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Pronome “se”: funções e como usar!

 “Se” é pronome?
 Funções do pronome “se”
o Pronome reflexivo “se”
o “Se”: pronome apassivador
o Conjunção condicional “se”
o Conjunção integrante “se”
o Índice de indeterminação de sujeito
o Partícula de realce

Sabias que o “se” tem diversas funções e, por isso, pode ter diversos usos? Por esse motivo,
muitas pessoas ficam confusas em relação ao emprego dessa palavra e o que ela expressa
numa frase ou período.

“Se” é pronome?
A resposta para essa pergunta é: pode ser, mas nem sempre essa palavra exercerá a função
de pronome. Como vimos na introdução, o “se” pode assumir outras classes gramaticais. As
mais comuns são: conjunção (geralmente expressa condição) e verbo (indetermina o sujeito).

Funções do pronome “se”


Entre as funções do “se”, estão as de pronome reflexivo e apassivador. Além disso, essa
palavra pode ser conjunção, indeterminar o sujeito ou ser uma partícula de realce.
Abordaremos todas essas questões detalhadamente na sequência.

Pronome reflexivo “se”

Nessa situação, o vocábulo indicará que uma determinada acção é praticada e sofrida, ao


mesmo tempo, pela mesma pessoa, ou seja, ela reflecte-se. Um exemplo disso seria a
seguinte frase:

“O João cortou-se com a tesoura”


Na oração acima, o João pratica a acção de cortar e, ao mesmo tempo, sofre a acção e as
consequências de se cortar com a tesoura. Por isso, nesse exemplo a palavra “se” é um
pronome reflexivo / reflexo.

“Se”: pronome apassivador

Nessa situação, o vocábulo indicará voz passiva, ou seja, o sujeito sofrerá a acção praticada
pelo verbo. Isso acontece na voz passiva da modalidade sintética. Ela é formada pela
seguinte estrutura: verbo conjugado (aqui há flexões quanto ao tempo verbal, modo e
pessoa) + se (como partícula apassivadora) + sujeito paciente.

Primeiramente, é importante destacar que só é possível ter voz passiva se o verbo


for transitivo directo ou bitransitivo (pode ser chamado também de transitivo directo-
indirecto). Verbo intransitivo não aceita voz passiva.

Mas como saber se o vocábulo é partícula apassivadora? Para isso, observe sempre se na
oração, o sujeito sofre alguma acção feita pelo verbo. Um exemplo disso seria a seguinte
frase:

“Evidenciaram-se as provas”

Veja que, nessa oração, as provas sofrem a acção de serem evidenciadas, sendo assim,
alguém as evidenciou. Não sabemos, porém, determinar quem fez a acção.

Pelo facto de a palavra “provas” sofrer a acção feita pelo verbo “evidenciar”, podemos dizer
que a palavra “se” é partícula apassivadora. Inclusive, podemos fazer a seguinte
equivalência: “As provas foram evidenciadas”.

Além disso, é preciso se atentar para mais um fator. Nos casos de voz passiva, o verbo
sempre concordará com o sujeito. No exemplo acima, o verbo “evidenciar” concorda com o
sujeito “provas” e, por isso, foi flexionado para o plural.

Conjunção condicional “se”

Essa palavra será conjunção, caso expresse uma condição. Perceba que, na frase anterior,
poderíamos trocar a palavra “caso” pelo vocábulo “se”. Um exemplo desse emprego seria o
seguinte período:

“Se eu estudar muito, serei aprovado no exame final”.

Vê, no exemplo acima, que há a condição de estudar muito para, depois, passar no exame
final. Por outro lado, se não estudar muito, não será possível passar no exame. Por causa
dessa relação condicional, o vocábulo “se” exerce o papel de conjunção.
Conjunção integrante “se”

A conjunção integrante é caracterizada pelo facto de não ter valor semântico. A sua função
principal é ligar o verbo ao complemento. Veja o exemplo:

“O Ricardo não informou se o negócio foi feito”.

Perceba que a palavra “se” liga o verbo “informar” ao complemento “o negócio”. Por conta
dessa característica, o vocábulo é considerado uma conjunção integrante.

