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RESUMO
Uma variedade de plantas comestíveis são obtidas da natureza e o Brasil destaca-se por ser o país
mais rico em biodiversidade do planeta. Entretanto, 90% do alimento mundialmente consumido
vem de apenas 20 espécies de plantas, sendo existem registros de uma variedade muito superior,
estimada em 30 mil delas. Ou seja, conhecemos e consumimos apenas uma pequena parcela de
todas as plantas possíveis de se consumir. As espécies de plantas menos conhecidas, produzidas e
consumidas, intitulamos de Plantas Alimentícias Não Convencionais Comestíveis (PANCs), que
apresentam um alto valor nutricional e são ótimas para uma alimentação adequada, saudável,
ambiental e culturalmente responsável. Essas plantas, chamadas vulgarmente de matinhos ou ervas
daninhas, nascem de forma orgânica e não precisam do uso de agrotóxicos para seu cultivo. Uma
mesma planta pode ser considerada convencional em uma região do país e não convencional em
outra e, além disso, muitas apresentam uma forma mais indicada de preparo e consumo. Como, no
decorrer dos anos, muitas plantas receberam nomes pejorativos, seu uso tem se mantido irrigado
de muito preconceito. Nosso objetivo nesta cartilha é desmitificar e apresentar as principais
Plantas Alimentícias Não Convencionais disponíveis no Brasil.
Palavras-chave: Plants. Alimentícias. Nutricional.
ABSTRACT
A variety of edible plants are obtained from nature and Brazil stands out for being the richest
country in biodiversity on the planet. However, 90% of the food consumed worldwide comes from
only 20 species of plants, and there are records of a much superior variety, estimated at 30
thousand of them. That is, we know and consume only a small portion of all plants that are possible
to consume. The lesser known plant species, produced and consumed, we call Edible Non-
Conventional Food Plants (PANCs), which have a high nutritional value and are great for an
adequate, healthy, environmentally and culturally responsible diet. These plants, commonly called
matinhos or weeds, are born organically and do not need the use of pesticides for their cultivation.
The same plant can be considered conventional in one region of the country and unconventional in
another and, in addition, many have a more suitable way of preparation and consumption. As, over
the years, many plants have received pejorative names, their use has remained irrigated by a lot of
prejudice. Our objective in this paper is to demystify and present the main Unconventional Food
Plants available in Brazil.
Key-words: Food. Plants. Nutritional.
1. INTRODUÇÃO
1
Nome do acadêmico
2 Nome do Professor Tutor Externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Ciências Biológicas (0549BID/4) – Prática do
Módulo I –08/09/2022
2
A sigla PANC significa: Plantas Alimentícias Não Convencionais. Em outras palavras, quer dizer
“todas as plantas que poderíamos consumir, mas que por alguma razão, não consumimos”. Imagine
todas as plantas comestíveis que existem, uma pequena parcela delas nós conhecemos, produzimos e
comemos no dia a dia, sendo chamadas de plantas alimentícias convencionais. As que não conhecemos,
não produzimos ou consumimos pouco são denominadas Plantas Alimentícias Não Convencionais, ou
PANC. A expressão “não convencionais” são aplicadas a plantas nativas ou exóticas, espontâneas ou
cultivadas, que estão à margem da cadeia produtiva e, por isso, desconhecidas e ignoradas por grande
parte da população (NASCIMENTO, 2017).
O termo Alimentícias quer dizer que são plantas usadas na alimentação, como verduras,
hortaliças, frutas, castanhas, cereais e até mesmo condimentos e corantes naturais. O termo Não
Convencionais significa que não são produzidas ou comercializadas em grande escala, cujo cultivo e uso
pode cair no esquecimento. Sabe aquela planta de antigamente, que hoje em dia pouca gente conhece?
Agora ela é chamada de PANC (VIEIRA, 2017).
As PANC fazem parte do banco de sementes da terra. São pioneiras, as primeiras a germinar após
o manejo do solo para plantio, são consideradas invasoras e, devido à ação antrópica, hoje estão
disseminadas por todo o Planeta, sendo consideradas cosmopolitas (SARTORI, 2020).
Segundo Kinupp e Lorenzi (2014), as PANCs serviram para o sustento do homem desde a idade
da pedra, porém, a maioria das pessoas não as reconhece, resultando no desuso, falta de produção e
comércio. Entretanto, diversas PANCS foram muito utilizadas, mas caíram em desuso, isso explica
porque em certas regiões são tidas como não convencionais, mas para muitos indivíduos idosos estas
plantas estão ligadas à sua infância.
