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SOCIALIZAÇÃO E CULTIVO DE PLANTAS

ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS – PANC:


ALTERNATIVA DE USO NOS HÁBITOS
ALIMENTARES
LARISSA PORFÍRIO SANTOS¹; CONCEIÇÃO APARECIDA PREVIERO²;
BENJAMIM CARVALHO LIMA JUNIOR 3; DAVI MACIEL NUNES4

¹Acadêmica do curso de Agronomia - ULBRA Palmas. Voluntária no PROICT - ULBRA Palmas. E-mail:
lariporfirio9@gmail.com.
²Bióloga. Doutora em Pós-Colheita de Produtos Agrícolas. Professora e coordenadora da Unitas Agroecológica do
CEULP/ULBRA. E-mail: previero@ceulp.edu.br.
³Engenheiro Agricola. Mestre em Engenharia Agrícolas. Professor do CEULP/ULBRA. E-mail: benjamim.clj@gmail.com

4Engenheiro Agronomo, Instituto Perene. Email: davimac97.DMN@gmail.com

RESUMO
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) por serem espécies de fácil cultivo e
podem ser encontradas em terrenos baldios, jardins, quintais e parques, são uma alternativa
sustentável de biodiversidade e segurança alimentar para atender a demanda por alimentos e a
distinção de comportamento das pessoas. Dada a importância da temática nesses sete anos de
“Movimento PANC” no Brasil a Unitas Agroecológica também teve identidade nas suas
práticas as PANC, uma vez que na área de realização das atividades há as PANC de espécies
nativas do bioma Cerrado, assim como as cultivadas e as espontâneas. Como forma de
reconhecimento valorização do comércio sobre as PANC é preciso que agricultores e
instituições de pesquisas desenvolvam mais estudos científicos, é fundamental que se
argumente mais sobre os alimentos nas escolas para que as crianças aprendam a importância de
consumir alimentos saudáveis, pois, a inclusão das Plantas Alimentícias Não Convencionais
nas escolas torna-se uma alternativa para a merenda escolar.

PALAVRAS-CHAVE: PANC; Matos de comer; Hábitos alimentares.

1 INTRODUÇÃO
No Brasil, diversas PANC foram relatadas principalmente em comunidades tradicionais
(DIEGUES et al. 2001; BORGES & PEIXOTO 2009) e de pequenos agricultores familiares
(PILLA & AMOROZO 2009; CRUZ et al. 2013; BARREIRA et al. 2015; LEAL et al. 2018)
que ocupam áreas de vegetação nativa, onde cultivam ou coletam uma ampla diversidade de
espécies para conservação. O uso de PANC, além de diversificar a dieta alimentar, pode
representar uma alternativa de renda para comunidades rurais, contribuindo com a economia
local e regional (NESBITT et al. 2010).
Além disso, se realizado de forma sustentável, pode ser considerado uma forma de
utilização do solo com baixo impacto na agricultura, associado à conservação ambiental
(KINUPP & BARROS 2007). Embora a utilização de PANC faça parte da cultura, identidade

