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Ramon M. Garcia1 , Luis E.P. Stefanelli2, João L. Sauer3, Lucas C. Ferreira4, Tarcísio M. M. Mota
Filho5, Eduardo S. Rossi6
1
Mestrando PPG Agronomia – Horticultura – UNESP – Botucatu - SP, email:
ramonmarchigarcia@hotmail.com
2
Doutorando em Agronomia, Programa de Pós-Graduação em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu –
SP
3
Engenheiro Agrônomo – UNESP – Botucatu - SP
4
Mestrando PPG em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, UFSCar, Campus Araras – SP
5
Mestrando PPG Agronomia –Proteção de Plantas –UNESP – Botucatu – SP
6
Mestrando PPG Biotecnologia Animal – FMVZ – UNESP – Botucatu – SP
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
O consumo de vegetais sempre esteve presente na dieta humana, desde a transição
do homem nômade para o sedentário ele descobriu novas formas de utilizar plantas para
suas necessidades, desde alimentos até remédios, ele obtinha conhecimento das mais
variadas plantas, porem com a modernidade o mundo mudou drasticamente,
principalmente socioeconomicamente, fazendo com que esse conhecimento abrangente
de plantas desse lugar as monoculturas, as PANC`S (plantas alimentícias não
convencionais) é uma forma de resgatar esse conhecimento perdido no tempo retome para
melhorar a vida da população. A presente revisão de literatura teve como objetivo mostrar
a importância das PANC`s para a sociedade.
2 PANC´S
Segundo Kinupp (2007), doutor em botânica e autor do termo PANC (planta
alimentícia não convencional), denominou as PANC`S como plantas silvestres (mata ou
floresta), espontâneas (surgem em meio a plantações ou jardins), de fácil crescimento,
cultivadas ou exóticas que não necessitam de cuidados especiais, de relevância ecológica
possuindo partes comestíveis utilizadas na alimentação humana. Ainda pode-se
caracterizar elas como as plantas que ainda não foram completamente estudadas por parte
da comunidade técnico-científica ou exploradas pela sociedade como um todo,
reduzindo-as em consumo regional e apresentando dificuldade de aceitação e consumo
para as demais regiões do país (BRASIL, 2010).
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), calcula-se que em todo o planeta o número de plantas consumidas
pelo homem caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos (LIRA, 2018). Cerca de 90%
da nossa dieta se baseia em apenas 20 espécies vegetais que incluem, dentre outros, o
milho, feijão, trigo e arroz; no entanto, existem milhares de plantas com potencial
alimentício, que são negligenciadas por grande parcela da população (KINUPP;
LORENZI, 2014). Além de serem utilizadas na alimentação, elas possuem alta relevância
na fitoterapia e medicina popular, as PANC`S exercem o papel de alimentos funcionais,
pois apresentam na sua composição, vitaminas essenciais, fibras, antioxidantes e sais
minerais, ou seja, todos os nutrientes necessários para o organismo humano (KELEN,
2015).
Contudo os hábitos alimentares sofreram modificações ao longo dos anos a partir
da industrialização e globalização (SILVA, 1996). Essas modificações trouxeram uma
homogeneização do sistema agroalimentar com a criação de grandes redes de
supermercados e a chegada do “fast food”. De acordo com as informações da FAO
(2009a), a má alimentação a nível mundial é um fato contemporâneo. A obesidade afeta
12,5% dos homens e 16,9% das mulheres, em contrapartida, cera de 915 milhões de
pessoas sofrem de desnutrição no planeta. Nas últimas décadas, ¾ dos recursos genéticos
de alimentação foram perdidos, diminuindo mais a variabilidade na alimentação e
biodiversidade de genes e espécies (GALLARDO; SAAVEDRA, 2007).
Este modelo opera sistemas agroalimentares que não respeitam o conhecimento
das comunidades tradicionais e todo o legado da agricultura familiar, embasados em anos
de experiência e muitas gerações, que desenvolveram sistemas agroalimentares diversos
(LADIO; LOZADA, 2004). Ao contrário, a agricultura moderna, opera em monoculturas
que dependem de grande extensão de terra, adoção de práticas nocivas à saúde e ao meio
ambiente, tais como o uso abusivo de agrotóxicos, a crescente liberação dos transgênicos
e, ainda, do transporte por longas distâncias. Estes sistemas fornecem matérias-primas
para a produção de alimentos ultra processados, mas nem sempre de qualidade.
Completam esses sistemas alimentares grandes redes de distribuição com forte poder de
negociação de preços em relação a fornecedores e consumidores finais e uma propaganda
que destrói práticas alimentares tradicionais. Como consequência, este modelo de
agricultura provoca insegurança alimentar e nutricional, degradação ambiental, exclusão
social e impacto na saúde humana (BRASIL, 2014).
A pratica de usar descontroladamente agrotóxicos se tornou uma prática comum,
causando problemas tanto para o homem como para o ambiente, Ferment (2010) afirma
que os agrotóxicos apresentam consequências variáveis no tempo para o organismo
humano, devido a penetrabilidade e da bioacumulação nos tecidos.
