecendo diante de mim, neste exato momento. 

Não era sempre que elas surgiam em minha cabeça, mas

ultimamente vinham sendo mais frequente do que o normal, e não


fazia a menor ideia do porquê. Tentava ao máximo não me deixar

abater, assim como aprendi, no entanto, nem sempre obtinha êxito.

Por conta disso, focava com mais afinco em meu trabalho, evitando,

a qualquer custo, deixar que me sucumbissem. 

Havia passado tempo demais me lamentando, algo normal

diante dos fatos que aconteceram comigo, entretanto, ainda era

difícil conviver com aquelas recordações e pensar em tudo aquilo só

piorava o meu estado emocional; sabia muito bem que não deveria

permitir que isso ocorresse, só que não tinha muito o que fazer, já

que sobressaía a minha vontade. As lembranças eram tão vívidas

que meu coração se comprimia fortemente no peito todas as vezes.

A terapia me ajudou muito, mas não podia ser hipócrita em dizer

que esqueci, até porque o tratamento não servia para apagar nada

da nossa cabeça, mas nos ensinava a lidar com certos

acontecimentos das nossas vidas, fosse pessoal, fosse profissional

e, também, a valorizar aqueles que temos ao nosso lado, família ou

amigos. 
Balancei minha cabeça a fim de empurrar para longe todos

aqueles pensamentos e respirei fundo, soltando o ar gradualmente.

Após alguns minutos, o aperto em meu peito foi cessando aos

poucos e agradeci mentalmente por isso. Terminei o restante da

bebida em um gole só, que desceu pela garganta queimando e,

assim que me voltei, pronto para sair do cômodo, meu celular

começou a tocar. 

Andei até a mesinha de cabeceira e vi que se tratava de uma

ligação do Frederico, meu sócio na Divertium. Apanhei o aparelho e

atendi a chamada enquanto abandonava o quarto. 

— Como vai, Fred? — brinquei, abreviando seu nome. 

— Não soou legal você me chamando assim — reprimiu, e

sorri. 

— O que quer? — fui direto e desci as escadas. 

— Escuta, não poderei realizar a entrevista com a nova

assistente na segunda-feira, então, terá que fazer isso por mim. —

Soltei uma baforada de ar. 


Eu não gostava de fazer seleções, e ele sabia muito bem

disso. 

— Sabe que você leva mais jeito pra isso do que eu —

reclamei, entrando na cozinha, e depositei o copo sobre a mesa. 

— O certo seria dizer que não gosta — enfatizou, e suspirei,

ouvindo-o dar uma risadinha divertida do outro lado da linha por

conta da minha reação. — Enfim, surgiu uma viagem de última hora

e terei que ir, afinal, não sou apenas um empresário, também

advogo ainda — pontuou. 

Frederico era quatro anos mais novo que eu; muito

responsável e centrado no trabalho, fora isso, não diria a mesma

coisa, já que sua vida amorosa simplesmente não existia, e não,

não tinha nenhum trauma ou algo do tipo que o tivesse feito mudar

de opinião, ao menos, não que eu soubesse. Ele cresceu

desapegado desses princípios de se apaixonar, se casar e formar

uma família. Na sua visão, nada disso era importante e se sentia


bem curtindo cada dia com uma mulher diferente e o principal de

tudo: sem envolver nenhum sentimentalismo. 

— Advoga porque quer, não que tenha alguma necessidade

— salientei. 

— É claro que gosto! — admitiu. — Bom, não mude de

assunto — chamou a minha atenção para o que realmente

interessava ali. 

Recostei-me contra o mármore da pia e mirei um ponto

qualquer do ambiente. 

— Tudo bem, mas deveria ter deixado essa viagem para

outro momento — ressaltei, descontente em ter que fazer a

entrevista. 

— Fala sério, Edgar! — exclamou, inconformado com a

minha reprimenda, e sorri. — É somente uma entrevista, não uma

caminhada para a forca — reforçou. 

— Sei disso — afirmei. — Ficará quanto tempo fora? —

interroguei, curioso. 
— A princípio, alguns dias. Se vir que passará disso, te aviso

— deixou-me ciente. 

