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Aulas Comercial I 2022 2023
Aulas Comercial I 2022 2023
Aulas Comercial I
Doutor Coutinho de Abreu , Carolinha Cunha e Doutora Maria Inês
2022/2023
Ana Branco Camacho
Aula 1-3.10
INÍCIO
Programa está já na plataforma, depois ir lá conferir. Teremos um primeiro capítulo sobre atos de comércio. Atos
de comércio em geral e seu respetivo regime. Especial atenção à qualificação desses atos. Ainda, a relação da relevância entre
serem os denominados “comerciantes” a praticarem atos de comércios. No terceiro capítulo veremos sobre as empresas comerciais
e também ver suas afinidades e espécies de empresas – dizer quem não é comercial – e breve alusão às empresas não
comerciais. Em seguida, veremos os sinais distintivos do comércio.
A bibliografia já está mencionada na plataforma. Os quatro capítulos iniciais o guia base será o livro do Dr. Jorge
Abreu – 13ª edição. Letras e livranças temos uma edição muito desenvolvida sobre ela chamado Manual de Letras e Livranças
– 2022.
Introdução
Direito Comercial tem que ver com comércio. Comércio em sentido econômico retém a ideia de trocas e o saciar da
oferta e da procura. Nas origens, o direito comercial era regulador dessa ideia. História da construção do sistema da atividade
dos mercadores. Direito de fonte consuetudinária. Direito criado pelo mercador e aplicado pelo mercador, era um direito de
caráter subjetivo, regulador.
Começaram a surgir os primeiros tipos de sociedades (conteúdo que veremos em comercial II). Sociedade em comandita
(simples e por ações (SA’s)). Sociedades por quotas só apareceram em 1901. A partir do século XVI temos a centralização
do poder político, de maneira que houve evolução das grandes corporações de comerciantes. 1601 na Inglaterra e 1602 na
Holanda e durante esse século XVII as companhias coloniais comerciais – duas características que permanecem até hoje: não
responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade e livre circulação e transmissibilidade dessas ações da sociedade
(possibilidade de desinvestimento através da alienação acionista).
Num terceiro momento, temos o código de comércio francês dos inícios de 1800. Este código retém uma ideia do direito
comercial como objetivo. Em vez de focar nos sujeitos, focaremos em objetos: nos tais atos de comércio. Disciplinar igualmente
os atos de comércio quer sejam praticados por comerciantes ou não! Porque é isso que realmente importará para atingir o fim
ideal da IGUALDADE presente no ideal francês (igualdade, liberdade e fraternidade).
Temos dois códigos comerciais portugueses, o último é de 1888. Isto reverbera-se no nosso artigo 1º do Código
Comercial, aplicando-se aos atos de comércio, e não somente a comerciantes! O direito comercial português hoje se pode definir
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como um sistema jurídico-normativo que disciplina de modo especial o comércio e os comerciantes (em confronto o direito comum
que regula situações comuns da vida comum).
Quanto ao problema da unificação do direito privado, isto é, o problema da autonomia substancial do direito comercial,
foi sendo proposta desde o século XIX. A questão de dever-se ou não o direito comercial fundir ao direito civil foi muito debatida
muito em função daquele terceiro momento que vimos acerca da objetivação do direito comercial em razão dos atos comerciais.
Instituto e regras que nasceram com o comércio/comerciantes que dado a sua eficiência foram sendo exportadas também para o
campo civil. Ex. Falência.
Aula 2-10.10
“A lei comercial rege os actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que nele intervém”. Artigo 1° CCom.
Ou seja, quando estivermos perante os artigos supracitados, a qualificação de atos (como comerciais ou não) será muito
pertinente e implicará de modo direto na nossa resposta ao Exame.
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Artigo 2° CCom.: “São considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste
código [atos de comércio objetivo!], e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza
exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar. [atos de comércio em sentido subjetivo!].
• Corpo e 1º parágrafo: atos relevantes são os atos comerciais + tipo de juros + taxa contratual obedece à forma
escrita;
• 2º parágrafo: remissão CCiv. (regime usura);
• 3º parágrafo: Credor tem de ser titular de empresa comercial – empresa aqui em sentido subjetivo: sujeitos que
exerçam atividade juridicamente qualificada como comercial → não é exatamente igual a comerciante;
• 4º parágrafo: Juros comerciais = BCE + 7%;
• 5º parágrafo: Juros “TRANSAÇÕES COMERCIAIS” – DL 62/2013 = BCE + 8% – a que situações se
aplica? Ver o DL!!;
Conclusões do DL 62/2013
Estende a taxa de juro superior à comercial (BCE+8%) a créditos não rigorosamente comerciais (p.e. agricultura,
profissões liberais).
Retira algum interesse prático à taxa de juros comercial (BCE+7%) porque nas muitas situações de “concurso de
taxas” credor irá preferir a do DL 62/2013.
Mas atenção: nas relações com consumidores finais a taxa das “transações comerciais” não se aplica” (art.2°/2 a
DL 62/2013).
Os objetivos são aqueles: previstos na lei comercial¹ (CCom., leis que substituem, leis que se autoqualificam); os
qualificáveis por analogia² (analogia legis ou analogia iuris); podemos ainda ter atos autónomos ou acessórios, formais ou
substanciais, bilaterais ou unilaterais.
➔ Contratos
➔ Negócios jurídicos unilaterais
➔ Simples atos jurídicos
➔ Factos jurídicos ilícitos
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Mas trata-se duma enumeração implícita: por remissão para outras normas:
A lei é comercial se (1) substitui normas do Código Comercial ou se (2) autoqualifica – ou melhor, direta ou
indiretamente qualifica os atos como comerciais.
Caso nenhuma dessas hipóteses se verifique: o ato em causa ainda poderá ser qualificado como comercial por
analogia.
O artigo 230° CCom. é uma norma comercial que levanta dificuldades. Ela qualifica atos – como comerciais – ou
sujeitos – como comerciantes – ? Há crítica no manual acerca deste artigo, interessante relembrar. Aqui, o conceito de
empresas possui um cariz diverso do que estamos habituados, entenderemos “empresas” nessa norma como série ou complexo
de atos enquadrados organizatoriamente. Qualifica-se todos os atos praticados na exploração da empresa.
1. Tese da inadmissibilidade: refutação dos seus argumentos (letra da lei, razão histórica...) – bem explicado no
livro! Refutação baseada em três argumentos.
2. Admissibilidade quer da analogia legis, quer da analogia iuris.
• Empresas de construção de outras obras que não casas – art. 230°/6 → aqui poderíamos colocar empresa de
transporte aéreo, bastando uma interpretação extensiva (cabe no espírito da norma);
• Locação financeira – artigos 463°/1 e 3, e 481°; art. 362° e RGICSF
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Artigo 2°, 2ª parte: “todos os contratos e obrigações dos comerciantes¹, que não forem de natureza exclusivamente
civil², se o contrário do próprio ato não resultar³”. [enumeração colocada por mim]
Aqui o sujeito tem de ser comerciante. Esta comercialidade serve para as situações em que a atribuição de caráter...
Aqui temos requisitos e não um catálogo. 3 requisitos que retiramos dessa segunda parte da norma. Anotar no código.
Acerca da ausência de natureza exclusivamente civil², dizemos que são atos que por sua natureza ou essência não
revelam susceptibilidade de se conexionar (juridicamente) com o exercício do comércio. → também bem explicadinho no livro.
Há três hipóteses
Atos acessórios são os atos que devem a sua comercialidade ao facto de se ligarem ou conexionarem a atos mercantis
– tirei do livro! Já os atos de comércio autónomos são aqueles qualificados como mercantis por si mesmos, independentemente de
ligação a outros atos ou atividades comerciais.
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• Objetivo e autónomo;
• Objetivo e acessório;
• Subjetivo.
Rejeição da teoria do acessório. Ver livro, achei muito difícil de compreender, mas basicamente seria uma teoria muito
extremista que defende que qualquer ato que tenha mínima ligação indireta com uma comercialidade seja identificado então como
ato comercial.
São os esquemas negociais que, utilizáveis quer para realização de operações mercantis, quer para a realização de
operações económicas que não são atos de comércio nem se inserem na atividade comercial, estão, contudo, especialmente
regulados na lei mercantil. → definição do livro
Consequências de regime:
• Art.99°: “embora o ato seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei
comercial quanto a todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquela ou àqueles por cujo respeito o
ato é mercantil”.
• Art.100° (solidariedade): “Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos que, em
relação a estes, não constituírem atos comerciais.”
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Aula 3- 17.10
COMERCIANTES
Atos subjetivos de comércio – primeiro pressuposto é ser praticado por comerciantes. Logo, temos interesse em saber
quem são os comerciantes. O outro artigo relevante é o artigo 15° CCom. pois faz referência às dívidas comerciais de cônjuge
comerciante. Artigo 15 presume que se um comerciante contrai dívidas são essas relativamente ao exercício do comércio.
Ainda tem relevo o artigo 18°, que diz respeito acerca das obrigações especiais dos comerciantes. 4 obrigações.