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e práticas agrícolas em muitas comunidades no Brasil (KINUPP & BARROS 2007; MIRANDA
& HANAZAKI 2008; PILLA & AMOROZO 2009; NASCIMENTO et al. 2012; CRUZ et al.
2013; NASCIMENTO et al. 2013; LEAL et al. 2018), ainda são poucos os estudos sobre essas
espécies. Em função desta carência de informações sobre a disponibilidade, formas de uso,
partes utilizadas e usos potenciais, esses recursos alimentares são desconhecidos e/ou
negligenciados por uma parcela significativa da população.
De acordo com KINUP, (2007) as PANC são espécies com grande importância
ecológica e econômica. Muitas destas espécies, por exemplo, são alimentícias mesmo que
atualmente em desuso (ou quase) pela maior parte da população. Também é válido para plantas
espontâneas, as quais são genericamente chamadas de "plantas daninhas" ou "mato", que são
recursos genéticos potenciais e pouco explorados. Em relação aos alimentos, a humanidade vem
sofrendo com crises de fome recorrentes em escala local (endêmica) e, mais raramente, de fome
generalizada (pandêmica), como as crises que afetaram a Europa durante muitos séculos.
Segundo Kinupp (2009) os valores alimentícios dos produtos locais devem ser mais
pesquisados, divulgados e mais debatidos ou ainda utilizados como uma alternativa nas
merendas escolares, assim como também é importante que paradigmas e tabus alimentares
sejam destruídos. Com isso, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar que as Plantas
Alimentícias não Convencionais – PANC possuem potencial para compor o mesmo grupo de
importância que as plantas convencionais, demonstrar que elas são uma alternativa de uso nos
hábitos alimentares, desmistificar o termo “daninhas” a respeito das PANC, divulgar as PANC
na sociedade por meio de debates alternativa para inclusão na merenda escolar.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, em Palmas, Tocantins
possui dentro do campus uma área de fragmento de Cerrado chamado Terraquarium, onde são
desenvolvidos os cultivos de PANC através de práticas agroecológicas pelo Núcleo de Estudos
em Agroecologia - NEA - Unitas Agroecológica, que foi instituído em 2015 em cumprimento
às peculiaridades do edital 81/2013 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e consolidado 1º Núcleo de Estudos em Agroecologia, no Tocantins.
Como forma de propagar os conhecimentos sobre as PANC e conscientizar sobre o uso,
a Unitas Agrocológica promoveu/participou no período de 2015 até o presente ano de diferentes
atividades e eventos como:
● Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins –Agrotins, em 2019 e 2022;
● Roda de conversa em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins
– Ruraltins, em 2019;
● VI Seminário Estadual de Agroecologia, em 2019;
● Caminhada PANC no Parque Estadual do Cantão, em 2019;
● Publicação de trabalhos Científicos em Anais de Eventos – XI Congresso Brasileiro de
Agroecologia – CBA;
● Aulas na disciplina de Tecnologia de Alimentos, no curso de Agronomia;
● Aulas práticas na disciplina de Sistemas Agroflorestais, no curso de agronomia;
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O movimento de divulgação e da importância das PANC no Brasil tomou força no ano
de 2014 com a publicação do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no
Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas”, dos autores Valdely
Ferreira Kinupp e Harry Lorenzi. Nesse contexto tem-se sete anos de adesão pelos
multiplicadores do “movimento PANC” no Brasil.

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Em 2015 com a criação do NEA – Unitas Agroecológica também teve identidade nas
suas práticas as PANC, uma vez que na área de realização das atividades há as PANC de
espécies nativas do bioma Cerrado, assim como as cultivadas e as espontâneas.
A ora-pro-nóbis (Pereskia spp.), é um exemplo de PANC, sendo uma ótima opção de
fonte proteica vegetal, pois cerca de 25% de sua composição total é de proteínas, a carne tem
em sua composição aproximadamente 20%, podendo substituir a carne e repondo as proteínas
que o organismo necessita. Também demonstra um nível proteico alto quando comparada com
outros vegetais, como por exemplo: o milho e o feijão, respectivamente 9% e 21% de proteína
nas suas composições. Outra PANC muito comum em terrenos baldios e degradados e com
grande visibilidade em várias cidades brasileiras é a chanana (Turnera subulata). Suas flores
são deliciosas para consumo direto e possuem um sabor bem suave e adocicado, segundo
Kinupp e Lorenzi (2014). Dada a importância da temática nesses sete anos buscou-se falar sobre
as PANC além dos muros da Universidade, considerando os eventos e atividades realizadas.
O NEA Unitas Agroecológica esteve presente na Feira de Tecnologia Agropecuária do
Tocantins – Agrotins, em 2019 e 2022, por meio stand do CEULP/ULBRA demonstrando a
diversidade das Plantas Alimentícias Não Convencionais para o público participante como
forma de estimular os visitantes a preservar, cultivar essas plantas como uma alternativa nos
hábitos alimentares. Verifica-se que há pessoas que conhecem as espécies, mas não
categorizada como PANC. Na Figura 2 há identidade de algumas espécies socializadas como:
pepino-doce, abobora-d’água, cará-aéreo, cacau, bucha, bastão-do-imperador, flores
comestíveis, chanana, taioba, caruru, açafrão-da-terra, zedoaria, araruta, cipó-esqueleto,
coentro-do-Pará, moringa, picão-preto, jambu, ora-pro-nóbis, bilimbi, entre outras.
Figura 2. Exposição de PANC para o público participante na Agrotins 2019 e 2022.