Outro grande problema evidenciado é o fato que os alimentos consumidos são
sujeitos as leis dos mercados, seu valor e preço está intimamente dependente das
oscilações e flutuações das bolsas mundiais. Como entre junho de 2007 e maio de 2008,
cujo preço de uma cesta básica aumentou entre 27,24% e 51,85% entre diversos países.
O açúcar, cevada, arroz, soja, trigo e milho foram os principais responsáveis por essa alta
(MALUF, 2011). Essas oscilações afetam principalmente a população rural sem-terra, as
famílias chefiadas por mulheres, e a população urbana de baixa renda (FAO, 2009b)
Devido a essas problemáticas, as PANC`S podem servir de um crucial elemento
solucionador, pois não precisam de um cultivo exaustivo, nem utilizar agrotóxicos
prejudiciais a saúde humana e ao meio ambiente, uma vez que espécies rudimentares são
perfeitamente adaptadas ao meio onde nascem (KINUPP, 2004)
Segundo Kelen et al. (2015), existem cerca de 3 mil plantas com potencial alimentício
com ocorrência no Brasil. Tais Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC`S),
podem ser frutos, folhas, flores, rizomas, sementes e outras estruturas, sendo ricas em
termos nutricionais, e podendo ser espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas
(KINUPP; LORENZI, 2014). Cabe ressaltar que o Brasil é o detentor da maior
biodiversidade do planeta, possuindo entre 15 a 20% das espécies (KINUPP, 2004).
A cartilha publicada por Kelen et al. (2015), promove o reconhecimento e
divulgação das PANC`S. A cartilha apresenta aproximadamente 20 espécies de plantas
alimentícias não convencionais, junto com sua descrição botânica, propriedades
nutricionais e partes comestíveis dessas plantas, utilizadas na alimentação. Como a ora-
pro-nobis (Pereskia aculeata), vegetal da família da Cactaceae, nativa da América do Sul,
o qual apresenta elevado poder nutritivo, suas folhas apresentam quantidade significativa
de proteínas. Nela tudo é aproveitado, flores, frutos e folhas podendo ser preparados
salada, refogados, sopas, omeletes ou tortas.
Por esta razão percebe-se a importância das plantas na composição dos cardápios
das famílias brasileiras. Estas plantas crescem espontaneamente e podem ser de diversas
formas na alimentação humana, sendo uma aliada da segurança alimentar em nosso pais,
uma vez que existem muitas famílias vivendo sob grande fragilidade nesse quesito
(NASCIMENTO et al., 2018).
Com o final da década de 1980 e no início da década de 1990, incorporou-se a
noção de acesso a alimentos seguros (sem contaminantes químicos ou biológicos); de
qualidade (biológica, nutricional, sanitária e tecnológica), produzidos de forma
sustentável, equilibrada, culturalmente aceita, incorporando a ideia de acesso à
informação (BELIK, 2003). Neste sentido, a categoria agricultura familiar ganha força,
pois a mesma esteve, nos últimos anos, em pauta do governo federal sendo incentivada
através de políticas públicas de produção e comercialização de alimentos seguros e
diversificados (BELIK et al., 2015)
Essa categoria tem como principal característica o modelo de produção em que a
propriedade e família estão intimamente ligados. As propriedades familiares são unidades
de produção agrícola onde propriedade e o trabalho, estão fortemente ligados a família.
Se englobam no escopo de agricultura familiar, atividades econômicas desenvolvidas no
meio rural que utilizam a mão de obra da própria família, na qual possuem a maior parte
da renda familiar originada das atividades agropecuárias desenvolvidas em ambiente rural
(DOS ANJOS, 2003) e comercializada em canais curtos de produção (SILVEIRA et al.,
2017). Esses canais de comercialização com proximidade podem ser feitos na forma de
feiras de produtores, venda direta na agroindústria ou mesmo na casa dos agricultores
(GAZOLLA, 2012).
Apesar de todos os benefícios que as PANC`S proporcionam, elas ainda são pouco
exploradas no mercado, devido tanto a falta de informação, como não desejáveis para
grandes culturais, é preciso que as pessoas se conscientizem mais sobre as vantagens de
sua utilização, como alternativa nutricional e farmacêutica, fonte de renda e livres de
defensivos agrícolas, afim de melhorar a qualidade de vida e retomar o conhecimento dos
nossos antepassados que foi perdido com o tempo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As PANC´S podem representar uma alternativa e servir como fonte de alimento
saudável, sua utilização passa por processos como informação aos consumidores, também
pode ser uma fonte de renda principalmente para a agricultura familiar.
4 REFERÊNCIAS
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. “ El estado mundial
de la agricultura y la alimentación”. Roma, 2009a.
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. “Construcción del
Sistema y de la politica de Seguridad Alimentaria y Nutricional:la experiência
brasilina”. CONESA, Brasília, Novembro, 2009b.
LADIO, A.H.; LOZADA, M. Patterns of use and knowledge of wild edible plants in
distinct ecological environments: a case study of a Mapuche community from
northwestern Patagonia. Biodiversity & Conservation, v. 13, n. 6, p. 1153-1173, 2004.
LIRA, A. Mais do que matos, elas são plantas alimentícias não convencionais
(PANCs). Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária–EMBRAPA. Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, v. 20, 2018.
AGRADECIMENTOS [OPCIONAL]
GARCIA agradece a UNESP e o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.