Por fim, temos o artigo 13°, que nos diz quem é comerciante. Ressaltar o número 2: são comerciantes as sociedades
comerciais. O que são sociedades comerciais? Qual a diferente relativamente as sociedades civis? 1°/2 CSC → ler e anotar
aqui. Logo, quer dizer que uma sociedade civil simples não é comercial. Igualmente, uma sociedade civil com forma comercial
também não será enquadrada como comerciante. Quanto ao número 1 temos de ter atenção ao final (“...que fazem deste
profissão.”). A capacidade de comércio é basicamente a capacidade de exercício. Mas o mais importante é o que diz relativamente
fazer dos atos de comércio como profissão.
Surgem uma questão acerca da capacidade para praticar atos de comércio: aquele que não tem capacidade não pode
ser comerciante? Entre nós temos o regime do menor ou do maior acompanhado. Duas figuras. Retiramos do CC que os menores
e os maiores acompanhados, podem exercer o comércio quando devidamente representados e quando tenha autorização para tal
concedida pelo MP.
Apareceram ao decorrer do tempo pessoas coletivas que não existiam antes. No livro estará sobre as EPEs ACEs e
AEIE e Cooperativas, desde que possuem objeto comercial, seriam comerciantes – não por analogia, mas sim pelo número 1
→ essa é a posição do Doutor. Seria interessante saber para depois escrever no exame. Ver no livro.
Artigo 14° diz-nos quem não pode ser comerciante. Ex.: imaginemos vários produtores de vinho que gostariam de
expandir os seus negócios, mas nenhum deles tem capacidades para conseguir isso por conta própria, logo constituem um
agrupamento para conseguir este objetivo (organizar toda a logística da exportação, etc...), desse modo, visam economizar nos
meios utilizados para atingir este tal objetivo. Se este agrupamento complementar de empresas tiver por escopo o comércio, o
Dr. entende que a essas devem ser reconhecidas como comerciantes
EPE’s – diploma de 1973. Entidades Públicas Empresariais – o Dr. tem um pensamento semelhante ao anterior, a
dizer que, tendo por objeto o comércio, podem ser reconhecidas como comerciantes.
Quando é que uma sociedade é empresa pública? Quando o sócio ou os sócios da entidade pública tem uma participação
social.... perdi-me. Os hospitais são EPE’s. Acho que é muito bom ler este capítulo do livro com calma porque tudo isso vai
auxiliar muito Direito Comercial II. Artigo do Dr. “Sociedade Anónima, a Sedutora”.
EPE’s são pessoas, tem capacidade para praticar atos de comércio e têm possibilidade para realizar uma atividade
cujo objeto é comercial, e se assim for (EPE com objeto comercial) poderá muito bem esta ser qualificada como comerciante.
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Quem não é comerciante? Quem não exerce atividade comercial fazendo desta a sua profissão. Há certo sujeitos que
praticando atividades comerciais ainda não são considerados como comerciantes, justamente no artigo 17° → O Estado, o
Município, a Paróquia. MAS → podem praticar atos de comércio, sujeitando-se ao CCom.
Em relação às incompatibilidades privadas, diz-se nos CSC que salvo autorização os gerentes/administradores não
poderão exercer uma atividade concorrente com sua função a fim de evitar conflitos de interesses. Aqui não é uma incompatibilidade
quanto ao comércio geral, mas quanto ao comércio da entidade.
Quanto à incompatibilidade pública, temos o exemplo dos Magistrados Judiciais. Estes não poderão desempenhar
qualquer outra função pública ou privada de natureza profissional.
Sobre os titulares de cargos políticos, diz a lei que os titulares não podem exercer certas funções (gerente,
administrador..)
O que é que acontece ao sujeito que se encontra nesta situação? Dum indivíduo que não podia ficar comerciante, e assim
ficando – ilegalmente –, ficará ou não como comerciante? Dizemos que sim.
Insolvência. Âmbito subjetivo e Âmbito objetivo. Quem pode ser declarado insolvente. 1- qualquer pessoa singular ou
coletiva de direito privado. 2- entidades coletivas, mas não personalizadas. Olhar os 3 primeiros artigo do CIRE e mais
alguns em específicos que estarão no livro.
EIRL. Falaremos pouco. Estabelecimento comercial para ser explorado por pessoa singular – comerciantes. Servia
para limitar a responsabilidade. Às dívidas contraídas no exercício comercial só responderá o património autónomo designado
para levar a cabo esta exploração. Só responde por certas dívidas e só ele responde! → património autónomo.
3 Situações que podem levar a declaração de insolvência. Declaração de insolvência comum art.3°/1; Declaração de
insolvência Especial – aplica-se a determinados sujeitos (sociedades por quotas e anónimas); e por fim uma Declaração
equiparada de insolvência 3°/4.
Quando a insolvência seja considerada culposa (quando o administrador/gestor criaram essa situação de insolvência
com dolo ou culpa grave) então identificar-se-ão as pessoas afetadas por essa insolvência assim qualificada → também está
nos artigos.
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Aula4- 24.10
Firmas e denominações
Na aula anterior falamos de comerciantes e nesta aula iremos falar de firmas e denominações.
Quando na aula anterior (com a doutora Carolina) estivemos a ver quem era comerciante, isso era importante para a
prática porque existem certos regimes de comerciante e tínhamos a lista dos atos dos comerciantes. Depois há uma série de
obrigações resultantes do artigo 18º e uma delas é a obrigação de adotar uma firma.
Depois temos o artigo 15º que regulamenta o regime de dívidas para cônjuges comerciantes, depois iremos ver mais
implicações do estatuto dos comerciais, com prazos de prescrição de créditos muito diferentes.
O diploma que regula é o Regime Jurídico do Registo Nacional de Pessoas Coletivas- artigo 1º:
“O Registo Nacional de Pessoas Coletivas (RNPC) tem por função organizar e gerir o ficheiro central de pessoas
coletivas, bem como apreciar a admissibilidade de firmas e denominações”
As pessoas coletivas necessitam de um nome, de algo que as identifique e para isso se criou o registo nacional de pessoas
coletivas- a escolha da designação tem de ser registada nessa entidade, logo ela tem competência em geral para apreciar a
admissibilidade das firmas e denominações.
Há comerciante que têm designações porque as sociedades têm uma firma, mas existem sociedades civis sob forma comercial,
praticam atos civis sob forma comercial- não são comerciantes, mas aparecem designados por uma firma.
As cooperativas, por vezes como já vimos, podem ser comerciantes, mas no Código Cooperativo diz-se que as cooperativas têm
denominações- temos aqui um comerciante com denominação
Composição
Artigo 38 e 39º RRNPC- firmas dos comerciantes individuais- 38- ou de empresários individuais não comerciantes- 39º
• A firma tem de incluir um nome (o seu) que identifique: imaginemos Manuel da Silva
• Pode acrescentar títulos, alcunhas ou alusão à atividade- Dr. Manuel da Silva supermercados, por exemplo.
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1 - A firma destas sociedades deve ser formada, com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou
alguns dos sócios, ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em
qualquer caso concluirá pela palavra «limitada» ou pela abreviatura «LDA».
2 - Na firma não podem ser incluídas ou mantidas expressões indicativas de um objeto social que não
esteja especificamente previsto na respetiva cláusula do contrato de sociedade.
3 - No caso de o objeto contratual da sociedade ser alterado, deixando de incluir atividade especificada
na firma, a alteração do objeto
deve ser simultaneamente acompanhada da modificação da firma.
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Antes de 2005, tinha ainda de fazer referência ao objeto, agora é só assim, por causa da adoção de dois regimes-
empresa online e empresa na hora- são diplomas que permitem que nós no próprio momento, ou online constituamos uma
sociedade. Estes dois regimes facilitou a vida dos portugueses. Mas quando se criou este sistema, o problema é que era
preciso ter uma firma pré-aprovada, se estivermos à espera desta pré-aprovação o regime da empresa na hora não
funcionaria e, então, criou-se uma bolsa de firmas- base de dados, onde podemos escolher uma das firmas ali existentes e só
necessitam de um aditamento. A partir daqui deixou de ser necessário a referência ao objeto.
Mas nós temos outros sujeitos como os ACE, AEIE, EPE, CRL- diplomas que regulam a composição destas firmas estão
indicados nas lições.
As regras que até agora estivemos a ver mostram-nos o que podemos usar para constituir as firmas, os princípios são uma
espécie de delimitação sobre como podemos constituir a firma.
1) Princípio da verdade: não podem ser mentirosas- por exemplo, se é a tal fabrica de metalurgia, não pode dizer
empresa cosmética.
Regulada no artigo 32º RRNPC:
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“1 - Os elementos componentes das firmas e denominações devem ser verdadeiros e não induzir em erro sobre a
identificação, natureza ou atividade do seu titular.
2 - Os elementos característicos das firmas e denominações, ainda quando constituídos por designações de fantasia,
siglas ou composições, não podem sugerir atividade diferente da que constitui o objeto social.”