As PANCs poderiam fazer parte do cardápio de consumo diário. Porém, a falta de conhecimento
dos populares leva a caracterização dessas plantas como ervas daninhas, podendo ser facilmente
encontradas na natureza, tidas como mato e ignoradas (LIBERATO et al., 2019). Estas plantas são
recursos alimentares não convencionais que, quando consumidas, favorecem a autonomia das famílias e
garantem soberania e segurança alimentar e nutricional (XAVIER, 2015).
Nossas escolhas alimentares têm levado a impactos significativos sobre nossa saúde e a
vitalidade do Planeta. É alarmante o aumento da degradação de recursos não renováveis, e a expansão do
consumo de produtos altamente processados, em suas exuberantes embalagens. Sendo assim, as plantas
alimentícias não convencionais (PANC) se integram perfeitamente ao contexto de uma alimentação mais
biodiversa, nutritiva e equilibrada, pois são parte importante de nossa natureza (SARTORI, 2020).
1.1 JUSTIFICATIVA
O cenário atual da sociedade, apoiado no consumo excessivo de produtos industrializados e com
baixa qualidade nutricional, afeta a qualidade de vida de muitas populações e está levando ao
crescimento da incidência de várias doenças crônicas e degenerativas. Nossas escolhas alimentares têm
levado a impactos significativos sobre nossa saúde e a vitalidade do Planeta. Nesse sentido, justifica-se
realizar uma revisão da literatura e caracterizar as plantas alimentícias não convencionais (PANC), bem
como destacar como as mesmas se integram perfeitamente ao contexto de uma alimentação mais
biodiversa, nutritiva e equilibrada, pois são parte importante de nossa agrobiodiversidade
2. MATERIAIS E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As escolhas alimentares dos seres humanos - para compra e consumo - envolvem diversos fatores
de ordem econômica, social, cultural, política, religiosa, simbólica, dentre outras. No entanto, esse
consumo, e mais especificamente o consumo de alimentos, nem sempre é consciente quanto à
quantidade e à qualidade. No que se refere à quantidade, por exemplo, o Brasil é um dos países que mais
desperdiçam comida e não fazem um aproveitamento de todas as potencialidades do alimento. Desse
modo, acerca da qualidade dos alimentos consumidos no em nosso país, Araújo (2018) desta que que
São cada vez mais insurgentes os relatos e estudos comprovando os males trazidos pelos
sistemas alimentares atuais: como a revolução verde, que trouxe a motomecanização do
campo, os melhoramentos genéticos, os pesticidas e herbicidas, entre outros insumos e
tecnologias agrícolas que trouxeram vários impactos negativos à saúde humana, ambiental,
econômica e social.
Assim, Plantas alimentícias são aquelas que contêm partes que podem servir para alimentação
humana, como por exemplo, “raízes tuberosas, tubérculos, bulbos, rizomas, colmos, talos, folhas, brotos,
flores, frutos e sementes” (BARBOSA, 2019, p. 17). Já o termo PANC se refere a “todas as plantas que
têm uma ou mais partes ou porções que pode (m) ser consumida (s) na alimentação humana, sendo elas
exóticas, nativas, silvestres, espontâneas ou cultivadas” (KINUPP; LORENZI, 2014, p. 15).
No Brasil existem pelo menos 3 mil espécies conhecidas de PANCs, estudos indicam que cerca
de 10% da flora sejam de plantas alimentícias (KELEN et al., 2015). Conforme dados da Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), calcula-se que em todo o planeta o número
de plantas consumidas pelo homem caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos (LIRA, 2018).
Tidas como excelentes fontes de nutrientes, vitaminas e sais minerais, as PANCs também
apresentam características que possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e ação
terapêutica, o consumo de tais plantas e hortaliças deve ser realizado respeitando suas características e
formas de preparo para que tais efeitos sejam obtidos com segurança. Deve-se, também, aprofundar os
conhecimentos e conduzir mais estudos acerca da possível presença de fotoquímicos tóxicos ou fatores
antinutricionais que algumas PANCs podem apresentar se consumidas de forma inapropriada
(PASCHOAL; SOUZA, 2015).
