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Abordagem clínica do paciente com alopecia | Anais Brasileiros de Dermatologia Page 1 of 4

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Quadro 1: Ficha de identificação

Endereço para correspondência

Isabel Cristina Brasil Succi


Rua Gomes Carneiro, 64/301
Rio de Janeiro RJ 22071-110

Home | Volume 74 - Nº 5 | Abordagem clínica do paciente com alopecia


Abordagem clínica do paciente com alopecia
* Artigo original no idioma Português Brasileiro.

VOLUME 74 - Nº 5: Comunicação

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Autoria

Succi ICB
Professora Adjunta; Chefe do Serviço de Dermatologia

file://C:\Users\Ana\Desktop\artigos módulo III\Abordagem clínica do paciente com al... 05/01/2011


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Resumo
A autora discute as dificuldades na abordagem clínica dos pacientes com alopecia.
Apresenta ficha de avaliação utilizada no Setor de Dermatologia Corretiva da UERJ.

Palavras-chave: Alopecia; abordagem clínica

A queixa da queda de cabelos nem sempre recebe a devida atenção dos dermatologistas
que, muitas vezes, só a consideram apenas sob aspecto estético, esquecendo-se do
aspecto médico.

A avaliação do paciente com alopecia é complexa, e o primeiro passo consiste em


encarar o problema com seriedade.

As alopecias têm várias causas e diferentes apresentações clínicas. Além das


inquestionáveis repercussões psicossociais, a perda dos pêlos pode ser a expressão
clínica de uma doença subjacente.

A falta de propedêutica sistematizada toma difícil e confusa a abordagem das alopecias.


Assim sendo, foi elaborada no Setor de Dermatologia Corretiva da UERJ uma ficha de
avaliação para os pacientes com essa queixa, o que tem facilitado muito o atendimento.

Nessa ficha (Quadro 1) constam os dados de identificação do paciente, da anamnese, do


exame físico, a impressão diagnóstica, os exames complementares, os pareceres
solicitados e a conduta terapêutica instituída.

Na anamnese, começando pela queixa principal, procura-se esclarecer se os pêlos estão


caindo ou se estão quebrando, assim como se ocorreu diminuição do volume dos
cabelos decorrente da redução do número e/ou da espessura do pêlo.

Na história da doença atual, pergunta-se quais as áreas do tegumento afetadas e se estão


acompanhadas ou não de sintomas locais. O tempo de evolução da doença permite
avaliar se o quadro é agudo ou crônico, congênito ou adquirido. A história de início
precoce, ou seja, na infância, é um dado importante por estar associado a prognóstico
desfavorável na alopecia areata.1 Processos sistêmicos,como febre, hemorragia,
intervenções cirúrgicas, parto, estresse emocional, podem ocasionar perda de cabelos
alguns meses após esses episódios.2

Na história médica pregressa, coleta-se informação a respeito das doenças e dos


medicamentos utilizados que poderiam estar envolvidos com a perda dos pêlos.
Existem vários relatos de alopecia associada a doenças sistêmicas, como lúpus
eritematoso sistêmico,colite ulcerativa,leucemia,tuberculose,amiloidose sistêmica.3 O
hipotireoidismo como causa de queda difusa está bem estabelecido, embora não haja
correlação entre os níveis hormonais e o grau de alopecia.4 Um grande número de
drogas está relacionado com a queda difusa dos pêlos, ainda que o mecanismo
permaneça muitas vezes desconhecido. Entre as mais citadas estão as substâncias
inibidoras da enzima conversora da angiotensina, hipocolesterolêmicas,
anticoagulantes, agentes antimitóticos, antitireoidianos, beta-bloqueadores, retinóides,
benzimidazóis (albendazol e mebendezol) e medicações psicotrópicas,como as
anfetaminas, fenotiazinas,imipramina e o lítio.3

Na história fisiológica é importante avaliar, nos hábitos alimentares,deficiência protéica


e/ou calórica,que podem ter efeito significativo no crescimento dos pêlos. Dietas

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drásticas para redução de peso podem levar à alopecia difusa em período que varia de
um a seis meses. Alguns relatos sugerem que isso só ocorra naquelas pessoas com
balanço nitrogenado negativo. O aumento da ingestão protéica resulta na diminuição ou
na parada da perda dos pêlos.5,6

Interroga-se também sobre os hábitos cosméticos e a história familiar de alopecia.

Na história gíneco-obstétrica investiga-se se existe irregularidade menstrual e/ou


infertilidade, condições clínicas que devem ser consideradas no esclarecimento da
alopecia difusa da mulher.