“4 - Das firmas e denominações não podem fazer parte:
a) Expressões que possam induzir em erro quanto à caracterização jurídica da pessoa coletiva, designadamente o
uso, por entidades com fim lucrativo, de expressões correntemente usadas na designação de organismos públicos ou de
associações sem finalidade lucrativa”
No número 5 do artigo 32º RRNPC, faz ainda referência à alteração das firmas terem de respeitar este
princípio:
5 - Quando, por qualquer causa, deixe de ser associado ou sócio pessoa singular cujo nome figure na firma ou
denominação de pessoa coletiva, deve tal firma ou denominação ser alterada no prazo de um ano, a não ser que o
associado ou sócio que se retire ou os herdeiros do que falecer consintam por escrito na continuação da mesma firma
ou denominação.
Tem de retirar para não estarmos perante uma firma mentirosa, contudo a segunda parte é um desvio à regra, isso
acontece porque a firma é um dos elementos que ajudam a clientela e congregam a fidelidade desta e isto faz com
que a firma adquira um determinado valor.
Este princípio é ainda reiterado pelo artigo 10º do Código das Sociedades Comerciais:
“Os elementos característicos das firmas das sociedades não podem sugerir atividade diferente da que constitui o
objeto social.”
1. Quando registamos a firma ela adquire um direito ao uso exclusivo, que pode ser todo o território nacional-
pessoas coletivas-ou uma pequena parte-nos empresários em nome individual
Uso exclusivo- se eu tenho um uso exclusivo da firma ou denominação, aquilo que é protegido é a incorporação
dos vocábulos- ninguém pode usar uma firma
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sobre a firma. Se usarmos uma firma parecida pode estar ainda no âmbito de proteção- artigo 33:
“As firmas e denominações devem ser distintas e não suscetíveis de confusão ou erro com as registadas ou
licenciadas no mesmo âmbito de exclusividade-
Nota: comerciantes individuais que usem apenas o nome próprio não têm direito a exclusividade 38º 4- então como resolvemos
o problema? Com a norma geral do CC- artigo 72/2 ou então o CPI 311- que estabelece uma série de comportamentos
que são considerados concorrência desleal e são proibidos.
Vamos atender:
1- À escrita, à grafia
2- O efeito fonético
3- Núcleo caracterizante, que pode ser a sigla
Não são admitias denominações constituídas exclusivamente por vocábulos de uso corrente que permitam identificar ou
se relacionem com atividade técnica ou produto, bem como topónimos e qualquer indicação de proveniência geográfica”
Diz respeito única e exclusivamente à minha firma e não em comparação com outras como no princípio da
exclusividade- o exemplo da fábrica de metalurgia, não poderia ser fabrica metalurgia LDA, não pode ser porque
não oferece uma capacidade distintiva. Aqui não há um juízo de comparação entre firmas, há uma análise para
saber se os vocábulos que as compõe são suficientes para que se distinga.
c) Expressões incompatíveis com o respeito pela liberdade de opção política, religiosa ou ideológica
d) expressões que desrespeitem ou se apropriem ilegitimamente de símbolos nacionais, personalidades, épocas ou
instituições cujo nome ou significado seja de salvaguardar por razões históricas, patrióticas, científicas, institucionais,
culturais ou outras atendíveis”
Em certos casos a lei obriga a mudar, sobretudo, na maioria dos casos para que a firma passe a respeitar o princípio da
liberdade:
▪ se certo sócio/associado cujo nome figura na f&d pessoa coletiva deixa de o ser e não há consentimento
(32º 2)
▪ certos casos de alteração do objeto estatutário de sociedade ou entidade coletiva (54º/2 RNPC 200º/3
e 275º/3 CSC)
É possível, porque apesar de identificar sujeitos, estamos no âmbito do direito comercial e por respeito à realização pecuniária
permite-se e a transmissão, mas ao mesmo tempo, rodeia-se essa transmissão em algumas cautelas para não induzir em
erro:
▪ tem de ser feita juntamente com a transmissão do estabelecimento a cuja exploração esteja ligada,
precavendo enganos do público
▪ necessário acordo das partes (e do titular do nome, se transmitente for sociedade com firma-nome) por
escrito
▪ adquirente deve aditar à própria firma menção de sucessão e a firma adquirida -> firmas-comboio
enfraquecem na prática o interesse da transmissibilidade...
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➢ Meios preventivos
➢ Meios repressivos- se for registada uma firma que viola algum dos comandos que vimos:
a- Ação judicial da declaração de nulidade, anulação ou revogação
b- Declaração pelo RRNPC da perda do direito
Posso usar uma determinada firma sem ela estar registada, mais frequente quando o processo de constituição de firmas
demorassem anos.
Há proteção? A partida não porque sem registo não há direito exclusivo, mas há o CPI e a convenção de união de país que
em certos casos dão proteção a firmas usadas, aquelas que são usadas em Portugal o ca são notoriamente reconhecidas.
Extinção da firma
Não encerra automaticamente com a cessão da atividade do sujeito, depende da existência e destino do estabelecimento.
O que concluímos?
Que não é um direito de personalidade, mas tem algumas interfaces com o direito ao nome, embora tenha bastantes
diferenças: este é transmissível, não vitalício nem vocacionalmente perpétuo, extingue-se em circunstâncias várias e é
essencialmente patrimonial.
Há quem defenda que é misto, mas em face o regime que vimos é considerar que é um direito de propriedade sobre bem
material- aquele conjunto de palavras que compõe a firma
Regime do artigo 15º é uma alavanca para facilitar a aplicação do regime do código civil que pede uma prova, o artigo 15
é uma presunção.
1691 alínea d: diz-nos que são da responsabilidade de ambos. Quando há bens comuns, este regime permite aos credores
“atacar” 3 massas de bens.
Vimos que os credores tinham de provar que as dividas foram contraídas no exercício do comércio, porem o artigo 15 facilita
só tem de provar que o sujeito é comerciante e que a dívida é comercial.
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Aula 5-31.10
Firmas e denominações.
Noção, composição, princípios, alterações, transmissões, tutela, extinção, natureza jurídica..., sobre a FIRMA e
DENOMINAÇÕES. Capítulo 6.1 e 6.4 do manual!
Noção – a firma é um sinal distintivo de sujeitos, é um nome que tendencialmente individualiza ou identifica (comerciantes
e não comerciantes) → noção insuficiente.
Atenção ao artigo 1º do RNPC. A firma é o sinal distintivo dos comerciantes e a denominação é o sinal distintivo dos
não comerciantes. → insuficiente; justificação logo no início do manual.
Regime jurídico do registo nacional de pessoas coletivas (RNPC). Pessoas coletivas necessitam de uma firma para
serem identificadas, diferentemente das pessoas singulares. Artigo 1º mostra a função desse código. LER. “...apreciar a
admissibilidade de firmas e denominações.”
Temos sociedades civis sob forma comercial, cujo objeto não consiste na prática de atos comerciais. Ou seja, possuem
forma comercial, mas não é comerciante. Mas é identificada por uma firma. Outro exemplo, as cooperativas. Por vezes estas
poderão vir a ser comerciante conforme o objeto por ela explorada → as cooperativas têm denominações. Ou seja, temos um
comerciante identificado por uma denominação.
Firma dos comerciantes individuais (artigo 38° RNPC) ou de empresários individuais não-comerciantes (artigo 39°
RNPC) → conseguir código.
• SNC – 17° CSC * SQ – 200° CSC * AS – 275° CSC * SCdta 467° CSC
Possibilidades:
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• Desde DL 111/2005 “empresa na hora”: firma-denominação pode ser inteiramente fantasiosa (sem referência
ao objeto da sociedade).
Outros sujeitos (v.g., ACE, AEIE, EPE, CRL): diplomas que os regulam.
Bolsa de Firmas – base de dados alfabética. As que aqui estão já estão pré- aprovadas. A partir
daqui deixou de ser necessária a referência ao objeto da sociedade.
• Princípio da verdade;
• Princípio da novidade ou exclusividade;
• Princípio da capacidade distintiva;
• Princípio da unidade;
• Princípio da licitude (residual).
Princípio da verdade – artigo 32° RRNPC. N°s 1, 2, 4 a), 5. LER COM CALMA E GRIFAR. Esse princípio
da verdade é reiterado no CSC no seu artigo 10°.
• Atenção! Comerciantes individuais que usem como firma apenas o nome próprio não há direito de exclusividade
art. 38°/4 RNPC a contrario + artigos 72°/2 CCiv. E 311° CPI;
• Critério da confundibilidade: elementos atendíveis (grafia, efeito fonético, núcleo caracterizante (o coração ou
forma oficiosa))
• O público médio / boa parte: não as consegue distinguir, confundindo-os; ou distingue, mas crê erroneamente
referirem-se a comerciantes especialmente relacionados (v.g., relação de grupo); (todavia, e mesmo para as
sociedades não têm de ser “completamente distintas”).
• Valerá este princípio também para sujeitos que exerçam atividades não-comerciantes? Sim, pois ainda pode haver
confusão do público em geral ou podem-se supor inexistentes e agrava-se risco quanto a fornecedores ou
financiadores... reputação.
Mas atenção ao artigo 33°/2. A atividade é um importante vector de apreciação quanto ao grau: quanto mais
parecidas as atividades, mais dissemelhantes devem ser as firmas.
