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Falamos em português – Expressões de uso diário

Área temática das refeições ligeiras


Hoje abordamos, portanto, uma área temática fundamental na comunicação do
nosso dia-a-dia:
- A área temática das refeições ligeiras.
Vamos também aprender a fazer o pedido da nossa refeição correctamente,
segundo as convenções sociais exigidas por esta situação.
Ora bem!
Comecemos por explicar sucintamente o que se considera uma refeição ligeira
em Portugal. Uma refeição ligeira, como a própria designação indica, é uma
refeição leve, em regra cozinhada e servida rapidamente, e que pode constituir
um almoço breve ou, até mesmo, um lanche bem reforçado:

Pastelaria

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REFEIÇÃO LIGEIRA

REFEIÇÃO LIGEIRA, refeição leve, em regra confeccionada e servida


rapidamente, que pode constituir um almoço breve ou um lanche bem reforçado.

FAZER UM PEDIDO
Vamos agora ver como podemos formular um pedido em português (por
exemplo, num estabelecimento comercial, digamos, numa pastelaria, café,
restaurante, etc), tendo em conta as normas sociais que devem regular este acto
comunicativo.
Observemos novamente a Ana e o João e reparemos no modo como eles fazem o
seu pedido ao empregado.

A vossa atenção ao diálogo, por favor!


Ana: - Olhe, desculpe!
Empregado: - Boa tarde!
Ana: - Boa tarde!
João: – Boa tarde!
Ana: - Era um prego e uma bifana, se faz favor!
Empregado: - Sim, senhora! E para beber?
João : - Eu queria uma imperial.
Empregado: - E a Senhora?
Ana: - E eu gostava de um refrigerante ... oh não, desculpe, traga-me antes um
sumo de laranja natural, se não se importa!
Empregado: - Hum ... desculpe ... Sumo de laranja natural não temos. Poderá ser
um sumo de máquina ou um sumo ... ?
Ana: - Pode ser um sumo de máquina, sem gás!
Empregado: - Sem gás.
Ana: - Olhe, de maçã.
Empregado: - Sim, senhora.

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1.1 PRÍNCÍPIO DA CORTESIA E FÓRMULAS DE DELICADEZA
Gostava de chamar a vossa atenção para um primeiro aspecto:
- Como puderam notar, a Ana e o João, ao efectuarem o pedido, dirigem-se ao
empregado de uma forma educada, delicada, segundo mandam as convenções
sociais e o chamado “princípio da cortesia”.

A Ana diz:
Era um prego e uma bifana, se faz favor!
... traga-me antes um sumo de laranja natural, se não se importa!

FÓRMULAS E EXPRESSÕES DE DELICADEZA


Se faz favor
Se não se importa
Desculpe
“Se faz favor”; “desculpe” e “se não se importa” são fórmulas e expressões de
delicadeza.

São utilizadas nestas circunstâncias para suavizar o pedido, para o efectuar com
cortesia.

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1.2 FAZER UM PEDIDO, PRETÉRITO IMPERFEITO
Vamos agora dar atenção às formas verbais utilizadas pelos nossos amigos no
acto de fazer o pedido:

FORMAS VERBAIS, FAZER UM PEDIDO


Pretérito Imperfeito
Era um prego e uma bifana, se faz favor!
Eu queria uma imperial!
E eu gostava de um refrigerante!

São usadas formas verbais como:


“ERA” , pretérito imperfeito do indicativo do verbo SER;
“QUERIA” , pretérito imperfeito do indicativo do verbo QUERER;
“GOSTAVA” , pretérito imperfeito do indicativo do verbo GOSTAR.
Em português, é extremamente frequente, em situações de comunicação como
aquela a que vimos, usar-se o pretérito imperfeito do indicativo para formular o
pedido:
Como vimos, podemos utilizar o pretérito imperfeito do verbo SER (“era”), mas
também o pretérito imperfeito de outros verbos, entre eles os usados para
expressar desejo ou vontade (como é o exemplo dos verbos QUERER (“queria”)
e GOSTAR (“gostava”).
É preciso sublinhar que o pretérito imperfeito não tem aqui um valor temporal.
Por vezes, quando fazemos um pedido desta natureza e o nosso interlocutor tem
muita intimidade connosco, podemos até ouvi-lo “brincar” com a situação,
respondendo-nos, por exemplo, “- Queria uma imperial? Então agora já não a
quer, não é assim?”.
Na verdade, o pretérito imperfeito nesta situação não se reporta a uma acção do
passado. Tem neste caso um valor contextual ou modal.
Destina-se aqui a modalizar o discurso de acordo com regras sociais: a atenuar o
pedido, a efectuá-lo com polidez e cortesia, como já expliquei.
É, de facto, também expressa a forma de delicadeza.
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1.3 FAZER UM PEDIDO, PRESENTE DO INDICATIVO
Vamos agora reparar que o pretérito imperfeito, em algumas das nossas frases,
tem um valor de presente do indicativo.
Pode, com efeito, ser substituído pelo Presente no acto de fazer o pedido.