O exame físico é feito orientado pela anamnese. No exame do tegumento determina-se


a área comprometida (se está restrita no couro cabeludo ou se outras áreas estão
envolvidas) e o padrão da alopecia. Observa-se se existem alterações no aspecto dos
pêlos e no couro cabeludo, como atrofia, eritema e escamas.

Os pêlos miniaturizados que são vistos na alopecia androgenética podem ser mais bem
observados utilizando-se um cartão de cor contrastante com a cor dos cabelos.

O teste do puxão é feito mediante tração leve de uma mecha de cabelos com quantidade
entre 20 e 40 fios.

O resultado é considerado positivo quando são obtidos mais de dois fios telógenos.7 A
observação de condições associadas, como acne, hirsutismo e obesidade, são
particularmente importantes na identificação das desordens androgênicas. Alterações
ungueais, oculares e dentárias podem estar presentes nas várias síndromes clínicas
associadas a alopecias congênitas e/ou heroditárias.

Com os dados da anamnese e do exame físico, há condições de se elaborar a impressão


diagnóstica.

Os autores adotam a seguinte classificação,3 que facilita bastante o raciocínio


diagnóstico.

I. Alopecias congênitas e hereditárias: cicatriciais e não-cicatriciais.

II. Alopecias adquiridas: cicatriciais e não-cicatriciais.

Define-se se o paciente apresenta alopecia congênita/ hereditária ou adquirida e, a partir


dai, se é cicatricial ou não-cicatricial.

O grupo das alopecias adquiridas é o mais importante devido a sua maior freqüência.

Tanto as alopecias adquiridas cicatriciais como as não-cicatriciais são divididas em


quatro tipos, de acordo com a etiopatogenia, como se pode exemplificar:

1. Cicatriciais:

a. por agentes físicos ou químicos;

b. infecciosas: fúngica, bacteriana, viral e protozoária:

c. neoplásicas: linfomas, tumores metastáticos e carcinomas;

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Ver todas
d. dermatoses de origem incerta ou síndromes clinicas: pseudopeleda de Brocq, as
foliculite decalvante, foliculite dissecante, esclerodermia, lúpus eritematoso e
sarcoidose.

2. Não cicatriciais:

a.alopecias traumáticas: Por pressão, tração e tricotilomania;

b. alopecias difusas: hormonal, nutricional, estresse fisiológico, drogas e doenças


cutâneas locais:

c. alopecia areata:

d. alopecia androgenética.

O resultado terapêutico depende do diagnóstico correto, que é feito mediante anamnese


bem detalhada e abrangente, e exame físico complementado, quando nnecessário, por
exames laboratoriais adequados e, em alguns casos, pela biópsia cutânea.

Referências

• 1. DeWaard-van der Spek FB, Orange AP De Raeymaccker DM et al. Juvenile


versus maturity-onset alopecia areata: A comparative retrospective clinical study.
Clin Exp Dermato 1989;14:429-33.
• 2. Simpson NB. Diffuse Alopecia: endocrine, metabolic and chemical influences
on the follicular cycle. In: Rook A, Dawber R. Disorders of epidermal
appendages and related disorders, eds. London: Blackwell Scientifc,1991:136-43.
• 3. Fiedler, Virginia C. Alopecia areata and other nonscarring alopecias. In: Arndt
KA, Leboit PE, Robinson JK, Wintroub BU. Cutaneous Medicine and Surgery:
an integrated program in dermatology, eds. Philadelphia: WB Saunders.
1996:1277.
• 4. Freinkel RK, Freinkel N. Hair growth and alopecia in hypothyroidism. Arch
Dermatol 1972;106:349-52.
• 5. Blackburn GL. Bistrain BR, Hoag C. Hair loss with rapid weight loss. JAMA
1976;236:252.
• 6. Rooth G, Carlstrom S. Therapeutic fasting. Acta Med Scand 1970:187:455-63.
• 7. Fiedler, Virginia C. Alopecia areata and other nonscarring alopecias. In. Arndt
KA, Leboit PE, Robinson JK, Wintroub BU. Cutaneous medicine and surgery: an
integrated program in Dermatology. eds. Philadelphia: WB Saunders,1996:1274.
• 8. Bertolino AP Freedberg IM. Disorder of epidermal appendages and related
disorders. In: Fitzpatrick TB. Eisen AZ, Wollf K, Freedberg IM, Austin KF.
McGraw-Hill, 1993:671-96.

Recebido em 18.8.98.
Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 10.8.99.
Trabalho realizado no Hopsital Universitário Pedro Ernesto.Universidade do
Estado do Rio de Janeiro - UERJ.
An bras Dermatol. Rio de Janeiro.74(5):507-509. set./out.1999.

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ISSN 1806-4841Copyright © Sociedade Brasileira de Dermatologia

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