• NB: interface com marcas e logótipos art.33°/5 RNPC
• Necessidade de as denominações serem aptas a diferenciar o sujeito (se incluem nomes próprios, a capacidade
distintiva está assegurada).
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• Um sujeito, uma firma (em vez de uma firma para cada empresa do mesmo sujeito).
• EXCEPÇÃO: regime E.I.R.L.
• Das firmas e denominações não podem fazer parte: b, c e d do artigo 32°/4 RRNPC.
• Justificação: apesar de ser sinal distintivo de sujeitos, é transmissível por ser importante coletor de clientela /
ligação a empresa = valor económico;
• Requisitos da transmissão estão contidos no artigo 44° RNPC;
• Transmissão mortis causa: artigo 44°/3 (aplicável ex vi 43°/1 às denominações) – sempre com
estabelecimento.
• Meios preventivos: certificados de admissibilidade; emitidos pelo RNPC a quem cabe zelar pelo respeito pelos
requisitos de validade (1, 45 e ss., 78°/1-2 f,g) e portanto recusar pedido se não preencher requisitos; são
necessários à prática de diversos atos (54°-56 e 58°);
• Meios repressivos: ação judicial de declaração de nulidade, anulação ou revogação – 35°/4; declaração pelo
RNPC da perda do direito ao respetivo uso – 60°; interessados podem exigir proibição, indemnização por danos
e até eventual ação criminal – 62°
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• Proteção de firmas não registadas: 311° CPI concorrência desleal; Ou nacionais e equiparados dos países da
UIPPI: 2°, 3° e 8° (para firmas usadas em Portugal ou cá notoriamente conhecidas).
• Não cessa necessária ou imediatamente com cessação da atividade do sujeito – depende da existência e destino do
estabelecimento que explore: se o comerciante individual falece mas deixa estabelecimento, não é imediata extinção;
se comerciante individual cessa atividade, depende também (mas artigo 61°/1, b – inactividade por dois anos
consecutivos); Sociedades comerciais (ou outras entidades coletivas): só com a extinção...
• Não é direito de personalidade: é transmissível, não vitalício nem vocacionalmente perpétuo, extingue-se em
circunstancias várias e é essencialmente patrimonial;
• Tese da natureza mista?
• Melhor: direito de propriedade sobre bem imaterial (coisa incorpórea).
Agora a doutora está a dar atenção às dívidas comerciais dos comerciantes casados. Artigo 15° + regime artigo
1691°/1/d
Artigo 1961°/1/d CCiv. → estabelece responsabilidade de ambos os cônjuges por dívidas contraídas no exercício do
comércio
Artigo 1695°/1: por essas dívidas respondem bens comuns e subsidiariamente bens próprios de ambos.
Artigo 15° CCom. Os credores tem de provar de o devedor contraiu a dívida dentro da atividade do comércio, isto é,
dívida comercial (ato comercial); mais, tem de provar que o devedor é comerciante. Realizado estas duas coisas então já vale
a presunção do artigo 15°. Artigo 15° é uma alavanca para aplicação do regime presente no código civil.
Lembrando que é possível ao cônjuge ilidir a presunção, provando que, apesar de qualificada como comercial, a dívida
não foi verdadeiramente contraída no exercício do comércio do devedor, o que afasta a aplicação do artigo 1961°/1/d (embora
possa fazer “cair” noutra alínea do mesmo artigo → ex. dado em aula do pai que compra o PC pro filho).
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Aula 6-7.11
Aula 7- 14.11
Aula 8-21.11
Aula 9-28.11
Aula 10-5.12
Aula 11-12.12
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Caso prático 1
Amélia Silva, dona de um supermercado na Baixa de Coimbra, comprou à ‘’Fábrica de Sabao do Mondego Lda’’, uma
dúzia de caixas de sabão azul e branco e contratou a ‘’Brilho Limpo Lda’’ para realizar a limpeza semanal do
supermercado,
Ao longo do último mês, Amélia tem adquirido legumes variados à ‘’AgroBio, Lda’’, propeietária de uma pequena exploração
agricola em Açã, e tem vendido produtos de mercaria diversos a crédito (sem exigir pronto pagamento) a Maria das Dores,
uma idosa reformada.
a) Em virtude das dificuldades financeiras em que se encontra, Amélia ainda não pagou aos mencionadas credores. Que
juros moratórios podem eles exigir? Fundamente.
Na lista de normas que supõem o ato como comercio, podemos encontrar os juros moratórios no art.102.º CCom.
• Os juros ‘’normais’’ são os juros civis, que não estão submetidos a nenhum regime especial. A taxa de juros civis
é de 4% desde 2003.
• Os juros moratórios estão submetidos à taxa do BCE + 7% - art.102.º/parag4.
• Existem ainda os juros das transações comerciais que são regulados pelo DL n.º 62/2013 e estão submetidos à
taxa do BCE + 8% - art.102.º/parag5.
Juros civis: Taxa de juro normal, não sujeitos a regime especial, c/ uma taxa de juro igual desde 2003, relativamente
baixa.
• Dúzia de caixas de sabão azul e branco: Ato de compra e venda. Será ato de comércio?
Recorremos ao catálogo dos atos objetivos – (CCom / Legislação avulsa / Analogia legis / Analogia iuris). Não esquecer
que distinguimos a compra e a venda.
• Do lado da fábrica que vende: esta exerce uma série de atividades. Cingimo-nos ao art.230.º CCom para saber
se a fábrica será considerada uma empresa. Esta é uma indústria transformadora. Todos os atos praticados no
âmbito de uma atividade que se enquadre são atos de comercio. Logo, por parte do vendedor é um ato de comercio –
art.2.º CCom e art.230.º/1 Com.
• Quanto à dona Amélia que compra: ela comprou para a revenda e tal está no catálogo do art.463.º/3 CCom.
- Este é, portanto, um ato de comércio bilateral. É autónomo, pois não precisa de outro ato.
➜ O credor aqui é a fábrica e já vimos que a sua atividade é comercial que se traduz na prática de atos de comercio
objetivos (230.º/1). Este pode pedir juros moratórios comerciais.
P/ sabermos se algo é comercial, temos de encontrar ADN da comercialidade e ir ao catálogo dos atos de comércio objetivos.
Do lado da venda, do vendedor: Vimos o 230.º, que prevê uma série de atividades (efeito guarda-chuva), pois norma
classifica atos como comerciais de forma sui generis. Nesse conj. de atos organizatoriamente enquadrados, encontramos, p/
ex., indústria transformadora, logo todos os atos que se enquadrem nesta indústria são atos de comércio. → É o caso. Venda
de sabão, produto final da fábrica.
R.: É um ato de comércio, porque são AC todos os previstos na Lei Comercial (2.º). Este está previsto no 230.º/1,
porque este art. regula atos organizatoriamente enquadrados, todos praticados no âmbito da empresa, logo também inclui o
produto final.
Amélia comprou sabonetes para revender no seu supermercado. Esta compra com um objetivo de revenda também está no
catálogo, no art. 463.º.
Temos um ato de comércio objetivo, autónomo e bilateral. → 1.º requisito para aplicação de juros comerciais cumprido.
2.º req. para aplicação de juros comerciais cumprido: Credor titular de uma atividade comercial. Credor é a fábrica,
que desenvolve uma atividade comercial, de indústria transformadora (230.º/1). Requisitos cumpridos: Pode aplicar tx.
BCE + 7%.
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partir desse raciocínio por indução podemos gerar um princípio em que qualificamos a prestação de serviços de limpeza como
prestação de serviços.
No catálogo, há previsão p/ serviço de limpezas? Sim, o serviço de limpeza é uma prestação de serviços, pelo que beneficia
da qualificação comercial através de um princípio: analogia iuris.
Analogia iuris: Serviço de limpezas não previsto na Lei Comercial. No entanto, se formos à Lei Comercial e outros leis
comerciais encontramos várias ativ. de prestação de serviços que consideramos atos de comércio, como atividade bancária,
contratos de seguro… → Princípio: A atividade das empresas de prestação de serviços é comércio.
Serviço de limpezas é prestação de serviços, logo vamos qualificá-lo como ato comercial por analogia iuris – ato de comércio
objetivo.
b)Do lado de Amélia: Do lado da dona Amélia: se ela tivesse uma empresa de prestação de espetáculos era mais simples,
devido ao ‘’efeito guarda-chuva’’, mas a atividade da mesma é qualificada ‘’à peça’’ – a revenda de produtos é comercial
pelo art.463.º/3 CCom e só qualifica como tais os atos com os fregueses. E todos os outros atos? Recorremos à
qualificação como ato subjetivo – art.2.ºCCom: para tal a Amélia tem de ser comerciante e o legislador vai estender a
comercialidade a atos que se praticam e não estão no catálogo. Só se excluem os atos estritamente pessoais, pois têm
natureza exclusivamente civil. Usamos o critério de se ligar ao comércio, quase todos os atos patrimoniais (incluindo doações)
se incluem. Tem de resultar daqui uma ligação efetiva ao comércio da dona amelia ou não resulta nada; a menos que não
resulte é que não se enquadra na definição subjetiva. Ora, resulta que sim, limpar o supermercado tem a ver com a
manutenção do imóvel. O credor ‘’Brilho limpo limitado’’ é titular de uma empresa comercial.