No ano de 2018, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRPRA) realizou a
publicação um artigo relacionando as PANCs seus benefícios e formas de uso. Foram citadas plantas
como Açafrão-da-terra (Cúrcuma longa) que é rica em minerais, vitamina C e A, ácido fólico,
riboflavina e é utilizada na produção de lacticínios e como condimento, a Araruta (Maranta
arundinacea) bastante utilizada por pessoas que possuem restrição alimentar relacionada à doença
celíaca, pois seria um alimento de fácil digestão. Também citado neste artigo o Hibisco (Hibiscus
sabdariffa) bastante utilizado no Norte do Brasil, sendo mais comumente aproveitado folhas e no resto
do mundo onde também é bastante apreciada e consumido. O inhame comumente utilizado no Nordeste
foi citado como PANC, é um alimento muito ricos em vários nutrientes como fosforo, cálcio, ferro e
vitaminas do complexo B, é um carboidrato excelente pois possui baixo índice glicêmico (LIBERATO,
2019).
Outra planta bastante conhecida é a Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill.), encontrada
principalmente nas regiões sudeste e centro-oeste, contém em sua constituição cálcio, magnésio,
vitamina A; vitamina B9, vitamina C, triptofano, zinco, fibra, possui um grande potencial proteico. Essa
PANC contém oxalato em sua composição, devem ser preparadas em alta temperatura para inibir o ativo
(LIBERATO, 2019).
A seguir relacionamos as principais PANCs consumidas no Brasil, as quais podemos identificar o
nome cientifico, o nome popular como são conhecidas, seus nutrientes e a formas de utilização (Tabela
1).
Dessa forma, descrevemos acima na tabela, uma amostra de cinco PANCs que estão presentes no
nosso dia a dia, porém, são consideradas como “matos”, outras utilizadas apenas como decorativas e
outras usadas apenas como remédios caseiros. Nesse sentido, identificamos que a população necessita de
mais conhecimento em relação aos benefícios que essas pancs podem trazer, tanto a nível de consumo,
como a comercialização.
De um modo geral as PANCs em sua maioria apresentam fator nutricional elevado, aumentando
para o indivíduo que as consomem a ingestão diária vitaminas e minerais essenciais ao desenvolvimento
humano, como visto em alguns casos são capazes de substituir as hortaliças convencionais, podendo ser
inserida na alimentação diária, cultivadas em pequenos espaços e jardins, podendo também ser
comercializada gerando uma fonte de renda.
4. CONCLUSÃO
Com desenvolvimento do presente trabalho, foi possível verificar após a leitura realizada que as
PANCs são uma excelente opção como complemento a alimentação tanto do ser humano, como de
animais, porém, ainda é necessário a realização de estudos relacionados a sua composição química
nutricional de forma mais aprofundada, pois algumas podem apresentam toxidade que podem trazer
prejuízos a saúde quando não utilizadas e manejadas corretamente.
Dessa maneira, foi possível concluir que se faz necessário que os pesquisadores e cientistas, com
participação e auxilio da comunidade como um todo, aprofundem seus estudos em relação ao tema, pois
existe uma grande diversidade com muito potencial a ser explorado. Por fim, constata-se também a
necessidade que a população adquira mais conhecimento para que essas PANCs sejam inseridas na sua
alimentação diária.
REFERÊNCIAS
KINUPP, V. F.; LORENZI, H. Plantas Alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de
identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, São
Paulo, p.768, 2014.
LIBERATO, P.S.; LIMA, D.V.T.; SILVA, G.M.B. PANCs - Plantas Alimentícias não Convencionais e
seus benefícios nutricionais. v.2, n.2, p.102-111, 2019. Environmental Smoke. Disponível em: <
https://doi.org/10.32435/envsmoke.201922102-111> Acesso em: 12 ago. 2022.
LIRA, A. Mais do que matos, elas são plantas alimentícias não convencionais (PANCs). Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Brasília, 20 abr. 2018. Disponível
em:<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/33580014/mais-do-que-matos-elas- sao-as-
plantas-alimenticias-nao-convencionais>. Acesso em: 16 ago. 2022.
NASCIMENTO, Vinicius; GONÇALVES, Juliana. Guia prático sobre PANCs: plantas alimenticias
não convencionais — 1. ed. — São Paulo: Instituto Kairós, 2017. Disponível em:
<https://institutokairos.net/2020/11/guia-pratico-de-panc/> Acesso em: 05 ago. 2022.
PASCHOAL, V.; SOUZA, N.S. Plantas Alimentícias não convencionais (PANC). In: CHAVES, D. F. S.
Nutrição Clínica Funcional: compostos bioativos dos alimentos. VP Editora. Cap. 13, p. 302-323,
2015 Disponível em:
<https://www.vponline.com.br/portal/noticia/pdf/69c8eaa376fded1bf13a053e868facf0.pdf>. Acesso em:
16 ago. 2022.