 Índice de indeterminação de sujeito

Nessa situação, a palavra “se” tem a finalidade de indeterminar o sujeito. Isso acontece com
os verbos transitivos indirectos e eles são conjugados na terceira pessoa do singular, ou seja,
eles não são flexionados para o plural e, portanto, ficam no singular. Um exemplo disso seria
a seguinte frase:

“Precisa-se de funcionários”.
Por que a palavra “se” indetermina o sujeito nesse caso? Basta fazermos uma rápida análise
sintática para observarmos melhor esse fenómeno. Quem precisa de funcionários? Sabemos
que alguém precisa, no entanto, não podemos determinar, exactamente, quem. Por isso,
nesse caso, o sujeito é indeterminado.

Vale destacar que, quando o sujeito é indeterminado, o verbo fica sempre na terceira


pessoa e no singular. No exemplo acima não é diferente. O verbo “precisar” está na terceira
pessoa do singular para, justamente, transmitir a ideia de impessoalidade que o sujeito
indeterminado demonstra.

Partícula de realce

O próprio nome já transmite uma boa ideia em relação ao significado dessa função. Nesse
caso, o vocábulo “se” será utilizado com a intenção de realçar ou dar ênfase em algo que
está sendo dito. Dessa forma, é possível retirar a palavra da frase sem prejudicar o sentido,
a correcção gramatical e a coesão do texto. Veja o exemplo:

“Foi-se embora a minha última esperança”.

Veja que, se retiramos a palavra “se”, a frase ficaria da seguinte maneira: “Foi embora a
minha última esperança”. Perceba que a frase continua tendo sentido e que também segue a
norma padrão da Língua Portuguesa.

Por isso, fica caracterizado que o “se” foi utilizado para dar ênfase na frase e, por isso, ele é
uma partícula de realce.

Como podemos observar, o “se” exerce inúmeras funções. Por isso, é preciso conhecê-las
detalhadamente para que possamos fazer o emprego da palavra de forma adequada e
acertar as questões referentes ao assunto nos exames.
Recapitulando o “se”

Funções do “se”

Devido às suas diferentes funções, o uso do “se” costuma ser alvo de muitas dúvidas
entre os estudantes da língua portuguesa.

Para te ajudar a dominar esse tema, apresento uma lista com exemplos
ilustrativos das duas classificações gramaticais principais da palavra "se":
pronome e conjunção.

Funções do pronome “se”


A classificação do "se" enquanto pronome subdivide-se em:

pronome apassivador ou partícula apassivadora, índice de indeterminação do


sujeito ou pronome indefinido, parte integrante do verbo, pronome reflexivo,
pronome reflexivo recíproco e partícula de realce ou expletiva.

1. Pronome apassivador ou partícula apassivadora

Ao exercer a função de pronome apassivador/partícula apassivadora, o “se” é


indicativo de voz passiva sintética e estabelece relação com verbos transitivos
directos ou verbos transitivos directos e indirectos.

Exemplos:

 Venderam-se várias casas.


 Compra-se ouro.
 Arrendam-se quartos para estudantes.
 Entregam-se encomendas.
 Poupou-se dinheiro com a compra de roupa usada.

Para confirmar se a função do “se” é de partícula apassivadora, basta converter


a frase na voz passiva sintética para a voz passiva analítica:

 Várias casas foram vendidas.


 Ouro é comprado.
 Quartos para estudantes são arrendados.
 Encomendas são entregues.
 Dinheiro foi poupado com a compra de roupa usada.
Algo mais sobre a Partícula apassivadora.

2. Índice de indeterminação do sujeito ou pronome indefinido

Quando exerce a função de pronome indefinido, o “se” é utilizado com verbos


flexionados na terceira pessoa do singular.

Esses verbos podem ser intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação.

O pronome indefinido é utilizado quando não se quer ou não se pode


identificar o sujeito da frase.

Exemplos:

 Fala-se muito do coronavírus.


 Morre-se de fome e sede naquela região.
 Acreditava-se que tudo terminaria bem.
 Vive-se com dificuldade neste país.
 Confia-se no que foi prometido.

Saiba mais sobre o Índice de indeterminação do sujeito.

3. Parte integrante do verbo

Essa classificação dá-se quando o “se” faz parte de verbos pronominais.

Exemplos:

 Bianca se machucou ao cair do escorrega.


 As crianças se perderam no parque.
 Eles se encantaram com a beleza da cidade.
 A professora se aborreceu com a turma.
 Ela envolveu-se na discussão desnecessariamente.