Se tivesse uma empresa de organização de espetáculos, íamos ao art. 230.º e, p/ efeito guarda-chuva, todos os atos
praticados na atividade seriam comerciais. No entanto, neste caso, de “venda à peça”, cada ato é comercial separadamente
pelo art. 463.º/3.
2. 2.º/2.ª parte só exclui atos extrapatrimoniais, que têm natureza exclusivamente civil. O critério é o da
suscetibilidade de se conectar c/ o comércio, o que acontece c/ praticamente c/ todos os atos. Só os negócios de
natureza pessoal não têm suscetibilidade de se conectar c/ o comércio.
3. Resulta a ligação efetiva ao comércio de Amélia / Resulta a falta de ligação / Não resulta nada: Só não é ato
subjetivo se não resultar nada. Nas outras 2 opções, é considerado de comércio subjetivo. → No caso, resulta que
sim. Quando contrata serviço, vai ter de dizer que é para limpeza do supermercado, logo tem que ver com o
mesmo.
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Conclusão: Do p.v. da Brilho Limpo, é um ato de comércio objetivo. Do lado de Amélia, é um ato de comércio subjetivo.
Credor – Brilho Limpo, Lda.: É titular de uma empresa comercial. Pode pedir juros do §3 do 102.º.
Compra de produtos agrícolas à AgroBio, Lda.: Compra e venda (atos isolados) ou fornecimento: Previsão de várias
compras e vendas.
Amélia e a ‘’AgroBio’’
A ‘’AgroBio’’ também é uma sociedade limitada. Enquanto na compra e venda temos atos isolados, no fornecimento temos uma
rotina, uma combinação, reiteração – são várias compras e vendas num determinado lapso temporal.
Amélia compra produtos agrícolas para revenda no supermercado. São coisas móveis – 463.º/1 – é uma compra
comercial.
Contudo, a agricultura é uma das atividades que não está presente no catálogo de atos juridicamente comerciais. – art.230.º
/1 e 2 - parag. 1 e 2. – exemplo: tenho uma produção de morangos, mas em vez de vender transformo em conservas e
vendo – tenho agricultura e indústria transformadora - não são atos de comercio, pois é um ato acessório. Sempre que o
sujeito seja agricultor e tenha uma atividade acessória, mesmo que pensemos que é indústria transformadora, não é, exclui-se.
~ Porque é que o legislador excluiu a agricultora do comércio? O Código é de 1888 e até já havia grandes latifundiários,
mas não se misturava com o comércio, pois o comercio era uma atividade da burguesia e não queria ter nada a ver com a
agricultura. – Art.464.º/2 – compras e vendas não comerciais.
Contudo, o art.102.º tem um parag5 – existem os juros das transações comerciais. Ou seja, até poderíamos reconduzirmo-
nos apenas aos juros civis mas temos os pressupostos do DL n.º 62/2013 para juros de transações:
• Art.3.º - Definições
b) «Transação comercial», uma transação entre empresas ou entre empresas e entidades públicas destinada ao
fornecimento de bens ou à prestação de serviços contra remuneração;
d) «Empresa», uma entidade que, não sendo uma entidade pública, desenvolva uma atividade económica ou
profissional autónoma, incluindo pessoas singulares;
➜ A ‘’AgroBio’’ é portanto, neste sentido, uma empresa – qualquer pessoa que exerça uma atividade económica autónoma.
Portanto, podem-se cobrar juros das transações – art.102.º/parag5 – BCE + 8% (de uma vez que se cumprem os
requisitos do diploma).
a) Do lado de Amélia: Compra produtos para revenda no supermercado. → 463.º/1: É uma compra comercial.
b) Do lado do vendedor/credor: Nem todas as atividades económicas têm marca de comercialidade e estão no catálogo. É
o
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caso da agricultura. A venda dos produtos da agricultura não é juridicamente comercial (230.º/2.º + 230.º/§2.º).
230.º/§1.º: Casos de exploração em que, em vez de vender fruta, p/ ex., vende compotas. → Parte de agricultura e
parte de indústria transformadora, mas, mesmo assim, não é ato de comércio, pois é algo acessório da exploração agrícola.
Diferente é ter uma fábrica de compotas.
Razão de exclusão da agricultura do comércio: Tomada de posição de 1888. Não é porque nessa altura as explorações
eram muito pequenas. Questão é mais ideológica, de separar agricultura do comércio. Além disso, grandes latifúndios eram
historicamente propriedade da nobreza e clero, enquanto comércio era de burguesia.
464.º/2.º: Não são compras comerciais as vendas que o explorador rural faça de produtos de propriedade sua.
Conclusão: Credor não vai poder pedir juros comerciais. A questão não é o ato, é o credor, que não é titular de uma
empresa comercial, falhando um dos pressupostos do §3.º do 102.º.
No entanto, há ainda juros das transações comerciais, no DL 62/2013 (102.º/§5.º). Pressupostos do DL:
1. Transação comercial (def. 3.º/b DL)
2. Celebrada entre empresas (def. 3.º/d DL): AgroBio e Amélia (já que inclui pessoas singulares) são
empresas. Ambos os requisitos cumpridos, logo pode cobrar juros moratórios do 102.º/§5.º - tx. BCE + 8%.
b) Maria das Dores também ainda não conseguiu pagar a Amelia os dois meses de compras que lhe deve. Diga se
Amelia pode cobrar juros moratórios (e quais) e se tem de ter alguma preocupação em não deixar a divida
demasiado tempo por cobrar (e porquê).
Prazo de prescrição mais curto- 2 anos- para os comerciantes ( veremos próxima aula)
Amélia vendeu produtos a Maria e esta não lhe paga. Amélia quer cobrar juros moratórios.
Temos atos unilateralmente comerciais (comerciais em relação à Amélia, mas não são comerciais em relação a M.ª das
Dores). → Art. 99.º, logo aplicamos 102.º, cumpre requisitos, logo pode cobrar tx. BCE + 7%.
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Amélia pode cobrar juros das transações comerciais? São juros p/ transações comerciais. M.ª das Dores é um consumidor
final e não uma empresa, logo não se podiam aplicar estes juros (BCE + 8%). Além disso, no 2.º/2, refere que são
excluídos consumidores.
Embora o legislador tenha criado o §5.º e alargado âmbito de aplicação, a taxa dos juros comerciais continua a ter
importância, como neste caso.
Aula 2-18.10
CASO 2
A “RodoPortugal – Construção e Manutenção de Estradas, E.P.E” vendeu em Julho deste ano a José Trocos,
bancário reformado, um lote de madeira proveniente do abate de árvores realizado por ocasião de limpeza de bermas.
José Trocos até hoje não pagou o preço e a “RodoPortugal”, na falta de qualquer taxa de juro prevista no contrato
celebrado, consulta-o para saber que juros moratórios lhe poderá cobrar. Como responderia?
Problema: Saber se o credor pode cobrar taxa de juro superior à civil. Ver se estão reunidos pressupostos dos juros
comerciais, seja dos juros das transações comerciais.
NOTA: EPE- Entidade Pública Empresarial – uma pessoa coletiva de direito público que é uma empresa pública.
Primeiro, temos de analisar se estamos perante um ato de comércio. A RodoPortugal que faz construção e manutenção de
estradas é comercial?
Para tal há que encontrar atos de comércio objetivos – temos de ver o catálogo dos atos de comércio objetivos na lei
comercial. – art.230.º/6 por analogia legis: pegamos numa norma e aplica-se a qualificação a empresas que não
constroem casas, mas constroem estradas. É uma analogia de qualificação e não de aplicação em que vamos buscar uma
norma análoga. Tudo o que são atos enquadrados numa empresa de construção seriam englobados como atos de comércio.
- Nota: é diferente do caso das empresas de transportes que não está previsto por força da época mas se fosse atualmente
estariam previstas, logo basta fazer uma interpretação enunciativa.
José Trocos compra a madeira, mas não sabemos porquê. Por isso, o ato é pelo menos unilateralmente comercial. –
art.102/3 CCom.
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Como sabemos se algo é ou não é comercial? Critério da comercialidade é encontrarmos atos de comércio objetivo. Atos que
estejam no catálogo (aquele que nós encontramos na lei comercial). 230°/6. Interpretação extensiva (ter cuidado com este
termo) da norma ou analogia (termo melhor) legis. Aplicamos essa qualificação do 230°/6 para este tipo de empresas
pois esta empresa é análoga às empresesas deste tipo ali qualificadas. Logo, atividade comercial. “Empresa” como atos
organizatórios. Logo, esta EPE é comerciante (relembrar da aula do dia 17/10/2022 – sobre comerciantes).
Vender madeira é um fornecimento de bens. Mas tem de ser entre empresas. A RodoPortugal é uma empresa, mas José não
o é, portanto não se podem aplicar tais juros – art.2.º/2-a) DL n.º 62/2013.