— Ok. Era somente isso? — inquiri e deixei a cozinha,

voltando a subir as escadas. 

— Acredito que sim, quer dizer… — pausou, limpando a

garganta e prosseguiu: —, mais cedo, disse que a Beatriz te

contatou, mas não deu seguimento ao assunto porque tive que

atender a uma ligação — lembrou. — O que ela queria? — sondou. 

Cheguei até o quarto e me sentei na beirada da cama. Puxei

o ar para os meus pulmões e o soltei lentamente. Frederico era um

grande amigo, além de sócio, e acompanhou de perto o que passei

no passado, não tinha como evitar falar sobre aquilo com ele, na

verdade, seria até bom desabafar. 

Desde que recebi a ligação dela, minhas emoções se

desordenaram completamente e precisava dar um jeito de realocá-

las outra vez. Respirei fundo novamente e me pronunciei: 


— Sim. Ela disse que estará de passagem na cidade, só não

sabe o dia certo ainda — mencionei e esfreguei meu queixo com a

mão livre. 

— E então? Vão se ver? — incitou. 

Admito que, momentaneamente, sua pergunta me deixou

totalmente sem uma resposta e flashes do passado voltaram a

invadir a minha mente. Fechei os olhos e pressionei a minha

têmpora numa tentativa de fazer com que eles evaporassem, algo

que não obtive sucesso. Abri minhas pálpebras posteriormente e

respondi: 

— Faz bastante tempo e não sei como será ao reencontrá-la

— fui sincero. — Por mais que… — pausei, voltando a me

pronunciar em seguida —, é como se o passado tivesse me

cercando depois de todos esses anos, e não faz o menor sentido

pra mim. — Suspirei, incomodado com tudo aquilo. 

— Entendo seu ponto, mas lembre-se que a Beatriz e…

todos que amavam a… — notei que evitou falar e deu sequência —


... também sofreram com tudo que ocorreu e o bom é que, depois de

tanto tempo, possam se ver. Olhe pelo lado bom, como bem disse,

já se passaram muitos anos e… quem sabe não é o que falta para

que realmente ponha uma pedra em cima desse tópico? Sei lá!

Talvez seja algum sinal, se é que acredita nessas coisas — supôs. 

Soltei um riso abafado, desacreditado. 

— Tem horas que custo a acreditar que, mesmo sendo mais

jovem poucos anos, sabe me aconselhar muito bem, embora alguns

conselhos não sejam os melhores, além disso, me admira o fato de

não seguir nenhum deles, na sua vida — descontraí e o escutei

bufar. 

— Sabia que diria algo do tipo — rebateu, insatisfeito, o que

me fez rir um pouco mais. 

— Não é só você que sabe fazer piadas aqui, não é mesmo?

— caçoei e reprimi meu sorriso, notando o aperto em meu peito

mais ameno. 

— Palhaço! — desaprovou e sorri. 


— Ocasionalmente — admiti. — Mande-me o currículo das

candidatas para a vaga. Darei uma olhada ainda hoje, porque

amanhã terei um almoço na casa do Arthur — comentei. 

— Hum… então ainda não sabe… — Deixou a frase

inacabada, e franzi o cenho, pondo-me de pé. 

— O que eu não sei? — questionei. 

— Descobrirá assim que eu enviar o e-mail com o currículo

da candidata à vaga — avisou. 

— Tudo bem. Desligarei agora, tenha uma boa viagem e até

o seu retorno então — desejei. 

— Obrigado e até! Boa noite! 

Despedimo-nos e encerrei a ligação. 

Curioso, abandonei meus aposentos e, no meio do caminho,

meu celular anunciou uma nova notificação. Olhei na tela e era o e-

mail do Frederico,  cheguei até o meu escritório, onde peguei o

notebook, e retornei, sentando-me recostado contra o encosto da

cama, abrindo-o em seguida, acessando a mensagem, deparando-


me com o arquivo. Baixei-o e, ao abrir, avistei um nome que não me

parecia estranho, isso até ver a foto ao lado e reconhecer a amiga

da Luna. 