Para saber mais sobre esse tipo de verbos, acesse o texto: Verbos pronominais.

4. Pronome reflexivo

Quando desempenha essa função, o “se” faz parte de verbos pronominais


reflexivos, ou seja, de verbos que indicam que o sujeito da frase praticou e
recebeu a ação.

Exemplos:

 Giulia se cortou com a tesoura.


 Paula se furou em um alfinete.
 Natália está se penteando para sair.
 O filhote de gato estava se lambendo.
 Vanessa já se arrumou para a premiação.

Saiba tudo sobre os Pronomes reflexivos.

5. Pronome reflexivo recíproco

Quando exerce a função de pronome reflexivo recíproco, o “se” é usado em


frases na voz passiva recíproca e indica que uma ação verbal ocorreu de forma
mútua, ou seja, um fez um ao outro e vice-versa.

Exemplos:

 Eles se abraçaram e tudo terminou bem.


 Depois da festa, os amigos se despediram e foram embora.
 Aline e Leonardo se olharam apaixonados.
 As crianças desta turma se entendem muito bem.
 Naquela família, todos se amam muito.

Saiba mais sobre a Voz passiva.

6. Partícula de realce ou expletiva

O uso do “se” enquanto partícula de realce é opcional. O fato de ele não ser
usado não causa nenhum tipo de prejuízo ao sentido da frase.

Além do “se”, o “que” também pode exercer função de partícula expletiva.

Ambos têm o papel destacar; realçar determinada informação de uma frase.

Exemplos:

 Riu-se da piada do irmão.


 Foi-se embora para nunca mais voltar.
 O senhor estava cansado e se sentou.
 Do que que ele está falando?
 Os dias se passavam e nada de notícias dele.

Entenda a diferença entre o Que e o quê.

Funções da conjunção “se”


A classificação do "se" enquanto conjunção subdivide-se em causal, condicional
e integrante.
1. Conjunção subordinativa causal

Conforme a classificação já demonstra, essa conjunção é indicativa de causa.

Ela é bastante usada, mas muitas vezes confundida com a conjunção


subordinativa condicional; a que indica condição.

Para se certificar de que o “se” de uma determinada frase é uma conjunção


subordinativa causal, basta substituí-lo por “já que” ou “uma vez que”.

Exemplos:

 Se não tinha dinheiro, não deveria ter viajado.


 Deveria ter feito o trabalho se estava disponível.
 Se ela diz que é neutra, não deveria tomar partido de ninguém.
 Não deveria ter se intrometido se ninguém pediu a sua opinião.
 Se eles não entraram em contato, você poderia telefonar para o escritório.

Observe que, mesmo quando fazemos a substituição do “se” por “já que” ou
“uma vez que”, as frases continuam fazendo sentido:

 Já que não tinha dinheiro, não deveria ter viajado.


 Deveria ter feito o trabalho uma vez que estava disponível.
 Uma vez que ela diz que é neutra, não deveria tomar partido de ninguém.
 Não deveria ter se intrometido já que ninguém pediu a sua opinião.
 Uma vez que eles não entraram em contato, você poderia telefonar para o escritório.

2. Conjunção subordinativa condicional

Conforme se subentende pelo nome, ela indica a existência de uma condição


para que algo ocorra.

Exemplos:

 Se eu pudesse, teria ficado mais tempo.


 Ele disse que vai comprar uma casa se ganhar na loteria.
 Se eles conseguirem passar no teste, começarão a trabalhar semana que vem.
 Ela disse que não virá se chover.
 Se você me esperar, posso te dar carona.

Observe que nas frases acima, a oração com “se” indica a condição necessária
para que a ação da outra oração se concretize.

3. Conjunção subordinativa integrante


Sob essa classificação, o “se” introduz uma oração que desempenha papel de
substantivo. Esse papel é uma função do "que" e do "se".

As frases introduzidas por conjunções subordinativas integrantes funcionam


como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal
ou aposto de outra oração.

Exemplos:

 É necessário que eles terminem o relatório. (sujeito)


 Ele conferiu se ela tinha chegado. (objeto direto)
 Ele se convenceu de que eu estava certa. (objeto indireto)
 Certifique-se de que ele faz o trabalho. (complemento nominal
 Minha dúvida é se ele aceitará a proposta. (predicado)
 Essa é a minha vontade: que você seja feliz. (aposto)

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