Da parte do José Trocos, estaríamos perante um ato comercial? Nada que nos diga pode moldar-nos a pensarmos tal coisa.
Logo, estamos perante atos unilaterais comerciais. O credor portanto é titular de uma empresa (requisito necessário que
implica o artigo 102°/3). 102°/5 não se aplica, pois estamos no âmbito de uma “transação comercial” (bilateral?)
(não se enquadra no conceito exprimido pelo DL 62/2013).
CASO 3
A “RodoPortugal – Construção e Manutenção de Estradas, E.P.E.” acordou com “Ferro E Aço – Indústria de
Metalurgia, S.A.” o pagamento de uma quantia a título de indemnização pelos prejuízos que iria sofrer com as pertubações
na laboração, decorrentes de obras realizadas na única via de acesso à fábrica que explora. Até hoje ainda não pagou a
referida quantia. Diga que juros moratórios pode a Ferro E Aço exigir.
Podemos tentar verificar se estão em causa juros comerciais. Há outros contratos diferentes do fornecimento de bens e
prestação de serviços.
Sim, à luz do art.230.º/1 – comercialidade da indústria transformadora. Este ato está enquadrado numa situação de
empresa, não é quotidiano. Também é possível classificá-la como atividade mercantil. Relativamente ao credor o ato também
seria subjetivamente comercial (seria apenas uma válvula de escape, caso dissessem que não seria objetivo)
Por outro lado, o devedor – RodoPortugal também é comercial através do art.230.º/6 CCom por analogia legis.
• Estamos a falar de um acordo que emerge de uma indemnização através de uma responsabilidade. Estarão aqui
presente os juros comerciais?
Já sabemos que transação comercial não pode ser (relembrar o conceito no DL!).
Ferro E Aço, Indúdtria de Metalurgia, S.A. é empresa comercial através da sua classificação objetiva pelo artigo
230°/1. Logo, o credor é titular duma empresa mercantil. Começar pela qualificação da atividade, depois a
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qualificação do ato ser pelo menos unilateralmente comercial. Quanto à E.P.E., já sabemos que é uma empresa
comercial através da analogia legis do artigo 230°/6.
Os juros moratórios ao contrário do que o tribunal da relação afirmava (no caso real) não são civis, mas sim comerciais!
Logo estamos perante um ato bilateralmente comercial. Assim, será possível cobrar juros comerciais através do artigo
103°/3 e 4.
Nota: podíamos encontrar a comercialidade dos atos através da classificação da entidade como comerciante, será
interessante referir isto nos exames – atos subjetivamente comerciais – id est – praticado por uma entidade comercial.
A “Day and Night – Jogos Reais, Lda.” É uma start-up que desenvolve ambientes gráficos e sonoros para jogos
de computador.
Não pagou, até hoje, os montantes devidos a Armando, advogado que se ocupou de todas as questões de direito
laboral implicadas na contratação de um conjunto de designers e engenheiros gráficos especializados. Reconhecendo o atraso,
os gerentes da “Day and Night” entendem que Armando apenas lhe poderá cobrar juros civis, pois não explora uma empresa
comercial. Terá razão? Qual a taxa de juros moratórios que armando poderá cobrar?
• Um advogado não explora uma empresa comercial, de uma vez que é uma profissão liberal.
Porquê?
1. Para ser comércio é preciso que esteja catalogada. A atividade dos profissionais liberais não está prevista em
nenhuma página do catálogo.
2. No próprio catálogo há indícios de que se quis excluir esta atividade. A maneira como se regula a sociedade de
advogados (sociedades civis) deduz a sua exclusão. – Lei que regula as Sociedades de Advogados.
Profissões liberais não são comércio, pois não está previsto em nenhuma norma no catálogo. (Entender bem o motivo
pelo qual profissões liberais não são comércio. Ver bem.) Logo, Armando não explora uma empresa comercial (apontar
discussão acerca da possibilidade de profissionais liberais serem donos de uma empresa, matéria que veremos mais adiante na
disciplina).
Temos de olhar ao DL e ver o art. 3°/b e d. Logo, podemos afirmar que estamos perante uma transação comercial,
fornecimento de serviço de uma profissão liberal para uma empresa. Assim, BCE + 8%.
Nota: a prestação de serviços é considerada comércio. Os profissionais liberais, é que apesar de prestarem
serviços são excepção.
Portanto, o dr. Armando não explora uma atividade comercial. Também se discute se os profissionais liberais podem ou não
ter empresa, mas isso fica para depois.
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Contudo, recorrendo ao DL n.º 62/2013 vemos que houve uma prestação de serviços de uma entidade que desenvolva
atividade autónoma (art.2.º/d). Portanto, são 2 empresas: um fornecimento de serviços por uma profissão liberal a uma
sociedade.
Armando não pode cobrar juros moratórios, mas pode cobrar os juros de transações comerciais – BCE + 8%.
CASO 4
A sociedade “Arco-íris – Produção de sistema de Irrigação, Lda.”, vendeu um equipamento de rega aos irmãos
André e Carlos Alface, que exploram diversos pomares e estufas aos arredores de Coimbra, ficando acordado que pagariam
em duas prestações.
Até hoje o pagamento da segunda prestação (que venceu em Julho) não foi efectuado. Poderá a Arco-íris exigir a
totalidade dessa prestação a Carlos, uma vez que André foi recentemente declarado insolvente?
Temos dois regimes de dívidas: solidariedade ou conjunção. No domínio comercial, vigora, por regra, o regime da
solidariedade. Temos de olhar ao artigo 100°. Neste artigo, diz que se estivermos perante um não comerciante sob um ato
que não seja comercial então vigorará o regime da conjunção, tendo Carlos de pagar apenas 50% da dívida.
Vamos então qualificar este ato para ver se é ou não um ato de comércio. Obrigações comerciais nascem de um ato de
comércio. Vamos ao catálogo para qualificar esta compra e venda. Da parte da sociedade Arco-Íris será uma venda
comercial? Sim, será um ato de comércio objetivo consagrado no artigo 230°/1 (sempre que estivermos perante fábricas,
indústrias transformadoras, estaremos perante o n°1). Venda no âmbito da profissão.
Quanto à compra, sendo a atividade por eles exercida a agricultura, não será esta comercial através do 230°/ P.
1 e 2 e artigo 464°. Embora o ato mercantil seja apenas unilateral, vigorará o regime comercial. Por consequência,
aplicaremos o regime-regra da solidariedade, estando Carlos obrigado a ser solidário. Porém temos uma exceção no artigo
99° “salvo aqueles que...”. Tal como no artigo 100° revela que esta norma não é extensiva aos não comerciantes que
pratiquem atos não comerciais.
Ora, André e Carlos não são comerciantes pois são agricultores e o ato não é um ato de comércio, pois não se
encontra no catálogo. Concluímos que não são comerciantes, que a compra não é um ato comercial pois não está no catálogo e
não há hipótese de ser um ato subjetivo pois não são comerciantes. Finalmente, valerá aqui a parte final do artigo 100°,
não podendo a sociedade Arco-Íris exigir o montante integral de Carlos. Vigora aqui o regime da conjunção, estando Carlos
obrigado a pagar apenas 50% da dívida contraída.
Há um atraso na prestação, mas ninguém pergunta por juros. Pergunta-se se se pode exigir a prestação toda a Carlos. Este
é um problema de solidariedade.
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→ Para a Arco Íris exigisse a totalidade da prestação a Carlos é necessário que haja solidariedade – regime que vigora
quando há uma pluralidade de devedores.
✓ A regra geral do direito civil é a conjunção. Ou seja, pode pedir a Carlos a sua quota na divida, tem que ir ao
processo de insolvência e boa sorte para receber alguma coisa.
✓ No domínio comercial é a solidariedade – art.100.º CCom. Se houver solidariedade pode pedir a prestação
integral a qualquer um dos credores. A solidariedade é um regime regra como forma de tutelar o credor. É a ideia
de tutela do crédito e reforço do crédito. Obrigações comerciais são as que nascem de um ato de comércio!
→ Vamos ao catálogo:
• A sociedade arco-íris é uma sociedade comercial por meio do art.230.º/1 – é uma empresa manufatureira.
• André e Carlos Alface praticam atividade agrícola, pelo que não é considerado ato comercial. – art.230.º/2 |
464.º CCom. ☛
• São atos unilateralmente comerciais!
☛ Art.99.º CCom
• 1.ª parte: diz que não importa se o ato é unilateral ou bilateral aplica-se sempre o regime dos atos de comércios.
• Porém a 2.ª parte faz uma ressalva: a não ser que a norma não se aplique àquele cujo ato não seja comercial.
☛ Art-100.º CCom - Por isso se a outra parte não for comerciante, não se aplica o regime da co-solidariedade comercial.
→ A agricultura não é considerada atividade comercial nem o ato é de comercio (está excluído do catálogo). Isso quer dizer
que ficam sujeitos às regras da conjunção, ou seja, a Arco Iris não pode vir exigir a prestação a Carlos
CASO 5
A “ABC – Aprender Bem Conta, CRL”, que explora um colégio na cidade de Coimbra, encomendou um lote de
mesas e cadeiras para salas de aula a Bernardo Pinho, proprietário de um atelier de marcenaria. Como o pagamente seria
feito apenas no final da execução das peças, Bernardo exigiu que a obrigação da ABC fosse garantida por fiança prestada
pela Presidente do Conselho de Administração, Célia Mandachuva.