Alisei o meu queixo, um tanto surpreso, pois não esperava

que ela fosse formada em Administração. Analisei suas

experiências, e até agora só constavam os estágios efetuados antes

de começar a trabalhar no restaurante da dona Rosa. Voltei a focar

minha atenção na sua foto, observando aqueles grandes olhos

esverdeados, e sacudi minha cabeça, lembrando-me do fato de ela

ter apenas vinte e seis anos, dezesseis a menos que eu. 

Não que existisse qualquer possibilidade de nos

envolvermos, até por evitar fazer esse tipo de coisa no meu

ambiente de trabalho, além do meu “trauma” ainda me impedir de

abrir completamente o meu coração, fazendo com que eu afastasse

as mulheres e não mantivesse nenhum relacionamento sério. Sabia

que uma hora teria de me obrigar a parar com isso, mas talvez
ainda não tivesse chegado esse momento. Nem ao menos

desconfiava quando ou se realmente aconteceria. 

Soltei uma lufada de ar e fechei o notebook, abandonando-o

sobre a mesinha de cabeceira, e resolvi me deitar. Amanhã seria um

dia de comemoração na casa do Arthur e da Luna, que marcaram

um almoço com os familiares e amigos para anunciarem uma

notícia, que desconfiava ser um belo bebê, já que meu querido

sobrinho não quis me dar mais detalhes. Sorri com aquela

possibilidade de termos uma criança na família e comprimi meus

lábios ao me lembrar do passado. 

Balancei a cabeça em negativo e a ajustei contra o

travesseiro, ansiando que adormecesse logo. Precisava mesmo

descansar, até pelo dia exaustivo por conta de uma reunião que

perdurou quase a tarde toda no escritório. Sendo assim, fechei

meus olhos e nem sequer notei quando realmente caí no sono. 

***
— Oi, tio! Como vai? — Arthur me cumprimentou assim que

nos encontramos no hall de entrada da casa. 

Demos um abraço rápido e desferi algumas batidinhas em

seu ombro.

— Vou bem e as coisas por aqui? — inquiri assim que nos

desvencilhamos. 

Não pude deixar de notar seu amplo sorriso, seus olhos

pareciam brilhar de felicidade. 

— Melhor impossível! — exclamou firmemente. 

Estreitei meus olhos enquanto sorria, quase certo sobre o

meu palpite de ontem à noite. 

— Bom, trouxe vinho para o almoço. — Entreguei-lhe a

sacola que continha a garrafa dentro, e ele agradeceu. 

— Obrigado! Vamos para o jardim, a mesa foi montada lá fora

para ficarmos mais à vontade. — Apontou, e o segui. 

Escutei risadas vindo de alguma parte da casa, e uma delas

reconheci ser da Luna; a outra, não pude identificar. Assim que


chegamos à mesa, meu irmão, Gustavo, Clara e dona Rosa

conversavam animadamente. Saudamo-nos quando me viram e me

acomodei em um dos assentos. 

Arthur se juntou a nós, e Gustavo o questionou sobre como

andavam os negócios com o resort All Inclusive. Prestava atenção

na conversa quando vi a Luna vindo em nossa direção com sua

amiga, que trajava um vestido preto e justo ao seu corpo. Observei

seu sorriso espontâneo enquanto elas riam de algo que falavam, e

não pude deixar de olhá-la da cabeça aos pés, minuciosamente.

Para ser bem sincero, a vi algumas vezes, até mesmo na

festa de casamento do meu sobrinho, no entanto, nunca tinha

realmente parado para repará-la daquela forma. Não podia deixar

de admitir ser uma bela mulher, porém, muito mais jovem que eu,

além de que seria minha funcionária. Desviei meu foco dela e sorri,

fingindo estar entretido com o que tagarelavam na mesa. 

— Boa tarde a todos! — Luna disse e deu a volta na mesa,

vindo ao meu encontro. 


Coloquei-me de pé e nos abraçamos rapidamente. 

— Que bom que veio, porque além da notícia que daremos,

também lhe faremos um convite — me deixou ciente ao nos

afastarmos e riu. 

Minha testa enrugou-se. 

— Agora fiquei ainda mais curioso — confessei, e todos

riram. 

— Saberá daqui a pouco — mencionou, e assenti em

positivo. 