FORMAS VERBAIS / FAZER UM PEDIDO


Pretérito Imperfeito = Presente do Indicativo
Era / É um prego e uma bifana, se faz favor!
Eu queria /quero uma imperial!

Há que chamar a atenção, no entanto, para o seguinte: embora o Presente do


Indicativo também possa, com efeito, ser usado para se fazer um pedido em
português, a sua utilização pode ser sentida como uma forma menos cortês e
delicada do que a utilização do Pretérito Imperfeito.
A utilização do Presente do Indicativo corresponde também, por vezes, a um
registo de menor formalidade.

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1.4 FAZER UM PEDIDO, CONDICIONAL
Noutros enunciados, o Pretérito Imperfeito surge com um valor de condicional de
cortesia:

FORMAS VERBAIS / FAZER UM PEDIDO


Pretérito Imperfeito = Condicional
E eu gostava de um refrigerante = E eu gostaria de um refrigerante.

“Eu gostava de um refrigerante!” equivale a dizer “Eu gostaria de um


refrigerante” (é, de facto, a mesma coisa). O pedido pode ser feito, deste modo,
também com o Condicional. À semelhança do Pretérito Imperfeito, o
Condicional também não tem aqui informação temporal, mas sim modal.
O Condicional assinala, neste último enunciado, um desejo, manifestado com
muita elegância e suavidade. Trata-se, no fundo, de um pedido, mas feito com
muito boa educação, de uma forma extremamente delicada.
A utilização do Condicional corresponde a um registo mais formal e menos
coloquial do que a utilização do Pretérito Imperfeito.

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1.5 FAZER UM PEDIDO, IMPERATIVO
Vejamos ainda a frase da Ana:
(...) desculpe, traga-me antes um sumo de laranja natural, se não se importa!
É possível utilizarmos o Imperativo para fazermos um pedido. O modo
Imperativo é realizado pelo conjuntivo na 3ª pessoa do singular.

Quando usamos o Imperativo e estamos a fazer um pedido, é muito importante


utilizarmos “atenuadores de ordem”, como as expressões de cortesia “desculpe”,
“se não se importa”, para evitarmos que o nosso pedido pareça rude ao
destinatário.

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2. ACEITAR SATISFAZER O PEDIDO
O empregado, ao espontaneamente aceitar satisfazer o pedido feito pela Ana, usa
a expressão “Sim, senhor”.
E agora, muita atenção!
Parece haver uma tendência no português europeu para o uso de “Sim, senhor”
eliminando a concordância de género e número, como se esta fosse uma
expressão fixa, invariável.
No entanto, de acordo com a tradição gramatical, e no contexto que vimos, tal
expressão varia em género e em número, consoante as pessoas a quem nos
dirigimos.

Assim:
Resposta a um homem        Sim, senhor!
Resposta a uma mulher        Sim, senhora!
Resposta a vários homens   Sim, senhores!
Resposta a várias mulheres  Sim, senhoras!
Se nos dirigirmos a um homem usamos “Sim, senhor! mas se o nosso
interlocutor for feminino usamos “Sim, senhora!”

Passemos agora à descodificação de algumas expressões usadas em diálogo no


quotidiano.

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3. ALGUMAS EXPRESSÕES DO PORTUGUÊS:
É comum nós usarmos expressões como “Um bom garfo é sempre um bom
garfo”, “a barriga vem primeiro”, “casa de pasto”, “comida carregada”,
“cozinheiro de forno e fogão”.
O que querem dizer estas expressões?

- “ser um bom garfo”


A expressão significa “ser um grande apreciador de gastronomia, alguém que se
entrega aos prazeres da boa mesa”, “ser um saco sem fundo”, “Ser um saco de
batata”.
- “a barriga vem primeiro”
A barriga vem primeiro é uma expressão fixa que significa que a principal
preocupação de alguém é a comida e que esse alguém pensa primeiro em comer e
só depois noutros assuntos.
- “casa de pasto”
Restaurante popular.
- “comida carregada”
Comida muito temperada, ou à base de ingredientes pesados e gordurosos.
- “cozinheiro de forno e fogão”
Cozinheiro muito competente, capaz de preparar vários tipos de pratos.
- “ser um saco sem fundo”
Pessoa que tem muito apetite, que come muito e de forma insaciável.
- “Ser um saco de batata”
Pessoa gorda e de má aparência.

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