As peças foram entregues em Agosto e o pagamento ainda teve lugar. Bernardo quer saber se pode exigir o valor
em falra directamente a Célia, uma vez que ABC não tem respondido às suas repetidas insistências. Que lhe diria?
• Fiança civil onde vigora o chamado benefício da excussão prévia (excutir bens) – o credor tem que chegar à
conclusão que o devedor não tem mais meios para pagar para que recorra ao fiador.
- Portanto, ABC teria que insistir até ao fim, se for preciso propondo uma ação de condenação, depois de execução
e por fim é que se vira contra o fiador.
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• Fiança comercial onde não há benefício da excussão prévia. – art.101.º CCOM O legislador foi pragmático:
havendo fiador nas obrigações mercantis pode demandar.
Artigo 101°! Será solidário, ou seja, o credor poderá demandar tanto um quanto outro, ou seja, poderá ir direto ao fiador.
Não tem o ónus da excussão prévia.
Por fim, conseguindo Bernardo provar que se trata de uma fiadora mercantil, poderá demandar diretamente a
fiadora. A fiança é um ato que está no catálogo, sendo um ato de comércio acessório!! A fiança será comercial se a
obrigação garatinda pelo fiador for comercial.
Estamos perante uma compra e venda, as normas de compras e vendas possuem várias normas, consoante à sua
característica. No caso em concreto, o sujeito é proprietário de um atelier de mercearia – artesanato (diferença entre
artesanato e produção fabril – produção não é standartizada, a habilidade do artesão é notória e específica...). Assim,
poderíamos enquadrar tal compra e venda no 230°/1? Vejamos o parágrafo 1 do mesmo artigo. Ou seja, o prórpio
catálogo exclui o artesanato do comércio. Já no artigo 464° diz que não são comerciais as compras que os artistas fizerem
de objetos para transformas os seus objetos e suas respetivas vendas → 464°/3.
O artigo 230°/P1 – temos o advérbio “directamente”. Exercer directamente. Quem exerce o diretamente? É o
artesão que está envolvido com a atividade. Porém, aquele que controla o processo produtivo ainda também é considerado como
artesão. E quando é que não exerce diretamente esta atividade? Quando tem apenas uma função gestora, administrativa ou
logística deste negócio.
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• E a ABC que explora um colégio (costumam ser privados e paga-se para lá andar). É atividade
comercial?
O ensino e a saúde instintivamente podemos considerar que não é comércio, mas são, pois estão no catálogo por analogia iuris.
No caso da saúde se for um médico privado a fizer consulta no próprio consultório não é, pois é profissional liberal. Mas
no caso de clínica privada já é comércio.
Quando o devedor principal não paga, poderá o credor exigir diretamente ao fiador? No direito civil é que o credor não
pode exigir diretamente ao fiador. Vigora o regime da excussão prévia. Primeiro terá de realizar a execução patrimonial do
devedor, e só se essa se ver insuficiente para abrager toda a dívida, então poderá exigir o resto da dívida ao fiador.
Responderemos neste caso que o ato em questão será ou não um ato comercial se ele exercer ou não directamente a sua
atividade. Já a ABC explora uma atividade comercial. Ensino e saúde são dois exemplos de entidades que nós pensamos
instintivamente não serem comerciais, porém temos prestação de serviços aqui. Empresas – lembrar daquele sentido de
empresas – de prestação de serviços são qualificadas como comerciais. Sendo o ato praticado por ela no ambito da sua
atividade, ele poderá ser considerado como comercial.
Nasce de um ato que é comercial, por consequência a obrigação em questão será comercial. Assim sendo, poderemos aplicar o
regime da fiança mercantil, podendo o Bernardo beneficiar deste regime e exigir diretamente o valor da dívida à fiadora.
→ Respondendo às questões:
→ É a obrigação da ABC que Célia está a garantir. Mesmo sendo um ato unilateralmente comercial podemos aplicar o
regime da fiança mercantil. Por isso, sim, Bernardo pode exigir o valor em causa diretamente a Célia!
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Aula3-25.10
Matéria da frequência: Normalmente sai até ao início do capítulo das empresas, o que é uma empresa e tipos de empresa-
início da próxima aula teórica. Depois há comunicação oficial.
Para a semana é feriado não temos aula, dia 8 teremos uma aula de 3 horas para compensar.
Caso 6
Amélia Silva, dona de um supermercado na Baixa, comprou à PC net, LDA um computador, aproveitando uma campanha em
que o preço só seria pago duas semanas depois da entrega.
Todavia, quase um mês mais tarde, Amélia ainda não solveu a sua divida. Pode o credor demandar também o cônjuge de
Amelia pelo valor em falta?
Não tem propriamente a ver com a matéria dos atos de comércio, mas vai ser necessário, é mais sobre a matéria do regime
da responsabilidade por dividas de cônjuge comerciante- porque há um regime no artigo 1691º alínea d) do Código Civil um
regime sobre as dívidas que são contraídas por um, mas que vão responsabilizar o património comum e se este for
insuficiente respondem os patrimónios de ambos os cônjuges.
Neste caso, se for considerado dívida comum, responde primeiramente o património de Amélia e depois o património de
ambos. Neste caso o que seria necessário?
Ser contraída no exercício do comércio- a Amélia é dona do supermercado. A PC NET deveria provar que a Dona Amélia
comprou o computador para o supermercado. Ora, esta prova é muito difícil, pois teriam de investigar toda a vida da Dona
Amélia. É por isso que existe o artigo 15º do Código Comercial, para alavancar o processo.
Em vez de provar que a dívida foi contraída no exercício do comércio. A pc net só tem de provar que a Amélia é comerciante
e a sua dívida comercial.
Amélia é comerciante- artigo 13 nº1- pessoa singular, faz do comercio profissão porque pratica atos de comercio objetivos-
compra para revenda
Não sabemos é ato, temos preenchidos os dois requisitos- divida comercial e dona amelia comerciante- divida
contraída no exercício do comércio- divida considerada do exercício do comércio – pode demandar os dois.
1) Ver o regime de bens se for separação e bens não há bens comuns, o caso morre-Os rendimentos da sua atividade
são seus.
2) Ilidir a presunção do artigo 15: provando que a divida não está relacionada com o ato de comércio, apesar de ser
um ato subjetivo e um comerciante, o ato não tem nada a ver com o exercício do comércio. Não aplicamos o 1691º
3) Provar a ausência de proveito comum do casal- quando não há proveito comum? Hipóteses mais rebuscadas-
cônjuges separados de facto, por exemplo, ou casos extraconjugais- Doutor pormenoriza nas lições.
Quando trabalhamos casos sobre os estatutos dos comerciantes, eles têm implicância prática para:
Quem é comerciante?
Nº1 do artigo:
• pessoas singulares
• e Pessoas Coletivas que não sejam Sociedades Comerciais- são comerciantes se o seu objeto estatutário for
comerciante.
Esta artigo fala que para ser considerado comerciante tem de fazer do comércio profissão tem a ver com o concreto, tem de
se praticar com regularidade alguma atividade comercial. Como sabemos que pratica alguma atividade comercial? Pela
qualificação dos atos que pratica como sendo ou não de comércio- temos sempre de demonstrar isto no exame, não basta
mencionar que faz do comércio profissão.
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Nas Pessoas Coletivas que não são sociedades comerciais não temos que esperar que desenvolvam atividade- temos de olhar
para o seu objeto estatutário- cooperativa que se constituiu para explorar um supermercado- a cooperativa constituiu-se para
fazer comércio.
Pessoas Coletivas diferentes do 13 nº1: indicação no PowerPoint que ainda não está disponível do que são e respetivos artigos.
Nº2 do artigo:
O que são sociedades comerciais? Para serem consideradas sociedades comerciais têm de preencher 2 requisitos:
Temos de ter em conta nos nossos casos se é uma sociedade comercial ou apenas sob forma comercial- só as primeiras são
comerciais. Como sabemos se o objeto é comercial? Se praticam atos de comercio objetivos.
Atos subjetivos nunca podem servir para atribuir a qualidade de comerciante- porque para se praticar um ato de comercio
subjetivo já se tem de ser comerciante.
Além disso, não podem servir para adquirir atividade de comerciantes: atos formais, alguns acessórios, assim como alguns
atos objetivos comerciais e autónomos, isto porque estes certos atos que não traduzem o exercício de uma profissão.
Há sujeitos que podem praticar atos de comércio e serem titulares de empresas comerciais e não serem comerciantes- decorre
do artigo 14 e 17 do Código Comercial
Comercialidade Empresa
(actos de comércio) (estrutura produtiva)
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RESUMINDO…
Está em causa a responsabilidade por dívidas do cônjuge. O CC diz que quando um sujeito contrai
uma dívida (Amélia) o património do dever é a garantia dos credores e estando esta casada
aplica-se a responsabilidade dos cônjuges – mesmo a dívida tendo sido contraída por um, a dívida
responsabilizará ambos. Portanto, se há bens comuns também há dívidas comuns – 1691 e
1695.º CC. Se forem casados no regime de comunhão de bens, respondem os bens comuns e se
não chegar responde cada um deles individualmente – é um regime que protege os credores.