— Tudo bem — concordei. 

— Ah! Essa é a minha amiga, a Fabiana. Acredito que se

lembre dela. — Apontou para a garota, que logo parou ao seu lado e

sorriu, estendendo sua mão mim, que segurei suavemente, firmando

meus olhos aos seus. 

— Lembro-me perfeitamente — comuniquei. — Como vai,

Fabiana? — perguntei e beijei o dorso de sua mão, tendo seu olhar


acompanhando o meu movimento, logo ela ficou séria, forçando um

meio-sorriso. 

Notei suas bochechas levemente ruborizadas, e ela recolheu

sua mão em seguida. 

— Vou bem, obrigada! — respondeu e se acomodou no

assento ao meu lado. 

A comida logo foi servida com a ajuda de uma cozinheira que

haviam contratado para a prepararem e, enquanto íamos comendo

todos aqueles pratos deliciosos, ouvia atentamente o que

comentavam. Ora ou outra me direcionavam algumas perguntas,

que respondia em poucas palavras. No final do almoço, a mesa foi

retirada e Luna com sua amiga foram para dentro a fim de ajudarem

a pegar as sobremesas. 

Pedi licença, informando que iria ao banheiro e, ao entrar na

casa, rapidamente cheguei ao cômodo. Assim que saí daquele

ambiente, fui andando pelo corredor e logo me deparei com a

Fabiana resmungando algo baixinho. 


— Droga! — xingou, e parei diante da porta da cozinha. 

Vi que vasculhou a gaveta do armário e passou a mão pela

testa, soltando um longo suspiro. 

— Precisa de ajuda? — Ela sobressaltou-se no lugar, pega

totalmente desprevenida. — Desculpa, não quis… assustá-la —

pedi assim que parei ao seu lado. 

— Ah, tudo bem! Eu que me assustei à toa. — Riu

nervosamente. 

— Então? — incitei, e nos encaramos por alguns segundos,

até ela parecer sair do seu transe e se pronunciar: 

— É… pode abrir a garrafa de vinho? Eu tentei, mas não deu

muito certo. — Mostrou acima do mármore da pia, e vi ser o mesmo

que trouxe, peguei o saca-rolha da sua mão e abri a garrafa em

questão de segundos. 

— Obrigada! — Ela sorriu, agradecida.

— Não por isso — respondi. 


Fabiana serviu duas taças e me ofereceu uma, que decidi

aceitar para não fazer desfeita. Um pouco não faria mal, mesmo que

devesse evitar por estar dirigindo. Ela bebericou um pouco da sua

taça e ficamos em silêncio por alguns segundos, até resolver puxar

assunto: 

— Não sei se o Arthur disse, mas me candidatei à vaga para

ser assistente no escritório da Divertium — anunciou, e sorvi um

gole generoso da bebida. 

— Ele não disse. — Soei sincero. 

— Ah, sim. — Soltou um riso sem graça e bebeu um pouco

mais. 

— O Frederico me informou apenas ontem e, inclusive, farei

a sua entrevista. — Sem prever, ela simplesmente cuspiu a bebida

na minha camisa, que era de um tom azul-claro.

LEIA MAIS AQUI: CASADOS POR CONTRATO – LIVRO ÚNICO

 
 

Agradeço a Deus por mais uma obra concluída.

Ao meu marido por todo apoio.

Quero agradecer imensamente a minha revisora Mariana

Rocha por sempre ser essa profissional extremamente dedicada e

que embarca nos meus prazos loucos. Se não tivesse a sua ajuda,

não conseguiria concluir tudo dentro do prazo. Muito obrigada, do

fundo do meu coração.

Deixo um agradecimento especial a Larissa e a Lola, que

foram maravilhosas ao me ajudarem demais nessa história, dando-

me sugestões para o melhoramento da obra;

As minhas divulgadoras, gratidão!


Ao meu marido. Te amo.

No mais, sou grata a todos os meus leitores que abraçaram

essas histórias com tanto amor e carinho. Vocês são o motivo de eu

continuar trilhando esse meio e criando cada vez mais histórias para

entretê-los.

Obrigada a você que chegou até aqui.

GRATIDÃO!
 

 
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