Como resultante da socialização das PANC na Agrotins 2019, no dia 29 de maio de


2019 houve a oficina de PANC, com técnicos e extensionista rurais, que aconteceu no Centro
Agrotecnológico, do Ruraltins, em que o foco principal foi alinhar os conhecimentos sobre o
tema para e gerar novos multiplicadores. A oficina foi iniciada com a roda de conversa entre os
participantes, os quais se manifestaram sobre o conhecimento das PANC. Em seguida foi
realizada uma explanação sobre a temática e apresentada algumas espécies, as quais muitos
conheciam. O enfoque maior foi nas espécies espontâneas e muitos se surpreenderam, pois, as
suas identidades até então estavam vinculadas as espécies invasoras no desenvolvimento das
culturas anuais e olerícolas. Observa-se na Figura 3 imagens do encontro.
Figura 3. Oficina de PANC no Centro Agrotecnológico, em Palmas – TO.

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Frente ao crescente movimento das PANC no Tocantins, no VI Seminário Estadual de
Agroecologia, que aconteceu no auditório do CEULP/ULBRA no dia 11 de outubro de 2019,
contou com a presença do biólogo Valdely Ferreira Kinupp, onde ele ministrou a palestra sobre
“Agroecologia e PANC tem tudo a ver” e também conduziu a “Caminhada PANC” nos cultivos
agroecológicos, onde foi feito o reconhecimento de Plantas Alimentícias Não Convencionais
(Figura 4). O evento foi um marco para a disseminação do conhecimento, uma vez que esteve
presente o mentor da identidade das espécies categorizadas como PANC, onde além das
atividades previstas no evento, houve o intercâmbio pessoal e o despertar sobre o conhecimento
dessas espécies que até então eram somente vistas como “problemas” no desenvolvimento da
agricultura. Os participantes foram desafiados a degustar as espécies na caminhada realizada.
Na ocasião também houve a venda do livro de autoria do Kinupp e Lorenzi, com direito a
dedicatória.
Figura 4. Caminhada PANC no VI Seminário Estadual de Agroecologia.

Aproveitando a presença do defensor das PANC no Tocantins, nos dias 12 e 13 de


outubro de 2019 ocorreu também uma “Caminhada PANC” no Parque Estadual do Cantão –
PEC para o reconhecimento de espécies nativas e espontâneas. A caminhada aconteceu com a
presença de técnicos do Ruraltins, professores e estudantes do CEULP/ULBRA, a qual foi
conduzida por Valdely Kinupp (Figura 5).
Figura 5. Caminhada PANC no Parque Estadual do Cantão-PEC.

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Realizou-se também em 2019 a publicação e apresentação de trabalho científico, no XI
Congresso Brasileiro de Agroecologia – CBA, realizado em Aracaju – SE, pela estudante do
curso de Farmácia Viviane Sousa Santos, com o título: “Plantas Alimentícias Não
Convencionais nativas, espontâneas e cultivadas no Terraquarium do CEULP/ULBRA”,
conforme link de acesso: https://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos/article/view/4360.
Na ocasião do evento houve outros trabalhos apresentados sobre o tema, sendo possível a
realização de troca de saberes com estudantes de diferentes estados do país.
Nas disciplinas de Tecnologia de Alimentos e Sistemas Agroflorestais, do curso de
Agronomia, do CEULP/ULBRA também é trabalhado a temática. Elas são ministradas pela
professora Conceição Aparecida Previero. Inicialmente busca-se resgatar junto aos estudantes
os conhecimentos populares sobre as espécies nativas que estão dentro da categoria das PANC,
como o pequi, buriti, jatobá, mangaba, cagaita, cajuí, mutamba, babaçu, bacaba, entre outras.
No resgate identifica-se as diferentes formas de uso, épocas de colheitas e os usos múltiplos
destas espécies. Também são relatadas as espécies espontâneas PANC, dado o acesso nos
cultivos agrícolas. Na Figura 6 observa-se algumas PANC apresentadas aos estudantes e a
degustação da capiçoba.
Figura 6. Espécies PANC apresentadas em aula e degustação da capiçoba.

4 CONCLUSÃO
Para concluir, mesmo as PANC sendo de grande importância na alimentação, ainda
levará tempo para que essas plantas deixem de ser consideradas não convencionais. Para que as
Plantas Alimentícias Não Convencionais sejam reconhecidas e valorizadas no comércio é
preciso que agricultores e instituições de pesquisas desenvolvam mais estudos científicos. É
fundamental que se argumente mais sobre os alimentos nas escolas para que as crianças
aprendam a importância de consumir alimentos saudáveis, portando as PANC são uma
alternativa de uso nos cardápios das merendas escolares. A inclusão das Plantas Alimentícias

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Não Convencionais nas escolas pode aproximar os alunos à natureza e eles visualizarem o as
possibilidades de uso na alimentação.
6 REFERÊNCIAS
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