Para tal, é necessário que a dívida tenha sido contraída no exercício do comércio – deve provar que
comprou o computador para usar no supermercado.
O art.15.º CCom diz que as dívidas do cônjuge comerciante se presumem exercidas no seu comércio.
– Portanto, a PC net tem que provar que a divida é comercial e que Amélia é comerciante. A
atividade (comercialidade) tem que se traduzir em atos de comércio – compra e revenda de bens
(463.º). Podemos ainda tentar a comercialidade subjetiva: é comerciante; não é um ato de
natureza pessoalíssimo; não fazemos ideia do que resulta o ato, por isso será considerado um ato
de comércio. Preenchemos assim os dois requisitos!
Desta forma, a dívida presume-se contraída no exercício do comércio e o credor pode demandar o
património comum e se for insuficiente pode demandar o património do cônjuge.
Se houvesse uma subscrição de uma letra ou livrança por Amélia o credor terá acesso direto ao
processo executivo (escusa-se de ir a tribunal, etc). mas esta dívida cambiária é uma obrigação
comercial que pode não ter nada a ver com o comércio.
- Sistematizando: este regime do art.15.º é importante, mas quando estivermos perante requisitos
objetivos ou subjetivos formais.
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Mas actos:
• Subjetivos: jamais – para ser ato subjetivo já tem que ser comerciante (parece a história
do ovo e da galinha)
• Formais: não, não pode denotar o exercício de profissão
• Acessorios: depende
• E nem todos os objetivos, substanciais e autónomos.
Questão praticas
1- A Fundação Aurélio Amaro Dinis, cujo fim principal consiste na manutenção e exploração de um Hospital.
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2) O artigo 14º refere-se a Pessoas coletivas de fins altruísticos: fundações e Associações com fim altruístico
ideal
Encaixa-se aqui. Ora apesar de ser uma empresa comercial, a fundação não pode ser considerada comerciante à
luz do artigo 14º do Código Comercial.
RESUMINDO…
comecemos pela atividade – sim, é comercial, pois é uma prestação de serviços por analogia iuris (todas
as empresas da prestação de serviços desenvolvem uma atividade comercial menos as dos profissionais
liberais).
~ E será comerciante? – há que adaptar a terminologia das normas. Podem praticar atos de comercio,
mas não podem ser comerciantes. – art.17.º - engloba pessoas coletivas de fim altruístico, ou seja, as
funções e associações que tenham o fim altruístico geral.
→ Portanto, é um ato comercial, mas a empresa não é comerciante.
2- A CP- Comboios de Portugal, EPE responsável pela prestação de serviços de transporte ferroviário nacional e
internacional de passageiro
A CP se é uma EPE faz parte do setor publico empresarial é estado porque não se aplica?
Há um relevante estatuto que fica excluído do artigo 17º que é o empresarial do estado porque este não existia em
1887 aquando da criação do Código Comercial, logo o legislador não queria excluir uma coisa que não existia-
posição defendida pelo doutor Coutinho de Abreu.
Resumindo…
é uma atividade comercial (230.º/7), o objeto é uma EPE, portanto é comercial (art.13.º/1). Até poderia
ser considerada parte do Estado, mas não é, pois há um relevante setor do Estado que fica excluído – o setor
empresarial.
3- A CESPU- cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário, CRI, que explora vários estabelecimentos de
ensino superior particular e cooperativo.
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Resumindo…
4- A Associação para a defesa da gastronomia alentejana, que mantem um lucrativo restaurante aberto ao publico em
geral
É comercial? Será a menos que o artigo 14 ou 17 o impeça. O 14 impede- o 17 não porque se aplica ao estado
e a pessoas coletivas de fins altruísticos ideal, esta é de fim altruístico interessado
Empresa comercial, mas o sujeito não adquire porque o artigo 14º o impede.
Então, mas uma associação não adquire a qualidade de comerciante, mas explorar um restaurante lucrativo? O tipo
de estabelecimento que é explorado está dentro do objeto estatutário, indiretamente porque uma maneira de divulgar a
gastronomia é provar, mas podem explorar qualquer negócio, para financiar o objeto da associação- lucros
objetivos.
Artigo 14- associações que não tenham interesses materiais associações de fins altruísticos interessado e também de fim
altruístico ideal – estas últimas cabem no 17 e no 14
Cooperações- são Pessoas Coletivas de base pessoal- substrato são as pessoas. Nas fundações não há pessoas
Resumindo…
um restaurante é uma prestação de serviços (analogia iuris), portanto é uma atividade comercial. Será
comerciante? Não – aqui não se aplica o 17, pois aplica-se ao estado/pessoas coletivas e não é o caso.
Mas aplica-se o art.14.º pois não tem por objeto interesses materiais. Esta associação tem como objeto
estatutário a divulgação da gastronomia, explorar um restaurante diretamente ajuda o propósito pois assim
prova-se a gastronomia; mas mesmo que explorasse uma pizzaria ainda podia estar no objeto estatutário
mesmo que fosse para ganhar dinheiro para financiar a atividade estatutária. O restaurante pode ser apenas
um veículo para angariar fundos.
- Se em vez do restaurante fosse a pizzaria e não divulgavam nada aí já não prosseguia o objeto estatutário.
As fundações que cabem no 17 também cabem no 14? Não, porque são cooperações (pessoas coletivas de
base pessoal, o substrato são as pessoas).
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Caso nº7
Os pais de Dinis, em qualidade de representantes o filho menor, adquiriram há cerca de 3 anos, um estabelecimento que se
dedica à venda de peças de artesanato local. Pouco tempo depois, venderam a Elvira, médica, vários objetos para a
decoração da sua casa. Elvira até hoje não pagou o preço devido. Quid iuris?
Vamos começar por responder à pergunta. O que queremos aqui é aplicar o 317 b do Código Civil- prescrição de 2 anos:
b) Os créditos dos comerciantes pelos objetos vendidos a quem não seja comerciante ou os não destine ao seu comércio, e bem
assim os créditos daqueles que exerçam profissionalmente uma indústria, pelo fornecimento de mercadorias ou produtos,
execução de trabalhos ou gestão de negócios alheios, incluindo as despesas que hajam efetuado, a menos que a prestação se
destine ao exercício industrial do devedor;
Quem vendeu? Os pais de Dinis- mas o sujeito a quem o ato é imputado é ao Dinis, os efeitos repercutem na esfera jurídica
do filho.
O Dinis e menor pode ser comerciante? Pode, desde que devidamente representado- se a incapacidade for suprimida.
Mas supomos que isto está verificado, temos de ver se o Dinis pratica atos de comercio- ele vende peças de artesanato- ele
não produz ele vende.
O Dinis é comerciante.
A Elvira é comerciante? Não, é medica- profissão liberal mesmo que fosse, objetos para a decoração da casa, e o artigo
diz a quem não sejam comerciantes ou comprem objetos que não se destinem a comércio. Ainda se aplicava, prescreve no
prazo de 2 anos, se estivéssemos para la dos 2 anos, havia prescrição.
Assim sendo:
Tem de invocar. E se ela não soubesse e pagasse poderia reclamar o direito de volta? - obrigação natural não poderia ir
buscar.
Resumindo…
Art.317.º
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Os pais não agiram em nome próprio mas sim enquanto representantes do filho, por isso o vendedor é
Dinis. – art.13.º - o menor não tem capacidade de exercício mas a mesma pode ser suprida. Para os
pais praticarem certos atos precisarão de autorização do MP, etc. Vamos pressupor que têm.
E o Dinis pratica atos de comércio? Depende, porque estamos perante artesanato. Ele vende peças de
artesanato local, não produz. Supomos que Dinis é comerciante, pois não é diretamente.
Elvira não é comerciante, é médica (profissão liberal que não se dedica a atividade comercial). Mas
mesmo que ela fosse, os objetos destinavam-se à decoração da casa, logo era mera compradora. O ato é
apenas unilateralmente comercial. Logo, os atos prescrevem passados 2 anos e aqui já passaram 3.
Nota: se a prescrição não fosse invocada e ela pagasse mesmo passados os 3 anos, não poderia pedir a
restituição pois é uma obrigação natural.
Aula4-1.11-feriadp
Aula5-8.11
Aula6-15.11
Aula7-22.11
Aula8-29.11
Aula9-6.12
Aula 11-13.12
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Índice-sumários
INTRODUÇÃO
1. Conceções de direito comercial
1.1. Evolução histórica
1.2. Noção do direito comercial português
1.3. O problema da autonomia do direito comercial
2. Fontes do direito comercial português
3. Plano do curso
Parte I
1. Introdução
1. Introdução
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5.1.1. Noção
5.1.2. Composição
5.1.3.1. Verdade
5.1.3.4. Unidade
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